17 de maio de 2011

Pink Floyd: análise pessoal de "Wish You Were Here"


O motivo de ter feito esta análise, em verdade, fora um trabalho escolar, no qual eu teria que analisar a letra de uma música que tratasse de temas como a alienação e etc. De início eu selecionei várias músicas, mas logo me surgiu essa, e não houve dúvidas de que à escolheria. Isto porque, apesar de todo o sucesso desta música, eu penso que poucas pessoas entendem seu verdadeiro significado, a mensagem que o Pink tentou passar, e parte de sua fama se deve à pessoas fúteis que acreditam que essa é uma música romântica, que fala do quanto “ele deseja que ela” estivesse aqui. Porém isto não é verdade.
Deixo claro que esta é minha visão sobre esta belíssima canção e sua letra, e pode muito bem ser que você, caro leitor, tenha outra opinião, e, muito além disto, a intenção do Pink Floyd tenha sido completamente diferente. Mas uma certeza que eu tenho é de que ela não se referia ao exemplo que eu citei acima.
Para compreender o significado dessa música, primeiramente é necessário analisar o contexto em que oPink Floyd se encontrava na época: em 1973 eles lançaram o álbum “The Dark Side Of The Moon”, que lançou a banda de forma meteórica ao topo da paradas, e logo eles se tornaram uma das maiores bandas do mundo, ao mesmo tempo que uma das mais ricas. Desta forma, uma sequencia imensa de shows veio a seguir, o que acabou desgastando muito os integrantes. Aliando isso a toda a fortuna e poder que eles haviam ganhado, logo os integrantes se tornaram arrogantes e mesquinhos, “perdendo todo o seu lado humano”, como David Gilmour veio a declarar anos depois.
Desta forma, ocorreu uma necessidade da banda de voltar às suas raízes, de buscar esse lado humano que lhes faltara. E assim surgiu o álbum “Wish You Were Here”, que trazia na música título um apelo por este lado humano, “querendo que ele estivesse aqui”.
Desta forma já é previsível o que viria a seguir, e não foi difícil aliar a letra a todo o novo modo de vida à que a sociedade se acomodara e que eles haviam acabado de experimentar.
Os primeiros versos, “Então você acha que consegue distinguir/Paraíso do Inferno/Céus azuis da dor?”, já representam o quanto a sociedade havia se tornado cega, e já não conseguia mais diferenciar algo bom de algo que lhes fazia mal, que lhes dominava. “Você consegue distinguir um campo verde/De um frio trilho de aço?”, algo belo da natureza de um fruto da sociedade capitalista, “Um sorriso de um véu?”, ou seja, a verdadeira expressão humana por algo que serve justamente para ocultá-la.
Assim a letra segue questionando se “eles” fizeram você trocar as coisas da natureza, da vida, por coisas capitalistas e comerciais, “O conformismo frio pela mudança”, o papel de participante nesta guerra por uma revolução em busca de sua humanidade pelo suposto papel principal numa cela dentro da sociedade, dentro da sua própria mente.
Deste modo ele deseja que seu lado humano estivesse ali, mas ele sabe que tanto este lado que ele procura quanto o que ele havia se tornado são apenas dois ninguéns dentro dessa sociedade que nos aprisiona, assim como um aquário aprisiona um peixe, e tempo após tempo, fazendo as mesmas coisas, aceitando tudo do mesmo jeito, “O que encontramos?/Os mesmos velhos medos”.

E a música não poderia terminar de outra forma, senão querendo que o lado humano das pessoas estivesse aqui, de volta.
Matéria original: Music is the Doctor

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