13 de outubro de 2011

Nations Under Attack - Force



Imagem
Dessa vez, a banda por ela trazida é a paraguaia The Force, uma enorme surpresa que invade nossos ouvidos. Mesmo desconhecida por aqui, não tardará para que esteja entre as mais comentadas pelos fãs que têm a Violator como referência do thrash old school.
Sem enrolação nem nada, o disco já começa com a melhor composição – “The Barracks” – e o que logo chama a atenção é a velocidade absurda das palhetadas de Carlos Carvallo e Mike Martinez, responsável também pelos vocais. De verdade, os caras têm uma agilidade impressionante nas seis cordas! Em especial nos riffs cavalgados, o resultado é fantástico.
A verdade é que no restante do material, as guitarras continuam dominando com sua técnica, velocidade e ótimos riffs. Parabéns mais uma vez à dupla. É claro que eles não teriam sucesso se não estivessem acompanhados pelo baixo de Juan Barrion (de forma discreta, mas uma beleza) e do baterista Luis Almada. Esse último toca principalmente naquela batida rápida, na levada de “Piranha” (Exodus). Aliás, é essa a batida que domina cerca de 70% de “Nations Under Attack”.
Quanto aos vocais de Martinez, são gritados, nada de gutural ou algo do tipo. Combinam com o som da The Force, eu conta com backing vocals em coro. Boa!
Outros destaques ficam por conta de “The Longest Day”, um som bem trabalhado, e “Neckbreaking Metal”, com riffs melódicos e o solo bem encaixado. Pode ser considerada a “Whiplash” (Metallica) do CD e com uma curiosidade: a canção é cantada em inglês com partes em guarani, língua nativa do quarteto.
A gravação está levemente abafada, remetendo um pouco às antigas produções do thrash e o encarte é bastante simplificado, com uma capa bem legal, embora um pouco escura. Tudo bem, porque, já falei outras vezes, o mais importante aqui é a música, e nisso, a The Force se dá muito bem.
“Nations Under Attack” é outro bom exemplo de que o thrash metal old school voltou com classe e pelo visto, veio mesmo para ficar. E o melhor é ver que as bandas do estilo fazem bonito, deixando o estilo sempre interessante e longe de ser enjoativo. Que essa onda continue a render bons frutos.
The Force – Nations Under Attack
Kill Again Records – 2010 - Paraguai
Tracklist
1. The Barracks
2. Nations Under Attack
3. Doomsday
4. The Longest Day
5. Neckbreaking Metal
6. Nightlords
7. Fight Till the End
8. Stamped of a Thousand Stallions


Worlds Torn Asunder - Warbringer



Imagem
Para quem ainda não conhece, a banda é uma das mais agressivas da nova safra do thrash, aliando elementos da velha escola com outros mais modernos. Além disso, também agrega a seu som elementos do death metal, tendo como influências bandas como SLAYER e KREATOR, seguindo mais ou menos o tipo de som que o LEGION OF THE DAMNED tem feito ultimamente. E se você é fã do estilo, não pode deixar de conhecer a banda.
Neste registro, em especial, a qualidade de gravaçãoficou excelente, tendo o mesmo sido produzido e mixado por Evetts Steve (SUICIDE SILENCE,SYMPHONY X, etc.) que conseguiu deixar o som da banda ainda mais agressivo e brutal que seus antecessores, apesar de muito bem gravado.
E a banda continua investindo pesado na criação de músicas agressivas, pesadas e ao mesmo tempo cativantes, repletas de riffs e mais riffs sensacionais (o grande destaque do trabalho, sem dúvida), cozinha técnica e precisa, além de vocais ultra agressivos, no melhor estilo Tom Araya!
Faixas como “Living Weapon” (com uma quantidade anormal de riffs destruidores), “Shattered Like Glass” (a melhor do disco, e também a que mais lembra SLAYER) e “Savagery” (com alguns elementos de hardcore e crossover) são apenas exemplos de um disco em que todas as canções são excelentes, e demonstram todo o poder de fogo dessa máquina de fazer thrash metal chamada WARBRINGER.
Cabe ainda destacar a belíssima capa do trabalho, criada por de Dan Seagrave, que também foi o responsavél pelo álbum anterior do grupo, além de já ter feito trabalhos para bandas como ENTOMBED, SUFFOCATION e MORBID ANGEL.
Não deixe de conferir mais esse petardo dos thrashers americanos do WARBRINGER, que rumam a passos largos para o topo das melhores bandas de thrash metal da atualidade. Agora é torcer para que, como seus antecessores, o disco seja disponibilizado no mercado nacional. Já na minha lista de melhores do ano, que parece não ter fim, tendo em vista a grande quantidade de excelentes lançamentos que estamos tendo neste ano!
Confiram o clipe de “Shattered Like Glass”:
Worlds Torn Asunder - Warbringer
(2011 – Century Media – Importado)
Track List:
01. Living Weapon
02. Shattered Like Glass
03. Wake Up...Destroy
04. Future Ages Gone
05. Savagery
06. Treacherous Tongue
07. Echoes From The Void
08. Enemies of the State
09. Behind the Veils of Night (instrumental)
10. Demonic Ecstasy


Wastelands - Hellcrawler



Imagem
O mais interessante talvez seja que essa mistura soou agradável. Sim, a veia rock, junto com os vocais guturais/gritados, que por alguma razão me lembraram a Grave, além da guitarra pesada e ritmos que variam bastante, permitiu um resultado interessante nesse primeiro full-length da banda, surgida em 2010.
gravação não está muito boa, com uma sujeira considerável, mas ainda assim, ficou legalzinha. A capa do trabalho também não diz muita coisa: apesar de detalhada, ficou bastante escura, uma pena, já que não se pode apreciar sua beleza de modo completo.
Mas voltando ao som dos eslovenos, além do rock (ouçam o solo de “Motoslüts From Hell”, mais rock ‘n’ roll, impossível), do death e do crust (esse em quantidades mínimas), o grupo se aventura também pelo hardcore e se dá bem. Foram ousados no estilo (ou nos estilos), já que misturas desse tipo ficam numa linha tênue entre o desastre e o bom trabalho.
Não esperem, portanto, algo ultra brutal, com vocais ininteligíveis e bateria a milhão. Não. Os caras aqui sabem dosar quantidades de maior e menor violência, mas curiosamente não se utilizam de riffs melódicos.
Os destaques ficam para a bela e curtíssima instrumental que leva o título do CD; “Post Apocalyptic Revolt” e suas mudanças de ritmo surpreendentes; “The Molten Faces Tribe”, disparada a melhor, com uma levada para destruir pescoço e uma profundidade incrível; e “Firefly Powerplant”, carregada de bons riffs.
Observei aqui: apesar da analogia bizarra, acho-a muito válida nesse caso. “Wastelands” é como um carro a álcool que demora para funcionar em uma manhã fria. Aos poucos ele vai esquentando e então, dispara nas pistas. É mais ou menos essa a sensação que o álbum passa. Ele vai ficando melhor ao longo de sua execução.
Bem, e a gravadora Hollow Earth Records fez o agradável favor de disponibilizar esse material para download. Baixem, ouçam e abram a mente para o som contagiante da Hellcrawler.
Hellcrawler – Wastelands
Hollow Earth Records – 2011 - Eslovênia
http://www.hellcrawler.com
http://hellcrawler.bandcamp.com
1. Devastation 04:27
2. Rattlesnake Tavern 02:56
3. Motoslüts From Hell 02:55
4. Wastelands 01:13 instrumental
5. Post Apocalyptic Revolt 03:27
6. The Molten Faces Tribe 03:16
7. Firefly Powerplant 03:07
8. Yet Again The Greed Of Man 03:34
9. Towards The End 03:12
10. Demons Within 01:55 instrumental
TOTAL: 30:02


