Por Sérgio Fernandes
Provavelmente muitos dos amigos leitores pensaram algo como: “ah não, mais uma review de banda emo no WHIPLASH?” ao verem que o último CD do Dead Fish era o objeto de análise dessa matéria. Os fãs da banda capixaba bem sabem que o som praticado por Rodrigo Lima (vocal), Philippe Fargnoli (guitarra), Alyand Miele (baixo) e Marcão (bateria) não tem muito a ver com o gênero musical citado acima. Agora, se você alguma vez na sua vida associou o nome do Dead Fish ao “emo”, bem, meu amigo, isso prova o que eu temia: que a maioria dos leitores aqui do site não tem o menor interesse em conhecer as músicas das bandas que tanto criticam...
Bom, não sejamos tão radicais. Na verdade tanto a banda em questão quanto o gênero musical “emo” têm algo em comum: os dois foram influenciados pelo Hard Core dos anos 80. Pronto, as semelhanças acabam por aí. E não vou generalizar a ponto de dizer que TODOS os caros amigos leitores do WHIPLASH! não tem interesse em conhecerem o som de bandas de outros estilos musicais que não o metal. Logicamente, ninguém é obrigado a ouvir de tudo, mas um pouco de bom senso é sempre bem-vindo e ter o menor conhecimento que seja sobre o objeto de sua crítica é o mínimo para se criar um bom argumento... Enfim, vamos ao que interessa...
Ainda assim, a banda não se mantém completamente presa a um só estilo e permite-se fazer alguns experimentos e viagens dentro do álbum (coisa que já haviam feito no trabalho anterior, “Um homem só” de 2006). Os mais exigentes, conservadores e cabeças-fechada, porém, não precisam se assustar: tudo é muito bem colocado dentro da proposta sonora que a banda sempre seguiu. Músicas como “Autonomia”, “Venceremos”, “Quente” e “Asfalto” sintetizam isso, pois mostram influências de estilos como stonner rock, metal e até mesmo rap sem perder a velocidade e a pegada características do Hard Core mais tradicional.
A produção do álbum ficou a cargo de Rafael Ramos (que já trabalha com a banda desde o CD “Zero e um” de 2004) e ajuda muito no resultado final: a atmosfera mais “seca” e orgânica do álbum “Um homem só” foi mantida, porém com uma pitada a mais de pegada, de forma a deixar o som mais cheio (o que é certa ironia, pois “Contra todos” é o primeiro álbum em que Philippe comanda – soberbamente, diga-se de passagem - todas as guitarras da banda sozinho, já que seu ex-parceiro nas seis cordas, o guitarrista Hóspede, saiu antes de começarem a compor material para o trabalho).
Vale lembrar que esse é o último (e melhor) registro de Nô, fundador e ex-baterista da banda. Além dele, Rodrigo também nos brinda com sua melhor performance em um CD do Dead Fish: com total controle da sua voz, o cara grita, berra, e consegue criar melodias firmes para interpretar as letras (todas de sua autoria) que falam de amor, esquerda e direita, metrópoles, a vida de uma banda independente na estrada, perseverança e ataques de tubarão em Olinda.
Se você gosta de peso, bateria veloz e precisa, baixo forte e marcante (casando com a bateria veloz...), linhas de guitarra bem trabalhadas e altamente criativas, vocal com pegada, sem exageros e melodia na medida certa, além de letras bem humoradas e de conteúdo, NÃO OUÇA DRAGONFORCE; ouça “Contra todos” do Dead Fish. Fica a dica ;-»
“Contra Todos” – Dead Fish
Ano: 2009
Track List:
1 – Não
2 – Autonomia
3 – Venceremos
4 – Quente
5 – Subprodutos
6 – Asfalto
7 – Contra todos
8 – Shark attack
9 - A dialética
10 – O melhor exemplo do que não seguir
11 – Descartáveis
12 – Tupumaru
13 – Armadilhas verbais
14 – Piada liberal
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