19 de abril de 2011

Itty Bitty Titty Committee - 2007








Abandonada pela namorada, recusada pela única universidade a que se candidatara e sentindo-se inadequada, Anna lamenta a sua vida. Ao sair do trabalho, conhece Sadie, uma atraente líder de um grupo de punk feminista radical de lésbica chamado CIA (Clits in Action). Anna entra num mundo secreto que erradica iconografias falocêntricas e misóginas, embarcando na sua primeira missão radical, sentindo-se viva pela primeira vez sendo o alvo dos flirts de Sadie.
As coisas começam a amargar quando a CIA descobre que todos os seus actos foram neutralizados ou rapidamente desfeitos e as únicas pessoas que conhecem as ações do grupo são apenas os seus próprios membros. Assim que a CIA perde o seu encanto o grupo desmembra-se. Conseguirá Anna recuperar as suas amizades e ressuscitar a CIA com uma nova e brilhante ideia?
A Trilha sonora é puro Rock n Roll.


Direção: Jamie Babbit
Duração: 83 Minutos

Parte 30 - Madison Square Garden

Durante a gravação para o Ed Sullivan Show, enquanto os Stones se apresentavam para um playback de "Honky Tonk Woman", "Love In Vain" e "Gimmie Shelter", uma das groupies de plantão Kathy, cuja função oficial era de motorista, explicava como Mick Jagger era sincero e agradável quando sozinho com ela, mas como ele se tornava o persona - Mick Jagger "astro" - quando outra pessoa entrava no quarto. Sua exposição de fatos encerraria com a conclusão de que, embora aguardasse a oportunidade de voltar a se deitar com Keith Richards, desta turma toda, o melhor sexo sem dúvida era de Terry Reid.


De Bobeira em L.A.
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Com a casa de Laurel Canyon tendo sido entregue, os dois Micks, J e T, mais Keith, se mudaram para a casa dos Du Ponts onde Charlie estava hospedado, este agora sem a mulher e filha. Na primeira tarde de folga da excursão Gram Parsons aparece trazendo consigo uma tora de haxixe cuja fragrância passou a se misturar no ar com o incenso patchouli. Em um momento de descontração, Charlie coloca alguns discos de jazz na vitrola, seguidos depois pelo primeiro EP dos Stones. Sem perceberem, o disco foi atraindo a atenção e companhia de Keith, Gram e Mick T, os rapazes gradualmente vindo se sentar ao redor da vitrola, todos ouvindo com atenção.
Charlie, sem a companhia de Shirley, estava visivelmente tristonho. Olha meio que para o vazio e pergunta em voz alta, "O que aconteceu com Brian?". Keith responde: "O cara se queimou". Após uma leve pausa, como que revivendo em segundos as loucuras dos primeiros anos, completa: "Você sabe como ele era. Ele precisava sempre fazer mais do que todo mundo. Se a galera toma mil tabletes de LSD, ele tomaria duas mil de STP. Só para ser o maiorial". Charlie sinalizou concordando. "É uma pena. Brian conseguia tocar isso tudo sem nem se esforçar."
Com o andamento da noite, Gram pulou na sua moto e saiu para buscar um disco do Lonnie Mack que ele queria mostrar para os amigos. Enquanto ele não voltava, o pessoal passou a ouvir discos de Furry Lewis, Johnny Woods e Fred McDowell. Não demorou muito e Rock Scully apareceu, trazendo com ele Emmett Grogan, para juntos conversarem com Mick Jagger sobre a melhor maneira de se montar um show de graça em San Francisco. A hipótese de fazer um grande show gratuito torna-se, a esta altura, uma opção concreta na cabeça de Mick J. Com o mundo maravilhando o recente mega-concerto realizado a poucas semanas em Woodstock, a idéia dos Rolling Stones realizarem algo da mesma grandeza se torna extremamente atrativa para todos.
