Lá estava um loiro, da idade deles, tocando igualzinho a Elmore James. Keith, que nunca vira alguém tocando slide antes, ficou tão atordoado com a execução que logo que a música acabou, subiu no palco e trouxe o loirinho para beber com eles à sua mesa. Assim conhecem Brian Jones.
Crescendo em Cheltenham
Lewis Brian Hopkin-Jones herdou sua veia musical da família. A sua mãe era professora de piano, e ele logo mostrou desenvolvimento tocando extremamente bem já aos 10 anos de idade. Estudou o clarinete aos doze, sendo capaz de executar com maestria, "Concerto para Clarinete" de Werber, enquanto sua mãe o acompanha ao piano. Se tornou o clarinetista principal da orquestra da escola em apenas dois anos. Quando conheceu jazz em 1955, ele se tornou um fanático e praticamente abandonou o clássico. O jazz também foi a causa de seu interesse por musica experimental. Ao ouvir Charlie Parker, imediatamente passou a implorar ao seus pais que lhe comprassem um sax alto. Portador de um QI de 137, Brian tinha um dom natural para entender qualquer instrumento musical. Em semanas já dominava bem seu sax, embora, para sua frustração, não conseguisse soar nada como seu ídolo. Com 15 anos Brian estava fazendo dinheiro, tocando todo fim de semana em uma banda de jazz.
No ano seguinte, ele engravidou sua namorada Valerie, de apenas 14 anos de idade. Dentro de uma pequena cidade do interior como Cheltenham, a notícia se espalhou rapidamente e alienou Brian de seus colegas de escola. Ao mesmo tempo, a menina imatura não quis mais saber dele. Brian, apesar das boas notas, era um rebelde na escola, não aceitando os padrões estabelecidos, e após completar o segundo grau resolveu não seguir para a faculdade, para a tristeza dos seus pais, que passaram a ver o jazz como uma influência negativa. Tomado por um pavor perante a responsabilidade e peso da paternidade, Brian juntou dinheiro, seu sax, e fugiu para a Escandinávia, enquanto ela entrava no nono mês. Nasceu um menino que foi chamado de Mark, o primeiro dentre cinco filhos que ele teria, cada um com uma mãe diferente. Brian permaneceu na Escandinávia por alguns meses, tocando e morando nas ruas. Ele recordaria esse período como o mais feliz de toda sua vida. Depois retornou à Inglaterra, e novamente para o circuito de jazz, que era a única música disponível para se trabalhar. Ao assistir uma banda no Wooden Bridge Hotel em Guildford, conheceu uma mulher casada de 23 anos que acabou levando para cama. Nasceria no dia 4 de Agosto de 1960 uma menina, fruto desta noitada.
O Beatnick de Cheltenham
Freqüentador dos cafés universitários locais, vivendo a vida de um Beatnick, Brian conheceu Pat Andrews, de 16 anos, que logo percebeu esse rapaz como sendo diferente. Eles iniciariam um romance que duraria, entre rompimentos e voltas, três anos. Uma de suas colegas de sala era Valery, mãe de seu primeiro filho, e Pat via Brian em sua romântica fantasia, como um Romeu Shakesperiano local. Além de diversos empregos que ia perdendo ou por furtar algo ou por puro desinteresse pelo que fazia, Brian tocava em basicamente duas bandas de jazz, John Keen's Traditional Band e Bill Nile's Delta Jazzband. Meninas viviam dependuradas ao redor dos músicos, e Brian, enquanto namorava Pat, iniciava e dispensava diversos romances. Sua rotina sexual era vista pelos amigos como animalesca, um apetite somente igualado pelo seu interesse por música.
Lonnie Donegan
Lonnie Donegan, membro do Chris Barber Jazz Band, lançou em 1954 o skiffle, uma espécie de uptempo folk, quase um rock, que rapidamente virou uma mania nacional. Anos mais tarde, Chris Barber traria da América alguns blueseiros autênticos. No ano de 1960, em uma dessas ocasiões, Brian foi assistir Chris Barber e acabou conhecendo Sonny Boy Williamson. A música o tocou fundo e a partir daí, Brian sentiu-se entediado com a monotonia do jazz tradicional. "Jazz que não era jazz de verdade", diria, "apenas uma versão inglesa do que gente como Parker, Gillespie e muitos outros faziam". Começou então a ouvir e estudar obsessivamente a música de gente como Sonny Boy Williamson, Jimmy Reed, Howlin' Wolf e Robert Johnson.
