25 de janeiro de 2011

Enquete: Qual seria a banda de Metal dos seus sonhos?


Se você gosta de Heavy Metal, com certeza já se envolveu em discussões idiotas sobre quem é o melhor guitarrista ou vocalista do mundo, ou ficou discutindo quem é melhor entre dois músicos, e por aí vai, por onde sua mente lunática conseguir lhe conduzir. Uma dessas possibilidades argumentativas (inútil, como todas as outras) é: Qual seria a banda dos seus sonhos? Quem seriam os integrantes que você escolheria para formar a banda mais incrível já vista? Bom, como este que vos escreve passa o dia todo escrevendo coisas sérias, e, quando escreve para o WIPLASH!, também escreve de maneira séria, com intuito de agregar algo àquele que lê, discutamos algo inútil, como o proposto, para romper com a seriedade do dia. Portanto, vou tentar, não só, demonstrar porque eu escolhi tais pessoas para a “minha” banda, mas porque não escolhi outras.
A intenção deste texto não é, de maneira alguma, tentar auferir quem é o melhor instrumentista do Heavy Metal, nem, muito menos, menosprezar a banda montada pelo Sr., leitor. O intuito é uma diversão saudável, um exercício de memória e bom gosto, para que vejamos as infinitas possibilidades de grandes bandas que o gênero Heavy Metal pode nos proporcionar, uma vez que este contém músicos bastante técnicos e estudados (às vezes). Também não é o escopo da presente redação auferir se este ou aquele é melhor. Tecnicamente fulano pode ser melhor que beltrano, ter mais sucesso, composto mais hits, seja lá o que for, mas música não é só técnica, senão, seria matemática. Música é arte, algo subjetivo, ou seja, cada um gosta de determinada coisa e não há explicação para isso, e essa predileção pessoal supera a técnica apurada do fulano. Portanto, é uma falácia de argumentação dizer que o MICHAEL WEIKATH toca muito sujo e por isso ele é ruim, ou que o TONY IOMMI inventou o metal e que ninguém irá superá-lo, que oSTEVE VAI  toca uma guitarra de cinco braços ao mesmo tempo que toca oboé com os pés e canta “Livin’ La Vida Loca”, do RICKY MARTIN, e que ninguém faz isso. E daí que ele faz tudo isso? Eu nem gosto do som do oboé, tampouco do RICKY MARTIN (em verdade, gosto mais do oboé que do RICKY MARTIN). O grupo tem que ser analisado pela sua predileção, claro, de maneira mais sensata possível, e, pelo amor de Deus, sem fanatismos imbecis.
Esclarecida a motivação do presente texto, vamos, também, colocar algumas “regras”, para que isto não se transforme no “samba do crioulo doido”. A banda que será aqui imaginada não é um apanhado de instrumentistas escolhidos apenas por que tocam muito. Ela tem um estilo, ou seja, não seria apropriado colocar músicos de gêneros completamente discrapantes juntos, não é? Você colocaria o ALEX CAMARGO, do KRISIUN, para cantar no RHAPSODY OF FIRE? O JÚNIOR para tocar guitarra no IN FLAMES? Acho que não. O estilo que este autor sugere, por ser seu favorito, é o Heavy Metal Melódico, com um leve (frise-se, LEVE) toque prog, como, por exemplo o álbum “Temple of Shadows”, do ANGRA. Veja-se, também, que não estamos falando de Heavy Metal medieval, por exemplo. Logo, colocar o LUCA TURILLI, significa trazer seu estilo de compor para a banda, ou seja, o refrão terá um coro de magos imaginários entoando um hino de uma civilização imaginária, em uma terra imaginária, e, que só em um show imaginário poderia ser feito ao vivo. Dessa forma, pode-se trazer integrantes de outros sub-gêneros que você tiver, por ventura, rotulado, mas pense se a combinação final daria certo.
Outra coisa, um supergrupo, só com celebridades egocêntricas e com delírios megalomaníacos, também não iria funcionar. Pense que você está montando uma banda não só para executar músicas prontas, mas sim para compor tudo, fazer turnês, conviver junta no dia-a-dia. Você acha que um grupo formado por MIKE PORTNOY, YNGWIE MALMSTEEN, DAVE MUSTAINE, NIKKI SIX e AXL ROSE, daria certo? Haveria, no mínimo, homicídio. Há certas pessoas que não nasceram para fazer algo em conjunto, como uma banda, e devem, até porque assim rendem melhor, fazer sua carreira de maneira solo. Última recomendação. A banda deve ser composta por um vocalista (não importa o sexo), dois guitarristas, um tecladista, um baixista e um baterista.
