1 de maio de 2011

O Homem Que Amava Yngve - Mannen som elsket Yngve - 2008




“The Man Who Loves Yngve” se passa em novembro de 1989. O muro de Berlim colapsa. Na cidade de Stavanger, Jarle Klepp, 17 anos, não tem idéia de que as coisas estão prestes a mudar. Até agora ele tinha de tudo; a melhor namorada e o mais legal amigo do mundo. Juntos formam a mais agressiva banda de punk rock da cidade, a Mattias Rust Band.

Mas então surge um novo colega de classe, Yngve, que não é como a maioria, deixando Jarle confuso. Lentamente, mas de forma constante, ele deixa de lado todos os que o cercam, e descobre o que significa ficar sozinho. A Trilha Sonora fica por conta de The Cure, Joy Division, REM, Japan, Jesus and Mary Chain e entre outros.

Parte 40 - A Festa de Boston

Chip Monck de brincadeira colocou um pé de galinha dentro da bacia de pétalas de flores que Mick joga no publico no final. Jagger que nada sabia da brincadeira do colega, nem percebeu a trajetória nas sombras daquele objeto estranho lançado no ar junto às flores. Segundo contam, o pé de galinha acertou uma menina bem na testa. Escondido em algum canto do palco, Chip Monck e Gary Stromberg estão se mijando de tanto rir.