No início de 1961, Brian juntou-se a outro amante de jazz e blues, o amigo Dick Hattrell, além de mais dois universitários, dividindo um apartamento. Pat passou a dormir regularmente com ele e acabou engravidando. Para quem acabara de conquistar sua independência dos pais, a vinda de uma criança não era noticia boa, mas Pat recusou abortar. Para selar a paz, ele a levou para o cinema para assistirem "Rebel Without A Cause", rindo do paralelo entre o personagem de James Dean e sua própria vida. No final de 1961, Brian e Hattrell foram novamente assistir The Chris Barber Jazz Band. Entre os músicos da banda de Barber desta vez estavam Alexis Korner e Cyril Davies. Os quatro conversaram sobre jazz e blues e Alexis ofereceu seu telefone para que os meninos o procurassem quando estivessem em Londres.
Brian perdera o interesse por Pat e começou a namorar várias outras meninas, enquanto ela tentava ignorar os avisos das amigas. Morando com os pais, Pat apareceu um dia inesperadamente no apartamento dos rapazes e encontrou Brian com outra menina. Entrou em crise e na semana seguinte deu a luz a um menino, à meia noite do dia 22 de Outubro de 1961. Pat estava certa de que nunca mais o veria de novo, mas Brian romanticamente vendeu alguns discos de sua amada coleção e comprou um bouquet de flores para ela, passando o dia no hospital a seu lado. Batizaram o menino de Julian Mark. Brian escolheu Julian em homenagem ao saxofonista Julian "Cannonball" Adderley.
Brian então seguiu seu caminho, viajando a Londres para procurar Alexis, e lá se apaixonou imediatamente por sua coleção de discos, sendo especialmente comovido pela música de Elmore James. Tanto, que quando voltou para Cheltenham, comprou logo uma guitarra elétrica e aprendeu a tocá-la, inclusive com a técnica de slide à la Elmore, quase da noite pro dia. Brian eventualmente procurava seu amigo Gordon Harper. Mostrou-lhe um disco de Muddy Waters e contou que queria formar uma banda para tocar este tipo de música. Depois convidou-o a entrar na banda, mas Gordon recusou. Brian voltaria a convida-lo mais algumas vezes, todas recusadas. Não encontrando músicos dispostos a tocar o blues em Cheltenham, mudou-se para Londres, sendo seguido por uma nova namorada de 14 anos que arrumara. Lá conheceu e fez amizade com Paul Pond, que mudaria seu nome para Paul Jones e muito mais tarde ajudaria a formar The Manfred Mann.
Paul & Elmo
Paul convidou Brian a ser o guitarrista de sua banda, Thunder Odin's Big Secret. Brian recusou ser membro, pois queria montar sua própria banda, já tendo um conceito musical definido em sua cabeça, mas aceitou ficar tocando com eles enquanto não encontrassem alguém pro lugar. Esses ensaios estreitariam a amizade entre os dois. O amor pelo blues fez com que gravassem uma fita demo, batizando o duo de Paul & Elmo, Elmo Lewis se tornando o novo nome artístico que Brian escolheu, homenageando Elmore James. Em 17 de Março de 1962, Alexis Korner Blues Incorparated estreou no Ealing Club, e tanto Brian quanto Paul estavam lá para assistir, com a fita demo em mãos. Conversam rapidamente com Alexis antes do set e Brian logo se convida para tocar na banda. Na semana seguinte, dia 24 de Março, Paul & Elmo estavam estreando no Blues Inc. A banda na ocasião consistia de Alexis Korner na guitarra, Cyril Davies na gaita, Dave Stevens no piano, Dick Heckstall-Smith no sax tenor, Jack Bruce no baixo e Charlie Watts na bateria. Brian e Paul faziam um numero aparte, "Dust My Broom". Duas semanas depois Brian conheceu Taylor, Jagger e Richards.
