Quando Strokes e White Stripes estouraram no já distante ano de 2001 e criaram uma cena que ficou conhecida como novo rock, junto com eles uma penca de novas bandas começaram a surgir ou, pelo menos, a ganhar mais atenção da mídia e do público. Lembre-se que naquela época coisas como Limp Bizkit e Korn eram vistas como maiores expoentes do rock. Porém, de lá para cá, muita coisa mudou.
Bandas de formação estranha (lembre-se do próprio White Stripes ou do Death From Above 1979, mais recentemente), ou sem um som definido do tipo “punk”, “grunge”, “metal” começaram a dar as cartas e a criar uma cena novamente interessante, onde o que mais chama a atenção é a liberdade criativa dos músicos e a aceitação pelo público de vários gêneros ao mesmo tempo. Assim, grupos sem muita coisa em comum como Libertines e Jet, ou Interpol e Von Bondies, de repente conseguiram juntos dar suporte à uma nova alavancada do rock como há muito não se via. E foi no meio desse balaio de gatos que uma banda nova-iorquina liderada por uma vocalista provocativa, acompanhada por um baterista e um guitarrista de primeira, conseguiu se destacar.
E a história do Yeah Yeah Yeahs começa logo lá na origem de toda essa bagunça do bem chamada novo rock, com o lançamento, em 2002, de um EP que gerou grandes expectativas. “Yeah Yeah Yeahs”, o EP, trazia apenas cinco faixas, todas apontando para caminhos diferentes, mas que ao final se mostravam perfeitamente ligadas ou muito bem costuradas. Assim, Karen O (vocal), Brian Chase (bateria) e Nick Zinner (guitarra) eram uma das boas apostas para marcar definitivamente o seu nome no rock feito nos anos “00”.
O show abre com “Y-Control”, com Karen O entrando em ação no exato momento em que deve iniciar os primeiros versos da canção, que foi longamente introduzida enquanto apenas Brian e Nick estavam no palco. Embora a vocalista entre saltitante no palco, o público parece se animar apenas em “Machine”, a sétima canção executada no show. E é justamente quando o público começa a embalar que o Yeah Yeah Yeahs parece ficar um pouco mais à vontade. E também não é para menos, pois é somente após a metade da apresentação que a banda começa a desfilar os seus maiores hits. Nem é preciso dizer que o ápice do show é em “Maps” (“a canção de amor do Yeah Yeah Yeahs”, como anunciou a cantora), sucedida por “Date With The Night” e “Miles Away”. Entrecortando uma série de hits de primeira hora, a banda ainda despeja algumas músicas não presentes no álbum ou EP, como “Down Boy”, “Cheated Hearts” ou “Poor Songs”.
Pouco mais de uma hora de show e alguns poréns com a relação à banda começam a brotar. É inegável que a o Yeah Yeah Yeahs é dono de algumas das boas canções que o novo rock já fez brotar. No entanto, ao vivo o grupo ainda deixa muito a desejar.
Ao invés da atitude rock n’ roll tão propalada, às vezes o que fica evidente na tela é uma preocupação excessiva, principalmente de Karen O, em parecer cool. Ela consegue transformar o simples ato de beber um gole de água ou de cerveja em uma cerimônia sem limites. Isso sem falar do estranho hábito da vocalista de espalhar comida pelo palco. Em alguns momentos, mais espontâneos, Karen O até que soa divertida, como por exemplo, quando fica zoando com os erros do guitarrista. Contudo, o que mais chateia mesmo é quando ela tenta tornar a sua voz mais agressiva, cantando muitos versos de forma gritada que, se parecessem com o urros de Courtney Love, estaria tudo bem. Porém, o mais próximo que ela consegue é soar como uma tigresa acuada. E isso se repete na maioria das músicas do DVD.
Além da apresentação principal, o vídeo ainda vem recheado com dois pequenos documentários sobre a banda, os clipes de “Maps”, “Date With The Night”, “Y-Control” e “Pin”, além da inesquecível participação do Yeah Yeah Yeahs com “Maps” no MTV Movie Awards de 2004. Para fechar o pacote, o DVD ainda conta com outras seis músicas gravadas ao vivo durante a turnê de “Fever To Tell”.
Neste momento, o Yeah Yeah Yeahs está em estúdio preparando o seu novo álbum. Porém, parece que as coisas não estão muito bem. Recentemente, foi divulgado que o grupo teria descartado todas as canções gravadas e começado tudo do zero, por achar que o resultado teria ficado muito parecido com o disco de estréia. O jeito é esperar e dar uma colher de chá para a banda. Por outro lado, não será nenhuma surpresa se, depois de “Maps”, o Yeah Yeah Yeahs não tiver mais nada a dizer.
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