23 de abril de 2011

Parte 33 - A Excursão Européia


No carro, antes de saírem, Mick pergunta cavalheirescamente, "Então querida, queres acordar na cidade ou no campo?". Janice sabendo muito bem que não é sempre que se tem a oportunidade de passar uma noite com um astro da magnitude de um Mick Jagger, ignora a pretensão do homem pelo brilho do astro. "No campo" foi tudo que ela conseguiu responder. Passaram o fim-de-semana juntos em Stargroves, sua casa de campo. Jagger depois a contratou deixando claro que não seriam amantes. Suas obrigações eram de vigiar que a empregada mantivesse a casa limpa e cozinhar para ele nas ocasiões que ele precisasse. No mais, ela serviria apenas como companhia.


Escolhendo Gravadoras
Há um mês e meio sem gravadora, os Rolling Stones anunciam para a imprensa a intenção da banda de montar um selo próprio. A criação do selo, apropriadamente chamado de Rolling Stones Records, é inicialmente comparado pela imprensa com a Apple Records dos Beatles, mantendo o estigma de comparações e duelos entre as duas bandas. Jagger se limita a garantir que o selo terá seu patrimônio e gerência definida dentro do próximo ano, antes do lançamento do novo disco dos Rolling Stones.
Durante o decurso do ano, a firma Rolling Stones receberia uma enorme quantidade de ofertas por parte das gravadoras. Que se saiba, as grandes que disputaram com valores altos de dinheiro foram a RCA, CBS e Warner Bros. Sabe-se, por exemplo, que a RCA ofereceu cerca de $7 milhões de dólares por seis discos a serem entregues no período de não mais que cinco anos, enquanto a Atlantic ofereceu apenas $5.2 milhões. No entanto, após o convívio com uma gravadora grande como a Decca, aspirações artísticas interessavam aos dois principais Stones mais do que cifras.
Tanto Mick quanto Keith estavam ideologicamente querendo associar a imagem da banda a uma gravadora que simbolizava a música que eles tanto amam e divulgam. Por isso foram procurar a Chess Records e a Atlantic Records. Afinal, foram estes dois selos que mais investiram em blues e rhythm & blues nas décadas de quarenta e cinqüenta. Foram os discos destas duas gravadoras que os rapazes compravam para ouvir seus artistas prediletos quando ainda garotos. No entanto, as situações das duas gravadoras, no final da década de sessenta, mudara. A Chess Records havia sido vendida recentemente para a GRT, e seus escritórios deixaram a cidade de Chicago para uma nova sede em Nova York. Incertezas também rondavam a possível migração da banda para a Atlantic Records, apesar das conversas com Jerry Wexler e Ahmet Ertegun, iniciadas durante a excursão americana de ´69, e que foram tão importantes para cativar Jagger.
Atlantic Records
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A Atlantic Records, junto com sua subdivisão Atco, foram compradas pela Warner Seven Arts em 1967. Esta companhia de cinema deixou o seu setor fonográfico funcionando como duas companhias separadas, a Warner Brothers Records, que por sua vez comprara a Reprise Records de seu dono Frank Sinatra, mais a Atlantic Records e sua lucrativa subsidiária a Atco Records.
O grupo Warner Seven Arts seria então comprado por uma companhia chamada Kinney National que cuidava de várias empresas menores que atuavam em áreas tão diversas como terrenos para estacionamento, produção de tickets para estacionamento, limpeza de escritórios, aluguel de carros, distribuição de revistas e casas funerárias. Esta lucrativa empresa, diversificando seus investimentos ainda mais, compra a Warner Seven Arts em 1969 e acabaria também comprando em 1970 a Elektra Records. Seu setor fonográfico agora passaria a se chamar WEA (Warner-Elektra-Atlantic) Records, dirigido pelos respectivos presidentes de cada companhia individual, Mo Ostin e Joe Smith para a Warner Bros., Jack Holzman para a Elektra, e por último, Ahmet Ertegun e Jerry Wexler para a Atlantic. Além de dirigir seus respectivos selos, eles também atuariam juntos na forma de um comitê para a WEA. Com o passar da década, a Kinney National evoluiria para a atual Warner Communications (embora retendo o nome Kinney para suas mais antigas atividades ligadas a estacionamentos, funerárias e limpeza).
Mas naquele período, as mudanças ainda geravam dúvidas sobre a política interna de cada empresa e como ela poderia influir na maneira dos Stones trabalharem com sua Rolling Stones Records. Apesar de Ertegun garantir que ele continua tendo controle administrativo da sua gravadora, as dúvidas fazem com que Mick aguarde antes de fechar qualquer acordo.
Chess Records
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Na década de quarenta, dois irmãos, imigrantes poloneses chamados Leonard e Phil Czyz (pronuncia-se Tchez), americanizam o sobrenome da família para Chess. Compram a falida gravadora Aristocrat Records fundando assim em 1947, a Chess Records. Foram os primeiros a gravarem artistas como Muddy Waters, Howlin' Wolf e muitos outros músicos que são considerados hoje os papas do blues.
Após o falecimento de Martin Luther King Jr. em maio de 1968, o Movimento dos Direitos Civis, que visava direitos iguais para cidadãos brancos e negros na América, mudou de tática. Onde havia uma busca de harmonia e aceitação pacífica entre raças, liderada por King, passaram a haver protestos mais rancorosos, principalmente contra instituições que lucravam através dos negros.
Leonard e Phil estavam recebendo certa pressão de grupos da comunidade negra por terem levantado seu pequeno império, praticamente graça a talentos negros. O fato que o trabalho dos dois irmãos em levantar a gravadora e divulgar estes talentos ser em parte responsável por estes artistas terem uma carreira reconhecida no mundo todo, ficou esquecido e colocado em segundo plano.
Diante do momento desfavorável, os dois homens, já com mais de cinqüenta anos de idade cada um, resolvem vender a gravadora, seus sonhos girando agora na possibilidade de investir no cinema. No entanto, em outubro de 1969, Leonard faleceu repentinamente e Phil acabou preferindo se aposentar a iniciar sozinho uma nova empreitada.
Marshall Chess
O presidente da Rolling Stones Records e responsável por tocar o selo adiante seria Marshall Chess, um americano de 29 anos, filho de Leonard Chess. A gravadora Chess Records havia sido criada quando o rapaz ainda era um menino de apenas cinco anos. Marshall herdou do pai e do tio uma cultura musical fenomenal, principalmente na área de blues e rhythm and blues. Aprendeu também muito sobre como gerenciar uma gravadora e se manter atualizado conforme o mercado. Durante a década de sessenta, Marshall Chess já trabalhava para a gravadora da família e foi responsável por lançamentos de Muddy Waters e Howlin' Wolf. Seu talento natural pendeu sempre para a produção de álbuns, função que exerceu dentro da Chess Records até ela ser vendida em 1968.
Como Marshall seria herdeiro do império Chess e foi preparado desde criança para um dia assumir a gravadora, houve um acordo entre os dois irmãos de que ele receberia cerca de um milhão de dólares como sua parte na gravadora. Com este dinheiro ele poderia começar o seu próprio selo. No entanto, devido ao falecimento repentino de seu pai houve problemas legais, uma vez que Leonard não deixou um testamento. De acordo com as leis americanas, o governo pôde descontar uma porcentagem muito maior em impostos: uma pequena fortuna. Com isso, Phil não pôde honrar o acordo de cavaleiros feito entre irmãos e com isso, Marshall não teve como receber seu milhão de dólares. Desapontado e desgostoso, Marshall aproveita o período de transição dos escritórios de Chicago para Nova York, para anunciar que abria mão da posição oferecida a ele dentro da nova Chess Records.
Teria sido Bob Krasnow (que se tornaria no futuro o presidente da Elektra), que apontou para o fato dos Rolling Stones estarem prestes a deixar a Decca. A idéia de Krasnow era que os dois se associassem para negociar com os Stones como intermediários entre a banda e uma gravadora. Preferindo trabalhar sozinho, Marshall viaja para Londres na esperança de conseguir algum tipo de acordo. Conversou rapidamente com Jagger no Ad Lib Club, marcando um encontro de negócios dentro dos próximos dias. Foi neste encontro que Mick e Keith conheceram e ficaram impressionados com Marshall. Por ser da mesma idade que eles, e assim sendo, oferecendo uma imagem de executivo diretamente oposta a que os dois músicos estavam acostumados na Decca, houve uma confiança natural.
Na série de encontros que se seguiram, Marshall demonstrou ter uma vasta cultura musical em rock 'n' roll, portanto sendo também um fã fervoroso da música dos Rolling Stones. Conversaram informalmente sobre o projeto dos Stones em montar um selo próprio e Marshall ofereceu tanta energia positiva para Mick, Keith e os demais, que contagiou a todos.
Assim, foi uma escolha unânime convidá-lo a ajudar a montar e depois administrar o novo selo da banda, a Rolling Stones Records. Marshall acabaria sendo um fator importante para influir na decisão de Mick levar os Stones para a Atlantic Records. Ahmet é amigo da família Chess há muitos anos, chegando a comparecer ao Bar Mitzvah de Marshall. Com Lowenstein ainda engatinhando nos meandros da indústria fonográfica, Marshall facilitou as conversações para conseguirem o melhor acordo para ambas partes. Estes anúncios só seriam realizados em abril de 1971. Enquanto isto, a primeira função de Marshall seria vistoriar o lançamento do álbum ao vivo, último trabalho dos Stones com a Decca Records.
Cocksucker Blues
Falando na Decca, não se perturbando com a fútil tentativa desesperada da sua agora ex-gravadora de arrancar mais algum dinheiro deles, Mick Jagger prepara sua resposta. Ele prontamente pegou um violão, compôs e gravou sozinho uma canção, que de tão cheia de palavrões e insinuações sexuais, Jagger acredita impossível a gravadora poder fazer uso. Entregou através das mãos de Marshall Chess o rolo de fita com a gravação da canção para o presidente da Decca, Sir Edward Lewis, com um bilhete dizendo, "Aqui está o nosso divórcio."
Sir Lewis ficou um pouco entristecido em ver sua mina de ouro deixando o selo. Não tanto que ele não pudesse apreciar o poder promocional desta última canção entregue ao selo. Marshall Chess comenta sobre esta reunião que, ao ouvirem a nova canção, 'Cocksucker Blues', os executivos quase engasgaram em seus charutos. Em dado momento Marshall pensou para si, "Acho que vou gostar de trabalhar para esta rapaziada."
Eis a letra da canção:
Well, I'm a lonesome schoolboy, 
and I just came into town 
Well, I'm a lonesome schoolboy, 
and I just came into town 
Well, I heard so much about London, 
I decided to check it out.

