22 de abril de 2011

Geração Maldita - The Doom Generation - 1995








Intenso e violento, "Doom - Geração Maldita" é um filme sobre as loucuras regadas à droga e sexo do jovem Jordan White (James Duval), da garota Amy Blue (Rose McGowan) e do desocupado Xavier Red (Johnathon Schaech). Percurso de três adolescentes por uma América infernal, Geração Maldita é considerado a versão adolescente de “Assassinos por Natureza”, tendo em sua trilha sonora bandas cultuadas dos anos 90 (como Nine Inch Nails, Coil, Jesus and Mary Chain, Cocteau Twins, entre outros) e um visual bizarro.
Amy, uma linda adolescente, e seu ingênuo namorado Jordan entram num mundo de violência quando conhecem o enigmático e sensual Xavier, que acaba levando o casal a um poço cada vez mais fundo de perigo e selvageria. Tudo começa quando ele estoura a cabeça de um atendente numa loja de conveniência. Viajando pelas estradas americanas, as coisas perdem totalmente o controle, pois, a toda hora que param para comer, alguém acaba sendo morto. Enquanto prosseguem, Amy começa a ir para a cama também com Xavier, formando um triângulo sexual cada vez mais doentio, intenso e desesperado, explodindo num final devastador.O diretor Gregg Araki gosta de teenagers porque, segundo ele, "há algo de monumental e excessivo nos seus hormonas enlouquecidos - eles vivem e morrem dez vezes por dia".



Parte 32 - Injetando Mudanças


Keith começou sua manhã com cocaína e uma garrafa de Old Charter, antes de se encontrar com Mick Taylor e Charlie Watts, pegando com eles um avião mais tarde para Inglaterra. Antes de ir embora, deixa com Gram Parsons uma cópia da música "Wild Horses" para que os Flying Burrito Brothers possam gravá-la. Em troca, pedem que Sneaky Pete, seu especialista em pedal steel, grave sua parte na versão dos Stones.


Casamento Pagão
Ao chegar em casa, Keith liga para seus advogados para ficar sabendo que Anita teve seu passaporte italiano confiscado e que o governo inglês ameaça deportá-la caso ela não se case com algum cidadão inglês. A situação lhe pareceu absurda e ambos têm ojeriza à idéia de serem forçados pela lei a se casarem. Keith ao falar com a imprensa é categórico em dizer que casar ou não casar não lhe faz a mínima diferença. Todavia a intimidação para o matrimônio forçado por uma posição política tira todo o desejo pelo casamento.
Apesar deste discurso, havia aqueles dentro do círculo interno dos Rolling Stones suspeitando que Anita não queria casar por estar interessada em se amigar agora com Mick Jagger. Esta hipótese, embora sempre vaga, nunca convence como sendo totalmente absurda. Kenneth Anger estava morando com eles em Cheyne Walk e sugere então, como solução ao problema, um casamento pagão, segundo a seita de sua ordem. A idéia foi aceita, porém, ao assistir os preparativos feitos por Anger para a cerimônia, Keith desiste da idéia e o evento não se realizou. É pouco provável porém, caso fosse realizado, que o governo inglês reconhecesse tal cerimônia como legal para efeito de imigração.
Get Yer Ya-Ya's Out
Jagger chegou em Londres, vindo de Genebra no dia seguinte. À noite se reuniu com a banda no Olympic Studios para trabalharem nas fitas gravadas no Alabama. As sessões dos próximos dois dias foram dedicadas a overdub e mixagem das fitas ao vivo para o álbum "Get Yer Ya-Ya's Out." Com o disco pirata "LiveR Than You'll Ever Be" na memória, se tornou imperativo que os Rolling Stones lançassem um disco ao vivo oficial com toda a qualidade sonora possível. O filme "Gimmie Shelter" estava programado para ser lançado em maio, um mês antes de Woodstock. O álbum teria que estar pronto e nas lojas no mesmo tempo.
Críticas aos Stones
Passada uma semana desde o Festival de Altamont, as críticas estavam em seu auge. A revista Rolling Stone lançou uma edição praticamente toda dedicada ao festival e criticou os Stones de todas as maneiras e formas possíveis pela realização do evento de forma tão precária. Nela consta uma entrevista com David Crosby, que foi votada por muitos como a que melhor definiu o evento.
Imagem

