A História e as informações que você sempre quis saber sobre seu Artista/Banda preferidos, Curiosidades, Seleção de grandes sucessos e dos melhores discos de cada banda ou artista citado, comentários dos albúns, Rock Brasileiro e internacional, a melhor reunião de artistas do rock em geral em um só lugar. Tudo isso e muito mais...
8 de maio de 2011
Parte 45 - Abandonar o Navio
Mick e Bianca Jagger passam o final do ano em Trinidade e Tobago, onde entre outras coisas, o casal assiste as partidas de Crickett. Keith e Anita Richards continuam em Cheyne Walk, sua residência em Londres, brigando rotineiramente. Charlie e Shirley Watts, assim como Mick e Rose Taylor, estão em suas respectivas residências nos arredores de Londres. Bill e Astrid Wyman permanecem em Los Angeles onde Bill retomaria as sessões para o seu álbum no dia 5 de janeiro.
Record Plant West
Musicland Studios
No Musicland Studios, os Rolling Stones retomam os trabalhos com a equipe novamente modificada. Andy Johns se mostrou excessivamente ineficaz em função de sua dependência por heroína. Seu irmão Glyn Johns foi chamado para mixar as sessões do irmão, enquanto Keith Harwood passa a ser o engenheiro das sessões restantes. Gravam as bases de "Dance Little Sister", "If You Really Want To Be My Friend", "Labour Swing", "Living In The Heart Of Love", "Luxury", "Till The Next Goodbye" e "Time Waits For No One." Além de Billy Preston, contam também com o talento de Nicky Hopkins que participou ativamente de todas as faixas menos "Dance Little Sister", que tem Ian Stewart no piano. Uma interessante versão de "Drift Away" de Mentor Williams foi trabalhada porém, acabaria deixada de lado.
A participação de Mick Taylor é crucial para vários temas ganhar substância. Taylor trabalha muito bem com Mick Jagger mas não com Keith Richards. Este está constantemente malhado o seu trabalho, literalmente chamando Taylor de imprestável no estúdio e desgravando a noite tudo feito pelo guitarrista com Jagger, durante o dia. Fica muito claro para algumas pessoas que Keith está propositalmente criando uma situação insuportável, possivelmente para forçar Mick Taylor a pedir para sair do grupo. Apesar do péssimo ambiente de trabalho, Mick Taylor não se rebela verbalmente. Pelo contrário, coroa a banda com um dos mais belos trabalhos do repertório dos Stones. Taylor organiza toda a melodia e estruturação instrumental que fecha a composição "Time Waits For No One" de Mick Jagger.
Esta é a mais evidente contribuição feita por Mick Taylor, mas não a única. Neste álbum, além de "Time Waits For No One," está claro que Mick Taylor é na prática, co-autor da música atrás das canções "Till The Next Time" e "If You Really Want To Be My Friend." Na verdade, desde o "Goats Head Soup", certas faixas nos discos dos Stones oferecem arranjos mais elaborados do que era de se esperar da banda. Em retrospecto, Keith Richards irá dizer que são justamente estes arranjos mais elaborados o motivo que esses discos são considerados menos do que clássicos. Mas sem disposição de dar maiores méritos a Mick Taylor, Richards geralmente costuma creditar ao Billy Preston a contribuição musical que alterou as características das músicas lançadas pela banda.
Cansado do abuso e do total desrespeito, Mick Taylor deixa Munich e retorna para Londres depois de aproximadamente três dias de trabalho. Keith apagaria suas contribuições no piano, colocando Nicky Hopkins para refazê-los. Partes inteiras de guitarra também seriam apagadas, refeitas pelo próprio Keith. Como Mick T, Bill Wyman está igualmente desmotivado com a maneira com que os Rolling Stones estão trabalhando. Sem consumir as quantidades de cocaína que Keith e Mick J para continuar acordado, ele não consegue manter o mesmo pique por tantas horas. Wyman, em total desânimo, passa a tocar mal e sem capricho, irritando Keith que reclama sem remorsos. O último dia de gravação foi dia 28 de janeiro.
Rio em Janeiro
De Londres, Mick Taylor pula no próximo avião para a América do Sul e desembarca no Rio de Janeiro em pleno verão carioca. Com o organismo limpo da química, Mick enfrenta seus demônios, agora em uma batalha psicológica. Sabe que tem que se manter longe da tentação e saindo de Londres, longe de seus contatos habituais, ele teria uma melhor chance de evitar cair novamente na velha rotina.
Praia do Vidigal
Mick Taylor fica hospedado no bairro carioca do Vidigal, situado entre os bairros do Leblon e São Conrado. Hospeda-se na casa do músico Arnaldo Brandão, baixista da banda A Bolha, uma das primeiras bandas da cidade a passar de banda de baile (The Bubbles), para banda de blues-rock pauleira. Envolvido em diversos projetos relevantes, Brandão é talvez mais lembrado hoje por fundar a banda Hanoi Hanoi.
