2 de maio de 2011

R.E.M. - Perfect Square - 2003








Filmado em Wiesbaden na Alemanha em Julho de 2003, "Perfect Square" apresenta os R.E.M. em um show histórico interpretando 23 canções emblemáticas da sua carreira. Inclui os maiores sucessos como, "Losing My Religion", "Everybody Hurts", "Man On The Moon", "The One I Love ou Imitation of Life".

A banda permitiu que os fãs votassem nas canções que gostariam de incluir no espectáculo, o que justificou a presença de raridades há muito não apresentadas em shows dos R.E.M. como "Permanent Vacation" ou "Maps and Legends" Performance".




Parte 41 - Jamaica e os Rastafaris

Depois, a despedida final do resto que sobrou da já extinta equipe STP. Chris O’Dell em estafa deixaria seu cargo na Rolling Stones Records, permanecendo alguns meses de férias, segundo ela, reaprendendo a comer e dormir em horários ditos normais. Jo Bergman também depois de anos a serviço do rock ‘n’ roll, primeiro trabalhando para Brian Epstein e a NEMS, para depois ir trabalhar para Mick Jagger e os Rolling Stones, resolve que chega e que está cansada da vida. Rudge, assim como Monck, voltaria a trabalhar com os Stones nas próximas excursões. Para estes, não existe outro tipo de vida.


Retorno à Europa
Dos Estados Unidos, os cinco Rolling Stones passam pela Inglaterra, onde os advogados da firma Rolling Stones e o responsável por finanças Rupert Lowenstein explicam que será possível para a bandafazer uma excursão pela Inglaterra desde que seja depois de abril de 1973, fim do ano fiscal de ‘72. As questões pendentes em relação à França tambem são discutidas e conclui-se que é chegada a hora de deixar a polícia francesa interroga-los e ter isto resolvido antes da futura excursão Europeia, também estudada para o ano que vem. Somente Keith não retornará à França e será representado pelos advogados.
Uma vez traçado o plano de ação, dia 5 de agosto todos seguem para Paris onde pegarão uma conexão para Nice. Apenas Mick e Bianca resolvem permanescer em Paris e conversar antes com advogados franceses. Bill e Charlie ao desembarcar em Nice são atuados e levados para interrogatório. São suspeitos de tráfico e de uso de entorpecentes na residência de Nelcôte, uma vez que as acusações feitas pelo cozinheiro da casa em novembro passado ainda estão sendo investigadas. Com a ausência dos moradores no país, foram expedidas ordens de prisão para todos os integrantes da banda. Contudo não há nenhuma prova concreta de absolutamente nada, apenas circumstanciais, uma vez que membros da máfia da Córsega foram vistos no local e a grande quantidade de tóxico foi encontrada na residência já vazia. A acusação da filha do cozinheiro de ter sido forçada a injetar heroína, não dá à policia provas de que estas ações realmente ocorreram. Após Charlie e Bill serem interrogados, foram liberados e retornaram finalmente para suas respectivas residências. Precisarão comparecer diante de um juiz em setembro para ouvir formalmente as acusações.
Vevey
Hôtel des Trois
Hôtel des Trois

Enquanto isso, Keith Richards retorna para a Suiça para se reencontrar com Anita, Marlon e Angela. Morando agora em Vevey, no Hôtel des Trois, ele passa seus dias à-toa com Anita e as crianças. Keith agora goza o melhor período financeiro de sua vida, e não pensa duas vezes em gastar sua fortuna. Antes ele comprava brinquedos de adultos como carros, motos, hovercrafts e outras engenhocas que acabam esquecidos depois de um tempo. Keith agora passa a investir em imóveis.
Tendo agora uma filha suíça e estando com sua residência fixa neste país, é praticamente um passo natural Keth Richards comprar um chalé deixando o hotel. O local escolhido ficava a algumas horas de Genebra, numa villa chamada Le Pec Varp em Villars-sur-Ollon. Foi então contratada uma agência para fornecer uma empregada para limpar e cuidar da casa e uma babá. A familia Richards se muda para a nova residência no dia 9 de agosto de 1972, Keith mandando trazer da Inglaterra o seu carro Lena, que antes cor-de-rosa, agora foi pintado de azul.
Keith e Anita adaptam-se facilmente à vida Suíça. Sem polícia ou imprensa constantemente rondando à procura de uma estória, sentem-se seguros. Os seus vizinhos também são um fator positivo neste novo ambiente. No melhor estilo ‘viva e deixe viver’, ninguém xereta, ninguém se mete, e as amizades locais que acabam fazendo se preocupam em proteger Keith de curiosos, geralmente da imprensa estrangeira. É através destes novos amigos que chegam às mãos de Keith dois discos de um novo som que começa a chamar atenção na Inglaterra.
Keith e Marlon na Suiça
Keith e Marlon na Suiça

