A História e as informações que você sempre quis saber sobre seu Artista/Banda preferidos, Curiosidades, Seleção de grandes sucessos e dos melhores discos de cada banda ou artista citado, comentários dos albúns, Rock Brasileiro e internacional, a melhor reunião de artistas do rock em geral em um só lugar.
Tudo isso e muito mais...
Mais um filme da galera insana do Rio de janeiro com influencias: Dudesons,Cky,Jackass e Dirty Sanchez. Inútil está de volta,e desta vez os repugnantes Junior Sql e Topeira resolveram reunir os seus amigos do BMX,SKATE e da RUA,com a intenção de fazer um filme mais sujo que o anterior. Inútil Arnc (A rua é nossa casa) é um nome bem sugestivo e sincero,já que o filme foi gravado 95% na rua.
Assim, o EP “WarsaW”, liberado em meados de 2010, foi compreensivelmente comparado ao que o sueco Arch Enemy praticou em vários pontos de sua carreira. E, curiosamente, os argumentos de uma resenha publicada aqui mesmo do Whiplash! foram rebatidos por personalidades da cena musical do Brasil, graças a uma curiosa campanha em prol do Diva...
Pois bem, de posse do caprichado material promocional de “WarsaW”, a audição revela uma fusão de Thrash e Death Metal bastante ríspido e técnico. O quarteto segue à risca uma fórmula e ainda não encontrou dispositivos que permitam revelar alguma distinção, o que acaba limitando consideravelmente o fator emocional, tão importante para muitos ouvintes – atentem para “Condemned”, que até rendeu um vídeo, para citar apenas um exemplo.
Mas algo relevante é que, apesar das ingratas comparações, é inegável que Angélica possui seu próprio estilo de cantar ameaçadoramente e as guitarras de Pedro Viana serem muito boas, em especial no quesito solos. Ou seja, pode ser uma questão de tempo para o Diva filtrar e trabalhar suas influências para desenvolver suas ideias a contento. E, neste sentido, os cariocas soltaram uma prévia do single inédito “World's Collapse”, uma atrocidade entorpecente que aparentemente – e só aparentemente – não soa tão ‘seco’ como o oferecido neste “WarsaW”. Vamos ver o que o futuro reserva por aqui...
E este é um trio que consegue manter as coisas devidamente interessantes ao longo dos pouco mais de 15 minutos de audição. Sua proposta, ainda que tenha como cerne praticamente todas as características do Thrash da velha escola norte-americana, oferece muitas mudanças de andamento bem planejadas e agrega alguns outrosestilos, resultando em um dinamismo que não se observa com freqüência entre quem está iniciando suas atividades.
E isso conta muito, é só atentar para a abertura “Written On Your Face” ou “Criminal Poor Soul”... Com umagravação eficiente, o Dis-Ordher assume que suas influências principais sejam Slayer, Sepultura, Pantera e Lamb Of God. Com certeza, e é o público que admira esses veteranos os que encontrarão os maiores atrativos por aqui. Os paulistas estão de parabéns e avisam que seu debut está em andamento!
E “This Cage” oferece uma fusão de Thrash e Death Melódico bastante técnico e que, mesmo não acrescentando características peculiares e permanecendo certa similaridade entre alguns riffs, tudo é inegavelmente bem feito. São apenas três composições que primam pela agressividade, intercalando velocidade e passagens repletas de groove; além de evidente bom senso no momento de explorar linhas vocais gritadas e limpas.
Boa demo! A audição não chega aos 15 minutos, mas merece ser cuidadosamente conferida pelo público que aprecia nomes já consagrados como Soilwork, Dark Tranquillity e Into Eternity. E confesso que, se esses gregos lançassem hoje um debut cujascanções fossem tão interessantes como as que constam neste “This Cage”, eu compraria o CD importado.
Passou-se muito tempo, mas agora o Heaven's Basement conta com um novo vocalista e está lançando “Unbreakable”, um EP que mostra uma drástica mudança se comparado com seu antecessor. A veia setentista voltada ao Blues foi preterida e agora os ingleses investem em um Hard´n´Roll bastante moderno e que claramente aponta para o mainstream. Nem parece a mesma banda!
Mas a química é excelente ao longo de sete composições que esbanjam energia melódica. Canções pesadíssimas como a abertura “Unbreakable” ou “Paranoia” (ótimo coro!), ambas exibindo o novato Buchannan muito à vontade no posto do microfone, e a bonita balada "Let Me Out Of Here" podem ser consideradas destaques, mas o fato é que os cerca de 30 minutos de audição tem muito a oferecer.
Com uma produção espetacular que apenas valoriza a atual linha sonora e elegante do grupo, “Unbreakable” é a prova de que o Heaven's Basement passou da hora de liberar seu primeiro álbum completo. Ou a cena musical daqueles lados é por demais exigente e já não suporta mais esses cortes de cabelos tão infames, vai saber...
Chegado o dia do festival outra indagação começou a pipocar: Slipknot tocando depois do trio mais pesado e sujo do Motörhead? Pelo menos para esse redator que vos fala gerou certa desconfiança, até descrença, sobre o poderio sonoro dos americanos, a qualidade de sua apresentação e a capacidade da banda em segurar a bronca de abrir para a vanguarda do thrash metal, o Metallica. Afinal, o som praticado pela banda tem como foco o público mais jovem, se preferir os adolescentes pseudo-revoltados, onde a idéia de odiar tudo e todos é sempre a bola da vez.
