21 de abril de 2011

Fabuloso destino de Amelie Poulain - Le Fabuleux Destin D´Amélie Poulain - 2002




Já sei...mais um filme que não tem muito a ver com rock!Mas apenas para aqueles que não vêm a alma e a essência das coisas!Eu gosto e muito...!



Amelie vive em Paris, em seu mundinho particular. Trabalha como garçonete em um pequeno café e mora em um apartamento alugado onde vive suas fantasias. Porém, a sua vida sofre uma transformação radical no dia em que descobre, em seu apartamento, uma antiga caixa cheia de objetos infantis. Empolgada, assume a missão de encontrar seu dono e essa jornada irá conduzi-la a um mundo totalmente novo, excitante, cheio de aventura e esperanças.

Parte 31 - Altamont

Antes de terminar, Mick Jagger fez questão de agradecer à minoria étnica presente ao show. "Todos os viados, todos os viciados, os caretas, os policiais..." Com isso fecharam o set com "Street Fighting Man". Deixaram o palco as cinco da manhã, com a sensação de missão comprida. Planos imediatos era de tomar um café da manhã, pegar um avião para Atlanta, entrar em um Holiday Inn e dormir.


O Autódromo de Sears Point
Sears Point Raceway
Sears Point Raceway

Depois de lingüiça, ovos, chá e cocaína, Jo Bergman chega trazendo notícias sobre o novo local para o concerto gratuito. Seria no Sears Point Raceway que fica em Sonoma Valley, relativamente perto de San Francisco. O diretor e gerente do autódromo, vendo uma oportunidade de se promover entre o público jovem, ofereceu o local de graça. Ficou acertado então que Jo Bergman, Chip Monck e toda sua equipe iria para lá inspecionar o local e uma vez aprovado, começar a imediata construção do palco, torres de luz e etc para o show.
A excursão havia acabado e assim sendo, muita gente da equipe se despediu naquela tarde, cada um seguindo em direções diferentes. No dia seguinte, os Stones fazem baldeação em Atlanta e aterrisam na pequena cidade de Muscle Shoals. Com intenção de chocar os americanos de Alabama presentes no aeroporto, Mick dá um beijo na bochecha de Keith.
Muscle Shoals
A banda ficou hospedado no Holiday Inn da cidade vizinha de Sheffield e antes do Sol se pôr novamente, foram diretos para o estúdio. No hoje famoso Muscle Shoals Sounds Studio, localizado na Jackson Highway nº 3614, trabalharam diretamente com o dono da Atlantic Records, Ahmet Ertegun e o engenheiro de som Jimmy Jackson. Lá passaram a gravar "You Got To Move." Keith tinha uma idéia específica para o arranjo, que incluía a banda inteira e não só ele e Mick, como andaram fazendo durante a excursão. Com dificuldades para explicar para os demais exatamente como queria a canção, foram obrigados a passar horas tateando até tropeçarem na idéia mais próxima às aspirações iniciais de Keith. Ao fim do dia, a versão tinha Keith substituindo o Dobro pelo seu violão de 12 cordas, enquanto Bill Wyman encostara o baixo para tocar um piano elétrico.
Imagem

Enquanto a banda ouvia o resultado final, Mick estava em um canto escrevendo a letra para outra canção que ele tinha em sua cabeça. A parte musical estava praticamente pronta e Mick estava prestes a ensiná-la no violão para Keith. A idéia para a letra estava desde o dia anterior dançando em sua cabeça, porém aparentemente só agora estava transformando-se efetivamente em palavras no papel. Quando pronto Mick, com um sorriso de satisfação, apresenta a canção para todos presentes, levando ela no violão e cantando a letra recém composta, "Brown sugar! How come you taste so good!"
Além de Ahmet Ertegun, estava presente seu sócio Jerry Wexler, que veio de Los Angeles para juntos conversarem com Mick sobre suas intenções de deixar a Decca no final de seu contrato no ano seguinte. Os irmãos Maysles, que estavam filmando as negociações para o concerto de graça, também apareceram para filmar os Stones no estúdio. Enquanto Ahmet, Jerry e Mick conversavam em uma sala sobre a migração dos Rolling Stones para Atlantic Records, Keith, que tinha várias composições prontas na cabeça, preparava em outra sala algumas idéias para arranjos com banda. Mais tarde, ainda neste dia, gravariam "Wild Horses".
Filmways
Enquanto isto, em San Francisco, a equipe de Chip Monck estava com as torres de luz montadas e a estrutura do palco a meio caminho. Mas nem todos os ventos estavam soprando à favor. O Sears Point Raceway pertencia a uma firma chamada Filmways, que por sua vez, tinha como donos outra companhia chamada Concert Associates. Depois de uma reunião entre a alta diretoria, a Filmways procurou Ronnie Schneider para informá-lo das novas condições para os Rolling Stones poderem usar o autódromo.
Acontece que a Concert Associates também era dona do Forum de Los Angeles e estavam envolvidos com o show dos Stones naquele local. Os executivos estavam todos aborrecidos com o tratamento arrogante de Mick Jagger e os Rolling Stones e viram esta como sendo uma oportunidade de tirarem uma forra. As condições passaram a incluir um aluguel de espaço no preço de $457.000, mais os direitos sobre o filme e a trilha sonora de todo o evento. Condições impossíveis de serem aceitas. A dois dias do show, estavam Ronnie Schneider, Jo Bergman, Sam Cutler, Rock Scully, Emmett Grogan e Chip Monck correndo por toda San Francisco e arredores a procura de um lugar para se realizar um concerto de graça. No mesmo dia, os jornais foram inundados pela notícia da captura do assassino responsável pelas recentes chacinas em Los Angeles, um hippie chamado Charles Manson.
Brown Sugar em Muscle Shoals
No dia seguinte, como sempre à noite, o grupo trabalha na canção nova "Brown Sugar." É Bill Wyman quem cuida da afinação de todos os instrumentos entre si, e indica aos demais quais são as mudanças de acordes e em que parte. Wyman novamente se mostra ser o integrante dos Rolling Stones com os ouvidos mais afinados.
A notícia das novas exigências da Freeway e a subseqüênte falta de local para dar o show gratuito chega aos ouvidos dos Stones em Alabama, interferindo no ambiente criativo que lá havia. Voltaram ao trabalho depois de uma parada onde ventilaram suas frustrações. Afinal concluem, em último caso, este concerto gratuito seria um presente para a cidade e para o país. Enquanto Keith misturava Jack Daniels com cerveja em um copo, Bill Wyman escrevia as cifras para as partes do piano. Mick Taylor aproveitou logo para lê-las e se orientar um pouco. Quatro da manhã e várias carreiras de cocaína depois, o Jack Daniels havia acabado e a turma estava abrindo o J&B.
Jim Dickenson dos Dixie Flyers, outro grupo que Wexler queria contratar, tocou piano na faixa. Optando por gravar a base com toda a banda, a "tomada" que foi considerada a boa e definitiva acabou sendo o take de número doze. O amanhecer é ignorado pela banda, trancados dentro do estúdio sem janelas. Mick e Keith estão engrenados e consideram gravar ainda os vocais de "Brown Sugar." Só então resolvem fazer cópias em K-7 para levar e ouvir. Deixam o estúdio pouco antes das oito da manhã, todos exaustos. Era o último dia de uma semana bastante rentável no estúdio de Muscle Shoals. Mick estava particularmente empolgado e comentava querer lançar um compacto "Brown Sugar/Wild Horses", de preferência na semana seguinte.
San Francisco
Enquanto a banda seguia de avião para San Francisco, a dúvida quanto ao local onde seria realizado o concerto ainda permanecia. O grupo se hospedou no Huntington Hotel e de seu quarto Mick Jagger conversou com uma estação de rádio, garantindo que a banda veio com intenções de tocar de graça como um presente para a cidade e para a América, agradecendo a recepção e a lucrativa excursão. Bastava que se encontre um lugar onde eles possam tocar. Keith então comenta no ar que a banda tocaria até num estacionamento se não houvesse outro lugar. Depois Keith sai para fumar um baseado no quarto de alguém da equipe. Durante todo este papo, as câmaras estão registrando todas as incertezas perante este show que seria o grã-finale do filme. A falta de informações precisas sobre o show havia causado bastante confusão na cidade desde que a prefeitura aboliu o festival no Golden Gate Park. Jovens de todo o país chegavam sem saber ao certo para onde ir, se acumulando pelas ruas e aguardando uma definição do local do evento.
O Socorro de Altamont
Altamont Raceway
Altamont Raceway