Brian ficou surpreso e feliz em descobrir que existiam outros caras da sua idade que gostavam e conheciam tanto de blues. Tanto Mick quanto Keith estavam encantados com ele. Os dois, embora na faixa de 18 a 19 anos, se faziam de vividos, mas ainda moravam com seus pais, enquanto Brian, apenas um ano mais velho, se virava sozinho a tempos, custeados por empregos diversos e suas noites tocando com algumas bandas de jazz, além do seu gig com o Blues Inc. Na cabeça dos dois, Brian passou a simbolizar a síntese do que deveria ser um verdadeiro músico barra pesada vivendo a vida selvagem. Keith tenta impressionar contando sobre as brigas em que ele havia se metido ou como roubara inutilidades de alguma loja. Mas até Keith ficou chocado quando Brian casualmente mencionou sobre seus dois filhos (não sabendo ainda da existência de sua filha) sem estar casado com nenhuma das mães. Mick e Keith estavam tomados por admiração e em muitas maneiras, eles queriam ser como Brian.
A Estreia na Ribalta
Cyril Davies chegou à mesa ligeiramente bêbado, com uma caneca de cerveja na mão. Keith maliciosamente retrucou, "Pô Mick, se aquele cara Paul pode cantar, você também tem bala para cantar aqui". Cyril tomou um longo gole, olhou para Keith e explicou que se ele queria tocar, podia. "Sério?!" Cyril continua, "Meu amigo, só um maluco subiria nesse palco para encarar esse público sem estar preparado. Se vocês dois se acham prontos, vão em frente." Mick, com sua habitual timidez, não falou nada, e foi arrastado por um empolgado Keith Richards até o palco. Keith fez um sinal e disse "Around And Around" se referindo a canção de Chuck Berry, seu herói. Cyril anunciou a nova atração e pegou sua gaita enquanto o baterista do Blues Inc. voltava ao seu posto. Ele é um futuro amigo, Charlie Watts. Esta é a primeira vez que Mick e Keith sobem em um palco de verdade, o primeiro gosto da ribalta.
Aos primeiros acordes da guitarra, as pessoas fazem cara feia. O público era de blues e não conhecia, nem se interessava em conhecer a música de Chuck Berry. Pelo contrario, rock n' roll ali, era palavrão. Mas quando Mick começa a cantar, a sua voz, com um quê de negro, agrada. Sua entonação lembrava mais Big Bill Broonzy e Muddy Waters do que Chuck Berry. Todo duro na frente do palco, Mick cantava segurando seu microfone na mão, e só sua cabeça grande se mexendo, fazendo seus cabelos compridos balançarem freneticamente. Alexis, que até então nunca havia reparado nesses garotos, se aproxima do palco para observar. Mick Jagger estava causando uma tremenda boa impressão, mas ao terminar, só algumas pessoas aplaudem educadamente. "Boa voz garoto" falou Cyril ao descer do palco, ignorando Keith. Mais tarde Cyril e Alexis convidam Mick para um set regular com os Blues Inc., que passaria a cantar três números: Bad Boy, Ride 'Em On Down e Don't Stay Out All Night.
Enquanto isso, Pat em Cheltenham descobre que Brian está morando com outra menina e resolve fazer suas malas, arrumar o Julian e procurá-lo em Londres. Embora com pouco dinheiro, no dia 21 de Abril, pega um ônibus e acaba por bater à sua porta, Brian quase desmaiando de susto ao vê-la. Passam a morar juntos, porém o relacionamento dos dois volta a estagnar rapidamente. Brian quer novidade e Pat lhe parece excessivamente simplória como as típicas meninas do interior. Ela acabava por representar tudo aquilo de que ele tentava fugir quando saiu de Cheltenham. Para piorar o engodo, Pat também não compartilhava do seu interesse pela música, o que acabava por transforma-la em alguém para cuidar da casa, fazer a comida e oferecer sexo caseiro. Por causa dos choros de Julian, acabaram sendo solicitados a entregar o apartamento pelo senhorio, se mudando então para Notting Hill Gate.
Procura-se Músicos
Em Maio, Brian colocou um anuncio no Melody Maker convocando pessoas que queiram se juntar a ele e formar uma banda de rhythm & blues. O primeiro a aparecer foi um pianista chamado Ian Stewart. Stewart era um Escocês criado em Surrey, na Inglaterra. Durante o dia trabalhava como vendedor de uma firma de exportações. Nunca ouvira falar de Elmore James, Jimmy Reed ou Blind Lemon Fuller mas tocava boogie-woogie como poucos na Grã Bretanha, o que impressionou Brian. Outro que entrou na banda foi Andy Wren, um pianista que queria ser cantor. Experimentaram várias formações e conforme foram aparecendo pessoas melhores para o som que Brian queria, ele ia descartando os demais. Depois de Ian Stewart, somente Geoff Bradford realmente faria algum tipo de impressão. Geoff Bradford era um excelente guitarrista que já se apresentara ao lado de Alexis Korner. Ele era um purista, só permitindo-se a tocar blues de negro, e o que não fosse, ele se recusava terminantemente a tocar. Esse tipo de seriedade e compromisso com sua música serviu de modelo para Brian, e se tornaria a principal política dentro dos Stones.