Well I wait in Leicester Square, 
with a come-hither look in my eye.
Yeah, I'm leaning on Nelson's Column, 
but all I do is talk to the lime.

(Refrão)
Where can I get my cock sucked? 
Where can I get my ass fucked?
Well I may have no money, 
but I know where to put it every time.

Well I asked the young policeman 
if he'd only lock me up for the night.
Well, I had pigs in the farmyard, 
some of them, some of them they're all right.
Well he fucked me with his truncheon, 
and his helmet was way too tight.

Embora a intenção do Jagger era de fazer algo que não pudesse ser utilizado, a Decca acabaria lançado oficialmente a canção em 1984, através de sua filial alemã que a incluiu em um box set. Quando a matriz inglesa soube do lançamento, a canção foi retirada da caixa. No mesmo ano, começou a aparecer uma prensagem pirata com selo da Rolling Stones Records em formato de maxi-disc (compacto de 12 polegadas em 45rpms) em vinil azul, verde ou vermelho, contendo a canção em um de seus lados.
Excursão Européia
Começa a excursão européia. A primeira atividade na pauta foi uma coletiva de imprensa em Copenhagen, Dinamarca no dia 29 de agosto. De lá seguiram para Malmö na Suécia onde estrearam a excursão. A banda tinha com eles no palco, agora pela primeira vez, três músicos convidados. São eles Ian Stewart no piano, Bobby Keys no sax e Jim Price no trombone e trompete. Serão quarenta e um dias, onde se apresentarão em dezoito cidades em oito países diferentes.
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Foi por estarem cansados de chegar em casas de espetáculos mal preparadas, que eles decidem trazer durante a excursão nos Estados Unidos o seu próprio equipamento de som e luz, mais equipe, para os locais dos shows. A organização Rolling Stones dá agora o próximo passo natural que era trazer com eles um palco completo, em uma clara tentativa de homogeneizar a plataforma onde é realizado o espetáculo.
A bagagem de palco agora inclui plataforma, cortinas e um guincho, além de um sistema completo de luz e som. São utilizados dois caminhões para carregar tudo. Vinte e seis pessoas faziam parte da equipe de palco. Somada a banda mais assistentes, computavam cinqüenta e uma pessoas no total.
O repertório era basicamente igual ao da excursão americana, porém com arranjos para sopros e algumas diferenças na seqüência e escolha das músicas. A ordem básica seguia com Jumping Jack Flash/ Roll Over Beethoven (Berry)/ Sympathy For The Devil/ Stray Cat Blues/ Love In Vain (Johnson)/ Dead Flowers/ Midnight Rambler/ Gimmie Shelter/ Live With Me/ Let It Rock/ Little Queenie (Berry)/ Brown Sugar/ Honky Tonk Women e Street Fighting Man. Depois do primeiro show em Malmö, "Gimmie Shelter" cairia da programação. Para abrir o show, havia as apresentações da dupla de bluesmen Buddy Guy e Junior Wells, como também uma desconhecida menina americana de vinte anos chamada Bonnie Raitt.
Último Material para a Decca
Durante a primeira semana da excursão a Decca lançaria o LP "Get Yer Ya Ya's Out" que teria excelentes vendas promovidas pela banda durante a excursão. A concepção original era que o disco fosse um álbum duplo e incluísse apresentações de BB King e Ike & Tina Turner, porém a Decca abortou a idéia. No dia 8 de fevereiro, o fotógrafo Michael Berkofsky registrou uma série de imagens com Charlie Watts carregando instrumentos em cima de um viaduto. O intuito destas fotos seria servir como capa do novo disco ao vivo, mas elas acabaram sendo recusadas. Abaixo três fotos desta sessão.
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No dia 7 de junho, agora com o fotógrafo David Bailey, a mesma idéia foi executada, agraciando a capa do disco agora chamado "Get Yer Ya-Ya's Out! - The Rolling Stones in Concert". A arte da capa é de John Kosh. A frase "Get Yer Ya-Ya's Out" vem de uma canção de Blind Boy Fuller, gravado em 29 de outubro de 1938, na Carolina do Sul. Fuller morreria três anos depois aos 32 anos. Este é o primeiro disco ao vivo em estéreo autêntico com qualidade de som do nível de uma produção de estúdio. Para uma melhor orientação do que se está sendo ouvido neste disco, segue as faixas e suas fontes:
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Lado A:
- Jumping Jack Flash - NYC, 27.11.69 
- Carol (Chuck Berry) - NYC, 28.11.69, 1º show 
- Stray Cat Blues - NYC, 28.11.69, 1º show 
- Love In Vain (Robert Johnson) - Baltimore, 26.11.69 
- Midnight Rambler - NYC, 28.11.69, 2º show
Lado B:
- Sympathy For The Devil - NYC, 28.11.69, 1º show 
- Live With Me - NYC, 28.11.69, 2º show 
- Little Queenie (Chuck Berry) - NYC, 28.11.69, 1º show 
- Honky Tonk Woman - NYC, 27.11.69 
- Street Fighting Man - NYC, 28.11.69, 1º show ou Baltimore 26.11.69