Peace Sells... But Who's Buying (25th Anniversary Edition) - Megadeth



Imagem
Lançado originalmente em 1986, este é o segundo disco do MEGADETH, sucessor do também aclamado “Killing is my Business... And Business is good!”, de 1985, e mostra uma banda ainda mais entrosada e destruidora do que no excelente registro anterior, num processo evolutivo que culminou posteriormente com seu maior clássico, “Rust in Peace”.
Neste registro, em especial, Mustaine já parece mais a vontade, deixando todos os traumas de sua saída doMETALLICA  para trás, e investindo pesado (e coloca pesado nisso) apenas em criar boas músicas. E isso é o que não falta neste trabalho.
Para quem curte o thrash metal oitentista, o CD é um prato cheio, repleto de todos os elementos essenciais do estilo, e com fortes influências de Metal Tradicional, com as guitarras nervosas e técnicas de Mustaine e Chris Poland, que despejam riffs e mais riffs destruidores, além de solos sensacionais, aliadas à bateria correta de Gar Samuelson, e ao baixo martelado e marcante de David Ellefson, sem dúvida um dos melhores baixistas do estilo. Além disso, os vocais de “pato rouco” característicos de Dave Mustaine dão o toque especial ao som da banda.
E o disco apresenta clássicos essenciais do metal, como a poderosa “Wake Up Dead”; a faixa título, um dos maiores clássicos da banda, repleta de mudanças de andamento e momentos memoráveis, e com uma letra das mais ácidas no campo político; a pesadíssima “Devil Island”, com um apanhado de riffs soberbos; e “My Last Words”, com forte influência de NWOBHM, fechando o disco com chave de ouro.
Quanto à nova mixagem, realmente não senti tantas diferenças relevantes, até porque o disco é muito bem produzido para a época, e continua aceitável até hoje, não merecendo muitos reparos.
Esta versão ainda vem com um CD bônus com um show em Cleveland, em 1987, com um set list baseado nos dois primeiros trabalhos do grupo (e que possui uma gravação boa), um book expandido contendo fotos e liner notes por Dave Mustaine e Lars Ulrich (que enche bastante a bola do disco e do seu mentor, Dave Mustaine). Lembrando que a versão nacional não é a mesma que a do box importado, que apresenta bem mais atrativos.
Enfim, um grande registro de uma grande banda precursora do thrash metal. Se você ainda não tem o disco, é uma grande oportunidade de adquiri-lo. Caso já o tenha, vale pelas novidades e pelo disco bônus, principalmente.
Peace Sells... But Who´s Buying (25th anniversary edition) - Megadeth
(2011 – Nacional)
Formação:
Dave Mustaine - Lead Vocals, Guitar
David Ellefson - Bass, Backing Vocals
Chris Poland - Guitar
Gar Samuelson - Drums
CD 1: Peace Sells...But Who s Buying?
1. Wake Up Dead
2. The Conjuring
3. Peace Sells
4. Devil s Island
5. Good Mourning / Black Friday
6. Bad Omen
7. I Ain t Superstitious
8. My Last Words
CD 2: Live at Phantasy Theater, Cleveland, 1987
1. Intro
2. Wake Up Dead
3. The Conjuring
4. Sells Bad Omen
5. Rattlehead
6. Killing Is My Business... And Business Is Good
7. Looking Down The Cross
8. My Last Words
9. Peace Sells
10. These Boots Were Made For Walkin
11. Devils Island
12. Last Rites / Loved To Deth
13. Mechanix


As I Shine - Dominanz



Imagem
E, apesar do passado Black Metal de cada um de seus integrantes, a proposta do Dominanz possui uma abordagem bem distinta. A ideia é elaborar Heavy Metal com influências góticas e, principalmente, vários elementos modernóides que o aproxima do industrial; e tudo é tão obscuro que chega a ser intrigante e contraditório um título como “As I Shine”...
Certamente esta é uma proposta que racha muitas opiniões mundo afora, mas a experiência do trio consegue incutir uma variedade vocal e instrumental – as guitarras são muito eficazes! – em uma seleção de boas faixas que primam pelo espesso sentimento de opressão. Ainda que “The End Of All There Is” seja um resumo de praticamente tudo o que o disco oferece, há outros destaques importantes como a inspiradora abertura “Infinity” (e que também conta com eventuais vozes femininas), a incisiva “Agony And Domination” e a mais melódica “Last Day Of Your Life”.
Por aproximação estética, o Dominaz fez de “As I Shine” um híbrido tão lamacento que encontrará seus maiores fãs entre o público que aprecia o trabalho de bandassci-fi como o The Kovenant, Shade Empire ou o extravagante Deathstars. Pode conferir, pois este é um debut que prima pela consistência de cada uma de suas canções!
Formação:
Roy Nordaas - voz, baixo, guitarra e sintetizadores
Jørn Tunsberg - guitarra
Frode Gaustad - bateria
Dominanz - As I Shine
(2011 / Industrial Silence Production - importado)
01. Infinity
02. Agony And Domination
03. As I Shine
04. Eternal Sin
05. Abusos
06. The Philanthropic
07. Last Day Of Your Life
08. Man On Top
09. From Skin to Heart
10. The End Of All There Is


