Os anos 60 e 70 ficaram conhecidos pelo alto consumo de drogas. Muitos artistas adicionaram à criatividade boas doses de LSD, heroína, cocaína e todo tipo de entorpecentes. Alguns deles não viveram muito para contar, e outros sobreviveram e de uma forma ou de outra conseguiram levar seus trabalhos adiante.
O mesmo não acontece, em regra, com viciados em uma droga mais leve, mas que ao mesmo tempo diminui drasticamente a capacidade produtiva das pessoas: o álcool. Apesar de ser socialmente aceito, o álcool tem efeitos tão devastadores quanto algumas das drogas mais pesadas, e levaram alguns astros do Rock ao fundo do poço.
Este artigo, longe de ser moralista, quer somente mostrar algumas histórias de rockstars que tiveram problemas por conta da bebida. Nós, do MOFODEU (www.mofodeu.com) somos adeptos de uma cervejinha e de um bom whisky e sempre gravamos nosso programa tomando um ou outro aperitivo.
O motivo de levantar essa história é só para ilustrar o programa que entrará no ar no nosso site a partir do dia 14 de fevereiro.
Os casos mais traumáticos que envolveram alcoolismo e o rock nos anos 60 e 70 foram os que culminaram com as mortes de Keith Moon (lendário baterista do The Who), Bon Scott (vocalista do AC/DC) e John Bonhan do Led Zeppelin.
Keith Moon tinha como sua marca pessoal a irreverência, que muitas vezes era potencializada pelo álcool. Apesar de ser adepto de outros tipos de droga, Moon ficou conhecido por grandes bebedeiras, numa delas se envolvendo inclusive num acidente automobilístico que ocasionou a morte de uma pessoa (mais tarde Moon foi inocentado).
No auge dos seus porres, o baterista do Who gostava de exibir seu instinto destruidor, colocando fogo em objetos, quebrando instrumento e destroçando quartos de hotéis. Entre as lendas que giram em torno às bebedeiras de Moon estão a destruição de um banheiro com fogos de artifícios e o “naufrágio” de um Lincoln Continental (um carro de luxo) numa piscina durante a festa de seu aniversário de 21 anos.
Porém, o alcoolismo trouxe resultados muito danosos a curta vida de Keith Moon. Em meados dos anos 70 ele procurou ajuda para se livrar do vício que já prejudicava seu incrível talento. Durante o tratamento Moon apresentou uma síndrome de abstinência ao álcool que viria levá-lo a morte. Na madrugada de 7 de setembro de 1978, após um jantar com Paul e Linda McCartney, após a pré-estréia do filme de um filme sobre a vida de Buddy Holly, Moon foi encontrado morto no quarto do hotel onde estava hospedado. A causa da morte foi overdose. Ele havia consumido 32 comprimidos do medicamento que fazia parte do seu tratamento contra o alcoolismo e acabou falecendo.
John Bonham, do Led Zeppelin, tinha um temperamento totalmente oposto ao seu companheiro de profissão do Who. Ele era um cara contido e tímido e só se liberava sua agressividade quando estava com as baquetas nas mãos. Bonham era um cara caseiro e detestava a rotina das grandes turnês, que iam de encontro com o seu modo de ser.
A alternativa encontrada por Bonham para suportar os longos períodos longe de casa foi se entregar a bebida. Ele ficou conhecido como um dos maiores bebedores do meio do rock, mesmo mudando pouco seu comportamento por conta dos porres. A cerveja era seu aperitivo favorito e existe a lenda que a inspiração para o símbolo que compunha o logo dos 4 membros do Zeppelin teria sido criado com inspiração na bebida. Os três círculos entrelaçados, que por muitos é interpretado como um símbolo de “homem, mulher, criança”, teria sido uma cópia invertida do logotipo de sua cerveja favorita: a Ballantine.
Assim como no caso de Moon, as bebedeiras do baterista do Led Zeppelin também acabaram de maneira trágica. No dia 24 de setembro de 1980, após beber cerca de 40 doses de vodca, John Bonham adormeceu na casa de Jimmy Page, sendo encontrado morto na manhã seguinte, sufocado em seu próprio vômito.
Bon Scott era o estereótipo do escocês típico. Eventualmente usava seu kilt (espécie de saia), tocava gaita-de-fole e era chegado num bom whisky. É bom ressaltar que ele tinha “scott” até no nome. Nem precisa dizer que ele era chegado numa boa farra e era freqüentador assíduo dos pubs escoceses, ingleses, irlandeses e dos botecos de toda parte.
Sua entrada no AC/DC fez com as bebedeiras aumentassem e não foram poucas as vezes em que ele se apresentou embriagado. Infelizmente, sua trajetória promissora também foi interrompida pelo vício. Após um coma alcoólico (oficialmente relatado como envenenamento por álcool) , assim como Bonham, Bon Scott morreu sufocado no seu próprio vômito.