A Dupla Bob e Keith
Como de costume, depois dos primeiros shows ainda frios, logo a banda estava tocando azeitada como uma locomotiva a todo vapor. A química entre Keith Richards e Bobby Keys solidifica-se rapidamente em uma amizade forte. Durante o almoço, Keith repara um sujeito incomodando seguidamente Bobby. Aproxima-se como quem não quer nada e acerta o sujeito com uma garrafa na cabeça, o rapaz caindo inconsciente no chão. Keith imediatamente chama os seguranças e manda prender o sujeito por agressão antes que ele acorde e possa se defender da acusação.
Depois de Suécia e Finlândia, vieram os quatro shows na Dinamarca. Copenhagen teve quebra de recorde com todos os 1.200 lugares sendo vendidos em seis horas. Na parte da tarde, Marlon não consegue dormir por causa de uma britadeira em plena ação do outro lado da rua do hotel. O gerente informa Keith que não tem poder sobre o andamento das obras públicas. Foi quando Bobby Keys então se oferece para fazê-lo mudar de idéia. Em uma conversa franca, o gerente novamente negou poder ajudar. Segundo conta a história, Keys segue então para a cozinha do hotel e lentamente começa a jogar prato por prato no chão duro, ouvindo eles espatifarem como que procurando aquele que ressoasse com o melhor timbre. O texano só parou quando o barulho da rua encerrou.
Keys e a do Avião
Bobby Keys e Jim Price trabalhavam juntos há bastante tempo. São ambos americanos do Texas e enxergam o mundo com o mesmo tipo de prisma particular. Jim conta que certa vez viu Bobby sentado ao lado de uma mulher bonita no avião, puxando a maior conversa. Conhecendo o amigo, ele logo se chega para ouvir no que vai dar esse papo. Nestas seguidas viagens, Bobby Keys estava percebendo que na Escandinávia, a maioria das beldades que aflorava nesses vôos não entendia nada de inglês. E contando mesmo com isto, Keys se divertia soltando as mais baixas declarações que ele conseguia imaginar. Falava baixarias como ele jamais poderia fazer, com o tom de voz mais natural possível, livre de qualquer escrúpulo graças à certeza absoluta que ela não estava entendendo nada mesmo. Assim, não há maneira de ofender ou arrumar uma situação desagradável.
Ao se aproximar, Jim Price ouve Bobby Keys comentando algo como "Eu realmente adoraria chupar essa sua buceta todinha. Juro que sim. Eu adoraria meter minha jeba nesta sua buceta e fazer você gozar. Te fuder bem gostoso, fazer você estrebuchar a cada estocada, te comendo todinha até o amanhecer. Chupar este teu peito enquanto meu dedo está acariciando o seu grelo, minha putinha loira gostosa. Mas que tesão você me dá. Quero te fuder lindinha, vou te cavalgar a moda texana, você vai ver." Price se divertindo só ouvindo seu amigo extrapolado na baixaria resolve interromper a conversa. Ele olha para a menina, que até então está calada e ignorando pacientemente a óbvia cantada, e com um sorriso pergunta em um inglês igualmente texano, "Você é de onde?" E ela responde, "Roterdam." Com isso Bobby Keys gelou. "E você mora aonde?", concluiu Jim. "Filadélfia" ela respondeu, sem em momento algum sequer olhar para Keys. Ela estava entendendo tudo o tempo todo e Bobby saiu dali rapidinho, sua brincadeira estragada, mas satisfeito que o incidente não tenha dado maior merda do que deu.
Alemanha Ocidental
Em alguns lugares, membros do grupo de motociclistas Hell's Angels foram vistos arrumando brigas em uma tentativa de conseguir se posicionar em frente ao palco, certamente em uma tentativa de intimidação à distância. Em Berlim, Bill, Charlie e Mick Taylor foram para a Alemanha Oriental à passeio, porém na volta os guardas do lado comunista encrencaram com os cabeludos e o trio teve dificuldades para retornar. Depois de horas detidos, aguardando uma solução e sendo visivelmente ignorados, acabaram tendo seus passaportes devolvidos e foram escoltados para fora do país. Enquanto esta aventura acontecia, Mick Jagger conhece uma nova modelo alemã que aparece em cena, a jovem Ushi Obermeir. O gavião Jagger teria a modelo como mais uma de suas muitas conquistas.
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O frenesi já esperado do público nestes shows chegou no auge em Hamburgo. Brigas e vandalismo obrigaram a polícia a invadir o local do show e seus arredores fazendo cerca de cinqüenta prisões. Todas as janelas da casa de espetáculo foram quebradas. A banda permaneceu na Alemanha Ocidental por uma semana onde realizou quatro shows em quatro cidades diferentes, Hamburgo, Berlim, Cologne e Stuttgart.
França
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Chegam então na França onde se apresentariam quatro vezes no Palais Des Sports de Paris. Como em quase toda cidade importante, foi realizada uma mega conferência com a imprensa, esta na tarde do dia 22, antes da estréia da banda à noite. Os franceses ainda viam Mick Jagger como um rebelde líder politizado, uma faceta de sua personalidade que ele há muito já deixara de lado. Utilizaram os shows como desculpa para demonstrações políticas nada pacíficas. Estudantes revoltados jogaram tijolos e se armaram com barras de ferro. Houve muitas prisões na cidade antes do show que foi gravado profissionalmente por Glyn Johns.
