3 de maio de 2011

Geração Bendita - É Isso Aí, Bicho - 1971








Nos anos 60, brasileiros de todo o país e estrangeiros, constituiram um grupo de 68 pessoas e estabeleceram-se nos subúrbios de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, com a intenção de recriar um estilo de vida baseado nos ideais hippies. O acampamento durou cerca de três anos. Com a intenção de divulgar seu modo de vida, veio a oportunidade, através do apoio de diversas pessoas, do grupo transformar esta experiência em um filme longa metragem que viria a ser conhecido como “o primeiro filme hippie brasileiro” Geração bendita – É isso aí bicho!

Em 1971, a Censura exigiu que mais de 40 minutos da primeira versão do filme fossem cortados, o que levou à refilmagem de alguns trechos e acréscimos de novos. Finalmente, em 1973, conseguiu-se a aprovação do filme, após mais alguns cortes. Porém, em julho deste mesmo ano foi novamente proibido e apreendido pela Polícia Federal. Em 2002 conseguiu reaver os negativos originais de Geração bendita.

Foram três anos de trabalho intenso para recuperar o material digitalmente. 
Um dos destaques do filme é a trilha psicodélica originalmente composta pelo grupo Spectrum, formado por músicos da comunidade hippie envolvida na realização do filme. 
Lançada em vinil em 1971, “é um dos LPs mais procurados em todo o mundo e é uma pepita para qualquer colecionador”.

Parte 42 - A Heroína na História

ada um segue em uma direção diferente. Mick Taylor foi o único que não acompanhou os demais, seguindo da Austrália para Hong Kong. Charlie Watts segue em direção de sua casa em Marselles, onde sua esposa e filha aguardam sua chegada. Mick Jagger se encontra com Bianca e juntos, seguem então para as Bahamas. Keith Richards pega um vôo para Montreux, enquanto Ian Stewart, de posse das fitas masters do futuro disco do grupo, retorna para Londres. Quando Keith chega em sua casa em Montreux, descobre que Anita e as crianças voltaram para Ocho Rios enquanto os Stones estavam excursionando. Keith então segue de volta para Jamaica.


A Dupla Jagger-Richard
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Depois de passar uma temporada em Barbados assistindo partidas de cricket, Mick Jagger retorna definitivamente para Londres em maio. Jagger passa a acompanhar o esporte atentamente e é visto com certa regularidade em locais onde são realizados as partidas. Durante o período inicial deste retorno a Inglaterra, Mick aproveita em uma tarde, vai até o norte da Escócia para conhecer a Ilha Gigha. É de sua intenção comprar a ilha que está a venda, porém não foram aceitas as suas propostas. Seu círculo de amigos pertence quase todo à alta sociedade. Exatamente do lado oposto do espectro está Keith Richards e suas amizades com os mal vistos rastafaris. Mick Jagger e Keith Richards. Cada um em uma direção oposta, se encontrando no centro de um furacão comumente chamado derock 'n' roll.
O Amadurecimento de Bianca
Durante o ano de 1973, aos poucos, um a um, todos os Stones retornam para morar novamente na patria mãe, Inglaterra. É particularmente importante também para Bianca Jagger, pois é o ano que ela passa a se definir como uma personalidade independente da estrela do seu marido. Ela se recusa a ser apenas a Sra. Jagger. Se recusa a ser resumida aos olhos alheios como um adorno na vida do seu marido famoso. Assim, ela passa a investir em uma carreira de modelo. Um de seus primeiros trabalhos será desfilar para a coleção do amigo, o costureiro Ossie Clark. Seu cachê por apresentação é geralmente doado para alguma caridade, de forma que junto com a aceitação profissional, vem também uma certa admiração do público por suas ações filantrópicas. Aos poucos, Bianca Jagger vai conseguindo se tornar uma estrela do jet-set londrino de importância própria, independente de seu marido.
O casal Mick e Bianca Jagger passa a freqüentar novamente os eventos sociais, e em alguns destes encontram Marianne Faithfull. No primeiro encontro houve um certo desconforto, embora nada tenha sido dito ou feito para perturbar o ambiente, afinal são gente civilizada. Marianne comentaria anos depois que Bianca foi muito simpática, mantendo um comportamente exemplar. No segundo reencontro, novamente em outra festa, contudo, desta vez sem a presença de Bianca, Mick e Marianne conversaram um pouco mais. Mick tentara discretamente saber se ela voltara a usar heroína sem precisar necessariamente fazer a pergunta. Marianne percebeu o intento mas não lhe deu a satisfação de uma resposta. Se a verdade fosse dita, ela teria que confessar que havia sim voltado a usar heroína.
Anita e os Rastas
Anita Pallenberg
Anita Pallenberg

