24 de abril de 2011

Elvis O Início de uma Lenda








Três horas dramáticas sobre a vida do mito Elvis Presley, sua elétrica e tumultuada história - do humilde começo até a sua meteórica ascensão à fama. Uma viagem cronológica com detalhes pessoais que o tornaram uma estrela, seu reinado como o rei do rock and roll e a sua devastadora decadência devido às drogas e aos excessos da fama. O filme traz gravações reais de alguns dos maiores hits de Elvis Presley, em sua trilha sonora.


Ano:2005
Direção: James Steven Sadwith
Gênero: Drama
Duração: 172 Minutos


Parte 34 - Boca Aberta e Dedos Gosmentos


Anita aos poucos se retira de cena, sumindo quase que por completo dos olhos dos amigos e do mundo. Uma estudiosa de magia negra, ela fez uso de todos os seus poderes contra Bianca e nada conseguiu. Derrotada, Anita passou a fazer cada vez mais uso de heroína. Alguns associam a ordem destes eventos, cogitando que Anita passara a usar heroína para substituir sua frustração em relação a Bianca. Injetando-se rotineiramente, seu gosto por se vestir e aparecer socialmente cessou por completo.


O Anúncio
Ainda em janeiro, enquanto o chanceler britânico Dennis Healey, do Partido dos Trabalhadores, fala em aumentar ainda mais os impostos dos ricos, os Rolling Stonesanunciam a intenção de se mudar para França em função dos altos níveis de impostos, praticamente 90%, que eles são obrigados a pagar. Em tempo, outros súditos da Rainha também fariam as malas e deixariam o país, efetivamente obrigando a Inglaterra a rever sua política de super taxação.
Viver em Londres para os Stones estava cada vez mais difícil. A polícia estava constantemente à procura de uma oportunidade para prender Keith e Mick. Principalmente Richards, que notoriamente consumia entorpecentes pesados. Analisando o período, Keith comenta que no fundo o grande vilão desta história é a necessidade de controle do governo, que é apoiado pela coroa. "Mas quando prenderam Lennon, eles (o governo) ficaram mal com o povo. Deixaram a gente ver por debaixo das saias. Ops! Olha só, apenas mais uma xoxota." (Em inglês, 'just another pussy'. Quando se chama um homem, ou neste caso, uma instituição, de 'uma xoxota', está lhe chamando de fraco, medroso e covarde.)
Com a notícia da saída dos Stones do país, vem também a promessa deles fazerem uma rápida excursão inglesa como forma de dizer adeus ao seu querido público nacional. Foi desta maneira que os Rolling Stones, sem premeditar, adotam outra tendência no Rock, largamente absorvida pelo marketing estratégico. A de batizarem suas excursões com nomes que ajudam a marcar e vendê-los. Esta é a primeira de tais excursões, apropriadamente chamada de "The Farewell Tour", com início marcado para março. Nesses quase dois meses antes do evento, Jagger, Bergman e equipe organizam os detalhes da excursão, detalhes da mudança para França e detalhes para a montagem da equipe que cuidará da firma Rolling Stones Records e seu espólio.
Atividades Paralelas
Os Rolling Stones alugam seu caminhão com a unidade móvel de gravação para o Led Zeppelin que passa a ficar estacionado em Headley Grange, Hampshire, gravando o próximo disco da banda. Ian Stewart, que estava presente, aproveita e grava com a banda um tema baseado na canção "Ooh My Head" de Richie Valens, que agora passa a se chamar "Boogie With Stu". É também dele o piano em "Rock And Roll." Em Londres, dia 6 de janeiro, Rose Miller, namorada de Mick Taylor, dá luz a uma menina que ganha o nome de Chloe. Papai Mick T terá apenas dois meses em casa antes de excursionar com a banda e depois começar a procurar um novo lar em um novo país.
Em 9 de fevereiro Bill e Astrid viajam para Nice onde passam dois dias a convite de Jo Bergman. Neste tempo eles vistoriam uma propriedade encontrada por ela, aprovando e alugando o local em um contrato de um ano com direito a renovação. Retornando novamente para Gedding, Bill ocupa seu tempo trabalhando em material próprio. Dia 19, Charlie Watts passa o dia com Bill e grava com o colega a canção "Texas Girl." Outras canções trabalhadas nestas sessões são "The Walls Come Down" e "Going To The River."
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Com a chegada de março, no rastro das mais recentes informações sobre os Rolling Stones, foi ao ar pela Rádio BBC um programa especial chamado "A Story Of Our Time - Brian Jones, The Rolling Stones". Nele foi apresentada uma rápida biografia do músico e sua banda durante a década de sessenta. O programa também ofereceu a chance de ouvir interessantes entrevistas com parentes e amigos. Dentre estes estavam Michael Aldren, Lewis Jones, Alexis Korner, Cliff Richard, Les Perrin, e Mick Jagger.
The Farewell Tour
