As meninas gritam por ele. Os jornais e programas de entrevistas da Terra do Tio Sam querem conversar com o sujeito mais do que com qualquer outro participante, tratando sua eliminação antes da final como “chocante” e “completamente inesperada”. Não faltam diversos recém-criados fãs-clubes em sua homenagem. E ele se diz assumidamente headbanger, transformando a frase “give metal a chance” em bordão pessoal. Isso quer dizer, portanto, que os EUA finalmente se renderam ao heavy metal? Esta é, enfim, a hora em que os cabeludos vão adentrar o mainstream chutando a porta da frente, dominando as rádios e a MTV?
Menos, minha gente. Menos.
É preciso analisar a ascensão de Durbin sob diferentes prismas. O primeiro deles: sejamos realistas, não foi ele quem ganhou. Eu gosto do moleque, de verdade. Mas tinha certeza de que, por mais querido que ele fosse, não chegaria até a final. E ainda acho que ele foi bem mais longe do que eu tinha imaginado ao vê-lo cantar Judas Priest. Ele abocanhou o quarto lugar. Mas estamos falando de um reality show que exige votação popular. E os EUA são um país que consome loucamente música country. Esta é a verdadeira canção que toca na alma dos estadunidenses. Esqueçam todo o brilho e luxo de Los Angeles e Nova York, suas bandas de rock alternativo, suas divas pop, seus rappers estilosos, porque todo o interior do país é apaixonado pelo country. É um estilo que vende como água até hoje. Seus grandes astros são como deuses para os fãs. E quando um cara talentoso como McCreery pintou no cenário, não teve pra ninguém. Tanto é que ele acabou passando praticamente imune pela maior parte das votações.
Olhando pelo lado dos bangers true, não faltaram críticas ao estilo de Durbin, taxado como “exagerado”, “afrescalhado”, “mauricinho com pinta de metaleiro” e por aí vai. Todos estes comentários são verdadeiros, retirados de comentários em sites de música – embora, pra mim, o melhor deles ainda seja “se queria cantar metal, que cantasse pelo menos Pantera”. Ah, tá. O dia em que alguém cantar “Broken” no palco do “American Idol”, juro que dou meu braço a torcer e digo: agora as coisas parecem que vão mudar. Enquanto isso, dou um sincero “blá” para estes true xiitas e sem senso de humor.
Eu era da tribo que ia muito com a cara do Durbin e que, admito, torcia por ele. Não eram poucos os bangers, aliás, que queriam ver o cara seguir na competição, que se sentiam secretamente orgulhosos por ver um dos seus levando o metal ao coração da música pop. Tinha gente até achando que, da mesma forma que no “Idol” da Finlândia, teríamos um legítimo representante do bate-cabeça como vencedor. Mas vamos pensar de forma honesta e racional: você acha que precisa? Oras, é claro que eu adoraria que ele vencesse, me sentiria um tanto quanto representado ali no lugar mais alto do pódio. Casos como o de Durbin e como o do calouro do “Programa Raul Gil” que entrou cantando “Highway To Hell” poderiam ser mais freqüentes? Sim, isso seria delicioso. Mas não passo meus dias sonhando com o dia em que os ouvidos do mundo vão acordar para o metal, em que Iron Maiden, Metallica e Ozzy Osbourne vão tirar o espaço de Lady Gaga, Beyoncé e Justin Bieber. O metal sempre foi um gênero underground e que, salvo alguns raríssimos flertes com o pop, sempre falou com um público bem restrito. E existe motivo pra reclamar?
Que Durbin vai crescer na indústria musical norte-americana? Não tenho dúvidas. Ele já está trabalhando em seu primeiro single, tem pelo menos um par de gravadoras de olho no cara, está estudando outras parcerias com roqueiros de renome. Que ele vai vender pacas? Também não duvido, em especial no disco de estreia. Mas será que vai durar? Isso, conforme o bom e velho clichê diz, só o tempo dirá.
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