Com a cobertura da rádio, informando constantemente do andamento da situação, foi natural alguem procurá-la querendo oferecer uma solução para o problema. Foi o que fez Dick Carter, dono de um autódromo oval utilizado geralmente para competições de demolição.
Carter ligou para a rádio e ofereceu o seu autódromo, situado na região vizinha de Altamont. Rapidamente a rádio o colocou em contato com Ronnie Schneider e Jo Bergman, que foram imediatamente conhecer o local. Faltavam vinte horas para começar o concerto, quando os Rolling Stones declaram oficialmente que ele seria realizado em Altamont. Imediatamente a população de viajantes que invadira a cidade de San Francisco nos últimos dias prosseguiu em romaria para o novo local.
Chris Monck e sua equipe, que agora incluía o pessoal que trabalhava para o Grateful Dead, desmontaram tudo que eles fizeram na última semana. Uma vez este material fora colocado nos caminhões, seguiram para Altamont para reconstruir tudo de novo em menos de vinte e quatro horas. Dentro da equipe, muita gente se mostrava contra a realização do show no dia seguinte. Qualquer bom profissional sabe que não há tempo suficiente para preparar o local adequadamente. Este sentimento era compartilhado por várias pessoas dentro do ramo. A lógica exigia que os Stones ao menos adiassem o show para a semana seguinte. Ou isto ou simplesmente cancelá-lo. Mas Jagger queria o seu Woodstock, não enxergando o detalhe crucial que aquele festival realizado em agosto, teve seu planejamento iniciado em março. E mesmo assim, deu tudo errado em relação ao que fora planejado. Uma das razões pelo qual Woodstock fluiu em paz apesar dos transtornos foi justamente o planejamento e estruturação.
Vistoriando Altamont Raceway
Naquela noite uma Van com seis passageiros, incluindo Mick Jagger e Keith Richards, segue para Altamont sem criar muito alarde. O local compreende oitenta acres de terra localizado entre as pequenas cidades de Tracy e Livermore, junto aos morros de Altamont, que dá nome a região. O autódromo oferece uma pista oval de meia milha e uma arquibancada projetada para cinco mil pessoas. Espalhados junto ao portão de entrada do local estavam pessoas com sacos de dormir, algumas fogueiras, gente tocando violão, bebendo vinho, conversando. Apertaram um baseado e caminharam entre o povo sem ninguém se dar conta de quem eram. Keith comentaria que o lugar lhe lembrava Marrocos, perto da entrada de Marrakesh.
Quebrando o clima, os irmãos Maysles acendem seus refletores portáteis e começam a filmar. Mick manda desligar tudo para não perturbar aqueles que estão dormindo, mas a solicitação é ignorada. Mesmo porquê já era tarde, todo mundo imediatamente deduz quem está ali. Uma menina se aproxima e dá um beijo estalado na bochecha de Mick. Outra oferece seu cachecol para esquentar sua garganta nesta noite gelada de dezembro. Um rapaz com cabelo até a cintura oferece um baseado. O ar de irmandade hippie está em todo lugar, deixando Mick e Keith felizes e satisfeitos com o astral geral. Sentimentos de que tudo valeu a pena são compartilhados, reforçados pelo fato de que este será o último grande concerto do ano e da década. A sensação naquele momento era de que a Era de Aquarius estava mesmo acontecendo, e que este festival reforçaria o bom omen trazida pelo festival de Woodstock.
No camarim, na verdade um trailer, o grupo cheira umas carreiras e depois voltam para San Francisco. Todos menos Keith que, de tão cheirado, sabia que não ia dormir mesmo e preferiu ficar com o povão tomando ácido e fumando ópio. Michael Lyndon foi escalado para permanecer com ele. Durante toda a noite, a equipe de Chris Monck trabalhou para montar o palco à tempo. Quando o Sol da manhã seguinte nasceu, não havia quase nenhum banheiro público disponível, não havia pontos para comprar refrigerantes ou comida, não haviam linhas telefônicas ou praticamente nenhuma espécie de infra-estrutura, e a equipe ainda estava martelando tábuas de madeira para completar a montagem do palco.
Deixa Sangrar
Depois de atrasos com mixagens e pós produção, finalmente nesta data, dia do show em Altamont, o disco intitulado "Let It Bleed" chega às lojas nos Estados Unidos. Na Inglaterra, o disco aparecera nas lojas no dia anterior. Este seria o último álbum de estúdio gravado pelos Stones para a Decca Records. Nele, Keith Richards surge pela primeira vez como cantor principal em sua canção de amor escrito para Anita, "You Got The Silver".
Imagem