E como é bom dizer: minhas previsões estavam equivocadas do começo ao fim. O Slipknot trouxe, sem a menor dúvida, o show mais brutal de todo festival e conseguiu a atenção do público do primeiro ao último acorde. Inclusive do público que, digamos, já tem bons anos na longa estrada do rock n’ roll. A insanidade instaurada no palco pelos mascarados era refletida aos fãs, que por sua vez a potencializava e devolvia à banda em forma de insanos mosh pits, punhos cerrados ao ar e muitos, mas muitos, urros na tentativa de superar a desgraceira vinda do palco.
Em uma briga digna aos grandes titãs, banda e público fizeram bonito pela bacana cumplicidade e respeito entre as partes. E por falar no melindroso assunto respeito, mesmo num show em que a pista mais parecia arena de gladiadores, visto tamanha agitação e brutalidade da galera, o respeito e amizade falavam tão alto quanto o som vindo dos PA’s, indo de encontro às previsões e impressões vendidas pelos mais desinformados.
Ornamentado numa produção interessante, com direito a labaredas de fogo; telão com imagens destorcidas, às vezes sem nexo algum, em meio ao logo da banda; diversas estacas com o a letra ‘S’ personalizada fincadas pelo cenário; percussão que tem seu tablado elevado em determinados momentos do show e a bateria que se coloca na vertical para o delírio dos fãs, os americanos conseguiram a ambiência perfeita para seu caos, ou melhor, para sua música.
Não é segredo que o Slipknot não tem lá uma discografia robusta, com inúmeros álbuns de estúdio, mas nos quatro discos lançados pela banda há material suficiente para fabricação de uma bomba sonora de proporção catastrófica. E, acredite amigo, isso foi mais que provado no último domingo (25).
Do primeiro álbum vieram aberrações sonoras do teor de “(Sic)”, “Eyeless”, “Liberate”, “Surfacing” e as mega conhecidas “Wait to Bleed” e “Spit It Out”. Vale acrescentar que essas duas últimas canções citadas foram o cartão de visitas da banda no começo de carreira, e por muito tempo foram referência musical do até então pouco conhecido nome Slipknot, sendo assim, são as responsáveis pelo holofote na carreira dos músicos. E como o peso das canções incita. A recepção não poderia ser diferente do caos estabelecido pelos fãs.
“Disasterpiece”, “People=Shit” e “The Heretic Anthem” beberam muito da fonte death metal, e vêem representando o álbum, “Iowa”. Como era de se esperar, a performance agressiva dos caipiras de Iowa manteve o clima do show em temperatura elevadíssima, mas por trás da grossa camada de agressividade e presença de palco insana, os músicos se defendem com nível técnico acima da média, tendo destaque para o ‘baixinho’ baterista Joey Jordison e o vocalista Corey Taylor. Como esse rapaz canta...
Em uma comparação irresponsável ao material escrito pelos americanos, as canções “Before I Forget”, “Duality” e “Psychosocial” podem ser taxadas como os momentos mais acessíveis do repertório, onde há um flerte com vocais limpos, mas, tampouco, é sinônimo de ‘moleza’ aos fãs. O peso só está embrulhado numa forma mais amena aos ouvidos mais sensíveis.
E sem medo algum de errar ou fazer previsões sem pé ou cabeça, como alguns supostos gurus o fazem, afirmo que o Slipknot fez o show mais brutal de todo o festival, e olha que ainda faltam alguns dias de festival para rolar, com apresentações do calibre e peso de System of a Down, sendo a única banda do ‘cast’ do festival que pode tentar chegar perto da desorientação sonora produzida pelo Slipknot. E reitero o quão feliz fiquei de ver minhas equivocadas previsões caindo por terra. Digo mais. Espero que a insanidade, que também atende pela alcunha de Slipknot, volte o quanto antes aos palcos brasileiros e traga de volta esse tão bem vindo circos dos horrores.
Se uma década atrás a banda teve sua performance no festival criticada por alguns, desta vez nem estes podem reclamar. Na verdade, podem sim. A duração do show, cerca de 1h40, poderia ser maior. E merecia, pela grande noite. Kiedis e cia estavamanimados, afiados e inspirados.
A apresentação começou com quase uma hora de atraso. E o público aguardava ansiosamente. Quando a banda entrou no palco tocando “Monarchy of Roses”, do novo álbum “I’m With You” (2011), as 100.000 pessoas presentes naquele dia, segundo estimativa da organização do Rock in Rio, enlouqueceram.
Com um repertório alternado, que passava por todas as fases da carreira do grupo, o RHCP dominou a multidão com faixas como “Can’t Stop”, “Otherside”, “Dani California”, “Under the Bridge” e “Factory of Faith”. Já os fãs mais antigos da banda puderam pirar com “Pea”, “Me & my Friends”, “Higher Ground” e “Blood Sugar Sex Magik”. Simpáticos, entre a execução de uma faixa e outra, Kiedis e Flea faziam piadinhas e divertiam o público.
A banda, no geral, demonstrou bastante competência no palco. Smith arrebentava na bateria, enquanto Klinghoffer provava aos fãs mais céticos de que ele era um músico à altura de substituir o gênio Frusciante. Mas claro que todos desfariam a troca sem pestanejar. Já Flea hipnotizava os fãs com suas demonstrações no baixo e Kiedis exibia a boa forma de sua característica voz. A sequência de “Californication” e “By the Way” foi o ponto alto da noite. Naquele momento se ouvia de qualquer canto da Cidade do Rock o coro do público como não podia ser escutado em nenhum outro momento da apresentação. E a banda ficou impressionada com aquilo.