Anita estava adorando a companhia dos novos amigos Jamaicanos. Fazia tempo que ela não chamava tanta atenção e tinha para si tanta bajulação. Ela saía com a rapaziada para dançar nos clubes e depois os trazia para casa para o pernoite. A residência de Point of View ficava em uma área residencial onde a maioria da comunidade era formada por políticos e milionários. Para eles, os rastafaris eram gente perigosa e indesejável. Não via a relação desta conterrânea com esses negros como saudável.
Quando Keith chegou na Jamaica, percebeu logo que sua casa estava se tornando, entre outras coisas, um ponto de rastafaris ativistas da esquerda. Ficou particularmente magoado com Anita e seus múltiplos relacionamentos durante sua ausência. Não demorou muito para alguém da vizinhança vir falar com Keith, avisando que "era melhor ter uma conversa com sua esposa e dar um ponto final neste entra e sai de rastafaris, caso contrário ela se meteria em problemas sérios". Keith mandou a pessoa cuidar da própria vida, mas incomodou a percepção trazida pelo toque, de que todos os vizinhos estavam acompanhamdo a movimentação em sua casa. Humilhado, Keith então opta por deixar Anita curtir a vida dela como achasse melhor, retornardo sozinho para Londres.
De Volta aos Estúdios
O mês de maio de 1973 foi um que viu várias atividades entre os Stones, mormente na vida de Keith e Mick. Dia 7, o grupo retomou trabalhos para o novo álbum no Olympic Studios. Para não atrair nenhuma atenção para o fato que estavam trabalhando, evitando assim a ação de pirataria, a sessão foi marcada como sendo da banda The Cockaroaches. Pelo mesmo motivo, as fitas mestres eram identificadas com o nome Stevie Wonder. Nestas sessões, além de analisar o que tinham de produtivo após as últimas sessões em Los Angeles, aproveitaram para gravar "Hide Your Love."
Uma sessão de fotos foi marcada para a capa do novo álbum. Storm Thorerson e Aubrey Powell, ambos artistas da firma Hipgnosis são inicialmente os responsáveis pelas fotos e concepção de arte da capa. A idéia aprovada por Jagger é de ter os cinco Rolling Stones fotografados e depois transformados para aparecerem na capa como se fossem um grupo de minotauros e centauros. A idéia acabaria sendo preterida por outra.
O Documentário de Robert Frank
O documentário de Robert Frank fica pronto e uma projeção especial é feita para os cinco integrantes da banda. O filme é chamado de "Cocksucker Blues" e abre com uma ótima versão para "You Can't Always Get What You Want", feita pela banda no ensaio na salinha nos fundos da loja de instrumentos em Burbank. Depois mostram Mick Jagger ao piano tocando a música que dá nome ao filme, composição feita com intuito de insultar a Decca que fez de tudo para dificultar a saída da banda do selo. Marshall Chess é entrevistado contando essa história. Mais tarde Keith Richards é visto também ao piano tocando umas improvisações além da canção "Say It's Not You" (Dallas Frazier). Em outro segmento, vemos Mick e Keith sendo entrevistados por um DJ de Londres chamado Emperor Don Rosko, respondendo suas perguntas com voz embargada, enquanto enrolam uma série de baseados.
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Versões picadas de "Brown Sugar" em San Francisco; "Midnight Rambler" em Fort Worth; "All Down The Line" em Seattle; "Happy" em Houston; e por último "Street Fighting Man" mais o medley de "Uptight com Satisfaction" contendo os Stones mais Stevie Wonder & the Wonderlove, no palco de Nova York. Estas compreendem as cenas ao vivo no filme. Um ensaio de "I'm Free" tocado pelas duas bandas também é visto, mas a maior parte do filme é feito de cenas soltas de bastidores. Cenas que apresentam a loucura lá fora com a população tentando assistir o show, enquanto cambistas trabalham vendendo ingressos a preços exorbitantes.
O filme oferece uma boa demonstração de tudo que é loucura que rola com e ao redor dos Rolling Stones, várias já narrados aqui. Vemos cenas nos hotéis, com mulheres nuas, pessoas se injetado de heroína, cheirando cocaína, fumando maconha, e cenas do grupo em trânsito, com a banda jogando sinuca em uma birosca no meio da estrada, ou fazendo um batuque no avião.
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Ao fim da projeção, Keith comenta rindo que tudo traz de volta um bocado de memórias. Mas o consenso geral é o óbvio, que não poderão lançar o filme de imediato, senão nunca mais deixariam os Stones entrar na America. Terão que esperar alguns anos pelo menos.
Até o presente, "Cocksucker Blues" nunca foi lançado em larga escala, sendo projetado em poucas ocasiões com o discreto titulo de "CS Blues". Várias cópias acabaram sendo vendidas secretamente no mercado negro de videos piratas a partir da década de oitenta.
No entanto, apesar de levar ainda outra década até essas cópias fossem vistas por colecionadores e fã clubes, isto não significa que a polícia londrina não tivesse nenhuma idéia de que Keith Richards estava metido com drogas. Podiam não ter a real noção do hedoísmo que é o seu estilo de vida e a das pessoas ao seu redor, mas também não eram idiotas. E como fizeram com Brian Jones cinco anos atrás, retornam à tática da chantagem, certos policiais aparecendo ocasionalmente na porta, geralmente a noite, ameaçando fazer uma busca domiciliar por flagrantes caso Keith não solte uma grana. Claro que a conversa não acontece com estas palavras. E como todo drogado tem sempre um motivo para estar paranóico, Keith Richards com a casa cheio de flagrante, pagava o preço se posicionando a mercê destes policiais.
Jagger Cobrindo As Bases