O gênero chama-se reggae e os discos são “Catch A Fire” do The Wailers e “Harder They Come”, uma trilha-sonora do filme com o mesmo nome. São literalmente os dois únicos álbuns de reggae editados no país até então. Este segundo álbum oferece faixas de diversos artistas do gênero. O filme, uma produção rodada na Jamaica, se torna um sucesso relativo na Inglaterra, ajudando a iniciar o interesse britânico pelo reggae. Keith e Anita se deliciam ouvindo reggae praticamente o dia inteiro.
Reggae é em si, uma música relativamente nova que nasce na ilha da Jamaica por volta de 1968. É uma evolução de outros dois sons da região, o ska, música essencialmente urbana e o mento, música essencialmente rural. O reggae desacelera o tempo do ska, reforçando a marcação feita pela bateria com linhas de baixo pulsantes e menos melódicas. Inicialmente denominados de rocksteady, tornam-se reggae quando começam a incluir letras menos inocentes, herdando do mento esta tendência de falar dos problemas e sofrimentos da vida. Apenas agora, em meio a pobreza e desilusões após a independência da ilha do Reino Unido, o reggae torna-se a música da juventude politicamente insatisfeita com seu país. Ela será a música adotada pelos rastafaris que batizam o estilo de reggae, a palavra significando “pertencente ao Rei.” Outras fontes sugerem que a palavra reggae seja apenas uma corruptela de ‘ragged’ (esfarrapado). O reggae passa também a ser chamado de ‘o rítmo de Jah.’
Mick T de Baixo Astral
Mick Taylor retorna para o convívio de casa ao lado de sua mulher e a filha. Ávido consumidor de cocaína, Mick T está deprimido e infeliz. Tendo passado tanto tempo longe, quando retorna para casa, seu estado de espírito pesa feito chumbo no relacionamento do casal. Rose está sempre reclamando, se mostrando uma mulher um tanto quanto manipuladora. Ela ocasionalmente solta palavras em direção a um assunto tabú, largar os Rolling Stones.
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Depois do nascimento de sua filha Chloe, Mick T tem seguidamente tentado analisar sua vida. Quando ele entrou para os Rolling Stones, ele não bebia álcool nem comia carne. A única coisa ilegal que gostava realmente de fazer era fumar maconha. Agora, ele percebe que entrara no rítmo de Mick e Keith. Ele se tornara um viciado em cocaína e ocasionalmente usa heroína. Ele começa a temer ficar no mesmo estado de Keith. Mick T tem cheirado tanto pó nesses últimos três anos que seu septo nasal foi corroido. Trata-se de uma membrana que separa as duas narinas. O problema é relativamente comum entre usuários excessivos de cocaína. Taylor vai para uma clinica londrina para operar o nariz. Os médicos substituiem seu septo carcomido por um novo feito de plástico.
O casal não pode ficar muito tempo na Inglaterra e estão com receio de retornar para o lar na França. Enquanto em Londres Mick e Rosie fazem amizades com Roy Martin, ator de trinta e cinco anos e diretor de algumas peças de teatro. Naquele ano, ele estaria dirigindo uma peça chamado “Remember The Truth Dentist” que estava sendo encenada no prestigioso Royal Court Theatre. Durante os anos de 72 e 73, Martin seria visto com o casal Taylor com certa freqüência.
Embora Mick Jagger leve sua família a morar em Londres, abrindo novamente o seu apartamente em Cheyne Walk, agora para o conforto de Bianca e Jade, ele mesmo se vê obrigado a ficar saltando de lugar em lugar, geralmente circulando entre Londres, Paris e Nova York. Assim, Mick passa a ter casos cada vez mais freqüêntes com uma grande quantidade de mulheres. Em Nova York, seu caso era com Carly Simon, a quem conheceu melhor no final da última excursão americana, durante a festa de despedida no St. Regis Hotel.
Acusação Formal em Nice
Charlie Watts e Bill Wyman compareceram à corte no dia 7 de setembro de 1972 como combinado. A acusação de uso de entorpecentes em Nelcôte foi formalmente feita e negada pelos dois Stones. As investigações feitas durante o ano que passou renderam uma apreensão de grande quantidade de tóxico em Marselles e algumas das pessoas presas haviam confirmado que viram membros dos Rolling Stones usando entorpecentes naquela residência. Embora esta afirmação dê validade à acusação anteriormente feita pelo cozinheiro e testemunho de sua filha, no entanto não é o suficiente para afirmar que estes dois membros dos Rolling Stones foram os usuários. Tampouco fica claro se fazem correta distinção entre os cinco integrantes da banda ou de qualquer membro de sua equipe técnica, ou até mesmo, se não há a possiblidade de os confundirem com alguns de seus muitos convidados que circularam livremente pela residência durante aquele periodo em que a familia Richards residia lá.
A investigação necessita do testemunho do responsável pela casa, Keith Richards. Ele é quem terá que responder pelas atividades executadas lá. Assim, enquanto o julgamento não seja concluido, o juiz concede tirar os nomes de Bill Wyman e Charlie Watts da lista negra nos aeroportos e fronteiras francesas, para que possam entrar e sair do país sem maiores problemas. Uma vez liberados Bill e Astrid seguem para Londres para visitarem Stephen que está prestes a reiniciar o novo ano letivo.
O Casal Mick e Bianca
Carly Simon
Carly Simon

Mick Jagger deixa Paris e segue para Nova York onde participa de uma gravação para o novo disco da Carly Simon. Jagger canta na faixa “You’re So Vain”, canção que Carly escreveu pensando e criticando Warren Beatty. Bianca, com ciumes, deixa a residência de Cheyne Walk e retorna a Paris. Curiosamente, Bianca mais tarde, após sua separação com Mick (porém antes do divórcio), teria um romance justamente com Warren Beatty.
A relação entre o casal Mick e Bianca já não anda inteiramente bem. Mick já não lhe dá toda atenção como antes. As longas temporadas na estrada obrigam Bianca a ficar sozinha com a criança em casa, enquanto em sua mente, Mick está brincando e se divertindo na companhia de outras mulheres durante as viagens de negócios e excursões. Bianca sabe que as coisas são assim, mas procura punir seu marido pelas sua infidelidade. Bianca foge para Paris e lá desaparece com a ajuda de amigos e amigas. Jagger ao retornar a sua casa, fica aborrecido com a atitude da mulher que deixara Jade nas mãos da babá. Mick segue a Paris atrás dela.
A Última de Marianne
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Marianne passara a morar de favor por algum tempo na casa de Pamela Mayall, depois que esta se separou de seu marido John. Dependente de heroína, certo dia Marianne se aplica e adormece na banheira com a água quente aberta. Enquanto Marianne é cozida viva na água escaldante, a banheira transborda e avança sobre a casa. Horas depois Pamela chega e entra em pánico. O seu lar está com água transbordando em cascatas descendo escada abaixo, água infiltrando as paredes, escoando pela fresta da porta de entrada e escorrerendo rua afora. Para piorar a situação, antes de conseguir chegar até a banheira, ela escorrega no piso do banheiro molhado e cai, batendo com a cabeça e sangrando pelo nariz.
Pamela comprensívelmente expulsa Marianne da casa. Sem dinheiro e praticamente sem carreira, Marianne se muda para o Soho, escolhendo uma casa abandonada, escombros de edificações bombardeadas durante a guerra. Lá ela passa o dia encostada em um muro, seu endereço fixo pelos próximos três anos, dormindo no chão de uma das ruínas, junto com outros degenerados, viciados e fudidos feito ela. Apaixonada pela literatura de William Burroughs, Marianne pavimenta sua estrada para a ruína. Pelo caminho, ela iria perder a posse de seu filho Nicholas para o pai do menino, John Dunbar. Sua mãe, Eva Faithfull, ao ser obrigada por lei a entregar seu neto ao pai, comete suicidio tomando uma overdose de morfina. Sua amiga Carol a encontrou desmaiada ao lado de uma carta de adeus. Levada ao hospital, sobreviveu, porém, ao se recobrar, ficou furiosa por ainda estar viva.
A Trilha Sonora
Era a intenção da Rolling Stones Records lançar um disco ao vivo com as melhores versões do material gravado durante a excursão, reunidos em um álbum duplo. Houve uma audição do material, versões devidamente garimpadas, e um álbum foi mixado e compilado. Bill Wyman chegou a ser chamado para fazer alguns overdubs sobre suas linhas de baixo. No entanto, Allen Klein ao saber da intenção deste lançamento, logo avisa que ele lutará pelo direito de uma parte dos lucros, calcado no fato de poder provar que o álbum Sticky Fingers havia sido lançado com material gravado durante a época que a banda ainda estava sob contrato com ele. Esta briga, ou melhor, a inevitável briga que o lançamento do disco traria, faz com que Rolling Stones Records optassem por abortar o projeto. Segue a listagem do disco que seria, se fosse...
- You Can't Always Get What You Want (MJ/KR) - Houston 25.6, 1o show 
- Sweet Virginia -Philadelphia 21.7, 1o show 
- Bitch -Philadelphia 20.7 
- All Down The Line -Houston 25.6, 1o show 
- Happy -Fort Worth 24.6, 1o show 
- Tumbling Dice -Philadelphia 20.7 
- Rip This Joint -Fort Worth 24.6, 1o show 
- Gimme Shelter -Philadelphia 20.7 
- Brown Sugar -Philadelphia 20.7 
- Uptight (Sylvia Moy/Henry Cosby/Stevie Wonder) /Satisfaction - Philadelphia 20.7