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No curto período de dez dias, entre dia 4 e 14 de março, os Rolling Stones correram pela Grã Bretanha se apresentando em Newcastle, Manchester, Coventry, Glasgow, Bristol, Brighton, Liverpool e Leeds, antes de fecharem em Londres. Em cada cidade que a banda visitava levantava-se tamanha confusão que um jornalista chegou a comparar a chegada dos Rolling Stones com a tomada da Normandia.
Com exceção de Leeds, houve sempre dois shows em cada cidade. Em Leeds, Glyn Johns com a assistência do sistema móvel, gravou a apresentação que foi editada e mais tarde indo ao ar, mesmo que incompleta, na rádio BBC. Para esquentar o público, a excursão incluiu shows de The Groundhogs que aproveitam para promoverem seu quarto álbum "Split." Em Glasgow tocou o quinteto progressivo Merlin, enquanto em Leeds e Londres, o quarteto semiprogressivo Noir, promovendo seu único álbum, "We Had To Let You Have It."
A banda é a mesma da excursão européia, ou seja, inclui Bobby Keys, Jim Price e Nicky Hopkins. O repertório é "Jumping Jack Flash", "Live With Me", "Dead Flowers", "Stray Cat Blues", "Love In Vain", "Prodigal Son", "Midnight Rambler", "Wild Horses", "Bitch", "Honky Tonk Women", "Satisfaction", "Little Queenie", "Brown Sugar", "Street Fighting Man", e "Let It Rock."
Por ser na Inglaterra, a banda viajou de trem para muitos dos shows. Para alguns, foi uma volta ao passado e uma oportunidade de lembrar dos tempos que ir de trem era a única opção e realidade diária de suas vidas. Bianca acompanhou Mick por toda a excursão. A troupe do Keith inclui além de Anita e Marlon, seu cachorro Boogie e mais o amigo Gram Parsons. Além da tendência habitual de Keith chegar atrasado, seu uso de heroína, e a falta de ligeireza de raciocínio e coordenação motora, faz com que ele sistematicamente perca o trem.
A ocasião que melhor exemplifica o estado de Keith conta que, estando de pé na plataforma diante do trem, o guitarrista não teve presença de espírito de reagir ao seu transe e entrar no vagão, acabando por assistir, sem dar muita atenção para o fato, à composição indo embora, novamente sem ele. Portanto não chega a ser uma surpresa o fato que os Rolling Stones começam suas apresentações religiosamente em atraso. Especula-se que o vício do casal exigia cerca de um terço de um grama de heroína injetado por dia cada um.
Briga com o Capitão
Em Glasgow, após perder o trem de volta para casa, Keith e família pegam um avião para Londres. Informado que ele não poderia levar o cachorro com ele a bordo, Keith tenta levá-lo escondido. Embora tenha conseguido entrar no aparelho, o piloto se recusou a levantar vôo com o cachorro entre os passageiros. O animal teria que seguir os regulamentos, viajando dentro de uma jaula no compartimento de carga. Apesar de estar totalmente sem razão, Keith discute o quanto pôde. Finalmente o comandante de bordo mandou chamar a polícia para escoltar Keith para fora do aeroplano.
Apesar de estar carregando flagrante, Keith encara os policiais e discute o seu suposto direito de viajar com o animal de estimação. Quando até ele mesmo estava cansado de se ouvir falar, entregou o bicho que viajou na carga conforme exige a lei. O aeroplano decola com mais de uma hora de atraso.
Roundhouse
Apesar do pique de excursão, Bianca e Anita praticamente não se vêem, ou sequer se falam. Não há conflito; primeiro porque tanto Keith quanto Anita estão a maior parte do tempo 'viajando.' Segundo, porque o casal Mick e Bianca está em um outro mundo, diferente dos demais. Mick havia cortado seu cabelo curto, e se vestia agora mais parecendo com um francês do que um inglês. Coroando o novo "visual", Mick e Bianca se comunicavam um com o outro apenas em francês, deixando todos os outros de fora do papo.
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A turnê do Reino Unido terminou com um memorável show em Londres, no Roundhouse Theatre. Amigos e parentes estavam presentes, Jagger comentando depois a curiosa sensação de rebolar a bunda no palco enquanto a sua mãe o assistia na platéia - "uma espécie de incesto," ele brinca. Vários artistas também vieram assisti-los, os Rolling Stones mostrando ser mesmo a maior atração de rock 'n' roll da era. Entre os presentes estão os integrantes da banda Family, dos Faces, Dave Mason, Jim Gordon, Eric Clapton, Jim Keltner, além de gente do meio como John Peel e Tom Donahue.
Valores
Computaram nesta excursão um público total de 34.400 pessoas, o que lhes rendeu um lucro calculado em £25.800. Notícias de Klein vem na forma de um documento da ABKCO declarando pagamento de royalties devidos. O documento informa os depósitos de $805.589 para Mick Jagger, $805.629 para Keith Richards, $251 para Brian Jones, $251 para Ian Stewart, $662 para Bill Wyman, dos quais $411 se referem a royalties da sua composição "In Another Land", e $251 para Charlie Watts.
A Lógica na Limpeza
Heroína marrom
Heroína marrom