Canadá
Toronto e Montreal são as próximas duas paradas, o primeiro show sendo realizado em uma arena de hockey de gelo que estava curiosamente quente em excesso. O calor durante o espetáculo foi tanto, que ao retornar após a apresentação, Keith só deu três passos para dentro do vestiário antes de desmaiar. O médico diagnosticou estafa térmica.
Stevie Wonder & the Wonderlove Band já tinham outro compromisso para esta data e portanto não vieram a Toronto. Para substituí-lo foi contratado Martha & the Vandellas. Além do calor, um outro aborrecimento para a banda foi o excesso de polícia nos bastidores. Se posicionaram ao lado da mesa de comida, que por sua vez fica praticamente em frente à porta do vestiário particular da banda. Mick Jagger e os demais ficam ainda mais irritados quando percebem que os policiais comeram boa parte da janta dos artistas.
Quebec
Em Montreal as coisas foram bem piores. Montreal fica na província (eles não chamam de estado) de Quebec e é sua capital. Quebec por sua vez, quer independência do Canadá. Obviamente esta proposta não interessa ao Canadá e, portanto, um clima de guerra civil persiste há algum tempo, com o Movimento Separatista de Quebec criando manchetes literalmente explosivas para os jornais.
Então, no dia 17 de julho, na manhã do show, uma enorme explosão quebra todas as janelas dos prédios vizinhos. O local foi imediatamente interditado e com a poeira baixando se pode verificar que um dos caminhões dos Rolling Stones, estacionado sobre uma rampa em frente ao fórum, local do show, fora dinamitado. Felizmente, o motorista que normalmente dormia no caminhão, já tinha saído para tomar o seu café da manhã e, portanto, continuava vivo. Uma análise da cena do crime conclui que a dinamite fora colocada debaixo da rampa. Além do prejuízo para o veículo em si, que agora exibe um buraco em seu meio, a rampa e uma plataforma do palco foram destruídos. Outro prejuízo ficou por conta de 30 caixas com alto-falantes que tiveram os seus cones estourados.
O esquadrão anti-bombas verifica todas as instalações do fórum a procura de mais bombas. Quando terminaram e concluíram que estava seguro, os telefones começaram a tocar, avisando que aquela fora uma entre quatro bombas que estão marcadas para explodir durante o dia. O esquadrão volta para o fórum e passam um segundo pente fino pelo local. Contudo nada fora encontrado e de fato não houve outras explosões. Contabiliza-se cinqüenta ligações diferentes cada uma creditando a si a responsabilidade pela explosão, todos provavelmente falsas.
Cones novos foram trazidos de Los Angeles em um vôo comercial, chegando e sendo instalados enquanto o público já entrava no fórum para assistir o espetáculo. O show teve que iniciar com 45 minutos de atraso. Este é possivelmente o show da carreira de Mick Jagger onde ele realmente subiu ao palco morrendo de medo de tomar um tiro ou algo similar. No entanto, como um autêntico guerreiro, ele foi e deu o seu show, e tudo acabou correndo normalmente.
Stevie Wonder & the Wonderlove Band vieram a Montreal, e estava acertado de repetirem no final do show, o encontro das duas bandas no palco para o final com Uptight e Satisfaction. Porém, durante o show alguém jogou uma garrafa em Mick Jagger e portanto resolveram cancelar o bis. Marshall Chess passa a participar da seção de sopros da Wonderlove, tocando trompete nas últimas três canções do repertório de Wonder. Chess passaria a repetir sua participação nos oito shows restantes da excursão.
Lá fora, 3 mil jovens sem ingressos para entrar ou barrados por terem comprados ingressos falsos guerreavam contra a polícia onde o lançamento de pedras e garrafas é o programa básico. Pelo menos um carro foi ateado fogo. Os Stones passaram o dia seguinte, 18 de julho, descansando no hotel até o fim da tarde quando então foram para o aeroporto e seguiram para Massachussetts. Era o aniversário de Ian Stewart e após o show em Boston haveria uma pequena celebração.
Lei de Murphy
Para quem nunca ouviu falar, a Lei de Murphy é uma lei patafísica que procura explicar porque quando o pão cai no chão, sempre cai com a parte da manteiga para baixo. Diz a lei que tudo que puder dar errado, dará errado. E se mais de um evento possa dar errado, os erros irão acontecer na pior seqüência possível. Só assim se explica, mais ou menos, as dificuldades inesperadas encontradas durante a viagem dos Rolling Stones a caminho de sua apresentação em Boston.
Tudo começou ainda em Montreal onde o avião não conseguia levantar vôo. A aeronave pegou velocidade na pista mas ao invés de subir, freava para então voltar ao inicio da pista e tentar novamente. Depois da segunda vez, o aparelho encostou em uma pista lateral e desligou os motores enquanto técnicos chegavam para verificar o problema. Dentro da aeronave, todos estão nervosos, pois como todos sabem e sempre tem alguém para nos lembrar, é na decolagem e aterrissagem onde existem os maiores perigos em voar. Chris O’Dell fica encarregada de levantar a moral e começa a dançar e sapatear pelo corredor em uma tentativa de dissipar o medo.
Cansados de ficarem trancafiados no avião resolvem descer e andar na pista. Sendo em sua maioria ingleses, alguém aparece com uma bola de futebol e começam a bater uma pelada no gramado lateral da pista. O jogo fica interessante e atraí a curiosidade dos americanos da excursão que assistem atentamente uma tabelinha entre Jagger e Richards. Jagger corre para receber enquanto Richards, paradão, só lança.
Com duas horas de atraso, o grupo é novamente reunido dentro da aeronave que mais uma vez retorna à ponta da pista. Porém desta vez, consegue atingir a velocidade necessária para levantar vôo. Quando já sobre o estado de Massachussetts, Peter Rudge é informado pelo piloto que o aeroporto de Boston está com teto baixo. O termo, usado na aeronáutica, se refere a nuvens baixas que quando pairam sobre a área de um aeroporto, impossibilitam pousos e decolagens. O piloto então opta por pousar no Theodore Francis Green Airport que fica na cidade de Warwick, situado no pequeno estado vizinho de Rhode Island, local relativamente perto de Boston. Aterrissam por volta de dez para as oito da noite.
Os Direitos de Dykerman
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Como em qualquer cidade relativamente pequena, quando avião aterrissa, já havia o reportar Dante Ionata e fotografo Andrew Dykerman, do jornal The Providence Journel, para registrarem o evento. Muitos que desciam do avião sequer desconfiavam que não estavam em Boston. Por estarem vindo do Canadá, precisarão necessariamente passar pela alfândega primeiro antes de Peter, Jo ou alguém poderem começar a procurar um transporte para levar toda a tropa a Boston. Com o pipocar do primeiro flash, o fotógrafo se faz notar. Stromberg e o guarda-costas Moore encostam nele e explica que estão todos cansados e atrasados para um show. De fato, em Boston, a casa já está praticamente lotada com quinze mil pessoas aguardando. Stevie Wonder está prestes a começar o seu set.
Dykerman, o fotografo de trinta anos, é um fã dos Rolling Stones. Um profissional que conhece o seus direitos e se recusa a deixar o local. O aeroporto é um local público e ele não tem a mínima intenção de deixar de fotografar o movimento ocorrendo. Stan Moore então não vê jeito senão expulsá-lo dali a força. Com isso, Dykerman se vê obrigado a ter que chamar a polícia para proteger o seu direito de trabalhar sem ser ameaçado de apanhar. Quando ele reaparece, com ele está o Sargento Frank Ricci e um pequeno grupo de policiais.
Peter Rudge então se vê obrigado a ficar debatendo com o guarda um acordo pacífico para se livrarem do fotógrafo. Garante o direito de Dykerman tirar quatro ou cinco fotografias da banda e depois deixá-los em paz. Dykerman recusa colocar um número limite e não abre mão de seu direito de ficar ali e tirar quantas fotos ele achar necessário. As negociações não rendem o fruto desejado e o debate tenta se transformar em um ataque contra o direito de imprensa. Não chegando a uma conclusão satisfatória, Dykerman a cada vez que tenta tirar uma foto, encontra Moore e Stromberg fazendo paredinha em frente da lente. O Sgt. Ricci fica assistindo a esta infantil demonstração de gato e rato, aguardando e torcendo que ninguém faça nada estúpido que o obrigue a ter que tomar uma atitude. O fotógrafo já se tornou uma piada para os olhos cansados dos Stones e a equipe STP. Mas em um momento de distração, ele consegue driblar os bloqueios e dá uma pequena corridinha em direção ao Mick Jagger para bater pelo menos uma foto boa sem ninguém atrapalhar. Keith que até então estava quieto num canto só assistindo essa palhaçada toda, ao vê-lo passar a sua frente, não se conteve e retaliou.
Presos no Aeroporto
Keith inclinou o corpo e jogou o peso da mala que carregava contra as pernas do Dykerman, a fivela da bolsa espetando o fotografo que saltou num grito meio de dor, meio de susto, antes de cair no chão. O impacto foi audível e o guarda imediatamente mandou prender o agressor cabeludo. Imediatamente dois oficiais puxam os braços de Keith para trás e aplicam-lhe as algemas. Chris O’Dell discretamente chega no lance e toma sua bolsa, evitando assim problemas piores. Enquanto vão levando Keith Richards preso, Mick Jagger corre na frente dos dois policiais e começa a agredi-los verbalmente. Lembra aos dois que existe uma multidão esperando por eles e que esta atitude só irá explodir nas mãos da polícia mesmo. Jagger fala pontuando suas frases com palavrões até que o sargento se enfeza. “Leva esse aí também.”