Curiosamente, no dia 11 de agosto de 1972, a rádio WMMS - Radio Cleveland, colocou no ar este material na integra, fonte para interessantes versões piratas a pipocar nas lojas de discos nos meses seguintes.
Buzzard
Charlie Watts e Bill Wyman mais as respectivas, retornam para suas residências na França. Quando Bill Wyman e Astrid passam pela alfandega, a polícia de Nice novamente lhe dá tempo quente. Aparentemente, seu nome ainda está constando na lista negra.
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Depois de algumas horas sendo maltratado, Bill Wyman acaba sendo liberado e passa a viver uma existência ainda mais reclusa em sua residência em Vence. Para passar o tempo de forma produtiva, Bill produz o disco de Tucky Buzzard, banda que surgiu das cinzas do The End. Alugando para o projeto o Rolling Stone Mobile Record Unit, as gravações são realizadas em seu estúdio caseiro em Vence. Além da produção, Bill Wyman toca piano em algumas das faixas. O album irá sair pelo pequeno selo Purple Records em novembro de 1973.
Irlanda
Rumores de que a polícia Francesa estava preparando um bote para cima dos Rolling Stones começa a deixar todos inseguros. Mick liga para Bill e Charlie de Paris e aconselha os dois a ficarem preparados para deixar a França a qualquer momento. Mick e Bianca Jagger deixam Paris e retornam a Londres. Então seguem para a Irlanda, apenas por precisarem deixar a Inglaterra, uma vez que Jagger ainda vive como um exilado enquanto o ano fiscal de 1972 não termina. Mick Taylor, Rose e Chloe também vão para a Irlanda, basicamente pelos mesmos motivos. Há esperanças que a viagem também possa servir para melhorar a harmonia que está faltando ao casal.
Encontro em Montreux
Mick depois vai visitar Keith na Suíça para que juntos possam começar a trabalhar nas composições para o próximo álbum. No entanto, a química da dupla não era mais a mesma. Mick encontra um Keith excessivamente dependente de heroína e incapaz de trabalhar de forma coerente. Keith por sua vez está enjoado da imagem ‘jet set’, baba ovo de grã-fino que ele julga ser o seu antigo amigo e comparsa.
Baiscamente, o encontro serviu para efetivamente acabar com a relação de coperação sincera e artística entre os dois. Keith passa a usar a velha tática de botar Mick para esperar eternamente pela sua presença, coisa que ele já fizera em Nellcôte. Mas o fim da linha foi quando Keith lhe apresentou como um trabalho de parceria, um germe inicial de música que mal durava cinco segundos, e mandou Mick completar dali. A letra, se quiser chamá-la assim, consistia apenas de “o-o-o-o-o, Angie.” Mick Jagger tomou esta nova concepção de parceria como um sinal para ir embora e cuidar sozinho de suas próximas composições.
Keith e Anita, tomados pelos som do reggae, resolvem conhecer a Jamaica. Quando lá chegaram, o casal se apaixona pelo lugar. Dentro de alguns dias, Keith está conversando com Mick J pelo telefone, contando sobre este novo paraíso encontrado. Rapidamente Jamaica se torna um ponto plausível para a banda trabalhar, permanecendo fora das garras fiscais da Inglaterra e longe dos aborrecimentos que borbulham na França. Mick Jagger em rota, passou o dia 22 em Nova York com os Lennons num estúdio da Record Plant. Jagger toca violão, pela primeira vez em uma participação para um trabalho alheio, contribuindo na canção de Yoko Ono, “Is Winter Here To Stay?”. A faixa será incluída no álbum Aproximatly Infinite Universe, lançado no primeiro mês do ano de 1973 pela Apple Records.
Outro programa agendado, Mick e Bianca passam por Washington DC para fazerem uma doação de $857.500 dólares para o Fundo de Desenvolvimento Pan Americano. Este ato age positivamente para ele Mick Jagger pessoalmente, como também para a firma e banda Rolling Stones. Mick passa a ser bem quisto por uma serie de politicos poderosos dentro dos Estados Unidos, como também com o embaixador Americano na Inglaterra, Walter Annenberg. Esta amizade lhe será conveniente no futuro.
Kingston
Terra Nova Hotel
Terra Nova Hotel

Os demais Rolling Stones e suas respectivas esposas e filhos chegam à cidade de Kingston no dia 23 de novembro, todos se hospedando no Terra Nova Hotel. Com as perspectivas positivas em relação ao saldo das contas bancárias dos dois, Keith e Mick aproveitam o sol na piscina do hotel Terra Nova para conversar sobre finanças. Keith, que já investira seu dinheiro na compra de seu novo chalé na Suíça três meses antes, conclui que seu próximo investimento será mesmo na Jamaica.
Como Anita e Bianca continuavam a se estranhar, nenhuma das duas felizes com a presença da outra, Keith facilita as coisas aumentando a distância entre os Richards e os Jaggers. Ele aluga uma residência chamada Casa Joya, situada no norte da ilha em Ocho Rios, perto da baía de Mammee.
Dynamic Studio
Keith soube que Paul Simon havia gravado algo no Dynamic Studio de Byron Lee, mesmo local onde Peter Tosh gravara o seu disco. Byron Lee era um conhecido músico local, que tinha uma banda de ska muito popular na virada das décadas de cinquenta e sessenta chamada The Dragonaires. Byron Lee & the Dragonaires representaram seu país durante a Feira Mundial realizada em Flushing, NYC em 1964. Na ocasião, a Jamaica havia conquistado recentemente sua independência do Reino Unido, e este evento se torna a primeira vez que o ska, uma música nascido dos guetos, passava a representar oficialmente o povo Jamaicano. Durante a participação na Feira Mundial, Byron Lee & the Dragonaires se tornam então adidos culturais. A maioria deve conhecer Byron Lee e seu conjunto, por conta de sua aparição no filme Dr. No, primeira do que se tornaria uma série interminável de filmes sobre James Bond, um certo agente do serviço secreto de Sua Majestade. Filmado em Kingston em 1962, vemos Byron Lee e seu conjunto tocando calypso.
Keith negociara a vinda dos Stones uma vez que Byron Lee se comprometesse a investir em equipamentos novos para o estúdio. E em termos de Jamaica, equipamentos novos incluem coisas simples como headfones de qualidade e microfones Neuman, especificamente para gravar voz. Lee também adiciona no estúdio um piano de cauda e um órgão Hammond, modelo B3. Assim, começaram os ensaios para o que virá a ser conhecido como o Goat’s Head Soup Sessions. Estas sessões iniciais duram apenas uma semana. Duas curiosidades do estúdio comentadas por Keith são o fato de que os amps eram pregados ao chão e havia sempre um sentinela de espingarda junto ao portão de entrada do estúdio. A banda sente as boas vibrações do lugar e concordam que seria benéfico para a música trabalhar neste ambiente novo. No entanto, há problemas demais para serem resolvidos antes, todos relacionados com a situação legal dos integrantes na França.
Julgamento em Nice
Assim, os Stones retornam para Londres dia 2 de dezembro, quando é realizada uma reunião com Lowenstein e os advogados, para estudarem e se prepararem para o julgamento em Nice em dois dias. Apenas Keith e Anita corriam real perigo de serem levados à cadeia, e portanto um grupo de advogados os defenderia em corte, sem a presença física do casal. Desta forma, os quatro Stones seguem para Nice para se apresentarem dia 4 de dezembro.
Durante o julgamento, a acusação mostrou testemunhos assinados por pessoas alegando terem visto os Stones usando heroína e haxixe. Porém quando estas pessoas foram testemunhar pessoalmente, surpreendem ao alegar que foram surradas pela polícia durante interrogatório até assinarem o tal documento. Aparentemente todas essas alegações eram falsas, as próprias testemunhas da polícia acusando a polícia de coerção. Os Rolling Stones foram considerados inocentes, embora o caso de Keith e Anita ainda continuaria a se desenrolar durante boa parte do ano de 1973. Bobby Keys igualmente estava sendo investigado por consumo de tóxico, seu julgamento seguindo paralelo ao de Keith e Anita. Com o julgamento resolvido, os Rolling Stones retornam para a Jamaica no dia 13 de dezembro, desta vez trazendo Ian Stewart, Jimmy Miller, Andy Johns, e Nicky Hopkins com eles.
Sopa de Bode na Jamaica
Byron Lee & Mick Jagger
Byron Lee & Mick Jagger

