4 de maio de 2011

À Deriva - Wackness - 2008







Verão de 1994. As ruas de Nova Iorque vibram ao ritmo do hip-hop e emanam o doce aroma de marijuana. O recém-eleito presidente da câmara, Rudolph Giuliani, está a começar a implementar as suas iniciativas enfadonhas, para combater crimes como os ruidosos rádios portáteis, a arte urbana dos graffiti e embriaguez em público.
Esta história centra-se num perturbado adolescente traficante de marijuana, Luke Shapiro (Josh Peck), que desenvolve uma amizade com o seu deprimido psiquiatra, Dr. Jeffrey Squires (Bem Kingsley). Quando, neste ambiente agitado, o psiquiatra propõe ao jovem pagar as sessões de terapia com erva, os dois começam a explorar não só a cidade de Nova Iorque, como a depressão de ambos.



Parte 43 - A Macaca

Dia 17 de julho os Rolling Stones foram reunidos e filmados enquanto uma fita rolo tocava sem o canal da voz. Apenas o microfone do vocalista estava vivo enquanto Jagger autenticamente cantava "Dancing With Mr. D.", "Angie" e "Silver Train." Outra versão de "Angie" foi filmada, esta seguindo inteira em playback, inclusive o canal de voz. Nesta, Mick Taylor aparece tocando piano, enquanto na outra, ele está na guitarra.


John e Anita
Após a recente batida policial, Keith passa a ficar constantemente desconfiado da possibilidade da polícia retornar e encontrar mais flagrante. Assim, sua saída foi passar a encomendar quantidades pequenas de tóxico trazidas quase que diariamente pelo seu atual fornecedor principal, John Pearce, da loja de roupas. John é um  dos Rolling Stones e quer de todo jeito firmar amizade. Nas primeiras entregas, tenta puxar conversa e ser mais do que apenas um fornecedor. No entanto, o casal pouco se interessa pela sua atenção, querem apenas suas remessas de heroína. Percebendo o interesse grudento de John, o casal passa a normalmente deixar para o empregado Tony Sanchez recebê-lo, pegar a encomenda, pagá-lo e mostrar-lhe a porta. São raras as ocasiões em que um dos dois recebem pessoalmente John ou seu parceiro Nigel.
Quando Sanchez estava fora cuidando de outros afazeres, era Anita quem o recebia. Querendo serconvidado a tomar um chá, John oferece Anita um pouco de fofoca. Anita gostava desses disse-me-dissese foi assim que ficou sabendo do caso entre Keith com a mulher do Monk. John fez Anita jurar que jamais diria que foi ele quem lhe contou mas mal ele saiu e ela estava invadindo o quarto do casal, pulando em cima de Keith, tentando arrancar o seu cabelo e gritando a plenos pulmões "John me contou tudo!!" Horas mais tarde, com Anita mais calma, Keith tramava se vingar de John.
Neste meio tempo, cismada que fora Joe Monk quem delatara Keith para a polícia, Anita jurou que faria umamacumba contra ele. Por uma infeliz coincidência, Monk morreu algumas semanas depois em um acidente de carro em Mojarca. Algumas pessoas gostam de cogitar que Anita tenha realmente algum poder através do voodoo. Bianca Jagger é a prova que isto é pura ficção...
John e Keith
No dia seguinte, John chega na hora habitual. Tony o informa que Keith gostaria muito de lhe falar. O amorde fã certamente o cegou, extasiado com a idéia de que seu herói fazia questão de falar com ele, e John entrou no quarto aparentemente sem desconfiar de nada. Keith puxa conversa com um sorriso no rosto enquanto recebe sua remessa de cocaína e bate uma carreira. Uma vez se servindo do pó, Keith pega uma espada pendurada na parede e, com a parte chata da lâmina, acerta John que, embora assustado, tenta manter a pose.
"Você anda falando demais, não acha?" disse-lhe ameaçadoramente, enquanto John se faz de desentendido. Keith então passa a apertar a ponta da espada contra o peito de John. Aperta o suficiente para doer muito mas não o suficiente para realmente perfurar a pele. Segundo o testemunho de Sanchez, Keith agarra um tufo do cabelo comprido de John e faz menção de atingi-lo com a lâmina, este na mesma hora pulando da cadeira e correndo para o outro lado do quarto. Keith passa então a fazer desenhos no ar com a espada, fingindo tentar golpear seu desafeto e errando, deixando o coitado branco de medo. Então surge Tony que procura agarrar Keith, que por sua vez finge tentar se desvencilhar, gritando "me larga Tony, vou pegar este cagüete e cuidar dele!"  Como parte da encenação, Tony faz o papel do bom amigogritando para John sair correndo enquanto ele ainda conseguia segurar Keith. Esta é a deixa para John sair em disparada, fugindo porta afora feito um raio. Para trás ficaram Keith e Tony rindo as gargalhadas. A remessa de droga do dia ficou sem ser paga.
Mário Diamorfina
Para substituir John veio Mário, o fornecedor de Anita na Suíça. Mário era italiano e circulava via os Alpes entre Itália e Suíça. Anita telefona e solicita uma remessa de heroína caprichada para durar um mês. Mário chegou no aeroporto de Londres trazendo uma mala com um compartimento secreto escondendo oito onças e meia (quase 230 gramas) de diamorfina, uma forma de heroína crua resultado de morfina aquecida com ácido acético. Ao apresentar a mercadoria, Keith fica pasmo. Para transformar diamorfina em heroína ele precisaria de um químico qualificado, algo que não tinha como conseguir de uma hora para outra. Em compensação, uma vez refinada a diamorfina, as oito onças se tranformariam facilmente em pelo menos trinta, se não quarenta onças.
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Contudo, enquanto Diamorfina, esta droga não lhe servia para nada. Mário pensava que estava lhe fazendo um grande favor e estava cobrando apenas £8.000 pelo peso. Keith cria empecilhos e não quer pagar. O traficante se sente ultrajado pois não tem o costume de transportar este material para a Inglaterra, tendo vindo exclusivamente a pedido de Anita, que havia encomendado uma quantidade caprichada e ele trouxe a maior quantidade possível em sua forma mais simplificada para o transporte. Achando toda a situação simplesmente inaceitável, Mário dá um ultimato a Keith: "sua mulher encomendou a remessa e aqui está. Me pague e eu saio da sua vida e até do país". Com relutância, Keith pagou Mário, mas mesmo assim, somente depois que ele aceitou baixar o preço para £7000. Mário sai furioso e nunca mais negociou com eles.
O problema passa então a ser o que fazer com a diamorfina? Experimentam cheira-la em seu estado crú até ficarem com náusea, concluindo que a droga assim não faz o desejado. Keith resolve então guardar tudo até encontrar uma maneira de tranformar aquilo em algo que prestasse.
Polícia de Olho
Certa tarde, Keith percebe de sua janela uma equipe mexendo nos fios telefônicos. Imediatamente presume que é a polícia desfarçada, tentando armar alguma arapuca para pegá-lo. Um empregado faz um teste com o aparelho de Keith, discando um número para desligar em seguida e esperar. Se o telefone tocar de volta, é porque não há nenhuma escuta interrompendo o circuito. O telefone tocou. Sua linha portanto estava livre de espionagem. Mas Keith continuava com receios. Sua casa estava cheia de uma droga que ele não podia usar, mas se fosse pego com ela, com certeza iria para a cadeia. O que fazer?
A Aposentadoria de Ziggy
David Bowie, ainda como Ziggy Stardust & the Spiders From Mars, estava em seu último show de uma excursão que completava o segundo ano. Realizado no Hammersmith Odeon no dia 3 de julho de 1973, o show teve a participação de Jeff Beck, convidado a subir ao palco e tocar com a banda em alguns números. Ao final, em meio aos agradecimentos, David Bowie surpreendeu todos ao anunciar que era a última apresentação da banda.
Aynsley Dunbar, Lou Reed, Mick Jagger, David Bowie, Jeff Beck e Mick Ronson
Aynsley Dunbar, Lou Reed, Mick Jagger, David Bowie, Jeff Beck e Mick Ronson