Depois do espetáculo, houve uma festa em homenagem aos Rolling Stones. Mick Jagger, estando hiper-cansado, cogitou em não comparecer. No entanto, ele sabe que precisa promover a banda com sua imagem. Entre os presentes na festa estava um velho conhecido chamado Eddie Barclay, executivo dono do selo francês Barclay Records. Eddie todo feliz da vida, apresenta sua noiva, uma nicaragüense que ele havia roubado de Michael Caine, chamada Bianca Perez Moreno de Macias. Jagger deu uma olhada e ficou apaixonado instantaneamente. Ou pelo menos, assim contam. A mulher de seus sonhos que ele nunca soube como descrever estava finalmente diante dele. Bianca se parecia com a versão feminina dele mesmo, prato cheio para qualquer narcisista. Ela tinha o mesmo rosto fino e alongado, olhos grandes e os mesmos lábios grossos.
Jagger educadamente pediu permissão para dançar com ela e Barclay educadamente autorizou. Mas não antes de sussurrar em seu ouvido "Dançar você pode, mas lembre-se que ela vai dormir comigo esta noite." Bianca estava lisonjeada com a atenção dispensada por Mick, ciente e adorando repentinamente ser o centro das atenções. Quando Mick sugere a ela um lugar onde pudessem se encontrar depois, Bianca concorda. Vai até o banheiro e não reaparece. Mick se despede meia hora depois. Os dois se encontram no local combinado e passam horas conversando, porém ela se recusa a ir para cama com ele. Dentro dos quatro dias de estada da banda em Paris, os dois se encontram repetidas vezes, Bianca em momento algum aceitando os convites de Mick para irem dormir juntos. Isto lhe deixa cada vez mais enfeitiçado, ansioso e esperançoso, sabendo que ele ainda não conseguira conquistá-la. Quando os Stones partiram para Áustria, Mick e Bianca combinaram de se reencontrar em Roma.
Em Viena, Janice não estava particularmente feliz em ser incumbida de apanhar Bianca de limusine no aeroporto à noite enquanto a banda está se apresentando. A fofoca que se ouvia pelos corredores era de que Mick havia encontrado uma mulher misteriosa que o deixou atordoado. Janice percebeu logo que não se tratava de uma vadia de ocasião quando Mick informou-lhe que ele havia reservado um quarto no hotel só para ela. Quando Keith soube disso exclamou: "Parece que desta vez é pra valer."
Bianca Perez Moreno de Macias
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A história verdadeira de Bianca Perez Moreno de Macias e a história que ela contava para todos são duas coisas distintas. Contada por ela, Bianca era uma nicaragüense de Manágua, vinte e um anos de idade, filha de pais separados. A mãe era uma comerciante e o pai um diplomata, dono de uma imensa plantação de café. Ela teria viajado sozinha para Paris onde estudou e batalhou por sete anos se sustentando com uma carreira na Embaixada da Nicarágua.
Esta versão de sua biografia contém verdades salpicadas com algumas mentiras. Acostumado a não aceitar tudo que lhe dizem, Jagger imediatamente fez a conta matemática e viu a impossibilidade da afirmação. Se Bianca tinha vinte e um anos e estava há sete em Paris, então ela teria que ter vindo batalhar sozinha aos quatorze anos de idade. Pouco provável.
Bianca de fato é filha de pais separados. Ela nasceu no dia 2 de maio de 1945 e portanto contava com vinte e cinco anos ao conhecer Mick Jagger em setembro de 1970. Sua mãe, Dora Macias, tinha uma barraca de comes e bebes onde vendia sanduíches e refrigerantes. Seu pai era um pequeno lojista de poucos recursos. Extremamente inteligente, depois de Bianca terminar o segundo grau com altíssimas notas, teve a ajuda de um primo que trabalhava na Embaixada da Nicarágua na França. Ela viaja então a Paris para estudar ciências políticas no Institute des Sciences Politiques, em Sorbonne. Ainda uma virgem, foi na França que ela aprendeu a questionar a crença imposta desde criança de que a virgindade é o maior patrimônio de uma dama. Quando esta crença foi estourada, todas as outras passaram a ser questionadas também.
Sua beleza, suas amizades e sua facilidade para aprender e conceituar seu aprendizado, lhe permitiu aprender, em um período de tempo relativamente curto, a falar razoavelmente bem francês, inglês e italiano, além de sua língua nativa, o espanhol. Depois de dois anos, voltou a Nicarágua poliglota e rapidamente lhe foi oferecido um emprego no governo, na área de comércio exterior. Ela recusou o convite e voltou para Paris onde trabalhou em uma feira de exposições. Sua boa aparência, elegância e seu domínio de várias línguas, somados aos contatos importantes que fez na referida feira lhe renderam um convite para trabalhar na Embaixada Nicaragüense.
Passou a ter maior contato com uma parcela da elite parisiense, freqüentando festas da moda e mantendo amizades com os radicais- chiques da cidade. Mudou-se para Londres por um período onde acabou conhecendo e namorando Michael Caine. Sua insegurança acabou atrapalhando o relacionamento e Bianca preferiu voltar a Paris. Foi contratada para trabalhar para a gravadora Barclay, onde passou a ser vista acompanhando o patrão Eddie Barclay. Depois de um tempo, ele passou a apresentar Bianca como sendo sua noiva. Quando ela conhece Jagger na festa, ambos viram no outro uma variação de si mesmos.
Não Sobrou mais Stones Para As Groupies
Depois de consumarem a atração em Roma, a visível seriedade no relacionamento entre Mick e Bianca causou ondas entre todas as mulheres que costumeiramente rondam a banda. Estando Charlie com Shirley, Keith com Anita, Bill com Astrid, Mick Taylor com Rose e agora Mick Jagger com Bianca, não sobrou mais nenhum Rolling Stone para as groupies. Ao que parece, as artimanhas sexuais nesta excursão ficaram por conta dos dois texanos, Bobby Keys e Jim Price. De todas as mulheres, nenhuma se sentiu mais ameaçada do que Anita Pallenberg. Ela que reinava absoluta como centro das atenções, percebeu rapidamente que poderia perder seu status para a nova musa de Jagger.
Mick e Bianca na Itália
Mick e Bianca na Itália