Quando retornam, ficam novamente hospedados no Terra Nova Hotel. Desta vez, Bianca não querendo aturar Anita, preferiu ficar em Londres onde segue em perseguição de sua própria carreira como modelo. As sessões e gravações são realizados no Dynamic Sound Studios de Byron Lee como combinado. Byron trabalhava junto a Mickey Chong, seu engenheiro de som, que não era jamaicano, era chinês. Na ausência de Jimmy Miller, Byron auxiliava Mick e Keith como produtor.
Para garantir total liberdade de horários, como também, que nada se altere no estúdio na arrumação já pré estabelecida para os instrumentos da banda, o estúdio é alugado pelo período total, nenhuma outra sessão sendo realizada no Dynamic Sounds durante este mês. Muitos temas iniciaram com uma jam simples sobre um núcleo qualquer. Algumas vezes este núcleo evoluiria para um tema e uma canção, outras não daria em nada. Neste espírito, não é de se estranhar uma quantidade de temas soltos, todos batizados, que se encontra nos rolos de fitas destas sessões.
São títulos como “After Muddy & Charlie”, “Brown Leaves”, “First Thing”, “Four And In”, “Give Us A Break”, “Jamaica”, “Man-Eating Woman”, “Miami”, e “Zabadoo”. Estes números receberam todos algum especie de letra, seja parcial ou completa desde sua primeira execução. Entre os instrumentais podemos ouvir “Tops”, que anos mais tarde ganharia letra, e “Separately” uma composição creditada a Mick Taylor e Keith Richards. Outros temas receberam um pouco mais de atenção por parte da banda, sendo gravados mais de uma vez e com evoluções em seu arranjo. Entre estas estão “Angie”, “Can You Hear The Music”, “Criss Cross”, “Winter”, “Doo Doo Doo Doo Doo”, “Short And Curlies”, “You Should Have Seen Her Ass”, “Through The Lonely Nights”, “Star Fucker”, “Coming Down Again” e “Waiting On A Friend.” Com o desenvolvimento das sessões, Mick desconfiando das reais condições de Keith de poder manter no palco um pique de tocar rocks seguidamente, sutilmente começa a puxar a banda em direção a baladas.
As Novas Composições
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As novas composições têm como caracteristica o fato de não serem mais em parceria como até então têm sido. Mesmo quando uma canção representava mais um dos dois compositores da dupla, invariavelmente haveria uma participação dos dois. A partir deste trabalho, Mick e Keith estão vivendo já em circulos extremamente diferentes. Chegam portanto com trabalhos praticamente prontos, sem precisar realmente da ajudo do outro para completar suas concepções musicais. Mick já aprendeu a tocar violão o suficiente para conseguir estruturar suas letras, enquanto Keith já aprendera a transpor pro papel suas idéias líricas.
“Coming Down Again” é uma canção composta inteiramente por Keith e fala de um relacionamento extra-conjugal, como que um aviso para Anita se cuidar. “Doo Doo Doo Doo Doo” e “Star, Star”, uma ode a todas as groupies, mormente as da última excursão Americana é composição exclusiva de Mick. A canção foi originalmente chamada de “Star Fucker” mas teve que ser rebatizado por motivos comerciais. Outra, “100 Years Ago” é uma canção que Mick havia escrito em 1970 e deixado encostada. A canção toca em assuntos relativos à desintegração de seu relacionamento com Marianne Faithfull.
A excessão a esta nova regra é “Dancing With Mr. D.” que é uma colaboração de fato com a música montada por Keith e a letra por Mick. “Short And Curlies” por outro lado, é um tema trabalhado por Keith, mas que nascera de um improviso com grande participação criativa por parte de Ian Stewart e Mick Taylor. Já “Angie” é uma canção do Keith, apesar de Mick ter participado na estrutura da letra e Mick Taylor ter praticamente feito sozinho a melodia. Uma vez lançada comercialmente, um boato nasceria e se espalharia internacionalmente de que a canção ser uma confisão de amor de Mick Jagger a Angela Bowie, esposa de David Bowie. Na verdade, trata-se de Keith tendo como musa a sua filha Dandelion, que teve seu nome legalmente mudado para Angela Richards pela avó paterna da criança. Incidentalmente, Mick Jagger e Angela Bowie nunca tiveram um romance realmente. Apenas uma ‘rapidinha’ no sofá de um hotel que só iria acontecer em meados do ano seguinte.
Mick Jagger, Marlon e Keith Richards
Mick Jagger, Marlon e Keith Richards