Colocam Keith Richards no camburão e vão agora para pegar Mick Jagger. A esta altura, Robert Frank está filmando tudo, Peter Rudge está tentando mudar o panorama da situação e Leroy está tentando atrapalhar o acesso dos oficiais a Jagger, enquanto este não fica parado, circulando entre a multidão que faz parte de sua equipe STP. Marshall Chess quando vê que estão mesmo levando Mick Jagger algemado, parte pra cima. “Seus babacas! Seus filhos da puta!” E acaba na mesma hora sendo algemado e detido também. Keith assiste a tudo isto calmamente do camburão, se divertindo com a cena irreal que sua prisão gerou. Logo Mick Jagger e Marshall Chess estão lá com ele. Robert Frank está lutando com um guarda para conseguir chegar mais perto e filmar os dois músicos no camburão antes que sejam levados embora. Se defende reclamando que não há luz no interior do veículo suficiente para captar a imagem melhor e força a passagem para poder chegar mais perto. Ele acaba batendo com a câmera em um dos guardas sem pensar e este reage torcendo o seu braço e jogando-o no camburão também. “Está detido!”
Vão então procurar Stan Moore, a quem Dykerman no inicio havia feito queixa de agressão. Moore por se tratar de um ex-policial, viaja com os policiais, não no camburão. Enquanto fazem a viagem para a delegacia, Keith, Mick e Marshall estão tirando as baganas que estão no bolso e picando tudo em pedaços minúsculos. No aeroporto, Charlie Watts, Bill Wyman e Peter Rudge estão brigando com o sargento pelo tratamento recebido. Mas o oficial está ignorando os ingleses. Então os dois texanos entram na historia, Jim Price e Bobby Keys se segurando para não dar uma porrada no sargento. Os dois agridem verbalmente, xingando ostentosamente o sargento, querendo ser presos, mas não há mais algemas e o camburão já partiu. Bobby jura que assim que ele se retirar, ele vai encher o fotógrafo de porrada, portanto é melhor levá-lo desde já.
Em outro canto Peter Rudge e Jo Bergman estão no telefone preparando o contra-ataque. Jo Bergman consegue confirmar a contratação de um ônibus velho, único disponível neste exato momento como ela precisa, para leva-los até Boston. Peter Rudge por sua vez está falando ao mesmo tempo em três telefones, cada um para uma cidade diferente. Um para o promoter em Boston para explicar o ocorrido e confirmar que haverá mesmo um atraso. Em outro, ele fala com os advogados de Nova York, reportando a situação e mandando todo mundo se mandar para Boston imediatamente. No terceiro ele consegue um advogado local, via páginas amarelas, um sujeito chamado Joseph Galluci. Confirmada a presença de um advogado local cuidando do caso na delegacia, Rudge e Bergman colocam todos no ônibus assim que o veículo chega. Certos que todos estão a caminho de Boston, Rudge segue para a delegacia de Warwick.
A Festa de Boston
Chip Monck sabe que algo está errado quando percebe que os Stones não chegam e Stevie Wonder está quase na hora de começar a tocar. Ele conversa com Steve e pede para ele atrasar o seu começo. Wonder começa então com quase vinte minutos de atraso, imaginando que os Stones já estejam a caminho da arena. Antes de entrar, a informação de que o aeroporto estava fechado e que os Stones iriam aterrissar fora da cidade de Boston já havia se espalhado entre algumas pessoas nos bastidores. Monck lhe dá carta branca para fazer um set longo e basicamente tocar o quanto quiser.
Steve Wonder & the Wonderlove Band fazem uma apresentação de duas horas antes de deixar o palco. Ainda assim não havia nenhum sinal dos Stones e Monck então pede que Wonder volte para um bis. Mas Steve Wonder está exausto. Ele toca mais uma e depois deixa o palco com sua banda e seguem para o hotel. Chip Monck então assume o palco, e pede a platéia mais aplausos para Steve Wonder enquanto ele pensa o que fazer. Monck então informa que problemas técnicos atrasarão a apresentação dos Rolling Stones em pelo menos meia hora. Pede desculpa pela inconveniência e sai. Funcionou. O público avisado, estão psicologicamente preparados para aguardar civilizadamente, aproveitando o longo intervalo para comprar mais bebida, comida ou irem ao banheiro.
O Boston Gardens está com a casa lotada de pessoas e nenhum show para apresentar. A notícia da prisão em Rhode Island já chegou aos bastidores e todas as energias estão concentradas nas linhas telefônicas. O prefeito da cidade, um político poderoso chamado Kevin White, estava até pouco tempo disputando vaga para representar o seu partido como candidato a vice-presidente, caso Wallace vencesse a presidência. A vaga ficou para outro. Boston a três dias atrás, teve uma guerra em sua cidade entre os puerto-ricanos e a polícia, graças a uma prisão que foi interpretada como sendo de forma racista pela população. O prefeito foi às ruas pessoalmente tentar acalmar a população e depois de três dias, essa é a primeira noite que prometia ser sem incidentes.
Agito em Rhode Island
Quando o Prefeito White fica informado de que o Garden estava aguardando o show dos Rolling Stonescomeçar e os Rolling Stones estavam literalmente presos em Rhode Island, ele sabe que se não agir rápido, sua cidade irá novamente explodir em conflito público. O Prefeito então liga para o Governador Clayborn Pell, no estado vizinho de Rhode Island. A notícia da prisão está espalhando rapidamente, mas ninguém dentro do Garden, afora aqueles nos bastidores, estão cientes.
O Prefeito Kevin White então liga para a delegacia de Warwick e conversa primeiro com Rudge e depois com o delegado. O fato do Prefeito de Boston ligar para a delegacia de Warwick pedindo para falar com alguém da comitiva dos presos já foi o suficiente para criar um mal estar entre os guardas. O delegado é instruído a liberar todos os homens ligados aos Rolling Stones imediatamente e escoltá-los pela estrada até a fronteira com o estado de Massachussetts. Lá eles encontrarão outra escolta policial aguardando pelos Stones para levá-los imediatamente à arena onde havia alguns milhares de pessoas aguardando impacientemente a banda. O oficial foi lembrado que se trata de um assunto de segurança pública e que o caso necessita ser resolvido imediatamente. Pouco depois de desligar, o Governador Clayborn Pell está na linha para dar instruções de que teriam que liberar com fiança de acordo com a lei todos os detidos pertencentes à equipe dos Rolling Stones.
Joe Galluci, o advogado local estava na delegacia, trazendo consigo a mulher e uma filha de quatorze anos. De short e meia, em uma noite calorenta de verão, Galluci, com um charuto na boca, faz uma reunião particular com o chefe de polícia. Enquanto isto, Rudge está no telefone providenciando duas limusines para levar o grupo para Boston. Galluci sai da reunião com o assunto encaminhado. Os detidos ficavam então obrigados de aparecerem para julgamento em 23 de agosto em Warwick. Evidentemente não comparecerão em pessoa, no entanto haverá advogados representando todos no dia e hora marcados.
Não demorou muito e começaram a chegar ligações de jornais de Nova York e Boston querendo confirmação na possível história da prisão dos Rolling Stones enquanto uma multidão os está aguardando para uma apresentação em Boston. Uma multidão de jovens da vizinhança já começam a cercar a delegacia e as limusines quando chegam são instruídas a estacionar no estacionamento subterrâneo como forma de evitar a curiosidade do povo.
A Festa no Boston Garden
Após a sua chamada, o prefeito seguiu então para o Garden para ver de perto como o público está se comportando. No Boston Garden, o prefeito chega temeroso de que tantos adolescentes e jovens adultos juntos são mais do que o suficiente para causar um pandemônio caso fiquem sabendo das prisões de seus ídolos. Resta saber como fazer para manter o segredo enquanto distraem o público. Ele é levado então a conversar com, o que alguém apresentou como, a voz de Woodstock. Ele encontra Chip Monck, que após informar a platéia que houve um atraso no vôo dos Rolling Stones à Boston, passa a distrair o público lendo Fernão Capelo Gaivota para as massas.
Monck ao ver a autoridade pede um momento a todos e vai até a lateral onde o prefeito se encontra. White vê nesse cabeludo a sua frente um homem que aparentemente não sente temor, e é extremamente cativante. White explica que precisa do aparato policial para patrulhar as ruas, uma vez que ainda há muita tensão depois dos eventos dos últimos dias. Mas ao mesmo tempo, ele precisa assegurar que a arena não corre o perigo de entrar em ebulição. Monck assegura que a melhor solução é a verdade e que Woodstock provou que a geração pode se auto policiar sem problemas. Monck então convence o prefeito a subir no palco com ele e comunicar pessoalmente a notícia da prisão da banda.
Monck faz a introdução do honorável prefeito de Boston, Kevin White, que é imediatamente recebido com uma onda de ‘vá se fuder’(Fuck you!) e ‘vai tomar no cú’ (Up yours!). Depois da breve balburdia, White informa que os Rolling Stones foram presos em Rhode Island mas que ele conseguiu com o governador de Rhode Island liberá-los, “portanto podem ficar tranqüilos que a banda já está a caminho com escolta policial.” O público agora em delírio passa a gritar o seu nome, como ele provavelmente nunca ouviu antes. O prefeito então pede a cooperação de todos, pois a cidade ainda sofre com os distúrbios dos últimos dias e portanto ele precisa levar com ele parte do aparato policial. Tranqüiliza afirmando que todos os trens e ônibus irão continuar em funcionamento até duas horas depois do fim do concerto, não importando a hora. Então ele fecha seu pequeno pronunciamento pedindo que todos vão para casa assim que o show terminar. E com o público aplaudindo e gritando o seu nome, o prefeito se retira do Garden, levando com ele quase dois terços dos policiais que lá se encontravam.