Seu contato com Mick Taylor vem via amizades na área do teatro. Os Stones sempre tiveram vários amigos entre o pessoal da escola de Teatro Vivo de Julian Beck, contato este cuja origem vem do envolvimento de Anita Palemberg com o grupo em 1963-64. Assim, além do Joe Monk, cujas aventuras já foram aqui narradas, tem também o Ruphus Collins que também conhecia Arnaldo e acabou sendo o elo de ligação entre os dois.
Arnaldo Brandão, anos setenta
Ao deixar A Bolha de lado, Arnaldo e a esposa Claúdia Brandão passam uma temporada pela Inglaterra, e acabam ficando hospedados na residência de Mick T após a saída de Rose. Ao preparar o retorno do casal para o Rio, surgiu a hipótese de Mick Taylor aparecer na cidade para refrescar a cabeça em outro ambiente.
Uma cidade com mais sol sugere ser mais saudável do que o depressivo inverno londrino. Depois das lastimáveis sessões em Munich com o péssimo tratamento recebido por parte de Keith Richards, a idéia de alguns dias nas praias do Rio lhe parecem realmente atraentes.
Enseada de Botafogo com o Pão de Açúcar ao fundo
Mick Taylor desembarcou no Aeroporto do Galeão provavelmente no dia 17 ou 18 de janeiro. A cidade maravilhosa de São Sebastião do Rio de Janeiro, capital do então Estado da Guanabara, lhe recebe com um sol de derreter asfalto. Mick manteve-se incógnito com relativa facilidade, já que poucos sabiam de sua estada na cidade ou sequer no país. A primeira ida para a praia, no caso a Praia da Macumba, trouxe consigo a primeira queimadura de pele feroz, com direito a bolhas e todo o desconforto tradicional que geralmente passam nossos turistas gringos.
Bandas Nacionais
Os Secos & Molhados
Inglês louro de pele clara, Mick T estava, como se costuma dizer, vermelho feito camarão. Mesmo assim, resolve visitar todos os pontos turísticos tradicionais: Corcovado, Pão de Açucar, Copacabanda, Ipanema, etc. Afora os lugares óbvios, Mick T foi visto no dia 19 com o casal Arnaldo e Cláudia, mais amigos do casal, assistindo à apresentação dos Secos & Molhados no Teatro Teresa Raquel em Copacabana.
Taylor ficou impressionado (e um pouco assustado) com o rebuliço ao redor do teatro. Com um público muitas vezes superior ao que fisicamente cabe no teatro comparecendo, precisou a Polícia Militar intervir, dissipando a aglomeração e botando os cabeludos sem ingressos para circular.
Outros artistas nacionais que se sabe Mick Taylor assistiu foram Maria Alcina no Teatro da Lagoa, o Grupo Soma no Teatro João Caetano situado no Centro e Os Novos Baianos que se apresentavam no Teatro Excelsior em Ipanema.
Quebrado o Anonimato
A relativa paz encontrada no anonimato de uma cidade turística situada em um país do terceiro mundo na América Latina foi quebrada com uma pequena nota no jornal O Globo do dia 22 de janeiro. A nota não poderia ser mais precisa ao confirmar a presença de um Rolling Stone na cidade, hospedado no Vidigal na casa de Arnaldo Brandão. Pronto. Acabou o sossego. A notícia rapidamente se espalhou e logo havia gente aglomerada na frente do prédio, aguardando na expectativa de ver o roqueiro sair e tentar as chances de um autógrafo.
Mick Taylor por sua vez estava em uma fase muito delicada quanto a associar o seu nome com o dosRolling Stones. Ele já havia comentado com Arnaldo e Cláudia do seu desejo de deixar o grupo. Ser agora caçado por repórteres e fãs da banda não só não estava na programação, mas também era motivo de extremo chiliques. Cláudia Brandão em particular estava achando exagerada a aversão do guitarrista à atenção natural que sua presença despertava. Vizinhos e curiosos começaram a interpretar sua atitude como sendo de estrelismo, o que acabou atraindo para si uma certa antipatia. Essa ótica pode ser confirmada pelo fato de que chegaram a jogar uma pedra na vidraça do casal Brandão. Em 1968, pegaram o chapéu do Mick J para ver se barata voava. Agora, seis anos depois, jogam pedras na vidraça da casa onde se hospedava Mick T. Um retrato de como evoluimos como um povo.