Pouco depois o RHCP deixou o palco e retornou para o bis, que começou com um solo de bateria de Smith com direito a um convidado especial: o percussionista Mauro Refosco. O brasileiro, que participou da gravação do último disco da banda, trouxe um pouco do gingado do samba para o Rock in Rio e empolgou o público.
Em seguida o RHCP apareceu vestindo camisetas com o rosto de Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, morto no ano passado ao ser atropelado quando andava de skate dentro de um túnel interditado na zona sul do Rio de Janeiro. O Red Hot Chili Peppers era a banda favorita do músico, que completaria 20 anos de idade exatamente naquele sábado. Sendo assim, todos os integrantes, prontamente, toparam prestar a homenagem a Rafael quando souberam do caso e da data marcante. Emoção em pleno Rock in Rio. A música escolhida para o momento especial foi “Around the World”.
Já na reta final de sua apresentação, pouco depois de 3h da manhã, o RHCP tocou “Give it Away” para se despedir da multidão de fãs com chave de ouro. Depois, os californianos se despediram do público enquanto os fãs praticamente imploravam pelo retorno da banda ao palco. Não teve jeito, era o fim de uma noite que ninguém queria que acabasse. Que venha uma próxima exatamente igual, ou melhor, em breve.
Set list:
1- Monarchy of Roses 2- Can't Stop 3- Charlie 4- Otherside 5- Look Around 6- Dani California 7- Under the Bridge 8- Factory of Faith 9- Throw Away Your Television 10- Pea 11- The Adventures of Rain Dance Maggie 12- Me & My Friends 13- Did I Let You Know 14- Higher Ground (cover de Stevie Wonder) 15- Californication 16- By the Way
Bis:
17- Chad Solo de bateria (com Mauro Refosco na percussão) 18- Around the World 19- Blood Sugar Sex Magik 20- Give It Away
Embalada nessa mesma onda de sucesso das últimas turnês, a instituição Metallica ficou com a responsabilidade de encerrar o único dia verdadeiramente rock ’n roll do festival Rock in Rio 4, que ainda contou excelentes apresentações dos americanos do Slipknot e os mais rápidos e sujos do velho oeste do maravilhoso Motörhead.
E por falar em velho oeste, a película “The Good, The Bad and The Ugly” e a emocionante trilha, “The Ectasy of Gold”, de Ennio Morricone, é o prenuncio que a festa thrash está para começar. Seguindo a cartilha da ultima turnê, a pedrada “Creeping Death” é a mais perfeita abre alas da noite, e do mesmo álbum, “Ride the Lightning”, a ‘heavy’, “For Whom the Bells Tolls”, já dava a certeza que o último Domingo (25), ficará marcada na memória dos mais de cem mil fãs da instituição thrash.
Com inteligência os músicos deram pouca atenção à época mais duvidosa da banda, a energética “Fuel”, sendo um dos poucos bons momentos de tal período, mantém o clima da festa em alta. Depois de feitas as honras da casa e expressado o quão a banda estava feliz por voltar aos palcos cariocas, o clima de festa é elevado à estratosfera com a música homônima ao álbum citado, “Ride the Lighting”. Desnecessário enfatizar que os ânimos dos entusiastas pelo velho e bom thrash metal são exaltados em momentos como esse, aonde toda essência do estilo vem à tona sob a forma desse clássico.
Parece papo de gente velha que cheira naftalina, quando não a mofo, mas sempre comento o quão benigno a idade ou maturidade é para todos nós. E mais uma boa prova disso é o vocalista, James Hetfield. James está hoje mais comunicativo, consegue conduzir à apresentação da banda com maior desenvoltura, saindo do piloto automático ou daquelas burocráticas cartilhas que bandas e músicos inexperientes decoram de cor e salteado. Tal desenvoltura e comunicação são responsáveis pela boa característica intimista com músicos e fãs se sentido à vontade, refletindo mais que positivamente na dinâmica dos shows.
Não pense você que a euforia tenha sido abalada pela calma e emoção de “Fade to Black”. Muito pelo contrário. A canção registrou um dos melhores momentos da noite, com mais de cem mil vozes no coro de cada melodia. Fato curioso na execução da canção fora o erro bobo e até engraçado do vocalista/ guitarrista James quando sua guitarra o traiu com uma ‘completa falta de peso’ - faltou distorção na guitarra - numa importante interseção da música. Fato ironizado depois da canção pelo próprio músico, repetindo o erro e complementando: bem pesado assim, hein?
Algo que vale comentar é a produção de palco da banda e o sistema de som. Diferente da horrenda qualidade de som que as bandas brasileiras tiveram de lidar no palco Sunset, o Metallica teve ao seu dispor um dos melhores sistemas de som já vistos, ou melhor, escutados pelas bandas de cá, com todos osinstrumentos equalizados de forma assustadoramente alta e cristalina. Já a produção de palco é a mesma usada na última turnê por aqui, em 2010, e a mesma apresentada no DVD “Orgulho, Paixão e Glória”, com fogos artifícios, explosões e labaredas de fogo. Nada que vá deixar o pessoal do Kiss com inveja, mas bem bacana e, com certeza, abrilhantou ainda mais a noite da consagração metal no Rock in Rio.