Entrando nos limites da cidade de Boston, uma escolta da polícia municipal os leva até o Garden. Pelo caminho, podem ver pela janela, o brilho no horizonte vindo da direção dos guetos puerto-riquenhos, novamente em chamas. O tumulto lá voltou a arder. Mick e Keith estão pasmos com a imagem. Chegam e entram correndo para os vestiários, um zum-zum-zum imediatamente chegando até a platéia onde osboatos cessam com o anúncio de Chip Monck, “Senhoras e senhores, Mick e Keith acabam de chegar.” O povo urra em satisfação, o sono e tédio da espera espantado.
Quando os Rolling Stones finalmente sobem no palco, já passa da meia noite e as pessoas ali presentes esperaram por mais de cinco horas dentro do prédio, fora o tempo que levaram para entrar. A banda então ataca com Brown Sugar, com uma fome de palco e um prazer por poder se apresentar que liberou toda a tensão presa em todos os presentes. Público e banda se tornaram um, em um orgasmo raro de quase cinco minutos. Nos bastidores, pelos corredores, todos estão dançando, todos estão movidos pela música que finalmente explode a todo volume, muitos cantando junto no refrão. Brown sugar! How come you taste so good? Lá pelo o meio do show o cansaço e estafa do longo dia que passaram finalmente se abate sobre a banda. Ainda assim não deixam o palco sem executar pelo menos um bis.
Agradecendo o Prefeito
Como soldados retornando da batalha os músicos seguem para o hotel pensando apenas em irem dormir. Mas outros assuntos tomam precedência. Durante boa parte do show, Gary Stromberg está no telefone negociando para que a imprensa divulgue a versão dele sobre o incidente e de mais ninguém. Com a ficha policial de Mick e Keith, existe uma séria preocupação de manter os dois em condições de poderem solicitar futuros vistos sem problemas. Assim, antes de serem liberados para irem dormir aquela noite, houve uma reunião com todos os músicos e pessoas de comando dentro da equipe STP para serem instruídos no que devem e no que não devem mencionar caso sejam entrevistados sobre o assunto.
No dia seguinte, Keith Richards ainda conseguiu ir assistir uma apresentação de Bobby Womack tocando em outra parte da cidade. Após o seu set, Keith foi correndo para o segundo show dos Stones no Boston Garden. Chegando lá, os Rolling Stones recebem o Prefeito White nos bastidores, dando a ele de presente um pôster autografado por toda a banda. Estão todos, especialmente Mick e Keith, agradecidos pelo envolvimento do prefeito na liberação dos dois.
No jornal durante o dia, o Prefeito de Warwick anunciava que o incidente com a banda Rolling Stonestratava-se de uma questão legal e não espelhava necessariamente o gosto da comunidade de Warwick pela banda como músicos. Curiosamente, durante boa parte daquela noite uma tempestade de verão tomou conta do Estado de Rhode Island deixando o estado totalmente às escuras. Segundo consta, a eletricidade no estado somente foi restabelecida duas horas depois, mais ou menos a hora que os Rolling Stonesdeixaram o palco em Boston.
Philadelphia
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Em Philadelphia, foram novamente três shows em dois dias, quinta e sexta. Apresentações ótimas, a banda está gravando tudo visando a possibilidade para um álbum ao vivo. Várias gravações piratas irão surgir no mercado destas três apresentações. Em uma delas ouvimos Mick Jagger fazendo menção a intenção de lançar um álbum com o show da noite. O público aplaude efusivamente. O público aliás estava bem calma e nenhum incidente ocorreu dentro ou fora do local do show. Entre o que se pode chamar de celebridades assistindo ao show estavam Kris Kristofferson, Dave Mason e Mary Travers do trio Peter, Paul & Mary.
De palhaçada, Stromberg e Monck colocaram um pedaço relativamente grande de fígado de boi dentro da tal bacia de flores que Jagger lança no final do set. Quando a hora chega, Jagger percebe uma diferença no peso sem se atentar do que possa ser a razão. Quando lança as flores no ar, ele vê um objeto estranho e escuro voar pelo ar e cair sobre alguém. Não demorou muito para o objeto ser lançado de volta para o palco, o fígado sangrando asquerosamente enquanto a banda ainda está se retirando. Jagger perplexo de inicio não demora para descobrir os culpados. Como bis, fecham a noite com Stevie Wonder e sua banda participando do final, tocando “Uptight” e “Satisfaction.”
Cinema Verdade
No dia seguinte durante o segundo show, Robert Frank quer filmar uma certa cena e manda alguém procurar uma menina bonita para interpretar seu papel em cinéma vérité. Encontram uma menina de 19 anos, originariamente de Michigan chamada Renee. Groupie aprendiz, Renee passou a noite anterior dormindo com dois roadies após conseguir carona na limousine pelo preço de alguns boquetes durante a viagem. Tudo é novidade para ela, no que se refere a este ambiente cheio de estranhos, todos ligados ao show biz.
Agora, ela está sendo levada para um caminhão. Lá há um estúdio móvel, com uma equipe trabalhando, prestando atenção no show que está desenrolando. Renee é então instruída a chupar o pau do engenheiro de som enquanto ele está gravando o show para a Rádio Luxeburgo. A equipe de filmagens registraria a cena. Então temos para o filme, a cena onde Renee, chupa o pau do grande profissional, enquanto este se esforça a manter pelo menos parte de sua mente no show. Enquanto isto, ouvimos Jagger e os Rolling Stones no palco executado Midnight Rambler com costumeira fúria. Renee olha e sorri para a câmera entre linguadas. Cinéma vérité encontra Rock ‘n’ Roll. (A cena acabou não sendo aproveitado no filme.)
A História do Avião
Renee dormiu novamente no hotel, primeiro com Marshall Chess, mais tarde com o Dr. Larry e na manhã seguinte com Leroy, o segurança. Encontrada no corredor, Robert Frank a convida para outra cena que ele imaginou, desta vez envolvendo o tópico orgia. Ficou combinado que ela seguiria com mais duas outras groupies no avião onde seria filmada a cena que pretende recriar algo parecido com as histórias contadas das excursões do Led Zeppelin.
Bill Wyman estava com Stephen, seu filho, que chegara a poucas horas de Londres. Sendo informado da programação na hora, pensa rápido e leva o menino para a frente do aeroplano. Com a ajuda de Astrid, passam a distrair o menino olhando pela janela e criando imagens com os formatos variados das nuvens. Tanto pai quanto filho estão se divertido muito enquanto no fundo do aparelho, outro tipo de imagens são criadas.
Frank filma no fundo do aparelho, onde Mary, que conversava com o bom doutor, solicita que ele escute seu coração. Ela então retira sua sweater, estando então nua da cintura para cima. Ela é então repentinamente retirada do banco por Willie e levada para a área perto dos banheiros onde não há poltronas para atrapalhar. Margo e Renee em seguida aparecem. As duas meninas passam a ser então despidas por dois roadies. Com isto, chegam Bobby Keys, Mick Jagger, Keith Richards e Mick Taylor. Rindo e totalmente no espírito da encenação, começam uma pequena batucada de inglês, tocando pandeiro e tamborim como trilha sonora para a suruba.
Bobby Keys se mete no meio, pega Mary, a vira de cabeça para baixo e começa a chupar sua xoxota, bem diante das câmeras. Ele passa então a derramar suco de laranja sobre o pessoal que está ainda no estágio inicial da suruba no chão. O fuque-fuque mal começa e a batucada de Keith e Mick está assustando a Renee. Ela está com medo da possibilidade daquela música ser alguma espécie de evocação de voodoo. Renee grita e esperneia para que a larguem, apanha parte de suas roupas, deixa o resto para trás. Ela segue então correndo para o centro do aeroplano onde a monotonia do som dos motores prevalece. Enquanto isso os dois rapazes estão comendo Margo e Mary. No fim, uma das câmeras focaliza a mancha de porra espalhada nas costas de Mary enquanto ela tenta vestir novamente sua camisa.
Frank volta para conversar com Renee e a convida então para uma filmagem exclusiva, trepando com apenas um roadie. Triste por ter decepcionado a pessoa que havia dado a ela a oportunidade de viajar com os Rolling Stones, ela topa. Com as câmeras rodando, Renee e o roadie começam a se despir. Renee então passa a chupar o pau do sujeito em seu estilo tão peculiar que já criara um pequeno fã clube. Mas quando ela tenta passar para o segundo estágio e copular com o rapaz, ele brocha. Ela então reinicia a fase um, embora já estando um pouco nervosa e ansiosa. Bobby Keys senta na poltrona ao lado do casal para estudar sua técnica de perto. Ela pede para beber um gole de seu whiskey mas ele recusa, “Não com essa boca melada de pau.” Renee já está estressada e fica puta da vida com a gracinha. Ela manda Keys a merda mas o dialogo é interrompido pelo aviso do alto-falante que o avião já vai aterrisar. Frank da ordem para continuar a filmagem, portanto Renee e o roadie recomeçam. Infelizmente a tensão em parte pela platéia afeta o rapaz que não coopera mantendo seu mastro estendido.
