6 de dezembro de 2010

Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 7

Todos sabem que quando algum conjunto, independente de seu estilo, começa a fazer sucesso, virá em sua esteira alguns outros os copiando descaradamete, e assim tentando seu lugar ao sol. Sempre foi assim e continuará assim sendo. Lá no final dos anos 80 havia centenas de bandas tentando reproduzir os Motleys Crues, Poisons ou Skid Rows da vida. Centenas de clones musicais e visuais!


Apesar desta encheção de saco e falta de criatividade num mercado que estimulava este efeito – diga-se aí gravadoras e MTV - alguns poucos conjuntos conseguiam ter suas próprias características ou, na pior das hipóteses, eram muito convincentes ao refazer a música de seus ídolos, e liberavam alguns discos que realmente faziam toda uma diferença neste cenário desanimador.
Dando seqüência, vamos a mais alguns destes exemplos:

STEELHEART
Steelheart
(1991 – MCA Universal)

Imagem

Imagem

O Steelheart liberou, com toda a certeza, um dos álbuns mais empolgantes na época em que o Hard Rock dava seus suspiros finais. O croata Miljenko Matijevic já cantava desde criança e em 1970 se muda para os EUA, com seus pais e irmão. No novo país, em sua infância e adolescência passou por um bom número de conjuntos e, com sua bela voz, sempre conseguia chamar a atenção.
No Red Alert não foi diferente. Sob este nome, gravou uma demo de cinco faixas com o guitarrista Chris Risola, o baixista James Ward e o baterista Jack Wilkinson. Posteriormente entra ainda o guitarrista Frank Dicostanzo e começam a divulgar sua fita-demo. E o contrato com a MCA não demorou a chegar, tanto que Miljenko abandonou a universidade – de que adiantaria aengenharia mecânica para um cantor? – e, passando a se chamar Steelheart (pois já havia outro Red Alert), debutam em grande estilo com um registro auto-denominado que era só alto-astral.
Produzido por Mark Opitz na ensolarada Califórnia, fica impossível não citar os agudos de Miljenko, seja nas canções mais pesadas como “Love Ain´t Easy” e “Gimme Gimme”, nas mais festeiras “Down n´Dirty” e “Everybody Loves Eileen” ou, é claro, na balada “I´ll Never Let You Go”. O álbum vendeu mais de um milhão de cópias, ficando entre os Top 100 das charts da Billboard, e todo este sucesso atingiu o velho continente e Ásia, tendo ficado em primeiro lugar em vários países deste lado do globo.
Após bem sucedidas excursões pela Europa e Ásia, entram em estúdio para a gravação de "Tangled in Reins", que refletia a boa fase do Steelheart e também vendeu muito bem. Mas eis que, no final da excursão de divulgação deste disco, numa apresentação em que abriam para o Slaughter em Denver, Colorado, na noite de Halloween, o empolgado Miljenko Matijevic resolve escalar uma das estruturas do palco e, quando estava lá em cima, tudo vem abaixo: vocalista e iluminação, tudo ocorre na frente de 13000 pessoas.
O resultado foi doloroso, com maxilar e nariz quebrados, coluna torcida e dezenas de pontos na nuca. Mas a situação era ainda mais séria, tanto que os próximos anos foram de fortíssimas dores de cabeça, perdas de memória e muitas vezes o vocalista não sabia mais o que estava fazendo. Até que um neurofisiologista o diagnosticou como tendo TBI (em português, Ferimento Traumático no Cérebro). Durante todo o tratamento para recuperação das lembranças e reprogramação de seu mente, Miljenko nunca obteve qualquer tipo de compensação financeira. Ao contrário, conseguiu perder todo seu dinheiro e até mesmo a família...
Ainda durante sua recuperação, para poder gravar novamente e se ver livre de seus antigos contratos, pagou grandes somas ao seu antigo gerente e gravadora. Agora estava livre, possuía os direitos de seus dois primeiros discos e, em 1995, junto com Kenny Kanowski, Vincent Melle e Alex Macarovich, o novo Steelheart gravou “Wait” na Inglaterra. Este disco tem certa importância, pois foi durante sua mixagem que o vocalista, sentado numa cadeira, simplesmente “acordou”. Ficou plenamente recuperado de seus problemas mentais.
Um novo capítulo se inicia, com excursões de sucesso pela Ásia, único local onde se poderia viver de Hard Rock nos anos 90. Mesmo “Wait” sendo um belo registro, nunca alcançou a Europa e EUA. Por outro lado, o famoso produtor Tom Werman o convidou para fazer as vozes de Mark Whalberg, ator principal do “Rock Star”, aquele filme ridículo que seria para contar a história do JUDAS PRIEST e acabou virando um festival de banalidades, como acontece na vida de qualquer “rock star”... Na trilha sonora deste filme, Miljenko trabalhou com Zack Wylde, Jason Bonham e Jeff Pilson, cantando em oito canções, mas somente três aparecem no CD, uma destas é “We All Die Young”, de seu álbum “Wait”.
Após este projeto para o filme, Milijenko arrisca-se pela música eletrônica por alguns países europeus, assim como também tentou montar outra banda. Atualmente está cheio de inspiração, e se preparando para a gravação de novos álbuns.