Playground Of The Damned - Manilla Road



Imagem
Mas muita coisa mudou para o Manilla Road nos últimos anos... Ainda que o fundador,vocalista e guitarrista Mark Shelton continue sendo a força criativa, o grupo deixou de ser um trio para atuar como um quarteto que conta com um segundo vocalista, o que certamente oferece novas possibilidades para sua música e já provou funcionar muito bem. Mas, ao contrário dos últimos álbuns que mantinham as características que consagraram seu estilo, “Playground Of The Damned” mostra caminhos bem diferentes do que muitos poderiam desejar.
Com uma temática mais diversificada, osmúsicos optaram por minimizar consideravelmente os elementos épicos elaborados com tanta propriedade no passado. As canções estão mais curtas, seguem em uma abordagem simplificada e, ainda que tenham ótimas melodias, alguns riffs repetitivos e refrões apáticos conseguem tornar a audição cansativa em várias ocasiões.
Outro ponto que contribui negativamente é o áudio. Os álbuns do Manilla Road sempre ofereceram uma produção simples, mas eficiente e que transpirava naturalmente à velha escola. Mas em “Playground Of The Damned” a coisa é realmente minimalista e está longe de ter o impacto que corresponda à história destabanda, em especial no que concerne à bateria.
Faixas como “Into The Maelstrom”, “Playground Of The Damned”, “Grindhouse” e “Abattoir De La Mort” estão aí para provar que “Playground Of The Damned” não é uma obra ruim. É apenas mais um desses casos em que os músicos quiseram fazer algo diferente e o resultado dividirá algumas opiniões, tanto que este não é o disco indicado ao leitor que nunca ouviu algo o Manilla Road, mas deseja entender os motivos de sua força em alguns círculos da cena. Se este for o seu caso, se inicie por “Open The Gates” (85), "The Deluge" (86) ou, desta nova fase, “Gates Of Fire” (05).
Formação:
Mark ‘The Shark’ Shelton - voz e guitarra
Bryan ‘Hellroadie’ Patrick - voz
E. C. Hellwell - baixo
Cory ‘Hardcore’ Christner - bateria
Manilla Road - Playground Of The Damned
(2011 / High Roller Records – importado)
01. Jackhammer
02. Into The Maelstrom
03. Playground Of The Damned
04. Grindhouse
05. Abattoir De La Mort
06. Fire Of Ashurbanipal
07. Brethren Of The Hammer
08. Art Of War


Enough Rope - Vain



Imagem
Esse foi um hiato que perdurou por uma década, e boa parte do público ficou muito satisfeito com o anúncio de que “On The Line” marcava o retorno do Vain com a formação original praticamente intacta. E este, sim, é um retorno que merece ser levado a sério, pois agora está chegando ao mercado “Enough Rope”, um sucessor que continua mostrando uma gratificante (e subestimada) habilidade e inspiração depois de tanto tempo.
Novamente mantendo a integridade artística, o Vain explora seus arranjos com um senso melódico dos mais apurados, onde os guitarristas Scott e West disparam riffs muito bons; e naturalmente a infalível voz estranhamente resmungona e arrogante de Davy continua mantendo todas as características de sua juventude. E, ainda que o repertório seja bem equilibrado, são canções como a suja “Triple X”, a adrenalina de “Solid Gold”, “Vain” (a canção) ou “Worship You” as que se destacam com folgas.
Mesmo com os compreensíveis detratores, os dias de glória que o Hard Rock desfrutou nos anos 80 já fazem parte de uma história que é referência direta para muitos conjuntos da nova geração. Se o citado “No Respect” continua recebendo elogios em pleno novo milênio, o Vain comprova estar em ótima forma ao fazer com que “Enough Rope” funcione tão bem quanto. Indicadíssimo aos amantes do gênero!
Formação:
Davy Vain - voz
Jamie Scott - guitarra
Danny West - guitarra
Ashley Mitchell - baixo
Tommy Rickard - bateria
Vain - Enough Rope
(2011 / Jackie Rainbow Records – importado)
01. Greener
02. Triple X
03. Hot Stage Lights
04. Stray Kitten Burns
05. Cindy
06. Treasure Girl
07. Enough Rope
08. Solid Gold
09. Distance Of Love
10. Vain
11. Worship You


Sympathetic Resonance - Arch/Matheos



Imagem
Como todos sabem, ambos foram responsáveis por elevar o nome do FATES WARNING ao patamar das grandes bandas do metal progressivo, tendo lançado juntos os álbuns “Night on Brocken”, (1984), “The Spectre Within” (1985), e “Awaken the Guardian” (1986). Mas, por não mais querer se dedicar ao Heavy Metal, Arch resolveu deixar a banda no final dos anos 80, sendo substituído pelo também excelente Ray Alder. Mas agora, com este novo projeto, parece que os músicos conseguiram resgatar o que de melhor fizeram em seus trabalhos em conjunto, e tem tudo para agradar os fãs mais exigentes do estilo.
Além de Arch e Matheos, o projeto ainda conta com o excelente baixista Joey Vera (Armored Saint, Anthrax), além do baterista Bobby Jarzombek (Demons and Wizards, Halford) e de Frank Aresti (Fates Warning) em alguns solos de guitarra.
Jim ainda continua um grande instrumentista e compositor, tanto em relação às belas melodias criadas, como nos riffs, solos e passagens mais intrincadas, que desenvolve com grande habilidade, sem soar exagerado. John Arch também continua com a voz potente de sempre, transmitindo forte carga emocional em suas interpretações, e usando e abusando de vocais altos e agudos, sendo o típico estilo de ame-o ou odeie-o. Ademais, Joey Vera também mostra toda sua técnica como baixista, estando mais livre do que no ANTHRAX, sendo que aqui as músicas exigem mais de sua técnica apurada. Por fim, Bobby também é um dos diferenciais do conjunto, sendo um verdadeiro monstrodas baquetas, com técnica e precisão absurdas.
O som do conjunto, como dito, segue a linha do metal progressivo e, obviamente, remete aos primeiros trabalhos do FATES WARNING, mas destaca-se também o peso das composições, que são muito bem arranjadas e executadas. Outrossim, é repleto de canções longas, cheias das mudanças de andamento e quebradeiras comuns do estilo.
Todas as músicas são muito boas, e merecem ser ouvidas com atenção para que se perceber todos os maravilhosos detalhes que nelas se escondem. Mas não há como não citar um destaque absoluto do álbum: “Stained Glass Sky”. Essa música, nos seus quase 14 minutos, representa com perfeição todos os elementos indispensáveis exigidos para uma banda de metal progressivo: longos trechos instrumentais, com diversas partes quebradas, aliadas a outras mais climáticas; uma bateria destruidora e técnica; baixo preciso e bem executado, e uma linha de voz bem encaixada, que leva o ouvinte a diversos tipos de sensações durante o decorrer da canção. Sem dúvida um clássico imediato na carreira dos músicos.
Agora é torcer para que este projeto não se restrinja a apenas este álbum, pois a banda tem tudo para ser uma das referências no estilo.
Eis aqui um forte candidato a melhor disco de metal progressivo do ano, disputando lado a lado com o novo do DREAM THEATER. E parece mesmo que, quando Mike Portnoy disse em seu twitter que este “Sympathetic Resonance” é o melhor disco de progressivo do ano, ele realmente achava isso, e não estava apenas querendo cutucar sua ex-banda...
Sympathetic Resonance – Arch/Matheos
(2011 – Metal Blade - Importado)
Track List:
1. Neurotically Wired
2. Midnight Serenade
3. Stained Glass Sky
4. On the Fence
5. Any Given Day (Strangers Like Me)
6. Incense and Myrrh