Amazonas
Rio Negro
A esta altura, Mick Taylor já fora apresentado a vários amigos do casal Brandão. Entre estes estavam Neville de Almeida e Ezequiel Neves. Taylor estava tão estressado pelo fato de pessoas saberem onde encontrá-lo que acabou passando o seu estresse para toda a casa. Assim, depois de um comentário mal dado, ficou acertado que o melhor seria o guitarrista deixar o Vidigal. Taylor se hospedou então na casa do cineasta Neville de Almeida e de sua esposa Liège de Monteiro. Pouco depois os três pegaram um vôo até Manaus, onde além da cidade, com sua arquitetura do século XIX, havia a floresta Amazonas, atração principal do povo do primeiro mundo. Mick T e Neville subiram o Rio Negro de balsa e o passeio foi extremamente excitante para o guitarrista, dado a magnitude da floresta que impressiona todos que a contemplam.
Novamente no Rio de Janeiro, Mick T passou a maior parte de suas manhãs ouvindo discos do Ayrton Moreira ou Carlos Santana. Neville registrou sua passagem em filme Super 8, no entanto, até o momento, nenhuma destas imagens chegaram a ser vistas pelo grande público. Mick Taylor retorna então para Londres, onde é chamado para algumas sessões no Stargroves com Mick Jagger.
Monkey Grip
Enquanto Mick Taylor se encontrava no Rio, Bill Wyman estava em Los Angeles terminando as sessões de seu primeiro disco solo. Durante boa parte de fevereiro, overdubs finais são gravados com as participações de Leon Russell, Dr. John, e Lowell George. Concluídas as gravações e feita a mixagem, o álbum, intitulado "Monkey Grip", seria lançado pela Rolling Stones Records em maio.
Ladies And Gentleman, The Rolling Stones
Já em março, é lançado o longa-metragem "Ladies And Gentleman, The Rolling Stones", filme dirigido por Rollin' Binzer e Stephen Gebhardt. Trata-se das apresentações em Texas dos Rolling Stones em sua excursão Americana de 1972. Segue a relação das imagens e suas origens que são encontradas no filme:
- Brown Sugar - Houston 25.6.72, 2º show
- Bitch - Fort Worth 24.6.72, 2º show
- Gimme Shelter - Fort Worth 24.6.72, 1º show
- Dead Flowers - Fort Worth 24.6.72, 1º show
- Happy - Fort Worth 24.6.72, 1º show
- Tumbling Dice - Houston 25.6.72, 1º show
- Love In Vain - Houston 25.6.72, 1º show
- Sweet Virginia - Fort Worth 24.6.72, 1º show
- You Can't Always Get What You Want - Houston 25.6.72, 1º show
- All Down The Line - Houston 25.6.72, 2º show
- Midnight Rambler - Houston 25.6.72, 2º show
- Apresentando a banda - Fort Worth 24.6.72, 2º show
- Bye Bye Johnny - Houston 25.6.72, 1º show
- Rip This Joint - Fort Worth 24.6.72, 2º show
- Jumping Jack Flash - Houston 25.6.72, 1º show
- Street Fighting Man - Houston 25.6.72, 2º show
O filme estréia no Ziegfield Theatre de Nova York e tem lançamento simultâneo com o livro "A Journey Through America With The Rolling Stones" do jornalista Robert Greenfield, que conta com detalhes a então já famosa excursão.
Stargroves
Stargroves e o caminhão-estúdio, Rolling Stones Mobile Unit
Uma das primeiras coisas que Mick Jagger faz no final de março é pegar a fita com "It's Only Rock 'n' Roll" de The Wick e levá-la para o Olympic Studios, onde é transferida para um rolo de 16 canais. Depois, já em abril, Jagger leva a nova fita rolo junto com as demais masters gravadas em Munich para o seu estúdio na casa de campo chamado Stargroves. Lá, o americano Willie Winks é convidado a gravar um baixo no lugar do feito por Ron Wood. Ian Stewart também contribui adicionando piano.
É em Stargroves que todas as adições ou overdubs são feitos para as bases gravadas. Os músicos convidados são Ray Cooper nas percussões, Jolly Kunjappu na tabla e a já esperada participação de Mick Taylor, concluindo suas contribuições para o álbum sem a presença de Keith Richards. Há ainda as participaçoes de Nicky Hopkins, Billy Preston e Ian Stewart nos teclados. Uma vez estando as músicas consideradas prontas, as mixagens foram marcados para a semana de 20 à 25 de maio realizados no Island Recording Studios em Londres.
Durante os últimos dias de abril, Jagger está no Record Plant de Nova York, gravando um grupo vocal recém contratado da Atlanta, para fazerem a parte de coro em várias faixas. Este grupo, originariamente de Philadelphia, se chama Blue Magic, e são compostos por Theodore Mills, Vernon Sawyer, Wendell Sawyer, Keith Beaton e Richard Pratt. Foi no dia 29 de abril que, de surpresa, aparece John Lennon. Acontece que Lennon está em meio a seu projeto de gravar canções de rock nos anos cinquenta, em um álbum que irá ser lançado no ano seguinte com o nome de 'John Lennon - Rock And Roll', seu último pela sua gravadora, a Apple Records. Neste encontro inesperado, Lennon produz a faixa, "Please Don't Ever Change", onde Jagger é convidado, e aceita ser o cantor principal.