Stickers de identificação com os dizeres STP são entregues a todos, um sendo colado na bunda de Renee enquanto ela continua malhando o ferro em nome da arte. O avião já pousou e todos já deixaram o aparelho. Passaram pelo saguão e aguardam no ônibus lá fora, enquanto a cena não é concluída lá dentro do aeroplano. Quase uma hora depois chega Renee, cansada porém com sua missão cumprida, encontrando um lugar no fundo do ônibus junto à janela.
Em Pittsburg, Monck e Stromberg preparam outra gaiatice. Desta vez colocam uma cabeça de porco, topando em muito a audácia do pé de galinha inicial. Mas antes de receber a bacia de flores, Jagger já havia instruído Leroy para verificar a bacia e livrar-se de qualquer objeto indesejado que ele possa encontrar. Quando Leroy lhe mostrou a cabeça de porco, Mick pego-a e jogou na direção de Chip, que consegue se esquivar a tempo. Monck e Stromberg riram um bocado pelo fato de Mick ter tomado uma medida de proteção.
Nova York
Em Nova York, novamente há uma grande preocupação em relação a segurança. Estas serão as últimas oportunidades que os Hells Angels terão de causar problema se esta for a intenção deles, como tanto ameaçaram. Como precaução, os cinco integrantes foram colocados em hotéis diferentes e registrados com nomes falsos. No Pierre Hotel estavam Mick Jagger e Mick Taylor, registrados respectivamente como Mr. Shelly e Mr. Ramanoff. Bill e Charlie hospedaram-se no St. Regis Hotel, Wyman como Lord Gedding. Keith e Bobby Keys ficaram no Carliste Hotel, Keith usando o pitoresco nome de Count Ziggenpuss.
Mick e Bianca não ficam muito tempo em Manhattan, aceitando um convite da Princessa Lee Radziwill de passar o dia na casa de campo em Southampton, Long Island. Quando retornam, é a loucura de sempre. Como é o fim da estrada, há muita promoção por parte da mídia. Gente de toda espécie aparece nos bastidores, o que é rotina se tratando de Nova York.
Terry Southern e Truman Capote reaparecem, assim como Andy Warhol e Dick Cavett também aparecem nos bastidores antes e depois do show. A festa realizada após a primeira noite é freqüentada mais por convidados do que por Rolling Stones. Mick e Bianca aparecem com três horas de atraso e são tão cercados por pessoas da imprensa e fotógrafos que sem parar em um ponto, circundam a sala e voltam em direção aos elevadores, deixando a festa em seguida. Keith conversa com algumas pessoas em uma mesa, sua voz um leve murmúrio sem conseguir efetivamente falar nada que alguém consiga entender.
Para o próximo show no dia seguinte, 25 de julho, Dick Cavett que tem um relativamente famoso programa de entrevistas está lá a trabalho. Pretendem gravar entrevistas com todos os Rolling Stones dando a oportunidade para o público médio conhecer um pouco o ambiente de bastidores de um concerto de rock. Uma das primeiras entrevistas concedidas é com Bill Wyman que conversa amigavelmente enquanto fuma um baseado. Outro que acaba entrevistado é Mick Jagger, que enquanto conversa com Dick faz sinais e gestos para uma dezena de pessoas sobre centenas de assuntos diferentes, todos ligados ao show que irá começar dentro de poucas horas.
Madison Square Garden
Na ultima noite, dia 26, é o fim da excursão e também aniversário de Mick Jagger. Chip Monck discutia desde o dia anterior sobre suas idéias de como comemorar a ocasião. A primeira idéia era trazer um elefante para o palco munido de uma rosa na ponta da tromba. O animal daria a rosa para Jagger e depois gentilmente daria um tapinha com a tromba na bunda do cantor antes de se retirar. A gerencia do Madison Square Garden barrou a idéia aludindo para a probabilidade de a multidão de adolescentes gritando ser o suficiente para colocar o paquiderme em um frenesi perigoso.
Monck então aludiu para a idéia de jogar balões e confete na multidão, jogadas do teto da casa. Os balões foram também proibidos, mas a idéia do confete foi aceita a principio. Monck depois mudou de idéia achando confete pouco. Ele resolveu então jogar cinco mil galinhas vivas do teto sobre a multidão e tratou de passar o dia procurando onde comprá-las. Quando a gerência do Garden soube da historia das galinhas lacrou todo o acesso ao teto e as instalações que por lá passam. Chip então comprou um caminhão cheio de tortas de creme e preparou uma guerra de tortas. A gerência confiscou as tortas e Chip Monck foi quase proibido de permanecer nos bastidores durante o último show.
Mas a brincadeira de Monck não fora ainda totalmente estragada. Ele havia escondido mais tortas junto às caixas de som e aguardava apenas o fim do show para o parabéns-pra-você. Este é executado logo após o bis, enquanto um carrinho com o bolo é levado até o palco. Bianca aparece presenteando o marido com um panda de pelúcia e um beijo. Ao lado, Chip Monck aguarda apenas o fim do beijo para acertá-lo com uma torta. Com o carrinho cheio de tortas, Mick pega uma e joga na direção de Charlie que está sentado na bateria em sua costumeira pasmeira. Não demora muito para todos estarem cobertos de creme, no palco como também seguindo com a banda para os bastidores.
Festa no St. Regis Hotel
Como costuma dizer o clichê, todo mundo que era alguém estava lá. A festa de aniversário de Mick Jagger, patrocinada pelo pessoal da Atlantic Records é realizado no terraço de um dos mais prestigiados hotéis da cidade. Mick Jagger se hospedara no quarto onde o Presidente Richard Nixon costuma ficar quando está na cidade, com o quarto ao lado alugado só para guardar os presentes.
A lista de convidados é imensa e contem artistas e socialites em diversos níveis de importância. Entre os nomes estavam os de Carly Simon, Bob Dylan, Betty Midler, Dick Cavett, Andy Warhol, Candy Darling, Truman Capote, Princesa Lee Radziwill, Sylvia Miles, Bill Graham, Ahmet Ertegun, Sr. & Sra. Walther Moreira Sales, Grazielle Lobo, Oscar & Françoise de la Renta, Conde Vega del Ren, Nitia Guerini Maldini, Giani Bulgari, Andrea de Portago, Ceezee & Winton Guest, Lord Hesketh, Isabel & Freddie Eberstadt, Woody Allen, Dianne Keaton, Tennessee Williams, George Plimpton, Huntington Hartford, Robert Rotchschild, Lorna Loft e Zsa Zsa Gabor.
A música ao vivo é fornecido por Count Basie e sua orquestra, com direito a uma apresentação de Muddy Waters e sua banda. Charlie Watts quase chora assistindo Count Basie e lá pelas tantas, outro bolo é trazido, este gigantesco. E do bolo, sai uma mulher negra semi nua dançando e rebolando retornando no final para dentro do bolo falso. Bill Wyman, ainda com seu filho Stephen de 10 anos, conversa com o garoto e faz tudo parecer uma grande brincadeira. Papai Bill aponta para Candy Darling e pergunta, “Está vendo aquela linda moça filho? Ela na verdade é um homem.” O menino perplexo acha que o pai está de sacanagem. Mais tarde Candy Darling, travesti celebrada na música “Walk On The Wild Side” de Lou Reed, vem puxar conversa na mesa dos dois. Bastou ouvi-lo falar que Stephen imediatamente percebeu que o pai não estava brincando.
Concluindo em Los Angeles
Os Rolling Stones, Jo Bergman e Peter Rudge, além daqueles que moram em Los Angeles mesmo, retornam a costa oeste para a última grande reunião. Ao final, conclui-se que as contas mostram um lucro para osRolling Stones de $1.5 milhões de dólares, praticamente $400 mil dólares para cada membro da banda. Um bom pontapé inicial para restabelecer as condições financeiras da banda e de sua empresa. Uma boa parte deste dinheiro será utilizado para colocar a situação fiscal de todos novamente em ordem com o Império Britânico. Jagger também aproveita para conversar a respeito de uma excursão dos Rolling Stones para o oriente para o ano que vem. Peter Rudge recebe o sinal verde para verificar locais e fazer os primeiros contatos.
Não só pelo lado financeiro, mas por todos os aspectos, a excursão Americana de 1972 foi excepcionalmente boa para os Rolling Stones. E diferente da excursão anterior de 1969, outro marco na carreira da banda, esta, diferente daquela, será tratada com um maior profissionalismo. De fato, esta excursão dos Rolling Stones, com todo o seu planejamento e detalhes, será usado como molde para excursões a seguir de outras bandas, igualmente capazes de levantar o interesse de tamanha quantidade de pessoas.
Por anos, a imagem mais lembrada dos Rolling Stones será essencialmente esta de ‘72. Toda a historia pregressa da banda passa a apenas ajudar a cimentar esta imagem. Não necessariamente a banda com Mick Taylor, ou todos de feições ainda jovens, mas a imagem do Mick Jagger como dono da banda. Ele é o espetáculo, com suas roupas cintilantes e um pique de palco impressionante, além de dono de uma voz incansável que dura por todo o show. E a sua direita, o parceiro Keith Richards - o bandido do rock, o perigoso, que passa a ser apelidado agora de o Riff Humano. Enfim, reafirmam em absoluto o status de ser “A Maior Banda de Rock ‘n’ Roll do Mundo.”
Uma segunda e última festa comemorando o aniversário de Mick Jagger foi realizada, onde Little Richard foi contratado para fazer uma apresentação. Depois, a despedida final do resto que sobrou da já extinta equipe STP. Chris O’Dell em estafa deixaria seu cargo na Rolling Stones Records, permanecendo alguns meses de férias, segundo ela, reaprendendo a comer e dormir em horários ditos normais. Jo Bergman também depois de anos a serviço do rock ‘n’ roll, primeiro trabalhando para Brian Epstein e a NEMS, para depois ir trabalhar para Mick Jagger e os Rolling Stones, resolve que chega e que está cansada da vida. Rudge, assim como Monck voltariam a trabalhar com os Stones nas próximas excursões. Para estes, não existe outro tipo de vida.