Uma Excursão Pro Japão
Peter Rudge foi à Jamaica ficar com os Stones, fumar ganja e principalmente conversar sobre a futura excursão para o oriente. A excursão é vendida como The Winter Tour, também chamada de The Pacific Tour, uma alusão ao Oceano Pacífico. Foram marcadas apresentações no Havaí, Austrália, Nova Zelandia, Japão e Hong Kong. Serão 19 apresentações espalhadas entre estes cinco países. A máquina de publicidade japonesa rapidamente entrou em ação e jornalistas nipônicos passaram alguns dias na Jamaica entrevistando a banda e tirando uma série de fotografias promocionais.
Houveram, porém, outros problemas mais imediatos a pensar. A notícia das acusações feito aos membros dos Rolling Stones por parte da polícia francesa finalmente se espalhou pelos jornais da Europa. Pela primeira vez, o resto da Europa e os Estados Unidos estão agora sabendo do incidente em Nellcôte, embora o mesmo tenha ocorrido a um ano atrás. O governo Americano se soubesse antes, provavelmente não teria autorizado visto de trabalho para a banda e a lucrativa excursão que fizeram a poucos meses não teria acontecido. Na mesma hora, vistos para os Estados Unidos, Japão e Austrália são negados. Seis apresentações na Austrália já haviam vendido todos os ingressos, enquanto no Japão cinco mil ingressos já foram comprados quando o banimento fora anunciado.
Na Jamaica, Keith alega para jornalistas que ficou sabendo destas acusações contra ele pelos jornais, que as acusações iniciais feitas contra os Rolling Stones surgiram do nada e já foram oficialmente negadas e o caso julgado e todos inocentados. A acusação ainda pendente contra ele é um mistério que será resolvido pelo departamento legal da firma Rolling Stones. Em suma, ele não tem a mínima ideia de onde surgiu esta historia e que tudo é provavelmente mais uma tentativa de alguem usar o nome dos Rolling Stones para se promover e para a imprensa aproveitar e vender mais jornais.
Distrações
Durante um domingo de folga, Bill e Astrid Wyman, acompanhados de Mick e Rose Taylor, fazem um passeio até a capital das Bahamas, a cidade de Nassau, no intuito apenas de fazer turismo. No avião, Rose querendo forçar uma atitude do marido, comenta confidencialmente com Bill que Mick T está pensando em deixar os Rolling Stones para ir tocar com a banda Free. Wyman não comenta nada. Secretamente, ele também começa a fazer as contas e cogitar quanto tempo mais levaria para o mercado cansar da banda e os Rolling Stones acabarem. O esquema caótico das gravações em Nellcôte, a pesada dependência de Keith Richards, um dos principais integrantes da banda, e a já excessiva longevidade para uma banda de rock ‘n’ roll, faz com que se pense em quanto tempo a sorte vai conseguir continuar do lado da banda.
Tanto Keith quanto Anita estão encantados pela beleza de Ocho Rios e bom astral da ilha caribenha. Resolvem então deixar a vida na Suíça de lado por um tempo e passar a morar na Jamaica. Keith então acaba comprando a residência de Tommy Steele, um dos pioneiros do rock inglês em meio à onda skiffle em 1957. A casa, chamada Point of View, também em Ocho Rios, tinha uma vista para as montanhas de St. Anne e para a baía de Mammee. A residência lhe custou a bagatela de $147 mil dólares. Seu interesse pelo povo Jamaicano aumenta, atraído pela consciência musical dos jamaicanos. Sua curiosidade é ainda mais aguçada pelos rastafaris.
Rastafarianismo
O rastafari é um religioso ainda temido e evitado pelo restante dos jamaicanos no inicio da década de setenta. Não seria até 1975, quando o sucesso da música de Bob Marley atinge não só a Inglaterra como também os Estados Unidos, que passaria a haver alguma mudança em relação à imagem do rastafari por parte da população nativa da ilha. Só então, com a projeção mundial que se tem quando se conquista o mercado Americano, é que o reggae e o rastafari passam a ser mais respeitados. Atualmente o rastafarianismo representa uma maioria significativa da população da Jamaica.
A crença do rastafari vem de uma mistura de interpretações da Biblia Sagrada, com maior enfoque no Velho Testamento do que no Evangelho. Essencialmente, eles absorveram preceitos católicos e judaícos, criando uma consciência de animismo e espiritualismo.
Para se entender melhor o que é um rastafari e como sua religião veio a surgir, precisamos olhar um pouco da história recente da Jamaica. Como o Brasil, Jamaica também era então um grande produtor de cana-de-açucar. Depois que o Reino Unido toma o controle da ilha dos espanhois, a mão-de-obra escrava que já existia, se intensificou consideravelmente. Curiosamente, a grande maioria desta população escrava fora capturada originalmente na mesma região, a Etiópia. Com a abolição da escravatura, a ilha passa por um empobrecimento radical, o que gerou desinteresse dos Bretões pelo lugar, e permitiu à ilha ganhar autonomia parcial.
Uma vez que a população da Jamaica já é uma maioria negra, o controle branco se faz em parte através de um domínio psicológico do europeu branco sobre o africano negro. Porém surge em 1927, um jamaicano de 40 anos chamado Marcus Garvey que passa a ganhar notoriedade por pregar a consciêcia negra. Sua influência na mentalidade do povo negro da Jamaica é tanta que ele é hoje visto como o precursor do rastafarianismo. Entre outras coisas, ele clamava para o povo ter orgulho de sua herança Africana. Mas o que o fez ser reconhecido como um profeta, foi apontar ao povo que se devia manter as atenções na Africa, pois um rei Africano seria coroado como o messias negro.
Haile Selassie I
Haile Selassie I