Com o fim das sessões para o novo disco dos Stones, o material só faltando ser mixado, Mick Jagger contrata o desenhista holandês Guy Paellaert para fazer a capa deste próximo álbum. Conversando com os demais integrantes da banda, Keith manifesta o desejo de excursionar ainda neste verão, intenção rechaçada por Charlie e Bill.
Os Relacionamentos de Jagger
O casal Mick e Bianca inicia seu período mais tumultuado. Chegam à tona os relacionamentos de Jagger nos Estados Unidos com Carly Simon, Dana Gillespie e a diva negra Patty LaBelle. Bianca acusa seu marido de ser mulherengo e para desafiá-lo passa a ameaçar adotar amantes também. Com isso Mick passa a ficar sempre de pé atrás em relação a sua mulher, sempre inseguro. Contudo, Bianca não sentindo maiores mudanças no comportamento do marido, passa a comentar entre amigos e amigas de confiança (não com a imprensa), que caso Mick pense em continuar a se comportar mal (ou seja, manter amantes), então ele pode estar certo de que ela iria se comportar duas ou três vezes pior.
Todavia, antes que Mick entenda que Bianca é mesmo capaz de agir conforme suas ameaças, ela precisachifrá-lo algumas vezes, propositadamente fazendo com que ele ficasse sabendo. Bianca tem, como vingança irônica pela relação com Carly Simon, um romance secreto com o ator americano Warren Beatty. A princípio, estes fatos deixam Mick inseguro, e em parte, servem como um atiçador na relação entre os dois. A segurança absoluta em uma relação, como ele sentiu com Chrissie e depois com a Marianne, o leva ao tédio. Com Bianca não há tédio mas também não há paz.
Wyman e Monkey Grip
Na primeira semana de maio Bill Wyman filma os promos para seu disco de estréia, "Monkey Grip". São quatro promos rodados em um dia, "Monkey Grip Glue", "White Lightnin'" e "What A Blow" (Bill Wyman e Malcolm Rebenack). Com Mac Rebenack, mais conhecido como Dr. John, gravam ao vivo no estúdio um dueto de baixo e piano para um programa de rádio, que inclui também uma pequena entrevista. A canção escolhida foi "Goodnight Sweetheart" de Ray Nobles, James Campbell e Reginald Conelly.
Com data de lançamento marcado para o dia 10, Wyman logo percebeu a pouca disposição da gravadora Rolling Stones de promover devidamente o disco. Então ele mesmo cuidou de tudo, indo ao encontro da imprensa e organizando encontros e festas de lançamento. Antes mesmo do disco sair, Bill já estava no dia 7 aterrisando em Nova York para promover o álbum. Depois ele seguiu para Los Angeles, onde acaba participando da festa de inauguração do novo selo do Led Zeppelin, chamado Swan Song. A festa foi realizada no pátio do Bel Air Hotel e teve entre os músicos convidados as presenças de Alice Cooper, Bill Wyman, Brian Ferry, Bozz Burnell e Maggie Bell.
Apenas Rock 'n' Roll
No dia primeiro de junho, véspera do aniversário de Charlie Watts, os cinco Rolling Stones se encontram novamente para filmar os promos para o novo álbum. Vestidos em uniforme de marinheiro, filmam "It's Only Rock 'n' Roll" dentro de um domo de plástico que passa a ser gradativamente cheio de espuma durante o desenvolvimento da canção, evidentemente com Charlie sentado no banquinho enquanto toca sua bateria, que no final acaba totalmente encoberto pela espuma. Se observado com atenção, percebe-se no filme que, ao final da canção, Mick Jagger já está rindo de nervoso tentando tirar um pouco da espuma que encobria seu baterista, que se recusava a abandonar seu posto, tal qual um Comandante que afunda juntamente com seu navio.
O dia foi concluído com as filmagens para "Ain't Too Proud to Beg" e "Fingerprint File." Importante acrescentar que embora se trate de uma imagem com som em playback, as versões das três músicas utilizadas aqui não são as mesmas constando no disco. E das três, apenas "It's Only Rock 'n' Roll" é pura mímica, nas demais Mick Jagger está cantando realmente, enquanto uma fita com a música sem a voz do cantor fornece a base.
O álbum chega as lojas no dia 26 de junho de 1974.