Um Woodstock Para Frisco
Notícias sobre a intenção da Warner Brothers de fazer um grande documentário sobre o recente festival em Woodstock atingem a vaidade de Jagger. Mick ainda vê a Warner com desafeto pela forma com que censuraram e destruíram o filme "Performance", ainda inédito e sem data marcada para ser lançado. Jagger tentou com "Rock 'n' Roll Circus" e "In The Park" fazer um grande filme com os Rolling Stones, porém por um motivo ou outro, nunca obteve os resultados desejáveis. O show em Hyde Park mostrou que um concerto gratuito poderia atrair uma quantidade gigantesca de pessoas. Isto sendo realizado nos Estados Unidos poderia atrair o tipo de atenção que "In The Park" não conseguiu. E um filme registrando um evento destas proporções poderia ser um instrumento excelente para divulgar o novo Rolling Stones. Melhor seria ainda, se o filme do festival dos Stones pudesse ser lançado antes que o documentário da Warner sobre Woodstock.
Jerry Garcia também apareceria para entrar na conversa, logo reforçando a idéia de que não há melhor cidade para realizar um show de graça do que San Francisco. The Grateful Dead, Jefferson Airplane e várias outras bandas da cidade já haviam feito concertos gratuitos lá desde 1966. Na verdade, foi mesmo em San Francisco, nesses Be-In's iniciados em '66, que nascera a idéia do concerto gratuito ao ar livre, concepção que com Monterey Pop e o mais recente Woodstock, chegam a sua fase mais popular. Há um sentimento geral entre os hippies da cidade, e jovens da costa oeste em geral, que Woodstock deveria ter ocorrido em San Francisco, e que a comunidade artística da cidade estava enciumada com o êxito do festival realizado no estado de Nova York. Enfim, San Francisco anseia por oferecer à sua população um festival tão grande, tão representativo ou mais, do que Woodstock havia se transformado.
Além de todas as outras boas razões para os Rolling Stones fazerem este concerto gratuito, Jagger vê a realização deste evento especial como um excelente final para um novo filme. Solicita então que Jo Bergman e Ronnie Schneider encontrassem alguém que estivesse disponível para filmar os últimos shows da excursão e mais este concerto gratuito. Por causa do pouco tempo disponível, eles só retornariam ao assunto em Nova York, onde então os contatos deveriam estar prontos para serem assinados.
A Noite Continua no Du Pont
A reunião com Mick Jagger já havia encerrado quando Parsons retornou à residência dos DuPont com seus discos. A primeira coisa que ele procurou foi o haxixe, mas não estava mais no lugar onde ele havia deixado. Keith o ajudou a vasculhar a sala e os quartos, porém foram obrigados a concluirem que alguém, possivelmente Scully, havia levado consigo a tora. Para aliviar Gram do sentimento de perda, Keith espalhou algumas gramas de cocaína sobre a capa de um disco de Buck Owens e pronto, não se falou mais em haxixe.
Gram Parsons e Keith Richards
Gram Parsons e Keith Richards