Em 1930, o Primeiro Regente de Etiópia, Ras Tafari, anunciou que ele era descendente legítimo do Rei Salomão e da Rainha de Sheba. Ras Tafari foi então coroado Rei de Etiópia, mudando seu nome para Rei Haile Selassie I. A profecia de Marcus Gravey fora realizada e o Rei Haile Selassie I é tido como o verdadeiro messias. Se fossemos comparar com os personagens da religião cristã, Marcus Gravey seria o equivalente a João Baptista, aquele que avisa da vinda do Senhor, enquanto Selassie seria a reincarnação de Jesus Cristo em pessoa. Deus em carne, andando sobre a terra.
Como religião, o rastafarianismo é mais praticado do que escrito. Portanto existe uma grande variação de ‘tribos’, termo herdado do judaísmo, dentro da religião, cada uma praticando sua adoração de uma forma diferente. Como regra, todo rastafari venera o Rei Haile Selassie I como o Imperador do Mundo e o Deus na Terra. Ele é tido como o Rei dos Reis, Senhor de todos os Senhores e o leão conquistador das tribos de Judá. O nome Haile Selassie significa “O Poder da Santa Trindade.”
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Esta crença define o homem negro como sendo o legítimo herdeiro da tribo de Israel. Esta noção vem do Velho Testamento, Jeremias 8:21, onde há a afirmação, “Eu sou negro.” O rastafari condena a carne de porco e geralmente é incentivado a simplesmente evitar comer carne. Seu estilo de cabelo, conhecido como dreadlocks, tem na origem de seu nome a intenção de desafio. No entanto, o tratamento dado ao cabelo, vem novamente de uma interpretação da Biblia, onde em Numero 6:5 se jura não cortar o cabelo. O aspecto do rastafari, ou simpelsmente rasta, com seus dreadlocks, representam ideologicamente, a juba do leão de Judá. O uso de maconha ou ganja como é chamada, como auxílio para meditação e adoração a Deus, também tem sua origem em uma distinta interpretação da Biblia, específicamente Genesis 1:12 e 2, como também Samuel 2:29, onde se faz alusão à “sabedoria da erva.”
Basicamente pode-se dizer que o rastafari vê a Jamaica como o Inferno, seu lar terreno onde passa seus dias aguardando o retorno à terra prometida. Esta é a Etiópia, o Zion ou paraíso, o lar espiritual a ser atingido. Apesar do Rei Haile Selassie I incentivar a leitura da Biblia, o Cristianismo é geralmente visto como uma religião do homem branco, e portanto, não representa a vida e as injustiças sociais sofridas pelo homem negro. Bob Marley acabaria sendo visto como um profeta e guerreiro. O reggae que Marley ajudou a popularizar, acabaria atraindo turistas para a ilha, agitando a indústria de turismo local.
Embora nem sempre as inspirações espirituais estejam em harmonia com os desejos carnais, o rastafari é em tese um homem humilde e pacífico, ao mesmo tempo que orgulhoso e confiante. Ele não busca posse material e sim um maior entendimento das escrituras. Ele não odeia o homem branco embora veja o mundo do homem branco como maligno, cheio de inveja e desonestidades, o qual ele interpreta como sendo a Babilônia moderna. Apesar de seu pacifismo, o rastafari é dono de grande poder interior e irá como regra defender com firmeza o que julga serem os seus direitos.
Todas essas coisas intrigavam Keith Richards, este facínio facilitando a aproximação de Justin Himes, um rastafari e conhecido cantor de mento (outro tipo de música jamaicana), quando ainda morava no interior do país, antes de vir para a capital. Himes se tornou rapidamente o grande amigo de Keith e Anita na ilha, passando a freqüêntar a casa regularmente, e trazendo consigo outros amigos, todos rastas. O reggae levado nos fins de tardes no porão da casa deixa o casal em transe, quase que em êxtase. Keith passa a meditar ao som de reggae, entrando em uma fase que para ele mais se assemelha a uma experiência religiosa.
Os Stones Deixam a Jamaica
Nicky Hopkins, que sempre teve uma saúde delicada, teve uma infecção intestinal, seu organismo possivelmente estando cansado do prato tipico jamaicano que é bode com molho curry, e acabou deixando o projeto, retornando à Inglaterra mais cedo. Billy Preston vem substituí-lo, chegando apenas nas últimas duas semans de trabalho. Mas o clima virou rapidamente quando o quarto de Wyman foi invadido por homens mal intencionados. Embora esta informação tenha sido confirmada em mais de uma fonte, poucos detalhes revelam como se deu a situação. Aparentemente Bill Wyman se viu atado e colocado debaixo da cama enquanto sua mulher Astrid Wyman era estuprada. Uma vez que a notícia se espalhou, todas as mulheres passaram a se sentir vulneráveis e o clima dentro do grupo não era mais o condizente para se fazer música. Retornaram todos a Londres no dia 22 de dezembro. Anita era a única entre as mulheres realmente triste por ter que deixar o lugar.
Bill e Astrid coversam muito e retornam para sua residência no sul Francês. Não muito depois, Bill conclui que estava fumando maconha demais e ficando preguiçoso no processo. Sem pensar duas vezes, pegou todo o haxixe que tinha em casa, cavou um buraco no quintal e enterrou tudo, para o espanto de Astrid. Bill Wyman que havia largado tabaco em 1971, agora não fuma mais erva alguma. Astrid no entanto, não tem a mesma força de vontande e continua fumando. Ela secretamente também tomou gosto pelo uso de cocaína, embora minimize o seu uso, sempre longe das vistas de Bill.
Terremoto na Nicarágua
No dia seguinte a sua chegada em Londres houve um tremendo terremoto em Managua, capital da Nicarágua. Bianca se apavora quando não consegue linhas para o país. Ela quer noticias de seus pais mas as comunicações para a Nicarágua estão dificeis. Jagger está com ela tentando conforta-la. Ele propõe que os dois peguem um avião e vão para Managua procurar eles mesmos. Sem vôo comercial para a cidade, Mick aluga um avião para o casal e aproveita para comprar toda vacina contra tifo que consegue encontrar.
Centro de Manágua
Centro de Manágua

Durante a corrida de taxi do aeroporto de Manágua passando pela cidade, Bianca Perez Moreno de Macias, agora internacionalmente conhecida como Bianca Jagger, mal consegue reconhecer a cidade onde passou sua infância e a maior parte de sua vida. Nos escombros serão encontradas seis mil pessoas mortas, outras tantas milhares ficando agora sem teto.
Depois de três dias desaparecida, encontraram a senhora Macias, arranhada mas inteira, sem fraturas. Sua casa foi destruida mas ela teve muita sorte. Apesar da casa literalmente desabar sobre sua cabeça, nada lhe atingiu diretamente e ela conseguiu escapar entre os buracos e sair inteira. Nem todos os seus vizinhos tiveram a mesma sorte. Bianca estava arrasada e Mick ficou em choque. Nunca antes ele testemunhara tamanha desgraça e destruição gratuita como as cenas que este terremoto lhe ofereceu.
Mick Jagger na Nicaragua
Mick Jagger na Nicaragua

