Thriller é o sexto álbum de estúdio do cantor e compositor norte-americano Michael Jackson. Foi lançado em 30 de novembro de 1982 pela gravadora Epic Records, como sequência a Off the Wall, álbum de 1979 que foi um grande sucesso de crítica e público. Thriller explora gêneros semelhantes aos que foram abordados em Off the Wall, como o pop, soul, R&B, rock e o pós-disco.[1][2]
As sessões de gravação ocorreram entre abril e novembro de 1992, nos Estúdios Westlake,[3] em Los Angeles, Califórnia, com um orçamento de 750.000 dólares, e o auxílio do produtor Quincy Jones. Jackson compôs quatro das nove faixas de Thriller. Em pouco mais de um ano, o álbum se tornou - e continua a ser, até 2010 - o álbum mais vendido de todos os tempos, com vendas estimadas por diversas fontes entre 65 e 110 milhões de cópias ao redor do mundo,[4] e está empatado com o álbum Their Greatest Hits (1971-1975), da banda Eagles, como o álbum mais vendido nos Estados Unidos.[5] Sete das nove canções do álbum foram lançadas como singles, e todas chegaram às dez primeiras posições da Billboard Hot 100, parada de sucessos da revista americana Billboard. O álbum conquistou um recorde de sete Prêmios Grammy em sua edição de 1984. O livro Guinness dos Recordes o lista como o mais vendido da história, adquirido por mais de 140 milhões de pessoas até 2006.[6]
Thriller solidificou o status de Jackson como um dos principais pop stars do fim do século XX, e lhe permitiu derrubar barreiras raciais através de suas aparições na MTV e encontros com opresidente americano Ronald Reagan, na Casa Branca. O álbum foi o primeiro a usar com sucesso o videoclipe como ferramenta promocional - os videoclipes de "Thriller", "Billie Jean" e "Beat It" eram exibidos constantemente na MTV, e foram considerados "inovadores" para a época.[7]
Em 2001 uma edição especial do álbum foi lançada, que contém entrevistas adicionais (em áudio), uma gravação demo de "Billie Jean", e as canções "Someone in the Dark" e "Carousel".[8] Em2008 o álbum foi relançado como Thriller 25, com remixagens nas quais participaram artistas contemporâneos, uma canção inédita e um DVD.
Thriller ficou na vigésima posição da lista dos "500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos" feita pela revista Rolling Stone em 2003,[9] e foi classificada pela National Association of Recording Merchandisers na terceira posição de sua lista de 200 Álbuns Definitivos de Todos os Tempos. O videoclipe de "Thriller" foi preservado pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos no seuRegistro Nacional de Gravações, por ser considerado "culturalmente significativo". O álbum também foi incluído na lista dos 200 álbuns definitivos feita pelo Rock and Roll Hall of Fame.
Contexto
O álbum anterior de Jackson, Off the Wall (1979), foi um sucesso de crítica, tendo recebido diversas críticas favoráveis[11][12] Foi também um sucesso comercial, vendo eventualmente 20 milhões de cópias em todo o mundo.[13] Os anos entre Off the Wall e Thriller foram um período de transição para o cantor, um momento de crescente independência.[14] Foi no período que o cantor se tornou profundamente infeliz; segundo Jackson explicou, à época: "Mesmo em casa, estou sozinho. Sento no meu quarto, às vezes, e choro. É tão difícil fazer amigos ... Às vezes ando pela vizinhança à noite, esperando encontrar alguém para conversar. Mas eu sempre acabo voltando pra casa."[15] Quanto Jackson fez 21 anos, em agosto de 1979, despediu seu pai,Joseph, como seu empresário, substituindo-o por John Branca.[16]
Jackson confidenciou a Branca que queria ser "a maior estrela do show business" e "o mais rico". O cantor estava incomodado com o que via como um desempenho fraco de Off the Wall, afirmando: "Foi totalmente injusto ele não ter obtido o [Grammy] de melhor álbum do ano, e isso nunca pode acontecer novamente."[17] Também sentia que a indústria fonográfica lhe dava menos valor do que ele merecia; em 1980, quando Jackson pediu ao publicista da revista Rolling Stonese eles estariam interessados em fazer uma reportagem de capa sobre ele, recebeu uma resposta negativa, à qual respondeu: "Eu tenho ouvido repetidamente que negros nas capas de revistas não vendem muitas cópias... Basta esperar. Algum dia essas revistas vão estar me implorando por uma entrevista. Talvez eu lhes dê uma. E talvez não."[17]