Embora faltasse pouco para meia-noite, o movimento da casa estava intenso, quase em ritmo de festa. Estavam presentes Kathy e Mary, Jo e Ronnie, Sam e Tony, além dos Stones, exceto Wyman. Chegaram também algumas outras meninas, e entre estas estava Linda Lawrence. Bebidas rodavam a sala, como também ocasionais baseados. Gram e Keith sentaram ao piano e começaram a tocar e cantar uma série de canções country.
Linda em Los Angeles
Linda Lawrence e Julian Mark
Linda Lawrence e Julian Mark

Linda Lawrence atravessou um período difícil e tumultuado para conseguir conviver com o fato do amor de sua vida não mais lhe querer. Porém, através de um amigo em comum, Linda conheceu e passou a namorar Donovan durante parte do ano de 1967. Ainda apaixonado por Brian, se assustou com seus sentimentos por Donovan, o que levou Linda a fugir para a Califórnia em 1968, onde passou a trabalhar com uma amiga como sócia em uma loja de roupas. Donovan, por sua vez, triste pelo rompimento repentino, acabou optando por ir à Índia, em um retiro espiritual em Rishikesh com o Maharishi Mahesh Yogi.
Com Linda nesta noite, neste reencontro, estava seu filho, Julian Mark Jones, que brincava alegremente com um balão colorido que trouxera. Difícil olhar para Julian e não reparar o rosto, o cabelo, as mãos e os olhos de seu pai, Brian Jones.
Antes de Retornar ao Batente
Depois de passar quase três dias acordado cheirando cocaína, Keith passa o resto dos dias de sua folga dormindo. Ele havia composto uma canção com pedaços de uma letra ainda incompleta. Apresentando a canção para Mick, Keith fala da origem de sua inspiração nascendo de sua angústia por ter que deixar Anita e o recém nascido Marlon em Londres para vir fazer esta excursão nos Estados Unidos. Incumbido de compor uma letra para a canção, Mick leva muito tempo para conseguir inspiração. No entanto, foi durante algum momento desta folga que Mick acabou escrevendo a letra para a canção de Keith. Amargurado com o fato de Marianne ter ido morar com Mario, a letra acabou fugindo do romantismo inicialmente imaginado. Sem deixar de ser uma canção que celebra o amor de um homem e uma mulher, ela se mostra porém, claramente um amor amargurado. A canção que nasce desta união de forças e relacionamentos entre Mick e Keith com suas respectivas, é "Wild Horses."
A Segunda Metade do Tour
Dia 28 começa a segunda metade da excursão com dois shows em Detroit, que serviram para novamente esquentar a banda para os shows na costa leste. De Detroit seguiram direto para New York, onde o grupo e toda a equipe se hospedou no Plaza, ao lado do Central Park. Esta seria agora a nova base para a banda e comitiva. BB King e seus músicos voltaram a abrir para os Stones pelo restante da excursão americana. Em Detroit, alguém da equipe de Chip Monck encontrou em uma loja um disco pirata contendo a gravação de um show recente dos Stones realizado na Califórnia. O rapaz comprou o disco e o levou diretamente para as mãos de Mick Jagger.
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Houve muita discussão sobre o fato de ser possível um disco ao vivo da turnê estar disponível nas lojas antes mesmo da excursão chegar em sua metade. Isto era uma situação totalmente nova e deixou todos perplexos. O disco, com o instigante título de "Live R Than You'll Ever Be", traz a apresentação dos Rolling Stones em Oakland, sendo historicamente o primeiro disco pirata ao vivo totalmente em estéreo. Para arrasar a moral ainda mais, o pirata oferece uma qualidade auditiva próxima da perfeição.
Mick, Ronnie, Jo e Keith contemplavam a possibilidade de alguém da equipe ter gravado secretamente da mesa de som e vendido a fita na Califórnia. Desconfianças recaíram sobre Glyn Johns e depois sobre Bill Graham, que estava filmando o concerto e poderia também ter seu pessoal gravando de alguma forma sem ser percebido pelos membros da equipe de som. O que mais perturbava era a qualidade sonora do disco. Sem chegar necessariamente a nenhuma conclusão especifica, passou-se a vigiar mais austeramente a entrada do público. É assim começou o que se tornaria padrão até hoje, ou seja, a observação do que as pessoas traziam com eles para dentro do auditório.
Assim, Ronnie Schneider confisca um gravador portátil de um rapaz na saída da arena, ficando com sua fita. Nas mãos de Jagger, a fita confirma a primeira impressão dada pelo disco pirata, isto é, que os shows desta excursão estão valendo o dinheiro do ingresso, a banda perfeitamente engrenada. Conclui-se que sem Brian Jones, os Rolling Stones se tornaram outra banda, com um poder de explosão ainda maior. Justiça seja feita, a qualidade sonora dos equipamentos modernos, e casas preparadas com maior ciência e infra estrutura, não são páreo para comparação com aqueles tempos das primeiras excursões dos Stones. Tempos estes vistos por alguns como mais românticos, porém infinitamente mais precários.
Marianne, Mario e Nicholas
Marianne e Nicholas em Roma
Marianne e Nicholas em Roma