Com Geoff veio Brian Knight, seu amigo para tocar a gaita. Brian então passou a tentar convencer Paul Jones a cantar para a banda mas este recusou. Paul estava dividido entre o Blues Incorporated e os estudos, e a banda de Brian exigiria uma dedicação que ele não estava em condições de oferecer naquele momento. Brian, depois de sucessivas recusas de Paul, convida então Mick Jagger que só aceita participar se Keith Richards puder tocar também. Logo Dick Taylor também estaria ensaiando com eles. A banda fica então com sua primeira estrutura montada com Brian Jones, Ian Stewart, Geoff Bradford, Brian Knight, Mick Jagger, Keith Richards, Dick Taylor e Bob Beckwith, outro ex-Blues Boy que inicialmente tocava guitarra enquanto Taylor tocava bateria.
Dave Stevens, Dick Heckstall-Smith, Alexis Korner, Jack Bruce, Mick Jagger e Cyril Davies
Keith e Brian se tornaram grandes amigos e passaram algumas noites tocando juntos, fora ensaios. Brian não respeitava muito gente como Chuck Berry ou Bo Diddley e Keith fez questão de fazer sua cabeça para aqueles que ele acreditava serem músicos fenomenais. Uma vez entrando na onda, Brian aprendeu rápido diversos números. Mick Jagger, por sua vez, ensaiava com a turma mas se mantinha envolvido com o Blues Inc. Com o tempo, suas apresentações em Ealing e depois no Marquee Club, começavam a chamar mais a atenção do público para sí, do que para a música, atraindo assim, a inveja de alguns membros da banda. Com esse clima ruim que começava a surgir, Mick larga o Blues Inc. perto do final de Junho, e passa a se dedicar a banda nova do Brian em tempo integral. Keith se impressionou com Ian Stewart que vinha para os ensaios de bicicleta. Em função disso, tocava sempre ao lado da janela para vigiar seu meio de transporte. Comentava as coisas que via passando pela rua, enquanto tocava, sem nunca errar uma nota sequer.
Porque Rollin' Stones?
Geoff começava a se irritar com a banda, pois na sua opinião, gente como Chuck Berry e Bo Diddley eram oportunistas fazendo música comercial. Ele queria tocar apenas Muddy Waters, Sonny Boy Williamson, Howlin' Wolf e Elmore James. Brigou com Mick e Keith diversas vezes, mas quando Brian começou a gostar e defender o material que Keith insistia em introduzir, ele preferiu sair da banda, Knight saindo com ele. Beckwith, mais preocupado com seus estudos também saiu. Algum tempo depois, Brian batiza sua banda de The Rollin' Stones em homenagem à canção Rollin' Stone de Muddy Waters. "Por que Rollin' Stones?" alguém perguntou. "Por que uma pedra que rola não cria limo" foi a resposta, repetindo as palavras sábias do mestre Muddy Waters ("A rollin' stone gathers no moss").
Brian tenta persuadir Charlie Watts a largar o Blues Incorporated e assumir a bateria dos Rollin' Stones, mas este aceita apenas ajudar em alguns ensaios enquanto não arrumam outro baterista. O dinheiro do Blues Inc. era certo, já os Rollin' Stones não tinham nada para oferecer a Watts. Brian botou outro anuncio na Melody Makers, desta vez solicitando um baterista. Quem respondeu foi um vendedor chamado Tony Chapman. A entrevista foi na casa do Mick, que colocou o disco "Jimmy Reed at Carnagie Hall" e disse "É este o som que queremos que você toque".
A banda passa a ter então sua primeira formação oficial depois de batizada, com Brian Jones e Keith Richards nas guitarras, Dick Taylor agora definitivamente no baixo, Ian Stewart no piano, Tony Chapman na bateria e Mick Jagger nos vocais.