BONFIRE
Fire Works
(1987 – BMG/RCA Records)

Imagem

Imagem

O embrião do Bonfire iniciou suas atividade sob o nome Cacumen no distante ano de 1973, sua música era bem mais voltada para o Heavy Metal e somente no início dos anos 80 é que colocaram, sob esta denominação, dois obscuros registros no mercado.
Quando apareceu a oportunidade de assinar com uma grande gravadora, a BMG/RCA Records, o núcleo do Cacumen – o vocalista Clauss Lessmann e a dupla de guitarristas Hans Ziller e Horst Maier-Thorn – optam por seguir uma linha musical mais acessível e, já que era uma fase de mudanças, passam a se chamar Bonfire.
Em 86 liberam seu primeiro álbum, “Don't Touch The Light”, que obteve críticas favoráveis, mas o baixista e baterista caem fora. O Bonfire seguem adiante e acrescenta em sua formação o baixista Joerg Deisinger e, contando com a participação especial do experiente baterista Ken Mary (Fifth Angel, Chastain), dão sua grande tacada com “Fire Works” no ano seguinte. Este trabalho vendeu mais de 100.000 cópias e permaneceu por 30 semanas nos charts de seu país. Ótimos números!
A primeira coisa que chama a atenção neste “Fire Works” até os dias de hoje é a gravação encorpada de Michael Wagener, que ainda soa atual. As canções esbanjam feeling, timbres irresistíveis e as famosas melodias que somente os alemães têm as manhas de soltar. O disco é uma coleção de hits - “Don´t Get Me Wrong” é emocionante! - e até mesmo “American Nights”, que dava uma bela puxada-no-saco do mercado norte-americano, é ótima.
Era o auge da popularidade do Hard Rock pelo mundo e, com a efetivação do baterista Edgar Patrick (Sinner) o Bonfire começa abrindo para JUDAS PRIEST e segue o ano tocando pelos festivais europeus. A preparação do segundo disco segue em meio a muitos problemas com seus guitarristas. O membro fundador Hans Ziller cai fora e monta o Ez Livin', que libera apenas um álbum; e Horst Maier-Thorn vinha apresentando reumatismo em sua mão e acaba por ser substituído por Angel Schliefer (Sinner, Pretty Maids).
Mesmo com estas significativas mudanças, “Point Blank” (89) ainda mantém o status do Bonfire como um dos grandes nomes do Hard Rock alemão. A expectativa era bastante grande, o grande objetivo era conquistar o mercado norte-americano com o próximo disco “Knockout” (91), o que não aconteceu, sendo que nem mesmo seus fãs apreciaram este trabalho. Uma completa decepção, tanto que o volume de problemas somente veio a aumentar, com constantes trocas de músicos e projetos paralelos.
O próprio vocalista Claus Lessmann e seu velho parceiro Hans Ziller se juntam novamente, conseguindo boa repercussão na Alemanha com o projeto Lessmann/Ziller. O Bonfire segue aos tropeços, liberando alguns sucessos em discos medianos, coletâneas, registros ao vivo e os famigerados acústicos, e assim vão se mantendo e tocando pela Europa. Em 2004 a banda festeja a venda de 250.000 cópias de “Fire Works”, um disco de ouro mais do que merecido.
Agora em 2006 o Bonfire comemora 20 anos de existência com o lançamento do álbum “Double X”, conseguindo boas críticas entre mídia e fãs. Claus Lessmann e Hans Ziller estão acompanhados de Chris Limburg (guitarra), Uwe Koehler (baixo) e Juergen Wiehler (bateria). É inegável que estes músicos amam o que fazem, apesar dos altos e baixos por que passaram em todo este tempo.