Durante toda a excursão, apesar dos assuntos paralelos que exigiam as atenções de Mick, ele sempre conseguiu achar tempo para ocasionalmente ligar para Londres e conversar com Marianne. Existe ainda por parte dele muito amor pela Marianne, porém ela não está mais interessada. No fundo, ela já deseja um enredo diferente para sua vida. O relacionamento entre os dois está morto. Logo ela e Nicholas estariam se mudando de Cheyne Walk, onde residiam com Jagger, e passariam a morar em Roma, com Mario.
Documentando os Shows
Uma vez em Nova York, com a ajuda de Jo e Ron, Jagger coordena os detalhes finais para o filme a ser feito. Enquanto a excursão estava em andamento, contatos foram feitos com vários diretores de cinema. Inicialmente tentaram contratar Haskell Wexler, diretor do filme "Medium Cool", no entanto este declinou o convite. Outra opção tentada foi D.A. Pennebaker, responsável pelo filme "Monterey Pop Festival", todavia não conseguiram entrar em um acordo. Pressionado pela falta de tempo, uma vez que contam com apenas cinco dias para encerrar a excursão, não houve tempo de preparar todos os pormenores. Na reunião em Nova York, Jo e Ron apresentam a Jagger, para a vaga de cineasta, os irmãos Albert e David Maysles.
Contratados pela Rolling Stones Promotions, os irmãos Maysles vão assistir às apresentações que faltam antes das datas em Madison Square Garden, para conhecer os detalhes do show antes de começarem a filmar. As instruções recebidas foram de que o filme deveria registrar o melhor dos três shows no Madison Square Garden, sendo o grand finale da película imagens do show gratuito a ser realizado em San Francisco.
Começando Com Pé Esquerdo
Durante a mais importante entrevista coletiva desde Los Angeles, Mick Jagger anuncia a intenção da banda tocar de graça em San Francisco, no Golden Gate Park, provavelmente no dia 6 de dezembro. Jagger comenta durante o anúncio, como se fosse um mero detalhe, que a data e local ainda teriam que ser confirmados. Esta declaração se mostraria um erro tático absurdo, pois as autoridades de San Francisco sequer haviam sido contactadas para negociar a viabilidade do evento. Com a notícia de um concerto gratuito se espalhando rapidamente pelas rádios e TV's, uma grande horda de jovens passaram a viajar em direção à cidade. A prefeitura naturalmente ficou enfurecida pela arrogância de Jagger em decidir unilateralmente algo que necessariamente necessitava do seu envolvimento (e aprovação) para ser realizado. Iniciava-se então um pequena atrito entre as partes, cada vez mais alimentado pela imprensa que transformava tudo ligado aos Rolling Stones em sensacionalismo.
Madison Square Garden
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Os cinco integrantes dos Stones e pessoas da cúpula interna foram de Lear Jet para Baltimore enquanto o resto da equipe viajou de ônibus. Em mais um show empolgante, Baltimore seria a primeira cidade em que o público negro era visivelmente maior em relação à população branca. "I'm Free" volta ao repertório e "You Got To Move" é agora adicionada. Os Stones continuam atrasando o início de todas as apresentações e a fama de arrogância de Mick Jagger e da banda é largamente unânime entre gente da imprensa e pessoas ligadas à promoção de espetáculos na América.
