Por Rafael Carnovale
E o Ultraje a Rigor finalmente gravou seu acústico! Porque finalmente? A resposta é simples: este formato já mostrou sua popularidade entre os fãs brasileiros (IRA, Titãs, Rita Lee e Kid Abelha que o digam) e mais cedo ou mais tarde toda banda acaba sucumbindo às vantagens que um CD e DVD neste formato acarretam: exposição, sucesso quase que imediato, e com certeza uma longa turnê. Cá entre nós, soa oportunista essa empreitada, já que o Ultraje vinha de um bom CD, mas sem muita repercussão (“Os Invisíveis”), e a banda iniciava uma caminhada rumo ao “underground”. Mas uma coisa tem que ser dita: apenas um CD acústico não salva bandas... o negócio tem que ser bem feito e convincente.
Para tal Roger Moreira se cercou de um time infalível: Mingau no baixo, Bacalhau (ex-Rumbora) na bateria e Sérgio Serra nas guitarras. Para incrementar as músicas, Roger convidou Manito (Os Incríveis) para o sax, e os vocais de apoio de Oswaldo Fagnani e Paulinho Campos. Roger sempre declarou em entrevistas que a música do Ultraje primava pela simplicidade, e isso pode ser conferido no formato acústico, sem a distorção das guitarras e os efeitos da eletrônica. Como todo show acústico, o palco é simples e inusitado, usando luzes e efeitos com cores.
Mingau assume os vocais no b-side “Jesse Go”, enquanto que Bacalhau canta “Ponto de Ônibus”. As músicas realmente empolgam, e Roger continua o mesmo vocalista de sempre, limitado, mas correto e esbanjando carisma, embora em certos momentos mostre ainda estar se adaptando ao formato acústico.
Como extras a banda apresenta três excelentes “covers” (que deveriam estar no repertório original): “Johnny B. Goode”, “Great Balls Of Fire” e “Slow Down”. Além disto, temos um interessante “making of”, um ensaio com “Nós Vamos Invadir Sua Praia” e uma matéria sobre o famoso periscópio que de certa forma é o mascote e símbolo da banda. Um pacote completo e muito bem elaborado, que vale cada centavo gasto.
Continuo com minhas ressalvas aos projetos acústicos, pois muitas bandas usam do mesmo, não só no Brasil como no exterior, para resgatar o sucesso perdido, ou para não cair na mesmice durante uma crise criativa, mas não deixo de louvar o excelente trabalho criado pela banda e o resultado final que é mais que convincente. Mas agora você já sabe: vem uma longa turnê, shows no formato acústico... e tomara que o Ultraje a Rigor não se perca no meio desta febre, como aconteceu com os Titãs, que só conseguiram se recuperar anos depois. Em todo caso, sente e aproveite, pois é a história do rock brasileiro que está sendo contada. E Roger Moreira é um dos caras mais qualificados para tal.
Material Cedido Por:
Deckdisc
Rio de Janeiro (RJ)
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