A capa que ficou não foi a originalmente aprovada para o projeto. Jagger havia encomendado uma arte ao Andy Warhol, que acabou perdida dentro dos escritórios dos Rolling Stones. Warhol imaginou uma calça Levis tipo cocota em uma modelo, e o disco envolto em sua calçinha mais os dizeres "Let it Bleed" (Deixa Sangrar). A ideia seria uma espécie de embrião do que seria usado no próximo álbum de estúdio, "Sticky Fingers".
A capa utilizada foi feita às pressas, idealizada por Robert Brownjohn, e teve o bolo confeccionado por Delia Smith. Foi cogitado que o nome do álbum poderia ter sido "Automatic Changer".
Mudança no Astral
Para algumas pessoas, o dia começou com uma áurea bastante estranha. Cartomantes e astrólogos falavam que o dia e o local não eram propícios para a realização do show. "Um local de demolição é um local para destruição", analisam estes. Todos os sinais dos céus são negativos. A Lua estaria entre Libra e Escorpião, enquanto Mercúrio e Venus estariam em Sagitário. Péssima idéia marcar o show para esta data pois estes são fortes indícios que o dia terá confusão e violência. Mas quem realmente entende ou acredita em cartomantes?
Os portões do autódromo foram abertos precisamente às sete da manhã. Às dez já haviam mais de cem mil pessoas espalhadas pelos arredores. O povo, impossibilitado de trafegar em seus veículos, a estrada de acesso estando toda engarrafada, estava abandonando seus carros a dez milhas de distância e andando o resto do caminho a pé. Os Hell's Angels foram contratados extra oficialmente, Sam Cutler oferecendo $500 dólares em bebidas para cuidarem da segurança e não deixarem ninguém invadir o palco. Segundo consta, dezoito, no máximo vinte Hell's Angels apareceram para o evento.
Imagem

Problemas surgem conforme o tempo vai passando. A começar com o local, que não foi projetado para receber sequer dez mil pessoas, quanto mais as trezentas mil que apareceram. Filas intermináveis para obter comida, bebidas ou banheiros começam a ser comuns. O calor intenso do deserto que cerca o local elevam a disposição daqueles presentes a beberem muito, a rapaziada preferindo álcool a refrigerantes.
Muita birita, muito fumo mexicano, anfetaminas e lembrem, estamos em San Francisco em plenos anos sessenta, ou seja, muito ácido! Porém já não é mais 1966 e a qualidade do ácido vendido nas ruas está longe de ser pura. Muito ácido ruim com misturas circulam por todo lado. O evento atraiu fornecedores interessados em levantar um dinheiro rápido. Até a primeira banda começar, os entorpecentes já estavam fazendo efeito. Apesar de um público relativamente homogêneo, o ponto em comum entre todos presentes ao festival parecia ser a disposição de ficarem completamente chapados. Já prevendo algo assim, a organização do festival contratara, além da Cruz Vermelha para cuidar dos feridos, psiquiatras para conversarem com pessoas perdidas em suas próprias viagens. Com estes últimos vieram grandes quantidades de Thorazine, droga capaz de trazer o alucinado de volta para o chão.
O povo não estava apenas alto, eles estavam é muito alucinados mesmo! Para agravar ainda mais a situação até os Hell's Angels, diante da monotonia e do calor, aderiram ao LSD. A medida em que o público essencialmente hippie foi chegando mais perto do palco, os Angels começaram a ficar tensos e agitados.
Imagem

Importante realçar aqui o fato de que um autêntico Hell's Angel por definição não guarda maiores respeitos pelo movimento hippie, flower power, feminismo e etc. Então ver aquela cambada de viadinhos cabeludos se aproximando e encurralando o palco e os Angels deixou nestes a sensação de ameaça no ar, paranóia realçada pelo ácido e agressividade latente causada pela bebida e pronto, estava criado o clima de guerra! Tacos de sinucas passam a quebrar costelas, narizes e crânios.
Santana Band
Mesmo antes do sistema de som ficar pronto, o festival se inicia, com um grupo de monges da seita Hare Krishna cantando alguns mantras, mesmo sem microfones, e rezando por um bom e pacífico festival. O som ficou pronto depois do meio dia e às treze horas sobe ao palco a primeira banda da tarde.
Imagem

Santana Band foi a banda que abriu o festival, o cronograma estando atrasado em duas horas, porque o sistema de som ainda não estava ligado. Não havia sequer a tradicional cerca que separa o público do palco, pois não houve tempo para tais detalhes. O show começou para o alívio de muitos que estavam há horas entediados ao sol. Mas com a música veio também o desejo natural do povo de chegar mais perto do palco. Um rapaz que passou entre um grupo de Hell's Angels em direção ao meio do palco foi agarrado e surrado. Logo outros Angels se juntaram ao primeiro e bateram tanto no rapaz que Santana parou de tocar, pedindo calma a todos antes de continuar a sua apresentação. Um fotógrafo pego tirando fotos dos Angels batendo em uns hippies nus com tacos de sinuca acabou apanhando também, acabando por deixar o festival com treze pontos na cabeça.
Tanta violência gratuita enojou Santana e seus companheiros, a ponto de encerrarem sua apresentação com apenas quatro músicas. Carlos Santana comentaria dias depois: "As brigas se iniciaram porque os Hell's Angels começaram a empurrar e bater em todo mundo. Tudo começou tão rápido e bem na nossa frente. Haviam muitos completamente aluncionados. Vi um cara no canto do palco com uma faca na mão. Ele só estava procurando alguém para esfaquear. Estou falando sério, ele realmente queria arrumar uma briga! Enquanto tocávamos a porrada comeu solta o tempo todo."
Em pontos diferentes do autódromo, incidentes continuavam a acontecer. Um sujeito viajando em ácido tenta pular de uma passarela existente dentro do autódromo. Possivelmente achava que podia voar. Ele se machucou todo, quebrando as duas pernas e o pélvis, mas continuou vivo. Outro sujeito não teve a mesma sorte, pois caiu em um canal de irrigação aberto. Embora tenha gritado por socorro, aparentemente as pessoas não conseguiram concluir se a cena desenrolada era real ou uma viagem do imaginário causado pelo ácido. Logo não importava mais, os gritos cessaram.
Jefferson Airplane
Imagem