CONTRABAND
Contraband
(1991 - Impact Records)

Imagem

Imagem

Na época em que foi anunciado quem eram os membros que estavam participando deste projeto, houve uma grande ansiedade em relação ao que todos supunham que seria um clássico do rock´n´roll. Só que não foi bem assim...
Tudo começou quando, numa apresentação acústica do Ratt para o “Unplugged” da MTV, o famoso guitarrista Michael Schenker (UFO, MSG) substitui Robbin Crosby. Como acabou rolando uma boa amizade e interesses musicais comuns entre Schenker e o baterista do Ratt, Bobby Blotzer, ambos formaram uma jam band, fato muito comum em Los Angeles naqueles dias. E esta jam band em especial realmente deu certo.
Mas estes músicos também tinham outra ligação em comum. Ambos eram músicos agenciados pela mesma empresa, a Left Bank, que estava fundando o selo Impact Records e precisava de uma banda que estourasse e firmasse o nome da nova empresa no mercado. Bastante esperta e prática, seleciona alguns de seus clientes e pronto: conjunto totalmente à prova de falhas!
E o que começou apenas como uma jam band acabou se tornando uma banda de verdade. O vocalista Richard Black (Shark Island), Michael Schenker e Tracii Guns (L.A. Guns) nas guitarras, Share Pedersen (Vixen) no baixo e Bobby Blotzer (Ratt), na bateria. Um timaço com grandes estrelas do período que foi batizado como Contraband.
E, aproveitando o frenesi causado na mídia e público pela divulgação da nova banda, liberam apressadamente um disco homônimo, cuja ilustração de capa traz caixas com os logotipos dos conjuntos originais dos músicos do Contraband. Os desavisados com certeza pensaram que era uma coletânea...
Só que, mesmo com um time de primeira, um vocalista estupendo, guitarras fabulosas – naturalmente Schenker voa pelo braço de sua Flyng V, uma cozinha que dá aulas de condução, bom, o fato é que as canções acabaram por não corresponder com as expectativas, nem de público, nem de crítica.
Boas músicas? Naturalmente. Mas, talvez pela pressa em lançar o disco, as canções acabaram soando de maneira bastante simples. Tanto que, por mais constrangedor que seja, a faixa que chamou mais atenção foi um cover do Mott The Hoople chamado “All The Way From Memphis”. Com estes músicos, e se sobressai um cover, aí é de amargar... O Contraband não chegou nem perto do sucesso que o MSG, Ratt, Shark Island, Vixen ou L.A. Guns faziam.
Agora a questão: será que alguém acreditou que este projeto, mesmo que conseguisse um estrondoso sucesso, seguiria em frente? Duvido. De qualquer forma, cada músico pegou seu instrumento, enfiou num saco e retornou às suas respectivas bandas. E a ambiciosa Impact Records? Bom, hoje seu catálogo faz parte do grupo Universal...

