O Carioca Club não estava de todo lotado, com alguns espaços ao fundo da pista, mas, pelo tamanho da casa, o público era bom, a começar pela fila que percorreu o quarteirão antes do show. Dentro da casa, enquanto a expectativa crescia, alguns vibravam hilariamente com os lances de América-MG x Internacional, transmitido no telão em paralelo com outras músicas. Com um pequeno atraso, suficiente para empurrar para dentro aqueles que não conseguiam entrar, o PAIN OF SALVATION sobe ao palco para presentear seus fãs em um show muito inspirado.
Aliás, durante todo o show foi grande a conexão entre o vocalista e o público, com um Daniel falante que comparecia frequentemente à parte mais baixa do palco para cumprimentar alguns fãs, tanto durante como, principalmente, ao final do show como gratidão. Em uma das pausas, recebeu um Kinder Ovo (além de pronunciar “ovo” em português), passou pelo camarote tocando a centímetros dos fãs. Por outro lado, o guitarrista Johan, teve uma performance agitada, porém mais reservada. No entanto, sua conexão com o público se deu pelos seus vocais, surpreendentemente bons ao vivo e pelos seus solos instrumentais, muito bem executados.
Voltando ao set, seguiram “Handful Of Nothing” e “Of Dust”, preparando o público para a perfeita e vivaz “Kingdom Of Loss”, com todas as suas passagens muito bem exibidas pela banda. A essa altura, o público já se surpreendia com a qualidade de execução dos músicos. A sinistra “Blach Hills” serviu para comprovar tal visão. Na mesma linha, “Idioglossia” foi tão “apelação”, como comentaram próximo de mim, que não merece nem ser comentada. O único fator que comprometia um pouco a audição era a falta de clareza em algumas partes mais intrincadas e soantes da música, não sei se pelo alto volume, pela acústica da casa, pela disposição do som o use de fato se desejava criar essa rapsódia poluída. Mas isso não comprometeu de maneira alguma a grande apresentação. Até porque, o tamanho da casa e o som proporcionado, permitiram momentos praticamente intimistas como na própria “Her Voices” e, especialmente na mega balada “Second Love”, com Daniel brilhando como convencional.
O peso volta em “Diffidentia”, outra faixa que, ganha tanta vida ao vivo, que funciona muito melhor que no álbum (como a maioria, afinal). “No Way”, por sua vez, introduz um lado mais bluesy da banda, que tem seu set inteligente justamente por levar tudo do que produz de melhor, com boas variações nos andamentos, na atmosfera, dos timbres das vozes, das batidas da bateria e dos solos, como já mencionado. A parte mais pausada dessa música, também foi passada com maestria. A tradicional “Ashes” volta a exibir essa alternância. É interessante também notar a motivação dos músicos, sempre à vontade no palco e com suas canções, se doando em cada momento do show, se divertindo.
Em seguida, “Linoleum” e a “Road Salt” proporcionam novamente emoções diferentes ao público, que soube aproveitar cada uma das faixas escolhidas (até pela boa presença de casais, para as mais lentas, talvez). Para finalizar o set, com a ameaça de despedida da banda, a dobradinha “Falling” e “The Perfect Element” volta trazendo o prog metal mais propriamente dito. Após o bom set já apresentado, a banda sai de cena e volta para finalizar em grande estilo o fim de semana dos paulistanos. “Tell Me You Don’t Know” toma uma faceta mais rocker, enquanto as palavras “Let’s Disco” pronunciadas por Daniel abrem “Disco Queen”, que fez a audiência pular.
Encerrando de vez o show, “Nightmist”, que não deixa a desejar, mas poderia ser a primeira do bis, deixando o momento disco para o fim. Apesar disso, a banda soube trabalhar bem o fim da faixa, despedindo-se em alto nível, acompanhando o restante da apresentação.
Ao final, só resta dizer que, se não foi uma apresentação perfeita, foi perto disso de modo que os fãs saíssem com a sensação de que a noite valeu a pena. Dá gosto de ver também o prazer e a simpatia dos integrantes do PAIN OF SALVATION que, sem dúvida, merecem muito mais reconhecimento do que já têm (até mesmo dez vezes mais como “pedira” a matemática de Daniel, como bem sabem os que estavam presentes lá). Um grande show, que fez jus à expectativa que se tem em se tratando de PoS. Tomara que não demorem a voltar para o Brasil!
Banda:
Daniel Gildenlöw: vocais, guitarra
Johan Hallgren: guitarra, backings
Fredrik Hermansson: teclados
Léo Margarit: bateria, backings
Per Schelander: baixo, backings (tour)
Set:
1. Remedy Lane
2. Of Two Beginnings
3. Ending Theme
4. America
5. Handful of Nothing
6. Of Dust
7. Kingdom of Loss
8. Black Hills
9. Idioglossia
10. Her Voices
11. Second Love
12. Diffidentia
13. No Way
14. Ashes
15. Linoleum
16. Road Salt
17. Falling
18. The Perfect Element
Encore:
19. Tell Me You Don't Know
20. Disco Queen
21. Nightmist
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