Mas seria em Nova York, no Madison Square Garden, que o ápice da excursão se desdobraria. O primeiro entre três shows realizados em dois dias se dá no dia de Ações de Graça, o chamado Thanksgiving Day, feriado nacional mais importante do país depois do Dia da Independência. Nas áreas reservadas dos bastidores circulam luzes e equipe de filmagem, andando livremente, local onde Mick têm sua primeira conversa com os irmãos Maysles, onde procura deixar claro que não quer ter de se preocupar em ser um ator neste filme, pois suas energias precisam se manter direcionadas exclusivamente para o show. O filme segue assim mais claramente em passo de documentário, registrando apenas o que acontece e nunca planejando o que vai acontecer para então ser filmado.
Amigos VIP
Mick Taylor e Jimi Hendrix nos bastidores antes dos Stones subirem ao palco
Mick Taylor e Jimi Hendrix nos bastidores antes dos Stones subirem ao palco

Ainda nos bastidores, as câmeras estão rodando, mostrando Mick Jagger, Mick Taylor e Jimi Hendrix juntos. Jagger sai de cena para se maquiar enquanto Taylor oferece uma guitarra para Hendrix, que primeiro comenta ser canhoto, sendo necessário mudar a posição das cordas do instrumento, tendo em seguida virado a guitarra e tocado-a de cabeça para baixo. Jagger aguardara para este dia a chegada de Marsha Hunt vinda de Londres. Ele se despediu de Bebe Buell, uma groupie ainda menor de idade com quem estivera dormindo as últimas noites e ainda no banheiro, enquanto se aprontava, Marsha Hunt aparece. Feliz por vê-la, não foi difícil perceber seu ar sério. Marsha veio para lhe contar que estava grávida e que Mick era o pai.
Tina Turner & Janis Joplin
Tina Turner & Janis Joplin

Mais tarde, enquanto Jagger e os demais Stones estavam nus e seminus, trocando de roupa, Janis Joplin invade o banheiro, dá um sorriso sacana e em seguida é retirada pela segurança. No palco, Terry Reid e BB King já haviam feito seus shows e Ike & Tina Turner estavam se apresentando. Janis foi para o canto do palco assisti-la dali. Em meio à canção "Land of 1000 Dances" Tina percebe a presença de Janis e a chama para o palco. Juntas, Tina e Janis cantam o restante da canção enquanto o público aplaude efusivamente. Tina e Janis continuaram dançando nos bastidores, divertindo-se mutuamente com a companhia uma da outra.
Enquanto Mick e Keith cheiravam cocaína trancados em algum quarto secreto, o público e o resto da banda aguardavam. A espera, em parte, era para que a poeira levantada pela impressionante apresentação de Tina Turner assentasse e para o público poder então descansar os ouvidos antes da entrada dos Stones. Tática normal e aceitável dentro desta indústria. No estacionamento interno do prédio, um caminhão com um estúdio móvel estava preparado com mesa e máquina de gravação, só esperando chegar o sinal para começarem a gravar. Pilotando a mesa de som estava Glyn Johns.
Nesta noite a demora foi mínima e desta forma, como ficou eternizado posteriormente em vinil, ouviu-se a voz de Sam Cutler perguntando "Everyone seems to be ready. Are you ready?" (Todo mundo aparenta estar pronto. Vocês estão prontos?) Com a resposta afirmativa da platéia ele então segue "Pela primeira vez em três anos, a melhor banda de rock 'n' roll do mundo, the Rolling Stones!" O público rompe em euforia e a banda rapidamente entra e toma seus lugares. Em segundos, Keith estava atacando com o riff inicial de "Jumpin' Jack Flash."
Nova Iorque é o estado onde havia sido realizado o festival de Woodstock menos de três meses antes. Havia então nesta cidade, neste período, a vivência e a conclusão de que música pode realmente ser a pedra base para uma sociedade pacífica e cooperativa. Esta mentalidade e este estado de espírito geral nunca mais se repetiriam depois do concerto em Altamont, que seria realizado dentro de uma semana.
Mick Taylor, Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Bill Wyman
Mick Taylor, Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Bill Wyman