Sendo os ensaios no fim da tarde, nem sempre Chapman conseguia marcar presença, faltando por estar em outra parte da cidade tentando fechar uma venda. Assim Steve Harris passou a preencher a lacuna na suas ausências, mas nunca ameaçando tomar o posto, uma vez que ele tinha problemas em assimilar o "feeling" necessário para se tocar rhythm & blues. As constantes ausências de Chapman possibilitou a outro baterista adicionar os Rolling Stones ao seu currículo. Mick Avory foi o baterista na estréia da banda ao vivo, no dia 12 de Julho, uma quinta-feira, tocando para um salão com menos de dez curiosos no Marquee Club, enquanto a atração normal das quintas, The Blues Incorporated, estava em outra parte da cidade tocando para um programa da rádio BBC. Quando Avory saiu, Chapman estava lá para reassumir seu posto. Mais tarde, Mick Avory teria uma longa carreira no rock como baterista dos Kinks. Tocaram nesta noite, "Kansas City", "Honey What's Wrong", "Confessin' The Blues", "Bright Lights, Big City", "Dust my Broom", "Down The Road Apiece", "I Want To Love You", "Bad Boy", "I Ain't Got You", "Hush, Hush", "Ride 'Em On Down", "Back In The USA", "Up All Night", "Tell Me That You Love Me" e "Happy Home". Um belo contraste em relação com o hit parade da época que continha músicas de Frank Ifield, Pat Boone, Helen Shapiro, Bobby Fury, Neil Sedaka e Bobby Darin.
Mudanças
Conta-se uma historia, que certo dia Mick fora procurar Brian em sua casa. Brian não estava e Mick, bêbado, força uma relação sexual com Pat que depois disso volta a Cheltenham para morar com os pais. O incidente cria problemas com o senhorio e Brian acaba expulso do apartamento passando a morar em Beckenham, em um lugar que Mick lhe arruma. Pouco depois Keith terminaria seu segundo grau em Sidcup e não voltaria a estudar nem procuraria emprego. Passa a morar não oficialmente com Brian que já arrumara uma nova namorada.
Antes do final do mês, os Stones fazem seu segundo show, desta vez no Ealing Jazz Club, lugar onde Mick, Dick e Keith conheceram Brian. Na bateria, estava lá Tony Chapman. Em Agosto, Mick aluga um apartamento em Edith Grove e convida Brian e Keith a morarem lá também, dividindo as despesas. Dick Hattrell de Cheltenham, amigo de Brian, também passa a morar com eles a partir de Setembro.
Embora todos os relatos tratem Dick Hattrell como um amigo bondoso e sincero, Brian o tratava cruelmente. Sua insegurança de parecer caipira e provinciano perante Mick e Keith, fez com que ele abusasse e destratasse Hattrell durante toda sua estada em Edith Grove. Brian obrigaria Hattrell a pagar comida para todos, comprar-lhe cordas novas para a guitarra e, depois, uma guitarra nova. Hattrell pagaria o concerto de um amplificador e compraria diversas gaitas de afinações variadas, tudo para agradar Brian, que tomaria seu casaco, deixando o amigo sentindo frio no seu lugar. Hattrell aceitava tudo sem criar maiores atritos.
Havia poucos clubes para se tocar, pois o circuito de jazz não aceitava a música dos Stones, sendo eles mal vestidos, cabeludos e mal vistos de maneira geral. Os três moradores de Edith Grove tentavam juntar dinheiro e guarda-lo em uma lata, mas Brian vivia roubando da tal latinha. Quando Brian conseguia um emprego, acabava demitido por furto, e por pouco não foi processado por roubo. Os Stones, nesta época, conseguiam tocar apenas uma ou duas vezes por mês, geralmente no Ealing.
The Pretty Things
Dick Taylor resolveu então que era hora de fazer uma escolha. Estava dividido entre os estudos no Royal College of Art e sua música. Concluiu que se ele pretendia continuar a estudar, precisaria dedicar mais tempo para os estudos imediatamente. Saiu então da banda e continuou afastado da música por um ano. Em 1963 voltaria ao rock formando uma banda de rhythm & blues sua, chamado Pretty Things, homenagem a canção do Bo Diddley, "Pretty Thing" e com eles, conseguindo uma razoável notoriedade.
Os Rollin' Stones arrumaram um baixista chamado Ricky Fensen, que mais tarde passaria a atuar com o nome artistico de Ricky Brown, e outro baterista para as eventuais ausências de Chapman chamado Carlo Little, ambos membros dos Savages. No outono, Stu compra um velho Rover fabricado antes da guerra, que passou a levar o equipamento e a banda para as poucas gigs que arrumavam.
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