Scumdogs of the Forest - Attack of The Mad Axeman



Imagem
As 22 músicas só trazem destruição a mil por hora, com praticamente nenhum intervalo mais “tranquilo”. O vocal de Emys Orbicularis não consegue ser muito gutural, e fica entre o cavernoso e o berrado. Lembra um pouco o do saudoso Chuck Schuldiner (Death) da época do “Leprosy”.
baterista Helix Pomatia prova que sabe lidar com o instrumento, mostrando técnica principalmente nos momentos em que não está nos blast beats. São poucos, mas admiráveis. Já a guitarra de Sciurus Vulgaris traz riffs trabalhados, uma surpresa no grind, e o baixo metalizado e distorcidíssimo de Apis Melifera dá um peso e tanto às composições.
Mesmo com tantos pontos a favor, a Attack of The Mad Axeman, que inclusive já tocou no Brasil, ainda fica devendo um pouco. Talvez seja pela qualidade da gravação, suja demais, abafada e com a bateria se sobressaindo, talvez seja pelo citado vocal, que não tem tanto poder para o que a banda executa, ficando meio deslocado.
Ainda sim, destaques para “Nazi-Worms Fuck Off”, “Morbider Angler” e “Eichhoernchenwasserski”, músicana qual os caras ousam e fazem uma referência muito boa a “Maze of Torment”, da Morbid Angel, naquele trecho da risada macabra de David Vincent para ser mais exato.
Enfim, o fato é que a banda toca muito bem, mas faltou algo mais. Entretanto, quem gosta de brutalidade irá fazer a festa com “Scumdogs of the Forest”.
Attack of The Mad Axeman - Scumdogs of the Forest
RSR (Regurgitated Semen Records) / Scrotum Jus Records – 2009 – Alemanha
http://www.myspace.com/attackofthemadaxeman
Tracklist
1. Scumdogs of the Forest
2. Hors(E)T on the Corridor
3. Klappe Zu, Affe Tot (Golden Bananas 2)
4. Hier Kommt Knut
5. Nazi-Worms Fuck Off
6. Die Diebische Elster Von Brooklyn
7. Squirrel Vs Glen Benton
8. Eichhoernchenwasserski
9. Moshen Wie Gott in Frankreich
10. Morbider Angler
11. Grind, Grind, Grind!
12. 16 Faeuste Fuer Ein Halleluja
13. Die Schnellste Vogelspinne von Kiel1
14. Knut for Breakfast
15. Schneckenozid
16. Knut
17. Elefantophobia
18. Arschbombe des Monats
19. I Like Bands
20. Knut
21. Woody Woodgrinder
22. The Undertaker


Dystopia - Iced Earth



Imagem
Mas a banda só atingiu o sucesso mesmo após a entrada do vocalista Matt Barlow, no álbum “Burnt Offerings”, de 1995, com um vocal muito potente, aliando vozes graves a agudas com perfeição, combinando perfeitamente com o som da banda. Contudo, após o excelente “Horror Show” e devido aos acontecimentos do fatídico 11 de setembro de 2001, Matt decidiu deixar a banda (quando então foi substituído por Tim Ripper Owens), retornando apenas no final de 2007. E após mais um álbum, e diversos shows ao redor do mundo (incluindo o Brasil), Matt resolveu deixar a banda novamente, agora em 2011.
Para seu lugar, e sem muita procura, Jon Schaffer chamou Stu Block, da banda de death metal INTO ETERNITY. Muitos dos fãs estranharam a escolha, tendo em vista que, na sua banda original, Stu canta de forma mais agressiva e gutural, totalmente diferente do estilo do ICED EARTH, e não era umvocalista muito conhecido até então.
Mas as dúvidas dos fãs terminaram quando a banda liberou uma versão da clássica Dante´s Inferno, com Stu nos vocais, demonstrando todo sua potencia vocal, tanto nos momentos mais agressivos, como nas partes mais melódicas e graves. Realmente a versão ficou matadora.
E agora chega ao mercado o novo registro de inéditas da banda, e logo de cara podemos ter a certeza de que Stu foi a escolha certa, conseguindo ótimas variações entre agudos rasgados e partes mais graves, misturando elementos característicos de Matt Barlow e Tim Owens com maestria. Confesso que gosto muito de Tim Owens, mas nunca achei que seu estilo de cantar combinava com o ICED EARTH. Mas agora, com Stu nos vocais, a coisa é diferente, e acredito que a banda tenha conseguido um substituto ideal para Barlow, e não irá decepcionar seus fãs. Não se trata de substituí-lo, até porque isso seria impossível, mas de conseguir alguém que desse conta do recado, como no caso de Stu.
Além disso, Jon deixou um pouco de lado os elementos épicos que vinha seguindo nos últimos lançamentosda banda, e passou a investir mais no peso e agressividade das composições, que estão mais diretas e menos climáticas, numa linha entre os discos “Horror Show” e “Something Wicked This Way Comes”, dois dos maiores clássicos da banda.
Como sempre, os riffs criados por Jon são o grande destaque do trabalho, com muito peso e criatividade, com suas cavalgadas características. Além disso, as melodiais vocais do trabalho também estão excelentes, sendo realçadas ainda mais pela potente voz de Stu. Faixas como a excelente faixa título, que abre o disco, já demonstra todas essas características, com introdução acústica que emenda em riffs ultra pesados, beirando ao thrash metal, e Stu mostrando que não esta para brincadeira.
Além desta, merecem destaque “Anthem”, mais cadenciada, e com um refrão belíssimo; a rápida e empolgante “Bolling Point”, com Stu lembrando muito uma mescla de Barlow e Owens, na sua melhor atuação no álbum; “Equilibrium”, que mostra toda a influência que o IRON MAIDEN tem sobre Jon; e a mais pesada de todas, “Days of Rage”, que remete a clássicos como “Violate” e “Stand Alone”.
Enfim, uma volta gloriosa de uma das maiores bandas de metal da atualidade, e tem tudo para agradar os fãs de todas as fases da banda. Além disso, Stu pode não superar Barlow, mas demonstrou que é um grande vocalista, com sua voz casando perfeitamente com o estilo da banda, e deve fazer história com o grupo! Confesso que sou um grande fã de Barlow, e o considero como um dos melhores vocalistas do metal, mas não há como negar que, mesmo sem ele, existe vida para o ICED EARTH! E com um futuro muito promissor pela frente!
Dystopia – Iced Earth
(2011 – Century Media - Importado)
Track List:
01. Dystopia (5:49)
02. Anthem (4:55)
03. Boiling Point (2:47)
04. Anguish of Youth (4:42)
05. V (3:39)
06. Dark City (5:42)
07. Equilibrium (4:31)
08. Days Of Rage (2:17)
09. End Of Innocence (4:07)
10. Soylent Green (Bonus Track) (4:20)
11. Iron Will (Bonus Track) (4:15)
12. Tragedy And Triumph (7:44)
13. Anthem (String Mix) (4:52)