O público que lota a gigantesca arena consegue enxergar o palco, apesar da fumaça espessa de fumo que cobria o local. Jagger mantinha sobre um dos amplificadores uma garrafa de Jack Daniels quase vazia, onde de vez em quando ia molhar a garganta. Jimi Hendrix, não muito longe, posicionado atrás do amplificador de Keith, assistia ao que chamaria posteriormente de "sopão de rock 'n' roll" que os Stones serviam. Quando Mick anuncia outra música nova, "Won't You Live With Me", Janis Joplin grita a plenos pulmões, "Você não tem culhão pra isso!" rindo de si mesmo em seguida. Perto do final do show, copinhos de Q-Suco com LSD estavam sendo distribuídos entre o público, não se sabe exatamente vindo de onde. Mick joga o balde com pétalas de rosas ao público e pouco depois toda banda está deixando o palco, indo direto para as limousines que já aguardavam. De lá foram direto para o hotel, atravessando as ruas de Manhattan à toda velocidade.
Programas
Depois do show e da chuveirada no hotel, Mick Jagger sai para uma festa na casa de Jimi Hendrix. Bill Wyman e a namorada Astrid fazem um programa muito particular, enquanto Mick Taylor, Charlie Watts, Keith Richards e mais alguns amigos vão ao bairro de Greenwitch Village assistir uma banda de jazz.
Tony Williams Lifetime
Tony Williams Lifetime

A indicação foi para ir a um clube chamado Slug's onde puderam assistir The Tony Williams Lifetime, trio de jazz fusion que compreende John McLaughlin na guitarra, Larry Young nos teclados e Tony Williams na bateria. Charlie e Keith ficam pasmos com o que ouviram deste trio, que experimentava sons bem diferentes e mudava o compasso e tema a cada dois minutos. Quando o sol ameaçava amanhecer os amigos resolvem ir embora.
Mick J já havia retornado da festa, trazendo consigo Devon Williams, namorada de Jimi Hendrix. Uma espécie de vingança particular de Jagger sobre Hendrix por este tentar levar Marianne alguns anos antes. Keith riu muito quando soube, sentindo-se igualmente vingado, uma vez que sua antiga namorada Linda Keith o largara para ficar com Jimi em 1966. Keith, ao chegar no seu quarto de hotel, está acompanhado de um amigo a quem quer apresentar uma novidade.
O rapaz o observa tirar de um saco cheio duas cápsulas que Keith abre e em seguida espalha o seu conteúdo sobre um espelho portátil. Keith vai explicando que este pó não era cocaína e não era para ser usado a qualquer hora, apenas de vez em quando. "Isto é heroína, cara. Muito legal!" Keith prepara as trilhas de pó, e com o seu bambuzinho dourado, dá a sua cafungada, passando o espelho em seguida para sua visita. Depois, Keith coloca uma fita de blues da década de trinta com vários artistas do quilate de Lucille Bogan, Memphis Minnie Douglas, Washington Phillips e Blind Curley Weaver, entre outros.
O Primeiro Namoro
No dia seguinte, o show da tarde seria outro sucesso e o da noite prometia. O sócio da Atlantic Records, Jerry Wexler, sua esposa e seus dois filhos foram assistir aos Rolling Stones. Sem nenhum contato oficial, recados entre Jerry e Mick estavam sendo trocados. Wexler deixa claro que ele adoraria ter os Stones na Atlantic Records, porém não gostaria de ter que trabalhar com Allen Klein. A resposta dos Stones foi de marcar uma sessão de gravação no Muscle Shoals Sounds Studio em Alabama, localizado na pequena cidade de Muscle Shoals, ao lado do Rio Tennessee. O estúdio havia sido recentemente formado pela seção rítmica do selo Fame, e vinha ganhando boa fama em produzir um som negro. A Atlantic Records estava adotando o estúdio para vários de seus artistas. O local serviria não só para os Stones gravarem alguns números já compostos por Mick e Keith mas também como um lugar onde Mick Jagger e o dono da Atlantic Records, Ahmet Ertegun, poderiam se encontrar sem muitas suspeitas.
BB King
BB King