Já Mick Jagger era um profissional sério que vinha exercendo através dos anos múltiplas funções na organização dos Rolling Stones, tanto como uma empresa lucrativa quanto como atração musical. Ele não tem paciência para lidar com alguém que não está comprometido totalmente com o trabalho em mãos. Mick começa a desconfiar e temer que Keith Richards, visto por ele agora como um junkie total, possa se tornar um problema para a banda do mesmo jeito que Brian Jones havia se tornado para os Beatles. A dependência de Keith se tornara já há tempos um problema para os Stones quando estavam na estrada e ultimamente tinha atrapalhado a relação entre os dois ex-amigos. Sua personalidade mudara e a confiança que havia entre os dois simplesmente não existia mais. Com a expectativa de proteger o investimento feito nos Rolling Stones, os interesses da banda e daqueles que investiram nela, através de acordos e contratos assinados, Mick começa a se precaver.
O uso de drogas na década de setenta se tornou uma pratica absorvida pela grande maioria dos adolescentes e jovem adultos. Não somente entre os hippies de vida alternativa como também entre os intelectuais. O uso de drogas geralmente trazia certo status entre pessoas dentro de um grupo. Keith Richards já era um viciado conhecido, amado e respeitado como um guerreiro do rock 'n' roll pelo seus fãs exatamente por essa sua imagem de junkie. Seus hábitos combinam perfeitamente com sua imagem do "grande bandido do rock". Mas a noção de que drogas como heroína causam profunda dependência e matam também começa a ser reconhecida com melhor nitidez conforme a década de setenta caminha.
Assim, iniciam boatos ligados a expectativa da eventual morte de certos usuários conhecidos do meio rock 'n' roll. Nomes como Eric Clapton, Keith Richards e Pete Townshend estão no topo da lista fictícia. A lista com esses prováveis próximos mártires ganha o nome de rock 'n' dope. Esses boatos chegam até os ouvidos de Keith, que encarava a confirmação de uma imagem que ele não se incomodava em alimentar. No fundo achava tudo uma grande bobagem e sequer deu-lhes muita atenção. Mas havia quem realmente acreditasse e se preocupasse com a probabilidade de Keith morrer em pouco tempo, tanto que neste mesmo ano sai uma canção chamada "Keith Don't Go" gravado pelo músico Nils Lofgrin.
Com a óbvia distância entre Jagger e Richards, começavam a circular veladamente boatos de que Mick estaria procurando alguém para substituir o seu parceiro. De fato, Mick Jagger estava conversando com Ron Wood sobre música. O contato levou a uma visita para a casa de Woody em Richmond, o local sendo conhecido como The Wick. Levado até o estúdio caseiro localizado no sotão, passaram a ouvir algumas coisas feitas por Ron que iniciara despretensiosamente a trabalhar em seu primeiro disco solo. A canção "I Can't Feel The Fire" de Wood, estava com a letra ainda por fazer e Mick se propõe em ajudá-lo nisto. Juntos compõem a letra da canção que, quando lançada, não receberá crédito de Jagger.
Em dado momento, um convite foi feito a Ron Wood por Mick Jagger para atuar como guitarrista dos Rolling Stones nas apresentações ao vivo. Não para substituir Keith Richards inteiramente, mas caso Keith por qualquer motivo não pudesse fazer a próxima excursão, Ron substituiria o guitarrista, evitando o cancelamento das datas já marcadas. Em meio a um bate-papo descontraído entre dois músicos, Mick mostra uma canção sua que igualmente estava aos pedaços. Pega-se uma guitarra e começam a brincar com idéias. Nasce em meio a isso a canção "It's Only Rock 'n' Roll." No final da brincadeira, Mick propõe que Wood ficasse com todo o crédito de "I Can't Feel The Fire" enquanto ele ficaria com "It's Only Rock 'n' Roll."
Keith e sua Ferrari
Com Anita na Jamaica curtindo a vida com os nativos, Keith passa então a voltar a curtir as noites nos clubes. Aluga uma Ferrari Dino amarela e passa a frequentar o Tramp Club em Jeryme Street, novo ponto chic das noites londrinas. Geralmente com Tony Sanchez ao seu lado, Keith está quase todas as noites a caça de atenção feminina. Há magoa e ódio em seus olhos e publicamente, Keith age como um capanga, reforçando ainda mais sua imagem de mal. Keith começa a fazer na vida real o papel do Keith Richards que criaram para ele nos jornais. Pior, Keith passa a procurar desculpa para arrumar uma briga com alguém. Geralmente discussões rapidas, sem muita contestação, só o suficiente para atestar sua masculinidade e reforçar a imagem que ninguem se mete com Keith Richards.
Sua presença atrai uma linda loura logo nas primeiras noites, que se diz feliz por vê-lo novamente. Trata-se de Krissie Wood, mulher de Ron Wood, que aparentemente estava no clube sozinha. Keith ficou cheio de tesão pela linda jovem e convidou-a para um drinque. Ficaram conversando, rindo e curtindo a companhia um do outro. Depois Keith lhe ofereceu uma carona para casa, tendo os dois deixado o local juntos na Ferrari.
Chegando em casa, Krissie convida Keith a entrar para tomar um café. Ele julga que o convite só pode querer dizer uma coisa e rapidamente de pé, ele segue a belíssima Krissie para dentro da vistosa residência. Mas Keith logo percebe a furada quando Krissie o convida a conhecer o estúdio e para dizer olá para o Ronnie. A decepção se transforma em constrangimento quando constata que dentro do estúdio com Ron Wood está Mick Jagger, os três homens se entreolhando querendo entender o que o outro está fazendo lá. Keith acabaria associando a presença de Mick aos boatos de sua pendente substituição nos Rolling Stones por problemas com drogas, um boato que ele até então nunca acreditara. A relação entre os dois sócios não iria melhorar com isso. Curiosamente, o encontro também seria o inicio de uma amizade que lentamente se formaria entre Keith Richards e Ron Wood.
Amizades Coloridas
Há entre Mick Jagger e David Bowie uma curiosa relação de admiração e competividade. Os dois homens estão constantemente tentando ter relações sexuais com as amantes do outro. Ambos com fama de apetite sexual inesgotável, e Bowie levando teórica vantagem pela permissividade de sua esposa Angela Bowie, situação que Mick Jagger não desfruta com Bianca Jagger. Angela por sua vez, bisexual convicta, tem como brincadeira tentar trepar com todas as meninas mais importantes que David consegue atrair, antes de seu marido conseguir comê-las.
Dana Gillespie
Dana Gillespie

