15 de dezembro de 2009

Punk Hardcore - O som underground da Califórnia




O cenário da musica punk atual é hardcore. O som que é feito pelas bandas mantém o velho espírito dos anos 70 vivo. O trabalho continua sendo duro, todos os punk rockers sabem que a receita para uma banda ser aceita pelos fãs está na autenticidade do seu som, na sua atitude, e é claro na energia dos shows.


O estado da Califórnia nos Estados Unidos é notoriamente conhecido como o berço de muitas bandas punks, e o local tem um estilo próprio de fazer hardcore, que apesar da sua agressividade natural, muitas vezes faz das melodias trabalhadas a sua marca registrada. A escola Californiana é tão forte que em toda a parte do mundo é possível encontrar bandas que definem o seu som como hardcore Californiano. Também é importante dizer que lá o Punk Rock está fortemente ligado ao Skate. O número de praticantes do esporte que se identifica com a sonoridade do estilo é tão grande que o som também é chamado por muitos de Skate Rock.

O Mundo dos Negócios Punks

Quem movimenta o mercado fonográfico punk não são as grandes gravadoras, nem empresários renomados. Esse trabalho sujo é feito pelos próprios artistas, que organizam seus "Recording Labels" e fazem existir um verdadeiro circuito alternativo.

A gravadora Epitaph Records é propriedade de Bratt Gurevitz, ex-integrante da banda Bad Religion. Ao se desligar de seu grupo ele resolveu investir nos negócios, produzindo outras bandas, e hoje já são mais de oitenta. Seu endereço é no coração de Los Angeles, na histórica avenida Sunset Bulevard.

A Fat Wreck Chords, que foi fundada por Fat Mike, o impagável e legendário líder da banda Nofx, fica em San Francisco. Tratando dos negócios juntamente com sua mulher, Fat tem o seu próprio time de artistas, com os quais mantém um estreito relacionamento.

Vale lembrar que San Francisco é a cidade do polêmico Jello Biafra, o vocalista da controvertida banda Dead Kennedys, um dos pioneiros do hardcore nos anos 80. È la que fica a famosa região de East Bay Punk Area. Jello foi um dos pioneiros em trabalhar para a cena promovendo shows, e ele mesmo tem a sua própria gravadora chamada Alternative Tentacles.

Outro exemplo do trabalho solidário dos punks atuais é o selo Hell Cat, criado por dois integrantes da banda Rancid, Tim e Lars. O selo está hospedado junto a Epitaph. Inspirados por suas próprias origens, abrem espaço para algumas bandas que tocam Ska, estilo que está relacionado à musica punk.

A Kungfu Records é a casa da banda The Vandals. Ela tem filiais na Europa e no Japão, e também trabalha com diversos filmes e vídeos de artistas punks.

È muito comum encontrar à venda nas lojas especializadas da CA, coletâneas realizadas por essas gravadoras custando apenas cinco ou seis dólares. Esse é o preço equivalente ao de uma carteira de cigarros, e prova que o principal interesse dos punks não é se encher de dinheiro, mas se divertir com o som que fazem.

Punks Famosos???

Nos anos 90 três bandas de punk rock atingiram uma posição de destaque no cenário da música pop. Seus discos atingiram grandes números de cópias vendidas, e elas passaram a fazer parte do gosto musical de pessoas que não ouvem punk rock ou desconhecem o estilo. Fecharam contratos com grandes gravadoras, seus vídeos fizeram sucesso na MTV, atingiram as capas das revistas famosas. Essas bandas são: Green Day, Offspring e Blink 182.

O fato é que as três são provenientes da cena punk alternativa, e antes de serem contratados por grandes gravadoras de musica pop elas faziam parte do time de bandas das pequenas empresas fonográficas da Califórnia. Assim, o Offspring lançou o seu cd "Smash", que lhe abriu as portas do showbusiness pela Epitaph. Já o Green Day era da Lookout Records. E o Blink 182 em seu começo de carreira tocava na Kung Fu.

A reação natural dos fãs que prezam pela condição alternativa do estilo foi renegar a trajetória de sucesso dessas bandas. As acusações mais comuns são as de que trabalhando com grandes industrias fonográficas se troca o espírito punk por dinheiro, sendo os artistas tachados de mercenários. Se especula que os grandes empresários interferem negativamente no som das bandas, mas a verdade é que por bem ou por mal elas ajudaram a difundir o punk rock ao grande público e abriram as portas das rádios FM para o estilo.

Mesmo assim é bom lembrar que existem exemplos do oposto. A banda Pennywise já recusou vários convites de grandes gravadoras. Prefere manter-se fora do showbusiness. Também costuma cancelar shows em tours ou festivais quando julga que o preço cobrado pelo ingresso é caro demais para os seus fãs.

Um aspecto importante a ser considerado ao se debater a fama do som punk é a existência do movimento Grunge no início da década passada. Foi a moda que tomou conta do mundo e o epicentro de tudo isso foi o estado de Seattle. Na mesma época, no estado da Califórnia, a realidade da cena punk continuava sendo a mesma, dentro de sua normalidade. E mais do que isso, enquanto todos os olhares estavam voltados para a cena Grunge, muitas bandas de hardcore novas surgiram com força e conquistaram um público fiel com a seqüência de seu trabalho nos anos seguintes.

O Show

O maior festival de musica punk do mundo se chama Vans Warped Tour. Ela atravessa toda a América do Norte, chega em alguns lugares da Europa, e em alguns outros países também, mas nunca veio ao Brasil. Vans, o principal patrocinador, é uma marca de ligada ao Skate. Em 2002 foram mais de cem bandas escaladas para participar. Cada etapa do festival acontece simultaneamente em sete palcos diferentes, com atrações para agradar aos gostos até dos punks mais ecléticos.