No dia seguinte, uma grande festa foi realizada no Cafe Royal. Entre os convidados estavam Mick Ronson, Woody Woodmansey, John Hutchinson, Cat Stevens, Lou Reed, Jeff Beck, Lulu, Spike Milligan, Sonny Bono, Hywel Bennet, D.A. Pennebaker, Cherry Vanilla, Dana Gillespie, Tony Curtis, Barbra Streisand, Ryan O'Neal, Elliott Gould, Dudley Moore, Peter Cook, Ansley Dunbar, Keith Moon, Paul e Linda McCartney, Ringo e Maureen Starr, e Mick com Bianca Jagger.
O pianista americano de Nova Orleans, Dr. John, foi contratado para tocar e entreter todos musicalmente. A festa foi organizada pela MainMan Productions, produtora que cuidava de David Bowie e da qual ele era também um dos sócios. O evento ficou conhecido como 'The Last Supper', a última ceia (em referência à Ceia Santa). Depois de uma certa quantidade de Champagne, acoplado de um certo jogo de ciúmes, Bianca passa a dar uma maior atenção para David e Angela Bowie.
O casal Bowie tem desde o início um relacionamento bem aberto. David Bowie estava nesta época mantendo casos amoroso com Cherry Vanilla, Ava Cherry e Angela sua esposa. Tudo dentro de casa, onde Angela, bi-sexual assumida, participa.
Encontrando-se no Wick
Keith começa a passar mais tempo na casa de Ron Wood. Em uma nova visita de Mick Jagger onde membros dos Faces estão presentes, acaba rolando uma versão com banda do novo tema que Mick e Ron iniciaram semanas antes. Agora completo com letra, gravam na noite do dia 24 de julho a primeira versão completa de "It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It)." A banda nesta ocasião é formada por Keith Richards na guitarra, Ron Wood no baixo, Ian McLagen nos teclados, Kenny Jones na bateria e Mick Jagger nos vocais.
Em um dos muitos encontros que Keith vinha mantendo com Ron Wood, ele comenta sobre seu atual dilema. Entendendo que o colega está com receio de ficar em casa por temer outra batida policial, Ron faz uma proposta. No final de seu jardim existe um chalé que estava sem uso. Caso queira bancar um trato no lugar, Keith pode ficar hospedado lá pelo tempo que achar necessário. Keith agradece e aceita.
Não demorou para contratar pintores e uma firma especializada para consturir e montar uma cozinha no local. Uma semana depois, com as obras ainda incompletas, Keith chama Tony Sanchez para levar amuamba de Rolls Royce no meio da noite até o chalé. Seguindo à distância na Ferrari, ao chegar, Keith vai sozinho esconder a droga. Já tendo caminhado pelo quintal de Woodie durante o dia, e portanto conhecendo mais ou menos a área, lembra de um estaleiro abandonado no final do terreno. Ele vai e enterra tudo lá.
Mick J. Chega Aos Trinta
Mick Jagger faz trinta anos e o amigo David Milinaric promove a festa em sua casa, uma pequena mansão em Chelsea. Estavam presentes amigos como Pete Townshend, Mama Cass Elliot e os membros dos Faces, além de amigos ligados à organização Rolling Stones. Pessoas fora das artes também estavam presentes, nomes como J. Paul Getty II, Britt Ekland, Duncan Laurie e a fotógrafa Sheleta Secunda. Segundo consta, Anita estava sem sair há tanto tempo para encontros sociais que ela acabou se vestindo exageradamente, na moda típica psicodélica como se fazia em '67. Anita e Keith ficaram na festa apenas até acabar a cocaína que trouxeram, cerca de duas horas.
Sheleta
Sheleta Secunda era a ex-esposa de Tony Secunda, empresário conhecido e respeitado na Inglaterra que cuidava de bandas como The Moody Blues e The Move. Os meandros jurídicos de seu divórcio haviam deixado-a em excelente situação financeira. Ela morava em uma mansão no bairro de Kensington que tinha no banheiro o ponto predileto dos seus amigos, onde as visitas mais ilustres gostavam de se injetar no conforto do tapete espesso e espaço amplo que este oferecia. Sheleta sempre mantinha uma quantidade aparentemente inacabável de heroína e outras drogas para seu uso. Não é de espantar portanto que Sheleta e Anita iniciam aqui uma bela amizade.
Redlands
Keith estava excessivamente preocupado com a possiblidade da polícia estar vigiando sua casa e tentando aprontar alguma batida de uma hora para outra. Com as obras no chalé do Woodie ainda em andamento, sua impaciência o leva a fugir com a família para sua casa de campo em Redlands. Seria uma oportunidade para descansarem e curtirem o calor deste verão antes dos ensaios para a excursão Européia que se iniciaria em breve. Mas parece que não haveria sossego neste passeio. Dia 31 de julho, a residência de Redlands pega fogo. Não era a primeira vez que Keith dormia com um cigarro na boca ou na mão. Quando acordou, o teto de sua casa já estava em chamas.
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Keith e Anita corriam desesperadamente da sala para o quintal, a cada vez trazendo uma peça de mobilia, todas antigüdades mantidas na residência.
A Ferrari também foi logo retirada da garagem e estacionado em frente da casa. Os bombeiros não demoraram a chegar, porém, depois que o teto desabou, a casa foi essencialmente consumida pelo fogo.
Tristes e cansados, o casal se muda para a casa ao lado que Keith havia comprado na primavera passada para servir como residência de hóspedes. Lá, depois de se recobrar do susto, dão entrada no seguro e começam a planejar a reforma. Um arquiteto seria logo contratado para reconstruir a casa, tornando-a maior e possivelmente melhor do que já era. A obra duraria anos.
A Macaca
Existe na língua inglesa a gíria monkey, ou seja macaca, para exemplificar as dores, cólicas, etc. que se têm com a abstinência de alguma coisa, mormente drogas. A gíria vem da velha expressão 'as bothering as a monkey on your back', ou seja, 'tão incômodo quanto uma macaca nas costas.'
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Certa tarde, enquanto Keith descansava no sofá, uma procissão de carros de polícia entram na rua com suas sirenes a todo volume. O guitarrista pula meio metro e parte correndo para a escada. Levanta o tapete e começa a procurar uma tábua solta, que escondia um compartimento onde ele guardara uma parte de seu estoque. Antes que ele possa chegar a um dos vários locais onde guarda sua heroína, Keith percebe que as sirenes continuavam urrando rua abaixo. A polícia podia estar à procura de alguém, mas ao que parece, não era ele.
Algumas semanas se passaram e inevitevelmente o seu estoque acaba. A necessidade do corpo pela droga traz a insegurança instantânea. O próximo fornecedor que Keith arrumou se chama David, que, ao ser procurado, é obrigado a negar a encomenda, pois não teria para o mesmo dia, promete porém para o dia seguinte. Este é o pesadelo de qualquer junkie, a ânsia pela droga que não está à disposição. Tentando evitar entrar em pânico, Keith vai até The Wick, no chalé no fundo do quintal.
Dentro do chalê, ele havia guardado alguns papelotes de heroína em uma parte oca do teto. O teto descia em um ângulo unindo-se com a parede. Aparentemente os papelotes deslizaram por trás da parede que, feita de madeira, tinha diversas divisórias. Assim, para encontrar qual o local exato onde estariam seria uma questão de adivinhação. Após destruir parte da parede, literalmente retirando as tábuas, concluiu-se que não estava valendo a pena.
À esta altura Keith já entrara em pânico. Suas mãos estavam tremendo e ele já conseguia sentir a febre chegando. Mandou seu assistente comprar heroína nas ruas, o que levou algumas horas. Uma vez injetada a droga de pureza duvidosa e preço exploratório, o suor frio amainava e a calma do guitarrista voltava.
Preparações Para A Excursão Européia
O planejamento para esta excursão européia incluía cinco dias de ensaio em Kleine Zaal, situado em Rotterdam, Holanda. Havia porém uma certa preocupação em relação à crescente dependência de membros da banda por heroína, mormente Keith, que não podia mais passar um dia sem a droga. Os cabeças da operação, no caso Jagger, Chess e Rudge, precisavam estudar uma tática funcional de se conseguir locomover Keith Richards para um novo país a cada dois dias traficando heroína. A única outra opção seria a de desintoxicação, coisa que teria que ter sido iniciada há mais tempo. Caso se internasse em uma clínica, Keith não teria condições físicas ou psicológicas para viajar, quanto mais tocar guitarra diante de milhares de pessoas. A tensão acumulava diante das incertezas.
Marshall Chess
Marshall Chess