BB King, ao final de seu set, dedica uma canção aos Rolling Stones antes de sair. Depois Mick foi conferir, das cadeiras reservadas, o show da Tina Turner. Assistiu do inicio até pouco mais da metade da apresentação quando precisou sair para se aprontar. Com um atraso que se tornou a regra, os Stones tomam o palco à meia noite. O show seguiu em ritmo de festa com o público dançando alegremente e sem maiores incidentes.
Boston
Igualmente festivas seriam as apresentações em Boston. No entanto, em Palm Beach, onde seria o encerramento oficial da excursão, salvo o show extra gratuito, aguardavam-se incidentes. Enquanto os Stones estavam em Boston, na cidade de Palm Beach estava havendo muita ação policial com vários prisões feitas à traficantes. A Guarda Nacional estava em estado de alerta e a cidade naturalmente estava tensa, com a polícia parando aleatoriamente qualquer um circulando pela rua, à procura de drogas. Com contatos telefônicos feitos, havia uma garantia por parte da prefeitura de Palm Beach, que se o festival fosse realizado na cidade, estaria transcorrendo livre e independente das demais atividades policiais nas vizinhanças.
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No avião fretado de volta para Manhattan após o show de Boston, foram acesos cerca de doze baseados. Uma latinha com cocaína, acompanhada de uma pequena colher, circulou livremente para todos que estavam à bordo. Uma groupie de dezesseis anos, que sonhava em seguir os Stones desde os treze, estava comentando que ela se sentia como estando em um avião com Deus. Ela acabaria dormindo com um dos rapazes da equipe.
Contabilidade e Conversa
Em outra reunião de negócios, Mick Jagger e Ronnie Schneider conversam sobre dinheiro, contabilizando os lucros, e buscando uma estimativa com dados reais. Jagger comenta que, se pudesse, faria toda a excursão de graça. Pensa no que acabou de afirmar e contempla então a inexorável realidade de que bastaria conversar com o gerente de seu banco para perceber que não dá. "Eles sempre falam que está tudo bem até você querer comprar alguma coisa. Aí você vê que não tem o que pensava que tinha." Jagger então complementa seu raciocínio com duas frases de uma canção tirada do recente disco dos Beatles, "You never give me your money. You only give me your funny papers".
De fato, em todas as excursões dos Stones até então, a banda nunca ficara com o grosso do dinheiro. Mas Ronnie estava mostrando que desta vez, a julgar pelos números que ele tinha do início da excursão até o show de Chicago, a banda poderia esperar sair do país levando cerca de noventa a cem mil dólares líquidos. Se pudessem negociar tudo diretamente com as casas de espetáculo sem nenhum intermediário, poderiam ter conseguido ainda mais.
Enquanto os dois homens celebram a riqueza conquistada entre goles de whiskey, Jagger começa a projetar suas expectativas em relação às futuras possibilidades da banda. "Rock 'n' roll é coisa para adolescentes e os Stones como banda não poderão durar mais outros oito anos", ele deduz. Pensa um pouco e conclui em seguida que, se for possível, tentariam prosseguir com a banda, mas seria algo muito difícil de se conseguir.
Golden Gate Park Barrado
Jagger depois se retira para uma reunião particular com Jo Bergman. Nessa reunião, as notícias não são animadoras. A prefeitura de San Francisco negou a licença para permitir o uso do Golden Gate Park para o show gratuito. Alegam que não há tempo suficiente para garantirem as instalações necessárias para que o evento possa transcorrer com segurança. A lógica sugere que a história do show gratuito terminasse aí. Normalmente, teria que se desmarcar a data, possivelmente encontrar um novo local, acertar todos os pormenores legais e de segurança, para somente então tornar público o show. Mas tudo que interessa a Mick Jagger a esta altura é fazer e lançar um filme antes de Woodstock, e seu filme precisa deste festival gratuito para o seu encerramento. Desta maneira, a ordem é encontrar urgentemente outro lugar pois, "este presente para a cidade é fundamental".
Em um outro andar do hotel, enquanto a reunião se desenrola, duas meninas são levadas para conhecer osRolling Stones. Ao chegar em um quarto, as meninas engrenam num papo com dois assistentes. Ouviu-se o seguinte diálogo, "Eu não sou uma groupie!" "Claro que não querida, mas se você quiser conhecer os Stones, você precisa mamar na minha." Depois não se ouviu mais palavras, apenas alguns leves gemidos.
Palm Beach
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Foi fretado um Boeing para levar toda a equipe em um só transporte, todos à caminho de West Palm Beach. O avião teve problemas técnicos, obrigando todos a ficarem horas presos dentro da aeronave aguardando na pista a chegada de outro aeroplano. Os Stones estavam programados para subir ao palco junto com o pôr-do-sol, porém o céu já estava escuro quando o avião finalmente decolou de um aeroporto da Marinha. Em West Palm Beach, como se tratava de um festival, a versão de 1969 do Miami Pop Festival, o público esperava os Stones coroar a noite se entretendo com outras apresentações, entre as quais incluíam Jefferson Airplane, Johnny Winters e Janis Joplin.
Ao chegar em West Palm Beach, dois helicópteros vieram para levá-los até o local do festival, o Palm Beach Internacional Raceway, ao lado da praia. Por causa das recentes chuvas, o local, onde cerca de trinta mil adolescentes aguardavam o grupo, estava cheio de lama. Por causa do vento frio, os Stones subiram o palco usando jaquetas. O show tecnicamente foi o mais complicado, pois sendo ao ar livre e com um vento frio soprando constantemente sem direção fixa, o som não se espalhava uniformemente e as cordas das guitarras se recusavam a permanecer afinadas. Por outro lado, aquele oceano de garotos aturando todo o mal tempo, sem brigas, motivou a banda a vencer as circunstâncias e dar um show empolgante.
E conseguiram exatamente isto, o público se soltando, se esquentando e até dançando, seja na lama ou na areia molhada. Pularam o repertório acústico embora Mick tentou conversar com o público um pouco, parabenizando-os por estarem ali. Durante "Satisfaction" a corda Mi de Mick Taylor arrebentou mas a banda continuou tocando feito trem lotado. Antes de terminar, Mick Jagger fez questão de agradecer o que chamou de "a minoria étnica" presente ao show. "Todos os viados, todos os viciados, os caretas, os policiais..." Com isso dito, fecharam o set com "Street Fighting Man", deixando o palco às cinco da manhã, com a sensação de missão comprida. Planos imediatos eram de tomar um café da manhã, pegar um avião para Atlanta, entrar em um Holiday Inn e dormir.