End Ever - Astafix


Formada entre meados de 2008 e 2009 (confesso que não sei ao certo), a banda de thrash metal Astafix logo chamou a atenção dos metaleiros, especialmente por trazer em seu 'line up' o vocalista/guitarrista Wally, conhecido por ter sido guitarrista da banda de 'proto-emocore tupiniquim' (discorde à vontade do rótulo, se assim preferir) CPM 22.



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Em 2009, a banda lançou "End Ever", seu primeiro registro de estúdio. O som puxa a vertente mais cadenciada e recheada de grooves do thrash metal, sem se contentar em ser apenas uma cópia de bandas como Pantera ou mesmo do inevitável Sepultura. Já os temas das músicas parecem sugar mais da fonte do metal industrial, o que também é bastante curioso.
Sim, temos faixas bastante voltadas ao thrash/groove metal 'old school', um gênero que, ironicamente, domina a primeira parte dodisco. São elas: "Red Streets", "Cipher", "False Eyes", "Dead Forever", "Drown Your World" e "End Ever". Simplesmente uma porrada atrás da outra, com aquelas tradicionais variações rítmicas do gênero.
Algo de alternativo permeia em faixas como a melodiosa "The 13th Knot", e em três exemplares macabros de doom metal: "Black Blood Blight", "Seven" e "Desert Eyes". Já a ótima "The Havoc Clutch" traz uma inusitada - e aparentemente espontânea - influência de stoner metal. Como ponto negativo, temos apenas "Desordem e Retrocesso", um hardcore sem graça e mal produzido que destoa do álbum em todos os sentidos imagináveis...
Apesar das pouquíssimas imperfeições citadas, Wally conseguiu mostrar, através do seu Astafix, o seu considerável domínio sobre o thrash metal, o que faz de "End Ever" um trabalho honesto, sincero e definitivamente acima da média. Aguardemos agora por novos trabalhos deste promissor quarteto.
Músicas:
1. Red Streets
2. Cipher
3. False Eyes
4. Dead Forever
5. Drown Your World
6. The 13th Knot
7. End Ever
8. Seven
9. The Havoc Clutch
10. Black Blood Blight
11. Desordem e Retrocesso
12. Desert Eyes

Crumb's Crunchy Delights Organization - Flesh Grinder

Por Christiano K.O.D.A


A Black Hole Productions sempre presenteia fãs de putrefações musicais com álbuns fantásticos. Como mais um (bom) exemplo, temos aqui os grandiosos pioneiros do Flesh Grinder, talvez a mais importante banda splatter/gore brasileira.