Foi Marshall Chess quem chegou com a solução. Ele havia se viciado em heroína em 1971 em Nellcôte, mas se livrou do vício graças a um tratamento feito com um médico da Flórida, que consistia em uma filtração completa do sangue do corpo, eliminando toda heroína da corrente sangüínea. O tratamento foi tão fácil e tão eficiente que Marshall até voltou a usar heroína, sabendo que a cura se tornara uma questão meramente financeira, problema que ele não tinha.
Keith concordou com o tratamento e ficou acertado que o bom doutor iria tratá-lo na Suíça, após a apresentação em Birmingham, dezenove dias depois do início da excursão. Até lá, Keith iria depender da discrição de sua canetinha com heroínamalocada em um compartimento secreto. Anita não iria viajar com ele, teoricamente ficando em casa. Na verdade, ela pegaria as crianças e praticamente se mudaria para a casa de Sheleta.
Além de Keith, outros membros da equipe na excursão com problemas de dependência eram Marshall Chess, Bobby Keys, Jim Price e Mick Taylor, o hábito deste último crescendo de uma forma preocupante. Na verdade, esta excursão seria vista no futuro como o ápice da banda (e equipe) no que se refere ao consumo de drogas, todos alucinados o tempo todo. A situação letárgica de todos levaria Bill Wyman a comentar que esta poderia ser sua última excursão com os Rolling Stones. Na realidade, ficara difícil acreditar que a banda poderia continuar existindo por muito mais tempo.
Rotterdam
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Dia 18 de agosto os Rolling Stones seguem para Rotterdam e alugam o De Doelen Hall, onde ensaiam durante cinco dias para a excursão. Durante os ensaios um repertório novo começa a ser moldado, incluindo canções do novo álbum. Preparam um número maior de canções do que realmente precisariam para a excurção, experimentando algumas canções novas ou pouco testadas, para ver o que poderiam usar. Dentre as que acabariam de fora estavam "Can You Hear The Music", "100 Years Ago" e "Shine A Light". E entre as novidades que entram para o repertório estavam "Angie", "Silver Train", "Dancing With Mr. D." "Doo Doo Doo Doo Doo," e "Star Star". "Angie", junto com o lado B "Silver Train", se torna o primeiro compacto da banda do ano, lançado dia 20. Na Holanda, Bobby Keys sofre um acidente de carro, caindo com seu Jaguar dentro de um canal. Por sorte não se machucou e não foi necessário ser substituído às pressas.
Goats Head Soup
Goats Head Soup
Goats Head Soup