A apresentação seguinte foi do Jefferson Airplane. Jagger tinha medo deles fazerem um show mais empolgante que sua banda, por serem natural de San Francisco, e exigiu que houvesse pelo menos três bandas entre o show do Airplane e o dos Stones. Lá pelas tantas, quando Marty Balin iria anunciar o nome da música seguinte, um rapaz negro pulou no palco apavorado com uma legião de Angels atrás dele, acabando por ser linchado até estar praticamente sem sentidos na frente de algumas milhares de pessoas, chocadas pelo horror da cena. Ele foi jogado de volta para a platéia e saiu cambaleando cuspindo sangue e dentes, porém alguns Angels voltam a espancá-lo.
Foi aí que Marty desceu do palco para tentar tirar os Angels de cima do homem. O primeiro que ele tentou tirar só olhou e sorriu. Uma só porrada com o taco de sinuca e Marty caiu duro e apagado. Paul Kanter, que estava furioso no palco, grita até que a "segurança" tira seu microfone. Jack Casady também é ameaçado pelos Angels. Grace Slick e companhia demoraram a entender que não havia mais nada a ser feito. Alguém manda a banda parar de reclamar e recomeçar logo o show. Kanter responde que não pode recomeçar porque um dos palhaços acabou de nocautear seu vocalista. Vendo a iminência de Kanter também se dar mal numa briga com os Angels, Grace Slick começa a puxar a próxima canção, logo acompanhada pelos demais. Ao fim da canção, deixam o palco e vão embora: fim de show.
Antítese de Woodstock
Segue a programação com o set do Flying Burrito Brothers, onde o público e a "segurança" se acalmaram, não havendo maiores incidentes relatados. Depois foi a vez do quarteto Crosby, Stills, Nash & Young, onde novamente brigas e incidentes voltam a acontecer. Conforme o público tentava chegar perto do palco buscando ver melhor o artista, mais intimidados pela massa ficavam os Angels, retaliando com os tacos de sinuca. Houve um Angel que começou a acelerar sua moto em direção ao povo, atropelando todos que tivessem a audácia de ficar no seu caminho. Motivo? Ao que parece, foi uma aposta...
Em meio ao show dos Flying Burrito Brothers, os Stones chegam de helicóptero totalmente alheios ao que está acontecendo. Mal desembarcam e um garoto com pinta de ter uns catorze anos, com uma expressão totalmente alucinada, dá um soco em Mick Jagger gritando "I hate you! I hate you!" (Eu te odeio). Sem entender nada, o pessoal correu para dentro do trailer/camarim, onde são informados do incidente com Marty Balin e o clima caótico reinante por toda a tarde. Depois de dois meses na estrada, onde vira e mexe alguém conta lorotas alarmistas, a tendência natural é começar a duvidar de tudo que se conta. Assim fizeram alguns dos Stones, não acreditando no que lhes havia sido reportado. Portanto não houve nenhuma alteração para o plano original que ditava que os Stones tomassem o palco somente depois do pôr do sol, quando as luzes dos refletores realçariam a roupa avermelhada de Mick Jagger, detalhe importante para o filme.
Imagem

Gram Parsons logo apareceu, conversando com Keith e Charlie. Mais tarde Michelle Phillips também deu as caras, como também Augustus Owsley Stanley III, famoso químico e fabricante de LSD, que estava distribuindo amostras grátis para quem quisesse, muitos consumidos pelos próprios Hell's Angels. Jagger tentou matar o tempo assistindo a apresentação do Crosby, Stills, Nash & Young, mas não conseguiu, havia gente demais e muito tumulto. O próximo show seria do Grateful Dead; no entanto, depois do incidente com Marty Balin, eles preferiram não tocar.
Aumentam as tensões enquanto o público é obrigado a esperar uma hora e meia até o sol se pôr e a noite cair, antes de começar o show dos Stones. O frio da noite no deserto é mais um agravante para o programa, o público na grande maioria sem nada no estômago o dia inteiro e vestido com roupas leves molhadas de suor. Contudo, mesmo se quisessem tocar antes não poderiam tê-lo feito, pois Bill Wyman ainda não havia chego, seu helicóptero só aterrisou com os últimos raios de luz. Os Hell's Angels começam a ameaçar Mick Jagger para ele começar logo o show e ficam furiosos quando Jagger responde a pressão com um "minha maquiagem fica melhor à noite" no tom mais aviadado possível.
O Grande Show da Noite
Imagem

Quando finalmente tudo começa, atacam com o mesmo set básico de toda a excursão, com "Jumpin' Jack Flash" seguido por "Carol". Havia tanta gente no palco que Jagger não tinha espaço para dançar, foi preciso que ele pedisse espaço para a legião de seguranças. Jagger, com sua roupa e capa avermelhada, se assemelhava à imagem que alguém pudesse ter de Satã, depois de tanto ácido, pouca comida e água potável.
Durante a canção "Sympathy For The Devil" ouviu-se um estrondo vindo de algum ponto escuro no meio do público, seguido de uma fumaça. Jagger pede que a banda pare de tocar, deflagrando a primeira interrupção de sua apresentação da noite. Aparentemente foi o cano de descarga de alguma moto que fez o barulho, ninguém sabendo ao certo o que aconteceu. Jagger pede calma a todos, pergunta se alguém se feriu e sentindo que podia recomeçar, Charlie e Keith voltam a entrar no groove da canção.
Mick começa a cantar novamente mas não por muito tempo. Um garoto nu tentou subir no palco mas tomou um pontapé na cabeça. Devia estar totalmente alucinado, pois apesar da violência do chute, ele voltou novamente para mais. Tomou outra de uma botina com a ponta metálica que deve ter quebrado seu queixo. O garoto agora tenta fugir, mas meia dúzia de Angels corre atrás. Com a ponta do taco de sinuca acertando seu lado, ele perde o equilíbrio e cai. O primeiro a chegar encheu ele de porrada, mas os outros em seguida chegaram para fazerem um estrago maior. A violência transcende qualquer explicação, qualquer lógica. Quando cansaram de bater, a maioria foi embora, mas dois ficaram para chutá-lo mais um pouco. Tão selvagem a cena que Jagger parou a banda pela segunda vez para pedir calma a todos.
Imagem
Jagger tentou amenizar os ânimos pedindo, quase implorando, para que todo mundo se acalmasse. "Irmãos e irmãs! Vamos ficar calmos! Todos podemos nos acalmar!" ele diz, mas o olhar de ameaça que recebe dos Hell's Angels não estimula jargões de paz e amor. Keith, que nunca fugiu de uma luta, não pensou bem nas conseqüências de suas palavras quando chegou até o microfone, apontou o dedo para um dos seguranças e comunicou ameaçadoramente: "Cara, se você não parar com isso, não vai haver mais música!" Como no show do Jefferson Airplane, alguém da segurança simplesmente chegou, tirou seu microfone e mandou ele se foder. Outro Angel chegou para tomar satisfação, perguntando o que ele queria que fosse feito. Keith foi específico: "Quero que aquele cara pare de empurrar todo mundo." Anos depois, comentando sobre as intimidações sofridas, Keith falou em curiosa metáfora: "É, eu não deixei a garrafa cair, mas tive que engolir."
Ian Stewart chegou no microfone e com uma voz firme pediu um médico rapidamente perto da frente do palco. Aos poucos, usando uma suéter verde, o médico consegue chegar até o menino que, embora em mal estado, ainda estava vivo. Depois foi a vez de Sam Cutler pedir calma por parte da segurança. Cutler avisa também que junto com ele estava uma menina de cinco anos que se perdera, e que os responsáveis viessem buscá-la.
Imagem