SASS JORDAN
Racine
(1992 – Aquarius/MCA)

Imagem

Imagem

Este bela e simpática loirinha nasceu em Birmingham, Inglaterra, porém sua família se mudou para o Canadá quando a menina ainda era bem jovem. Crescendo em Montreal, cidade que fala o francês, trabalhou em traduções de filmes, do francês para o inglês, antes de conhecer seu grande amor: a música.
Já numa carreira-solo, libera em 88 “Tell Somebody”. O disco tem boa recepção e Jordan se destaca como uma das vocalistas fêmeas que eram uma promessa para o futuro, conseguindo uma concessão para a distribuição de seus álbuns nos EUA, o que foi um inesperado e grande primeiro passo. Trabalhando entusiasmada com seu novo parceiro e guitarrista Stevie Salas, Sass Jordan lança seu segundo trabalho chamado “Racine” (“raízes” em francês) em 1992, que atinge boas notas e consegue emplacar algumas canções nas rádios rockers do Canadá e EUA.
Porém foi com “Rats”, de 94, que Jordan acerta e consegue as mais expressivas notas no meio especializado. Bastante focado e inspirado, Rats traz o que há de melhor no rock´n´roll resistente e regado ao bom e velho blues. Detalhe importante é que, mesmo a voz de Sass Jordan ter um carisma irresistível, é inegável a influência da cantora pop Tina Turner – na voz, não na música. Composições como "Ugly," "Damaged" e "Pissin' Down" mostram a força da dupla Jordan e Salas neste que é o álbum mais bem sucedido desta cantora.
Tão bem sucedido que Jordan começou a gravar algo com os irmãos VAN HALEN dois anos depois, o que gerou inúmeros boatos de que ela é que seria a nova cantora da banda antes da entrada de Gary Cherone. Infelizmente, a chegada do grunge e do rock mais alternativo já vinha ocupando todo e qualquer espaço há algum tempo, tornando Jordan e seu potencial mais uma das vítimas que passaram a ser ignoradas pelo público mainstream.
Mas isto realmente não a abalou, pois sua persistência e paixão pela música tornaram esta cantora como sendo a dona de uma das melhores vozes do Canadá. Sass Jordan continua liberando seus discos de rock´n´roll e cantando pelos palcos da vida até os dias de hoje, com muitos fãs que estão sempre ansiosos pelos seus novos registros.

HARDLINE
Double Eclipse
(1992 – MCA)