Com a boa idéia de mudar parte do repertório a cada apresentação, a banda consegue dar um caráter único a cada vez que pisa num palco. E como é de se esperar não faltam bons momentos no ‘setlist’ dos americanos, as novas e longas “Cyanide” e “All Nightmare Long” se juntam às velhas conhecidas como a pesada “Sad But True”, a delicada “Nothing Else Matters” e o pesadelo em forma de música, “Enter Sadman”. As boas surpresas da noite ficaram por conta da instrumental “Orion”, que muito nos fez lembrar o saudoso baixista Cliff Burton, a urgência da rápida “Whiplash” e o cover da banda inglesa Diamond Head, “Am I Evil”.
A certeza que o Metallica fez questão de transparecer aos seus fãs é que a banda está num excelente momento, arrisco dizer que seja até o melhor com a carreira mais que consolidada e músicos experientes certos de qual caminho a seguir. O show apresentado na noite do terceiro dia de Rock in Rio 4, domingo (25), foi prova disso e, com certeza, estará no registro dos melhores momentos da história do festival. Tenho certeza que a maratona de shows e o dia fora pra lá de cansativo, mas o presente de ver a voz do Tharsh Metal, Metallica, em alto e bom som é algo que ficará registrado nos corações de todos.
Cheguei por volta de 15h no festival, e a entrada foi tranquila. Aliás, o transporte especial disponibilizado funcionou perfeitamente também, com o ônibus saindo até adiantado do horário e indo direto para a Cidade do Rock. Já dentro, me dirigi para o Palco Sunset, pois o show do Matanza com B.Negão já tinha acabado e queria me posicionar para o show do Korzus e seus diversos convidados. A banda entrou mandando um poderoso thrash metal, que infelizmente foi completamente diluído pela qualidade do som. Meus caros, o som estava HORRÍVEL!! Ia e voltava, abafado, sem potência. Sabe aquele bar da esquina que toca Calypso (arghh!)? Deve ter um som melhor... Mesmo assim, Marcello Pompeu, o vocalista da banda, regia a platéia e clamava em tons patrióticos (até pediu pra galera cantar um trecho do hino nacional...). Após alguns petardos próprios, a banda começou a chamar seus convidados: começou com o Shmier, do Destruction, depois com o Mike Clark, do Suicidal Tendencies, e o East Bay Ray, do Dead Kennedys. Foi quando tocavam "California Ubber Alles" que o vocalista de um projeto doido lá perdeu a voz de vez e o nosso B.Negão voltou novamente no palco pra salvar a música. Pra fechar os "encontros", João Gordo, do lendário Ratos de Porão, entrou pra cantar "Beber Até Morrer". Não sem antes dar um sonoro esporro, pedindo respeito com as bandas nacionais. Alguns podem ter entendido que esse esporro foi com a platéia, mas eu acho que foi com os organizadores do festival, que capricharam na escalação esdrúxula, deixando Korzus, Angra e Sepultura relegados a um quinto plano, chamando para o palco principal bandas totalmente desconhecidas do público brasileiro de heavy metal.
Confesso que fiquei sentado durante o show do Angra. Numa maratona dessas de festival, você precisa escolher suas prioridades, especialmente com idade mais avançada... Cada um escolhe as bandas que tem mais tesão em ver, e o Angra não me chama a atenção há algum tempo. Só levantei mesmo quando eles tocaram "Carry On", no final do show. O público pareceu gostar do show, então deve ter sido bacana. Diga-se de passagem que o som durante o show do Angra conseguiu ficar pior ainda...
Enquanto a grande maioria do público esperava o show do Sepultura começar, escutamos os primeiros acordes no Palco Mundo, do tal Gloria. Até que de longe não parecia ser tão ruim assim. Eles até arriscaram covers do Pantera ("Domination" e "Walk"), mas neste meio tempo começa o show do Sepultura, aí o bicho pegou, todo mundo esqueceu o Palco Mundo mesmo. Tiveram como convidados o grupo Tambours Du Bronx. O Sepultura sempre teve esse lance de atração com grupos de percussão e este encontro foi bem recebido pela platéia e os arranjos casaram bem. A banda abriu com "Refuse/Resist", tocou algumas novas, deixou o grupo convidado tocar umas também, e partiu para o abraço com os sucessos "Territory" e "Roots Bloody Roots", esta última com a participação do doido varrido Mike Patton, que no dia anterior deixou todo mundo boquiaberto com aquela doideira de cantar em italiano. Fim de show, ovação geral da galera que só então partiu para a migração rumo ao Palco Mundo.
Mais uma vez tive que priorizar, desta vez a alimentação e o banheiro (totalmente imundo, diga-se de passagem), e não assisti ao tal Coheed And Cambria. Alguns fizeram comentários maldosos de que o vocalista parecia ter cabelo de poodle... Depois de devidamente alimentado e aliviado, me posicionei para os shows mais importantes da noite. Tava muito cheio e fiquei mais pra trás mesmo, o telão tava com qualidade boa e foi de grande ajuda. Lá pelas nove e tanta da noite, entra o Motörhead, totalmente aclamado (segundo James, do Metallica, o padrinho da coisa toda) pela galera. Já entrou chutando a porta com "Iron Fist", emendada por "Stay Clean". Eu e alguns amigos meus achamos que o som do Palco Mundo não estava muito bom durante o show do Motörhead, alguém que também tenha ido me diga se concorda ou não. De qualquer forma, a performance da banda foi arrasadora, com Mickey Dee descendo o pau na batera com vontade, Phil Campbell bem desenvolto em sua guitarra e Lemmy nem precisamos falar. O ponto alto do show foi quando a banda tocou "Ace Of Spades" e depois "Overkill", fechando o show. Nesta última, Andreas Kisser fez uma rápida participação (o Andreas tá arroz de festa total nesse festival...).