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Gravação
Jackson se reuniu com o produtor de Off the Wall, Quincy Jones, para gravar seu sexto álbum de estúdio. Ambos trabalharam juntos em 30 canções, nove das quais acabaram eventualmente sendo incluídas no álbum.[18] Thriller foi gravado entre abril e novembro de 1982, com um orçamento de 750.000 dólares para a sua produção. Vários membros da banda Toto também estiveram envolvidos na sua gravação e produção.[18] Jackson compôs quatro canções para o álbum: "Wanna Be Startin' Somethin'", "The Girl Is Mine" (com Paul McCartney), "Beat It" e "Billie Jean". Ao contrário de muitos artistas, Jackson não compôs estas canções no papel, mas as cantou num gravador; durante as gravações, cantava-as apenas com o auxílio da memória.[19][20]
A relação entre Jackson e Jones se desgastou durante a gravação do álbum. Jackson passava boa parte de seu tempo ensaiando passos de dança sozinho.[20] Quando as nove canções do álbum foram concluídas, tanto Jones e Jackson ficaram descontentes com o resultado, e remixaram cada uma individualmente, gastando uma semana em cada.[20] Jones acreditava que "Billie Jean" não era suficientemente forte para ser incluída no álbum, mas Jackson não concordou e a manteve. Jones disse a Jackson que Thriller pouco provavelmente teria o mesmo sucesso de Off the Wall, pois o mercado tinha enfraquecido desde então. Como resposta, Jackson ameaçou cancelar o lançamento do álbum.[18]
Jackson estava inspirado para criar um álbum onde "cada canção fosse sensacional", e desenvolveu Thriller com este conceito em mente.[21] Jones e o compositor Rod Temperton deram detalhes extensos do que teria ocorrido, durante o relançamento do álbum em 2001, em especial "Billie Jean" e porque ela era tão pessoal para Jackson, que tinha que lidar com diversos fãs obsessivos. Jones queria encurtar a longa introdução da canção; Jackson, no entanto, insistiu que ela permanecesse, porque ela o fazia querer dançar.[22] A forte reação popular existente na época contra a recente moda da música disco obrigou uma tomada de rumo que diferenciasse este álbum de Off the Wall, que havia ficado associado com o estilo. Jones e Jackson estavam determinados a fazer uma canção de rock, que agradasse a todos os gostos, e passaram semanas procurando por um guitarrista apropriado para a canção "Beat It", de autoria de Jackson. Eventualmente, encontraram Eddie Van Halen, da banda de rock Van Halen.[22][20]
Quando Temperton compôs a canção "Thriller", tinha pensado em chamá-la originalmente de "Starlight" ou "Midnight Man", porém acabou concordando com "Thriller" por achar que o nome tinha um grande potencial de mercado.[20] Sempre querendo a participação de uma pessoa famosa para recitar as partes finais das letras de suas canções, Jones trouxe o célebre ator Vincent Price, conhecido de sua esposa, que gravou toda sua parte em apenas duas tomadas. Temperton escreveu o trecho falado da letra num táxi, no caminho para o estúdio de gravação. Jones e Temperton disseram que algumas gravações foram deixadas de fora da edição final por não estarem tão "afiadas" quanto as outras faixas do álbum.[22]
Entre as canções gravadas por Jackson para serem analisadas posteriormente estavam "Carousel" (composta por Michael Sembello), "Nite Line" (composta por Glen Ballard), "Trouble" (também conhecida como "She's Trouble", composta por Terry Britten, Bill Livsey e Sue Shifrin) e "Hot Street" (composta por Rod Temperton, e conhecida como "Slapstick"). Jackson também gravou uma versão de "Starlight". Demos de todas estas canções existem, e foram parar na internet. "Carousel" e "Hot Street" chegaram a ser finalizadas, porém não foram parar na versão final do álbum; "Carousel" foi lançada como faixa-bônus no relançamento do álbum de 2001.
"Human Nature" foi composta por Steve Porcaro, da banda Toto, e John Bettis. Inicialmente Porcaro havia gravado uma demo bruta da música numa fita cassete;[23] Seu companheiro de banda David Paich deu então a fita, que continha mais outras duas canções de sua autoria, ao produtor Quincy Jones, com a esperança de inclui-la no álbum, mas somente Human Nature foi incluída. "Human Nature" foi a última canção a ser selecionada para o álbum, tirando "Carousel" da lista final.