Reunião em Genebra
Foi durante uma reunião geral no final de outubro, realizado na Suíça, no Hotel des Bergues, que todos souberam da impossibilidade de ir adiante com o projeto do álbum ao vivo da última excursão como planejavam. Haviam ainda muitos problemas pendentes em relação à legalidade do que é dos Stones e o que é de Allen Klein. Os Rolling Stones preferem então não dar ao ex-empresário mais uma fonte de renda e o projeto do disco é arquivado. Uma outra proposta passa ser uma grande excursão mundial, que poderia render um álbum e um filme. Projetos também lançados para análise incluem uma filmagem para a televisão e um livro.
Outro assunto discutido neste encontro foi a excursão americana no próximo ano, marcada para iniciar em junho. Mick Jagger havia passado parte do verão negociando com as autoridades americanas um visto para Keith. Jagger aproveita sua passagem pelos Estados Unidos para, com Bianca, irem à Nicarágua averiguar como o dinheiro de suas doações estavam sendo gastos. Assim, naturalmente foram discutidas nesta reunião quais medidas possíveis e cabíveis poderiam ser adotadas diante da possibilidade do visto para Keith Richards ser negado.
Ao terminar, estava acertado que dia 7 de dezembro iniciariam as sessões para o próximo álbum. Estas sessões seriam realizados novamente em Munich no Musicland Studios de Giorgio Moroder. Mick Taylor nada falou nesta reunião sobre suas intenções, que já estavam muito claras em sua mente. Seu silêncio nesta reunião importante seria o ponto principal para as futuras queixas da organização Rolling Stones, principalmente de Mick J e Keith, contra ele.
No entanto, antes de poder falar abertamente, Mick T sente a necessidade de primeiro confirmar qual seria seu trabalho seguinte. Afinal, se você vai anunciar para o mundo que vai deixar uma banda lucrativa como os Rolling Stones, é preferível que se tenha um bom motivo. E se esse motivo não é informação que se queira sair divulgando, por exemplo motivos ligados a abusos químicos, é interessante e de bom senso comentar sobre suas intenções. No caso de Mick Taylor, seu futuro projeto parecia se aninhar no Jack Bruce Band, banda do famoso baixista do antigo super-grupo Cream. Através de Andy Johns, agora trabalhando com Jack Bruce, a aproximação foi feita entre os dois músicos.
O Fim
Mick Taylor está muito insatisfeito com a maneira de se trabalhar dentro dos Rolling Stones. Ele não recebe praticamente nenhum crédito pelo seu papel dentro da banda e ainda ultimamente vem tendo que aturar desaforos seguidos de Keith Richards. A banda está sempre à beira de ser presa, dada a quantidade de flagrante que Keith precisa carregar para sobreviver a cada dia. Taylor sabe que quase ninguém se fala com ninguém dentro dos Stones. Charlie some quando não é requisitado, Bill não se dá com Jagger nem Richards, Taylor só se entende mais ou menos com Bill e Jagger, enquanto Keith além de não ter muito saco para aturar Bill ou Mick T, agora está com o ovo virado com Mick J.
Foi com todas essas coisas em mente que Mick Taylor participou de sua última reunião dos Rolling Stones, realizada em Montrex, para organizar o calendário de atividades do ano de 1975. Nela, concordou com tudo que foi projetado e não deu a entender que ele pudesse não querer seguir com a banda. Não muito depois, quase que como por acaso, Mick Jagger e Mick Taylor se encontram em uma festa.
Era uma festa promovida por Robert Stigwood, após o show de Eric Clapton no dia 5 de dezembro, em um show onde Ron Wood foi convidado para subir ao palco e tocar com Clapton e sua banda em duas canções, "Steady Rollin' Man" (R. Johnson) e "Little Queenie" (C. Berry). Naquele instante, por um mero acaso, Jagger estava conversando com Ron Wood e Marshall Chess. Taylor chegou com um "oi", e sem maiores introduções informou que não pretendia trabalhar mais com os Rolling Stones. Sem dar maiores explicações, a não ser de que gostaria de fazer outro tipo de música, Mick Taylor dá as costas para o maior emprego dentro do mundo rock 'n' roll. Os Rolling Stones estão pela segunda vez sem guitarrista.
Em choque, Mick Jagger olha para Ron Wood diante dele e pergunta: "você quer entrar na banda?" Ron comenta que adoraria, mas não pode pois ele tem suas obrigações com The Faces. Jagger na mesma hora concorda, porém complementa: "mas se ficar desesperador, posso te chamar?", recebendo como resposta um sorriso e o consentimento de Wood. E assim começa o período em que os Rolling Stones ficariam sem um guitarrista para solar, período este que duraria todo um ano. A notificação oficial da saída de Mick Taylor só seria divulgada quase dez dias depois, aparecendo primeiro em uma nota da Melody Maker do dia 12 de dezembro de 1974.
