24 de novembro de 2010

Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 3

Para aqueles que já leram as duas matérias anteriores sobre HARD ROCK - AQUELES QUE FICARAM PARA TRÁS publicadas aqui no Whiplash, sabem que não encontrarão nada sobre as grandes estrelas deste estilo nos anos 80/90, pois estes textos tem como objetivo ser uma lembrança aos conjuntos menores que colocaram bons álbuns no mercado nesta época, mas que por uma razão ou outra, acabaram não estourando.


Frustadas as expectativas de fazer parte do mainstrean, muitas vezes estas bandas acabaram se desfazendo ou, mesmo que alguns ainda continuem na ativa tocando aquele bom e velho hard rock por aí, acabaram por serem esquecidas. Então vamos a mais alguns bons exemplos de como o mundo da música é muitas vezes bastante injusto ou os membros de certos grupos não tem garra suficiente para passar por cima dos problemas que a vida nos traz:

Y & T
Open Fire Live
(1985 - A&M Records)

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E, falando em injustiça, o “Y & T” é uma das que mais merecem o termo “conjunto injustiçado”. Formado na segunda metade dos anos 70 pelos norte-americanos de Los Angeles Dave Meniketti (voz e guitarra), pelo gordo Leonard Haxe (bateria), Phil Kennemore (baixo) e Joey Alves (guitarra), esse pessoal tinha uma postura singular e letras politizadas, geralmente detonando o modo de vida de seu país. E provavelmente por isso nunca conseguiram grande apoio de suas gravadoras, mesmo batalhando muito e sempre vendo outras bandas novatas atingirem o tão desejado estrelato.
Lançam seus dois primeiros discos com o nome original, “Yesterday & Today”, mas não conseguem sucesso comercial. Orientados para simplificarem para “Y & T”, seguem persistentes, sempre lançando bons álbuns e acabam por virar mania na Inglaterra. Após participarem do Festival de Castle Donnington numa apresentação memorável no começo dos anos 80, começam a ser um pouco mais notados pelos EUA, obtendo melhores condições de divulgação de seus álbuns e conseqüente melhora de vendas.
Este seu oitavo disco é de 85 e chama-se “Open Fire Live”, é um registro excelente que mostra toda a energia desta banda ao vivo. Qual apreciador do rock pesado deste período não se lembra da faixa “Go For The Throat”, com sua bateria arrasa-quarteirão? Mas novamente a gravadora tem uma postura desleixada em relação ao grupo, não tendo os devidos cuidados com sua distribuição e divulgação, resultando em vendas bem aquém do esperado...
Decepcionados, partem para outra gravadora, onde seguem leais em relação ao seu hard rock e lançam mais alguns excelentes discos entre muitas trocas de membros. As gravadoras por onde passaram lançam inúmeras coletâneas até os dias de hoje, pois o “Y & T”, mesmo sendo o típico conjunto azarão, conseguiu o respeito daqueles que conhecem sua música e sua história, além de terem influenciado muitas outras bandas por aí.

THE OUTPATIENCE
Anxious Disease
(1996 - Teichiku Records)

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“The Outpatience” foi o projeto de West Arkeen, proeminente compositor rocker dos anos 80/90, bastante conhecido por elaborar alguns clássicos do Gun n´ Roses, Phanton Blue, Asphalt Ballet, escrevendo também para a carreira solo de Duff Mc Kagan e Stradlin, entre muitos outros, sendo sempre muito bem sucedido nestas parcerias.
Vendo suas canções atingirem o Top Ten para outros artistas, West resolve montar sua própria banda em 1995, contando com as vozes do canadense Mike Shoton, West e Joey Hunting nas guitarras, Jamie Hunting no baixo, teclados por conta de Greg Buchwalter e Abe Laboriel nas baquetas. O selo japones Teichiku Records investe na banda e em 1996 “Anxious Disease” chega ao mercado, tendo em suas músicas participações notáveis como Steve Stevens, Izzy Stradlin, Axl Rose, SLASH e Duff McKagan.
Por infelicidade, nos momentos próximos do lançamento do seu debut, West vem a falecer em sua residência e, segundo fontes próximas, a causa de sua morte foi o tradicional abuso de DROGAS. E, por mais infelicidade ainda, “Anxious Disease” é mais reconhecido pelas participações especiais dos membros do Guns do que pela sua excelente música, que é um hard rock meio retrô com aspiração mainstrean, com canções bastante variadas, nunca pesadas em excesso e como sempre, com seus muito bons arranjos melodiosos e de fácil assimilação. Faixas como “Wound Up In A Vega”, “Cold Duck”, a faixa-título, entre muitas outras garantem grandes momentos em sua audição.