Keith e Charlie estão tocando uma levada mais calma e Mick sugere algo das antigas. Os Stones levam então "The Sun Is Shining", de Jimmy Reed. Jagger pede que todos se sentem e os incidentes aparentemente se encerram. A banda segue então com o repertório normal, tocando "Stray Cat Blues" e depois "Love In Vain."
Mas é quando partem para "Under My Thumb" que o evento que marcaria definitivamente a história deste concerto acontece. Logo no início da canção, em um determinado momento, uma parte da platéia começa a abrir um círculo. Em seguida um dos seguranças pula no chão, como se não quisesse ser atingindo por uma bala endereçada para Jagger. Keith Richards e Mick Taylor param de tocar, ambos procurando enxergar o rapaz negro vestido de verde que apontara uma arma para o palco. Mick Jagger sabiamente caminha até o fundo do palco. Em seguida, o homem não podia ser mais visto, os Angels tomaram conta da cena.
Murdock
O negro em questão se chamava Meredith "Murdock" Hunter, e acabara de completar dezoito anos. Ele foi ao festival acompanhado de alguns amigos, dentre eles Patty Bredehoft, uma linda loira que como ele, estudava em Berkley. Meredith e Patty, embora estivessem à tarde toda no local, só agora haviam conseguido se aproximar do palco para assistir direito ao show. Uma versão sugere que Meredith, com ciúmes do interesse que Patty comentava ter por Mick Jagger, puxou sua arma para matá-lo. Os Hell's Angels então agiram naturalmente, fazendo o que se esperava deles, que seria proteger os artistas.
Relatos por testemunhas porém contam que um dos Angels situado na lateral do palco, que já tentara provocar uma briga com alguém antes, fez a primeira provocação. Esta detalhada versão, verdadeira ou não, pinta o seguinte quadro. Ao ver um rapaz negro acompanhado de uma loira vistosa, o Angel agarrara sua cabeça e puxa violentamente o seu cabelo enquanto ria. Meredith se desvencilhou, porém logo outros cinco Angels o cercaram. O rapaz tenta correr entre o público mas um Angel consegue pegá-lo pelo braço e crava uma faca nas suas costas. A lâmina não penetra muito mas o rapaz se conscientiza que está lutando pela vida. É quando então ele saca a sua pistola.
Imagem