Nem meia hora de intervalo e o Slipknot adentra o palco. Com a introdução rolando no fundo, a banda foi entrando aos poucos, exibindo suas máscaras para o público e criando toda uma atmosfera para, depois de alguns minutos, despejar um metal de qualidade, bem pesado, que agradou bastante a galera. Começaram com uma sequência arrasadora de músicas de seu primeiro álbum, culminando com a excelente "Wait And Bleed". Depois foram desfilando canções dos demais discos também. Tudo isso recheado com efeitos pirotécnicos e performances de seus integrantes, além dos efeitos mecânicos, com a percussão subindo e descendo a toda hora, stage diving de um dos integrantes, bateria dando loop e tudo. Já para o final do show, durante "Spit It Out", Corey Taylor pediu para todos se abaixarem (conseguiu ser atendido!) e pularem a seu comando. Um momento bem legal do show. Tenho que concordar com o twitter do Whiplash.Net ao comentar este show: "Show Apoteótico!".
Claro que a grande maioria do público estava ali para ver o Metallica, que não tocava no Rio de Janeiro desde 1999. Depois de tanta espera, a banda entrou no palco (após a tradicional introdução de abertura com "Ecstasy Of Gold") cuspindo fogo com seus clássicos do "Ride The Lightning": "Creeping Death" e "For Whom The Bell Tolls", a faixa-título e "Fade To Black", com "Fuel" completando esta primeira parte do show. A reação do público foi absurda, quase todos cantavam todas as letras, pulavam, levantavam suas mãos e faziam o símbolo dos chifrinhos o tempo todo. Duas músicas do disco "Death Magnetic" foram bem recebidas, mas o show voltou a ferver quando James ecoou os versos de "Sad But True". A seguir, pra mim o momento mais especial do show, uma sequência de músicas do "Master Of Puppets", com a bela execução da instrumental "Orion" incluída. A adrenalina não descia, o Metallica não permitia isso acontecer. A introdução de "Blackened" anunciou mais um petardo a 100 km/h, com as tradicionais labaredas subindo no refrão. Momento balada lindo com "Nothing Else Matters" e todo mundo cantando junto e a seguir "Enter Sandman" para delírio total dos cem mil presentes. Calma, ainda não acabou! A maratona de metal ainda teria três maravilhosos momentos: "Am I Evil", que pra mim já virou música doMetallica, a arrasa-quarteirão "Whiplash" e o êxtase total com "Seek And Destroy", as luzes todas acendidas e James exigindo que todos gastem a última gota de energia. A galera atendeu e vibrou intensamente, coroando mais uma gloriosa apresentação do Metallica no Brasil.
Sinceramente, não vejo nenhuma outra banda do festival conseguir tirar o título de melhor show doMetallica. E o segundo lugar também me parece garantido para o Slipknot... Todos saíram cansados, extenuados, arrasados. Mas extremamente felizes com os shows excelentes que presenciamos.
Domingo que vem tem mais, com System of a Down. Aguardem...
No dia 25 de setembro no intervalo entre as bandas do palco mundo do Rock in Rio, as pessoas que deitavam pelo gramado inovaram até na hora de achar um travesseiro, como podemos ver nesta foto:
Quando a parceria entre o Metallica e Lou Reed foi anunciada, a primeira reação que tive foi: “que merda”. A razão para isso foi que, para mim, seria inconciliável que duas sonoridades tão distintas conseguissem conviver harmonicamente, construindo algo de qualidade. Mas, ao ouvir o primeiro single do projeto, confesso que mudei de opinião.
"Lulu", o disco que Reed e o Metallica gravaram juntos e que chegará às lojas no próximo dia 31 de outubro, estará sujeito a avaliação de dois grupos bastante extremistas. De um lado os fãs de Lou Reed, um dos maiores músicos da história do rock, fundador e líder de uma das bandas mais influentes do gênero – o Velvet Underground – e dono de uma carreira solo pra lá de consistente, ainda que pródiga a flertes esporádicos com sonoridades experimentais que, de um modo geral, deram com os burros n'água. O ápice disso é o inaudível "Metal Machine Music", de 1975, que, quando muito, serve apenas para enfeitar a mesa de sua sala de estar.
No outro extremo temos os apreciadores do Metallica, ao lado do Black Sabbath e do Iron Maiden a banda mais influente da história do heavy metal e, em termos comerciais e número de vendas, indiscutivelmente o maior expoente do gênero em todos os tempos. Como todo fã de metal, os do Metallica também apresentam, de modo geral, uma visão conservadora e saudosista, que vai na contramão do que a banda aspira. Enquanto os fãs cultuam – de forma totalmente justa, que isso fique claro – os álbuns iniciais da carreira do grupo, o quarteto sempre se mostrou inquieto, levando o seu som para os mais diversos caminhos, expandindo as fronteiras do heavy metal em álbuns que nunca foram muito bem aceitos pelos fãs – vide a dupla "Load" e "Reload".