Comecemos pela cozinha. Na batera meu escolhido seria JASON RULLO, do SYMPHONY X. O cara manda muito. É técnico demais, veja o final da “Fallen”, e faz linhas de batera animais. O que mais pesou para a escolha dele é que o cara tem uma coisa muito rara hoje. Ele faz groove de batera, não é um relógio, um metrônomo, ou uma máquina de bater tambores junto com as guitarras. Enquanto tá todo mundo destruindo, a batera está com “o pé no chão”, mas em uma puta grooveira, e quando precisa destruir ele não fica para trás, mete a mão forte. Quanto ao AQUILES PRIESTER, ficou de fora porque não tem esse lado mais swing do RULLO, apesar de ser um incrível batera também. Outro que poderia vir à baila seria MIKE PORTNOY. É verdade, o cara é muito original, um monstro, influenciou todos os bateras modernos. Mas verdade seja dita, o cara é um mala! Um poço de soberba. É o dono da bola, tudo tem que ser do jeito que a majestade quer. Perdeu a vaga para sua própria arrogância (não que ele realmente se importe em não ser o baterista da banda dos meus sonhos...).
As quatro cordas vão ficar para um cara que, para alguns, é desconhecido. RANDY COVEN. Ele tocou com o ARK, e se você ouvir as linhas compostas para o disco “Burn the Sun”, vai entender porque eu o escolhi. Na realidade, o cara tem uma vertente meio jazz, meio fusion, tanto que encontrou no lugar de, ninguém menos, que JACO PASTORIUS, no WEATHER REPORT. Mas, tocando Heavy Metal, ele se mostrou muito confortável e, assim como o JASON RULLO, faz algo diferente. Compõem linhas de baixo com swing, sem ficar a todo momento repetindo as linhas de guitarra ou dobrando os bumbos. E, claro, tem uma técnica irretocável, que só não é maior que o seu bom gosto. FELIPE ANDREOLI, do ANGRA, também destrói e possui uma técnica raríssima, maior até que a de COVEN. Só o que me desagrada um pouco são os timbres, que são demasiadamente metálicos. Outra opção natural seria BILLY SHEEHAN, que é um gênio, originalíssimo, apesar de ser um guitarrista com um baixo nas mãos (tanto que seus melhores momentos são quando dobra frases “indobráveis” de guiatarra). Também, não é baixista de Heavy Metal Melódico, mas poderia o ser, se quisesse. Os timbres também nem sempre são felizes. Vamos falar a verdade, distorção no baixo já não é pra qualquer um, em balada de violão ainda? Exagero. Cogitei, também, MARCO HIETALA, doNIGHTWISH, pois compõem bem e canta muito, melhor do que toca para ser sincero. Como teremos um vocalista, e até onde eu saiba HIETALA não tem um técnica muito apurada, seus dotes vocais serão desprezados.
Nos teclados o ganhador é THUOMAS HOLOPAINEN, do NIGHTWISH. Não me interessa se você achar que oNIGHTWISH não é metal melódico, e afirmar que é de algum dos milhares sub-gêneros que hoje são rotulados, seja metal sinfônico, gótico, orchestral, viking... O cara é o responsável por quase tudo que a banda faz, ou seja, é um tremendo compositor e letrista. Talvez seja meio mala também, mas suportar a TARJA, me parece ser uma tarefa hercúlea. Logo, tem técnica, compõem muito e é bom letrista. Escolhido. Michael Pinella do SYMPHONY X, não me agrada ao total, mas seus timbres são excepcionais. Perdeu porque THUOMAS é mais “melódico” do que ele. KEVIN MOORE, também seria uma boa pedida, mas é mala, e muito prog., para ser bem direto.
Nas seis cordas a batalha foi duríssima. São muitos guitarristas bons, então optei pelos menos marrentos e com mais capacidade de criar riffs e melodias mais fantásticas. O primeiro é o KIKO LOUREIRO, do ANGRA. Apesar de Rafael ser o “mastermind” da banda brasileira, o cara é muito técnico e também traz riffs e melodias sensacionais. Se você escutar o solo de “Streets of Tomorrow”, do debut da banda, não pode dizer que ele não é mestre. Manda bem em música brasileira, latina, jazz, fusion, e arrebenta no Heavy Metal Melódico. Deixa muito guitarrista endeusado no chinelo. Toca com todas as técnicas possíveis e muito bem, sweep com two hands de quatro dedos não é pra qualquer um. Tocar MOZART à duas mão na guitarra não se encontra em qualquer esquina. No seu posto concorreu MICHAEL ROMEO, que é do mesmo nível, sem dúvidas, até mais técnico, mas é muito progressivo. Gosta de harmonias muito dissonantes para uma banda mais melódico que prog. Caso fosse o contrário, mais prog que melódico, como o SYMPHONY X, ele seria o nome ideal. Na mesma situação entra JONH PETRUCCI. NUNO BITTENCOURT, o mestre da pentatônica, já é muito HARD ROCK, assim como PAUL GILBERT, que apesar de ter momentos melódicos com o RACER X, ficou preterido.