No entanto, todas as ameaças de Bianca não são o suficiente para que Jagger freie ou diminuie sua horda de conquistas. E dentre elas, uma das mais tórridas foi com a cantora inglesa de blues Dana Gillespie. Dana é mais lembrada pelo seu papel de Maria Madalena na montagem inglesa da peça "Jesus Cristo Superstar". Seu elo com Bowie vem do fato que Dana havia perdido sua virgindade aos quatorze anos com Bowie em 1965, quando este era cantor de uma banda chamada The Lower Third. Dana sempre se envolveu com o ambiente criativo da vida artística e naturalmente ela se desenvolveu em uma cantora talentosa, além de uma mulher atraente.
A relação entre Mick e Dana estavava em uma fase de crescente paixão. Contudo, Mick Jagger era um egocêntrico e nenhuma relação, por mais sexualmente calorosa que fosse, seria poderosa o suficiente para ele se tornar realmente monogamista. Ao procurar por Dana em Nova York, encontrou-a dormindo em sua suite de dois quartos no Sherry Netherland Hotel, quem dividia com Angela Bowie. Angela e Dana são boas amigas, assim como Mick e David. No entanto, quando a Angela oferece para acordar Dana para recebê-lo, Jagger com um sorriso safado sugere que o destino estava oferecendo aos dois a oportunidade para se conhecerem mais intimamente. Entre gemidos no sofá, Dana acorda e interrompe as atividades em óbvia inveja. "Como puderam começar sem me chamar?" ela exclama com sorriso igualmente safado. Angela teria dispensado então o mega-star, satisfeita que estava com a sua meia-hora, Dana e Mick seguindo imediatamente do sofá para a cama.
Mexendo A Sopa
As mixagens do novo álbum, já intitulado "Goats Head Soup", uma alusão ao voodoo jamaicano, se iniciam no dia 28 de maio no Island Recording Studios. Os últimos overdubs são aprontados e as sessões contam com as participações de Jim Price, Bobby Keys, Chuck Finley, e Jim Horn nos metais, Ian Stewart, Nicky Hopkins e Billy Preston nos teclados, Jimmy Miller, Ry Cooder, Pascoal e Reebop Kwaku Baah nas percussões. Os arranjos de cordas em "Angie" foram preparados por Nicky Harrison. Foi também gravado uma nova base para "Doo Doo Doo Doo Doo." Essas sessões também produziram duas novas contribuições para o projeto, "Silver Train" que Mick e Keith tinham escrito para Johnny Winter ano passado, e "Through The Lonely Night" que teve um overdub de guitarra feito por Jimmy Page. Sessões de overdubs e mixagens continuaram por todo o mês de junho até meados de julho. E apesar de termos esse grupo de músicos concentrados em uma proposta artística, há uma sombra negativa pairando sobre as cabeças das pessoas envolvidas intimamente nesse projeto. Heroína estava corroendo os integrantes da equipe e mudando osRolling Stones.
China e Inglaterra
A história da heroína é, em parte, a história do ópio. Usado pelos egípcios como anestésico há mais de seis mil anos atrás, o ópio foi levado para a Ásia pelos árabes por volta do Século VII. Trocavam com os chineses essa planta medicional e outros produtos, por mercadorias como seda, papiro e pólvora. Plantas e frutas trocadas tambem faziam parte deste trajeto chamado 'o caminho da seda'. Entre as frutas estavam a mandarina, do chinês Mandarim. A fruta chegaria a Europa através da cidade de Tangier, Marrocos, e seria vendida com o novo nome de Tangerina.
No Século XVII os chineses descobrem que ópio pode ser fumado, e seu uso torna-se popular, agora não mais com propósitos medicinais. Para manter a demanda, o governo chinês comprava grandes quantidades dos portugueses e ingleses. Com o domínio da India, rapidamente os portugueses saíram do mercado e os ingleses ficaram sem concorrentes. Quando o ópio se tornou ilegal na China, os ingleses continuaram vendendo o produto, contrabandeando-o pelas fronteiras da India. Isto deu origem a duas pequenas guerras entre a China e o governo Britânico e nos tratados de paz que se sucederam, dentre outras coisas, a China perdeu o domínio de Hong Kong por cem anos, reconquistando o território pouco antes do novo milênio.
Se é Bayer é Bom
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Foi em 1874, nos laboratórios da Bayer, que se criou a droga que chamamos heroína, um remédio processado da morfina, que por sua vez é um extrato natural da semente da papoula, a mesma planta que nos dá o ópio. A intenção era de se conseguir uma droga que servisse ao mesmo propósito da morfina, ou seja, fosse usada como anestésico, porém, que não fosse tão viciante como ela.
De fato, ne início, a heroína era vista como uma droga salvadora, eis a origem de seu nome. Os primeiros artigos sobre essa nova droga a descrevia como excelente para a pele, a saúde e o bem estar geral. Pode-se imaginar a dificuldade das instituições da medicina em assumir seu erro de avaliação. Heroína se tornaria ilegal em 1920, após estudos mais aprofundados constatarem que a droga é ainda mais viciante do que morfina e portanto sua dependência algo ainda mais dificil de se livrar.
Como qualquer droga ilegal, existe uma enorme diferença entre o que se compra do laboratório ou farmácia e o que se compra na rua. Heroína pura em grande quantidade mata, mas em pequenas quantidades apenas aniquila sua vontade própria, lhe deixando "anestesiado" por um longo período de tempo. Como o corpo humano têm a capacidade de se adaptar, o uso continuo invariavelmente fará que o efeito dure menos tempo e o próprio corpo peça a reaplicação da droga. Esta 'exigência' feito pelo corpo é o que se costuma chamar de 'efeito de abstinência.'
Agora, comprar heroína da rua é mil vezes mais perigoso. Uma aplicação pode matar, pois o usuário NUNCA sabe ao certo o que está injetando em sua veia. A heroína da rua SEMPRE é misturada, variando apenas em o quê e em que proporção se dá essa mistura. As práticas mais comuns são a mistura feita com açúcar, leite em pó ou amido. Há também casos onde misturado na heroína se encontra estricnina ou outros venenos. Pode-se então perceber rapidamente o perigo que é não ter uma boa fonte para nutrir o seu hábito.
Keith Richards sabia disto tudo. Ele entendia que a quantidade de mortes ligadas à heroína era uma realidade natural de qualquer junkie. E que pessoas que colocam junk (porcaria) nas veias acabam morrendo. Mas ele também sabe que seu dinheiro pode comprar a melhor heroína disponível em termos de quantidade de impureza. Raras são as oportunidades de se ter uma droga realmente pura. Keith comentaria anos depois: "A razão por eu ter sobrevivido foi porque era merda da mais alta qualidade. Quando eu estava nessa, eu era um especialista! Quando você está nessa, é aquela maravilhosa sensação morna de estar ligado. Porém rapidamente você passa a apenas precisar da porra do negócio. Você faz qualquer coisa para colocar as mãos naquilo, e se você precisa se locomover e cruzar fronteiras internacionais, então você precisa pensar como. Cada vez mais energia é gasta em matutar como se locomover sem ser preso do que fazendo as coisas que você realmente deveria estar fazendo. No entanto, nunca enxergei a coisa como glamurosa. O vício toma o lugar de tudo. Você não precisa de uma mulher, você não precisa de música, você não precisa de nada. 'Junk' não te leva a lugar algum. Não é chamado de junk à toa."
A Equipe Faz o Hábito
Sim, a heroína estava corroendo os integrantes da equipe de apóio dos Rolling Stones. Apesar de todas as previsões apontando o contrário, Keith ainda está conseguindo produzir música. No entanto, as pessoas ao seu redor estão aos poucos decaindo a um estado de digamos, produção duvidosa. Jimmy Miller não consegue mais efetivamente contribuir como um produtor. A produção fica cada vez mais nas mãos de Mick Jagger e, até certo ponto, Keith Richards. Andy Johns é outro que, por causa de heroína, começa a comprometer o ritmo de trabalho e é dispensado sem nenhuma cerimônia. Keith Harwood assume seu papel de engenheiro de som nas sessões.
Finley e Horn acabam sendo convidados a entrar para o projeto porque Price e principalmente Keys, ambos sofrendo ocasionais rebordosas por conta do hábito adquirido com heroína, estavam igualmente propensos a não estarem bem dispostos todos os dias de trabalho. Os Rolling Stones tinham planos para excursionar pela Europa e precisavam poder contar com sua seção de sopros. Graças à forte amizade entre Bobby e Keith, Keys e Price não são dispensados, e os Stones simplesmente duplicam o naipe de sopros.
Sessões de Fotos
Dia 6 de junho, outra sessão de fotografias para a capa, desta vez tiradas por David Bailey em sua casa em Glouchester Avenue. Bailey dá um tratamento glitter para as fotos a pedido de Mick que quer que a banda se mantenha condizente com as tendências do mercado atual. Keith odeia glitter e tem nojo do que gente como David Bowie estão fazendo com o rock. O álbum estava previsto para ser lançado em agosto. Jagger, por sua vez, acha tudo interessante. Se este é o caminho que a tendência segue, então os Rolling Stones não ficarão para trás.
The Tramp
Certa noite, novamente no The Tramp, na mesa do Keith Richards está seu assistente Tony Sanchez, o casal Ron e Krissie Wood e mais algumas amigas fazendo graça e companhia a Keith. Dentro de seu papel de 'o bandido do rock' Keith se irrita com dois sujeitos que ficavam olhando e encarando sua mesa à distância. Keith faz comentários altos o suficiente para ser ouvido por todos no clube, deixando claro que ele não está gostando. Porém os dois sujeitos, embora jovens, eram gangsters italianos de verdade e não se intimidam facilmente. Pelo contrário, tomam a atitude de Keith como um desafio. Reconhecem o papel de Sanchez como guarda-costas de Keith e esperam ele ir até o banheiro para agirem. Vão então até a mesa e cumprimentam uma das meninas da mesa com um "ciao bella". Keith fica mortalmente ofendido, puxa uma faca que comprara na Jamaica e parte prá cima, derrubando a mesa e tudo que havia nela. Algumas mulheres gritam, pessoas correm, mas antes que Keith consiga esfaquear alguém, um dos italianos lhe dá um chute no saco. Keith começa a cair e o outro italiano pega uma cadeira e atinge o guitarrista nas costas com toda a força.
Os garçons que serviam a casa também como seguranças, chegaram em seguida e os dois são convidados a sair. Tony retorna a tempo de ver o gerente da boate ajudar Keith a se levantar. Mais tarde Keith pagou $500 para alguém achar e surrar os dois caras. Este intermediário, temendo que o assunto pudesse se tornar uma vendetta assumida por uma família italiana, o que colocaria a vida de Keith realmente a perigo, preferiu dar o dinheiro para os dois, com a condição que sumissem e evitassem a boate por algum tempo. Depois informou a Keith que ambos foram surrados como ele desejara.
Ocho Rios
Enquanto isso, na Jamaica, Anita continua curtindo a vida de mulher madura, solteira e liberada, dançando horizontalmente e em todas as posições com sua turma de amigos rastafaris. A cena perturba muitas pessoas, provocando sentimentos menos nobres em outos britânicos que moram na redondezas. Sobre suas relações extra conjugais, Anita diria: "Keith pode estar com cinqüenta pessoas em uma sala e a única coisa que ele irá notar será a guitarra. Para se viver com uma estrela de rock, uma mulher precisa encontrar sua forma de independência". 