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Também, com quase 20 anos fazendo esse gênero imperfeitamente magnífico que é o citado splatter, os caras tinham mesmo é que estar no topo! E mais uma vez não deixam a peteca (leia-se pedaço de cérebro) cair em “Crumb’s Crunchy Delights Organization”.
Tudo o que se espera do conjunto está lá: vocais com efeitos e por vezes guturais e rasgados, excelente bateria que se alterna entre ultraveloz e algo mais cadenciado, as guitarras com seus timbres inconfundíveis, além das introduções típicas de filmes B. Nesse caso, todas retiradas do filme trash “Bad Taste”, de Peter Jackson (trilogia “Senhor dos Anéis”).
Aliás, o álbum foi inteiramente baseado na obra audiovisual – encarte e letras - que abrem o apetite de qualquer ser anormal.
O som é bem sujão, como deve ser. Incrível como conseguem ter uma sonoridade própria, que os distingue de outras bandas do estilo. E a produção não é fraca não: ficou a cargo do já lendário Ciero (Da Tribo Studio), que onde coloca a mão, transforma em podridão (ainda bem!).
O álbum abre com a pedrada “”They like to Play with Their Food”, mostrando que a Flesh Grinder não está para brincadeira (mas sim para muito humor negro). Outro destaque, a curta “Special Pus Sauce” tem uma levada bem legalzinha que remete um pouco ao Agathocles, bem divertida e empolgante.
O encarte é caprichado, com ilustrações que fazem referências diretas ao filme de Jackson. Chama a atenção o desenho que fica na parte do fundo da caixinha do CD – um cara “cutucando” a massa cefálica de uma cabeça completamente aberta, aliás, metade da cabeça – que na verdade é um frame da película de “Bad Taste”, com um devido tratamento de imagem para se adequar ao resto da estética do encarte.
Meus amigos, isso é Flesh Grinder. Comprem sem nenhum receio e bom apetite!
Flesh Grinder – Crumb’s Crunchy Delights Organization
Black Hole Productions – 2008 - Brasil

Track-list
01 They Like to Play with Their Food
02 Watch Out... Here Comes Derek
03 Gruesome Party
04 Special Pus Sauce
05 I'm with the Guts
06 Kicking a Decapitated Torso in the Balls
07 Brains are Spoon Food
08 Homo Sapiens Low-calories Delicacies
09 Sapiens Burger
10 Vomitous Delicious
11 Suck my Spinning Steel
12 We, the Food
13 Kaihoro
14 Traditional CCD Fetus in Jelly Jar
15 Trash Nausea Total
16 Stick all the Pieces in a Plastic Bag

Fonte desta matéria: Som Extremo

Documents Of Doom - Candlemass




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A volta do Candlemass tem sim o lado comercial, é óbvio. Os caras vão vender tudo o que for possível agora. De camisetas a meias usadas por Mats Bjorkman nas primeiras aparições da banda, antes de assinarem contrato com gravadora, tocando em concursos suecos para promover novos conjuntos (que exagero! Também não é assim). Não há problema nisso, desde que você encontre um material de alta qualidade como “Documents Of Doom”.
O DVD duplo traz num disco, “Live At Fryhuset”, famoso espetáculo dos reis do doom realizado e gravado no ano de 1990 em Estocolmo. No outro, temos “Documentary Of Doom”, o qual, além de já mostrar material proveniente da reunião de 2002, ainda contém cenas e trechos de coisas históricas e fantásticas comentadas pelos próprios membros do grupo, como por exemplo, recordações da primeira apresentação de 1987, e do Dynamo Open Air de 1988.
É raridade pra fã nenhum pôr defeito. Porém, o máximo aqui vem mesmo do ao vivo. Aliás, este show é o mesmo que acarretou no “Candlemass Live” de 1990. E essa banda no palco não é mole. A energia que passam é algo de incrível. Quem estava lá com certeza curtiu cada momento dosclássicos. Contudo, aqueles que vão ter que se contentar só pela telinha não precisam se chatear, visto que as cacetadas de “Bewitched”, “Mirror Mirror”, “A Sorcerer’s Pledge”, entre outros, contagiam independentemente da via como são apresentadas. Com a formação original então, nem se fala.
A gravação é simples e direta. E deve ser assim mesmo. DVD ao vivo é pra checar performance, não pra assistir a vídeo clips ultra produzidos.
Os riffs marcados (e marcantes), de condução exata e característica; a oportunidade de acompanhar o legendário Messiah Marcolin com suas caricatas expressões e movimentos, e seu cantar único; e ‘otras cositas más’, deixam a TV ligada por um bom tempo e as repetições ocorrendo instantaneamente.
Eles seguem vibrantes e retornam VIVOS - diferentes de tantas outras bandas - e com interesses econômicos claros também, porque não? Podem parar novamente amanhã, mas já deixaram o bom que é o respeito pelos fãs explicitados em ambos os discos, e a sinceridade que evitou os tradicionais qüiproquós em reuniões de grandes expoentes como o Candlemass.
Site Oficial – http://www.candlemass.net

Face Of A Demon - Autumn Lords



Face Of A Demon (Autumn Lords)
Site Oficial - http://user.tninet.se/~kep657e/mains.htm
Peter Stenlund (Vocais & Backing Vocals) --- Stefan Berg (Violões e Guitarras)
Frederik Burström (Baixo) --- Johnny Olsson (Bateria & Percussão) --- Jan Ferm (Flauta na música "Sleep")
Daniel Wiklund (Violino na música "Sleep")

Os suecos do Autumn Lords mostram grande talento neste primeiro CD Demo.
São apenas três músicas. A primeira é "Face Of A Demon" e já deixa as influências da banda bem nítidas. É uma música que segue, de forma muito clara, a linha de Stratovarius/Malmsteen. O vocalista, Peter Stenlund, já começa muito bem, sendo, ao lado de Stefan Berg, o grande destaque da faixa título.
A segunda música é uma balada maravilhosa, chamada "Sleep", que conta com as boas participações de Jan Ferm na flauta e Daniel Wiklund no violino. Os arranjos dessa música são excelentes. É um espetáculo quando Stefan Berg começa uma melodia no violão, 'acompanhado' pelos dois músicos adicionais. "Sleep" tem todos os elementos das grandes baladas de Yngwie Malmsteen e, é, sem dúvida alguma, a melhor música desse CD Demo.
A terceira e última faixa se chama "Dream On". Talez, essa, seja a mais fraca desse primeiro trabalho do Autumn Lords. Todos os músicos têm boa atuação, mas não é uma música que surpreende. Não mantém o nível das duas primeiras.
Stefan Berg tem uma ótima participação, com riffs e solos bem 'pegajosos', daqueles que 'grudam' na mente. Tem uma boa técnica e sempre dá belos vibratos.
Muito recomendado para fãs de StratovariusYngwie Malmsteen, entre outras bandas e artistas do gênero.

