12 de abril de 2011

Iron Maiden: Relato de SP de fã que acompanhou a banda

Imagine a seguinte cena: Você está em um bar em um hotel de São Paulo. Se olhar à esquerda, verá Janick Gers, guitarrista do IRON MAIDEN, sentado em uma mesa, rodeado de belas mulheres, incluindo fãs, groupies e até mesmo profissionais. Se olhar à direita, verá Nicko McBrain sentado em uma mesa com Rod Smallwood e outros membros da equipe técnica do Iron Maiden. Às suas costas, no balcão do bar, estão sentados Adrian Smith e Bruce Dickinson, conversando animadamente. Mais a noite, Steve Harris ainda da uma passada por lá. Surreal, não?! Nem tanto. Pra mim, isso é uma cena comum. Porém, na primeira vez que vivi isso, há 3 anos, na primeira perna da turnê Somewhere Back in Time, foi exatamente assim que aconteceu.


Na ocasião, resolvi ir ao aeroporto para tentar ver de perto o Ed Force One, avião oficial da banda, pilotado pelo vocalista Bruce Dickinson. Mas ele pousou à noite, longe de onde eu estava, e não consegui ver muita coisa. Voltei para casa frustrado. Se eu não conseguia nem ao menos ver o avião do Maiden, minhas chances de um dia conhecer os integrantes da banda deviam ser zero. Mas eu estava enganado e muito próximo de descobrir isso. Naquela noite, acessando o Orkut, reparei que um integrante de uma comunidade do IRON MAIDEN  postou uma foto onde aparecia abraçado ao baixista Steve Harris. Dava pra reconhecer o hotel. Acessei o site e descobri que não era tão caro assim, eu podia pagar sem me apertar muito. No dia seguinte, ao acordar, chamei minha esposa e fomos. Conheci Nicko McBrain, Janick Gers, Bruce Dickinson, Steve Harris e Adrian Smith, com quem consegui fotos e autógrafos. Só faltou o Dave Murray.
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A banda anunciou, durante o show, que voltaria no próximo ano, e desde então comecei a guardar dinheiro, para tentar acompanha-los no máximo de shows possíveis. Não apenas para assisti-los, mas para conhecer o Dave e, novamente, viver aquela cena surreal, que é como assistir ao DVD Flight 666, não apenas de modo passivo, mas participando interativamente. Eu não sou fã chato. A cada ano que o Maiden vem ao Brasil, tento abordar cada um dos integrantes da banda apenas uma vez, não importa o número de cidades que eu os acompanhe. Consigo uma foto, um autógrafo e fico na minha. O grande barato é estar ali, no mesmo ambiente que a banda, observando. Já vi cenas engraçadíssimas, como o Nicko e o Janick cantandomúsicas nórdicas, abraçados. Enfim, em 2009 consegui acompanhar os shows de Manaus, Rio de Janeiro (incluindo a Première do Flight 666) e São Paulo. Depois minha grana acabou e comecei a planejar e guardar dinheiro para a próxima. E sim, conheci o Dave Murray em Manaus.
Neste ano acompanhei os 6 shows no Brasil – ou quase isso, como será explicado a seguir. Me hospedei em 5 dos 6 hotéis da banda – porque não sabia ao certo em que hotel o Maiden ficaria em Curitiba. Decolei e pousei 9 vezes em 10 dias, fazendo o percurso São Paulo – Rio de Janeiro – Brasília – Belém – Recife (com conexão em São Luís e Fortaleza) – Curitiba (com escala em São Paulo) - e São Paulo novamente. A seguir, uma visão do que rolou nesses que foram alguns dos melhores e mais insanos dias da minha vida.