Em preparação para a mudança iminente à França, Keith e Anita concordaram que o casal não teria os contatos necessários para manter seus vícios. Com heroína fazendo um papel primordial em suas vidas, a hipótese de passar algum tempo sem poder ter esta droga, em crise de abstinência no exílio, era uma idéia assustadora demais. Concluem que é melhor então limpar o organismo antes de sair da Inglaterra. Se vão ter que enfrentar as dores durante as crises de abstinência, então que seja na Inglaterra, onde todos falam a mesma língua.
Através do escritor William Burroughs, souberam de uma enfermeira que praticava um tratamento relativamente eficiente para acabar com a dependência de heroína e sem a agonia da abstinência. Burroughs, que havia nutrido um vício por vinte e cinco anos, se limpou graças a um médico chamado Dr. John Dent. O seu tratamento consistia em administrar apormorfina como um regulador para o metabolismo. O remédio age no sistema nervoso, diminuindo a produção de dopamina. Efeito colateral consiste em náusea e ânsia de vomito. Com o falecimento de Dr. Dent, sua assistente, a enfermeira Smith, passou a administrar o tratamento. Apesar de ser apenas uma enfermeira, esta senhora gostava de ser chamada de Dra. Smith, contudo pelas costas, Burroughs a chamava de Smitty, o apelido logo sendo adotado por Keith. Smitty era parruda e forte, apesar da idade que beirava os sessenta anos. E ela não era nem um pouco ingênua, muito pelo contrário.
O plano foi estudado e executado pelo casal do seguinte modo, Keith e Anita não poderiam parar juntos pois alguém precisaria ficar lúcido para vigiar e cuidar de Marlon. Então Keith foi o escolhido para primeiro entrar no programa. Após a excursão, ele se mudou sozinho para Redlands com Dra. Smith, onde ela passou a administrar e vigiar o tratamento. A estimativa de tempo era de dez dias para que o tratamento pudesse ser considerado concluído.
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Durante os primeiros dias, Keith Richards ficaria passando de mal a pior, se contorcendo em dores e quase delirando em febre. Com suas entranhas em reviravolta, ele sente como se os músculos de seu estômago estivessem se rasgando por dentro. Rolando no chão em agonia, assim que conseguiu respirar novamente, Keith estava pronto para atacar Smitty, tamanho seu desespero. Mais pesada e com a vantagem de estar com boa saúde, a doutora praticamente senta em cima de Keith, mantendo ele preso ao chão. Keith urra em dores e depois vomita sobre o tapete, o chão e nele mesmo. Somente quando a Dra. Smith concluía que o rapaz não agüentaria mais é que ela lhe dava a pílula mágica.
Esta pílula mágica que ela usa é um composto de Metadona Hidrocloreto, cuja composição química é C21H27NO HCI. Trata-se de um sedativo parecido com a morfina, que anestesia o paciente, como um analgésico, porém não gera vício. O remédio foi inventando especificamente para ser usado como uma droga alternativa para viciados em heroína e morfina, exatamente o caso de Keith Richards. Com a droga fazendo efeito, as dores da abstinência somem por algumas horas, mas inevitavelmente voltam. A proposta era dar a medicação em horários cada vez mais espaçados, desta maneira dando condições para o organismo se acalmar e passar a funcionar normalmente sem reagir negativamente na ausência da heroína na corrente sangüínea. Como metadona não vicia, parar de usá-la posteriormente não se torna um problema.
Em meio a seus delírios febris, Keith imagina que há uma seringa cheia de heroína escondida atrás da parede, bastando ele conseguir chegar até ela. Quando acorda, mais calmo, percebe que o papel de parede está rasgado e a parede está cheia de marcas de unha. No décimo dia, Keith voltou à Londres se sentindo curado. Sua aparência, segundo quem esteve com ele naquele dia, demonstrava um aspecto desgastado pelo sofrimento, ou em outras palavras, bem cara de doente. No entanto, o seu olhar foi descrito como sendo de um homem que acabara de sair da cadeia para a liberdade. No caminho de casa, Keith pede a seu chofer se ele não descola algumas gramas de cocaína para levantar a sua disposição. Logo seria a vez da Anita.
Recreação
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Já Mick e Bianca não tinham maiores preocupações com seus vícios. O casal gostava de cocaína e tanto Mick quanto Bianca faziam constante uso do pó. Criada até os dezoito anos em Nicarágua, Bianca veio a ensinar Mick e outros do grupo interno de amizades dos Stones que o melhor pó do mundo tem sua coloração puxando para o rosa. Esta cocaína, conhecida nos Estados Unidos pelo nome de Peruvian Pink, é produzida não só na América do Sul, como também na América Central e Ásia.
Jagger vai deixando a companhia de Keith e Anita, excessivamente envolvidos com heroína, em prol da companhia do casal Jean Paul Getty II e sua linda esposa Talitha Pol, filha do pintor William Pol. Visitas recíprocas de residências entre esses vizinhos são cada vez mais freqüentes, onde há sempre um bom vinho ou whisky e muito, muito pó.
A pessoa que bebe, quando passa de certo ponto, tende achar tudo excessivamente engraçado e mais tarde, geralmente quer vomitar. Da mesma forma, a pessoa que passa da hora de parar de cheirar cocaína, também tem uma mudança em seu comportamento. Quando a limitação financeira não é um fator, fica difícil encontrar o freio e decidir encerrar a brincadeira da noite. Com o consumo seguido, a ligação e exuberância que se sente no início da noite passa a deixar o cérebro excessivamente ativo, causando efeitos típicos de paranóia. Se por um lado cocaína auxilia o cérebro a pensar e reagir mais rapidamente, o excesso da droga faz você pensar tão rápido que você mesmo não consegue acompanhar o raciocínio, muito menos verbalizá-lo tão coerentemente como antes. Você perde toda a disposição de comer e não importa quão cansado estiver o corpo, você tem uma dificuldade imensa de dormir simplesmente porque o cérebro não consegue parar de pensar.
Na maioria dos casos destes roqueiros desta geração, o excesso de cocaína foi o passaporte para conhecerem e experimentarem com heroína. Certa noite, quando os casais Mick e Bianca, e Jean Paul e Talitha estavam tão eletrizados pela cocaína que não conseguiam mais aturar a onda, Mick ligou para alguém que trouxe heroína para acalmá-los. O contraste em sensações é tão distinto quanto instantâneo. Mal comparando, é como sair do vendaval de um furacão para a morosidade que se sente após a praia no verão. Você apaga por uns minutos e depois acorda se sentindo legal. Daquele ponto em diante, você não sente mais nada. Nada te incomoda, nada te fere, nada te toca.