Mr. Breeze (Eclipse Studio Bar, Porto Alegre, 23/04/11)


Em meio a um feriado prolongado de páscoa, muitas festas e eventos culturais agitaram a capital gaúcha de quarta até domingo. Porém, apenas um show marcado para a noite de sábado conquistou os olhares de um público bastante devoto. A banda MR. BREEZE, que mais uma vez se apresentou no modesto (e interessantíssimo) Eclipse Studio Bar, encheu a casa para prestar mais um qualificado tributo ao LYNYRD SKYNYRD. No repertório, os velhos clássicos do grupo e uma novidade retirada do recente “God & Guns” (2009).


Com quase dez anos de carreira, a MR. BREEZE pode ser apontada como uma das pouquíssimas (ou provavalmente a única) banda brasileira a homenagear os norte-americanos do LYNYRD SKYNYRD. O reconhecimento conquistado, sobretudo no underground gaúcho, é uma consequência direta do modo com que o grupo se comporta em cima do palco. A intenção de reproduzir cada detalhe técnico e tático do ícone do southern rock é nítido no line-up composto por Homero Oliveira (vocal), Pedro Leão, Robson Rodrigues e Gabriel Dau (guitarras), Guilherme Borsa (baixo), Guilherme Mittmann (teclado) e JP (bateria), que ainda conta com o apoio das vozes de apoio de Monique Indiara, Julia Lucas e Flávia Moreira. O esforço para executar com a mesma riqueza o som do LYNYRD SKYNYRD  ao vivo precisa ser reconhecido, ainda mais quando o grupo ocupa palcos de dimensões reduzidíssimas, como o do Eclipse Studio Bar.
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Embora cercada por dificuldades grandes e pequenas, a banda não cometeu nenhum deslize, mesmo que o aperto do palco possa ser apontado como o maior vilão da noite. Por volta da 1h o grupo entrou em cena com a dobradinha “Call Me the Breeze” e “Wishkey Rock-a-Roller”, que contagiou o público que se concentrava na frente dos músicos, ou até mesmo na parte mais ao fundo do Eclipse, perto do bar. Com a casa relativamente cheia – os mais fanáticos pelo LYNYRD SKYNYRD eram facilmente reconhecíveis em meio às pessoas – os fãs ainda viram e ouviram “Gimme Back My Bullets” antes do primeiro destaque da noite. O clássico “Simple Man” comprovou que os ensaios da MR. BREEZE contribuíram para a performance impecável da faixa, ainda mais pela participação interessantíssima das três backing vocals da banda. Com o mesmo pique, “That Smell” veio na sequência, assim como a ótima “Saturday Night Special”, que chegou a ganhar um pouco mais de peso na versão assinada pelos gaúchos.
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Por mais que a banda mostre muita vontade, a qualidade de som do Eclipse, infelizmente, oscilou bastante durante a noite de sábado. As falhas podem ser consequência do aperto do palco – ou até mesmo o resultado da ausência de microfones –, mas certos instrumentos (especialmente a bateria) soaram abafados em diversos momentos, assim como um ou outro solo de guitarra que insistia em sumir dos PA’s. De qualquer modo, o grupo mostrou profissionalismo e passou por cima dos inconvenientes. O repertório da MR. BREEZE privilegiou os anos de Ronnie Van Zant com a banda norte-americana e contou ainda com “On the Hunt” e a cadenciada “Tueday’s Gone”. Na sequência, o bom humor do vocalista Homero antecedeu um dos maiores clássicos do southern rock. O cantor pediu o apoio da plateia para a suposta música própria do conjunto. Era “Sweet Home Alabama”.
Embora não desponte como uma clara intenção da banda, novamente uma versão assinada pelos gaúchos surgiu mais pesada do que a sua gravação original. O grupo manteve o alto astral da noite com “I Know a Little”, que surpreendeu com o seu solo de piano. A banda, que cogitava abandonar o palco para uma pequena pausa, preferiu dar continuidade ao show sem nenhum intervalo. Por mais que não possam ser consideradas músicas de sucesso e de valor duradouro na carreira do LYNYRD SKYNYRD, “I Ain’t the One” e “Comin’ Home” comprovaram o domínio pleno da MR. BREEZE sobre a obra (sobretudo a mais antiga) doLYNYRD SKYNYRD. Depois da interessante “Don’t Ask Me No Questions”, o conjunto dedicou “Travelin’ Man” para os (poucos) motociclistas que costumam frequentar a casa. Certamente outro destaque do repertório.
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O público, que já aparentava sinais de cansaço, assistiu uma versão extremamente eficiente de “Gimme Three Steps” já na reta final do espetáculo. Os pedidos mais intensos da plateia – que queriam o encerramento com a épica “Free Bird” – não sensibilizaram a MR. BREEZE. O grupo deixou uma novidade para o final do seu repertório. Do álbum “God & Guns” (2009), o conjunto executou “Still Unbroken”, espantosamente conhecida (e reconhecida) pela plateia, que cantou uma boa parte dos versos com Homero Oliveira. De certo modo, a boa receptividade da faixa pode ser encarada pela MR. BREEZE como uma sugestão. A fase pós-acidente do LYNYRD SKYNYRD, sobretudo aquilo que contorna o disco “Vicious Cycle” (2003), guarda faixas valiosas e que podem – por que não – aparecer nos próximos shows da banda. “That’s How I Like It” é apenas um exemplo muito forte do que pode ser cogitado daqui para frente.
Como não poderia ser diferente, para o final do show ficou a previsível (e não por isso desqualificada) “Free Bird”. A música, que pode ser apontada como a mais imponente do repertório do LYNYRD SKYNYRD, é claramente (e igualmente) o maior destaque do show da MR. BREEZE. Por mais que os músicos tenham sofrido um pouco com o som da casa, principalmente os guitarristas Pedro Leão (que fez um inusitado slide com uma garrafa de cerveja – para o delírio dos mais animados) e Gabriel Dau que assumiram os solos dessa última faixa, nada tira o brilho da composição na sua performance ao vivo. Em cerca de 1h45 de show, os gaúchos encerraram o show ao gosto do público, que deixou o Eclipse Studio Bar contente com mais uma homenagem prestada à altura do que representa o LYNYRD SKYNYRD. Não há nenhuma pretensão em apontar a MR. BREEZE como um dos mais grupos tributo mais bacanas do sul do nosso país.
Set-list:
01. Call Me the Breeze
02. Whiskey Rock-A-Roller
03. Gimme Back My Bullets
04. Simple Man
05. That Smell
06. Saturday Night Special
07. On the Hunt
08. Tuesday’s Gone
09. Sweet Home Alabama
10. I Know a Little
11. I Ain’t the One
12. Comin’ Home
13. Don’t Ask Me No Questions
14. Travelin’ Man
15. Gimme Three Steps
16. Still Unbroken
17. Free Bird

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