No meio disso tudo, abstraídas as opiniões apaixonadas, resta a música, pura e simplesmente. E ela, ao contrário do que poderia se supor, não é ruim. “The View”, o primeiro single de Lulu, surpreende positivamente. Com riffs pesados e arrastados que remetem diretamente aos já citados e controversos "Load" e "Reload", a faixa conta com os característicos vocais falados de Lou Reed, uma de suas marcas registradas. A interpretação de Reed é primorosa, narrando a letra como um conto, sendo interrompido de tempos em tempos por um raivoso James Hetfield cuspindo frases como “I am the root, I am the progress, I am the agressor”, em uma analogia explícita às gigantescas diferenças que existem entre o universo sonoro de Reed e do Metallica.
É como se, ao se unirem, tanto Reed como o Metallica saíssem ganhando. Lou recebe o acompanhamento poderoso de uma das maiores bandas da história da música, enquanto, para o Metallica, o benefício está não só na concretização das suas aspirações artísticas, mas, principalmente, no tão sonhado reconhecimento por executar um som mais sério e profundo – ainda que os fãs estejam pouco se importando com isso.
“The View” é uma boa música. Não é uma obra-prima, mas está longe de ser ruim. E, ao contrário do que todo mundo pensava, lança uma luz de esperança sobre um trabalho que, de modo geral, todos enxergavam com desconfiança. Confesso que, depois de escutá-la, minha curiosidade pelo disco completo cresceu assustadoramente.
Que o dia 31 de outubro, data em que se comemora o Halloween, chegue rápido e com boas notícias, e não com o pesadelo que, em um primeiro momento, parecia trazer.
Longe do blogueiro usar o espaço para fazer média com QUALQUER pessoa, instituição ou pensamento. Vou dizer o que penso sobre um fato, analisando os ingredientes inerentes a este e deixar ao leitor o direito de refletir comigo, discordando, concordando, atuando, "indiferindo", mas pensante, nunca babacamente no canto, esperando a opinião alheia para se fazer presente.
A discussão sobre o show do Angra e a posterior postagem do Ricardo Seelig sobre o possível fim da banda (link abaixo) são, embora relacionadas, distintas.
Primeiro: o show foi horrível. Se a culpa foi técnica, se a culpa foi dos músicos, se a culpa foi da participação da família Lima, se a culpa foi da performance vexatória do ótimo Edu Falaschi, isso de fato, é o que menos interessa, existem dias ruins. Eu até hoje não entendi e já explorei isso através dos textos publicados em meu blog e aqui no Whiplash, porque uma banda como o Angra se submete a tocar em um palco secundário, na qual se sabe que o tratamento dado aos músicos e sua equipe técnica não é semelhante ao dado às bandas do palco principal? Por que uma banda formada por músicos tão competentes e reconhecidamente valorosos precisa de fusões (bacanas ou não) para fazer sua participação em um festival grandioso como RIR. Em que país eles estão?
Segundo: quando o vocalista da banda dá inúmeras declarações na qual secundariza sua banda mais famosa e prioriza seu projeto (?) está na cara que tem alguma coisa errada. Não adianta os membros após a declaração do Ricardo apenas se defenderem do que o blogueiro detonou na internet. Por que não tentam explicar as próprias declarações do Edu que está claramente "fora" da banda faz algum tempo? Se o Ricardo - segundo os músicos - "defecou pela boca" (expressão usada pelo Felipe no twitter), o que o Edu tem dito para quem quer ouvir tem o mesmo cheiro do dejeto deixado - segundo seus integrantes - neste meio de comunicação.
Terceiro: Aqua veio, Aqua foi. Parece que atualmente o que menos interessa na carreira da banda é música. Sempre envolvida em polêmicas, alimentou boa parte delas. Quando é necessário não sabem usar a assessoria? Porque não dão uma coletiva e desmentem - não o Ricardo - o próprio Edu de que, tudo realmente está bem, que não há nenhum imbróglio e que estão atrás de um outro vocalista?! Afinal de contas, foi para isso que a banda "voltou com força total"? Para fazerem um papel vexatório em um festival como RiR? Para gravarem um disco que não acrescentou uma gota d´água (com o perdão do trocadilho) numa discografia de músicas tão marcantes para quem gosta de metal?
Jamais irei desmerecer o valor musical e nem os princípios éticos de respeito, moralidade e civilidade para com uma das melhores bandas formadas neste país. Seria baixo, tolo e ultrajante. Só não dá para ver uma discussão dessas e simplesmente não vir a público para dizer o que ninguém percebeu: o Angra não vai acabar porque já acabou.
No ano de 1996, o Sepultura estava em sua melhor fase trabalhando na turnê de "Roots", colhendo os frutos da grande repercussão que Arise e Chaos AD causaram na cena Heavy Metal mundial, quando após todos aqueles rolos que já conhecemos, Max decide deixar a banda. Parecia configurar o fim do Sepultura, afinal qualquer banda que perca seu frontman e um dos principais compositores acaba sendo baqueada, e o tombo é certo, porém, eles se ergueram!
A trajetória até conseguir se manter de pé e com honra equivalente aos velhos tempos foi árdua. A banda escolheu um novo vocalista que não conquistou de cara o público, foram necessários 3 albums de estúdio para que no 4º a aceitação de fato começasse a acontecer, e mesmo assim não significou aceitação à nova sonoridade da banda. As criticas a sonoridade e os pedidos de reunião com Max foram, e ainda são constantes. A saída de Iggor em 2006 do Sepultura não foi tão impactante e a chegada de Jean Dolabella foi muito bem aceita.