Imagem

Imagem

Nascido em New York, (EUA), os irmãos Johnny Gioeli (voz e bateria) e Joey Gioeli (guitarra) já vinham atuando há anos em bandas de rock´n´roll, debutando em 1980 no Killerhit. A banda fez muito sucesso no underground, tocando da costa leste à costa oeste de seu país e, pensando de maneira totalmente profissional, em poucos anos já tinham equipamentos de luzes, caminhão, ônibus e tudo o mais necessário para fazer boas apresentações. Mudando-se para a Califórnia, Johnny assume de vez o microfone e mudam o nome do conjunto para Brunette.
E este pessoal realmente tem uma boa estrela, pois, graças a uma ponta que fazem na banda Smash Palace no filme “Smash, Crash And Burn”, e com uma demo de cinco faixas produzida por Dana Strum (Vinnie Vincent Invasion, Slaughter), vão rapidamente crescendo na cena desta cidade. Porém, antes mesmo de gravar seu primeiro disco, o Brunette se acaba.
Mas aí começa a história que nos interessa. Os irmãos Gioeli se unem ao guitarrista Neal Schon (Journey, Bad English), que agora era também da família – Schon se casou com a irmã Gioeli – e o Hardline começa a tomar forma. Schon contata o excelente baterista Deen Castronovo, parceiro no Bad English, e a formação se completa com Todd Jensen no baixo. Naturalmente o Hardline tem bons contatos no meio musical, tanto que conseguem algumas apresentações pelos EUA, abrindo para o VAN HALEN, sem nem ao menos ter um álbum gravado.
Em 92 sai o “Double Eclipse”. Mesmo fazendo pouco sucesso nas rádios, é notória a competência deste disco, com grandes momentos em "Takin' Me Down", "Dr. Love", "I'll Be There", "Bad Taste", a bela balada "Change Of Heart" e ainda a instrumental "31-91". Um grande álbum, mas que infelizmente foi lançado numa época que não era das melhores para o Hard Rock. Se “Double Eclipse” fosse colocado no mercado uns quatro anos antes, a repercussão teria sido outra.
E a história se repete com seus músicos debandando para outros projetos, sendo que Johnny Gioeli canta até hoje no Axel Rudy Pell, e Schon e Castronovo tornaram a reunir o Jouney. Na virada do novo milênio, ou seja, após quase dez anos, o Hardline volta com o disco “II”, contando com Gioeli na voz, Josh Ramos (guitarra), Chris Maloney (baixo), Bobby Rock (bateria - ex-Vinnie Vincent Invasion) e Michael Ross (teclados).

BABYLON A.D.
Babylon A.D.
(1989 Arista Records)

Imagem

Imagem

O Babylon A.D. foi formado no ano de 1986 em Oakland, Califórnia, tendo como membros o vocalista Derek Davis, os guitarristas Dan De La Rosa e Ron Freschi, Eric Pacheco no contrabaixo e nas baquetas seu irmão James Pacheco, todos companheiros desde a infância e até mesmo já haviam tocados em bandas que se consideravam rivais no passado.
Em suas constantes apresentações pelos clubes de sua cidade, o conjunto acaba por chamar a atenção do próprio presidente da gravadora Arista, e a impressão foi realmente muito boa, tanto que o Babylon A.D. foi a primeira banda de Hard Rock a assinar com a empresa. O resultado foi este ótimo disco auto-intitulado, colocado no mercado em 1989.
Tendo como carro-chefe a faixa “Bang Go The Bells", este debut figurou entre os 100 nas charts da Billboard por um período de 35 semanas. Mas o registro está longe de possuir apenas uma boa canção, pelo contrário, praticamente todas suas músicas estão balizadas lá em cima, donas de muito peso e ótimos refrãos, tanto que “The Kids Goes Wild” fez parte da trilha sonora do filme Robocop II. Para situar o leitor, os próprios músicos citam como influências Led Zeppelin, AC/DC e Aerosmith, mas acabam por lembrar muito o Skid Row...
Em 92 liberam “Nothing Sacred”, já com o baixista Rob Reid, e se observa um redirecionamento musical considerável, suas canções já não vinham tão diretas e pesadas como antes, e apresentavam certas insinuações daquele swing mais rock´n´roll. De qualquer maneira, a época não era das melhores, o disco passa tão despercebido quanto qualquer outro do gênero e a Arista acaba por deixá-los “de molho” por cinco longos anos.
Depois de tanto tempo perdido, o Babylon A.D. acaba assinando com o selo independente Apocalypse e, mantendo a mesma formação, lançam o ao vivo “Live In Your Face” (98) e no ano seguinte chega a vez de seu próximo álbum de inéditas, batizado como “American Blitzkrieg” e contando novamente com o baixista original. Apesar de ainda ter resquícios do Hard Rock de outrora, este registro mostra um conjunto que se esforça na tentativa de se atualizar musicalmente e soar mais moderno, mas infelizmente perdem muito de suas características originais e agradam somente aos seus mais ferrenhos fãs.