Como a vaidade de Jagger era mais forte do que seu vício, visando preservar sua pele, ele nunca deixou as coisas perderem seu prumo, limitando o uso de heroína apenas em instâncias onde precisava cortar o efeito da cocaína rapidamente. Bianca aparentemente era feita do mesmo tipo de barro. No entanto, Jean Paul II, como seu pai antes dele e seu filho depois, acabou viciado em heroína e rapidamente se tornou um dependente sintomático. Seu relacionamento com Thalita, igualmente dependente, iria deteriorar a ponto do casal ir se distanciando.
Bowden House
Anita, sabendo do sufoco que Keith passou, não quer saber de sofrimento igual e busca outra opção. Ela soube de um tratamento em que os médicos lhe oferecem pílulas para dormir e lhe alimentam via intravenosa com doses cada vez menores de Metedrina, um remédio à base de metanfetamina. O especialista que administra este tratamento garantia que Anita não sentiria nenhuma dor. Anita então é internada no dia 26 de março em um hospital particular chamado The Bowden House. No entanto, é questionável se a Anita estava no estado de espírito certo para o tratamento. No caminho, ela implora para que Keith lhe dê um pouco de heroína para levar com ela, caso entre em pânico. Keith retruca lhe pagando um esporro, considerando o raciocínio como absurdo.
E é com esta mentalidade que Anita dá entrada na casa de saúde, com os sintomas de abstinência já começando a se mostrar. Depois de um beijo de adeus, Keith segue para o Marquee Club em Wardour Street, onde os Rolling Stones fariam naquela noite uma apresentação que seria filmada. A intenção seria para um especial de televisão visando o mercado europeu e sul-americano.
Ladies and Gentlemen at The Marquee
Terminada a excursão, estava marcado no cronograma uma apresentação especial no Marquee Club, local onde a banda tocara ao vivo pela primeira vez nove anos antes. O evento seria filmado para televisão e teria um público formado apenas por convidados. Entre os convidados presentes nesta tarde incluem amigos como Eric Clapton, Ric Grech, Jimmy Page e até Andrew Oldham.
A equipe de filmagem, a equipe de gravação, como também os Rolling Stones estão todos no Marquee Club há horas, aguardando a chegada de Keith. A primeira passagem de som teve Mick Jagger na guitarra e a segunda, para ensaiarem as câmaras, já ia começar quando Keith finalmente chega. De barba por fazer e roupas rotas como quem dormiu com elas e acabou de sair da cama, ele logo agita o ambiente. Keith não quer o painel do fundo que tem em letras garrafais o nome MARQUEE CLUB. O gerente da casa, Harold Pendelton, é o mesmo fã ardoroso de jazz que nunca teve boa vontade com os Stones quando começaram. Keith não esquece e igualmente tem má vontade com Harold.
A questão da placa já havia desagradado Mick e foi motivo de uma discussão bem mais polida antes. Porém Keith não está com disposição para tato e insiste que a placa seja retirada enquanto Harold insiste que a casa é dele e a placa permanece. Em dado momento, emputecido, Keith tenta acertar o rosto do gerente com sua guitarra, mas erra. Logo se meteram diversos roadies entre os dois, cada um levando o outro para o canto oposto da casa.
Até aqui, os convidados assistiam silenciosamente o desenrolar do impasse como se fosse uma peça de teatro vivo de Julian Beck. Porém, depois de Keith tentar acertar Harold com a guitarra, todos foram convidados a se retirar e esperar lá fora. Mais de meia hora se passou enquanto se negociava o impasse. O meio termo ficou com a placa permanecendo, porém toda a iluminação do show sendo alterada. Desta forma, deixam na sombra todo o fundo do palco, e por conseguinte a placa com o nome do clube, ficando praticamente invisível para as câmaras. Jagger achou que a banda não estava soando bem e preferiu gravar um primeiro set com a casa vazia. Depois os convidados puderam retornar e recomeçaram o show, desta vez filmando com a casa cheia.
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A apresentação dos Stones no Marquee, vista no filme que ganhou o título de "Ladies and Gentlemen: The Rolling Stones" é uma ótima oportunidade para se verificar o poderio desta banda em uma casa pequena. Raros são os momentos que os Rolling Stones podem tocar em tais lugares que cabem no máximo quinhentas pessoas sentadas ou menos. Precisa-se ter muita segurança para interagir tão perto assim de seu público, mesmo quando, como neste caso, este público é escolhido a dedo entre amigos pessoais e profissionais.
A banda apresentou uma versão simplificada de seu show com "Live With Me", "Dead Flowers", "I Got The Blues", "Let It Rock" (Chuck Berry), "Midnight Rambler", "Satisfaction", "Bitch", e terminando com "Brown Sugar". Embora editado fora do filme, os Stones repetiriam mais duas vezes "I Got The Blues" e fechariam a noite com "Bitch". Insatisfeitos com o resultado, o filme nunca seria veiculado comercialmente.
A Volta Pra Casa
Já era meia noite quando Keith Richards, acompanhado pelos amigos Michael Cooper, Tony Sanchez e Madaleine D'Arcy, descobre que ele perdera as chaves de seu Bentley. Telefonaram para a polícia pedindo assistência e os dois guardas que chegaram para o auxílio trataram o grupo com a mesma simpatia que fariam com cidadãos normais. Com eficiência, abriram o carro e depois deram partida usando um fio. Keith agradece a assistência enquanto seus amigos, abarrotados com flagrante no bolso, sentam-se no fundo do carro rezando que os guardas não resolvam revistar o grupo.
Foram todos para a casa de Tony Sanchez onde Keith pernoitou. Estacionam o carro na garagem e deixam o motor ligado a noite toda para não ter que chamar a polícia novamente para dar partida na manhã seguinte. Dentro do apartamento, Michael Cooper logo tira seu saquinho com heroína. Todos dentro do circulo dos Rolling Stones eram viciados em cocaína e heroína, salvo poucas exceções. "Você, claro, não vai querer, Keith", comenta Michael enquanto vai preparando as linhas. "Pode apostar que vou!" Os amigos se entreolham, e mais uma carreira foi trilhada.
Acudindo Anita