LITA FORD
Dancing On The Edge
(1984 - Mercury)

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Essa loirinha foi fundadora do “Runaways”, típica banda de meninas bonitas que fez bastante sucesso no final dos anos 70 e começo dos anos 80 e, por ser formada por meninas cabeças-oca (nas palavras da própria Lita), não durou muito. Findo o Runaways, essa excelente guitarrista e vocalista segue em carreira solo, com uma música bem mais pesada que sua banda anterior.
Depois de lançar seu primeiro álbum solo que recebeu boas críticas, Lita, de forma bastante cuidadosa, parte para aulas de canto a fim de melhorar seu desempenho vocal e, contando com Randy Castillo na bateria e Hugh McDonald no contrabaixo, em 84 Lita lança seu segundo álbum, “Dancing OnThe Edge”. E com tanta dedicação neste disco ela obviamente colhe bons frutos, pois neste mesmo ano ela consegue a posição de melhor vocalista no gênero, além de concorrer também na categoria de melhor guitarrista.

Esse disco, como muitos desta época, vem cheio de influências de KISS, com destaque para a excelente e pesadíssima canção “Dressed to Kill”, além dos inspiradíssimos solos em “Dancing On The Edge”, “Lady Killer” e “Fire In My Heart”.

Com o passar dos anos Lita Ford obviamente foi modernizando a sonoridade de seus álbuns, porém também dando aquela amaciada em sua música, flertando descaradamente com o pop em vários momentos. Eram bons discos, mas não se podia deixar de ter a sensação de que ela estava conseguindo se manter em evidência mais pelos casos amorosos com grandes feras da música pesada, como Tony Iommi, Nikki Sixx, Chris Holmes, etc, do que com sua música... E o resultado foi cair no esquecimento no começo da década de 90.

TNT
Intuition
(1989 – Polygram)

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Essa banda é da Noruega e começou em 1982, formada pelo vocalista Dag Ingebrigtsen (da banda pop The Kids) e pelo baterista Morten “Diesel” Scan-Dahl. Logo completam a formação com a entrada do jovem guitarrista Ronni le Tekro e com baixista Steinar Eikum. Depois de alguns ensaios e composições, lançam um compacto que estourou em seu país e que abriu as portas para o lançamento de seu primeiro disco, que infelizmente só é colocado novamente no mercado norueguês.
Apesar de tudo estar correndo bem, Dag tem que deixar o TNT por motivos familiares e, após alguns testes com outros vocalistas, entra em seu lugar o norte-americano da Califórnia Tony Hansen. Aproveitando a fase das mudanças, dispensam o baixista Eikum, colocando em seu lugar Morty Black e se mandam para os EUA, se estabelecendo em Nova York. Apresentando-se com frequência, começam a criar nome e o contrato tão desejado com uma grande gravadora não demora a chegar. “Knights Of The New Thunder” é lançado a nível mundial, trazendo boas canções, porém no geral é um álbum bem repetitivo, mas seguem se apresentando com cenários bem-elaborados, cheio de incrementos viking e, em 87 lançam “No Tales”, bem superior em termos de composições e soando um hard rock mais sofisticado.
Mas seu grande álbum vêm em 1989, chamado “Intuition”, caracterizado pela melhor arte gráfica de sua discografia, apresentando canções que mesmo com maior apelo comercial, possuíam ótimas harmonias, polidez e um dinamismo que mostravam a excelente fase criativa desses grandes músicos que são o TNT. Destacam-se “Caught Between the Tigers”, “Tonight I'm Falling”, “Intuition”, “Learn to Love”. O ponto baixo é a única canção cantada pelo seu talentoso guitarrista Ronni le Tekro: “Ordinary Lover” que, cá entre nós, Ronni deveria ter somente tocado guitarra mesmo...
Os anos vão passando sem nunca conseguirem estourar de vez, o TNT vai se desfazendo, trocando seus membros que vão montando outros projetos, mas sendo sempre respeitado pelos fãs europeus. E mesmo que sem nenhuma regularidade, o TNT continua lançando alguns discos acima da média até os dias de hoje.