"Goats Head Soup" é lançado no último dia do mês de agosto, véspera da estréia da excursão. Os Stones promovem o álbum, que tem dez composições novas, durante várias entrevistas realizadas em meio à turnê em vários países diferentes. Como de costume, seria Mick Jagger quem mais falaria, elogiando o fato do disco, em comparação com o anterior, ter canções mais variadas musicalmente. Ele complementaria dizendo: "'Star, Star' é a única canção com um certo cinismo. Todas as demais falam de beleza." Keith destacaria o prazer que foi ter gravado as bases na Jamaica.
"Angie" era a primeira balada lançada pelos Stones e como tal, choca fãs mais antigos. Jagger seria acusado de transformar o grupo em uma banda de balada. Em parte isto não só é verdade como é também uma saída encontrada por Mick para esconder a situação desgastada de Keith, a quem julga não ter mais pique para segurar um show só com rockões. A Atlantic Records também estava desapontada com os Stones, pois a gravadora vinha sonhando com um novo "Brown Sugar" e não com uma balada romântica. Indiferente a isto tudo, a canção faz sucesso mundial e aumenta a popularidade dos Rolling Stones, atraindo um público mais abrangente.
A canção disputa um mercado onde no topo das paradas estavam artistas como Cher, The Carpenters, Gary Glitter, Michael Jackson, Donny Osmond, David Cassady e Helen Reddy. A crítica chamaria o álbum de uma tentativa dos Stones de entrar no filão do Glam Rock. No entanto, o disco vendeu muito e apresentou a banda para um público muito maior, não obsecado por riffs ou r&b. O grande público das pop ballads.
European Tour - Primeiro Terço
Dia primeiro os Stones estão aterrisando em Vienna, Áustria, para o início de um total de quarenta e três shows. A banda contava, além dos cinco integrantes, com a assistência de Billy Preston nos teclados, enquanto os metais ficavam por conta do trio Bobby Keys e Trevor Lawrence, ambos no saxofone, e Steve Madaio no trumpete e trombone. Como medida de segurança, os Stones continuam a utilizar a tática de se registrar em hotéis com nomes falsos. Mick J é Mr. Groves, Keith é Mr. Dino, Bill é Mr. C. Palace, Charlie é Mr. Parker e Mick T é Mr. Wilshire. Duas bandas abrem a cada show. A primeira era uma banda da gravadora Rolling Stones chamada Kracker. Seu empresário era ninguém menos que Jimmy Miller, produtor dos Stones. A outra se chama The God Squad, e tratava-se da banda de Billy Preston, que depois de seu set retorna novamente ao palco com os Rolling Stones.
Haviam boatos que eram provavelmente corretos, dando conta que durante a apresentação em Viena, Áustria, espiões russos estavam entre o público para assistirem e analisarem o show dos Rolling Stones. Acontece que a banda mostrava reais interesses de tocarem em Moscou e as ordens destes homens era de assistir e reportar para o Ministério da Cultura de seu país, para concluírem se este grupo musical tinha algum valor cultural de interesse para a Rússia. A resposta acabaria sendo negativa. Intenções dos Stones de tocarem também em Praga, Tchecoslováquia e Varsóvia, na Polônia, encontraram a mesma receptividade negativa.
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Depois da apresentação na Áustria passam dois dias na Alemanha, se apresentando primeiro em Mannheim e depois fazendo dois shows em Cologne. Depois de três dias de descanso, começa no dia 7 de setembro a etapa da excursão dentro do Reino Unido. Um certo alívio recai em todos cientes do problema de Keith em relação a seu vício. Apesar de viajar com flagrante, uma vez no Reino Unido ele pelo menos não iria mais passar por fronteiras (e alfândegas) internacionais.
A Festa do Palácio de Blenheim
Uma festa promocional foi cuidadosamente preparada para a imprensa, promovendo não só a etapa britânica da excursão mas também o novo álbum recém lançado. Mick Jagger aluga o Blenheim Palace, local onde Winston Chruchill nascera, para a realização da festa e deixa claro que toda a banda precisará estar presente. Este ponto foi largamente discutido com Keith. Na noite do evento, Anita fica de birra e não quer sair. Ela passou a odiar programas sociais e raramente participa de tais eventos. Mas a importância deste evento em particular havia ficado clara para Keith e, após uma briga que durou praticamente o dia inteiro, Anita resolveu vestir uma camiseta e jeans e ir com ele e Marlon.
Com o carro se aproximando do local, Anita logo percebe que o evento é de gala, todos impecavelmente bem vestidos. Ela então passa a fazer o maior tumulto dentro do carro, exigindo que voltassem para casa, mostrando absoluta determinação de não entrar vestida de jeans e camiseta. Keith e Anita discutem seriamente enquanto o chofer particular, o auxiliar para assuntos aleatórios e o pequeno Marlon, apenas fingem que não estão ouvindo. No fim do impasse, Anita concorda em esperar no carro enquanto Keith e Marlon marcam presença na festa, sejam fotografados e retornem. Tudo em um total de uma hora.
Enquanto o auxiliar geral Tony cuida de Marlon, Keith e Bobby Keys vão até uma sala ao lado, onde tiram seringas e garrote. Cada um se aplica e estão prontos para a noite. Não demora muito e Mick Jagger chega para carregar Keith dali. "Vamos lá cara, você precisa ser visto. Deixe que eles batam umas fotos com você e a banda, isto é importante!" E Keith sabe que Mick tem razão e segue Mick de volta para o salão principal, mostrando seu espírito de equipe. Atrações da festa incluem engolidores de fogo e mímicos, que apresentam seus truques em um canto do salão enquanto o público conversa e circula livremente.