Certa ocasião em junho, Anita foi ao Hotel Hilton acompanhado de seis amigos rastafaris. A gerência, protegendo os interesses do hotel em uma região que era conhecida pelo seu racismo, solicita que os homens negros se retirem. Anita fica injuriada com esta atitude e discute com veemência, defendendo o direito de seus amigos lhe acompanharem. O confronto se transforma em um bate-boca, com muita gritaria e troca de palavras que outrora eram impublicáveis. No final, todos são expulsos do hotel e o incidente passa a ser debatido por muita gente do local.

Os vizinhos que moram em Ocho Rios são todos claramente contra a presença de Anita e seus acompanhantes naquilo que consideram seu canto particular do paraíso. Esta mesma comunidade começa a pressionar a polícia para arrumar alguma desculpa para tê-la deportada. Com o pretexto de investigar acusações feitas por uma ligação anônima, a polícia faz uma blitz em Point of View e encontram um quilo de ganja na residência. Anita é prontamente presa por possuir e consumir maconha na Jamaica.
Cadeia de Delegacia
Na cadeia dentro da delegacia, os policiais ofendem Anita. Já que ela gosta de crioulo, então ela pode dividir a cela com eles. Anita é colocado em uma cela com outros seis presos, todos negros. Ela é então estuprada seguidamente por estes homens. Depois de um tempo, ela não consegue nem gritar mais. Ela apanha, e depois mijam sobre ela. Os policiais então retiram Anita dali e jogam-na em um chuveiro, nua. Depois ela é colocada em uma cadeia vazia onde alguns dos policias então passam a estuprá-la. Ela é novamente surrada. Quando terminam, Anita é novamente colocada na cela com os seis prisoneiros que já estão descansados e com fome novamente. Anita é seguidamente estuprada, no que se costuma chamar de gang bang. Quando o barulho aquieta, ela está exausta e melada, em um misto de mijo, porra e lágrimas.
Keith nada sabe do que está se passando com Anita e o tratamento que ela está recebendo na cadeia. Ao saber da prisão, sua primeira reação foi de querer ir até a Jamaica para tentar resolver o problema. Porém alguém dentro da empresa Rolling Stones chama a sua atenção para a possibilidade de ser uma cilada para que ele fosse pego, no que seria uma publicidade negativa para os Stones, tática esta usada muitas vezes contra a banda. Isto abre a oportunidade para um intermediário conduzir as negociações entre Keith e a polícia.
Quem se prontificou foi um empresário que também tinha residência nas redondezas. Era o mesmo homem que havia dado um toque ao Keith sugerindo que deveria conversar com sua mulher sobre suas amizades com os negros. Semanas depois de tudo resolvido, Keith iria constatar que ele também era o responsável por fazer a pressão para que a polícia arrumasse um pretexto para prendê-la. Sem Keith ainda desconfiar de seu envolvimento, este contato negocia a liberação de Anita por meio de um suborno. Keith Richards concordou em pagar o preço de £5.000 libras esterlinas, cerca de $12.000 dólares, para a imediata soltura e deportação de Anita.
Retornando para Inglaterra estão Anita e as crianças Marlon e Angela, enquanto Keith aguarda no aeroporto de Londres. Ao vê-la, Keith fica chocado, sua aparência era mesmo de alguém que havia surrada. Anita lhe abraça calorosamente e começa a chorar. Levada para a casa em Cheyne Walk, um medico é chamado para examiná-la. Este confirma as agressões físicas que as marcas por todo o corpo atestam, como também o estupro múltiplo. Chocado, Keith passa a entender o que se passou com a mulher de seus filhos. Anita chora muito e é receitado Mandrax para que ela se acalme e finalmente durma em paz.
A Viagem da Vovó
Foi precisando comprar calças novas que Keith conheceu John Pearce, dono de uma loja de roupas na Kings Road chamada "Granny Takes A Trip" (Vovó Faz Uma Viagem). A loja se torna rapidamente um dos pontos chics de Kings Road. John Pearce e seu assistente Nigel Weymouth adoram os Rolling Stones, e ficam extasiados com a presença de Keith Richards. E a preferência pela loja não é restrita apenas ao mundo da moda. Clientes especiais podem comprar outras coisas nesta loja tão "hip". Conhecendo a fama de seu herói, Pearce se oferece para arrumar heroína e cocaína sempre que ele precisar. Com a terrível experiência que Anita acabara de viver, Keith procura por Pearce e rapidamente uma remessa de heroína é entregue em Cheyne Walk. Heroína é a maior anestesia conhecida pelo homem e Keith e Anita fazem uso para anestesiar suas dores. É também no "Granny Takes A Trip" que Keith Richards conhece e faz amizade com um jovem jornalista chamado Nick Kent. Outros clientes especiais conhecidos da loja eram Rose Taylor, mulher de Mick Taylor, e Jimmy Page.
Repouso na Suíça
Marlon Richards
Marlon Richards