Mais tarde, o casal conversou sobre que tipo de ajuda poderiam conseguir. Mick sabe que a mola propulsora para qualquer ação é dinheiro. E de imediato lhe vem a ideia de como conseguí-lo. Um concerto dos Rolling Stones com toda renda revertida para o governo da Nicarágua para ajudar com os feridos e sem teto atingidos pelo terremoto em Manágua. Se o governo americano autorizar os vistos de trabalho, a apresentação seria realizada em Los Angeles. O anúncio da intenção dos Rolling Stones funcionou como publicidade positiva para a banda. Os Estados Unidos autorizaram o visto, salvando assim de tabela as apresentações em Honolulu. Austrália foi outro país que acabou autorizando a banda a entrar em seu país, confirmando assim as datas também em Nova Zelandia. Apenas o Japão se mostrou irredutível.
Vistos Para o Japão
Uma vez em Los Angeles em janeiro de 1973, Mick Jagger foi pessoalmente visitar o consulado Japonês para conversar com o consul. Aparentemente os vistos de todos os Rolling Stones e equipe foram garantidos, menos o de Mick Jagger. Por ser pego e considerado culpado de posse de maconha em 1969, o governo Japonês não tem como permitir sua entrada no país. As leis japonesas são bem firmes a este respeito e Mick Jagger é um nome famoso demais para deixar passar sem derrotar o propósito da lei. O visto continuou negado e Jagger conversando com a imprensa declarou que dois meses de sua vida dedicados a este projeto foram jogados fora. Que os Rolling Stones queriam muito tocar no Japão e toda a excursão Pacific Tour foi construida em cima deste proposito.
Concerto Para a Nicarágua
Bill Graham promoveu o espetáculo marcado para dia 18 de janeiro no Forum de Los Angeles. Um show desta magnitude leva geralmente vários meses para ser aprontado, no entanto, por causa da imediata necessidade dos fundos para Manágua e aproveitando ao máximo o fato do assunto estar em voga, tudo foi feito rapidamente, Bill Graham tendo apenas uma semana para aprontar tudo. Os Rolling Stones se reuniram novamente em Los Angeles no dia 16, onde ensaiaram no SIR, Studio Instrumental Rentals.
Programados para o que acabou sendo uma noite chuvosa de quinta-feira, estava uma apresentação de meia hora dos comediantes hippies Cheech & Chong, seguidos de um show de uma hora de Carlos Santana e sua banda, seguidos depois pelos Rolling Stones. Ingressos variam de $25 até $100 dólares, tudo em nome da caridade. Vale a pena comentar sobre a dupla cômica Cheech & Chong que consiguiram resultados surpreendentemente positivas considerando que sua apresentação trata-se de um bate-papo com o Forum, uma casa cuja lotação era quase máxima, um total de 18.625 pagantes computadas. A programação da noite funcionou perfeitamente apesar do pouco tempo de preparação e rendeu boa promoção para Billy Graham. Para os Rolling Stones, a boa publicidade já rendia frutos positivos deixando boa vontade dos Estados Unidos em relação a banda e seus interesses mercadologicos neste país. O show em si funciona como um aquecimento para a Pacific Tour a iniciar em poucos dias.
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Enquanto um Forum lotado aguardava os Rolling Stones, a banda recebia nos bastidores uma placa de agradecimento pelo seu gesto de caridade direto das mãos do embaixador da Nicarágua. Quando finalmente tomam o palco, os Stones fazem uma apresentação extra-comprida, tocando um total de uma hora e quarenta minutos. Vários números antigos foram incorporados ao repertório, canções como “Route 66” e “It’s All Over Now”. O espetáculo levantou um total bruto de $516.810 dólares. Uma vez tiradas as despesas, Mick e Bianca Jagger puderem entregar para o embaixador da Nicarágua em Washinton DC, um cheque no total de $350 mil dólares.
A equipe escalada para trabalhar no Pacific Tour tem em suas chefias os mesmos nomes que trabalharam na excursão americana. Chip Monk cuidando de luz e palco, Gary Stromberg de publicidade e como responsável por tudo durante a excursão está Peter Rudge.
Pacific Tour
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Dois dias depois os Rolling Stones estavam aterrisando em Honolulu para três shows em dois dias. O repertório da excursão é Brown Sugar, Bitch, Rocks Off, Gimme Shelter, It’s All Over Now, Happy, Tumbling Dice, Love In Vain, Sweet Virginia, Dead Flowers, You Can’t Always Get What You Want, All Down The Line, Midnight Rambler, Live With Me, Rip This Joint, Jumping Jack Flash e Street Fighting Man. O show rendeu um álbum pirata notório, “Liver Than They’ve Ever Been.”
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A banda se apresenta com o auxilio de Bobby Keys, Jim Price e Nicky Hopkins. Para abrir a noite em todos os três shows, a banda ZZ Top. Com a confirmação dos cancelamentos das apresentações no Japão e Hong Kong, a banda opta por retornar a Los Angeles e continuar trabalhando no novo álbum. Assim, depois da última apresentação da noite do dia 22, a banda retorna para LA pegando ainda o dia 22 em claro. Depois de um descanso, retornam ao estúdio com Nicky Hopkins para trabalhar no novo album em “Dancing With Mr. D”, “Doo Doo Doo Doo” e “Star, Star”. Tornam-se todas versões alternatives das que efetivamente acabaram no álbum. Também houve um desenvolvimento na canção “Tops” além da gravação de um instrumental que foi batizado de “Windmill”.
A banda chega cedo na Austrália, aterrisando dia 9. A recepção no aeroporto lembra os longínquos tempos da década de sessenta e a Stonemania. No entanto, a alfândega exigindo que todos os músicos tirassem todas as roupas para uma mais do que completa verificação de que não estão trazendo consigo nenhuma droga ilegal, também lembra outros tempos que poderiam ter ficado esquecidos.
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Depois de resolvidas as questões alfandegárias, uma série de entrevistas foram realizadas durante a maior parte do dia, tanto no próprio aeroporto, como em hoteís e estações de rádios, antes que a banda pudesse retornar ao seu hotel e finalmente descansar em seus quartos.
Por medida de precaução, todos os músicos foram registrados no Kingsgate Hotel com nomes falsos. Escolheram nomes de jogadores de crikett, pois Jagger estava em uma fase em que se encontrava facinado pelo esporte. Assim, Mick Jagger é registrado como W. G. Grace, Keith Richards como Freddie Truman, Bill Wyman é Len Hutton, Charlie Watts torna-se Trevor Baily e Mick Taylor assume o nome de Peter May. Para complementar temos Bobby Keys registrado com o nome de Jack Hobbs, Jim Price como Herbert Sutcliffe e Nicky Hopkins como Tony Lack. Da equipe, Peter Rudge e Alan Dunn optam pelos nomes de dois Primeiro Ministros da Inglaterra, respectivamente registrando-se como Ted Heath e Harold Wilson.
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Dia 11, o primeiro show é em Aukland, na Nova Zelandia, país vizinho. A apresentação foi filmada por uma equipe Neo Zelandesa. Retornando à Austrália, estreiam com um show na cidade de Brisbane no dia 14, seguido de três apresentações no Kooyong Tenis Courts de Melbourne. Maconha fora encontrada na posse de um roadie mas o incidente não chegou a ter uma maior repercussão. A banda fez então duas apresentações em Adelaide, onde o controle público se tornou um duelo incansável entre adolescentes e a polícia.
Com uma apresentação em Perth e duas em Sydney fecham a excursão, deixando a Austrália no dia 28 de fevereiro. Souberam depois que toda a roupa de cama onde os membros da banda dormiram no hotel, fora depois vendida em um leilão, pelo equivalente a $1.329 dólares. Foram adquiridas por um colecionador que pretendia cortá-las e transformar tudo em uma série de bandanas e lenços, vendendo tudo como souvenier para o grande público, esperando recuperar o dinheiro e faturar um considerável lucro no processo.
Destinos Destintos
Mick Taylor foi o único que não seguiu os demais em vôo para Los Angeles, seguindo da Austrália para Hong Kong, onde passeou feito um turista qualquer. Mick Jagger, Keith Richards, Bill Wyman e Ian Stewart ficam em Los Angeles. Irão continuar trabalhos no novo álbum. Charlie Watts segue em direção de sua casa em Marselles, onde sua esposa e filha aguardam sua chegada.
Pouco depois do inicio de abril, todos deixam Los Angeles, seguindo para Nova York. No aeroporto JFK, cada um segue em uma direção diferente. Mick se encontra com Bianca e seguem então para as Bahamas. Keith pega um vôo para Montreux, enquanto Stu, de posse das fitas masters do futuro disco do grupo, retorna para Londres. Quando Keith chega em sua casa em Montreux, descobre que Anita e as crianças voltaram para Ocho Rios enquanto os Stones estavam excursionando. Keith então segue de volta para a Jamaica.

Waiting for the Punchline - Extreme

Por Daniel Junior

"Waiting for the Punchline" é o quarto disco de estúdio do Extreme, banda que retornou aos estúdios e aos palcos em 2008 com o excelente “Saudades do Rock”, disco quase menosprezado por boa parte da crítica musical.