O outro guitarrista irá surpreender alguns, mas precisamos de alguém que seja cem por cento metal melódico, com qualidade técnica para acompanhar a banda e que componha obras-primas do gênero. Logo, JANI LIIMATAINEN, ex-SONATA ARCTICA, é uma opção que se encaixa perfeitamente. Além de tocar muito, muito mesmo (confira o CAIN’S OFFERING, se o Sonata não for o bastante), o cara escreve hits um atrás do outro! Além das letras, que são, na maioria das vezes, muito superiores ao que se vê por aí. Pra resumir, o cara toca muito e faz Heavy Metal Melódico como ninguém, é forjado nesse meio, e, para se ter uma banda nesse estilo, é obrigatório alguém desse “naipe”. A maior dúvida que surgiu para atuar no lugar de Jani, foi EMPPU VUORINEN. Por que? Por que o cara tira um timbre pesadíssimo da guitarra e saca, sempre, riffs cabulosos da manga. Mas, tendo em vista que já temos Thuomas, e que Jani me parece mais técnico, fiquemos com o ruivo.
Por fim, e talvez mais importante, o/a vocalista. Permitam-me o luxo de inverter, contar primeiro os que não foram escolhidos. O primeiro nome que me vem à mente é o famoso, famigerado, polêmico e não menos competente, bom e velho, MICHAEL KISKE. O homem é uma deidade da voz. Sempre cristalina, sua voz não “enferruja” com o tempo – quem viu o show do AVANTASIA em São Paulo sabe o que eu estou falando -, parece que continua com 23 anos. Incrível. Mas, parece que a idade não derrubou a voz mas derrubou a cabeça. Mesmo nosso querido “Michi” lascando a lenha no Heavy Metal, falando asneiras sem miséria por aí, ele aparece em dois ou três projetos do gênero todo ano. É um brincalhão, para dizer o mínimo. Além do que ele não aceitaria o convite para a banda, pois Metal, daqui pra frente, para o Sr. Kiske, só em projetos. A seguir, vem ANDRE MATOS. Outro cidadão que dispensa apresentação, e que se fosse o escolhido estaria em perfeita sintonia. No entanto, temos o Kiko nas guitarras, e vocês devem imaginar que a relação não deve ser das mais pacíficas. Também, para não soar muito ANGRA, o vocalista, extremamente talentoso, brasileiro foi eliminado do posto. E, convenhamos, o cara que, em pleno ano de 2011, depois de passar tudo que já passou na vida pra chegar onde está, se juntar com TIMMO TOLKKI (que é um mala desequilibrado) para fazer uma banda séria, é, no mínimo, xarope. Outro fenômeno que pode ser levantado é JORN LANDE. Sim, o cara é o mestre, arrebenta tudo e todos. Mas, agora sei que estou enfiando minha mão no vespeiro, entendo que em uma banda melódica sua voz não é a melhor opção. Claro, o JORN LANDE, sempre é uma das melhores opções, e justamente por isso estou colocando ele aqui. “Ah, mas no MASTERPLAN ele é animal...” .Sim, mas prefiro ele em algo mais sombrio, ou mais Hard Rock, mais visceral, como nesta fase nova do AVANTASIA, ou em seu projeto com RUSSEL ALLEN, por exemplo. No ARK ele torceu o pescoço de todos os vocalistas do mundo, mas, no “melódicão”, não seria a minha primeira escolha. Sem mais delongas, porque isto já está mais novela do que a contratação do Ronaldinho Gaúcho, o escolhido é MICHELLE LUPPI. O vocalista do KILLING TOUCH, ex-VISION DIVINE, é um extraterrestre. Canta no mesmo nível que todos os acima citados, e compõem muito. Faz ótimas arranjos de linhas de voz, excelentes contrapontos nos backing vocals, e toca piano bem, para ajudar, ainda mais, nas criações. Canta grave, agudo, rasgado, limpo, com falsete, com voz de cabeça, com voz de peito, na “manha”, com potência, de tudo que é jeito. Não é maleta, o que à essa altura é muito importante. Também, é um puta frontman, põem a galera pra pular do começo ao fim. É completo. Assim, faz tudo que os outros fariam, juntos.
Acho que esta banda daria pra fazer um estrago considerável. E você, qual seria a sua banda?
Qualquer comentário: andre.senra.baixista@gmail.com . (lembre-se: discorde, dê sua opinião, faça críticas, mas com civilidade. Como diria o comentarista esportivo Mauro César Pereira “para os esquentadinhos, anônimos covardes, da internet, a tecla delete segue afiada”.)

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