Tracii: “Aquele disco é inacreditavelmente fudido, mas o problema era o cara que nos levou lá [a gravadora Alexus Records, sediada em Toronto, no Canadá]. Esse cara tem um coração de ouro e uma carteira ainda maior que seu coração. Ele nos levou todos pra lá e construiu um estúdio state-of-the-art, mas tinha muito drama com esse cara. Ele era meio que aquele cara no ginásio que trazia uma pizza todo dia. Tinha cinco pedaços de pizza e se você não aguentasse tudo que ele fizesse, ele comia a pizza inteira. Ele era um bebezão rabugento. Ele não sabia de nada sobre a indústria musical e achava que ele podia simplesmente comprar tudo que ele precisasse pra lançar o disco. Eu tentei explicar a ele que é um pouco mais complicado que isso, entende? Eu disse a ele que ele deveria dar ouvido a algumas pessoas e ter alguns conselhos ao invés de tacar todo esse dinheiro num poço. Mas ele não me ouviu. Ele não queria conselho algum e eventualmente terminamos o disco e saímos em turnê. Enquanto isso, o disco tá lá parado, entende?
Todd: Vendo do lado de dentro, a situação com [o ex-vocalista] PAUL BLACK é tão louca como parecia?
Tracii: “Pra mim não. Ele fez algo errado e eu o despedi. Ele é um chorão e é isso, entende? [risos] Não havia loucura, apenas estupidez. É o que aconteceu da primeira vez, então eu devo ser louco porque a definição de insanidade é fazer a mesma coisa duas vezes esperando resultados diferentes... e eu fiz duas vezes, com os mesmos resultados (risos). Uma das coisas mais estranhas, boas e degradantes que aconteceram a ele foi quando fizemos o primeiro [festival de rock] Rocklahoma. Conseguimos cobertura pesada na Rolling Stone e na Spin, assim como muitas outras bandas, e ele levou aquelas coisas a sério onde ele começou a acreditar que ele era esse personagem tipo Mick Jagger. Eu acho que é normal para um frontman ter esse tipo de autoconfiança, mas as expectativas de megalomania e visões de grandeza... ele era realmente um candidato pra ala psiquiátrica com aquele lance. Ele acha que o mundo gira por causa da música que ele contribuiu, mas a propósito, ele na verdade não fez tanta música assim que eu saiba (risos). Ele acredita nisso, mas hey, se funciona pra você, beleza. Eu simplesmente não tenho mais que lidar com ele, o que é bom. Ele contribuiu um pouco no começo e há um CD demo que ele lançou chamado "The Blacklist". Há algumas canções [do disco L.A. Guns] ali, mas não as mesmas músicas, entende? Talvez hajam algumas melodias. “One Way Ticket” eu acho que copiamos inteira, mas todas essas são coisas que ele teve chance de escrever em cima de músicas que eu já tinha feito... na cabeça dele, ele escreveu LED ZEPPELIN com Robert Plant (risos).”
Todd: Já faz mais de cinco anos que "The Runaway Brides" [o primeiro disco do BRIDES OF DESTRUCTION] foi lançado. Mesmo sem o envolvimento ou o apoio de Nikki [SIXX, baixista do MÖTLEY CRÜE], sob as circunstâncias certas, você consideraria reformar o BRIDES OF DESTRUCTION?
Tracii: “Se fosse pra acontecer, provavelmente só haveria a minha participação (risos). E algumas vezes eu penso nisso porque eu realmente curto [o vocalista] London Legrand e [o baterista do ADEMA] Scott Coogan e eu gosto do Nikki. Eu não acho que Nikki jamais faria aquilo de novo. Foi meio duro pro Nikki. Eu acho que ele tinha essa ideia romantizada de ‘essa é a banda de punk rock legalzona que eu sempre quis’, entende? Uma das coisas que ele realmente queria fazer quando o disco saísse era tocar no [lendária casa noturna dedicada ao rock em Nova Iorque] CBGB porque ele nunca tinha conseguido fazer aquilo antes. Eu ficava dizendo pra ele ‘Hey, eu não quero estragar sua viagem, mas quando chegarmos lá, você vai ficar bem desapontado e decepcionado’ e ele dizia ‘Não, você não me conhece muito bem’ e eu disse ‘Sim, eu te conheço muito bem’. Eu acho que foi o dia mais miserável da vida dele quando tocamos no CBGB. Primeiro, é em Nova Iorque, então quando chegamos lá, ficamos com o cara da gravadora nos arrastando pra toda aquela coisa típica de TV, como [o programa] Fuse, e daí mais umas sessões de fotos, entende? Apenas um dia comum de relações públicas e ainda tínhamos que passar o som no CBGB. Ele já estava de mau humor na hora que chegamos ao CBGB para passar o som e ele ficou numas de ‘eu preciso de menos voz no meu monitor’ e nosso técnico de som dizia ‘só tem um mix de linha. Se baixarmos a voz, daí então o London não vai conseguir se ouvir’. Daí ele dizia ‘Oh, saquei. Mas você não consegue separar em dois?’ e o cara da técnica dizia ‘Não, é um mix em mono’.
Então Nikki não estava muito animado com isso e outra coisa era que não havia coxia alguma lá e Donna [D’Erico], sua esposa na época estava lá e tudo no qual ele conseguia pensar era ‘Oh meu deus! As pessoas vão ficar pegando nela’, então eu acho que aquilo ficou na mente dele o tempo todo enquanto estávamos tocando. E estava ridiculamente lotado lá, então da frente do palco até metade do bloco da porta de entrada estava lotado, entende? E Donna estava ali de pé ao lado do palco e eu só lembro de ao longo de todo o show Nikki ficar olhando pra ela tipo ‘Oh merda! Você está bem?’. Então foi um show pesado pro Nikki, claro. Ele não está acostumado a ralar em bares e ter as pessoas sendo tão acessíveis a ele. Eu não consigo enxergar ele fazendo algo assim nunca mais. Essa é a diferença entre o Brides e o Sixx:AM. O Sixx:AM não toca ao vivo a menos que seja um festival ou algo do tipo porque eu não acho que ele curta isso nem um pouco.”
Para ler a entrevista complete [em inglês], visite:
Nenhum comentário:
Postar um comentário