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A banda vinha de um disco igualmente menosprezado pela mídia especializada intitulado de "III Sides To Every Story" na qual o guitarrista Nuno Bittencourt só faltou fazer chover. Um discaço que deveria estar na prateleira de qualquer que gosta de rock, especialmente o hard.
IIISTES não aconteceu porque era um disco que não teve singles tais quais "Pornograffitti", que explodiu para o mundo com a balada "More Than Words". Era um disco conceitual que tratava entre outras coisas de igreja, mídia, racismo e outros temas que fazem o pau quebrar em uma mesa de bar, onde cada um opina com impostação de dono de verdade.
"Waiting for The Punchline" era mais direto como "Pornograffiti" e menos elaborado do que IIISTES, o som era bastante cru e trazia pela primeira vez Mike Mangini como baterista. O disco ainda traz o virtuosismo do guitarrista português mas não aconteceu. Curioso que a sonoridade tem ABSOLUTA relação com "Saudades do Rock" (2008), que é cru, mas também adocicado em diversos momentos. A banda estava em outro clima. Menos vocais trabalhados, nada de duas guitarras (uma base e outra solo) e nenhum teclado. Por aí você tira como a banda passou a soar.
1 – There Is No God – É a faixa que apresenta o disco quase uma antítese das faixas de IIISTES que poderia figurar em qualquer disco gospel tal seu teor panfletário e ao mesmo tempo contestador. Um gospel consciente, diga-se de passagem, se compararmos com as tosquices que escutamos por aqui.
2 – Cynical – Traz a guitarra suja de Bittencourt com uma pegada funkeada, mas sem brilho e deley. Tudo muito cru. Muito groove. O Extreme optou por fazer uma faixa pseudo-funk, embora estejam lá os vocais e a aguda voz de Cherone. Os riffs de Bittencourt são matadores e o slaps (todos) bem medidos.
3 – Tell Me Something I Dont Know – Tem uma introdução disfarçada por frases de guitarra. Ritmo 4/4 em uma atmosfera Alice In Chains/Stone Temple Pilots. Tudo muito pra baixo. Não sei se o movimento grunge influenciou a música do Extreme mas a banda saiu das firulices hard/heavy para um rock mais lento e pesadão.
4 – Hip Today – Traz aquela camada de guitarras que apresentaram Nuno e sua versatilidade nas seis cordas (ora sete), muitos riffs intensos e vocais a la Queen (não resisti, mas não gosto da comparação com a banda inglesa). Hip Today é um pouco de tudo aquilo que o Extreme sempre foi: boa pegada, excelentes levadas de contra-baixo e uma bateria em tempos ingleses. A mixagem deste disco é mais jogadona. Se você escutar os discos anteriores irá entender.
5 – Naked – Um clima bluseiro mas nada do compasso ternário. Climão Black Crowes, tudo muito sombrio e escuro nos arranjos da banda. Imagine aqueles levadas a la Zeppelin, loucas e insanas, sem guitarra base nenhuma, só muito gana e vontade. O Extreme parece totalmente à vontade com um som mais durão, longe dos arranjos adocicados de Pornograffitti e IIISTES.
6 – Midnight Express – é uma instrumental com as paletadas ora abafadas, dando um efeito sempre muito grave. A opção em usar regiões que simulam uma certa confusão e indefinição das notas (ao menos nos primeiros minutos) é muito interessante. Frases que lembram guarania e flamingo. Bittencourt não fosse português teria mais atenção da parte do mundo. A impressão que tenho é que todos o tratam como “mais um” guitarrista. E isso não é verdade. Mesmo! Excelente percussão!
7 – Leave Me Alone – Talvez a canção mais intragável do disco. O início com seu efeito phaser no vocal não é nada atraente. Durante a canção todas as fases do Extreme: hard, bluesy, pitadas de metal e muita sonzeira em volta da voz de Cherone. O baixo com suas frases independentes. Uma loucura sonora.
8 – No Respect – O som sujo cheio de efeitos que muito lembraria o disco seguinte, Saudades do Rock (2008). Impressionante como a banda não se preocupa em parecer doce em nenhuma canção, pelo contrário, a sonzeira é visceral e de fato se explica o anti-sucesso (só pra abusar do eufemismo) de um disco que dispensou hits. Preferiu ser bem punk, filosoficamente falando.
9 – Evilangelist – O trocadilho é maravilho (Evil é mal ou maldade em inglês) e a sua junção com “gelist” dão uma ideia do que a letra diz. Uma das mais pesadas do disco o verso “You name in on my list / i´m your evilangelist” é simples e precioso. O paradoxo das boas novas. Mais rock and roll impossível. A canção segue: ” In a wath god you trust / close your eyes while I hypnotize”. Sinistro… :)
10 – Shadow Boxing – Mantido o clima descontraído agora com um refrão mais poderoso e pegajoso. Bateria sequinha e vocais (segunda voz) em uma atmosfera mais amena do que em todo o disco. Cherone é um dos meus vocalistas preferidos. O riff final, abafadinho e setentão.
11 – Unconditionally – Ah eu sei… Você estava esperando uma canção que lembrasse o bom e velhoExtreme. Uma levada folk, os agudinhos afetados de Cherone e os duetos com Bittencourt. Bem, chegou a canção. Unconditionally é uma canção de amor com todos os requintes de romantismo que sempre fizeram parte do cancioneiro extreme-de-ser no entanto sumidaço neste disco. Engraçado que quem já ouviu falar do Extreme toma pelas baladas o som da banda e isso não é bem verdade…
12 – Fair-Weather Faith – Toda banda tem seu “Faroeste Cabloco” que se preze. Esta canção tem 11:15 é cheia de pegadinhas e “acaba” com 4:55. Era muito comum, principalmente nos grandes albuns você após o silêncio da agulha escutar vozes, riffs indefiníveis, músicas ao contrário e etc. No caso desta faixa temos a sujeira (habitual a todo disco) e alguma gritaria e esforço além do alcance do boníssimo Cherone.
O disco é bem diferente. Não há porque criar expectativas no disco que podemos chamar de anti-comercial tal sua disposição em ser impopular e pouco “hiteiro”. Mas eu apostaria em bons momentos de diversão com “Waiting For The Punchline”.
1.”There Is No God” – 6:07
2.”Cynical” – 4:41
3.”Tell Me Something I Don’t Know” – 6:25
4.”Hip Today” – 4:42
5.”Naked” – 5:46
6.”Midnight Express” – 3:58
7.”Leave Me Alone” – 4:47
8.”No Respect” – 3:51
9.”Evilangelist” – 4:49
10.”Shadow Boxing” – 4:34
11.”Unconditionally” – 5:01
12.”Fair-Weather Faith” – 4:49*

* Alguns dizem que esta faixa é dividida em duas canções, a segunda seria o título homônimo, porém no título original não há menção alguma ao nome da canção.
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Fonte desta matéria: Aliterasom