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Na véspera do show, mal cheguei ao hotel e encontrei o Max Cavalera, do CAVALERA CONSPIRACY, com quem tirei uma foto. A má notícia é que muitos fãs tiveram a idéia de se hospedar – tinha mais gente dentro do que fora do hotel. E, o que é pior, a maioria simplesmente não sabe abordar banda. Eu não consegui minha foto com o Steve Harris em São Paulo porque tive pena dele. No primeiro andar, há um bar chamado Canvas e, dos elevadores até ele há um pequeno corredor. A banda costuma andar acompanhada de seguranças e atende os fãs quando quer, mas todos estão no direito de tentar a sorte. De repente, a porta do elevador se abre e aparece Steve Harris. Um fã exibiu a caneta de autógrafo, deixando bem clara sua intenção. Steve teve a infeliz idéia de sinalizar que o atenderia. Foi o que bastou para que fosse imediatamente cercado, em todas as direções, por cerca de 80 fãs. Ele atendeu a todos. Mas de boa? Fiquei com pena dele! Os infelizes nem ao menos se organizaram ou formaram uma fila para que tudo acontecesse de maneira calma e civilizada. O Steve é um cara bacana, já o vi atender todo mundo diversas vezes – mas ali estava ele cercado por um monte de gente, cada um querendo ser o próximo a ser atendido a qualquer custo. Quando atendia o da direita, o da esquerda o cutucava – e vice versa. Fiquei com vergonha alheia total e nem cheguei perto. Lógico que quero mais uma foto com ele, mas não assim.
No dia seguinte, fui tomar café e encontrei o Janick Gers fazendo o mesmo. Peguei meu celular e liguei para a minha esposa, numa mensagem curta e grossa “sobe aqui agora!”. Também mandei uma mensagem para uma amiga que estava hospedada, Mariana Maiden, que anos antes havia me pedido para ajuda-la a conhecer o Gers, que é “o amor de sua vida”. Disse apenas “Janick tá no bar. Não avisa ninguém e vem”. Hospedada com duas amigas, eu sabia que viriam as três, mas cinco pessoas não são suficientes para assusta-lo. Ela chegou tremendo muito – assim como eu tremi quando vi Steve pela primeira vez há 3 anos. Desabou no choro também. Eu disse “enxuga as lágrimas e vamos trabalhar”. Janick havia terminado de comer, e agora estava sentado no parapeito da janela, tirando com seu iPhone fotos da cidade, da ponte estaiada e tudo mais. A Mari tava louca para aborda-lo ali, mas eu a segurei: “o cara sabe que estamos aqui, sabe o que queremos, se ele quiser, ele mesmo nos atenderá”. Tirei de minha pasta a foto que tirei com ele há 3 anos e deixei em cima da mesa. Janick se levantou, desta vez falando ao celular e passou por nós. Olhou para a foto e deu uma risadinha. Mais uma vez, Mari quis aborda-lo, e mais uma vez eu a impedi: “Porra, se liga, o cara tá no celular, deixe-o conversar em paz”. E ela toda tensa: “Mas e se ele for embora?”. “Significa que ele não quer nos atender, oras. É direito dele! Não é porque estamos aqui, hospedados, que ele tem obrigação de tirar uma foto com a gente”. Mais de meia hora se passou e ele ali, conversando. De repente, uma mão pegou minha caneta de autógrafos e começou a autografar tudo. Aconteceu tudo exatamente da forma que eu disse. Ele percebeu o quanto respeitamos o seu momento ao celular e enquanto tirava fotos na janela, e simplesmente veio até nós para nos atender. Simples. Todos conseguimos fotos e autógrafos sem nem ao menos aborda-lo. Sensacional!
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Mais à noite, recebi a informação que o Bruce estava no bar, e fui até lá para tentar repetir o que fiz com o Janick horas antes. O problema é que diversos fãs fizeram o mesmo. Um deles queria porque queria abordar o vocalista, que estava sentado e fazendo sua refeição. “Falamos um monte” pra ele, explicando que ele iria atrapalhar “o corre” de todos nós, mas ele estava irredutível em sua missão de ser o chato do dia, explicando que tinha que conseguir rápido, já que teria que buscar sua tia para leva-la ao show (porra, ou você quer levar sua tia, ou você quer autógrafo do Bruce. Ou um ou outro, porra!). Enquanto todos estávamos sentados, aguardando pacientemente que Bruce terminasse de tomar café, o chato ficava ali, de pé, se movimentando de um lado para o outro, demonstrando ansiedade típica de amadores, sinalizando ao Bruce que queria o autógrafo e levando seguidos “não”. Mesmo assim, chegou uma hora que o cara simplesmente foi até a mesa do Bruce, que fez uma expressão muito irritada, mas “autografou” o "Seventh Son of a Seventh Son". Na verdade, foi um rabisco, e muito do mal feito. Mau humor do Bruce mode on again... Merecidamente! Mas isso significa que pagaríamos o pato também, pois certamente ele não nos atenderia – como realmente aconteceu. Eu já sabia que o Bruce é um cara chato – apesar de ter duas fotos com ele em anos anteriores, já o vi maltratar e ignorar fãs em diversas ocasiões. Em Belém, este ano, uma loira estonteante chegou até ele e pediu para que tirasse uma foto com sua irmã de 15 anos. Bruce respondeu “Todos querem fotos comigo. Não vou tirar foto com ela”.
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Cheguei ao show bem em cima da hora e não houve problemas para entrar, nem para sair. O ponto alto da noite foi o Big Eddie. Yeah, São Paulo! Demorou muito, mas finalmente somos tratados com respeito peloIRON MAIDEN, que nos brinda com shows cada vez melhores, com cada vez mais efeitos visuais dignos de Live After Death, que na década de 80 podíamos apenas acompanhar por VHS – enquanto os shows no Brasil eram raríssimos e traziam apenas o walking Eddie. As quase duas horas de show se passaram como minutos para mim – mas era apenas o meu primeiro de seis shows este ano. No dia seguinte era hora de embarcar para o Rio de Janeiro, onde a noite seria o segundo show. Contarei o que aconteceu no Rio, Brasília, Belém, Recife e Curitiba em uma próxima matéria, que publicarei aqui no Whiplash! nos próximos dias. Até lá!

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