Vizinha da Escócia e também pródiga em bons whiskeys, a Irlanda revelou alguns dos grandes beberrões da história como, por exemplo, os caras do Thin Lizzy. O líder da banda, Phill Lynott, apesar de não ser irlandês, era um grande apreciador de toda espécie de bebida, e logo manifestou dependência à droga.
A apreciação por gêneros etílicos ficou registrada na canção “Whiskey in the jar”. O tema trata-se, na verdade, de uma canção tradicional irlandesa, adaptada pela banda. A música trata de um velho andarilho que, viajando pela seu país, se mete em confusões por conta de bebedeiras. O refrão traz uma forma tradicional de se brindar, “Musha rig um du rum da”, e dá graças por haver whisky na jarra.
Mas o que foi inspiração, também trouxe tragédia. O alcoolismo de Lynnot o fez ficar internado em clínicas de reabilitação um sem-número de vezes, até o seu falecimento. Em sua última internação, ele faleceu de um ataque do coração, devido também ao consumo de outras drogas.
O Kiss também é uma banda cujos integrantes volta e meia são envolvidos em bebedeiras. Especialmente os dois membros originais da banda que foram afastados duas vezes: Ace Frehley e Peter Criss. As duas saídas deles da banda foram cercadas de muito mistério, mas é quase certo que as bebedeiras do guitarrista e baterista originais da banda sejam o maior motivo. Frehley vem a anos tentando deixar o alcoolismo, mas em vão. Em 2001, todos se cansaram do estilo beberrão do guitarrista e colocaram-no na rua pela segunda vez.
Uma das maiores contribuições de Frehley para a banda foi um dos clássicos do Kiss: “Cold Gin”. A música fala de como um gim gelado pode ser útil para amenizar o calor e facilitar as coisas com uma garota. Ele ainda exalta, na letra, o poder da bebida que, além disso, tem outro benéfico: é muito barata. Uma fanfarronice típica de letras de rockeiros bebuns.
Outro clássico do Rock que fala sobre bebedeiras é “Alabama Song” do The Doors. A música, que tem como subtítulo “Whiskey Bar” é uma adaptação feita pela banda de um trecho da ópera “Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny” de Bertold Brecht. Na canção o personagem da ópera, Jenny, fica perambulando de Whiskey Bar em Whiskey Bar demonstrando certo desespero por não outros mais.
A atitude de Jenny na letrada da música pode ser atribuída a de muitos rockeiros, como os do próprio Doors. Jim Morrison teve muito problemas com drogas, que eram agravados pelo consumo concomitante de bebidas de alto teor alcoólico. Era comum de Morrison aparecesse embriagado em sessões de gravação de álbuns e em apresentações ao vivo. Muitos atribuíam essas atitudes ao sua timidez afirmando que as bebedeiras eram a única forma de Jim encarar seu público.
São inúmeros os casos de rockeiros envolvidos com o álcool, como não é possível detalhar caso a caso, eis uma lista com alguns outros beberrões:
- Alice Cooper: largou a religião Mórmon pelo vício do álcool
- Elton John: nos anos 70 teve diversos problemas de saúde por conta da constante mistura de álcool e cocaína
- Eddie Van Halen: suas bebedeiras tinham alto poder destrutivo. Suas brigas com companheiros de banda são quase sempre causadas pelo álcool.
- Danny Kirwan: Deixou o Fleetwood Mac por conta do alcoolismo, nos anos 70.
- David Byron: foi demitido do Uriah Heep por causa das bebedeiras. Faleceu em 1985 por conta do alcoolismo.
- Micheal Clarke e Gram Parsons: companheiros de Byrds, Flying Burrito Brothers, os dois tiveram muitos problemas com a bebida. Parsons, guitarrista, faleceu em 1973 depois de misturar morfina com álcool. Clarke, bateristas, foi alcoólatra até quase o fim da vida. Em 1993, pouco antes de morrer, deu declarações tentando mostrar os perigos do álcool. Após sua morte, a família de Clarke fundou uma instituição de combate ao alcoolismo infantil.
- Ronnie Wood: O rockeiro boa praça fez ótimas amizades em suas bebedeiras. Por ser tão sociável conseguiu fazer parte dos primeiros discos solos de Jeff Beck, além do Faces e depois dos Rolling Stones. Porém, a bebida já o fez ser internado em clínicas de reabilitação um sem-número de vezes.
- Ringo Starr: Após o fim dos Beatles, o baterista entrou em depressão e começou a beber muito. Nos anos 80, o ostracismo e a bebida fizeram com que Starr fosse internado diversas vezes para desintoxicação. Hoje ele se diz curado do vício.
Para conhecer mais histórias sobre Rock e Álcool, não deixe de escutar o MOFODEU #051. Basta acessar o site:
Você vai se divertir com o bom humor de quem entende muito de rock e mais ainda de bebedeiras.
Apreciem com moderação!
E se beber, não dirija!
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