Diz Crosby: "Acho que os Rolling Stones ainda estão em 1965. Eles não sabem que uma força para segurança não é mais uma necessidade. Não eram necessários os Hell's Angels. Não estou falando mal deles, até mesmo porque não é saudável, e afinal, eles apenas fizeram o que se espera deles. Os Stones não conhecem os Hell's Angels. Para eles, os Angels é um meio caminho entre Peter Fonda e Denis Hooper e isto não é a realidade... Não considero os Angels o principal erro. Apenas o mais óbvio. Considero o principal erro sendo pegar o que essencialmente seria uma festa e transformá-la em uma ego trip. (...) Tenho certeza que eles não entenderam o que eles fizeram no último sábado. Acredito que eles tem uma visão exagerada de sua importância. Acho que eles estão numa ego trip grotesca. Uma trip essencialmente negativa, principalmente seus dois líderes. Conversei várias vezes com o pessoal dos Stones. Eu os considero esnobes."
Bill Graham também falou com a imprensa, acusando Mick Jagger de negligência profissional, dentre outras tantas coisas. Várias frentes falaram mal dos Stones e do evento. Ate hoje o nome Altamont é lembrado mais pelo concerto do que qualquer corrida de automóveis. Jagger processou a Sears Point Internacional Raceway em $10 milhões por quebra de contrato e os fazendeiros da região de Altamont processaram a Rolling Stones Promotions em $900 mil por perdas e danos. Dick Carter, o dono do Altamont Raceway, também processou os Stones. Ele emprestou o local gratuitamente imaginando que a divulgação do evento traria publicidade, rendendo assim, futuras promoções lucrativas. De fato, todo o mundo passou a conhecer o nome Altamont. Porém a idéia não funcionou exatamente como ele imaginara.
Houve dois nascimentos e quatro mortes, dois por atropelamento e um por esfaqueamento. Em relação ao último, o caso de Meredith Hunter, a polícia pediu as cenas filmadas do concerto para analisarem o incidente. As imagens do assassinato capturadas pelas lentes da equipe de filmagem foram utilizadas durante o julgamento de Alan David Passaro, o Hell's Angel identificado como quem esfaqueou Hunter. As imagens porém não foram o suficiente para derrubar a teoria de que Passaro agira em defesa própria. Em 14 de janeiro de 1971, a Alameda County Supreme Court declarou o rapaz inocente de sua acusação.
Gimmie Shelter - o Filme
Os Rolling Stones pagaram aos irmãos Albert e David Maysles $14.000 para filmar os três shows no Madison Square Garden. As cenas na Flórida ficaram por conta, uma vez que os Stones não solicitaram aquelas imagens. Os diretores sim, estavam empolgados com a excursão e foram juntos filmando muito do que acabou nunca sendo usado. Os Stones porém custearam despesas de transporte da equipe e comida na Flórida. Uma vez que o Festival de Altamont foi confirmado, foram pagos aos diretores outros $129.000 para filmá-lo. Isto possibilitou a contratação de uma equipe maior para registrar vários aspectos do festival, cobrindo toda a área, várias destas cenas ainda inéditas. A título de curiosidade, dentre as pessoas da equipe de filmagem estavam os ainda desconhecidos George Lucas, Stephen Lighthill e Walter Murch. Dentre os próximos dois anos, estes três estariam juntos trabalhando no filme "THX 1138", o primeiro longa-metragem dirigido por George Lucas.
A edição final do filme foi apropriadamente chamada de "Gimmie Shelter". Em sua conclusão, os Stones em um estúdio, assistem em câmara lenta as cenas captadas do assassinato e opinam. Com números finais apontando para 850 feridos e quatro mortos - dois por atropelamento, um afogado e outro esfaqueado - a conclusão geral é que o evento serviu como exemplo de organização apressada e extremamente falha. O filme porém chamou muita atenção. Inteligentemente editado por Charlotte Zwerin, que ganharia crédito de co-diretor, o filme chocou como documentário ao mesmo tempo em que evitou jogar culpas aleatoriamente. Sua cena final convida o público a julgar por si. Os Hell's Angels culparam Mick Jagger e ele passou a serpersona non grata dentro da organização. Isto não afetou muito a sua vida.
A Máquina Não Pode Parar
Aparentemente incansável, Jagger estava negociando shows para uma excursão completa na Europa. A idéia seria de gravar o próximo álbum em fevereiro e excursionar em maio. Na verdade, a banda só iria excursionar novamente em setembro. Mas Jagger quer tocar logo na Inglaterra, para não terminar o ano com Altamont sendo o último show da banda e na lembrança de todos. A excursão americana foi um sucesso financeiro e quebrou recordes de público em vários lugares. E mais importante ainda, a banda tocou muito bem, mostrando que os Rolling Stones conseguiram adaptar-se às exigências modernas de um show ao vivo, apesar dos atrasos. Todavia, justo ou não, aquela excursão acabaria sendo lembrada prioritariamente pelas infelicidades de Altamont.
Imagem

A banda passa o dia 12 de dezembro na BBC, munida com um rolo de fita gravado sem as vozes. Apresentam três canções para as câmeras em play-back, sendo ao vivo apenas a voz de Jagger. "Gimme Shelter" seria apresentado no programa 'Pop Go The Sixties' no dia 19, "Honky Tonk Women" iria ao ar no dia de Natal no programa 'Top Of The Pops', e "Let It Bleed," faria parte do programa 'Ten Years Of What?', que vai ao ar no dia 28.
Dois dias depois destas gravações, os Rolling Stones deram seu primeiro show completo na Inglaterra desde 1966. Na verdade dois shows, um à tarde e outro à noite, ambos realizados no Saville Theatre em Londres. Essas duas apresentações foram filmadas e segmentos seriam usados em programas televisivos. "Satisfaction" tirado do segundo show foi o primeiro a ser usado, aparecendo no programa 'Supernight Of Rock n' Roll' no dia 31 do mês.
Outros dois shows no Lyceum seriam realizados no dia 21. O repertório era basicamente o mesmo, menos as canções "I'm Free", "You Gotta Move" e "Sympathy For The Devil," definitivamente abandonadas.
Roma e Nicholas
A vida em Roma estava perfeita para Marianne, que agora com Mario sempre ao seu lado, tinha um homem todo para ela. Chega de ter que dividir atenções com zilhões de fãs e a imprensa escrita e falada. Mario, que herdara sua fortuna da família, não sentia nenhuma necessidade de provar nada a ninguém. Ele estava feliz em passar os dias trepando com Marianne e cheirando cocaína.
Em Roma, Mario (no fundo ao volante), Marianne e Nicholas
Em Roma, Mario (no fundo ao volante), Marianne e Nicholas

No entanto Nicholas, filho de Marianne, não se adaptara tão bem a sua nova residência. Ele cresceu tendo Mick Jagger como padrasto e o amava como um pai. Nicholas pegou um casaco de peles da mãe presenteado por Mario e colocou-o na lareira. Assistiu o casaco queimar até ser pego pela babá. Marianne tomou isso como um sinal para passar a dar mais atenção ao seu filho. Percebendo a rejeição de Nicholas pela vida em Roma, Marianne resolve o problema passando o Natal na casa da avó Eva em Londres. Porém, para o desgosto do menino, trazendo Mario.
Um Presente Para Marianne
No dia 26 de dezembro, Mick liga para Marianne se propondo a uma visita. Desta forma, ele poderia dar seu presente de Natal em pessoa. Ao voltar da excursão, Mick andou telefonando e Marianne negou todo e qualquer tipo de condição para uma volta. Mick, com outras prioridades, parou de ligar e ela chegou a pensar que ele finalmente havia desistido. Portanto ao ligar novamente, Mick a pegou desprevenida e curiosa. Ao mesmo tempo, é normal entre os ingleses manter uma relação civilizada entre ex-casais. Marianne possivelmente viu o convite apenas como uma oportunidade para Mick discretamente conhecer Mario.
Imagem