Depois de uma série de fotos, ele encontra uma cadeira junto à mesa onde está seu filho Marlon e olha o mundo com um olhar tranqülo. Bianca passa e uma vez que Anita não está, ela chega e cumprimenta Keith, puxando conversa com sua costumeira polidez e finura. O tempo vai passando e não demora muito para Anita aparecer, com seus trajes destoando totalmente dos demais. Ela vai direto para a mesa onde Keith e Bianca estão sorvendo Champagne e conversando amigavelmente.
Quando Keith a vê sabe imediatamente que ela está aborrecida. Só lhe resta dar um "olá querida" e esperar que as coisas se resolvam sem muito dor de cabeça. Anita infelizmente estava perto de espumar, tamanha raiva por estar no carro enquanto Keith tomava Champagne e se divertia com os convidados. A primeira coisa que ela faz é mandar o marido à merda. Bianca, perplexa com a recepção, pergunta inocentemente o que houvera e por onde ela estava. Anita responde em um volume que silencia todo o salão: "aonde estive? Não é da sua conta aonde eu estive, sua puta idiota! Vamos Keith, estamos de saída!"
Mick, como todo o resto da festa, ouviu o fora e temendo ver a baixaria em todos os jornais no dia seguinte rapidamente intervém, sussurando no ouvido de Keith para levar Anita embora imediatamente. Keith sabia que ele tinha razão e imediatamente levanta, pega Anita pelo braço e sai por uma porta lateral, com Tony e Marlon correndo atrás. A festa continua harmoniosamente como antes, e Mick, eterno bom anfitrião, encanta todos e não deixa a rusga estragar a noite. No entanto, para quem tem alguma noção do que é conviver com um viciado, sabem qual é o mal que está fermentando dentro do âmago do relacionamento entre Keith Richards e Anita Pallenberg. Depois desta noite, os boatos e apostas sobre quanto tempo de vida lhes restam começariam a fazer parte da conversa casual, primeiro entre pessoas do meio, depois entre os fãs.
Discussão Íntima
Dentro do carro no caminho de casa, enquanto o motorista dirige e Marlon senta no colo de Tony lá na frente, ambos olhando a paisagem da noite escura, Anita e Keith estão no banco de trás fazendo um análise da noite. Keith começa sua dissertação sobre porque a conduta de Anita não lhe agradou dando-lhe um soco, com toda força, bem no meio do rosto. Com a força de tal argumento, Anita revindica o direito de seu parecer pulando em cima do marido e arranhando com as unhas o seu rosto. Depois ela começa a puxar o seu cabelo, os dois a esta altura caindo no chão do luxuosíssimo Rolls Royce.
Por sinal, nada disto estava acontecendo com qualquer discrição. Estavam aos berros um com o outro enquanto o motorista apenas olha para frente, mantendo sua atenção na estrada. Keith consegue se desvencilhar e dá outro soco bem dado no meio da cara de Anita. A esta altura ela já está cansada e passa boa parte da viagem chorando no canto. Depois, cria coragem, e pula novamente em cima de um distraído Keith e arranha novamente seu rosto, tentando arrancar os olhos.
Quase em casa, a briga acalmou a ponto de passarem a discutir realmente, apenas com palavras. Keith se queixa que ela teve o dia inteiro para arrumar uma roupa legal para usar, que ela tinha um monte de jóias e não se vestiu caprichosamente porque não quis ou por preguiça. Anita então começa a reclamar que quer heroína. Ela cheirara sua última grama no carro a caminho da festa. Keith então diz que ele não tem, o que é uma mentira, porque Bobby Keys tinha deixado alguma coisa nas suas mãos.
Chegando em casa, ela foi correndo para o quarto e começou a procurar algum papelote de heroína escondido por Keith. Da sala se ouvia o barulho, Anita parecendo estar destruindo todas os cômodos à procura da droga. Keith finalmente resolve subir para ver se ele consegue acalmá-la por bem ou por mal. Ao ouvi-lo subindo, ela começa a jogar botas e sapatos em sua direção, ofendendo-o com todos os nomes possíveis. Passa a exigir que ele arrume alguma coisa para ela, se não vai entrar em abstinência. Tony é então mandado a procurar algo, voltando duas horas depois com uma pequena quantidade de heroína de má qualidade que lhe custara um preço exorbitante.
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Tony, como Keith e Anita, também era um viciado. Ele precisava de parte daquele papelote que acabara de comprar para domar o seu próprio vício. No entanto, Anita pegou o papelote e mandou Tony sair de sua casa. Keith sugeriu que ele saísse, desse um tempo e depois retornasse. Até lá Anita já teria apagado e ele lhe daria o que sobrasse para que Tony pudesse passar a noite sem o efeito da abstinência. Tony era um empregado que trabalhava para Keith havia seis anos. No entanto, quando depois de uma hora ele retorna, ninguém atende à porta. A realidade de um viciado não dá espaço para lealdades a ninguém.
O dia amanheceu com Tony desesperado tocando a campanhia e esmurrando a porta. Ele acaba se conformando em ir para casa, onde passa mal pelas próximas horas. Mas antes que a macaca chegasse com todo o vigor, Keith liga e lhe oferece uma dose salvadora. Mais tarde, Tony consegue com um médico umas prescrições de metadona que usa para tentar enganar seu vício de heroína.