Keith não pode deixar Londres por estar trabalhando diariamente no novo álbum, porém sugere que Anita pegue as crianças e vá para o chalé na Suíça, onde as coisas são calmas e há bastante espaço e área verde para as crianças brincarem. Lá Anita conhece Mário, um traficante que passa a lhe fornecer heroína e cocaína de boa qualidade vindo da Itália via os Alpes. Enquanto Anita estava fora da cidade, Keith está de novo na noite. Um amigo ator chamado Joe Monk, sabendo que Keith estava sem mulher, oferece a sua. Monk fez parte do teatro vivo de Jullian Beck junto com Anita na década de sessenta, e a amizade com Keith data desde uma certa festa em Redlands em 1967.
A Mulher de um Amigo Meu
Constrangido pela oferta, Keith agradece mas recusa. Depois, quando Monk sai da cidade por conta de uma peça, Keith procura a mulher e os dois passam a ter um caso. Quando Monk retorna de viagem, Keith fica paranóico que Joe possa estar a sua procura. Joe Monk é um negro alto e musculoso, capaz de intimidar qualquer um. Apesar das aparências, Monk era na verdade um ator e poeta muito sensível, e quando percebe o que acontecera pelas suas costas, fica mais magoado do que zangado ou enciumado.
Joe Monk e sua esposa se encontraram com Keith Richards nos bastidores de um show dos Faces. Casal moderno, a esposa saudosa do amante abraçou-lhe e deu um beijo tenro nos lábios. Joe conversou com Keith, explicando que não há mau tempo, embora achasse que por ser um amigo, Keith não deveria ter feito isto às escondidas. Keith então resolveu ficar mesmo com a mulher e passa a morar com ela em Cheyne Walk.
Cheirando cocaína com certa regularidade, a paranóia de um ataque surpresa por parte de Monk buscando vingança não deixa de atormentar sua mente. Por via das dúvidas, Keith mantém o revólver calibre 38 que ganhou nos Estados Unidos, e também manda buscar um rifle que tinha encostado na Suíça, deixando ambos bem a vista no seu quarto. A presença das armas lhe conforta, concluindo que pelo menos elas diminuem as chances de Monk lhe pegar totalmente desprevenido.
Vingança
Na semana depois da volta de Anita, o tal empresário está em Londres e liga para Keith para coletar o seu dinheiro. A esta altura, Keith já descobrira que ele era o responsável por Anita ter sido presa e arde em ódio. Keith marca com o empresário um encontro em seu hotel, onde ele lhe entregaria o dinheiro pessoalmente. Keith então procura aquela mesma pessoa a quem pedira para surrar os dois italianos na briga de bar tempos atrás para cuidar do assunto, lhe oferecendo £5.000 para providenciar alguém para matar o empresário. Keith deixa claro que não quer saber dos detalhes, apenas quer que o serviço seja feito. Este amigo, apesar de concordado com suas razões, acabou conversando e persuadindo Keith a desistir da idéia.
Keith e Anita são Presos
Assim que Anita telefona dizendo que está deixando a Suíça e chegando em casa com as crianças, Keith manda a mulher de Monk embora, dizendo: "lamento querida, mas minha família representa muita coisa na minha vida". Dois dias depois que Anita retorna, dia 26 de junho, o casal recebe uns amigos à noite. Eles já haviam jantado e fumado uns baseados quando de repente a polícia invade a casa.
Além de Mick e Anita encontram Marhall Chess e o Príncipe Stanislaus, o mesmo amigo que fora preso com Brian Jones em 1967, na última vez que pernoitara na casa de um Rolling Stones, em véspera de uma batida policial. Encontraram haxixe com Stanislaus, mas Marshall estava completamente limpo. Anita, que estava com um saquinho com cocaína na mão na hora que vê os policiais entrarem em sua sala, passa a muito casualmente deixar o pó cair sobre o carpete e com o pé, espalhá-lo como se fosse apenas poeira. Keith procura uma desculpa para ir ao banheiro. Ele precisa se injetar para lidar com essa situação, mas os policiais não permitem, exigindo que ele deixe a porta do banheiro aberta o tempo todo. A casa é vasculhada e para a surpresa de absolutamente ninguém ali dentro, encontraram o mandrax que pertencia a Anita, um rifle, uma pistola e munição, tudo ilegal na Inglaterra.
O Inspetor Detetive Charles O'Hanlon deu voz de prisão e são então levados para a delegacia. A polícia apreende também uma linda balança de precisão de bronze, e vários cachimbos d'água e narguilês. Todos receberiam intimação para se apresentar em outubro para julgamento, assim que o laboratório determinasse se havia resíduos de heroína na balança. Por hora, são multados em £450 e liberados. Keith ficou aliviado que a policia tenha ficado tão satisfeita com tão pouco. Se tivessem vasculhado com afinco, teriam encontrado vastas quantidades de cocaína e heroína escondidos pela casa.
De fato, Keith e Anita já estavam em um estágio avançado de vício, onde era inconcebível ficar sem asdrogas. Quando as cólicas de abstinência começam a ameaçar, rapidamente injetam o liquido precioso em suas veias. Escondem heroína um do outro. Mentem para quem quer que seja, para evitar se sentir na obrigação de repartir a droga com um visitante amigo. Enquanto esteve na América, Keith conseguiu contratar alguém que trabalha no cinema, para construir objetos com compartimentos falsos, onde ele passa então a esconder cocaína e/ou heroína. Como exemplo, na próxima excursão européia Keith contaria com um novo brinquedo: uma caneta que, além de escrever, continha um compartimento em seu interior, que lhe permitia guardar até 4 gramas de pó.
Mais Sessões
Chris Jagger
Chris Jagger

Mick Jagger aluga o estúdio em Stargroves para seu irmão, que pretende gravar seu disco de estréia. Chris Jagger até então havia trabalhado em modas, tendo desenhado modelos usados por gente como John Lennon e Jimi Hendrix. Depois de uma rápida tentativa como ator em um filme dirigido por Kenneth Anger, tenta agora se lançar como cantor, feito o seu irmão famoso.
Mick Jagger participa do projeto cantando na música "Handfull of Dust", carro chefe para o álbum intitulado simplesmente "Chris Jagger". Ian Stewart e Bobby Keys também participam de algumas das faixas. O disco é lançado no início de julho. Apesar de bem produzido e cheio de material que se pode considerar como sólido rock 'n' roll, o álbum não vendeu bem ou sequer promoveu devidamente a carreira do artista.
Peter Rudge já estava com a excursão dos Stones pela Europa e Reino Unido praticamente toda acertada para o final do verão. Com as mixagens do novo álbum prontas, Mick Jagger contrata Michael Lindsey-Hogg para dirigir quatro filmes promocionais para o disco. Sendo assim, dia 17 de julho, os Rolling Stones foram reunidos e filmados enquanto uma fita rolo tocava sem o canal da voz. Apenas o microfone da voz está vivo enquanto Jagger autenticamente cantava "Dancing With Mr. D.", "Angie", e "Silver Train." Outra versão de "Angie" foi filmada, esta seguindo inteira em playback, inclusive o canal de voz. Nesta, Mick Taylor aparece tocando piano, enquanto na outra, ele está no violão.

Recoil - Cavalar


Sabe quando você prova alguma comida nova e logo depois fica se perguntando por qual motivo nunca tinha provado aquilo antes? Fica aquela sensação de arrependimento por não ter saboreado a comida antes. É exatamente essa sensação que a audição do álbum “Recoil”, da banda CAVALAR, gerou neste redator que vos escreve.