Ao chegar, encontra apenas Marianne e Mario na sala perto da lareira. Nicholas e Eva, a avó do menino já haviam se deitado. O presente é uma pequena caixa prateada para rapé do século passado, abarrotado com cocaína da maior pureza. O presente traz sorrisos e os três adultos começam a cheirar. Não demorou muito e as risadas entre Mick e Marianne atiçam o ciúme do italiano Mario. Os dois homens não demoram em começar uma discussão. Mick falando logicamente e friamente, como um inglês, acusando Mario de roubar sua mulher enquanto ele estava viajando a trabalho. Mario, todo esquentado, falando alto e gesticulando muito, acusa Mick de manter diversos casos paralelos e tratar Marianne mal. Marianne apenas assiste, se deleitando com o fato de ter dois homens brigando por ela.
Quando a briga esquentara a ponto de acordar Nicholas que reconhece a voz do padrasto, Mick então convida Mario a ir lá fora onde resolveriam a questão 'como homens'. No entanto acabaram ficando ali no bate boca mesmo. Em dado momento, os dois olharam para Marianne, como que dando a ela o poder de escolher e encerrar a discussão. Marianne apenas sorri, segue para sua cama e sugere que o vencedor poderá tê-la. Tomou uma pílula para dormir e ao acordar Mick Jagger estava dormindo ao seu lado. Mario havia dormido no sofá ao lado da lareira. Com os primeiros raios de sol deixou a casa voltando para Roma e nunca mais procurou Marianne. Nicholas e Marianne voltam com Mick para sua residência em Cheyne Walk. Nunca mais o nome de Mario será mencionado.
1970 - A Nova Década
O ano de 1969 termina com todo o positivismo inicial sobre a chegada da 'Era de Aquário' agora posto em cheque. Se em agosto os momentos vividos durante o Festival de Woodstock são tidos como o ápice da contra-cultura e do Movimento Jovem, já em dezembro, menos de quatro meses depois, o Festival de Altamont colocou todos a rever suas conclusões. O ano de 1970, se apresenta como um ano para por a prova a tese da mudança na ordem. Havia ainda os ideais pacifistas, onde a luta é contra a atual política externa de certos países do primeiro mundo, que são diretamente responsáveis pelas guerras na África e Indochina.
No entanto, o movimento hippie como um todo sofre tremendo prejuízo quando prendem Charles Manson pela chacina coletiva de sete pessoas. Se Altamont foi o primeiro sinal para quebrar o sonho de harmonia absoluta através da anarquia, a conscientização de que Charles Manson se parece com qualquer outro jovem hippie pedindo carona pelas ruas da América acaba se tornando a facada derradeira na imagem do 'beautiful people.'
Charles Manson
Charles Manson

Manson traz para as pessoas mais conservadoras, que temem hippies e sua filosofia liberal, um atestado de que todos os seus temores são verídicos. De que o hippie é mesmo um sinônimo de comunistas alucinados que denigrem os fundamentos básicos para uma vida decente e digna do amor de Deus. Mas o pior é que os próprios hippies e todo o 'povo lindo' também começam a olhar para os seus vizinhos com desconfiança. Se antes não se podia confiar em ninguém acima dos trinta, agora se percebeu que não se podia confiar mais em ninguém. Em 1970, começaria o julgamento de Charles Manson.
A psique geral, principalmente nos Estados Unidos, entre os jovens que até então eram ativos em suas posturas políticas, começa a cair em uma apatia horrenda. Durante o governo Nixon, além da Guerra do Vietnã acontecendo do outro lado do mundo, havia uma guerra civil em plena batalha por todo o país. Onde jovens antes contentes em protestar contra a guerra e cantar hinos pacíficos, agora estão aptos a apoiar táticas de guerrilha. O Movimento Panteras Negras se torna efetivamente uma milícia que o FBI está empenhado em desmontar. Bandas ativamente políticas como MC5 são caçadas até serem encontrados dispositivos legais para encarcerá-las. John Lennon passaria a ser espionado pelos mesmos motivos, com intuito de expulsão do país. O governo de Nixon é um espelho da neurose de seu líder. Sua maior falha é a de olhar para o direito constitucional do cidadão de discordar e protestar sobre o que lhe desagrada, e associa-lo à atividade antiamericana.
É quando o governo desconfia de seu povo que o povo encontra motivos de desconfiar de seu governo. O resultado são diversos conflitos entre polícia e exército contra o povo. Guerra civil não declarada. Soldados assassinam quatro estudantes em Kent, Ohio, eclodindo em ainda mais insatisfação e incertezas no país. A mentalidade do Nós Contra Eles passa a englobar armamento para fins de sobrevivência. É o começo do fim. Este fim será mais claramente sinalizado com a reeleição de Richard Nixon em 1972. Vários radicais continuariam a lutar contra a Guerra do Vietnã e contra o Governo Nixon, contudo, após o escândalo de Watergate, o impeachment de Nixon e o início do Governo Ford, aos poucos, a pressão é aliviada e até estes partirão para outras coisas. Acaba a era do hippie e o movimento jovem. Inicia-se a era das diferentes tribos, onde cada um veste um uniforme. Surge a antítese do hippie, o punk, de cabelo curto, e sem ideologia pacifista, nem tempo para algo que não dê lucro ou resultados.
Entre uma coisa e a outra, até na música o ano de 1970 é distintamente diferente de tudo da década de sessenta. A cultura das drogas que inicialmente impulsionara o movimento jovem, abrindo as cabeças para um mundo de possibilidades, tornara-se agora um fim e não um meio. As drogas substituíram a liberdade, substituíram o próprio movimento. Alguns músicos lutarão para se limparem e se afastarem de drogas pesadas como heroína. Outros mergulharão de cabeça na onda, sem conseguir se livrar do repuxo da corrente. Entre julho de 1969 a 1971 irão morrer por instâncias com algum nível de envolvimento com drogas, nada menos do que Brian Jones, Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison. A música evidentemente sofre. Nasce a era de bandas como Bread, America, Chicago e The Carpenters. Como música alternativa, nasce o Glam Rock. Apatia musical, seu lar é a rádio AM. Rádios universitárias irão através do FM socorrer os ouvidos jovens da mesmice por volta de 1973.
Lownestein e Klein
A batalha para se livrar de Allen Klein iria começar pra valer. No dia 4 de fevereiro de 1970, Lowenstein se reuniu com os cinco integrantes do conjunto, cada um acompanhado por seu respectivo advogado, e expôs a realidade financeira da organização. Apesar de constar que levantaram aproximadamente $200.000.000 nestes sete anos de existência dos Rolling Stones, houve tantas despesas aleatórias sem registro, que muito do dinheiro sumiu sem vestígio contábil. Estavam em uma delicada situação onde não havia como os membros individuais da banda, nem tampouco a firma Rolling Stones, ter condições para pagar o imposto de renda devido ao governo. Simplesmente não havia dinheiro. Haviam traçado uma linha reta rumo à bancarrota, acumulando despesas bem acima de seus ganhos e devendo à Coroa uma soma alarmante em impostos atrasados. Para se ter uma idéia, fora o imposto na pessoa jurídica da firma Rolling Stones, só Mick e Keith acumularam juntos, cerca de £51.200 em impostos atrasados.
Para poder pagar suas dívidas, os Stones precisariam trabalhar para levantar o montante e economizar nas suas despesas. No entanto, o dinheiro que os Stones fizesse seria passível de novos impostos, impossibilitando qualquer real chance de quebrar o círculo vicioso. Aparentemente só havia uma saída. A solução seria a banda inteira se mudar da Inglaterra impreterivelmente antes do ano fiscal 1971-1972 começar. Os Rolling Stones terão que se tornar exilados por motivos de impostos de renda. Ainda neste ano de 1970, precisarão aguardar o final do contrato com a Decca em junho para encerrar relações com a gravadora, e ao mesmo tempo, não autorizar Klein a negociar outro contrato.
Quinze dias depois desta reunião, os quatro integrantes originais dos Rolling Stones descobrem que irão pagar um terrível preço por terem sido ingênuos quando fizeram seus contratos originais com Oldham, Easton e depois Klein. Além de toda a dificuldade que encontram para reaver o dinheiro que ganharam mas que permanece contratualmente retido com Allen Klein, descobrem agora que ABKCO é dona de todas fitas masters e direitos autorais de todas as gravações dos Rolling Stones lançados entre 1964-70 pela Decca. Assim, cada vez que se ouve "Satisfaction" na rádio ou TV, ou cada disco desses que se compra, quem está ganhando o dinheiro é ABKCO (Klein) e não os Rolling Stones.
No Estúdio
Durante os primeiros meses do ano, enquanto supervisionava-se as mixagens do disco ao vivo, a turma também participava de trabalhos alheios. Bill Wyman cuidava das gravações do próximo disco do The End, banda que produz e cuida como empresário. O escritório de Klein na ABKCO devolve finalmente os masters dos projetos solos de Brian Jones e Charlie Watts. O trabalho de Brian, 'The Pipes of Pan Joujouka' ficaria arquivado com os Stones por mais um ano enquanto a Rolling Stones Records ainda não deslancha. Mas 'The People Band', grupo de jazz produzido por Charlie Watts em outubro de 1968, é lançado finalmente em fevereiro pelo selo Transatlantic. Mick Taylor grava com Alexis Korner para o disco de estréia de Jack Grunsky chamado Toronto.
Olympic Sounds Studio
Olympic Sounds Studio