Especulações sobre insatisfações financeiras foram as primeiras levantadas pela imprensa e negadas seguidamente pelo guitarrista. Mick T declarou resumidamente: "não houve nenhuma animosidade pessoal na separação". Keith Richards inicialmente teria comentado entre amigos que "ninguém deixa esta banda a não ser em um caixote de pinho!" Apesar de furioso com a atitude egoista de Taylor, Keith lhe manda um simpático telegrama com a seguinte mensagem: "realmente foi uma alegria trabalhar com você nestes últimos cinco anos. Obrigado por todas as coisas boas. Desejo o melhor e amor". Segundo comenta-se, Mick Taylor leu o bilhete e começou a chorar.
A Carreira Não Deslancha
Mick Taylor forma então a sua Mick Taylor Band, ensaiando material sem tocar ao vivo. O interesse facilita negociações com a CBS, um contrato sendo assinado e sessões iniciando em final de 1975. Porém, em passo lento, o álbum só ficaria pronto e seria lançado no final de 1978.
Este seu primeiro álbum solo, simplesmente intitulado "Mick Taylor", é em termos técnicos uma obra prima. Calmo e relaxante, o disco infelizmente não vendeu praticamente nada, encerrando assim a sua carreira solo em vinil. Sua segunda oportunidade de gravar um álbum aconteceria somente na década de noventa, mas Taylor ainda gravaria em 1978 um trabalho com a banda Gong.
Apesar de constantes mudanças na formação, sua Mick Taylor Band existe até hoje, fazendo ocasionais apresentações ao vivo, geralmente bem recebidas pelo público. Mick Taylor se mudou para Nova York onde mantém um apartamento até hoje, e essencialmente se limita a fazer apresentações nas costas leste e oeste dos Estados Unidos. O guitarrista se associaria durante a década de oitenta com Alvin Lee, John Mayall e Bob Dylan. Depois de uma série de apresentaçõs em dueto com Carla Olson, lança em 1991 o álbum "Live" gravado em março de 1990, no Roxy Theatre, localizado na cidade de Hollywood. Volta a morar na Inglaterra no final da década de noventa, se associando com Snowy White e Kuma Harada.
Comentários
Mick Taylor, 1979
Keith Richards - "Ele estava entediado e se achava um compositor e produtor de grande estatura. Tinha um milhão de planos. Mick é um lindo guitarrista, mas continuo esperando ele acontecer."
Mick Jagger - "Ainda não sei realmente porque ele saiu. Ele nunca explicou, pelo menos não para mim. Ele queria uma carreira solo. Acho que ele achou difícil trabalhar com Keith."
Bill Wyman - "Inicialmente pensamos que estava blefando, uma forma de expor sua frustração."
Charlie Watts - "Eu pensava que ele se tornaria o próximo Pat Metheny ou algo assim. E nada aconteceu."
Mick Taylor - "Me tornei cínico. Não sou pago por alguns dos discos mais vendidos de todos os tempos. Fui roubado e isto te deixa cínico e atrapalha sua vida."
E o fim não foi o fim...teve muito mais...!
Modern Beast - Reviolence
Por Ben Ami Scopinho
Surgido das cinzas do extinto Panzer, o paulistano Reviolence vêm desde 2003 recebendo considerável apreço da mídia especializada, e com ótima resposta do público da Europa. Após os EPs "In Pieces" (03) e "Violent Phoenix" (08), e os sempre desagradáveis ajustes em sua formação, o pessoal assinou com a Marquee Records e liberou o tão aguardado debut, "Modern Beast", um prato cheio para os devotos de todo o tradicionalismo do Heavy Metal.
Considerando a experiência destes músicos, não é de se admirar a segurança e maturidade alcançada logo no discode estreia. Ainda que "Modern Beast" obedeça à maioria dos dispositivos reconhecidos no gênero, sua mescla de Heavy Tradicional e Thrash Metal está muito bem estruturada, comprovando definitivamente sua qualidade com guitarras trabalhando entre bases harmoniosas, riffs de impacto e solos (muito) talentosos, além de um vocalista que, se não é maravilhoso, mostra-se correto e consciente de seu potencial.
Com distribuição garantida na Alemanha, Japão, EUA e Canadá, "Modern Beast" foi elogiado até mesmo pelo etílico vocalista alemão Gerre (Tankard). Apesar de tudo, novamente o Reviolence é flagelado pela troca de músicos... Quem saiu foi o próprio vocalista Rod, mas o pessoal não se deixou abater: contatou Raphael Wiltemburg e não só continua divulgando seu disco, como também liberaram a inédita "King Of The Night" e o cover para a clássica "Allied Forces" (Triumph), disponíveis para download em seu MySpace. Passem por lá e confiram!