O casal Mick e Bianca passou a ser inseparável, ficando quase impossível trocar duas palavras com Jagger. Todo o seu tempo e toda sua atenção estavam dedicados a Bianca. Os paparazzis logo passaram a tentar invadir a privacidade do casal a cada oportunidade. Não é portanto de se estranhar o fato de ter havido incidentes com a imprensa.
Em um dos tais incidentes, Jagger enfurecido pelo invasor inoportuno, agride o fotógrafo com um soco no nariz. Processado, Jagger teve que pagar uma multa de $1.400 pela indisciplina. Em outra ocasião, desta vez em Hamburgo, um segurança particular acaba destruindo uma máquina fotográfica de alguém. Tudo serviu apenas como ainda mais promoção em torno do novo casal do jet-set europeu.
Bianca não tinha intenção de causar problemas, mas Anita, sentindo-se ameaçada, logo começou a causá-los. Passou a ter por hábito pedir emprestado algumas roupas de Bianca. Usava e depois não devolvia, deixando-as jogadas pelo chão do quarto ou banheiro de sua suíte. Como ela estava diariamente injetando heroína na veia, coisas triviais como tomar banho passaram a perder importância. Nas poucas vezes que Anita devolveu alguma roupa emprestada, a peça estava tão fedida que Bianca com nojo era obrigada a jogar fora. Anita com um sorriso sarcástico comenta com a Janice como está sendo bom ter Bianca nesta excursão. Ela, Anita, nunca mais precisou desfazer e refazer suas malas. Bianca evidentemente estava puta da vida, mas se encontrava em uma posição politicamente sutil. Seus anos trabalhando em embaixadas lhe deram tarimba para entender bem como ações precisam ser tratadas com sutileza. Ela não queria causar um incidente que obrigasse Mick a ter que se posicionar contra Keith.
Bill Wyman e Keith Richard
Bill Wyman e Keith Richard

Mesmo assim, ela sabe que precisa se impor de algum modo. Mick entende o que está se passando e pede a Keith pra ver se Anita se comporta. Mas Keith despacha a questão retrucando que Mick sabe quem é a peça e ficou o dito pelo o não dito. Na verdade, Keith também odeia Bianca, possivelmente movido pelo ciúme de ver as atenções de seu amigão ser totalmente absorvido por essa estranha. Aos seus olhos, Keith enxerga Bianca como uma pessoa esnobe, pretensiosa, careta e totalmente fora dos padrões rock´n'roll. Ele quer mais que Mick coma, se satisfaça e passe logo para outra. Quanto menos Bianca ficar circulando entre eles, melhor.
Etapa Final da Excursão
Badalações à parte, a presença dos Rolling Stones nas cidades muitas vezes obrigava a polícia a apelar para a violência para conter a fúria dos fãs aglomerados em massa. Destes, alguns sem conseguir ingressos, tendiam a ficar insatisfeitos e propensos a causar problemas. Em Milão por exemplo, a polícia achou necessário dispersar a multidão com gás lacrimogêneo. O tour terminou dia 9 de outubro na Holanda em um show que teve participações especiais de Stephen Stills e Leon Russell.
Janis Joplin
Janis Joplin