And Then,The Light Of Consciousness Became Hell - HellLight


Entre os inúmeros subgêneros pelo qual o Heavy Metal foi se diversificando ao longo das décadas, muitos consideram o chamado Funeral Doom como o mais maldito. De qualquer forma, existem muitos grupos liberando registros excelentes para um público fiel, como é o caso do HellLight, veterano de São Paulo na ativa desde 2001 e que está liberando seu terceiro álbum, "…And Then, The Light Of Consciousness Became Hell…".



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E se há algo que consegue enriquecer “…And Then, The Light Of Consciousness Became Hell…", é a abordagem adotada, que incrementa suas composições com inspiradasmelodias de guitarras (os solos são maravilhosos!), o que, aliado a um trabalho vocal bem elaborado que flui do rosnado agonizante às linhas mais limpas, causam uma considerável sensação de conforto em meio à maciça opressão e tanta desesperança, elementos fundamentais à proposta.
O resultado final pode não apresentar algo novo, mas adquiriu os contornos de uma forte aura pagã que convence e, como já foi percebido por aí, possui indiscutíveis laços com o sueco Bathory. Alguns poderão achar a audição repetitiva, mas essa precipitada conclusão pode ser fruto de uma análise superficial, pois há muitos detalhes a serem descobertos nestas seis canções distribuídas ao longo dos quase 80 minutos (!!!) de audição. Nenhuma faixa possui menos do que 12 minutos, mas tudo segue com uma habilidade vigorosa que consegue se esquivar da mera redundância.
Mesmo o HellLight sendo uma banda brasileira, este álbum está sendo liberado pelo selo russo Solitude Prod e sua versão nacional infelizmente se encontra (ainda) indisponível. De qualquer forma, seu disco anterior, o também muito bom "Funeral Doom" (08), lançado pelo selo alemão Ancient Dreams, conseguiu atingir nosso território verde-amarelo. São trabalhos honestos em sua melancolia e, assim, obras voltadas aos reais aficionados pelo Heavy Metal agonizante e arrastado.
Contato:

Formação:
Fábio - voz, guitarra e teclados
Alexandre - baixo

HellLight - …And Then, The Light Of Consciousness Became Hell…
(2010 / Solitude Prod - importado)

01. The Light That Brought Darkness
02. Downfall Of The Rain
03. Soaring Higher
04. Children Of Doom
05. The Secrecy
06. Beneath The Light Of The Moon

Cinetrash - Zombie Cookbook


Oras, ainda existem bandas que conseguem surpreender! A história aqui começa com cinco caras de Joinville (SC) que morreram em 2010, mas se recusaram a descansar em paz e resolveram infernizar a vida do povo daquela cidade tão abafada... Para tal, montaram o sugestivo Zombie Cookbook e desde então estão fazendo muito barulho por aí. Esse é um resumo discreto, mas o fato é que todo o melodrama mal-cheiroso se espalhou para tão longe que os zumbis conseguiram um contrato com a Fudgeworthy Records, gravadora lá dos Estados Unidos, e estão estreando com o EP "CineTrash".



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E sabe a notícia mais curiosa sobre "CineTrash"? Este registro está sendo liberado somente no formato VINIL (yeah!), na cor vermelha e no formato de sete polegadas (suponho que a geração iPod não tenha entendido muita coisa...). A ilustração da capa é incrível, com um logotipo feito de tripas que é o mais bem sacado dos últimos anos, além de o interior da capa seguir todo o estilo dos quadrinhos clássicos de terror.
Musicalmente, a proposta é uma mescla muito madura de Death, Thrash, Grind e pitadas de Heavy Metal propriamente dito, com uma temática que, como não poderia deixar de ser, oscila entre zumbis, gore e filmes de terror de quinta categoria. Ou seja, são cinco faixas que cronometram cerca de 15 minutos de Heavy Metal dos mais esporrentos e que remete diretamente às raízes do gênero, tendo em “Buzano The House Of Blind Dead” e “V.O.D.U.N.” ótimos exemplos da capacidade musical destas figuras.
Como este EP é importado, as vendas no Brasil estão sendo feitas exclusivamente pelo próprio Zombie Cookbook. Mas fica o aviso: a tiragem é limitada, então, os amantes do sempre simpático vinil que não dêem bobeira, ou ficarão sem este item de colecionador! Sem contar que, do jeito que os caras estão se decompondo - o guitarrista Guinea Pig perdeu seus braços e não consegue mais tocar - vai saber até quando estes zumbis estarão tropeçando por aí... De qualquer forma, este escriba admite que já se tornou dessas salmonelas esverdeadas!
Contato:
zombie.cookbook666@gmail.com

