Na contramão da mesmice que inunda o hard rock atualmente, os ingleses do FIGHTSTAR não limitaram a sua sonoridade em “Be Human”, o mais recente álbum assinado pelo quarteto. As influências da banda, que variam do rock alternativo ao hardcore, se aproveitam – pela primeira vez – de elementos da música clássica. Por mais peculiar que possa ser o repertório, o disco comete o maior dos pecados musicais. Não há nenhuma composição de impacto que consegue se sobressair para virar um verdadeiro destaque na obra.
Em atividade desde 2003, Charlie Simpson (vocal e guitarra, ex-BUSTED), Alex Westaway (guitarra), Dan Haigh (baixo) e Omar Abidi (bateria) chegaram ao auge da carreira do FIGHTSTAR. A banda, que é uma das mais persistentes do circuito underground londrino, conquistou certa notoriedade com “Be Human”, sobretudo pela nova perspectiva dada ao hard rock de outrora. O primeiro álbum do quarteto, intitulado “They Liked You Better When You Were Dead” (2005), mostrava uma sonoridade mais raivosa e próxima aohardcore e ao rock alternativo de nomes como DEFTONES e MACHINE HEAD. Em “Be Human”, as características caem em influências mais próximas a nomes como (os seus conterrâneos) do BUSH. Não dúvidas – portanto – que o apelo do novo álbum é nitidamente mais comercial. Entretanto, muitos dos arranjos (e até mesmo a produção da obra) se mostram incompatíveis com aquilo que o FIGHTSTAR buscou atingir.
As ambições comerciais do FIGHTSTAR se mostram com ainda mais nitidez em “Whsiperer” e em “Mercury Summer”, que pode até pode ser apontada como um outro destaque do disco. Os momentos mais íntimos do pop podem assustar os headbangers mais céticos, mas o instrumental soa de modo extremamente adequado à proposta da faixa - característica que não vai se repetir (como deveria) em “Be Human”. Para não deixar os únicos dois destaques do disco órfãos, o repertório ainda conta com as inusitadas (mais ou menos um misto de balada e hardcore extremo) “Chemical Blood” e “Damocles”. De um lado, as duas podem comprovar como o FIGHTSTAR é uma banda criativa e desprendida a rótulos. De outro, as faixas pode evidenciar a ausência de um rumo consistente (e planejado) que norteie a sonoridade do quarteto inglês.
Não há dúvidas de que Charlie Simpson & Cia. apostaram alto em “Be Human”. A orquestra e as vozes do Rugby School Chamber Choir mostram claramente o quanto que o FIGHTSTAR quis ir além aqui no seu mais recente álbum. Entretanto, a proposta esbarra em uma série de falhas extremamente comprometedoras para a carreira do grupo. A escolha dos riffs não é a mais recomendada para o gênero que o quarteto quer investir as suas fichas. O resultado é um álbum disperso – sem um motivo claro que justifique a sua existência – sem uma sequência de músicas que podem animar os fãs.
Track-list:
01. Calling on All Stations
02. The English Way
03. War Machine
04. Never Change
05. Colours Bleed to Red
06. Whisperer
07. Mercury Summer
08. Give Me the Sky
09. Chemical Blood
10. Tonight We Burn
11. Damocles
12. Follow Me Into the Darkness
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