Inevitable Collapse in the Presence of Conviction - Soilent Green



Imagem
Os caras ainda tem aquela pegada do grind porradão, mas aliado a isso, tem thrash, hardcore e até umas levadas quase rock ‘n’ roll, entre outros gêneros! Hoje, o conjunto é cultuado por uma quantidade de fãs espantosa, algo raro considerando uma mudança de direcionamento musical considerável como a deles.
“Inevitable Collapse in the Presence of Conviction” mostra tudo isso de maneira soberba. Muita qualidade, criatividade, vontade e técnica. Pois é, os caras hoje fazem um som muito bem elaborado, com estruturas por vezes complexas, mas nunca abandonam o peso das guitarras.
No meio de tanta modernidade, e por que não, originalidade, surgem algumas faixas que ainda remetem aos tempos mais crus da Soilent Green. É o caso de “In the Same Breath”, intensa e quase toda veloz.
“Rock Paper Scissors” começa com um pique hardcore delicioso, para bater cabeça sem dó do pescoço. Pouco depois, ela se desenvolve em algo mais trabalhado e lento, para depois se transformar num som violentíssimo e novamente em algo mais cadenciado. Percebem a dificuldade em descrever essa música? Pois então, pensem que esse tipo de coisa acontece por praticamente todo o álbum.
Aliás, mudanças de ritmo é o que mais se encontra no disco. Portanto, estejam preparados. Além disso, o voclista Louis-Benjamin Falgoust faz um ótimo trabalho, alternando vozes mais guturais e outras simplesmente mais berradas.
Com tudo isso, a melhor mesmo é “Superstition Aimed at One's Skull”, que parece unir tudo o que foi dito da maneira mais poderosa. Composição foda!
É importante ressaltar que toda essa potência de criação se dá sem a necessidade de outros elementos instrumentais que fogem um pouco do tradicional, como teclados, metais, coros e vocais limpos, o que destaca a banda no cenário underground mundial.
Para quem busca originalidade e punch dentro da sonoridade extrema, “Inevitable Collapse in the Presence of Conviction” é a opção perfeita. Com linda capa e boa produção, o CD vai te fazer querer repeti-lo para entender a complexidade da Soilent Green. Abaixo, o clipe de “Antioxidant”.
Soilent Green - Inevitable Collapse in the Presence of Conviction
Metal Blade Records – 2008 – Estados Unidos
http://www.myspace.com/soilentgreen
Tracklist
1. Mental Acupuncture
2. Blessed in the Arms of Servitude
3. In the Same Breath
4. Antioxidant
5. Lovesick
6. Rock Paper Scissors
7. Superstition Aimed at One's Skull
8. For Lack of Perfect Words
9. When All Roads Lead to Rome
10. All This Good Intention Wasted in the Wake of Apathy
11. A Pale Horse and the Story of the End

Storm Seeker - ICS Vortex



Imagem
Mas ao mesmo tempo, lá surgiu uma fusão interessante, feita por músicos que antes estavam estritamente ligados ao Metal extremo: a de um Metal forte e pesado, mixado à influências folk e progressivas, com elementos vintage das décadas de 60 e 70, em bandas como BORKNAGAR, ARCTURUS, e um pouco mais tardiamente, ENSLAVED. E justamente um músico experiente, que conhece bem este estilo, o já conhecido ICS Vortex (que esteve em bandas como ARCTURUS, BORKNAGAR, VED BUENS ENDE e DIMMU BORGIR, para citar apenas algumas), resolveu nos brindar com um dos melhores plays do ano, seu primeiro disco solo, chamado ‘Storm Seeker’.
arte é bem simples, enfocando tons de preto, branco e cinza, mas bem trabalhado. A parte sonora, que ficou a cargo de Børge Finstad, Asgeir Mickelson e do próprio ICS Vortex, é brilhante, deixando cada instrumento usado aparecendo em seu devido lugar, com seu devido volume. E apesar de Vortex cuidar de quase todos os instrumentos  (cantou, tocou baixo, guitarras, teclados), teve auxílio do experiente baterista Asgeir Mickelson (com quem gravou ‘Quintessence’, no BORKNAGAR), do guitarrista Cyrus (do SUSPERIA) gravou os solos de ‘The Blackmobile’, ‘Odin’s Tree’ e ‘When Shuffled Off’), e do tecladista Arne Martinussen, que tocou o bom e velho Hammond em ‘Skoal!’ e ‘Windward’, fora o piano em ‘Storm Seeker’.
Ao rolar o play, damos de cara com um CD que parece um mix do que ele fez no BORKNAGAR e no ARCTURUS, só que ainda mais voltado aos anos 70, ainda mais progressivo, vintage e psicodélico, mas com os pés firmes na modernidade, e sem quase nada característico de Metal extremo, mas o bom gosto em composições fortes e variadas (apesar da duração delas não ser gigantescas, sendo uma média de duração algo por volta dos 3 minutos e meio cada faixa) não deixa dúvidas que ICS Vortex ainda em muita lenha para queimar em se tratando de música.
É um tanto quanto difícil destacar esta ou aquela faixa, pois o CD todo é extremamente bem feito em cada detalhe, com cada música tendo um brilho bem próprio, e tentando ser o mais justo e imparcial possível, podemos destacar ‘The Black Mobile’, forte e climática, que tem algo de BORKNAGAR; ‘Odins Tree’, onde a sensação de estar ouvindo elementos de bandas como GENESISYES e NEKTAR, só que mais pesados e atuais, é evidente; ‘Skoal!’, mais cadenciada, extremamente viajante e etérea, com algo de BEATLES da fase ‘Revolver’, apesar de todo o peso; ‘Aces’, uma bela canção, onde o baixo faz algumas incursões jazzísticas que caem como uma luva; ‘Windward’, extremamente climática; e a maravilhosa faixa-título ‘Storm Seeker’, com seus multi-climas e variações extremamente bem construídos. Mas como já foi escrito antes, não se iluda, pois o disco é nivelado por cima.
Se é um disco recomendado??? Óbvio que sim!!! Vale cada centavo investido nele, com toda certeza de satisfação garantida.
Formação:
ICS Vortex – Vocais, guitarras, baixo, teclados
Asgeir Mickelson – Bateria
Cyrus - Guitarras
Arne Martinussen – Órgão Hammond e piano
Tracklist:
1. The Blackmobile
2. Odin's Tree
3. Skoal!
4. Dogsmacked
5. Aces
6. Windward
7. When Shuffled Off
8. Oil in Water
9. Storm Seeker
10. Flaskeskipper
11. The Sub Mariner
Contatos:


World Downfall - Terrorizer



Imagem
O álbum é cru, direto, sem firulas, efeitos de guitarra e solos. Simplesmente puro Grindcore, aplicando blastbeats, palhetadas e vocais agressivos. O time formado por Pedro "Pete" Sandoval (Batera), Oscar Garcia (Vocais), David Vincent (Baixo) e o finado Jesse Pintado (Guitarras) é perfeito, e executam com maestria as 16 músicas desse petardo, com temáticas, claro, de críticas ao sistema que rege a humanidade, de praxe no Grindcore. As músicas até parecem ter um quê de "todas iguais", mais não são, cada uma se encaixa perfeitamente com a outra e tem variações da pegada extrema com hardcore tradicional.
O som chega muito a lembrar o Napalm Death que já decolava na mesma época, mas claro, o TERRORIZER já contava com um dos membros que iria em breve se juntar ao Napalm, ora bolas! Jesse Pintado! Destaque para as guitarras do cara que realmente sabia fazer som extremo, juntamente com a insana batera de Pete Sandoval, que em nenhum momento pisa o pé no freio nesse album, só paulada! Os vocais de Oscar Garcia são roucos e soam rápidos e potentes, agregando a banda o poder de fogo das mensagens passadas pelas boas letras. Destaque para as faixas "After World Obliteration", "Storm of Stress", "Fear of Napalm", "Corporation Pull-In" e a faixa-título, que aliás, esta última fecha o álbum com chave de ouro, com um riff final que carrega um feeling incrível somando os vocais falados. Possui também uma ótima arte na capa!
Álbum indispensável nos players e materiais dos fãs de Grindcore!
World Downfall - TERRORIZER
(1989 - Earache Records)
Line-up:
Oscar Garcia - Vocais
David Vincent - Baixo
Jesse Pintado (R.I.P) - Guitarras
Pedro "Pete" Sandoval - Bateria
Tracklist:
1 - After World Obliteration
2 - Storm of Stress
3 - Fear of Napalm
4 - Human Prey
5 - Corporation Pull-In
6 - Strategic Warheads
7 - Condemned System
8 - Resurrection
9 - Enslaved by Propaganda
10 - Need to Live
11 - Ripped to Shreds
12 - Injustice
13 - Whirlwind Struggle
14 - Infestation
15 - Dead Shall Rise
16 - World Downfall


Into The Wild - Uriah Heep



Imagem
''Nail On The Head'' abre o disco de forma digna. Um riff maravilhoso, que parece tirado dos anos 70 e repaginado para os anos 2010's. Segue-se com ''I Can See You'' um ótimo hard rock, riff rápido, e uma bateria fenomenal.
''Into The Wild'' não deixa pedra sobre pedra, e os teclados lembram muito a fase setentista da banda. ''Money talk'' apresenta uma pegada ''groove'', o baixo faz ótima presença na faixa. ''I'm Ready'' volta para a levada mais pesada do disco.
O disco abaixa os ânimos com ‘’Trail Of Diamonds’’ que começa como uma balada e vai ganhando certo peso conforme o andamento da música. O peso continua um pouco ofuscado com ‘’Southern Star’’ (Quem que não ouve o Oh,Oh, Oh! E lembra logo do Ah, Ah, Ah! de ‘’Lady In Black’’, que atire a primeira pedra).
O peso volta com a música ‘’Believe’’, porém, nada que impressione muito, parece uma daquelas músicas ‘’enche linguiça’’ de álbum. ‘’T-bird Angel’’, parece uma canção tirada de algum lado B dos anos 80, nada que surpreenda.
A coisa muda de cara com ‘’Kiss Of Freedom’’, que volta com a qualidade inicial do disco. Uma balada de refrão grudento, solo bem feito, e uma ótima interpretação pelo vocalista Bernie Shaw. ‘’Hard Way To Learn’’ encerra o disco de uma bela forma.
Sem dúvidas, é um bom disco, e talvez liste nos melhores lançamentos deste ano, mas no decorrer do álbum parece que a banda ‘’perde a mão’’ e deixa algumas falhas.
Faixas:
01. Nail on the Head
02. I Can See You
03. Into The Wild
04. Money Talk
05. Trail of Diamonds
06. Lost
07. Believe
08. Southern Star
09. I'm Ready
10. T-bird Angel
11. Kiss of Freedom
12. Hard Way to Learn