MY LITTLE FUNHOUSE
Standunder
(1992 – Geffen Records)

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Hard Rock irlandês? Pois é, e dos bons! Formado no ano de 1991 em Dublin pelo vocalista Alan Lawlor, pelos irmãos guitarristas Brendan e Anthony Morrissey e pelo baixista Gary Deevy, resolvem batizar a banda com o estranho nome “My Little Funhouse”. Depois de vários testes com bateristas, o cargo fica com Derek Maher.
Esse pessoal tocava em qualquer oportunidade que surgia e logo ganham fama em todo o Reino Unido ao abrirem para o Guns n´ Roses para um público de 45.000 pessoas e, entre eles, estavam alguns olheiros que se impressionam com a postura da banda em palco e com a reação da platéia. Resumindo: conseguem assinar com a major Geffen, e logo no ano seguinte, 1992, My Little Funhouse lança seu primeiro e único registro chamado “Standunder”.
A sonoridade deste álbum é o típico hard rock bem nervosão, embalado pelos contagiantes riffs das guitarras dos irmãos Morrissey e pela ótima atuação da seção rítmica. Mas o que chama mesmo a atenção é a voz de criança resmungona de Alan, que se saiu muito bem, impregnando as canções com muita rebeldia típica do rock n´roll. Este é um disco muito maduro para uma banda tão jovem e todas as canções merecem destaque.
Mas, como acontece com muita freqüência por aí, My Little Funhouse tinha um bom álbum no mercado num momento que estava começando a se tornar difícil para as bandas deste estilo em função da aparição do grunge. Porém, mesmo com a banda tendo desaparecido da face da terra, quem aprecia este estilo e teve a oportunidade de conhecer “Standunder” tem grande chance de se tornar um fã imediato, pois estes músicos realmente sabiam o que faziam e suas canções falam por si.

ROUGHT CUTT
Rought Cutt
(1984 - Warner Brothers Records)