De 1998 até os dias de hoje, creditam-se 13 anos na luta para se reerguer e se manter de pé sem depender do nome Cavalera, e sem dúvida o responsável por todas essas conquistas e por hoje termos umSepultura que faz jus ao jargão SEPULTURA DO BRASIL, atende pelo nome de Andreas Kisser.
O cara bateu de frente com todas as críticas, dificuldades, pedidos de reunião, gravadoras que não estavam dando a mínima para a banda e o mais foda de bater de frente, fãs que renegavam a banda.
Além de tudo isso, o cara mostrou que é fiel e leal aos seus companheiros, um cara de honra, que mesmo podendo fazer o retorno com os Cavalera mediante um contrato milionário não deixou que a ganância abalasse sua honra, e hoje ele colhe os frutos de tudo isso.
O Sepultura hoje faz parte da Nuclear Blast, sem dúvida a maior do ramo, que realmente se importa com eles e não apenas coloca seus discos nas lojas para serem vendidos como as anteriores vinham fazendo. Uma parte considerável da mídia como também uma parte considerável do público já respeitam o desejo da banda de não fazer uma reunião. E seu novo álbum KAIROS foi muito bem aceito mundialmente, a banda vem fazendo grandes shows em grandes festivais.
Começar a colher estes frutos é resultado de anos de luta árdua, perseverança e força de vontade da banda e principalmente de Andreas, mas além dessas conquistas coletivas, que não são mérito apenas dele, tenho que destacar os méritos pessoais conquistados por ele, que se não fosse por sua força e determinação em ir em frente não teriam sido conquistados. Andreas participou do Roadrunner All Stars, juntamente com outros renomados músicos como Rob Flynn, Dino Cazares, Paul Grey, Ripper Owens e vários outros, e chegou a montar uma banda com os dois últimos, o HAIL.
Recentemente ele foi convocado por Scott Ian, guitarrista do Anthrax, para substitui-lo na turnê de verão europeia da banda, da qual teve que se ausentar pois aguardava o nascimento da primeira filha com sua esposa Pearl Aday. Além de substituir Ian no Anthrax, uma de suas bandas favoritas, Andreas tocou alguns shows do Big 4 juntamente com outras três grandes influencias, Megadeth, Slayer e Metallica, fazendo parte também da famosa Jam com os membros dos 4 grupos.
Para completar com Chave de Ouro o ano de 2011, Andreas juntamente com o Sepultura subiu ao palco Sunset, do aguardadissimo Rock in Rio 4, para fazer uma apresentação digna de todos esses 13 anos de batalha, firmando o nome do Sepultura como maior representante do Metal brasileiro no mundo. E para completar suas conquistas pessoais, Andreas subiu ao palco no mesmo evento com ninguém mais ninguém menos que o Motorhead de Lemmy para fazer uma participação tocando guitarra.
Eu o vejo como um homem de luta e vencedor, o típico brasileiro que não desiste nunca e deve servir de exemplo para todos que estão na luta por suas conquistas e vitórias. Espero que cada brasileiro fã de música pesada como eu passe a ter essa consciência e passe a valorizar todas estas coisas e utilizar como exemplos de perseverança em suas vidas.
Eu estava conversando com o Francis, do Status Quo, um dia desses, perguntando como ele se sente em cair na estrada de novo pela que deve ser a milionésima vez. Francis é notoriamente difícil de arrancar de casa seja lá pro que for. Ele tem tudo que ele precisa lá, esposa, muitos filhos, cachorros, e um pequeno pássaro que ele resgatou quando ainda era um filhote e agora voa com ele para o jardim e então pousa em sua mão e deixa que Francis o alimente.
Depois de uma vida de músicas e álbuns de sucesso ao redor do mundo todo, Francis também está muito rico. Então por que ele ainda sai em turnê?
Ele olhou pra mim com uma cara engraçada e suspirou. “Eu não seu a resposta pra essa pergunta. Tudo que eu sei é que depois de todo esse tempo nós demos um jeito de fazer as coisas tão confortáveis quanto possível.”
Ele falou sobre o recém-confeccionado ônibus de turnê do Quo.
“Nas antigas, os ônibus de turnê eram bem funcionais: camas suficientes para uma banda de cinco membros e um empresário dormirem, um microondas, algumas latas de cerveja e um vaso sanitário portátil. Hoje em dia você está falando de algo mais luxuoso do que um quarto de hotel! O que nós temos agora é um veículo de dois andares, muito maior e mais largo do que os antigos, com todos os acessórios opcionais desenhados por mim e Rick «Parfitt». Há uma grande área nos fundos só pra mim e a mesma coisa para Rick na frente. A minha é como uma suíte de dois quartos com uma sala.
“Na verdade parece que você tem espaço, não como se você estivesse mesmo num ônibus. Eu tenho todos meus confortos: duas guitarras – elétrica e acústica – além de meu próprio estúdio portátil, TV, laptop, iPod, livros, DVDs, o que você pensar. Tudo com ar-condicionado e eu tenho até meu próprio chuveiro. É tão luxuoso que se fosse depender de nós, nós nem sairíamos do ônibus de dentro dele! Na verdade, a última vez que tivemos uns dias de folga em meio a uma turnê, Rick ficou no ônibus. Nós chamamos a ala dele de a sala do cuco, porque ele só põe a cabeça pra fora em certas horas, como quando temos que subir no palco.
