9 de dezembro de 2010

Eyehategod: entrevista com o guitarrista Brian Patton

Apesar de ter apenas quatro discos de estúdio no currículo, o sempre polêmico EYEHATEGOD consegue a proeza de ser cada vez mais popular após 22 anos de carreira e mais de 10 desde seu último álbum full-length, o sensacional “Confederacy of Ruined Lives”, lançado em outubro de 2000. Conversei por telefone com o extremamente simpático Brian Patton, que também toca guitarra em outra banda conhecida de New Orleans, o SOILENT GREEN, sobre a mini-turnê de final de ano nos EUA, o novo disco com previsão de lançamento em 2011, busca por gravadoras, influências musicais e downloads ilegais, entre outros assuntos.


O Eyehategod vai fazer alguns shows nos EUA agora em dezembro. O que vocês esperam dessa mini turnê, já que vocês vão tocar com alguns amigos, como o Goatwhore e o Crowbar (bandas da mesma cidade, New Orleans). Além disso, vocês já sabem o que pretendem tocar? Algumas músicas novas? E há alguma chance de repetir o que vocês fizeram em junho, quando tocaram seus dois primeiros álbuns na íntegra?
Bem. Em primeiro lugar, estou esperando que osshows sejam ótimos. Eu quero dizer, bandas como Goatwhore e Crowbar…nós já tocamos muitas vezes com eles. Eles são grandes amigos da gente. Então nós estamos esperando que os shows sejam fantásticos.
E quanto ao set list, nós provavelmente vamos fazer o que fazemos normalmente. Nós realmente não temos planos de tocar os discos na íntegra dessa vez. Isso é algo especial que nós fazemos a cada lua azul (termo que se refere a segunda lua cheia em um mesmo mês, evento que acontece a cada dois ou três anos, em média). E nós fizemos algumas vezes porque tínhamos que tocar dois shows em seguida na mesma cidade e nós pensamos que ajudaria a dar uma mudada, você sabe, tocando os discos inteiros, além de umas músicas extras que nós também tocamos. Mas nós não temos nenhum plano de fazer isso.
Nós temos várias músicas novas, mas podemos tocá-las ou não. Nós as tocamos algumas vezes em lugares diferentes, sabe? Para sentir a reação do público. E as reações foram muitos boas. Mas, você sabe, nós estamos meio que segurando essas músicas um pouco até que o disco novo seja lançado e esperamos que possamos sair e tocá-las um pouco mais.
Falando nisso, e como estão os preparativos do novo álbum? Alguma previsão de lançamento, título ou outra informação definida já?
Bem. Está indo ótimo. Quero dizer. Muitas coisas que temos, nós já estamos trabalhando nelas há um bom tempo. Obviamente é um álbum que já se passaram mais de 10 anos em sua produção (o último disco de estúdio de banda foi lançado em 2000). Por isso, pensamos muito para fazê-lo. Nós temos uma boa parte dele. Eu diria provavelmente cerca de 75% dele pronto. E nós estamos finalizando os detalhes das últimas músicas. Nós estamos muito animados para voltar ao estúdio. E tirar um disco de lá novamente. Pois esse é álbum que nós queremos lançar há um bom tempo, sabe? (risos)
E vocês já definiram uma nova gravadora para lançar esse disco?
Ainda não. Nós ainda estamos pesquisando. Temos algumas opções e ofertas de gravadoras muito, muito boas. Mas… como eu disse antes, esse disco tem que ser feito da maneira correta. Por isso, não vamos escolher a primeira oferta que aparecer. Que foi o que fizemos na primeira vez e meio que nos ferrou por toda nossa carreira, na verdade. Então, você sabe, estamos “livres” no momento e estamos mais focados em terminar as músicas. Mas nós estamos pesquisando. Por isso, com certeza vamos chegar lá em algum momento.
Você está na banda desde o início dos anos 1990. Como você acha que a banda cresceu musical e também até pessoalmente durante todo essa tempo?
Bem. Eu quero dizer. É claro que nós vamos crescer pessoalmente, porque são tantos anos (risos). Quero dizer, nós crescemos como pessoas e amadurecemos de várias formas. Mas ainda somos os mesmos caras e estamos fazendo as mesmas coisas. Quero dizer, música é tudo o que nós realmente sabemos.