Na manhã seguinte, após café preto e cocaína para acordar, foram verificar a situação para voltar para casa. O carro que ficou com seu motor ligado a noite toda estava com pouca gasolina e precisava de uma chave para a tampa para poder reabastecer. Keith e Michael foram para a loja onde o Bentley havia sido comprado na esperança que eles consigam uma outra chave. Apesar de tal solução ser declarada impossível, o pessoal da revendedora consegue abrir a tampa na marra. Após reabastecerem, Keith e Michael seguiram até o bar do hotel Hilton na Park Lane, novamente deixando o carro estacionado na garagem com o motor ligado. Depois de três horas e uma infinita quantidade de margaritas, Keith, já bêbado e com a fala arrastada, recebe a notícia de que a Anita está querendo fugir do hospital.
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Se quando sóbrio já era um péssimo motorista, bêbado então nem se fala. Keith entra no carro e imediatamente cheira duas carreiras de cocaína para "ficar esperto". Botou uma fita com o material do álbum novo e, ao som de "You Got To Move" a todo volume, saiu em disparada pelas ruas londrinas. Segundo consta, Michael chega a fechar os olhos ao ver a morte iminente a cada curva e em alguns casos, nas retas também. Depois de ultrapassar algumas vezes pelo lado errado, nas proximidades de Wembley, Keith quase bate em um caminhão. Ele consegue desviar porém sem conseguir controlar o carro, sobe no canteiro e bate, despedaçando uma cerca de ferro.
Com a imagem clássica do radiador jorrando vapor, ficou claro que o Bentley não tem condições de continuar a jornada. O impacto, dado à velocidade, foi tão forte, que o chassi empenou, apesar do motor continuar ligado e o toca-fitas continuar tocando a todo volume "Brown Sugar".
Michael sugere que o melhor a fazer é fugir antes que a polícia apareça e eles sejam revistados. Descem a rua, pulam um muro e em poucos minutos Michael e Keith estavam batendo na porta de Nicky Hopkins que morava bem perto de onde ocorreu o acidente. Nicky, recém chegado de uma excursão com a banda Quicksilver Messenger Service, não faz uso de tóxico algum, tornando-se assim um lugar seguro para Michael poder guardar seu flagrante, enquanto Keith liga para o seu advogado. Lavam suas feridas enquanto uma limusine estava sendo providenciada para buscá-los. O Bentley acabaria ficando abandonado mesmo, opção tomada por Keith que, não tendo carteira e prestes a deixar o país, não quer se complicar com pendências legais. Será substituído dentro de pouco tempo por um Jaguar vermelho.
Enquanto o transporte não chega, Keith liga para o hospital para falar com Anita. Ela, em tom de desespero, explica que o tratamento não está funcionando. O remédio para colocá-la para dormir - Mogadon - é fraco demais e ela está em pânico. "Keith! Traga o H com você ou eu vou me embora daqui agora mesmo!" Nervoso diante do pânico da namorada, Keith concorda desde que seja só um pouquinho. Uma vez no hospital, acalmam o desespero de Anita com a droga.
Na manhã seguinte Anita está batendo na porta da casa de Tony Sanchez querendo comprar herô. Ela cansou do tratamento e simplesmente fugiu do hospital. Já com tremedeiras e princípio de febre, bastou uma cafungada para cair em um sono pacífico e relaxante. Quando acordou, decidiu retornar ao hospital até a manhã seguinte, onde voltou a procurar Tony. Anita continuou neste esquema por quatro dias, deixando o hospital para arrumar heroína e depois voltando para passar a noite. O médico finalmente a expulsou, telefonando para Keith e deixando claro que não fazia sentido permanecer internada se ela não estava preparada para sucumbir às exigências do tratamento. Keith voltou imediatamente ao hospital e deu uma bronca na sua mulher, tendo ela prometido que iria se comportar e não fugir mais durante o dia.
A Boca Aberta e os Dedos Gosmentos
Na terça-feira, dia 30 de março, uma coletiva de imprensa foi realizada onde foi apresentado oficialmente o novo selo - o Rolling Stones Records. A direção fica nas mãos de Marhsall Chess como presidente e Trevor Churchill como gerente geral do selo, sendo os Stones os donos e diretores. O selo Rolling Stones Records terá sua base inscrita em Genebra na Suíça, e com escritórios em Londres e Nova York.
Na apresentação formal para a imprensa, Marshall Chess começa o encontro indicando os planos traçados para o selo. Informa que um contrato de distribuição está sendo negociado e que além dos discos da bandaRolling Stones, o selo Rolling Stones trabalhará também com atividades paralelas de seus membros. Perguntado se existe um trabalho solo de alguém já em pauta, Marshall confirma a intenção de se começar a gravar os discos de Bill Wyman e Keith Richard, adiantando que este último será um trabalho em conjunto com Gram Parsons, ex-Byrds e Flying Burrito Brothers. Infelizmente este projeto nunca chegaria a ser formalmente iniciado, apesar dos dois passarem uma temporada tocando juntos em julho de 1971.
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Uma das atrações da noite foi o novo logotipo e símbolo do selo, uma boca bem vermelha e carnuda com a língua de fora em um fundo amarelo, criação do artista americano Ruby Mazur, que cobrou $10.000 pela arte. Embora a associação imediata que se tem é invariavelmente com a boca de Mick Jagger, a inspiração de Mazur vem de uma conversa com o próprio Jagger que chama sua atenção para a língua de Kali, Deusa Hindu da criação, vida e destruição.
A idéia do logo não ter dizeres vem de uma sugestão de Marshall Chess, que comentara o fato dos postos Shell na Holanda não trazerem o nome da companhia sobre o seu logo, a concha, como é o caso do seus postos nos Estados Unidos. Ele particularmente achou que ficara melhor assim, e os demais aprovaram o resultado.
Os Rolling Stones fariam do desenho uma mina de dinheiro graças ao bom uso de merchandising. Em 1972, a firma Rolling Stones pagou £200 extra para Mazur por conta de reconhecimento pelo sucesso do logo. Marshall também confirma nesta coletiva um compacto dos Rolling Stones a ser lançado antes do final do mês.
À noite os Stones deram uma festa de despedida no Skindles Hotel em Maidenhead, Berkshire. Duzentas e cinqüenta pessoas foram convidadas entre elas Ron Wood, John e Yoko Lennon, Roger Daltrey, Eric Clapton, Dave Mason, o fotógrafo David Bailey, o escritor William Burroughs e até o Conde de Litchfield esteve presente. Um jam entre amigos fechou a noite que prometia não ter fim mas foi abruptamente encerrada com o corte da força por parte do gerente do hotel. Já eram duas da manhã e os outros hóspedes estavam reclamando do barulho. Irado, Mick Jagger prontamente pegou uma cadeira e a jogou pela vidraça que ficava na lateral do hotel e que dava para o rio. Com isto, os cacos de vidro e a referida cadeira acabaram sendo levados pelas águas. Jagger então tratou de correr.
Fim do Tratamento
Anita Pallenberg
Anita Pallenberg