“O perigo é que é bom demais. Chegou ao ponto onde nós preferimos o ônibus a ficar em hotéis. Nós vemos isso dessa forma. O Status Quo faz um mínimo de 125 shows por ano, todo ano. Ficando em hotéis, são pelo menos 125 vezes que você tem que fazer e desfazer as malas. Tendo um ônibus como esse, nós não temos que ficar tanto tempo em hotéis. Nós nem gostamos de voar até outros países agora se pudermos, nós preferimos pegar o ônibus.
“Ele se tornou uma extensão da casa. Algumas vezes eu acho que é até melhor. Você não acorda em casa e se vê estacionado à beira de um córrego nas montanhas numa floresta sueca, o que fizemos outro dia. Rick e eu pegamos as varas de pesca e foi uma bela maneira de se começar o dia. Falando sério, estar no ônibus é a maior diversão que eu tenho durante as turnês hoje em dia. Isso e estar no palco, claro…”
A influência do METALLICA no filme do diretor Spencer Susser pode ser notada de forma imediata pelas letras que consagraram o logotipo da banda e foram usadas também para o nome do filme. Além disso, várias músicas da banda, que foi uma das precursoras do thrash metal, formam a trilha sonora do filme o que é raro, já que os integrantes do METALLICA não costumam autorizar o uso de suas músicas. O que faz deste filme uma exceção é que o personagem Hesher (Joseph Gordon-Levitt) foi inspirado em Cliff Burton, o genial baixista que morreu em um acidente com o ônibus da banda em 1986, e a encenação realmente lembra o músico.
O roteiro transita entre drama e comédia para mostrar o inusitado encontro do pequeno TJ (Devin Brochu), que acabou de perder a mãe, com Hesher, que entra na vida do garoto por acaso e se recusa a deixá-lo em paz – quase como um Bartleby, de Herman Melville – mas apesar de não se encaixar na realidade na qual se encontra, assim como o personagem da literatura, Hesher não se aquieta e reage, ora com violência, ora com discursos recheados de metáforas vulgares, portanto cômicas, para ilustrar situações sérias.
Com o desenrolar das histórias dos dois personagens é possível notar certa relação entre o estilo de vida de ambos, sendo que a forma com que Hesher trata TJ, muitas vezes parecendo mais com desdém do que com amizade, indica a forma com que provavelmente foi tratado e se habituou, ou seja, sempre sozinho, sem poder contar com outras pessoas e com uma necessidade latente de encarar as dificuldades da vida. Sem escrúpulos Hesher parece ter a personalidade imbatível, sendo que não há situação ruim que um pouco de adrenalina não resolva – e quem acompanhou alguns relatos sobre a cena thrash metal do início dos anos 80 sabe como costumavam ficar os camarins das bandas, formadas por jovens como o personagem.
Um indivíduo como Hesher não passa a agir de forma agressiva sem motivos e o filme de Susser é uma proposta interessante para ver dois períodos da vida de um estereótipo em momentos diferentes, pois uma das interpretações possíveis é que TJ é um Hesher em formação. Em um extremo o garoto acabou de perder a mãe e como se isso já não fosse bem difícil ainda tem que lidar com a hostilidade na escola, as atitudes patéticas de seu pai (Rainn Wilson), que de todas as maneiras de lidar com a súbita perda da esposa parece escolher sempre as piores, e o amor platônico que cria por Nicole (Natalie Portman), sendo que a atração de TJ pela moça pode ser explicada muito mais por uma espécie de Édipo, com o garoto vendo na moça que o defendeu a figura da mãe que ele teve que abandonar, mais do que propriamente uma atração pelo feminino.
Em meio a todas essas dificuldades o outro extremo é Hesher, que pela convivência acaba servindo de modelo para o garoto. A forma rude de resolver os problemas e os discursos, nos quais a discrepância entre forma e conteúdo pode desagradar a quem assiste, passam a influenciar TJ em suas atitudes. O garoto também é forçado por Hesher a enfrentar seus medos e sua timidez, como talvez o controverso personagem também tenha sido forçado. Indiretamente TJ é instruído a valorizar sua família e isso indica que Hesher dá valor ao que não teve, sobretudo com os divertidos diálogos entre o cabeludo, coberto comtatuagens caseiras bem toscas, e a avó de TJ. Em mais uma referência a Cliff Burton, o diretor coloca a música “Anesthesia”, em off, tocada por Hesher. Poucos além do lendário baixista poderiam compor um solo tão elaborado ainda no começo da carreira, o que aproxima o personagem do músico e é mais uma obra doMETALLICA com a qual TJ entra em contato.
Hesher tem o mérito de trazer para as telas um protagonista cujo estilo de vida é muitas vezes até marginalizado, porém muito comum desde o início dos anos 80. Sem dúvida muitos se identificarão com o bom humor incompreendido, as insanidades e o lado obscuro do personagem, que não se encaixa em um mundo no qual realmente não vale a pena se encaixar. A maneira informal de Hesher é desprezada pelo que geralmente é formal e no mínimo risível, como as atitudes do pai de TJ diante dos problemas.
Difícil dizer se o jovem se tornará mais um Hesher quando crescer um pouco, mas se por um lado explosões de violência não são o melhor exemplo para o menino, por outro ele teve uma forte referência de vida intensa e de uma personalidade que não se resigna aos problemas, enfrentando todos ao invés de baixar a cabeça. Na atual época do “politicamente correto”, na qual parece haver uma obsessão por afastar as crianças do que seria ruim, Hesher nos mostra que a essência dos problemas é mais complexa do que a dicotomia entre certo e errado.