Nós estamos muito animados por estarmos tocando novamente, sabe, consistentemente. Mas é um daqueles negócio em que, você sabe, já faz tanto tempo desde o nosso último álbum que nós esperamos que as pessoas curtam o material novo. Porque elas precisam se basear em coisas que nós fizemos há 15 anos e estou muito animado com as coisas novas e espero que elas também curtam.
Vocês todos não vivem mais na mesma cidade (New Orleans, onde a banda foi criada), certo? Com qual frequência vocês se encontram para ensaiar e tudo mais?
Bem, nós nos encontramos todo mês por uma ou duas semanas pelo menos. Quero dizer, no minimo 50% do nosso tempo é dedicado à banda. Eu vivo fora do estado (de Lousiana) por razões pessoais e profissionais e volto sempre que nós tocamos. E felizmente nós temos tocado de forma muito consistente. E eu tento chegar cedo e ficar até um pouco mais tarde para que nós possamos compor e fazer uma jam. E ficarmos juntos. Nós estamos quase prontos para entrar no estúdio. E as coisas têm saído muito bem. Não tenho do que reclamar.
E como funciona o processo de criação das músicas da banda? Você e Jimmy (Bower, o outro guitarrista da banda, que também toca no Down e Superjoint Ritual, entre outras) fazem os riffs primeiro? Vocês tem algum tipo de padrão para isso ou algo do tipo?
Bom, isso varia. Em algumas músicas… Jimmy prepara ou eu preparo. Ou nós escrevemos uma música inteira em nossos quartos e depois mostramos para a banda no ensaio e vemos como vai a partir daí. Mas na maior parte do tempo é algo coletivo, em que nós vamos para lá com riffs e partes e discutimos as ideias uns dos outros e apenas montamos a faixa da melhor maneira que nós sabemos. É um processo de composição muito simples, não há muito pensamento intelectual (“brainwork”) nisso. É meio que sentir um riff. Se você tem uma boa parte, ela pode “carregar” uma música inteira, você apenas meio que constrói o resto em volta disso e faz determinadas coisas com ela. E quando você menos espera, 5 ou 10 minutos depois, você tem uma música pronta.
Nesse ponto, nós normalmente apresentamos a música para Michael (Williams, vocalista da banda), que coloca suas letras.
Qual o papel de Michael nas composições? Ele é sempre o último a trabalhar nelas?
Bom. Michael não participa muito da criação da música, apenas um pouco aqui e ali, sabe? Mas Mike apenas faz os vocais e nós a música. Então nós normalmente fazemos a música primeiro, apresentamos-na para ele e ele coloca os vocais em cima dela.
Mesmo tendo ficado mais “quietos” nos últimos anos, vocês ainda continuam sendo muito influentes para bandas novas. Por que você acha que isso acontece? E você concorda com isso?
(Risos) Certo. Bem, nós temos ideia cara (mais risos). Mas nós certamente somos agradecidos por isso.
Eu acho que nós somos uma das poucas bandas que não fez nada na maior parte dos últimos anos, mas que fizemos algo bom o bastante quando estávamos realmente na ativa para as pessoas ainda curtam. E é um estilo de música que muitas pessoas estão meio que gostando agora. E existem muitas outras bandas, como Sleep e Neurosis e The Melvins, que também fazem a mesma coisa que nós estávamos fazendo antes. E elas estão tendo o mesmo…o mesmo…respeito, eu acho que posso colocar dessa forma. Acho que as pessoas reconheceram algo que era novo na época. Quero dizer, quem quer ouvir uma banda que só faz basicamente covers do DEEP PURPLE, em vez de ouvir o próprio Deep Purple?
Então, quero dizer, se você vai ouvir uma banda que toca o estilo de música que nós fazemos vá até o original. Por isso, eu acho que as pessoas estão curtindo cara. Estão curtindo. Quero dizer, isso provavelmente não vai durar muito, sabe? Agora é a hora. E nós estamos nos divertindo enquanto as pessoas estão se interessando pela música que tocamos.
Para conferir a outra metade da entrevista, acesse:
Mais informações: Blog Dor de Ouvido

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