13 de março de 2011

Under Cover - Skull and Bones

Embora tenha mostrado muita ousadia no disco “Skeletons Exhmuned”, o multi-instrumentista e vocalista Carlos Fernando “Spartacus” Silva não conseguiu construir um repertório razoavelmente consistente na sua segunda empreitada solo. De qualquer forma, a persistência do músico é ainda mais evidente no novo “Under Cover”, uma corajosa coletânea de releituras dos clássicos do metal. O resultado obtido pelo SKULL AND BONES está mais uma vez muito longe de convencer até mesmo os headbangers mais assíduos.



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Com músicas extremamente bem selecionadas para uma coletânea como essa, o novo disco de Spartacus esbarra novamente em falhas de execução e em conceitos pessimamente definidos. De um lado da história, as composições próprias do SKULL AND BONES são quase sempre sofríveis e carecem de um cuidado maior, como comprovou “Skeletons Exhumed”. De outro, a releitura que Spartacus faz de clássicos do metal em “Under Cover” mostra como a ausência de um estúdio qualificado e de uma banda consistente compromete a sonoridade de suas versões, nitidamente honestas. Não há nada que possa ser destacado como interessante na obra do multi-instrumentista gaúcho. Infelizmente.
A versão de “Where Eagles Dare” (IRON MAIDEN) – que serve como abertura do disco – é um claro exemplo das limitações técnicas do projeto SKULL AND BONES. Embora os riffs de guitarra remetam ao disco “Piece of Mind” (1983) com certa naturalidade, a bateria eletrônica e a performance de Spartacus como vocalista fazem com que a faixa soe muito artificial e extremamente desprezível, especialmente para quem se acostumou com atuação de BRUCE DICKINSON por décadas. Por mais que os headbangers se esforcem para encontrar um pouco de inspiração em “Under Cover”, as oito faixas claramente traduzem o modo caseiro em que foram construídas em estúdio. “Black Diamond”, doSTRATOVARIUS, mesmo que conte com linhas de guitarra que não fazem feio, é prejudicada pela precariedade da gravação e pela falta de desenvoltura de Spartacus como cantor.
Na sequência, “Take Hold of the Flame” (QUEENSRYCHE) e “Number One” (HELLOWEEN) deixam mais claro do que nunca como a ausência de um vocalista competente torna o trabalho do SKULL AND BONES desprezível. A performance de Spartacus é muito limitada e não possui a mínima chance de atingir os mesmos tons que Geoff Tate e Michael Kiske atingiram no passado. Pelo contrário, a sua desenvoltura pode ser caracterizada como corajosa ao tentar se igualar a duas das maiores referências do metal mundial. De qualquer modo, “Number One” até poderia atingir um resultado mais satisfatório se não esbarrasse na artificialidade proporcionada pela bateria eletrônica (chega a soar como um arquivo midi com a voz de Spartacus por cima).
No entanto, nada consegue aparentar tanto despreparo técnico do que a versão assinada para “Over and Over”, do BLACK SABBATH. A música, que conta originalmente com a voz de RONNIE JAMES DIO, peca muito pela escolha equivocada dos timbres de guitarra e pela bateria eletrônica, certamente o maior vilão de toda a obra (e talvez da carreira da banda). Não há como ouvir a faixa até o fim, em razão da desconfiguração sonora promovida pelo SKULL AND BONES. Do mesmo modo, “Diamond and Rust” – imortalizada pelo JUDAS PRIEST – está extremamente muito aquém do esperado. Como era de se esperar, Spartacus tampouco consegue dar uma cara aceitável para “Balls to the Walls” (ACCEPT) e “Babe I’m Gonne LEAVE YOU”, que ficou conhecida através do LED ZEPPELIN décadas atrás.
De qualquer modo, é importante que se diga que todas as músicas foram licenciadas para estarem em “Under Cover” (ponto para o profissionalismo) e que a parte gráfica foi muito bem pensada. A ausência de um encarte – como o de “Skeletons Exhumed”, por exemplo – impossibilita que “Under Cover” seja considerado efetivamente um álbum. Entretanto, são as falhas em estúdio e os equívocos técnicos que marcam essa coletânea em quase quarenta minutos de música. Não há nenhuma chance de o SKULL AND BONES conquistar certo prestígio no underground – e claramente no exterior – sem repensar todos os conceitos que cercam a banda.
Track-list:
01. Where Eagles Dare (Iron Maiden)
02. Black Diamond (Stratovarius)
03. Take Hold of the Flame (Queensryche)
04. Number One (Helloween)
05. Over and Over (Black Sabbath)
06. Diamonds and Rust (Judas Priest)
07. Balls to the Wall (Accept)
08. Babe I’m Gonna Leave You (Led Zeppelin)

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