Entre março e maio, a banda passa a trabalhar em tempo integral em um novo álbum. Tanto Keith quanto Mick tem uma variedade de composições novas e dão vazão à criatividade montando um extenso catálogo de gravações registrando todas essas bases. Algumas canções recebem mais atenção do que outras. Um trio de engenheiros de som é usado, composto pelos irmãos Glyn e Andy Johns mais o colega Chris Kimsey. Dentre as canções gravadas estão títulos menos conhecidos como "Travelling Tiger", "Candlewick Bedspread", "Rock It", "Aladdin Stomp", "As Now", "Leather Jacket", e um instrumental chamado "Bent Green Needles." Este último, uma vez ganhando letra, passará a ser chamado de "Sweet Black Angel", porém por hora, será uma das menos trabalhadas. "Shine A Light" igualmente ficará para outra época, até ser aproveitada. Outro instrumental, "Dancing In The Light", tem Nicky Hopkins ao piano. Por último, "Good Time Woman", um riff originalmente de Mick, será mais tarde transformado em "Tumblin' Dice" depois de receber do vocalista uma letra.
Dentre as canções que receberam maior atenção, temos também o auxílio de uma pequena legião de amigos, que participam das gravações. Uma das primeiras a serem trabalhadas é "Bitch" e "I Got The Blues", que recebem de cara tratamento com um naipe de metais montado por Bobby Keys no sax e Jim Price no trompete. Billy Preston foi convidado, participando de "I Got The Blues" como também "Can't You Hear Me Knocking." Outros convidados são Rock Dijon nas congas e percussão e Ian Stewart nos pianos e teclados. Paul Buckmaster foi contratado para escrever os arranjos de cordas para "Moonlight Mile" e "Sway." Ao final de maio, entre versões consideradas prontas, faltando apenas mixagens, estão "Moonlight Mile", "I Got The Blues", "Can't You Hear Me Knocking", "Sway", "You Got To Move", "Brown Sugar", e "Dead Flowers."
Solidão e Remédio
Imagem

Keith estava feliz em estar de volta em casa. A vinda de Marlon fez uma grande diferença para sua vida e não havia lugar melhor do que perto de seu filho. No entanto, apesar de toda felicidade trazida por uma criança, não seria Marlon quem traria calma para a residência da família Richards. É possível que Keith tenha ficado um pouco inseguro vendo Anita jurar veementemente que não quer casar com ele. Mesmo que sendo por uma boa causa, ou seja, não dar esta satisfação para uma sociedade burocrata.
Durante sua ausência, Anita, em nome da solidão, tem feito um maior uso de heroína, geralmente misturada com um pouco de cocaína para evitar o enjôo que geralmente dá. Como quase sempre acontece quando alguém mantendo um relacionamento passa a usar heroína, tudo passa a circular em torno da droga. Logo, a outra pessoa no relacionamento se encontra em uma situação onde há apenas duas escolhas. Encerra a relação, ou se junta ao parceiro(a) e torna-se um viciado.
Pode lhe parecer lugar comum este raciocínio, todavia, se tratando de heroína, seguidos exemplos mostram que depois de toda a conversa de autocontrole e senhor de seu destino, no final, dentro de algum tempo, raramente mais do que dois anos, você está dependente a ponto de fazer qualquer coisa, usar qualquer pessoa, roubar/vender, para conseguir aquela dose. Torna-se uma questão de sobrevivência animal. Passa-se a viver em uma realidade onde o remédio é a doença.
Imagem