Formação:
Dr. Stinky - voz
Horace Bones - guitarra
Hellsoldier - baixo
Dr. Freudstein - bateria

Zombie Cookbook - CineTrash
(2011 / Fudgeworthy Records – importado)

Lado A (Cine-Side):
01. Feastering Humans At Dusk
02. I Sell The Dead
03. Buzano The House Of Blind Dead

Lado B (Trash-Side):
04. Let The Sleeping Corpses Lie
05. V.O.D.U.N.

Master of Reality - Black Sabbath


Soe pesado, algumas vezes rápido e algumas vezes com certa lentidão. Coloque algumas baladas para fazer o ouvinte respirar sua musicalidade. Não faça músicas que ultrapassem seis minutos. Este é o Black Sabbath em "Master of Reality", álbum que estreou em julho de 1971. Fará 40 anos no mesmo mês deste ano.



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O material foi responsável por jogar a banda no oitavo lugar das paradas britânicas e o quinto nos Estados Unidos. Conseguiu nota máxima no Allmusic, reconhecidamente por fazer canções acessíveis mesmo com todo o peso e seus temas sombrios. O primeiro encarte do vinil era curioso: Era todo preto, com as palavras Black Sabbath na cor roxa. A palavra Master of Reality era visualizável apenas por seus contornos e as letras eram onduladas. No CD, o nome do álbum foi colorido de cinza.
Lester Bangs, notório crítico da Rolling Stone, disse que o Sabbath não cresceu nesse material como fizeram os proto-punks do MC5. Se ele estava certo, não dá pra saber, mas que o quarteto liderado por Ozzy Osbourne  acertou em criar um material curto e saboroso para o ouvinte é um fato reconhecido em dois milhões de cópias vendidas.
"Sweet Leaf" abre o CD com a tosse de Geezer Butler ao usar maconha, jogando, de cara, o tema das drogas, que é uma temática tão cotidiana e polêmica quanto a letra de "Paranoid". No entanto, os assuntos sombrios não iam ficar de fora do CD. Apesar da mensagem cristã de Geezer sobre salvação, "After Forever" já mostra que a religião volta a ser uma abordagem comum para o novo material da banda.
Tony Iommi reduziu três semitons da afinação de sua guitarra e toca de maneira mais suja e obscura nesse CD, acompanhado pelo mesmo ajuste no contrabaixo de Geezer Butler. "Embryo" é uma pequena peça instrumental que antecede Children of the Grave, uma das músicas que mais mostra o ritmo forte de Bill Ward na bateria. Falando sobre inocentes que se voltam contra as guerras, como em "War Pigs", a letra faz uma alegoria da situação com crianças que são enterradas vivas.
Iommi não fica satisfeito e, dessa vez, ataca em uma peça acústica com ares de música erudita. "Orchid" é outra das criações do guitarrista antes da fabulosa "Lord of This World". Mais travada, a música retoma os temas demoníacos sobre possessão de pessoas inocentes, como as letras do primeiro álbum, "Black Sabbath".
Em uma letra inovadora para a banda, "Solitude" abandona a sujeira das guitarras e os berros de Ozzy Osbourne para falar, serenamente, sobre solidão. Para fechar o material, sem tons cinzentos e mornos, "Into The Void" fala sobre poluição e sobre o homem se matando com suas criações, rodeado por fraseados bem pesados do instrumental do grupo de heavy metal.
Um disco direto, sujo e curto, mas com variações. Este é o "Master of Reality" do Sabbath.

Great Southern Clitkill - Cliteater

Por Christiano K.O.D.A.

Eis a mais recente violência sonora dos comedores de clitóris (tradução livre do nome da banda), ainda pouco conhecida no país. Porrada!!! É um Grindcore com “G” maiúsculo, visceral e muito brutal o executado aqui.



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E quem conhece os outros trabalhos sabe que os caras têm um humor e tanto. Vejam os nomes dos álbuns anteriores e tirem suas conclusões. Nesse, o “homenageado” da vez é o Pantera. E a farra não ficou só no nome do CD não! Na música-título, mais uma boa e engraçada supresa: os caras coverizam a “The Great Southern Trendkill”, numa versão ainda mais pesada e veloz. Muito boa!
Outros destaques imediatos são “Now I Lay Me Down To Cheat” e “F.F. (Fuckin faggot)”, que começam de uma tal maneira que o ouvinte se assusta com a violência dessas músicas. Em “Positiv Aspects Of Collective Chaos (Part IV)” temos um pouco (pouco mesmo) de melodia misturada ao blast beat infernal da bateria (excelente por sinal), intercalado por vociferações inusitadas. E há um interessante “instrumental” no final da música. Ah, se o som tivesse cheiro, aconselharia máscaras de gás enquanto ouvissem esse trecho.
Já a levada de “Fred Shipman (A Sick Man)”, não tão veloz, é um convite para se debater insanamente pelo quarto. O mesmo efeito é causado pela penúltima faixa - “Knoxville Horror Mutilations” – com um baixo maravilhoso dando um toque mais podre ao som.
Um fato interessante é que entre os componentes, temos o vocalista Joost Silvrants, que também atua no magnífico Inhume, e já chegou a passar pelo grande Sinister. O cara vomita as letras de uma maneira que você se pergunta como ele consegue atingir aquele “timbre”. A potência da garganta do cara é sem dúvida um dos principais elementos que deixa “The Grat Southern Clitkill” ainda mais extremo.
No geral, as músicas têm várias mudanças de ritmo, e quebradas que agradam bastante. Mas calma, fãs de sons rápidos: o álbum é em sua essência movido pela alta velocidade.
Para completar, a gravação é ótima, algo que já se tornou comum em bandas tão sujas e extremas como a Cliteater. Como exemplo, ouça os riffs-machadadas lentos e densos de “I Hypochondriac”.
E não me canso de falar do peso disso aqui. As afinações graves só ajudam. Enfim, quase 33 minutos de puro grind bem feito. Mais uma banda que merece estar entre as melhores do planeta no estilo. E claro, para quem curte podridão, já tem sua lição de casa: ouvir toda a discografia desses holandeses.
Cliteater – The Great Southern Clitkill
War Anthem Records - 2010 - Holanda