Anita parou de fugir do hospital e Keith foi proibido de visitá-la, uma vez que fora ele quem levara heroína para ela da última vez. Assim, ele designa Tony Sanchez para duas vezes ao dia lhe fazer uma visita, levando flores e apoio. Como era de se esperar, Anita implora por heroína, contudo, se não bastasse a promessa feita ao Keith de não lhe dar nada, Sanchez era sistematicamente revistado antes de poder entrar na sua ala do hospital. Ainda assim, Tony trazia sempre com ele um pouco de cocaína, só para alegrá-la. Anita ficou apenas mais uma semana hospitalizada. Depois, de saco cheio, deu baixa com seu vício intacto, embora sutilmente menor.
Com Anita de volta em casa, ela cuidava de Marlon enquanto Keith novamente requer os serviços de Smitty. Desta vez, a terapia foi realizada em Cheyne Walk mesmo, Keith tendo ainda a companhia de Gram Parsons, os dois amigos fazendo juntos o tratamento, buscando se livrar da dependência. Passavam o tempo sentados ao piano discutindo aguerridamente sobre acordes, uma forma de jogar a mente longe de suas próprias agonias.
Exílio na França
A migração dos Rolling Stones para a França foi feita durante a primeira semana de abril. A cidade escolhida por Jagger foi St. Tropez, com sua marina e praias cheias de iates luxuosos. Com os Stones, além de esposas e filhos, vieram também vários de seus empregados. No dia primeiro, chegam os dois Micks e o Bill enquanto Keith e Charlie aterrisavam no dia 3.
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Mick e Bianca passaram a morar em Biot, enquanto Keith, Anita e Marlon se mudariam para uma residência a cerca de vinte minutos de distância de Capt. Ferrat. Bill Wyman e Astrid Lundströem, que aos poucos passava a usar informalmente o nome Astrid Wyman, foram para Nice. Lá fincaram residência perto da Bastide St. Antonie, situado em Grasse. Bill optou por deixar Stephen na Inglaterra para ele não ter sua educação alterada por problemas lingüísticos ou culturais. Assim, o menino ficou estudando em um excelente colégio interno. Durante o primeiro ano Bill não podia retornar a Inglaterra para visitá-lo. Então ele mandava Astrid ocasionalmente visitar o menino em seu lugar para verificar como anda sua vida e educação, retornando com noticias para o paizão preocupado.
Mick Taylor, sua namorada Rose Miller e mais o bebê Chloe, alugaram uma casa em Le Haunt, Tignet, também parte de Grasse e não muito longe de Bill. Charlie, Shirley e Serafina Watts, levaram mais tempo para escolher um lugar adequado. Ficaram primeiro hospedados em um hotel em Cannes até dia 7 onde então se mudaram para La Borie, Thorias em Artes, perto de Marseilles. Deles todos, quem morava mais distante de qualquer outro Rolling Stone era definitivamente Charlie.
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Durante as suas primeiras excursões pelo exterior, ainda com John Mayall, Mick Taylor passou a adotar o hábito de ler. Em pouco tempo tornou-se um hábil devorador de livros, dos mais diversos tópicos e estilos. Quando ingressou para os Rolling Stones, Taylor começava a se interessar por poesia, o que germinou um interesse por composição. Ultimamente, Taylor vinha investindo cada vez mais em aprender a ler música e tocar piano.
Taylor concluira que o piano é um instrumento consideravelmente melhor para composição do que a guitarra ou o violão. Seria na França, durante este longo período de exílio, que Mick Taylor iria aproveitar o isolamento de parentes e amigos para aprimorar ainda mais a sua execução ao piano em casa. O clima de férias no balneário permitiria bastante folga entre gravações com os Stones para que Taylor passasse o tempo em casa com a família e o piano.
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Dentro da banda, Bill e Charlie foram os dois a deixar a Inglaterra aparentemente com mais pesar. Mas as condições financeiras não deixavam mesmo outra alternativa e eles se renderam aos fatos. Rapidamente os cinco membros perceberam uma diferença de atitude das pessoas em relação aos Rolling Stones. A preocupação sempre presente que sentiam da polícia inglesa aprontar alguma coisa simplesmente porque eram cabeludos e diferentes, foi rapidamente dissipada neste novo lar. Na França, eram vistos e tratados como artistas, e este tratamento influenciou positivamente na banda, que em meio a batalhas judiciais e mudanças de contrato, absorveu a sua aceitação por parte dos habitantes como uma injeção de confiança.
Dia 6 de abril os Stones assinam na cidade de Cannes um contrato com a Kinney National, adicionando a Rolling Stones Records à sua cartela de selos. Além dos cinco Rolling Stones que chegaram para a ocasião solene em um iate alugado, estavam presentes para assinar o contrato Steve Ross, que respondia pela Kinney National, Ahmet Ertegun representando a Atlantic Records e Marshall Chess respondendo pela Rolling Stones Records.
O contrato estipulava que a banda Rolling Stones teria que lançar seis discos no período de quatro anos. O evento foi realizado no Charlton Hotel. Na pequena festa para fins publicitários que se seguiu, Mick e Bianca ficaram animadamente conversando e entretendo os diversos convidados enquanto Keith, que não gosta muito deste tipo de evento, deixou o local cedo. Ele supostamente teria dito a um repórter na saída, "Eu tenho que encontrar o meu cão. Ele é o único amigo que tenho nesta festa, cara."
Sticky Fingers
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Dia 22 de abril viu chegar nas o novo disco dos Rolling Stones, "Sticky Fingers". A capa, uma concepção totalmente nova, mostra a cintura de alguém vestindo uma calça jeans. A contra capa mostra a cintura do mesmo modelo de costas. A arte foi assinada pelo artista plástico Andy Warhol e tem como detalhe um zíper de verdade. Para proteger o vinil de ser danificado pelo zíper, Warhol colocou no lugar apropriado um volume macio causando uma ondulação perceptível. No papel que guardava o disco internamente, outra foto de um modelo masculino de cueca, frente e verso. Os modelos são Corey Tipper de jeans e Glenn O'Brian de cueca, ambos amigos de Warhol, que recebeu £15.000 pela criação.
Incluindo no pacote estava uma folha de papelão onde de um lado continha a ficha técnica completa do álbum escrita sob uma imagem do desenho da boca, e do outro uma foto da banda. Como um toque final de ironia e mau comportamento, o primeiro disco do selo Rolling StonesRecords tem o número de catalogo COC 59100.
Keith Richard, Charlie Watts, Mick Jagger, Bill Wyman e Mick Taylor
Keith Richard, Charlie Watts, Mick Jagger, Bill Wyman e Mick Taylor
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Lado A 
1. Brown Sugar (Jagger/Richards) 
2. Sway (Jagger/Richards) 
3. Wild Horses (Jagger/Richards) 
4. Can't You Hear Me Knocking 
(Jagger/Richards)
5. You Gotta Move (Davis/McDowell)
Lado B
1. Bitch (Jagger/Richards) 
2. I Got the Blues (Jagger/Richards) 
3. Sister Morphine (Faithfull/Jagger/Richards) 
4. Dead Flowers (Jagger/Richards) 
5. Moonlight Mile (Jagger/Richards)