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Composição
De acordo com Steve Huey da Allmusic, Thriller refinou os pontos fortes do álbum anterior,Off the Wall, os gêneros dance e rock foram as faixas mais agressivas, enquanto os gêneros pop e melodias de baladas foram mais suaves e mais emotivos.[24] O álbum inclui as baladas "The Lady in My Life ", "Human Nature" e "The Girl Is Mine", funk "Billie Jean " e "Wanna Be Startin 'Somethin'", de disco "Baby Be Mine" e "PYT (Pretty Young Thing)""[25][26][24][27] e tem um som parecido com o material ouvido em Off the Wall.
Com Thriller, Jackson iria começar sua associação com o tema subliminar de paranóia e temas mais escuros, incluindo a sobrenatural faixa-título.[26] Isto é evidente nas canções "Billie Jean", "Wanna Be" Startin 'Somethin " e " Thriller ".[25]Em "Billie Jean", Jackson relata a história de um homem acusado falsamente de ser o pai de uma criança, em "Wanna Be Startin 'Somethin", o astro fala sobre a indústria das fofocas.[26][24]
"Beat It" tornou-se uma homenagem ao West Side Story, e foi o primeiro sucesso rock de Jackson.[24][28] Jackson disse depois sobre "Beat It": "a questão é que ninguém tem que ser um cara durão, você pode fugir de uma luta e ainda ser um homem. Você não precisa morrer para provar que você é um homem".[29] "Human Nature" é mal-humorado e introspectivo, como veiculada na letra: "Looking out, across the morning, the City's heart begins to beat, reaching out, I touch her shoulder, I'm dreaming of the street".[29]
No final dos anos 70, as habilidades Jackson como vocalista foram consideradas boas; Allmusic o descreveu como um "vocalista ofuscantemente talentoso".[11] Rolling Stone comparou sua voz ao "sonhador" de Stevie Wonder. Sua análise foi igualmente que "o timbre de Jackson é extraordinariamente belo. Ela desliza suavemente em um surpreendente falsete que é utilizado com muita ousadia ".[12] Com o lançamento de Thriller, Jackson preferiu a cantar mais alto porque tenores pop tem mais alcance para criar um estilo.[30] Michael havia adotado um "soluço vocal", que ele continuou a implementar em Thriller. O propósito do soluço é ajudar a promover uma certa emoção ou tristeza ou medo.
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Lançamento e recepção
Thriller foi lançado em 30 de dezembro de 1982, e vendeu um milhão de cópias no mundo inteiro por semana em seu auge.[30] Sete singles foram lançados do álbum, incluindo "The Girl Is Mine", que foi visto como uma má escolha e levou alguns a crer que o álbum seria uma decepção, e as especulações de que Jackson estava se virando para o público branco.[29] "The Girl Is Mine" foi seguido pelo hit "Billie Jean", que fez Thriller disparar nas listas dos álbuns mais vendidos.[31][32] O sucesso continuou com o single "Beat It". A faixa-título "Thriller" foi lançado como single e também se tornou um sucesso internacional.
No Brasil, Thriller é o álbum internacional mais vendido de todos os tempos. Até 2001, tinha interessado a 1.2 milhões de brasileiros. "Billie Jean" foi a segunda canção mais executada nas rádios do país em 1983, atrás somente de "Menina Veneno", do cantor Ritchie. Junto com "Billie Jean", "Beat It", "The Girl Is Mine" e "Thriller" foram os maiores sucessos do álbum no Brasil. Em 1984, quando o disco entrou para o livro Guinness dos Recordes, a Epic publicou na imprensa nacional uma peça de marketing com o anúncio: "Tenha esse LP ou jogue seu toca-discos fora!".