Talvez ele tenha hesitado em atirar, e tencionasse apenas amedrontá-los para que o deixassem em paz. Meredith está relativamente perto do palco. É possível que a última coisa que ele tenha visto fosse Mick Jagger lá do palco olhando para ele com sua arma na mão. Os Angels caíram em cima feito criaturas famintas por sangue e a arma sumiu. Chutaram e o esfaquearam incessantemente em uma fúria insana. Quando terminaram, um Angel ficou para garantir que ninguém desse assistência. "Ele vai morrer de qualquer modo, portanto deixem-no morrer em paz" disse claramente. Com o passar do tempo acabou ficou entediado com o serviço de sentinela e voltou para o palco. Só então puderem chamar um médico e a banda interrompe a apresentação para que a assistência seja encaminhada.
Foi tudo tão rápido mas alguém da equipe de filmagem conseguiu registrar parte da cena. Paul Cox, um rapaz que foi assistir o show e Robert Hiatt, um médico residente de San Francisco, pegaram o corpo e tentaram levá-lo até o palco, de onde poderiam chegar mais rapidamente até o caminhão da Cruz Vermelha. Os Hell's Angels não deixaram, bloqueando a passagem e mandando que eles dessem a volta. O médico calculou que Hunter teria mais uns quinze ou vinte minutos de vida se não o ajudassem imediatamente. Levaram quase isto para dar a volta necessária para chegar até o caminhão. Era óbvio que os Angels não queriam que ele sobrevivesse para contar a sua versão. No caminhão, o Dr. Richard Baldwin o examinou e deduziu que ele tinha tantas artérias furadas que mesmo se estivesse em frente a um hospital não teria como salvá-lo.
Os Stones no palco, a esta altura pararam de tocar. Michael Lang, um dos quatro que montaram Woodstock, pegou o microfone e pediu calma para o público e para que a segurança moderasse suas ações. Sam Cutler toma o microfone em seguida e sugere que todos tentem dar um passo para trás e sentar. Sabendo que não podem ir embora sem causar maiores problemas, Cutler faz questão de garantir que a banda irá continuar a tocar. Ele aproveita para lembrar que há um caminhão da Cruz Vermelha na área reservada e que crianças perdidas podiam ser encontradas lá.
Jagger agora toma o microfone e, sem espaço para se mexer, solicita que todo mundo, menos os músicos, se dirijam ao lado do palco. Depois pede para que uma ambulância e um médico sejam posicionados em um lugar visível para o público. A notícia que alguém havia sido esfaqueado finalmente chegara ao palco. Toda a banda estava assustada e com plena noção que poderiam acabar seriamente feridos se o confronto continuasse. Até Keith estava nervoso, gritando: "Chega! Se esses caras... não conseguem... vamos embora!" Um dos maiores líderes dos Hell's Angels, Sonny Barger, muito calmamente encostou em Keith, mostrou seu revólver e disse: "continue a tocar ou você está morto."
Me Dê Abrigo
Sabendo que não há saída para a loucura, eles recomeçam "Under My Thumb", mas algo está um pouco diferente. Instintivamente a banda, que até então estava tocando de forma burocrática, começa a dar tudo de si. Talvez fosse uma transmissão de pensamento, onde dado o andamento das coisas, ficara claro que apenas tocando o melhor que pudesse é que os Rolling Stones iriam conseguir sair dali intactos. Ao terminar "Under My Thumb", Mick Taylor pergunta se podem tocar "Brown Sugar." Eles se entreolham, Keith muda de guitarra e mandam ver em estréia exclusiva, especialmente para a ocasião.
Os Stones conseguiram tocar mais duas músicas inteiras sem problemas, até que no final de "Live With Me" uma menina negra, totalmente nua, tenta subir no palco. Cinco Angels juntam-na, prontos para enchê-la de porrada antes de jogá-la de volta. Mick imediatamente manda parar, dizendo: "certamente apenas um segurança consegue resolver o problema com essa menina, não acham? Não precisam de cinco para cuidar de uma menina". O sarcasmo de Jagger funcionou pela metade, pois quatro deixam a guria enquanto um mete-lhe um taco de sinuca na cabeça e a joga de volta para a platéia como quem arremessa um peixe de volta ao rio. Isto com os demais olhando para ela, loucos de vontade de pular até lá e enchê-la de porrada.
Enquanto os Stones se apresentavam, as demais atrações do dia estavam fugindo de Altamont de helicóptero antes de ocorrerem mais acidentes com morte. Num momento em que a banda pára de tocar para negociar mais calma por parte dos Angels, um homem se aproxima de Jagger e rapidamente se identifica como Jan Vison, piloto do helicóptero, que informa com extrema clareza que o dele se trata do último aparelho disponível e que pretende ir embora com ou sem os Stones. Um acordo foi travado rapidamente para que ele aguarde mais alguns minutos, Vison sumindo em seguida.
Jagger tenta muito gentilmente pedir que os seguranças se distanciem da frente do palco enquanto Keith, Charlie e os demais puxam "Gimmie Shelter." Bastava procurar um pouco e pelos cantos se viam sombras de violência. Um rapaz apanhava de outro Angel mas poucos viram. "Little Queenie" começava e até a voz de Jagger demonstrava o desânimo perante a carnificina que foi o dia. Mas Keith tocava com um furor de quem estava disposto a dançar sobre o próprio túmulo. Ele emendou com "Satisfaction", lançando uma corrente elétrica que aparentemente recarregara a todos. "Honky Tonk Woman" e "Street Fighting Man" completaram o set e a banda mais os membros do círculo interno saíram rapidamente para o helicóptero esperando na colina.
O aparelho que levaria a banda já estava a um palmo do chão, o piloto nervoso e preocupado pelas notícias que ouviu das outras bandas que ele transportou. Os Stones e comitiva corriam para pegar esta carona no que depois seria comparado à cenas vistas nos jornais televisivos, mostrando os soldados pulando em helicópteros no Vietnã. Todos se amontoaram no aparelho, ao todo vinte pessoas, número muito maior do que o normalmente permitido, tanto que levantaram vôo meio de lado, tamanho o peso extra. Na pressa Keith perde seu casaco Marroquino. O que era para ser uma festa e uma celebração da Era de Aquarius se tornou um pesadelo que voltaria a reforçar a imagem de que Mick Jagger é Lúcifer.
Enquanto os Stones e amigos fogem de helicóptero, Chip Monck têm que ficar para desmontar o palco. Ele é impedido pelos Hells Angels de desligar as luzes, pois eles querem beber o resto da cerveja que ganharam e dançar sobre o palco. O tapete do palco foi declarado oficialmente como sendo dos Angels e Monck também não pode reavê-lo. Lhe restou aguardar que acabasse o querosene que alimentava o gerador para a luz então fraquejar e apagar totalmente, só então ele pode começar o trabalho de desmontagem do palco. Para fechar a noite, Monck conta que um rapaz tropeçou em uma moto e foi perseguido até o topo da colina, onde finalmente foi alcançado. O rapaz apanhou até que os Angels se cansassem de bater, deixando-o todo ensangüentado, vivo porém aparentemente sem movimento.
Choque em Livermore
Do helicóptero em Altamont foram até um pequeno aeroporto em Livermore. O grupo, além dos cinco Stones, incluíam Astrid, Jo Bergman, Ronnie Schneider, Davis Horowitz, Sam Cutler, Jon Jaymes, Mike Scotty, Tony Sanchez, Stan Booth, Ethan Russell, Gram Parsons e Michelle Phillips. De lá aguardaram a chegada de um Lear Jet que iria levá-los até San Francisco. Durante a viagem, Keith parecia em choque, repetindo seguidamente a mesma frase: "algumas pessoas simplesmente ainda não estão prontas."
O comentário é em si uma análise extremamente honesta do que acabaram de viver. Os Rolling Stonesmontaram um concerto onde não havia adultos. Não havia polícia ou ninguém do sistema para impor suas regras de conduta. O paraíso que todos os jovens desejavam por tantos anos. Em Woodstock houve harmonia entre polícia e público jovem diante das dificuldades que surgiram. Em Altamont, a intenção sempre fora de se conseguir a mesma harmonia entre as pessoas, porém sem nenhuma autoridade supervisionando. San Francisco queria seu Woodstock também e a época era tal, onde tudo era possível, tudo era permissível, se tivessem coragem para imaginá-la. Mas de fato, sempre há aqueles que, uma vez entregue liberdade absoluta, não estão prontos para carregar o peso da responsabilidade que esta exige.
Jagger, sentado em um banco, também exibia claros sinais de choque, tentando entender o que ele acabara de assistir. "Por quê os Hell's Angels estavam atacando as pessoas tão gratuitamente?"Lembrando as palavras de Rock Scully, Jagger pergunta como alguém poderia confundir essa gangue por gente de bem. "Forte código de honra? Como é que Scully poderia comprar esta imagem?" emenda Keith. Alguém conclui: "Está óbvio que ele tem uma visão romântica ao estilo de vida." "Eu teria preferido a polícia" completa Mick. "Algumas pessoas simplesmente ainda não estão prontas" repete Keith novamente, semi hipnotizado. Em retrospecto, Charlie Watts resumiu bem o festival em uma frase: "Foi um evento aguardando para dar errado."
Despedindo de Frisco
Uma vez em San Francisco, todos foram para cama ouvir o jornal na televisão, ninguém saiu para fazer um programa. Gram Parsons e Michelle Phillips dormiram juntos naquela noite, Sam Cutler desmaiou de cansaço no chão do quarto de Keith e ninguém conseguiu acordá-lo mais. Mick havia telefonado para Pamela Miller que foi correndo ao seu encontro, passando a noite juntos. Na manhã seguinte, parte do grupo levantou cedo e saíram do país. Mick, Jo, Bill e Astrid foram juntos para Nova York. De lá, Bill e Astrid seguiram para Suécia, onde tirariam umas férias, enquanto Mick e Jo foram para Suíça, onde abriram uma conta bancária e depositaram $1.2 milhões de dólares, lucro da excursão. No aeroporto de Genebra, bastou Jagger ser reconhecido para a polícia revistá-lo integralmente. Jo Bergman, por estar acompanhando o astro, igualmente teve que se despir e ser revistada. Evidentemente nada foi encontrado.
Shirley e Serafina
Shirley e Serafina

Keith começou sua manhã com cocaína e uma garrafa de Old Charter, antes de se encontrar com Mick Taylor e Charlie Watts. Os três pegam então um avião para a Inglaterra. Antes de ir embora, Keith deixa com Gram Parsons uma cópia da gravação de "Wild Horses" como demo para que os Burritos Brothers possam gravá-la. Em troca, pede que Sneaky Pete, seu especialista em pedal steel guitar, grave sua parte na versão dos Stones. Um pedal steel guitar é um instrumento tipicamente de country music. Trata-se de uma guitarra, porém montada em uma armação que de longe mais parece um órgão. Seu som assemelha-se mais com um slide guitar.
Se separam no aeroporto, Charlie indo se encontrar com Shirley e Serafina, Mick Taylor buscando sua namorada Rose, e Keith morto de cansaço, encontrando o aeroporto inundado de jornalistas querendo um comentário. E de supetão recebe a notícia que Anita estava sendo ameaçada de expulsão do país.