Tracklist:
01. Now I Lay Me Down To Cheat 01:00
02. Crime Scene Cleaner 01:42
03. Daryl Rhea 02:31
04. F.F. (Fuckin faggot) 02:22
05. I Hypochondriac 01:49
06. The Great Southern Clitkill 01:38
07. Cellar Dweller 01:40
08. La Bestia 01:14
09. Fred Shipman (A Sick Man) 02:01
10. Saturday Night Beaver 01:30
11. Gruntlichkeit 00:40
12. Glory Hole 02:36
13. In-Diana Jones 01:46
14. Family Ties 01:20
15. Positiv Aspects Of Collective Chaos (Part IV) 02:10
16. Knoxville Horror Mutilations 02:47
17. Bts (Biomedical Tissue Services) 03:55
Fonte desta matéria: Som Extremo

Remember That Night: Live at the Royal Albert Hall - David Gilmour


A carreira solo de David Gilmour tem apresentado uma qualidade que beira o sublime. Apesar de não tão conhecidos como seus trabalhos ao lado do Pink Floyd, seus três discos estão encharcados de ótimas composições, que, em muitos aspectos, anteciparam e deram continuidade à sonoridade que Gilmour vem explorando no Pink Floyd desde que tomou as rédeas do grupo, a partir de "A Momentary Lapse Of Reason", de 1987.



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Dono de um estilo único, que faz com que a audição de uma mera nota já identifique um solo seu, David Gilmour comprova essa constância criativa no DVD "Remember That Night - Live at the Royal Albert Hall", lançado em 2007 e gravado na lendária casa londrina. Acompanhado por uma banda repleta de feras, onde destacam-se o guitarrista Phil Manzanera (Roxy Music), o tecladista Richard Wright (outro ex-Pink Floyd), o saxofonista Dick Parry (outro chapa das antigas, com participações em álbuns clássicos como "The Dark Side Of The Moon" e "Wish You Were Here") e o baixista Guy Pratt (The Transit Kings, Bryan Ferry), Gilmour repassa sua carreira, tanto solo como ao lado do Pink Floyd, em um lançamento absolutamente impecável.
Extremamente bem produzido, entregando imagens belíssimas que valorizam ainda mais o mítico Royal Albert Hall, "Remember That Night - Live at the Royal Albert Hall" traz um repertório que une velhos cavalos de batalha a algumas faixas raramente executadas ao vivo. No primeiro bloco, temos versões irretocáveis de clássicos como "Speak To Me", "Breathe", "Time" e "Wish You Were Here", enquanto o segundo segmento traz músicas como "Smile", "Fat Old Sun", "High Hopes" e "Echoes".
A participação de David Crosby e Graham Nash nos backing vocals de "On an Island", "The Blue", "Shine On You Crazy Diamond" e "Find The Cost Of Freedom" (bela homenagem a capella de Gilmour à dupla, nessa faixa gravada originalmente pelo Crosby, Stills, Nash & Young) confere doses maiores de sensibilidade a canções que já eram originalmente belas. A participação do lendário Robert Wyatt (Soft Machine) tocando trompete em "Then I Close My Eyes" é tocante, com o veterano músico, hoje paraplégico, levando parte do público às lágrimas.
Um dos principais momentos do DVD ficou reservado para o seu final, com David Bowie subindo ao palco para cantar dois dos maiores clássicos do Pink Floyd, "Arnold Laine" e "Comfortably Numb". Bowie dá a sua interpretação característica a essas duas músicas, principalmente para "Comfortably Numb", fazendo-a soar renovada e mostrando o quanto essa canção, lançado originalmente no álbum "The Wall", ainda soa forte e atual.
O disco dois de "Remember That Night - Live at the Royal Albert Hall" traz inúmeros e interessantíssimos extras, com destaque para a execução de faixas raras ao vivo, como "Wot´s ... Uh The Deal" (do álbum "Obscured by Clouds", de 1972) e "Dominoes", canção de Syd Barret presente no álbum "Barret", lançado pelo "crazy diamond" em 1970. Há também o longo documentário "Breaking Bread, Drinking Wine", mostrando os preparativos para o tour, onde um dos melhores momentos é o encontro entre David Gilmour e Roger Waters nos corredores do estúdio onde as bandas de ambos ensaiavam lado a lado, em uma coincidência divina e que mostra a evidente tensão entre os dois. O disco é completado por um making of de "On an Island", último trabalho de Gimour, e que, aliás, marca presença com várias faixas no set list, mostrando o quão consistentes são suas composições.
Merece menção também o impecável tratamento gráfico do material, com embalagem digipack e luva protetora, além de encarte e legendas em português em todo o disco, desde o show até os extras.
"Remember That Night - Live at the Royal Albert Hall" é um DVD excepcional, daqueles itens que toda pessoa que gosta de música tem que ter em casa, em destaque na sua estante. Vale o investimento, e com sobras.