A excursão computou um lucro total de $200mil, porém as despesas, graças ao palco, custaram $250mil. Toda a banda e companhia voltam para Inglaterra cansados e querendo apenas descansar. Parecia insano pensar que estariam na semana seguinte se reunindo no Olympic Studios para trabalhar em novas músicas. Entre o início da excursão no final de agosto e sua conclusão, agora em outubro, morreram Jimi Hendrix e Janis Joplin. É lançado finalmente na Europa por volta desta mesma época o filme Monterey Pop registrando o festival de Monterey realizado no verão de 1967. Sentimentos mistos entre alegria e tristeza para o público que assiste pela primeira vez esta película. Nela estão contidas imagens vívidas de artistas amados como Otis Redding, Brian Jones, Jimi Hendrix e Janis Joplin, todos os quatro já falecidos, os dois últimos a menos de duas semanas.
Chegando no aeroporto londrino, a imprensa está toda curiosa querendo algumas imagens e palavras desta mulher misteriosa que roubou o coração de Mick Jagger. Com microfones apontados para ela, Bianca apenas diz, "Não tenho nome. Não sei inglês." Enquanto Jagger, com um sorriso sarcástico afirma, "Somos apenas bons amigos." Estão morando agora na casa de campo em Stargroves, Mick, Bianca e os empregados, incluindo Janice, que não consegue deixar de ser encantada pela beleza e postura extremamente elegante de Bianca, ao mesmo tempo em que achava hilárias as sacanagens aprontadas por Anita contra ela.
Os Rolling Stones passam o restante de outubro trabalhando em algumas composições novas e outras mais trabalhadas. Estas sessões foram realizadas no estúdio de Stargroves com a ajuda do Rolling Stone Mobile Unit. Dentre o material ensaiado e gravado estão "Hide Your Love", "Red House", "Potted Shrimp", "Bitch", "Sweet Black Angel", "All Down The Line", "Aladdin Story", agora com Bobby Keys e Nicky Hopkins, "Shake Your Hips" e "Stop Breaking Down" com Ian Stewart e "Good Time Woman" com letra alternativa. Ian Stewart e Bobby Keys também adicionam suas partes em "Sweet Virginia".
Karis
Na primeira semana de novembro, Marsha Hunt liga do hospital para Mick, lhe informando que o bebê nasceu. Secretamente, sem Bianca saber, ele foi apanhá-la de Bentley quando Marsha e a criança receberam alta. Mick Jagger era agora pai de uma menina que foi chamada de Karis Hunt. Mick e Marsha passaram algumas horas celebrando o nascimento da infante. Depois ele voltou para casa. Mick contou para Bianca sobre o nascimento de Karis e apesar da notícia ser inesperada, ela trata o assunto com muita serenidade.
Marsha Hunt
Marsha Hunt

Marsha em parte estava triste pela covardia de Mick. A criança não foi um acidente, como depois se tentou especular. Eles conversaram a respeito de querer um filho e então esta criança foi gerada. Contudo Marsha percebeu mais tarde que Mick estava intimidado pela responsabilidade, concluindo que não conhecia direito a pessoa que pensava que gostava. Neste dia, Marsha se despede de Mick explicando que ela não tinha tempo para suas inseguranças. Suas últimas palavras para Mick foram, "Eu cuidarei de minha criança." Mick nunca mais viu Karis em pessoa durante a infância.
Tempos depois Marsha iria aparecer em um programa de televisão falando de sua criança e de como é criar uma filha sozinha sem uma figura paterna dentro de casa. Com muita firmeza ela dispensa qualquer teoria de abandono nem tampouco, em momento algum, anuncia quem é de fato o pai.
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A carreira de cantora de Marsha seguiria com ela trabalhando arduamente com os produtores Kit Lambert e Gus Dudgeon em seu disco de estréia. O álbum, quando finalmente saiu em setembro de 1971, mostrou uma lista de músicos que continha os nomes de Pete Townshend, Marc Bolan, Ronnie Wood, Kenny Jones, Rick Wakeman, Maynard Ferguson, Doris Troy, e Madeleine Bell. Logo ela estaria virando suas atenções para o cinema participando do filme "Dracula A.D. 1972" com Christopher Lee, Peter Cushing e a banda Stoneground.
Em julho de 1973, Marsha daria entrada em um processo para que Mick Jagger seja oficialmente declarado o pai. Depois de testes sangüíneos provarem o fato que todos já sabiam, dada a similaridade facial entre a criança e Mick, ela ganharia o pleito e passaria a receber uma assistência financeira, mesmo que mínima, para cuidar das necessidades de Karis. A menina, a partir dos três anos de idade, passa a ser reconhecida como Karis Hunt Jagger.
Novembro
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Além do primeiro bebê de Mick Jagger, outra surpresa nasce no início de novembro. É a Warner Bros. que finalmente lança o compacto "Memo From Turner" (Jagger-Richard) / "Natural Magic" (Ry Cooder), que faz parte da trilha sonora do filme Performance que ainda está para ser lançado. O álbum com toda a trilha sonora também chega as lojas, porém sem ficha-técnica. Sabe-se que além de Mick Jagger e Ry Cooder, há participações do americano Randy Newman e da cantora folk Buffy St. Marie.
Dinheiro continuava sendo um problema. Entre telegramas para Klein exigindo depósitos de verbas, assim como pagamento de contas já em atraso, os cinco Stones apelam para empréstimos bancários. O Leopold Joseph Bank recebe solicitação e concede empréstimos em valores de £10.000 pra cima, a cada membro individual da banda.
Bill Wyman foi assistir Muddy Waters tocando em um bar perto de sua casa. Não havendo lugares, Wyman sentou no chão. Waters ao reconhecê-lo abriu um enorme sorriso. Ele então contou ao público que estava feliz por ver um Stone lá e que se não fosse pelos Rolling Stones, nenhum garoto branco nos Estados Unidos iria conhecer a sua música ou a de seus colegas bluesmen. Wyman tenta disfarçar o enorme orgulho que sentiu neste momento.
Back To The Roots - John Mayall
Back To The Roots - John Mayall