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Mas antes tarde do que nunca. Realmente não tinha ouvido até então o som do CAVALAR e tive uma surpresa muito agradável ao colocar pra tocar este segundo trabalho do grupo. Doses de Heavy Metal, Thrash e Hard Rock na medida certa fazem do álbum uma ótima pedida, da primeira à 14ª faixa.
Embora a formação do CAVALAR não tenha sido sempre essa mesma da gravação de “Recoil”, a banda mostrou entrosamento na execução das faixas do disco, o que aliado a uma produção de alto nível, resultou em uma sonoridade pesada que leva o ouvinte a curtir cada uma das músicas no volume máximo!
Tomara que o CAVALAR, na ativa desde 2004, tenha cada vez mais reconhecimento na cena Metal atual, pois a junção de peso e musicalidade que se vê no álbum agrada bastante. Vale salientar que o fundador da banda, o baterista Arnaldo Rogano (Arn), é brasileiro, embora viva na Inglaterra e tenha formado o CAVALAR por lá.
Alguns dos destaques do álbum: “In Fear”, “Can’t Deny You”, com um riff inicial matador, e a trinca final, “No 2nd Plan”, “Hell Is Blue” e “Up In The Air”.
Se ainda não provou do som do CAVALAR, prove sem medo de encarar novas experiências!
Nacional – Voice Music
Banda:
Twitch - vocal
Daniele Panza - guitarra
Max Torres - baixo
Arnaldo Rogano - bateria
01. No Man's Land
02. In Fear
03. All Your Rage
04. Through My Demon's Door
05. The One To Be Pleased
06. Genocidal Minds
07. Can't Deny You
08. Score Of All Time
09. Grand Northern Evil
10. The Outsiders
11. Higher
12. No 2nd Plan
13. Hell Is Blue
14. Up In The Air

...About Blades And Graves - Avoid The Pain


O Avoid The Pain foi formado no final de 2006 em Belo Horizonte (MG), e conta com Rodrigo Arruda (voz e guitarra), Lucas Oliveira (guitarra), João Marques (baixo) e Pedro Leão (bateria). Os mineiros se mostram fissurados por três dos grandes nomes do Death Metal Melódico: At the Gates, In Flames e Dark Tranquillity, e toda a influência desta tríade sueca é explícita nas faixas de seu primeiro CD-Demo, "...About Blades And Graves".



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Com uma gravação acima da média e um visual gráfico bastante atraente, suas três composições abordam temas que envolvem a face mais sombria da natureza humana em arranjos que, embora careçam de personalidade própria, se mostram competentes em sua proposta, em especial a canção “Hounds”, com uma seção mais melancólica em meio à pancadaria que ficou muito interessante pelo contraste adquirido.
O Avoid The Pain tem pouco tempo de estrada, mas já consegue mostrar qual o rumo que quer seguir com sua música. Os poucos mais de 13 minutos da audição de "...About Blades And Graves" terão maiores chances de apreciação por parte dos fãs das já mencionadas bandas suecas precursoras do estilo. Se este é você, dê uma conferida!
Contato:

Avoid The Pain - ...About Blades And Graves
(2008 / CD-Demo - nacional)

01. Eternal Lay
02. Enigma Of Nightfall
03. Hounds

Anthology - Bruce Dickinson

Por Johnny Z.

Todo e qualquer lançamento que seja relacionado ao Iron Maiden, seja ele um simples tributo ou alguma novidade de um ex-membro da donzela, gera uma expectativa gigantesca, de igual proporção ao nome: IRON MAIDEN.



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A Donzela de ferro, desde sua formação até os dias de hoje, cativa de uma forma tão intensa que torna todos seus novos fãs em fanáticos da noite para o dia, e eleva ainda mais o grau de fanatismo de todos seus fãs mais antigos.
A cada novo lançamento da banda um verdadeiro caos (no bom sentido) se instala pelas revistas sobre Heavy Metal, internet e lojas de música, porque a procura de informação cresce de forma assustadoramente rápida e maçante.
Em breve, todo esse alvoroço dos fãs e da imprensa recomeçará, porque ainda esse ano teremos o novo álbum do Iron Maiden, já intitulado "A MATTER OF LIFE AND DEATH".
Enquanto esse já "grandioso" álbum não é lançado, os verdadeiros fãs da banda podem se deliciar com o mais novo lançamento do vocalista da Donzela, Bruce Dickinson, o tão esperado DVD triplo intitulado "Anthology".
Pelo título já dá para se ter uma idéia do conteúdo desse DVD, um verdadeiro registro completo com os dois vídeos oficiais do cantor ("Dive! Dive! Live! de 1990 e "Skunkworks Live" de 1996) lançados anteriormente somente em VHS importado, e todos os clipes gravados por Bruce desde o início de sua carreira solo até os dias de hoje.
Logicamente que nesse maravilhoso pacote, Bruce fez questão de nos brindar com algumas surpresas como por exemplo o vídeo do show gravado no Via Funchal, São Paulo em 1999, o primeiro vídeo gravado pela banda pré-maiden Samson ("Biceps Of Steel" de 1981), entrevistas com Bruce Dickinson a respeito de cada vídeo clipe, e um mini-documentário em forma de entrevista com Bruce sobre as gravações do último álbum "Tyranny Of Souls" de 2005.
DVD 01: “Dive! Dive! Live” (aproximadamente 70 minutos)
Trata-se de um show gravado em 1990, no Town & Country Club, Los Angeles, EUA, na primeira turnê solo de Bruce Dickinson. Para sua banda Bruce contava na época com Andy Carr no baixo, Dickie Flitzar na bateria e Janick Gers na guitarra, que mais tarde se juntou ao Iron Maiden a pedido de Bruce, após a saída de Adrian Smith da banda.
Essa turnê solo, foi agendada em alguns meses antes de Bruce e Janick entrarem em estúdio com o Iron Maiden, para gravar o álbum “No Prayer For The Dying”.
Nesse show, Bruce mostra muita energia, simpatia e interação (o que ele sempre mostrou desde o início de sua carreira), com uma banda tocando, com garra e coesão, praticamente todas as músicas gravadas para o primeiro álbum solo “Tattooed Millionaire”, incluindo também quase todos os Lados-B de seus singles, e covers de bandas clássicas como Deep Purple e Ac/dc.
É nítido a enorme diferença de qualidades entre o VHS original, já bem rara de se encontrar, com a versão em DVD, mostrando a preocupação de Bruce para com seus fãs.
1. Riding With The Angels
2. Born In ‘58
3. Lickin’ The Gun
4. Gypsy Road
5. Dive Dive Dive
6. Drum Solo
7. Zulu Zulu
8. The Ballad Of Mutt
9. Son Of A Gun
10. Hell On Wheels
11. All The Young Dudes
12. Tattooed Millionaire
13. No Lies
14. Fog On The Tyne
15. Winds Of Change
16. Sin City
17. Bring Your Daughter To The Slaughter
18. Black Night