Anita consumia um terço de uma grama diariamente para evitar passar mal. Sendo assim, para economizar, ela já estava se injetando. Keith, vendo a situação, mas ainda extremamente apaixonado por ela, e querendo Marlon sempre por perto, não cogita se separar. Sempre o companheiro, no real sentido da palavra, Keith discretamente começa a usar heroína com maior freqüência. Dentro dos próximos meses, podia-se reparar mudanças no casal. Passavam a ficar cada vez mais com segredinhos particulares. Desconfianças com os empregados, mesmo os mais antigos. Aos poucos, foram recebendo menos visitas, mantendo cada vez menos amizades, e mesmo assim, as visitas que porventura aparecessem eram invariavelmente outros consumidores de heroína. Em tempo, Keith e Anita começariam a esconder papelotes de herô entre si, temendo que o outro pudesse roubar-lhe a preciosidade.
Para manter o estoque, Keith arrumou um fornecedor que ganhava a vida roubando farmácias. Lembrando que na Inglaterra, cocaína, morfina e heroína ainda podiam ser compradas legalmente com prescrição, seu estoque residia primordialmente nestes três produtos e mais barbitúricos.
Visando a Sobrevivência da Banda
Mick estava sofrendo enorme pressão neste inicio de ano. É plausível concluir que, em toda justiça aos fatos que vem acontecendo, assim como sem Brian Jones, os Rolling Stones nunca teriam existido e certamente não teriam se destacado com tanta personalidade e estilo dentre tantas outras bandas de sua época; sem Mick Jagger e sua visão realista tanto das exigências do show business quanto das viabilidades econômicas das mesmas, dificilmente a banda teria sobrevivido à saída de Brian e as articulações financeiras de Klein.
Acontecimentos Desta Primavera
Em março, finalmente estréia comercialmente dentro dos Estados Unidos o filme "One Plus One" de Goddard. A grande curiosidade na película é gerada pelas cenas contendo os Rolling Stones ensaiando a canção "Sympathy for the Devil". Visando lucrar ao máximo dentro do mercado americano, o produtor do filme Alan Quarrier muda o título do filme para "Sympathy for the Devil" e adiciona todas as cenas disponíveis dos Rolling Stones em detrimento do decurso lógico da história seqüencial do filme. Goddard não ficou feliz com esta manobra e os americanos acabaram assistindo um registro completo da gravação de um sucesso dos Rolling Stones em um filme cuja história ficara sem pé nem cabeça.
Cenas do filme Sympathy For The Devil
Cenas do filme Sympathy For The Devil
Também em março, Allen Klein é chamado pelo departamento fiscal americano e é formalmente acusado de sonegação. Sua multa foi calculada em $15 mil dólares. A Immediate Records, selo de Andrew Oldham, fecha suas portas no início de abril. E no final deste mês, Jo Bergman iria ligar para o desenhista americano John Pasche confirmando a encomenda de dois desenhos. Um pôster para a excursão européia a ser realizada em setembro e um símbolo para ser usado como logotipo do selo que a banda pretende lançar.
Durante o mês de maio saem as primeiras notícias envolvendo a fortuna deixada por Brian Jones. Aparentemente ele deixou uma dívida calculada em £191.707 retendo bens no valor de £33.787. Este valor não inclui todo seu investimento em tapetes persas, móveis antigos, jóias, e equipamentos eletrônicos, roubados junto com suas roupas, desaparecendo misteriosamente de sua residência dias após seu falecimento. Mesmo se não tivessem sido roubados, dificilmente mudaria o resumo da ópera. Brian Jones morreu completamente falido.
Um Lobo em Londres
Howlin
Howlin

A semana entre os dias 4 a 7 de maio foi dedicada a uma atividade diferente. Marshall Chess, de quem falaremos no próximo capítulo, trouxe Howlin' Wolf para gravar seu próximo disco em Londres. Este disco acabaria sendo lançado apenas no ano seguinte já pelo selo novo dos Rolling Stones. Nas sessões, afora o seu guitarrista Huber Suralin, trazido dos Estados Unidos, tocariam uma série de músicos ingleses. A banda base é formada por Charlie Watts, Bill Wyman, Steve Winwood e Eric Clapton. No entanto, participações incluem também Ringo Starr, Klaus Voorman e Ian Stewart.
Paralelamente às gravações realizadas no Olympic Studios à noite, Mick e Jo Bergman tiram alguns dias para procurar locais aonde a banda possa residir. Acompanhando os dois, Mick levou Marsha Hunt. Por uma questão de gosto pessoal, de toda a Europa, o local onde ele começa a procurar é a França. A preferência foi para o sul onde o inverno é mais ameno e a vista é para o Mediterrâneo.
Solidão e Malcriações
Durante as sessões, Marianne passa a telefonar constantemente choramingando sobre solidão. Ela está frágil e perdeu o hábito de esconder seus sentimentos. Um pouco como Chrissie antes dela, Marianne agora reclama e fala de tudo, telefonando histericamente para Mick, interrompendo constantemente sua concentração no estúdio. Algumas pessoas dentro do círculo começam a se questionar por quanto tempo isto iria continuar.
As sessões passaram para as tardes, deixando as noites livres para clubes ou eventos sociais. Jagger estava cada vez mais interessado nestas festas sociais, especialmente se o convidado tinha um título. Marianne, que por sinal realmente tem sangue azul, caga e anda para estas coisas. Neste momento de carência e depressão em que vive, ela se irrita com a pressão de Mick para participar destes tediosos encontros sociais, obrigando-a a perder horas estudando o que vestir. Coisa aliás que em outros tempos lhe dava enorme prazer, mas que agora lhe parece tão vã e inútil.
Para persuadi-lo a parar de chamá-la, durante um elegante jantar oferecido por David Brooke, o Earl de Warwick, realizado em seu castelo, apropriadamente chamado de The Warwick Castle, Marianne engoliu cinco cápsulas de Mandrax e desmaiou no prato de sopa. Depois de passar esta vergonha, Mick nunca mais insistiu que ela o acompanhasse.
Paquerando os Amigos
Marianne e Mick estão vivendo em mundos distintos, embora dividindo o mesmo teto. Marianne recomeça novamente a tomar heroína, além de suas habituais companheiras, as pílulas de Mandrax. Vive freqüentando a casa de amigo(a)s como Anita, Robert Frazer, Pamela Mayall e Andee Cohen. Volta a manter sua relação homossexual com Anita e Andee. Mick tenta ignorar o que está acontecendo, guardando suas energias para sua luta contra Klein e Decca. Jagger se diverte flertando com o guitarrista Mick Taylor, atraído pelo seu ar de inocência. Taylor ao entrar nos Rolling Stones tratava maconha como droga pesada. Agora Mick se diverte em ver o quanto ele consegue corromper o rapaz.
Comentários dão conta que Marianne chegou em casa certa tarde e encontrou os dois Micks deitados na cama, ambos completamente vestidos, porém tirando um cochilo juntos. Quando Jagger acordou, vendo a situação comprometedora em que foram encontrados, comentou com muita tranqüilidade que tomaram algo e devem ter apagado. Pouco se sabe de como realmente se deu e até onde foi o esforço de Jagger em corromper Taylor. Porém, até Rose Miller passaria a se queixar com Mick T sobre como ele anda passando tempo demais com o vocalista.
Relação Nas Últimas
Mick continua mantendo suas relações com Marsha Hunt, que está esperando um filho seu. Mick por vezes se imagina casando com ela, porém no fundo sabe que não a ama a esse ponto. Certa noite Mick começa a tocar no assunto tabu com Marianne, sobre sentimentos de frustração na relação. Questiona o porquê da eterna insatisfação que Marianne demonstra ter com sua vida. O debate, conforme foi ficando mais honesto e sincero quanto às razões das frustrações mútuas, foi igualmente escalando em volume por parte de seus dois participantes. Isto era uma reação extremamente rara, especialmente por parte de Mick Jagger.
No meio a sua análise de como e porque Marianne o havia deixado por outro homem enquanto ele estava na América a trabalho, Mick estava tão alterado que Marianne pela primeira vez sentiu medo de apanhar de seu namorado. Quando Mick percebeu o temor em seus olhos, se retraiu e rapidamente mudou de tática. Convidou Marianne a ouvir uma coisa especial, e ao botar uma fita para tocar, ela ouve em primeira mão o refrão "Wild horses couldn't drag me away" da canção "Wild Horses." Lágrimas inundam os seus olhos. É a primeira frase dita por ela depois de sua overdose ainda na Austrália.
Imagem