Estando os Rolling Stones agora sem compromissos agendados até o ano seguinte, Mick Taylor acaba aceitando participar da gravação do próximo álbum de John Mayall. Em dez dias, as gravações do disco, que seria chamado de "Back To The Roots", teria como banda base: John Mayall (voc, pno, org, gtr, gaita, perc), Mick Taylor (gtr), Larry Taylor (bxo) e Keef Hartley (bta).
Jagger e Bianca passaram a parte final do mês de novembro nas Bahamas. Chegando Thanksgiving Day - Dia de Ação de Graças, um importante feriado americano, o casal passou o dia na casa de Ahmet Ertegun em Nassau, capital do país. Em meio à festiva ceia, os detalhes finais entre os Rolling Stones e a Atlantic Records estavam sendo concluídos.
Dezembro
Dia seis de dezembro, exatamente um ano após o ocorrido, é lançado o filme "Gimmie Shelter" que ajudou a quebrar a imagem da geração paz e amor criada por filmes como Easy Rider e Woodstock. Muito bem editado por Charlotte Zwerin que ganha crédito de co-diretora, o filme inclui as seguintes apresentações e locais:
- Jumping Jack Flash -New York 28.11.69, 1º show 
- Satisfaction -New York 28.11.69 1º + 2º show (editados) 
- You Got To Move (Fred McDowell-Rev. Gary Davis) - Muscle Shoals, Alabama 12/69 
- Wild Horses (pt.) (Mick Jagger/Keith Richards) - Alabama l2/69 
- Brown Sugar (pt.)(Mick Jagger/Keith Richards)- Alabama 12/69 
- Love In Vain (Robert Johnson) - imagem: New York, 27 ou 28.11.69; som: Baltimore 26.11.69
- Honky Tonk Women -New York 28.11.69, 2º show + New York 27.11.69 (editado) 
- Street Fighting Man -New York 28.11.69, 2º show 
- Sympathy For The Devil 1 -Altamont 6.12.69 
- Sympathy For The Devil 2 -Altamont 6.l2.69 
- Under My Thumb 2 -Altamont 6.12.69 
- Street Fighting Man -Altamont 6.12.69 
- Gimme Shelter -Altamont 6.12.69

No aniversário de Keith, dia 18, trabalharam no estúdio com material gravado no Alabama. "Brown Sugar", "Wild Horses", "You Gotta Move" e "Dead Flowers", todos tiveram adicionados detalhes como piano. Depois Bobby Keys, Al Kooper, Eric Clapton e George Harrison chegariam. Os rapazes então gravam uma nova versão de "Brown Sugar" com todos presentes, menos Harrison, que só assiste. A versão é tão boa que Keith cogita usá-la no disco. Porém mais tarde conclui que a bateria de Charlie Watts está melhor na outra. No dia seguinte, Mick e Marianne se apresentaram em Marlborough Street Magistrate Court, onde foram considerados oficialmente inocentes na acusação de posse de narcóticos.
Durante compras natalinas, Mick Jagger encontra-se por acaso em uma loja de roupas com sua ex-namorada Chrissie Shrimpton. Ela lhe informa que teve recentemente um bebê, Mick confessando que ele também. A notícia de que Mick Jagger é o pai da filha de Marsha Hunt continua teoricamente um segredo embora houvesse boatos que comentem o assunto. O segredo iria continuar por mais dois anos.
A Guerra Não Declarada de Anita
Tentando criar condições para uma paz, acreditando que bastasse se conhecer melhor para se resolver as diferenças, Mick convence Keith a promover programas juntos, obrigando assim, Bianca e Anita a ocuparem o mesmo espaço. Como geralmente acontecia nessas ocasiões, os homens vão para um canto da casa conversar sobre negócios ou música e as mulheres, como faziam Anita e Marianne antes, teoricamente iriam socializar. Mas Anita geralmente não suportava o ar esnobe de Bianca e se retirava do recinto deixando-a sozinha.
Anita intensificou sua campanha contra Bianca. Conspirou contra com todos os amigos dentro do círculo interno do grupo. Jurou que se não conseguirem se livrar dela, Bianca irá acabar com os Rolling Stones como Linda Eastman acabou com os Beatles! Embora esta afirmação possa soar estranho hoje em dia, onde o mártir da vez é Yoko Ono, esta é uma corrente de pensamento que existia na época, uma vez que foi Paul quem anunciou deixar a banda. Esta versão ganhava recente popularidade depois da entrevista com John Lennon publicada na revista Rolling Stone. Mais tarde a entrevista, praticamente na íntegra, seria editada em formato de livro com o titulo de Lennon Remembers (no Brasil, "Lembranças de Lennon").
Apesar da incansável campanha contra seu desafeto, os modos elegantes de Bianca e seu comportamento exemplar em público em qualquer situação ganharam simpatizantes até mesmo entre os amigos de Anita e ela aos poucos viu que estava tentando lutar uma batalha já perdida. Bianca aparentemente é feita de ferro e nunca demonstrou para ninguém insegurança ou dúvida. Toda agitação dentro da "Família Rolling Stones" que Anita tentou causar em sua política anti-Bianca, somente deixou o casal Mick e Bianca ainda mais unido.
Anita aos poucos se retira de cena, sumindo quase que por completo dos olhos dos amigos e do mundo. Aqui reacendem algumas perguntas quanto sua possível adoração por Mick Jagger e planos de eventualmente querer ficar com ele. Uma estudiosa de magia negra, Anita fez uso de todos os seus poderes contra Bianca e nada conseguiu. Derrotada, Anita passou a fazer cada vez mais uso de heroína. Alguns associam a ordem dos eventos cogitando que Anita passara a usar a droga para substituir sua frustração em relação à Bianca. Injetando-se rotineiramente, seu gosto por se vestir e aparecer socialmente cessara por completo.
Warner Lança Performance
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Com quase três anos de atraso, a Warner Brothers finalmente lança em circuito comercial o filme "Performance", que chega à Inglaterra no dia 4 de janeiro. Keith e Anita freqüentam a estréia mas Mick, preso num avião sem condições de aterrisar por causa da neblina, não chega a tempo.
O filme seria censurado em vários países e teria outras tantas edições, variando em que parte do mundo você o assista. Independente destas variações feitas pela censura individual de certos países, a versão oficial da Warner chegou às salas de projeção tão editado, que muitas das seqüências picantes que sobreviveram aos cortes, perdem sua lógica natural na história, parecendo gratuitas e indiscriminadas.
Houve mais revolta entre os envolvidos no projeto do que satisfação por este produto final entregue ao público. Estes episódios infelizes nos dois filmes em que participara, manteria Jagger longe de qualquer maior investimento como ator por muitos anos.