(What's The Story?) Morning Glory - Oasis



Imagem
O baterista Tony McCarroll desligou-se do grupo, sendo substituído por Alan White, sobrinho do lendário Paul Weller (The Jam), uma das principais influências da banda e amigo pessoal do líder e guitarrista Noel Gallagher. Mais tarde, veio à tona que McCarroll teria sido demitido por Noel, o que provocou certa polêmica. Questionado sobre os motivos de tal decisão, Noel afirmou: “Ele não seria capaz de conduzir as batidas e levadas do novo disco.” Logo os fãs entenderiam isso na prática.
O disco abre com “Hello”, uma pesada e irônica faixa de abertura, que traz a proposta principal da banda, já demonstrada no primeiro disco: hedonistas por natureza. Amúsica traria mais algumas acusações de plágio (curiosamente, todas as músicas do Oasis que trouxeram repercussões desse tipo não alcançaram sucesso internacional), e as batidas de violão do início pareciam belas demais para se perderem numa simples vinheta. E realmente eram.
Em seguida, as caixas de som explodem com “Roll With It”, e fica óbvia a veracidade das declarações de Noel quanto à demissão de Tony McCarroll. O ritmo acelerado e o som quase ensurdecedor, ainda por cima dotado de ativos backing vocals e geniais solos de guitarra de Noel davam a cara e a definição mais objetiva possível do movimento Britpop, que começava a expandir as fronteiras do seu império aos quatro cantos do planeta. Realmente, a lacuna na indústria musical deixada pelo fim do Grunge, que praticamente morreu junto com Kurt Cobain, estava sendo mais do que maravilhosamente bem coberta. Mas ainda não vimos nada.
Sem mais nem menos, a introdução em violões apresentada em “Hello” volta e, para a alegria coletiva dos amantes da boa música, evolui e se desenrola numa das mais belas e emblemáticas canções de todos os tempos: “Wonderwall”. O acompanhamento de violoncelos, a bela interpretação de Liam e a temática romântica da letra realmente tornaram a canção cativante, e ajudaram a eternizá-la como clássico universal.
É importante salientar que a palavra “wonderwall” não existe. Noel compôs esta letra em homenagem à sua amada na época, Meg Matthews, e havia usado a palavra “wonderful” (“maravilhosa”, em português). Porém, Noel sofre de dislexia (distúrbio mental que compromete a memória e a capacidade de concentração) e, ao apresentar a canção ao restante da banda, usou a palavra “wonderwall” por engano. No fim das contas, eles decidiram que ela ficou melhor assim, e creio que todos nós concordamos que a música ficou “wonderful”.
A faixa seguinte começa com uma bela introdução de piano que nos faz perguntar: “Será um plágio de ‘Imagine’, de John Lennon? Mas não. Trata-se de outro clássico absoluto do Oasis, “Don’t Look Back In Anger”, que apresentava simplesmente a seguinte inovação: Noel Gallagher no vocal principal. Uma pequena dissensão interna foi causada quando Noel impôs sua vontade de cantar “Don’t Look Back...” ou “Wonderwall”, pedindo a Liam que escolhesse. Fica óbvio o que foi decidido. Embora Noel não seja um vocalista de ofício, como Liam, e realmente tenha um alcance vocal bastante limitado, pode-se dizer sem medo que ele cumpriu seu papel e, em resultado disso, a canção está gravada em definitivo no coração dos fãs.
“Hey Now!” parecia chamar a atenção para o que vinha a seguir: “Some Might Say”, o primeiro single doOasis a atingir o primeiro lugar no Reino Unido. Embora não tenha a qualidade óbvia de “Wonderwall” ou “Don’t Look Back...”, curiosamente conseguiu o que nem estas e nem “Live Forever”, do álbum anterior, haviam conseguido. Coisas do rock, que não dá para explicar.
“Cast No Shadow”, a faixa seguinte, tem potencial para brigar pelo título de “mais bela canção do Oasis”. A música é maravilhosa, e foi composta em homenagem a Richard Aschcroft, líder e vocalista dos colegas de Britpop, The Verve. Os acompanhamentos de violões, violoncelos e sintetizadores, a harmonia vocal dos backings, e a perfeição da linearidade do ritmo da música pareceram dar a Liam o impulso que faltava para interpretar a melodia com uma “grandeza e beleza que poucas vezes conseguiria igualar em toda a sua carreira”, segundo os críticos. Se o álbum acabasse aqui, já estaria perfeito.
Mas ainda tinha mais. Na minha opinião, “She’s Eletric” entraria como uma faixa perfeitamente descartável, mas não fui eu que a escolhi. Quando parece, por um segundo, que não sairá mais nada de bom do álbum, o barulho das hélices de um helicóptero e um mortífero riff de guitarra introduzem a pesadíssima e maravilhosa faixa-título, “Morning Glory”. Perfeita. E a temática da letra era realista: os Oasis haviam chegado para dominar, mesmo que fosse por apenas quinze anos.
Mas, como se costuma dizer, “tudo o que é bom dura pouco”. O álbum, de 50 minutos de duração, chegava ao fim, mas não antes de apresentar um dos clássicos definitivos do Oasis e uma das mais belas canções de que se tem notícia. A vinheta que a precede traz o repousante som de águas correntes, e é em cima dele que se constrói a doce “Champagne Supernova”. Com quase 7:30 de duração, a canção é capaz de hipnotizar e emocionar o ouvinte, seja pela harmônica interpretação de Liam, seja pelo doce som dos violões, seja pelos melodramáticos solos de guitarra de Noel e do ilustre Paul Weller, que nos dá a honra de ouvi-lo em participação especial, ou seja pelo mellotron, tocado com maestria por Bonehead, que atestou na prática a emoção transmitida pela música quando, segundo a banda, se emocionou e chorou como um bebê quando Noel apresentou o protótipo da canção com um violão, durante uma viagem no ônibus do grupo.
Bem, detalhes e rasgações-de-seda à parte, o disco acabou, e a banda também. Quantas vezes você já o ouviu essa semana? Nenhuma? Você merecia um tiro. Mas, como somos amantes da paz e da boa música, daremos a você mais uma oportunidade de contemplar e se encantar com a grandiosidade dessa verdadeira obra prima do quinteto de Manchester que, embora não valessem o que um gato enterra, realmente sabiam criar boa música juntos.