No final de junho é lançada a trilha sonora do filme "Ned Kelly", com Mick Jagger cantando a faixa principal, "The Wild Colonial Boy". A canção é um tema do folclore australiano, que aqui tem um arranjo de Shel Silverstein. Mick Jagger organiza a sessão mas empresta apenas sua voz a esta curiosa faixa. Buscando através da música a paz de espírito que sua vida doméstica atual não oferece, Mick Jagger se envolve em outro projeto, participando com sua voz e sua gaita em várias músicas para um futuro álbum do pianista americano de Nova Orleans, Dr. John.
Injetando Mudanças
Imagem

Marianne acalmou por algum tempo, mas seu vício chegara novamente ao ponto em que estava antes de seu coma. Ela se injetava com dois terços de um grama por dia e sempre andava com flagrante. Ahmet Ertegun, presidente da Atlantic Records voou até Londres para visitar Mick Jagger e adiantar ao máximo o acordo entre a banda e a gravadora. Vendo as condições de Marianne e reconhecendo imediatamente do que se tratava, Ahmet educadamente deixa claro que a sua companhia vai investir milhões de dólares na banda, e ele não pode arriscar que o projeto acabe por problemas paralelos. Mick entende o recado e sabe que mais cedo ou tarde, a polícia irá pegá-lo novamente por causa dela.
Marianne também entende a realidade dos fatos. Sabe que eles sempre serão visados. Então, em uma escolha consciente entre heroína e a vida de casal com Mick Jagger, optou pela primeira. Em maio, quando Jagger lhe explica que precisarão se mudar para a França, ela lhe informa que não irá com ele. Apesar de surpreso, Mick nada diz para fazê-la mudar de idéia. Acabou. No mesmo dia ela pega suas coisas, seu filho e se muda para a casa da mãe.
O contrato com a Decca termina no primeiro dia de julho e a gravadora sabe que perderá a banda uma vez que todos os esforços para iniciarem negociações para renovar encontram uma parede de indiferença. Os Stones consideram a Decca uma gravadora com uma gerência geriátrica, estagnada e totalmente sem imaginação. E a briga sobre a capa de "Beggar's Banquet" ainda não fora engolida por Jagger. No último dia de junho, Allen Klein recebe um telegrama assinado pelos cinco Rolling Stones informando que ele não tem mais autorização para representar a banda. Cópias de um anúncio geral são distribuídas para a imprensa confirmando o fato que nem Allen Klein, sua companhia ABKCO Inc., ou nenhuma outra firma, tinha mais algum poder para negociar qualquer contrato em nome dos Rolling Stones. Klein os processa e os Rolling Stones o contra processam. A batalha judicial começa.
A Decca igualmente faz a sua birra. Viraram a noite estudando o contrato procurando alguma brecha para poder segurá-los e a encontraram. Observando um detalhe em uma das cláusulas, Jagger é posteriormente informado que a banda tecnicamente deve a sua gravadora mais uma música inédita.
Janice
As gravações no Olympic Studio continuam até julho, agora tendo Jimmy Miller mais presente como produtor. Jimmy grava algumas percussões em algumas faixas e adicionam ao material "Sweet Virginia" e outro cover de Robert Johnson, "Stop Breaking Down." Glyn Johns recebia uma amiga americana que estava hospedada com ele, sua mulher e filho. O nome dela era Janice Kenner, que resolveu ficar na Inglaterra e pediu que Glyn, se pudesse, ajudasse-a a encontrar algum trabalho pela cidade. Durante uma sessão em julho, Glyn dá o aviso geral que ele conhece uma menina que está querendo trabalho. Jagger logo avisa que ele precisa de alguém para cuidar da casa mas quer conhecê-la primeiro. O relacionamento entre Mick e Marsha piorou depois da saída de Marianne de sua vida. Marsha percebeu logo que Mick não ia assumir o relacionamento com ela e sendo uma mulher extremamente independente, mandou ele pastar.
Glyn e Janice foram para a estréia do filme "Ned Kelly" no lugar de Mick que dispensou o programa. Sabendo que o filme era fraco, ele não queria estar lá onde provavelmente receberia apenas críticas e precisaria ficar se explicando. Depois do filme, Glyn leva Janice até o estúdio onde ela seria apresentada a toda banda e Jagger poderia dar sua conferida. Dentro do aquário do estúdio, a banda ouvia "Bitch". Jagger sabendo quem ela era e porque estava ali se chegou, ficando em pé bem na frente da menina sentada. Assim, passa a dançar rebolando os quadris pra frente e para trás com sua cintura bem na frente de Janice, os culhões de Jagger, a um palmo de distância do rosto da menina.
Janice sem saber onde enfiar a cara tentava olhar pros lados, pro chão. Jagger continuava dançando até que perguntou se ela sabia dançar. Janice responde positivamente e é então convidada a dançar com ele. Ela pensa um pouco, amedrontada com a idéia de dançar com Mick Jagger em frente a um bando de estranhos, mas acaba mandando seu medo às favas, se levantando e começando a dançar com ele, imediatamente sentindo a tensão no ambiente sumir. Baseados são acessos e ela aparentemente havia passado no "teste". Na sexta-feira, depois da terceira noite que Janice visita o estúdio, Jagger se oferece a lhe dar uma carona. No carro, antes de saírem, ele cavalheirescamente lhe pergunta, "Então querida, queres acordar na cidade ou no campo?" Janice sabendo muito bem que não é sempre que se tem a oportunidade de passar uma noite com um astro da magnitude de um Mick Jagger, ignora a pretensão do homem pelo brilho do astro. "No campo" foi tudo que ela conseguiu responder.
Passaram o fim-de-semana juntos em Stargroves. Jagger a contratou deixando claro que não seriam amantes. Suas obrigações eram de vigiar que a empregada mantivesse a casa limpa e cozinhar para ele nas ocasiões que ele precisar. No mais, ela serviria apenas como companhia. O repetitivo problema desses jovens vivendo a vida de um magnata e sem poder confiar em amizades que seu dinheiro e estrelismo atrai. Como Keith fez com Tony, Mick faz com Janice, ou seja, contrata um amigo de plantão. Ela passou a morar no quarto e andar imediatamente acima do dele na casa. Os dois se tornaram bons amigos, Janice servindo a Mick como um travesseiro para suas emoções.