ZENO
Zeno
(1986 – EMI Records)

Imagem

Imagem

Muitos já ouviram falar do alemão Uli Jon Roth, conceituado guitarrista que fez história nos anos 70 ao fazer parte do Scorpions. Uli tem um irmão caçula chamado Jochen "Zeno" Roth, que também é um guitarrista, porém bastante desconhecido do grande público latino-americano.
Zeno, ao lado de seu bom amigo e baixista Ule W. Ritgen, já em 1977 montou sua primeira banda chamada Black Angel que, depois de três anos tocando pela Alemanha, encerrou suas atividades. A partir daí Jochen começa a compor canções e passa alguns meses na Inglaterra procurando por uma banda, mas como por ali somente o punk e o new wave estavam em alta, o guitarrista volta para seu país.
Esta sua fase de criação seguiu até 83, sempre mudando o nome de seu projeto e os músicos que o acompanhavam, tentando em vão montar algo que realmente tivesse êxito. Enquanto seus planos não se concretizavam, ia tocando com outras bandas alemãs. Enfim, em fevereiro de 84 a banda realmente começou a tomar forma, e acabou por se denominar Zeno. O já conhecido Ule W. Ritgen participa das gravações da demo, tendo como vocalista temporário Michael Flexig. Estes dois músicos já haviam participado do “Beyond The Astral Skies", terceiro disco do Eletric Sun, banda montada por Uli quando abandonou o Scorpions.
Depois de tanto esforço, esta demo com cinco canções atraiu a atenção de várias gravadoras, inclusive norte-americanas, e o Zeno opta por assinar com a Warner. Neste momento, Flexig já se torna o vocalista oficial da banda, e as gravações seguem por estúdios de vários continentes e com músicos convidados, como os bateristas Chuck Burgi e Stuart Elliot, os tecladistas Carl Marsh, Don Airey e Chris Thompson.
E que disco se tornou! Obviamente várias das faixas, compostas há anos, são utilizadas. As canções são bem variadas entre si, mas mantém em comum o fato de não serem muito pesadas, possuírem um lado épico e majestoso explorados de maneira inteligente, assim como as vozes estão muito bem trabalhadas, sem contar alguns arranjos muito bonitos de música japonesa em meio a seu AOR. Um disco belíssimo.
Excursionam pela Europa, EUA e Japão com bandas como BLACK SABBATH, Krokus, Keel e Queen. Como podem perceber, nenhuma destas bandas tem sonoridades similares entre si, e este é um dos grandes pontos positivos da música do Zeno, conseguindo atrair fãs dos mais variados subgêneros.
Gravam algumas canções para o próximo álbum, porém em 1988 começam desentendimentos que acabam por romper o contrato entre o conjunto e a EMI, e estes desentendimentos parecem ir além, pois Michael Flexig também abandona a banda. Tommy Heart assume seu posto, mas os problemas persistem, sendo que as negociações com a Geffen Records não ocorrem como o previsto e o Zeno infelizmente se separa em 89.
Mas o término desta banda gerou outra excelente, pois o baixista Ule W. Ritgen e Tommy Heart fundaram o Fair Warning, lançando alguns discos cultuados pelos amantes do hard rock e que traziam alguns elementos da música do Zeno. Quanto a Jochen "Zeno" Roth, este passou a escrever poemas, contos e textos filosóficos, além de um estudo sobre Jimmy Hendrix, sem parar de compor canções para si e outros músicos.
Mas eis que o Zeno começou a ser redescoberto por uma nova geração de ouvintes, pois o próprio Fair Warning executava suas canções e o impacto era grande. Tão grande que em 93 seu álbum foi novamente liberado no Japão e causou muita sensação, e o Zeno, desde então, liberou “Zenology” (95), com canções gravadas entre 87 e 94, "Listen To The Light" (97), onde tocou todos os instrumentos e, por fim, “Zenology II”. Nem é preciso dizer que todos atingiram ótimas cotações, tanto no Japão como na Europa...

Nenhum comentário:

Postar um comentário