Be Human - Fightstar


Na contramão da mesmice que inunda o hard rock atualmente, os ingleses do FIGHTSTAR não limitaram a sua sonoridade em “Be Human”, o mais recente álbum assinado pelo quarteto. As influências da banda, que variam do rock alternativo ao hardcore, se aproveitam – pela primeira vez – de elementos da música clássica. Por mais peculiar que possa ser o repertório, o disco comete o maior dos pecados musicais. Não há nenhuma composição de impacto que consegue se sobressair para virar um verdadeiro destaque na obra.



Imagem

Em atividade desde 2003, Charlie Simpson (vocal e guitarra, ex-BUSTED), Alex Westaway (guitarra), Dan Haigh (baixo) e Omar Abidi (bateria) chegaram ao auge da carreira do FIGHTSTAR. A banda, que é uma das mais persistentes do circuito underground londrino, conquistou certa notoriedade com “Be Human”, sobretudo pela nova perspectiva dada ao hard rock de outrora. O primeiro álbum do quarteto, intitulado “They Liked You Better When You Were Dead” (2005), mostrava uma sonoridade mais raivosa e próxima aohardcore e ao rock alternativo de nomes como DEFTONES e MACHINE HEAD. Em “Be Human”, as características caem em influências mais próximas a nomes como (os seus conterrâneos) do BUSH. Não dúvidas – portanto – que o apelo do novo álbum é nitidamente mais comercial. Entretanto, muitos dos arranjos (e até mesmo a produção da obra) se mostram incompatíveis com aquilo que o FIGHTSTAR buscou atingir.
A abertura sinfônica de “Calling on All Stations” deixa a entender que a primeira faixa de “Be Human” estaria recheada de melodias extremamente elaboradas. No entanto, o que se encontra na música assinada por Charlie Simpson & Cia. são riffs fora do timbre recomendado e uma vontade desnecessária em soar como o LINKIN PARK. Não que os americanos representem uma péssima influência. Na verdade é o quarteto inglês que não deveria abrir mão de construir um repertório original quando possui diante de suas mãos os recursos necessários para isso. O primeiro single retirado da obra, a música “The English Way”, pode animar um pouco mais, se comparada com a sua antecessora. Porém, por mais que os coros clássicos parecem se encaixar com naturalidade na proposta claramente alternativa do grupo, os riffs raivosos – que ainda buscam melodias e criam certos momentos cadenciados ao mesmo tempo – comprometem o que poderia soar de modo consistente em “Be Human”.
Por mais que o álbum não coloque nenhuma música em evidência, os mais atentos certamente encontrarão um ou outro motivo que explique a vigésima posição atingida por “Be Human” nas paradas inglesas. O refrão de “War Machine” – mesmo prejudicado pela produção inexplicavelmente falha da obra – projeta a faixa sobre as demais do repertório. Por outro lado, “Colours Bleed to Red” é uma das poucas composições que deixa de lado as ambições mais comerciais de “Be Human” pára explorar o que havia de mais agressivo no passado da banda. A faixa, ao contrário da maioria encontrada na obra, finalmente parece mostrar uma efetiva possibilidade de encaixar os riffs característicos da dupla Simpson e Westaway de modo que não prejudique a qualidade e o resultado final. Provavelmente essa é a (única) música de valor artístico dentro de “Be Human”.
As ambições comerciais do FIGHTSTAR se mostram com ainda mais nitidez em “Whsiperer” e em “Mercury Summer”, que pode até pode ser apontada como um outro destaque do disco. Os momentos mais íntimos do pop podem assustar os headbangers mais céticos, mas o instrumental soa de modo extremamente adequado à proposta da faixa - característica que não vai se repetir (como deveria) em “Be Human”. Para não deixar os únicos dois destaques do disco órfãos, o repertório ainda conta com as inusitadas (mais ou menos um misto de balada e hardcore extremo) “Chemical Blood” e “Damocles”. De um lado, as duas podem comprovar como o FIGHTSTAR é uma banda criativa e desprendida a rótulos. De outro, as faixas pode evidenciar a ausência de um rumo consistente (e planejado) que norteie a sonoridade do quarteto inglês.
Não há dúvidas de que Charlie Simpson & Cia. apostaram alto em “Be Human”. A orquestra e as vozes do Rugby School Chamber Choir mostram claramente o quanto que o FIGHTSTAR quis ir além aqui no seu mais recente álbum. Entretanto, a proposta esbarra em uma série de falhas extremamente comprometedoras para a carreira do grupo. A escolha dos riffs não é a mais recomendada para o gênero que o quarteto quer investir as suas fichas. O resultado é um álbum disperso – sem um motivo claro que justifique a sua existência – sem uma sequência de músicas que podem animar os fãs.
Track-list:
01. Calling on All Stations
02. The English Way
03. War Machine
04. Never Change
05. Colours Bleed to Red
06. Whisperer
07. Mercury Summer
08. Give Me the Sky
09. Chemical Blood
10. Tonight We Burn
11. Damocles
12. Follow Me Into the Darkness

Keep Out From Me - Emblema


É interessante ver como, muitas vezes, as maiores surpresas que temos vêm quando e de onde menos esperamos, e enchem os olhos de quem busca algo de novo e refrescante para os ouvidos e mentes, tão cansados das tendências repetitivas e clonagens. O EMBLEMA vem da Itália, e nos brinda com um belo CD em ‘Keep Out From Me’, quarto lançamento da banda desde sua formação, em 2004.