Pennywise

A banda foi formada em 88 na praia de Hermosa Beach, em Los Angeles. Em 96 passou por uma fase difícil quando morreu Jason, o baixista da banda. Mas continuou forte e contando com uma fanática legião de seguidores entre punk rockers, skatistas e surfistas. A relação com os fãs pode ser exemplificada no concurso que promoveu a participação de quinze sortudos anônimos nos vocais do seu novo cd chamado “Land Of Free”.

Bad Religion

Tudo começou em San Fernando Valey, subúrbio de Los Angeles no inicio dos anos 80. É uma das bandas punks mais tradicionais em atividade, e fez a sua fama dentro de uma Kombi viajando muito para fazer shows em bares pequenos de locais distantes. A volta de Bratt Gurevitz, guitarrista e compositor que havia saído da banda, foi festejada pelos fãs no novo álbum, chamado “The Process Of Belief”.

The Vandals

A maioria dos Vândalos vive em Long Beach, famosa praia de Los Angeles. Seu primeiro álbum foi lançado em 82, e a banda mantém a mesma formação de integrantes há quase quinze anos, o que garante um entrosamento perfeito no palco e fora dele também. Têm muitos albuns lançados e estão gravando um novo trabalho que deve ficar pronto nos próximos meses.

Down By Law

Dizem que a ética do trabalho árduo reserva um lugar para o DBL nos livros da história do Punk Rock. Tendo lançado o seu álbum de estréia em 91, o grupo sempre acreditou que fazer punk rock se trata de destruir as estruturas falidas da sociedade e construir algo melhor em cima (o que mostra os seus princípios genuinamente Nihilistas e totalmente punks). Seu novo álbum se chama “Punkrockdays” e traz o melhor da sua carreira.

Rancid

Fundado em 91, conta com ex integrantes de uma banda de ska punk chamada Operation Ivy. Sua marca registrada são os cabelos moicanos espetados que usam no melhor estilo de visual punk. Eles não perderam seu gosto por ska, que ainda é presente no trabalho da banda, mas mostraram em seus cds que sabem fazer hardcore agressivo de qualidade. Seu trabalho mais recente, assim como o primeiro, não tem título e leva apenas o nome da banda.

Nofx

Em atividade desde 83, é uma das bandas mais bem humoradas da história. Liderada pelo lendário baixista Fat Mike, o grupo leva a vida tocando e se divertindo, e isso está nas suas letras e nos seus shows, para delírio de seus fãs. Com a entrada de El Hefe no início dos anos 90, algumas musicas receberam o som de um trumpete que ele toca com habilidade. Eles acabam de lançar um cd duplo com raridades e sobras de estúdio.

Hi Standart

Eles vieram da cena Underground do Japão, onde começaram em 91. E agora estão radicados na Califórnia, e conhecidos em todo o mundo. Esses três punks orientais fazem um hardcore melódico de qualidade. Estão preparando o oitavo lançamento de sua carreira, que vai se chamar “Angry Fist”.

No Fun At All

O som enigmático do NFAA representa o que há de melhor em termos de hardcore Californiano. O detalhe é que eles são Suecos. Sua carreira durou apenas oito anos. Desde o seu começo em 94, até o último show em um pequeno bar na sua cidade natal na Suécia no ano passado, foram algumas centenas de milhares de álbuns vendidos e muitos shows ao redor do mundo. Eles deixaram saudade.

Face To Face

Outra banda que começou no princípio dos anos 90 e logo atingiu o gosto dos fãs na Califórnia. Para provar isso, basta lembrar que a banda pôs há alguns anos atrás algumas músicas disponíveis em formato de mp3 em um site especializado. Havia uma votação para os melhores sons, e o total de votos do Face to Face ultrapassou o número de dois milhões. Já participou de mais de vinte coletâneas e compilações de hardcore.

Bracket

No começo da carreira faziam shows em San Francisco Bay Area no começo dos anos 90. O som que eles fazem conta com uma sólida parede de guitarras, um genuíno rítmo punk na bateria, e bons vocais melódicos. Seguem uma linha bem humorada, chegando às vezes ao sarcasmo. Lançaram recentemente um cd ao vivo com dezessete músicas.

No Use For A Name

São da cidade de Sunnyvale, CA. Desde 87 fazem hardcore melódico de primeira linha. Eles também prezam por tocar um som tipo Old School. Tanto que já gravaram com Ed Stasium, produtor de muitos discos dos Ramones. “Hard Rock Bottom” é o nome de seu obra recentemente lançada.

Strung Out

O som é definido como técnico, agressivo, melódico e emocional. Além disso a banda acredita na fusão de punk, metal e rock progressivo. São expoentes da cena musical do sul da Califórnia e estão completando dez anos de carreira lançando um novo cd chamado “An American Paradox”.

Vodoo Glow Skulls

Classificar o tipo de som feito pelo VGS é uma tarefa difícil. Entre guitarras rasgadas e a batida punk da bateria está sempre presente um excelente naipe de metais que caracteriza suas músicas. Podem tocar composições instrumentais elaboradas, skas enlouquecidos, e hardcores cheios de fúria. O seu novo álbum “Symbolic” é prova de que o VGS é uma banda que criou seu próprio estilo.

Union 13

Eles são mexicanos, mas moram em East Los Angeles. Fazem um som pesado e rápido, e muitas de suas letras são políticas. Cantam em inglês e em espanhol, e definem o seu som como East Los Hardcore. Eles já têm três CDs gravados e no momento estão fazendo shows na Europa.

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