Formação:
Rod Starscream - voz
Guilherme Spilack - guitarra
Maurício Cliff - baixo
Edson Graseffi - bateria
Contato: www.myspace.com/reviolence
Reviolence - Modern Beast
(2010 / Marquee Records - nacional)
01. Intro
02. Trail Of Tears
03. Warning Hell
04. Saint And Sinners
05. Violent Phoenix
06. Modern Beast
07. The Metal Church
08. Virtual Hero
09. Zero Of Me
10. The Annunciation
11. About Angels And Demons
12. Abduction
13. Quattro
Phenakism - Concealment
Por Ben Ami Scopinho
Aqui temos uma banda que atua há tempos em terras portuguesas... Fundado no distante ano de 1995, o Concealment busca sua inspiração não só no Death Metal e Grindcore, mas também no Rock Progressivo tipicamente setentista; e foi com esta proposta que liberou duas demos e estreou com "Leak" em 2007, trabalhos que mostravam cada vez mais ousadia e conquistaram críticas bastante positivas em várias partes do mundo.
Agora o Concealment assinou com o selo Major Label Industries e está lançando seu segundo disco, "Phenakism", que oferece um Death Metal de estruturas tão técnicas e experimentais que o conceito ‘convencional’ de musicalidadenão pode ser aplicado. Tudo segue distorcido e repleto de mudanças de tempo impensáveis e muitas vezes estranhas; com um baterista que preza batidas polirítmicas e vocalizações furiosas coroando composições que primam pela frieza de sentimentos.
Contato:
Formação:
Filipe Correia - voz e guitarra
Paulo Silva - baixo
David Jerônimo - bateria
Concealment - Phenakism
(2011 / Major Label Industries - importado)
01. Hamartia
02. Stridulation
03. Deluge
04. Yielding Radiance
05. Malformations
06. Orifice
07. Mantis Complex
08. On Behalf Of Malady
09. Ingravescent
10. Cyclothymic
11. Empalamento dos Sentidos
Depravity - Intestinal Disgorge
Por Christiano K.O.D.A.
Quem curte um bom gore/grind/splatter com certeza já ouviu falar ou mesmo chegou a acessar um antigo webzine chamado “Carnificina Grindcore”, talvez o mais completo site brasileiro de bandas desses gêneros e suas extensões. Infelizmente há vários anos o site saiu do ar, e quando tudo parecia perdido, aparece o selo Carnificina Records (com o mesmo responsável - Marcelo Medeiros) que, de certo modo, leva adiante o legado deixado pelo zine eletrônico. Ainda bem!!!
E para fãs desses tipos de música tão extrema, o Carnificina traz o nome Intestinal Disgorge, que com certeza freqüenta a lista de CDs de suas coleções. Esses americanos anormais começaram a carreira com álbuns bizarros, mas muito bons. Era uma descarga sonora que misturava noisecore com os estilos citados no começo, e um “vocal” que parecia uma mulher desesperada, gritando do mais fundo de seus pulmões, como se estivesse sendo violentamente torturada. Mesmo com uma produção meio tosquinha, ainda digo: “Ah, bons tempos!”
Destaques? Não sei se seriam exatamente um, mas as faixas “Vomiting Rotten Pussy Giblets” e “Shit Splattered Erection” apresentam um andamento pra lá de estranho, e por que não, original. Elas ficam alterando a velocidade das levadas, do nada, como se fosse um defeito no disco. No mínimo, hilário e exótico. Mas no resto, apresentam músicas curtas, diretas, velozes e sem dúvida, empolgantes. Pornogrind/splatter/gore de muito respeito, e com uma produção muito boa em se tratando desse tipo de música.
Quando ao encarte, destaque para a polêmica capa, que prende a atenção de imediato. É impossível não lembrar da ilustração não censurada do “Tomb of the Mutilated”, do Cannibal Corpse. Só que essa choca um pouco mais, já que a figura parece real. Impressionante. O material não vem com as letras, mas apenas uma mensagem “filosófica” dos malucos. Mas vendo os títulos, percebe-se que continuam afiados quando o assunto é nojeira e escatologia.
Para quem sempre teve receio de adquirir uma coisa tão estranha que é o trabalho da Intestinal Disgorge, agora pode se despreocupar de vez e correr atrás de “Depravity”, o álbum mais maturo dos texanos.