DVD 01: “Skukworks Live” (aproximadamente 60 minutos)
Show gravado ao vivo na Espanha, em Pamplona nos dias 31 de Março e 1 de Junho e 1996, na turnê de lançamento do álbum “Skunkworks”. Esse show até agora era uma espécie de “raridade” para os fãs, porque foi lançado em VHS somente para o mercado japonês, fazendo com que ou os fãs pagassem uma fortuna para adquirir o VHS original japonês ou conseguisse uma cópia pirata do mesmo.
Agora, antes tarde do que nunca, podemos ver esse excelente show, com qualidade indiscutivelmente melhor que o VHS original, onde Bruce, com uma banda toda diferente, e assumindo de vez o nome “Skunkworks”, se mostra um pouco afastado do Heavy Metal que o consagrou na época do Iron Maiden, já que nesse ano (1996) ele já não fazia parte da Donzela.
O Skunkworks era composto além de Bruce por Alex Dickson na guitarra, Alessandro Elena na bateria e Chris Dale no baixo.
Sua voz e perfomance de palco é incontestável, mas definitivamente ver e escutar Bruce cantando músicas em um estilo bem influenciado pelo grunge, faz com que a empolgação diminua um pouco o rítmo.
Não que seja ruim, pelo contrário, é um ótimo vídeo, mas depois de ver “Dive! Dive! Live”, é difícil de se aceitar esse tipo de sonoridade.
O set list era baseado quase que na totalidade por faixas do álbum “Skunkworks”, bem como lados-B de singles do mesmo, acrescido somente de uma faixa do “Tattooed Millionaire” e duas do segundo álbum solo “Balls To Picasso” (1994).
Este show tem uma particularidade, a presença de um cover do Iron Maiden, “The Prisoner”, já que após sua saída do Iron Maiden, Bruce afirmou categoricamente que não tocaria mais músicas da banda. Nessa hora é bem evidente a empolgação dos fãs espanhóis!!.
1. Space Race
2. Back From The Edge
3. Tattooed Millionaire
4. Inertia
5. Faith
6. Meltdown
7. I Will Not Accept The Truth
8. Laughing In The Hiding Bush
9. Tears Of The Dragon
10. God’s Not Coming Back
11. Dreamstate 
12. The Prisoner

DVD 02: “Scream For Me Brazil” (aproximadamente 60 minutos)
Show gravado de forma “parcialmente” amadora, em São Paulo, no Via Funchal no ano de 1998, na turnê de promoção do álbum “The Chemical Wedding”.
O ano de 1999 foi bem generoso para os fãs de Bruce, Iron Maiden e principalmente fãs brasileiros. Uma turnê pelo solo brasileiro, passando por diversos lugares, como São Paulo e Curitiba, foi agendada e o melhor de tudo, Bruce iría gravar um álbum ao vivo em São Paulo, deixando todos em plena euforia.
Mais o melhor ainda estava por vir, e poucas semanas antes dos shows no Brasil foi oficialmente divulgado que Bruce e Adrian Smith (já nessa época tocava na banda solo de Bruce, onde gravou dois álbuns com o cantor “Accident Of Birth” e “The Chemical Wedding”, junto com Roy Z. na guitarra, Eddie Casillas no baixo e David Ingraham na bateria) estavam retornando ao Iron Maiden, deixando aquela euforia dos brasileiros em proporções astronômicas.
Com o Via Funchal totalmente lotado, Bruce fez um show memorável, com uma agitação e movimentação de palco como se fosse um adolescente de 15 anos de idade, devido tal empolgação e desempenho.
Não é preciso dizer que o público cantou certas vezes até mais alto que Bruce, notando-se a satisfação de estar ali naquele momento.
Todos sabiam que aquela apresentação seria gravada para o álbum ao vivo, mas rumores que rondavam pela imprensa na época davam conta que também gravariam um vídeo homônimo, mas nada oficial foi divulgado na época.
O que se pode notar foi que no dia do espetáculo, as câmeras oficiais do Via Funchal, estavam gravando a apresentação, como de costume para arquivo próprio, e foi basicamente essa filmagem que usaram no DVD “Anthology”.
Não que essas imagens sejam de qualidade ruim ou duvidosa, pelo contrário, são até excelentes mas ficam longe das qualidades dos outros dois vídeos já citados acima.
Vale como raridade e registro, principalmente para quem esteve no dia do show, porque mostra um show perfeito do começo ao fim. O único porém é que no DVD “Anthology” não consta o show completo e também algumas músicas presentes no álbum “Scream For Me Brazil”.
1. King In Crimson
2. Gates Of Urizen
3. Killing Floor
4. Book Of Thel
5. Tears Of The Dragon
6. Laughing In The Hiding Bush
7. Accident Of Birth
8. The Tower
9. Darkside Of Aquarius
10. The Road To Hell

DVD 03: “Vídeos Promocionais + Material Extra”
Provavelmente, junto com o show do Via Funchal, o que mais os fãs de Bruce Dickinson procuravam, todos os vídeo clipes gravados pelo cantor em sua carreira solo desde seu primeiro álbum até o mais recente “Tyranny Of Souls”.
No DVD, existe a possibilidade de vermos antes de cada vídeo clipe uma pequena introdução de Bruce contando sobre cada vídeo, como foram gravados, curiosidades, conceitos e fatos engraçados por trás das câmeras.
1. Tattooed Millionaire
2. All The Young Dudes
3. Dive Dive Dive
4. Born In ‘58
5. Tears Of The Dragon
6. Shoot All The Clowns
7. Back From The Edge
8. Inertia
9. Accident Of Birth
10. Road To Hell
11. Man Of Sorrows
12. Killing Floor
13. The Tower
14. Abduction

“Tyranny Of Souls” EPK é basicamente uma entrevista gravada para promoção do album homônimo” para a imprensa, já que Bruce não iria fazer uma turnê de promoção do álbum devido a agenda do Iron Maiden.
Bruce fala sobre todas as músicas do album, explicando o contexto das letras, algumas curiosidades e como foi o processo de composição e gravação do album.
“Biceps Of Steel” é uma das grandes supresas desse pacote, porque foi o primeiro video official gravado por Bruce em sua carreira, na época com a banda Samson!.
Esse vídeo nada mais é do que um “curta metragem” de apenas 15 minutos, que conta uma historia meio bizarra adaptada de uma história sobre “Samsão e Dalila”, filmado no Rainbow Theatre, em Londres, onde o Samson aparece tocando “ao vivo” duas músicas “Hard Times” e “Vice Versa” para uma casa vazia!.
Resumindo: Um registro histórico!
Material Extra:
1. “Tyranny Of Souls” EPK
2. Biceps Of Steel (Samson)