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O Rough Cutt nasceu em um lava-carros de Los Angeles na década de 80, quando dois ex-membros do Ratt, o vocalista Paul Shortino e o baterista David Alford (pô, isso faz tempo!!!) se encontraram e definiram a primeira formação do grupo: Shortino, Alford, e mais Jake E. Lee na guitarra e Claude Schnell nos teclados. Pouco depois, Lee deixa a banda e fez nome como guitarrista do Ozzy Osbourne, e Schnell vai para os teclados de Dio.
O Rough Cutt fica então estabilizado com Shortino, Alford, Matt Thorr no baixo, e Chris Hager e Amir Derkh nas guitarras, onde seguem dando uma geral no circuito de clubes noturnos e abrindo shows para músicos de renome como Dio,OZZY OSBOURNE, Michael Schenker e Night Ranger. Também fizeram uma excursão de um mês pela Alemanha, Escandinávia e Inglaterra, tendo aparecido no programa de TV "Rock Palace", da NBC. Paul Shortino teve uma breve participação no seriado Fama, tudo isso sem nenhum álbum!
A estréia em disco do grupo se fez em duas coletâneas, ambas com canções produzidas por Ronnie James DIO. Um detalhe a ressaltar aqui é que a participação do Rought Cutt na segunda coletânea deve-se ao fato de terem sido escolhidos como uma das dez melhores bandas em meio a um total de 40.000 estreantes, em um concurso realizado pela rádio KLOS de Los Angeles.
Depois disso o grupo assinou com a Warner e lançou seu álbum de estréia, "Rough Cutt", produzido por Tom Allom, que já havia trabalhado com grupos como JUDAS PRIEST, Def Leppard e Krokus. Logo no primeiro momento da audição deste álbum, percebe-se claramente que seu forte é o hard baseado no poderoso vocal afinadíssimo e emotivo de Shortino, com ótimas distorções no som das guitarras. Uma aula de força, músicas bem trabalhadas e emoção, coisa um tanto em baixa nas bandas californianas daquela época.
Com o lançamento deste disco e com grande experiência acumulada pelo grupo naqueles anos, parecia que nada poderia impedir que o sucesso chegasse à banda. Mas não é o que acontece, pois a banda lança somente mais um álbum, “Wants You” (86), e, mesmo com o potencial que este pessoal tinha, a banda se acaba.
Sua grande estrela, Paul Shortino, participou de vários projetos, como por exemplo, dividindo as vozes com Ronnie J. DIO, Rob Halford, Geoff Tate, Don Dokken, Eric Bloom, Kevin DuBrow e Dave Meniketti na canção “Stars”, do mega-projeto Hear´n Aid (86), versão metálica que, juntamente com os populares “USA For Africa” e o europeu “Band Aid´s”, visavam arrecadar fundos para combater a fome no continente africano.
Shortino também cantou no álbum homônimo do Quiet Riot em 1988, continuou lançando alguns trabalhos solo, participações em tributos e por aí vai... A notícia que se tem é que o Rought Cutt vem com nova formação, estando para lançar seu terceiro álbum de estúdio depois de quase vinte anos.

QUIREBOYS
Little Bit of What You Fancy
(1990 - Capitol)


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Conhecido como “Londres Quireboys” na América do Norte e simplesmente “Quireboys” no resto do mundo, a banda usava originalmente o nome Choirboys, depois Queerboys. Formado em Londres, Inglaterra, nos meados dos anos 80 e após algumas das famosas trocas de membros, a banda se estabiliza com o nome definitivo e com o vocalista Spike, os guitarristas Guy Bailey e Guy Griffin, Nigel Mogg no contrabaixo, Rudy Richman nas baquetas e Chris Johnstone no piano, que não aparece nas fotos do primeiro disco.
A proposta musical destes excelentes músicos era tocar um rock n´roll com imensas influências setentistas, bem retrô mesmo. E assim gravam seu primeiro disco chamado “Little Bit of What You Fancy”, onde nada era pesado, mas tudo tinha um cheiro de Stones regado à muito piano, a voz marcante de Spike (idêntica à de Rod Stewart), os coros pegajosos e as linhas de guitarras com grandes solos fizeram deste álbum um dos discos de rock n´roll mais festeiros desta época e, talvez por soar propositadamente datado, se diferencia bastante do que era feito naqueles dias. Se saem muitíssimo bem nas paradas britânicas e rodam o planeta em mais de um ano de apresentações.
O Quireboys tinha todo o potencial para estourar no mundo inteiro, mas tiveram seu momento “roubado” por outra banda que também se propunha a tocar sons setentistas, mas de maneira mais psicodélica: The Black Crowes, e estes sim conseguem fama mundial...
Mas o conjunto segue em frente e, com a entrada do novo baterista Rudy Richman, gravam em 1993 seu segundo trabalho “Bitter, Sweet & Twisted”, que é considerado por muitos como sendo sua obra-prima. E é realmente espetacular, é totalmente ROLLING STONES e tem uma aura um pouco mais melancólica, além da gravação ser bem mais polida, mas não possui o clima de festa deste debut.
E novamente a onda grunge faz o mesmo estrago tão conhecido de todos, fazendo The Quireboys lançar alguns B-sides e encerrar suas atividades, somente voltando em “This is Rock 'n' Roll” em 2001, mantendo sua música intacta. E em 2004 as feras vêm com “'Well Oiled”, com um pouco mais de distorção nas guitarras e recebendo excelentes críticas das revistas especializadas de todo o mundo. Que continuem sua carreira por muitos anos ainda!

esta matéria.

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