Tracklist:
1. Slurping Rancid Pus From Her Festering Wounds 01:02
2. Nauseating Sex Acts 00:54
3. Eruption Of Fizzing Gastric Sewage 00:53
4. Masturbating With Liquefied Innards 00:21
5. Chewing On Creamy Infected Scabs 01:06
6. Force Fed Castrated Cocks 00:05
7. Starving And Shivering 00:46
8. Hammer To The Back Of Her Head 00:45
9. Larvae In Her Wounds 01:13
10. Putrid Yeast-Infected Crotch 00:53
11. Molesting Your Decomposed Corpse 00:51
12. Crapped Ass Scat Blast 00:52
13. Swollen Corpses Spewing Sewage 01:01
14. Drenched With Emerald Cascades Of Foaming Diarrhea 01:20
15. Mouthful Of Mildewed Shit 00:12
16. Battered Into A Coma 00:59
17. Poo Poo Perversions 00:24
18. Vomiting Urine And Lumps Of Masticated Shit 00:55
19. Tranny Fanny 00:54
20. Handcuffed And Hard 00:48
21. Depravity (Part 1) 00:28
22. Basement Full Of Prostitute Corpses 00:52
23. Decapitated And Defleshed 01:05
24. Sucking Congealed Sperm Out Of Her Rotten Crotch 00:51
25. Gorging On Bubbling Anal Froth 00:11
26. Festering Insect-Infested Sores 01:03
27. Foaming Yeasty Genital Leakage 00:24
28. Balls Deep In Creamy Rotten Innards 01:01
29. Bathtub Butchery 01:27
30. Puking Up Semi-Digested Genitals 00:49
31. No One Will Ever Know 01:00
32. Alone At Last 00:47
33. Stomach Swollen With Rotten Human Flesh 00:30
34. Diaper Whore 00:48
35. Ripping The Viscera From Her Corpse 00:58
36. Unspeakable Perversions 00:09
37. Tortured In My Basement 00:58
38. You Are Never Going Home 00:46
39. Swamped In Piscatorial Corpse Sludge 00:18
40. Ejaculating Into Emaciated Corpses 00:39
41. What’s He Going To Do With All The Beef? 00:48
42. Stabbed In The Throat 00:51
43. Bloodsoaked Bedsheets 00:10
44. Sour Fluids Seeping From Her Bloated Corpse 00:23
45. Masturbating In A Swamp Of Effervescing Diarrhea 00:37
46. Putrid Piscatorial Pus 00:13
47. It Will Happen Tonight 00:59
48. Consumption Of Feculent Sewage 00:40
49. Vomiting Rotten Pussy Giblets 00:51
50. Shit Splattered Erection 00:46
51. Disgorging Putrefied Pussy Slop 00:53
52. Cumdripping Innards 00:49
53. Insatiable Perversity 00:26
54. Slithering 00:48
55. Tenderized With A Tire Iron 00:13
56. Gurgling Curdled Semen 00:47
57. Stomach-Turning Sexual Torture 00:12
58. Worm-Eaten Excrement 01:02
59. Erotic Dismemberment 00:32
60. Depravity (Part 2) 01:27
Fonte desta matéria: Som Extremo
Lords of Depravity II - Sodom
Por Ricardo Seelig
Cinco anos após lançar a primeira parte de "Lords of Depravity", o Sodom solta "Lords of Depravity II". Juntos, os dois volumes formam o documento definitivo sobre uma das maiores bandas alemãs de heavy metal, e um dos maiores ícones do thrash metal em todo o mundo.
O vídeo é centrado em depoimentos de Tom Angelripper, Bernd 'Bernemann' Kost (guitarra) e Bobby Schottkowski (bateria), trio que conduziu o Sodom durante os últimos quinze anos. Recentemente, Bobby deixou a banda por motivos pessoais.
Para nós, brasileiros, é muito interessante perceber como o conjunto enxerga a América do Sul. Os três elogiam enormemente as turnês que fizeram pelo país, dizendo inclusive que toda banda deveria tocar um dia em nosso continente. Ao mesmo tempo, relatam sem firulas os problemas que enfrentaram por aqui, como o caso do show em Brasília que quase foi cancelado e as furadas que embarcaram em apresentações na Colômbia e no Peru.
Todo o documentário é muito bom, e são vários os destaques. As passagens por países como Japão, Tailândia e Tasmânia merecem menção, assim como as histórias envolvendo as inúmeras participações do grupo nos festivais do verão europeu. Cada álbum gravado pela banda no período é esmiuçado, revelando bastidores da gravação e do processo de composição. Um deleite para os fãs!
"Lords of Depravity II" é um documentário exemplar, mas que demanda do telespectador um bom conhecimento prévio sobre a história do conjunto. Sem esse background, alguns aspectos acabam passando batido.
O disco dois traz o show comemorativo de 25 anos de carreira do Sodom, realizado no Wacken 2007, na íntegra. Além de Tom, Bernemann e Bobby, diversos ex-integrantes sobem ao palco para tocar músicas de todas as fases do grupo, levando o público ao êxtase. Visivelmente emocionados, os músicos tocam com a paixão à flor da pele, transformando o show em uma experiência única. Além disso, o DVD 2 traz também os clipes de “Fuck the Police” e “City of God”, e algumas cenas deletadas.
"Lords of Depravity II" é um presente único para os fãs do Sodom, que documenta não apenas a história da banda, mas, perifericamente, também a cena metal alemã e europeia.
Satisfação mais que garantida!
Fonte desta matéria: Collector's Room