O disco, embora quase todo gravado entre 1969 e 1970, soava conciso e em sincronia com o momento que a banda e muitos de seus fãs estavam vivendo. Tornou-se rapidamente um sucesso extremamente lucrativo, e pavimentou a base para o repertório da banda em futuras excursões. O álbum reflete a vida maldita que os Stones estavam de fato vivendo há tempos. No entanto, diferente de outros tempos e outras bandas de rock, não há mera alusões discretas sobre o uso de tóxicos. Praticamente o disco inteiro tem referências quase explícitas sobre o uso e abuso de drogas pesadas. Como disse um velho rocker certa ocasião, 'Periga cheirar o disco e ficar chapado.'
Sway
Did you ever wake up to find 
A day that broke up your mind 
Destroyed your notion of circular time

It's just that demon life has got you in its sway
Ain't flinging tears out on the dusty ground 
For all my friends out on the burial ground 
Can't stand the feeling getting so brought down

It's just that demon life has got you in its sway
There must be ways to find out 
Love is the way they say is really strutting out

Hey, hey, hey now 
One day I woke up to find 
Right in the bed next to mine 
Someone that broke me up 
with a corner of her smile, yeah

It's just that demon life has got you in its sway 
It's just that demon life has got me...

Você já acordou para encontrar
Um dia que estraçalhou sua cabeça
Destruiu sua noção de tempo circular

É apenas aquela vida demoníaca que te pôs sob seu domínio
Não estarei lançando lágrimas na terra empoeirada 
Pois todos os meus amigos lá no terreno para enterro
Não suportam a sensação de estarem sendo abaixados

É apenas aquela vida demoníaca que te pôs sob seu domínio
Deve haver maneiras para descobrir
Amor é o caminho eles dizem que está realmente pulando fora

Ei, ei, veja agora
Um dia eu acordei para encontrar
Bem na cama ao lado da minha
Alguém que me estraçalhou
com o canto de seu sorriso, é

É apenas aquela vida demoníaca que te pôs sob seu domínio
É apenas aquela vida demoníaca que me pôs...