Jagger estava ainda um pouco abatido por causa dos incidentes ocorridos em Altamont. Em parte ele se sentia culpado por não ter vigiado mais de perto como estava sendo organizado o evento e desconfiado mais de certas sugestões feitas. Conversavam longamente sobre praticamente qualquer coisa a qualquer hora. Janice logo aprendeu que Mick precisava de um amigo muito mais do que uma amante, embora pelo menos uma vez na semana ela servia os dois papéis. Achando Mick excelente como amante, aos poucos, Janice foi se apaixonando pelo homem que ela passava a enxergar, não o astro.
Janice ouvia com ternura nos olhos enquanto Mick falava que ele se via no apogeu e que agora a tendência só poderia ser a decadência. Afinal, por quanto tempo uma banda de rock pode existir? Os Rolling Stones já eram a banda mais antiga ainda em atividade, seguidos de perto pelo Kinks. Todas as demais já haviam sucumbido, até mesmo os Beatles. Mick questiona se ele deveria voltar a tentar algo na política, uma proposta mais atraente do que a de cinema; todavia, no fundo ele gosta do que faz e não gostaria de largar a vida de líder de uma banda. Conclui que o melhor que pode fazer é tentar manter o nível de seus shows e tentar manter o público interessado na banda o máximo de tempo possível. Com esta conclusão, Mick Jagger passa a fazer exercícios regulares e adota o hábito de andar de bicicleta toda manhã. Diminui consideravelmente a bebida e praticamente para de tomar qualquer tipo de drogas, fora o ocasional baseado. Se ele pretende continuar com seu ritmo de vida depois dos trinta, ele precisa se manter fisicamente em forma.
Catherine
Eric Clapton estava transando com uma loira estonteante chamada Catherine James. Típica groupie porra louca, ela era uma California Girl feito Janice, porém tendendo um pouco mais para o gênero loira burra. Embora Catherine fosse (segundo se especula) muito boa de cama, ela era incapaz de manter um debate com um mínimo de profundidade intelectual. Quando Eric cansou, passou o bastão para o amigo Mick, que sumiu por um fim-de-semana com ela e depois a trouxe para morar em sua casa na função de amante titular.
Se Mick pretendia que Catherine substituísse Marianne como a dama da casa, estava extremamente enganado. Catherine tinha menos finesse do que ela tinha de cultura e rapidamente ficou óbvio para todos que ela não passava de um espermatório de Jagger e nada além. Catherine estava feliz vivendo a ilusão de que se apaixonara por Mick Jagger e ele por ela. Janice tentou avisar a coitada que, cega pela ilusão, recusou-se a enxergar. Para ele, era uma relação perfeita onde uma mulher alimentava o corpo e a outra a mente. Catherine e Janice morriam de ciúmes uma da outra, ambas inseguras demais para se queixarem da situação com Mick. Jagger conclui que uma das teorias de Brian Jones sobre ter duas mulheres estava certa, existe mesmo segurança em números.
Mas se as duas evitavam discutir quando Jagger estava presente, quando ausente, as meninas entravam em uma guerra que chegava a ponto da histeria. Eventualmente as faíscas passaram a ser soltas com Mick em casa e ele se divertia em vê-las lutando por ele. Enquanto Catherine agredia verbalmente Janice e as duas discutiam, Jagger assistia quieto alimentando seu ego com enormes quantidades de presunção. Janice sendo mesmo mais inteligente do que a outra, logo percebeu que Jagger divertia-se tentando jogar uma contra a outra para assisti-las brigarem por ele. Aos poucos foi deixando as discussões de lado e esperou o inevitável. Ela apostou corretamente na probabilidade de Jagger se cansar da Catherine. Afinal, era inviável tentar manter aquele nível de fricção constante dentro de casa por muito mais tempo.
De fato, foi no final de agosto, quando a banda ia excursionar pela Europa que o trio foi desfeito. Planos iniciais incluíam no roteiro um show em Moscou mas não se conseguiu as devidas permissões. Shirley Arnold, presidente do fã clube ia seguir como parte da tropa no papel de assistente particular de Anita e babá de Marlon. Todavia, na semana antes de viajar, ela torceu o calcanhar e não pôde ir. Combinou-se então que Janice seguiria com a tropa no lugar de Shirley. Catherine que estava chorosa porque não ia viajar, ao saber que Janice ganhara uma tarefa e iria estar com eles, ficou puta da vida. Debatia suas necessidades de viajar com Mick enquanto Janice ajudava a fazer suas malas. Cansado da ladainha, Jagger a leva para outro quarto. Talvez dando uma bimbada de adeus ela sossegue, ele pensou.
Enquanto ele começava a dar seu doce adeus, outra mulher, abre a porta para falar com Mick. Era a atriz Myriam Breton, namorada de Donald Cammell, que viera fazer uma visita para conversarem sobre a possível estréia de "Performance", filme que ambos trabalharam juntos dois anos antes. A Warner finalmente iniciava a preparação promocional para o seu lançamento no mercado. Catherine, não sabendo que tipo de relação Mick tinha com essa outra mulher que aparecera de repente, ficou histérica ao vê-la entrando no quarto. Confundindo Myriam com alguma groupie escondida por Mick pela casa, Catherine perde a postura e passa a arranhá-lo e puxar seus cabelos pela raiz. "Eu te odeio! Eu te odeio!" ela gritava enquanto atacava seu galã milionário. Mais tarde, mais calma, Catherine foi convidada a se retirar. Jagger foi para o aeroporto com Janice e Myriam enquanto Catherine, juntou suas coisas antes de anoitecer e sumiu.