Takasago Army - Chthonic



Imagem
Faixa 01: O tão aguardado pelos fãs, Takasago Army, tem como primeira faixa a envolvente "The Island" que soa como um poema épico do oriente. Uma apresentação em clima de trilha sonora que traz consigo a bandeira dos heróis taiwaneses.
Faixa 02: Aumente o som, pois "Legacy Of The Seediq" é um soco na boca do estômago. O clima é de guerra. Os riffs de guitarra de "Jesse Liu" e a bateria de "Dani Wang" te colocam m um canto e ficam batendo durante um bom tempo em seus ouvidos com pegadas ritmicas muito interessantes. O paradoxo gutural de "Freddy Lim" consegue ser bruto para todos os lados ao mesmo tempo que é melódico. Os instrumentos orientais de corda como o "Koto" aparecem com uma certa frequência sempre em um ponto estratégico e muito coeso. Há aqui uma boa sensação de que esse pode ser um grande álbum. Uma música de estrutura muito simples com um refrão complexo e quebrado. Com certeza vai funcionar muito bem ao vivo.
Faixa 03: Se a primeira faixa trazia um clima do oriente, a terceira faixa "Takao" é praticamente um hino taiwanês. Uma música muito diferente de tudo o que o Chthonic produziu durante toda a sua carreira e com um refrão em "chinês arcaico" muito simpático para você cantar com toda a sua família. Osinstrumentos orientais continuam aparecendo e, dessa vez, temos a presença da marca registrada do vocalista que toca o violino de duas cordas (hena). Com certeza será a música mais famosa da banda nos próximos anos. Conceitualmente essa música representa a ida dos taiwaneses para lutar no exército japonês na segunda guerra mundial. O heroísmo e o patriotismo estão em alta nesta faixa.
Faixa 04: "Oceanquake" é a prova de que o Chthonic é uma banda capaz de "agitar o Pacífico" (perdoem-me o trocadilho). Em um exemplo de ousadia e criatividade, a música começa pela bateria e logo se apresenta um dueto muito interessante de guitarra rítmica e violino (hena). Sem perder a energia, a música tem várias mudanças muito coerentes chegando a apresentar trechos muito mais melódicos que o comum e em seguida a mesma pegada de peso da segunda faixa "Legacy Of The Seediq". Sem dúvidas uma produção muito moderna de metal extremo com um solo de guitarra redondinho no final e a repetição do dueto entre violino (hena) e guitarra. Tenho certeza de que eles devem estar orgulhosos de ter composto uma música como essa. Estamos na quarta faixa e já sabemos que esse é o melhor do Chthonic.
Faixa 05: Apesar da flauta indígena no começo, "Southern Cross" se apresena como uma típica música de guitarrista. "Jesse Liu" assumiu o controle e fez "Dani Wang" correr bastante com a bateria para acompanhar o seu ritmo alucinante de cavalgadas. Se tem algo muito característico desse guitarrista é mudar constantemente os riffs e deixá-los complexos ao mesmo tempo que são rápidos. E como não poderia faltar, ao final da música temos um solo de guitarra magnífico. Um dos solos mais bonitos de "Jesse Liu" desde "Quasi Putrefaction" do antigo album "Chthonic - Seediq Bale". Nota dez para o bom gosto e feeling do guitarrista e para a banda como um todo.
Faixa 06: Sem perder o fôlego nem a força, o Chthonic avança para mais uma música bruta. Ouvir "Kaoru" é como participar de um tiroteio. É uma música muito tensa e há um sentimento de luta e derrota predominante na música inteira. Talvez uma das mais pesadas do grupo até hoje. A bateria de "Dani Wang", durante várias vezes no meio da música, passa a impressão de soar como uma arma, uma metralhadora dando tiros como se tudo na banda tivesse realmente aderido ao conceito da guerra. Além de um bom peso e poucas passagens melódicas, na reta final da música, um solo vocal aborígene capaz de levar muito marmanjo às lágrimas surge como se fosse poesia em meio a derrota. Você pode não fazer ideia do que a voz feminina diz, mas o significado de perda e melancolia é inevitável.
Faixa 07: Em "Broken Jade" até as guitarras choram. Depois de 5 faixas pesadas, o Chthonic ainda tem força sobrando para nos apresentar mais uma música incrível. Após ouvir "Kaoru" seus ouvidos clamam por "Broken Jade" que surge muito melódica no começo, mas logo você percebe que a guerra não acabou. É interessante notar que essa música tem um ritmo quebrado que passa de 4 por 4 para 6 por 8 dando uma dinâmica diferente sem soar muito progressivo. Em alguns momentos não parece metal extremo. Após um lindo solo de violino, a guitarra e a bateria comendo solta, eles nos presenteiam mais uma vez neste álbum de infindável surpresas: Ao final, enquanto Freddy grita no refrão: "Leve minha alma pelos ventos do Oceano, pois meu corpo eu deixo para a minha ilha mãe (Taiwan)", há uma voz de um locutor de rádio no fundo anunciando a derrota dos japoneses na segunda guerra mundial. O patriotismo assume proporções muito heróicas. Definitivamente um épico. A banda inteira continua impecável até a sétima música.
Faixa 08: Uma pessoa normal não aguentaria mais uma música de carga emocional tão forte. Depois de ouvir "Kaoru" e "Broken Jade" na sequência, nossos ouvidos precisam de uma folga. "Root Regeneration" é tudo o que precisamos. Uma música instrumental com barulhos de água, folhas, ar e todo um ambiente indígena ao meio da mata com uma flauta e uma reza aborígene. Essa música se apresenta como um descanso mental, uma meditação, algo da filosofia cultural dos nativos da ilha (Taiwan).
Faixa 09: Agora que você está regenerado, não vá pensar que a guerra acabou. Chthonic apresenta "Mahakala" como a nona faixa e te enche de porradas mais uma vez. A energia e a força deles nesse álbum parecem infindáveis. Depois de um grande conceito trabalhado nas 8 primeiras faixas, "Mahakala" teria tudo para ser uma música mais fraca, afinal é muito difícil manter um ritmo forte no álbum inteiro... Entretanto isso não aconteceu. Eles conseguiram apresentar mais uma música diferente, com outra estrutura, dessa vez com dois solos de guitarra com um deles, o mais melódico, fazendo dueto oitavado com o violino (hena). Depois de uma pancadaria sem tamanho, a música termina melancólica com o vocal de Freddy lamentando profundamente em seus guturais acompanhado do inseparável violino. Uma música que te prepara para a reta final.
Faixa 10: Todos os fãs de Chthonic já sabiam que este era o melhor álbum e que até então eles tinham apresentado 9 faixas impecáveis, mas a força do conceito de Takasago Army não acabou. Ao início de "Quell The Souls In Sing Ling Temple", se você ouviu o álbum na íntegra, você se sentirá um guerrilheiro cansado, afinal, depois de travar várias batalhas em diferentes músicas com uma carga de peso tanto técnico quanto emocional, o álbum já deve ter te comovido ao ponto de te deixar abatido. Mas não desista agora! Logo no começo você receberá mais golpes no ouvido de um guitarrista e de um baterista que não cansam. Eles mantém o ritmo frenético até o último segundo. Entretanto, tradicionalmente, o Chthonic sempre foi bom em Grand Finales. A última música se mostra como uma das mais completas do álbum. Exatamente na metade da música, existe uma pausa instrumental bastante oriental e logo após, o álbum inteiro muda de face. A bateria se empolga e repentinamente temos uma banda de heavy metal melódico com um vocal gutural. O sentimento de satisfação é soberano porque você percebe que mesmo depois de tantos golpes, tantas perdas no meio do caminho, tantas derrotas, ainda existem forças para lutar, para se manter de pé, mesmo que de frente com a morte. A segunda parte da música é daquelas que você vai ficar voltando a música para ouvir várias vezes, pois cada vez que se ouve haverá uma visão diferente. A última faixa é a certeza de que ninguém é capaz de derrotar o senso de independência que os taiwaneses possuem e que se for preciso eles entrarão em guerra por toda a eternidade, porque eles têm força e peso o suficiente para isso.
O álbum além de dar uma lição de história, contanto fatos verídicos, dá uma lição de patriotismo e mostra que a independência no Taiwan não é um tratado ou simplesmente um feriado, é um conceito cultural de uma civilização que sempre lutou por isso e sofreu uma série de abusos.
Ao final, surpreso e emocionado, tive somente a opção de dar a nota 10. Um álbum excelente, criativo, minuncioso, cheio de detalhes conceituais, mas sobretudo verdadeiro. Destaque para a evolução da banda como um todo, inclusive para a baixista "Doris Yeh", que mesmo dividindo espaço com a poderosa bateria de "Dani Wang" e a brutal guitarra de sete cordas de "Jesse Liu", conseguiu fazer sua presença valer à pena em vários pontos do álbum. Com certeza um dos melhores lançamentos do ano dentro do estilo.