Qualquer coisa menos do que um sucesso absoluto, teria levado os Stones para uma grave situação financeira que, aliás, já estava caótica e precisava desesperadamente de dinheiro para se recobrar. Agora sem a competitividade direta dos Beatles para comparação, os Rolling Stones reinavam supremos, apesar da banda Led Zeppelin estar crescendo a cada ano em popularidade internacional.
Os Stones conseguem pela terceira vez consecutiva ter seu produto aclamado pela crítica especializada como sendo um marco na história do rock em geral. "Sticky Fingers" é até hoje considerado possivelmente o melhor disco de toda história da banda ou pelo menos um dos três melhores nas listas da maioria das pessoas. E a canção carro-chefe do álbum, 'Brown Sugar', se tornou mais um clássico dos clássicos do rock. Um feito realizado por muito poucas bandas. É o terceiro dos Stones, junto com 'Satisfaction' e 'Jumpin' Jack Flash'. Keith pela segunda vez em seguida insere um número country no disco da banda com a canção 'Dead Flowers.'
Felizes com o primeiro sucesso do selo Rolling Stones Records, foi organizada uma festa comemorando a chegada de 'Brown Sugar' ao primeiro lugar na parada inglesa. A festa realizada novamente no Cannes Yacht Club, contou com as presenças de Marshall Chess, Ahmet Ertegun, Mick e Bianca, Eddie Barclay, Jo Bergman, e os amigos Bobby Keys e Stephen Stills.

Abydos - Abydos




Andy Kuntz, vocalista do Vanden Plas, passou por fortes momentos em sua vida pessoal nos últimos anos. Perda de parentes, problemas familiares, e outros que não vêm ao caso fizeram com que ele passasse por um pequeno inferno astral. Mas ao invés de mergulhar em drogas ou se afundar numa depressão musical, Andy resolveu catalisar todas as suas emoções para um projeto musical. E desta idéia surgiu o projeto Abydos.



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Andy procurou dar forma a uma “metal opera”, com direito a vários flertes com o progressivo, mais até do que em sua banda. “You Broke the Sun” nos lembra o Vanden Plas, enquanto que “Silence” é mais pesada, e “Far Away from Heave” e “Coopermoon (The Other Side)” tem elementos que o Dream Theater usa com maestria.
O grande trunfo de Abydos está no experimentalismo. Canções como “Radio Earth” e “Abydos” remetem aos bons tempos do Pink Floyd  (e olha que precisa ter muita bagagem para isso). Por sinal as 6 últimas músicas são bem mais experimentais, com um ambiente “dark” pesado e denso, fruto das experiências de Andy, com destaque para a belíssima “A Boy Named Fly”.
Um projeto que merece atenção. A despeito de uma variedade de estilos muito intensa, Andy procurou dosar toda sua capacidade de metamorfosear as músicas, e fez um CD interessante. Vale conferir.
Site Oficial: http://www.vandenplas.de
Material Cedido Por:
Hellion Records
São Paulo (SP)

Cradle - Asthar


Parece que está surgindo mais uma banda aqui no Brasil que irá estourar, daqui alguns anos. E como sempre que acontece, primeiro no exterior para que depois seja realmente conhecia aqui no Brasil. A banda de Betim (MG), Asthar, está junta desde 2001 e lançou na metade de 2005 essa que é a sua primeira demo, “The Cradle”.


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O que ouvimos nesse registro é heavy metal tradicional, na maioria do tempo. Mas é bastante notável a intenção da banda, em explorar o progressivo e um pouco de metal melódico no seu som. Como percebemos, não é nenhuma inovação e nenhuma contribuição para o enriquecimento do mundo metálico, mas o Asthar propõe-se a fazer um som de qualidade, com bastante personalidade, o que para muitos (e para mim) já é o bastante. Apesar de apresentar músicas de qualidade, eu senti que a banda ainda pode melhorar em alguns pontos para o seu próprio bem: em primeiro lugar, seria muito louvável a inclusão de mais riffs de guitarra, e que soassem pesados, literalmente.
O que também precisa melhorar é o vocalista. Com um instrumental mais arrastado, ele acertou em cheio em não explorar tons altos, o que ficaria bastante estranho para o Asthar. Mas acho que um vocalista precisa muito mais do que simplesmente cantar; é preciso esbanjar uma voz com desenvoltura, segurança e, principalmente, sentimento. Faltou bastante interpretação por parte de Mauro Costa Jr. (vocal), que é acompanhado aqui por Toninho Vieira (guitarra), Henrique Rodrigues (baixo), Douglas Andrade (teclado) e Matheus Vieira (bateria). Fora esses detalhes, a banda como um todo, instrumentalmente falando, está de parabéns.
Após a mais melódica e arrastada “Mandala”, que não é tão pesada, vem “The Return”, o ponto alto do CD. A música é longa, varia todas as principais influências do Asthar. Temos no início os riffs pesados (o que a banda deveria explorar mais), há momentos melódicos e cadenciados e diversos toques da música progressiva, que é muito perceptível quando entra o solo de teclado. E a fórmula da música anterior repete-se em “Cradle of Light”, que fecha a demo. Mais cadenciada que a música anterior, essa aqui tem mais toques do metal progressivo e, novamente, sem tanto peso. E ouvindo-a atentamente fica fácil de entender porque o vocalista precisa melhorar a sua ‘performance’, pois é aqui a exigência para o seu lado é maior.
Com mais experiência e corrigindo seus pequenos erros, a Asthar já pode pensar em lançar o seu primeiro CD completo, nem que seja independente. E depois todos lembrarão, quando a banda ainda divulgava a sua primeira demo, e como que ela já aparecia bem no nosso cenário underground...
Line-up:
Mauro Costa Jr. (vocal);
Toninho Vieira (guitarra);
Henrique Rodrigues (baixo);
Douglas Andrade (teclado);
Matheus Vieira (bateria).

Track-list:
01. Mandala
02. The Return
03. Cradle of Light

Tempo total: 19:04