Cartel Da Cevada - Cartel Da Cevada

Por Pedro Lucas Sousa

“Cartel Da Cevada... significa rock and roll. Sim, direto, sincero e sem frescuras”.



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Quando recebo o primeiro álbum dessa banda de Porto Alegre é essa a mensagem que eu encontro. E sem sombra de dúvidas esses caras sabem como fazer um bom rock and roll com o pé no legado de bandas como Black Sabbath,AC/DC, Black Label Society e Kiss e a brasileira Velhas Virgens. Se você procura letras sobre religião ou política é melhor procurar em outro lugar, por que o que temos aqui é uma ótima trilha sonora para uma festa regada a muita cerveja (muita, muita mesmo) e Rock and Roll bem feito!
A banda completa este ano seis anos de estrada, sendo bem recebida nas noites de Porto Alegre e agora lança seu primeiro trabalho, excelente tanto pelas músicas quanto pela produção. O CD vem em uma capa simples de papelão e vendido pelo preço de cinco reais (que já vem impresso na capa), uma maneira criativa e inteligente de combater apirataria e ainda permitir que mais pessoas tenham acesso.
O álbum é festa do começo ao fim, já começando pelos riffs simples e pesados (mas bem feitos) de “A Puta Mais Feia”, logo seguida por “Elas por Elas” que conta com uma bem vinda participação de Paulão Carvalho,vocalista e líder do Velhas Virgens. De fato, vai direto ao ponto e sem frescuras, abordando temas do cotidiano como sexo, diversão e bebedeiras.
O quarteto formado por Igor Assunção (vocais e guitarra), Nando Rosa (guitarra), Samuel Sbaraini (bateria) e Richard Zimmer (baixo) mostra que veio para ficar com um trabalho contagiante que dá vontade de conferir futuros trabalhos. Indicado para os beberrões e mulherengos de plantão!
Track List:
01-A Puta mais Feia
02-Elas por Elas
03-Chokin (With a Beef)
04-Azar, Eu vou Querer
05-Caminhoneira
06-Nigga Bigga Jairo
07-Lisérgico, Safado, Doidão
08-Brujeria
09-Aprecie Sem Moderação
10-O Diabo é da Fronteira
11-Cartel da Cevada

II - Xerath


E aqui está um dos discos que eu estava com mais expectativa para que saísse logo. Pra quem gostou do primeiro disco do Xerath (intitulado I), não espere algo muito semelhante em seu segundo trabalho, pois a sonoridade da banda mudou bastante, podemos dizer que progrediu e amadureceu dentro dos parâmetros do estilo que a banda fazia, que é totalmente peculiar, diga-se de passagem. Digo isso pois o Groove Metal é naturalmente um estilo sujo e agressivo, algo sem muita técnica e perfeição, e o Xerath fez um contraste ao misturar tal gênero com o Progressivo, que além de acrescentar características musicais mais complexas à sonoridade do grupo, aumenta de uma maneira muito significativa a técnica de riffs e harmonias instrumentais.



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E isso sem contar o acréscimo de temas sinfônicos e orquestrados às músicas, coisa que acentua mais ainda o conceito de "peculiar" citado por mim acima. Mas bom, agora fazendo breves comparações com seu primeiro disco: os vocais estão bem diferentes, os guturais estão mais agudos e extremamente gritados e agressivos, a base do instrumental não mudou, apenas amadureceu e deu mais ênfase à técnica, com riffs totalmente técnicos e velozes com tempos quebrados e complexos.
A bateria mantém ritmos complexos, muitas vezes velozes pedais duplos com um andamento dificílimo, e o baixo abusa do peso e agressividade e do groove para fazer harmonias violentíssimas. Em relação às orquestras, em II temos um pouco de carência das mesmas em certas músicas, mas que não deixam de aparecer, pois o principal contraste é feito por orquestras e a agressividade desse Groove Metal extremamente técnico com os vocais apedrejadores.
Mas apesar da banda fazer um Groove muito diferente do tradicional - a guitarra segura essa marca com os timbres sujos e pesados -, de vez em quando podemos perceber certos "deslizes" remetendo fortemente ao clássico, tais como o uso de um vocal limpo "desleixado", riffs sujos e simples e outros fatores. Se você já achava o primeiro disco da banda bom, é só escutar esse que terá o Xerath como sua banda preferida (risos)!
1. Unite to Defy - 05:24
2. God of the Frontlines - 04:37
3. Reform III - 04:36
4. The Call to Arms - 05:52
5. Machine Insurgency - 04:55
6. Sworn to Sacrifice - 04:44
7. Enemy Incited Armageddon - 07:24
8. Nuclear Self Eradication - 05:29
9. Numbered Among the Dead - 04:36
10. The Glorious Death - 08:34

Michael Pitman - Drums
Owain Williams - Guitars, Bass
Richard Thomson - Vocals
Chris Clarke - Bass
Fonte desta matéria: ocaralhoa4.blogspot.com