Antes da morte de Michael Jackson, estava prevista a adaptação de Thriller a um musical da Broadway, o que só aconteceria com a permissão do cantor.[34]
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Faixas# | Título | Compositor(es) | Duração |
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1. | "Wanna Be Startin' Somethin'" | Michael Jackson | 6:03 |
2. | "Baby Be Mine" | Rod Temperton | 4:20 |
3. | "The Girl is Mine" (com Paul McCartney) | Michael Jackson | 3:42 |
4. | "Thriller" | Rod Temperton | 5:58 |
5. | "Beat It" | Michael Jackson | 4:18 |
6. | "Billie Jean" | Michael Jackson | 4:54 |
7. | "Human Nature" | John Bettis, Steve Porcaro | 4:06 |
8. | "P.Y.T. (Pretty Young Thing)" | James Ingram, Quincy Jones | 3:59 |
9. | "The Lady In My Life" | Rod Temperton | 4:59 |
[Expandir]Special Edition Bonus |
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Edição especial
A Epic lançou, em outubro de 2001, uma edição especial de Thriller celebrando os 30 anos de carreira solo de Michael Jackson. As canções "Someone In The Dark" – gravada em 1982 para a trilha-sonora de E.T. O Extraterrestre - e "Carousel" - inédita, até então - foram incluídas como faixas bônus.
Entre outras raridades, a gravação demo de "Billie Jean" e os bastidores da locução de Vincent Price para a faixa-título, incluindo um trecho do rap não incluído na mixagem final da canção.
O álbum ainda recebeu capa dura de luxo, com uma foto de Michael diferente da original. O encarte de Thriller também foi modificado, incluindo fotografias do acervo pessoal do astro.
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Thriller 25th
Em 12 de Fevereiro de 2008, a Epic lançou uma edição especial dos 25 anos do álbum Thriller. A tracklisting segue a mesma do original e traz uma nova capa holográfica, além de Remixes com participações de Fergie, Akon, Will.I.Am eKanye West.
Adicionalmente, a gravadora aposta em Edições Limitadas que, além do conteúdo do novo CD, também traz um DVD reunindo os vídeos musicais da época (restaurados digitalmente) e a histórica performance de Michael Jackson no especial de TV Motown 25: Yesterday, Today, Forever;
Michael Jackson, em virtude dessa edição especial de aniversário de Thriller, envia, através do novo encarte, uma mensagem especial para seus fãs. Além disso, um livreto com 48 páginas coloridas abrigam letras das canções e fotos raras, assinadas por Dick Zimmerman, Matthew Rolston & Harrison Funk.
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Músicas arquivadas- Al Capone (Michael Jackson/Rod Temperton) -Versão demo de Smooth Criminal.
- Buffalo Bill (Michael Jackson)
- Circus Girl (Mick Sembello/Don Freeman)
- Got The Hots [posteriormente incluida na edição Japonesa] de Thriller 25th Anniversary Edition (Michael Jackson/Quincy Jones)
- Hot Street (Autor Desconhecido)
- Nite Line (Autor Desconhecido)
- Starlight, versão primitiva de Thriller (Rod Temperton)
- Tomboy (Quincy Jones/Michael Jackson)
- Trouble (Autor Desconhecido)
- Who Do You Know? (Autor Desconhecido)
- For All Time (Michael Sherwood/Steve Porcaro)
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Prêmios- Álbum Pop (Thriller)
- Cantor Pop
- Álbum R&B (Thriller)
- Cantor R&B
- Álbum Pop Solo
- Álbum Pop Solo Masculino
- Compactos Pop Solo
- Compactos Pop Solo Masculino
- Álbum R&B Solo
- Compactos R&B Solo
- Cantor Dance/Disco
- Compacto 7" Dance/Disco ("Billie Jean")
- Compacto 12" Dance/Disco ("Beat It")
- Prêmio Especial por Mérito (Thriller)
- Álbum Pop/Rock (Thriller)
- Álbum Soul/R&B (Thriller)
- Cantor Soul/R&B
- Cantor Pop/Rock
- Compacto Pop/Rock ("Billie Jean")
- Vídeo Pop/Rock ("Beat It")
- Vídeo Soul/R&B ("Beat It")
- Álbum do Ano (Thriller)
- Gravação do Ano ("Beat It")
- Cantor Pop Solo Masculino (Thriller)
- Produtor do Ano (Thriller)
- Melhor Vocal Rock Masculino ("Beat It")
- Melhor Vocal R&B Masculino ("Billie Jean")
- Compacto R&B ("Billie Jean")
- Gravação Infantil (E.T., o Extraterrestre)
- Vídeo do Ano ("Thriller")
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Desempenho de mercado[editar]
Álbum
Em 1982 eram poucos os países que produziam listas oficiais de álbuns mais vendidos e Thriller esteve na primeira posição de quase todos eles - um total de dez, recorde para a época. Foram quase cinco anos entre dez preferidos dos consumidores e um total de 232 semanas na primeira posição, e mais de 800 nas paradas.
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