Corpse Kingdom - Absolute Disgrace


“Os atos de canibalismo, perversão sexual, abuso da medicina, splatter e arte gore contidos neste CD foram feitos por profissionais. Não tente isto em casa sem o auxílio profissional”. Esta é a maneira mais suave de descrever a podreira contida neste CD. Splatter total, sem dosar o ritmo e sem pensar no que você comeu antes de ouvir. Esta é a proposta deste quarteto brazuca. Suave e doce, não acha?



Imagem

A coisa começa suave com a doce e pesadíssima “The Grandmas Molestor”, com “riffs” cortantes e vocais bem “thrash”, apenas ofuscado pela produção, que deixa a desejar. O mesmo se aplica a “Undead” e a cadenciada “Memories of a Dismembered Cadáver”. As músicas são boas, os caras mandam bem, mas a produção abafa tudo, parece que estou ouvindo um CD em mono.
Outros momentos de destaque estão em “Fecal Spray of Blood”, a quase black “Cannibals” e na “romântica” “When Food Tries to Survive”. São boas músicas, que se encaixam bem na proposta do gore/splatter com levada “thrash”, mas que sofrem por serem mal produzidas.
Fico no aguardo de um novo CD, rapaziada, porque este primeiro foi condenado pela produção, embora os títulos das músicas sejam fenomenais!
Site Oficial: http://www.absolutedisgrace.net
Material Cedido Por:
Cogumelo Records
Belo Horizonte (MG)

Live Apocalypse - Arch Enemy


Uma boa palavra para resumir um show do Arch Enemy, é "fabuloso". Mas como a apresentação dos suecos realizado em Londres foi tão pensada e preparada, com jogo de luzes, e um set list mais longo, a expressão que pode-se utilizar neste caso é "sensacional".



Imagem

Angela Gossow, Michael Amott e seus comparsas fazem um showzaço, com muita energia e um vigor nunca antes visto por nós aqui no Brasil. Sim, enquanto aguardamos a vinda do Arch Enemy para cá, ficamos babando em cima do disquinho e nas imagens da bela loirinha que ruge grosso e alto, bem alto. Muito bom o jogo de imagens editados no DVD, apesar de alguns lances serem mostrados muito rapidamente. Outro ponto negativo é a pouca senão nenhuma exibição das formas da vocalista, que agita feito criança.
Afinal, a maior qualidade dessa banda ainda é a música. E isso Amott, o irmão Christopher (a pouquinho de ser chutado da banda), Sharlee D'Angelo no baixo e Daniel Erlandsson na bateria, sabem fazer muito bem. Apesar do palco ser um tanto quanto pequeno, não há falta de disposição para o grupo que se diverte com a participação calorosa do público londrino. A seleção de canções não poderia ter sido melhor. “Enemy Within” abre a festa com a mesma impressão positiva de quando executada no excelente “Wages Of Sin”, disco de estréia da loirinha.
“Silent Wars”, “Dead Bury Their Dead”, “The Immortal”, “We Will Rise” são apenas alguns detalhes de todo o set, que ainda teve tempo para receber por longos cinco minutos um solo de bateria do grande Daniel. Uma das composições mais fortes, “The First Deadly Sin”, teve o andamento um pouco alterado após a parte mais lenta. Faltou sim, aquela dita “Diva Satanica”, que deixa qualquer iniciante no Death Metal Melódico feito pela banda sueca em estado de êxtase. A banda ainda encerra o show com “Ravenous”, em uma perfeita e tenebrosa interpretação de Angela.
Sobra uma inerente vontade da banda de fazer bonito. Mas a performance da vocalista às vezes é comprometida, com pequenos deslizes. No entanto, é merecido o aplauso para ela, já que com este vozeirão e sem uma técnica específica, seria difícil cantar durante uma hora de show. Com efeitos ou pedais, a moça faz um papel fantástico. Agita muito e empolga a todo o público. Mas o crédito também fica com o líder Michael Amott, que toca muito, realiza grande parte dos solos e ainda acompanha em alguns backing vocals.
Passado o show, o segundo DVD contém documentário, vídeos promocionais e novas imagens de shows em Manchester e toda a turnê que passou pelo Reino Unido, além de muitas curiosidades sobre a banda. Realmente, a seleção de material é histórica e fica como um dos melhores DVDs lançados neste ano. É mais uma prova de que Amott é competente, e Angela deu ao Arch Enemy um status muito grande, como um dos principais grupos do Death Metal Melódico mundial. Pode acreditar no que diz Amott - “vai explodir os seus alto-falantes”.

Code Red - Ash Wednesday

Por Guilherme Vignini



Imagem

A Austrália é um país que sempre nos manda boas surpresas musicais, e o Ash Wednesday faz parte da nova geração que vem ganhado seu espaço no cenário underground da terra dos cangurus. Formada em Sidney a quatro anos atrás por Craig D’Silva – Guitarras e vocais, Lee Latimer – guitarras e teclados, Cole Bussey – bateria e Dave Anderson – Baixo.
O CD começa com uma paulada bem “a Nirvana”, chamada “Full Circle”, uma abertura perfeita, com guitarras pesadas e diretas. “Pandora Box” é um som mais lento, com uma boa melodia de voz, lembra um pouco o trabalho de algumasbandas grunge, mas com um toque pessoal. O peso retorna com tudo com “Song X”, com um bom refrão e linha de guitarra.
“Karma” é uma música que começa devagar, e vai crescendo e ganhando corpo, mostra uma maturidade musical impressionante, principalmente na correta junção entre teclado e guitarras, na medida certa, sem exageros. A última música da demo é a belíssima “Pinhole in a Space’s Suit” que segue a mesma linha da música anterior.
Não tenho dúvidas de que vamos ainda ouvir falar dessa banda. O Ash Wednesday tem tudo para entrar na relação das coisas boas que a Austrália nos manda. Para saber mais sobre a banda confira no site www.ozemail.com.au/~ashwed/ash.html .