Imagem

A banda trilha os caminhos do Rock Pop grudento, com certas nuances mais viscerais e diretas, algo entre o Rock Alternativo e o Vintage. Seria como um OASIS menos deprê, mais variado, agradável e bem feito, com algumas pitadinhas de AOR, e mesmo de JOY DIVISION, MORRISEY e THE SMITHS aqui e ali, que só fazem bem ao ouvinte. E vamos falar a verdade: fazer este estilo não é lá muito simples, pois podem existir muitos problemas se a banda não tiver talento e não gostar do que faz, o que não é o caso deste ótimo quarteto italiano.
A produção visual, apesar de bem simples, é bem cuidada, com apresentação muito bem feita. A parte sonora é bem limpa, mas quando a banda cisma de mostrar mais garra e rebeldia, eles conseguem sem o mínimo pudor, graças àsguitarras bem feitas, cozinha eficiente e bons vocais.
As 8 faixas do CD são bem feitas e muito legais de se ouvir quando se quer diversão e curtição, tomar umas e conversar com aquela mina boazuda, o que não é errado, e há momentos em que você se pega cantarolando asmúsicas, pois empolgam bastante.
Faixas como a intensa ‘Break the Cover’, bem sentimental; a quase hard ‘Justified’, cujo refrão é bem empolgante e grudento; ‘Rusting All’, que tem um certo ‘q’ de PEARL JAM ‘old’; a faixa ‘Keep Out From Me’, onde o baixo trás à mente bandas com certos elementos do extinto Funk O’ Metal noventista; a ótima semi balada ‘A Step Ahead’, que emociona bastante o ouvinte; e a última, ‘Cut Them Entirely’, outra música mezzo balada, mezzo Rockão, que é de extremo bom gosto e bem legal.
Tem bastante futuro, e recomendo aos menos radicais e aos que curtem uma bela balada com bastantesexo, bebidas e, obviamente, muito ROCK AND ROLL!
Imagem
Tracklist:
01. Break the Cover
02. Justified
03. Thrashing Smashing
04. Rusting All
05. Keep Out From Me
06. Day Off
07. A Step Ahead
08. Cut Them Entirely

Contatos:
info@emblema.name

Showroom of Compassion - Cake


Em um hiato de quase sete anos, muitas questões ficaram em aberto quanto ao futuro dos norte-americanos do CAKE. A banda, que conquistou certo prestígio no cenário do rock alternativo, deu uma inexplicável pausa em suas atividades após o disco “Pressure Chief” (2004) – em meio ao auge do famigerado indie rock. No entanto, o grupo abriu mão do seu descanso para se concentrar em um novo álbum. Para comprovar que não perderam o apoio de seus fãs, “Showroom of Compassion” é o registro mais bem sucedido do quinteto californiano.



Imagem

Embora não possua nenhuma característica sonora que o distancie dos seus outros cinco discos, o repertório de “Showroom of Compassion” mostra como os anos de ostracismo foram importantes para a retomada da carreira da banda. As referências que fizeram história com o CAKE – as melodias alegres e o bom humor característico do grupo – retornaram com muita qualidade aqui. A criatividade de John McCrea (vocal e violão), Xan McCurdy (guitarra), Gabriel Nelson (baixo), Vince DiFiore (teclado e trompete) e Paulo Baldi (bateria) compõe o grande diferencial do novo álbum em comparação com os seus demais concorrentes. Pela primeira vez o quinteto de Sacramento (Califórnia) construiu um repertório verdadeiramente sólido e recheado de grandes momentos. Não foi por acaso que o disco atingiu o primeiro lugar nas paradas da Billboard na semana do seu lançamento.
Por mais que a banda repita certas fórmulas já batidas pelo indie rock, é com surpresa que nos deparamos com peculiariedades significativas nessa nova empreitada do CAKE. As melodias mais para cima – assim como as bases executadas em piano/sintetizador Moog – não parecem ser o foco principal do trabalho, como foi no passado. Com um toque folk bem BOB DYLAN  e momentos singelamente obscuros, “Showroom of Compassion” é um perfeito disco de rock para se ouvir sentado. Não há melodias raivosas de guitarra. De maneira corajosa, o que se sobrepõem no álbum são as referências da música pop (e não a sua veia mais indie e diversificada). A abertura do disco, com a interessante “Federal Funding”, mostra o que há de mais bem elaborado a partir dessa perspectiva mais intensa e cadenciada. Por outro lado, “Long Time” evidencia como o apelo mais comercial/eletrônico pode qualificar o CAKE para além do circuito alternativo. Não é por acaso que essa faixa foi escolhida para ser o primeiro single do álbum. A sua melodia pegajosa é certamente a sua maior virtude.
De modo relativamente curioso, John McCrea & Cia. não esbanjam técnica e virtuose na execução do repertório de “Showroom of Compassion”, que não chega a ultrapassar a marca de quarenta minutos de duração. As músicas possuem uma simplicidade ímpar e parecem não querer ir para muito além disso. Entretanto, o repertório possui bons momentos e comprova que o rock básico – indie ou não indie – ainda possui fôlego para ser abordado a partir de diferentes perspectivas. De um lado, a cadenciada “Got to Move” pode ser apontada como uma das faixas mais diferentes e interessantes da obra. De outro, “Mustache Man (Wasted)” – assim como a instrumental “Teenage Pregnancy” – possui uma faceta mais elaborada e comprova a amplitude da proposta assinada pelo CAKE.
Embora não se prenda a nenhum rótulo, a dicotomia entre ser uma banda alternativa e ser um grupo de ares mais pop contorna “Showroom of Compassion” do início ao seu fim. A outra faixa escolhida como música de trabalho – a interessante “Sick of You” – mostra novamente um CAKE interessado em explorar as melodias básicas do rock n’ roll com influências do pop. O resultado dessa sonoridade se desdobra em elogios e adjetivos positivos. Não há dúvidas de que os anos de repouso serviram para que John McCrea & Cia. pensassem e repensassem a carreira da banda, que completou recentemente vinte anos de estrada. Os destaques do álbum ainda se estendem por “Bound Away” – com influências claras do country norte-americano – e “Italian Guy” – que possui um quê de “Eleanor Rigby” dos BEATLES.
Não há dúvidas de que o CAKE atingiu o seu registro mais consistente em “Showroom of Compassion”. Por mais que tenha sido recheado por influências distintas, o rumo escolhido pelo quinteto californiano se mostra muito claro na obra. A boa música, aparentemente sem nenhum rótulo, é o que prevalece. O grupo até pode se perder em uma ou outra faixa menos impactante, mas o resultado será inclusive difícil de ser batido. O passado de relativas glórias da banda poderá ser esquecido a partir do momento que “Showroom of Compassion” comprovar que o interesse de John McCrea & Cia. em abordar o rock – mesmo que com doses de experimentalismos – é o caminho para o sucesso do CAKE.
Track-list:
01. Federal Funding
02. Long Time
03. Got to Move
04. What’s Now is Now
05. Mustache Man (Wasted)
06. Teenage Pregnancy
07. Sick of You
08. Easy to Crash
09. Bound Away
10. The Winter
11. Italian Guy