Pride & Glory - Pride & Glory

Por João Paulo Linhares Gonçalves

Todo mundo conhece o rock sulista norte-americano, aquele capitaneado pelos Allman Brothers e o Lynyrd Skynyrd. E todo mundo também conhece Zakk Wylde, durante vários anos guitarrista da banda de Ozzy Osbourne e líder do Black Label Society. O que pouca gente conhece é a banda Pride & Glory e seu único disco, homônimo. Menos ainda sabem é que Zakk tentou, neste disco, uma mistura inusitada do heavy metal que ele sempre praticou com suas raízes sulistas do rock. Este post busca falar um pouco deste álbum.



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Falemos um pouco da história de nosso personagem principal. Zakk Wylde começou sua carreira entrando para a banda de Ozzy Osbourne em 1987, participando da gravação e turnê do disco "No Rest For The Wicked". Sua fama entre os roqueiros cresceu com o sucesso e a aparição no vídeo da canção "No More Tears", onde ele nos apresentou a hoje famosa guitarra bulls eye. O disco de mesmo nome é considerado por muitos como um dos melhores de Ozzy, muito deste brilho graças a Zakk, que neste disco mostra ainda mais talento, em solos lindos como o da faixa-título ou em canções lentas marcantes, como "Mama, I'm Coming Home" e "Road To Nowhere".
Aconteceu que Ozzy, se achando cansado e querendo dedicar mais tempo a sua família (foi o que ele escreveu em seu livro auto-biográfico, "Eu Sou Ozzy"), decidiu que aquela seria a sua última turnê (ele batizou a turnê com o singelo nome de "No More Tours"). Zakk, a esta altura, já tinha formado uma espécie de banda-tributo, uma daquelas que todos nós gostamos de fazer parte, tocando músicas de bandas clássicas do southern rock, como Allman Brothers, Lynyrd Skynyrd, ZZ Top e Mountain. A banda ganha um nome que brinca com o nome de uma destas clássicas bandas: Lynyrd Skynhead (quão original...). A banda era formada por Zakk na guitarra evocais, James Lomenzo no baixo (James já tinha tocado com o White Lion e depois tocou com o Megadeth) e Greg D'Angelo na bateria (Greg também tinha tocado no White Lion).
Com a suposta aposentadoria de Ozzy, a banda acaba ganhando certa importância. Primeiro, duas faixas acabam sendo lançadas em coletâneas: "Farm Fiddlin'", na coletânea "The Guitars That Rule the World", de 1991, e "Baby Please Don't Go", na coletãnea " L.A. Blues Authority Vol. 1", de 1992. No começo de 1994, a banda troca de baterista: sai Greg D'Angelo e entra Brian Tichy (Brian está tocando agora com o Whitesnake). Na mesma época, após a banda ficar mais "séria", não dava pra continuar com aquele nome de banda-tributo. A banda então resolve se chamar Pride & Glory. Com um nome sério, a banda estava pronta para lançar seu primeiro disco, homônimo. O álbum sai em maio de 1994, pela gravadora Geffen (o relançamento com o disco bônus, que eu comento neste post, saiu pela gravadora Spitfire). Todas as canções são composições de Zakk Wylde (no disco bônus há algumas covers). As músicas "Losin' Your Mind" e "Horse Called War" são lançadas como singles e têm vídeos gravados. A canção "Troubled Wine" é lançada apenas como single, sem um vídeo associado.
Minha impressão, faixa a faixa, do primeiro disco:
1 - "Losin' Your Mind" - uma introdução de banjo já marca a sonoridade diferente que este disco apresenta. Claro que o peso característico do heavy metal vem a seguir, mas esta frase de banjo vai permeando toda a canção. Foi escolhida como primeiro single provavelmente por este motivo, por mostrar claramente que não era simplesmente um trabalho de heavy metal, e sim trazia fortes raízes sulistas. A canção tem andamento moderado, mas na hora do solo Zakk brilha e demonstra suas qualidades.
2 - "Horse Called War" - depois de iniciar o álbum com uma introdução de banjo, esta canção tende mais para o heavy metal tradicional, com um refrão que tem melodia mas não tanto quanto a anterior. Zakk usa bem o wah-wah e sola melhor ainda. A cozinha é um destaque aqui. Foi o segundo single do disco.
3 - "Shine On" - esta canção tem um comecinho mais lento super inspirado em bandas clássicas, como Allman Brothers. Logo a seguir um pouco de peso e uma gaita marcante contrastando. Mais doses dos poderosos solos de nosso guitarrista e repetições do refrão, um falso fim, com um retorno firme numa levada de peso. Lomenzo faz uma forte linha de baixo que Zakk aproveita para nos dar mais solos. Um dos destaques do disco!
4 - "Lovin' Woman" - quem acompanha a discografia do Black Label Society sabe que, por trás de todo aquele peso, temos diversas baladas, belíssimas. Zakk mostra que esta característica é marcante desde seu começo com Ozzy e as lindas baladas de "No More Tears", e aqui também. Mais uma vez a gaita se faz presente, desta vez de forma suave para complementar esta bonita canção.
5 - "Harvester of Pain" - um riff pesado marca o começo desta música, típico de Zakk Wylde. Mas a canção em si não é tão pesada. Ela até apresenta trechos mais lentos e cadenciados, mas se apresenta como uma boa canção.
6 - "The Chosen One" - o baixo de James Lomenzo introduz esta música, bem pesado (James mais tarde iria usar muito o peso no Megadeth). Mais uma vez, a canção tem andamento mais cadenciado. É uma prova de que o disco tem uma divisão clara de influências, o heavy metal e o rock sulista. Uma camada suave de orquestração complementa a música. Esta camada fica clara enquanto Zakk sola.
7 - "Sweet Jesus" - Zakk, além de tocar guitarra muito bem, toca piano de forma bela. Esta introdução no piano, com orquestrações suaves complementares, deixam esta canção a balada mais bela do disco. O solo suave acompanha a beleza da canção.
8 - "Troubled Wine" - terceiro single do disco (mas sem nenhum vídeo gravado para ela), esta começa com uma introdução sulista que cai para uma levada cadenciada pelo peso da guitarra de Zakk. O refrão é o mais melódico de todo o álbum. Talvez esta canção seja o grande destaque do disco.
9 - "Machine Gun Man" - esta vai se conhecida de todos que compraram a coletânea "Skullage", do Black Label Society (ela abre o disco). Uma canção acústica bela com uma dose de peso no refrão que também se destaca neste álbum.
10 - "Cry Me A River" - outra de levada acústica, melodiosa e gostosa de se ouvir. Doses cavalares de influência sulista e até um pouco de country music, um refrão belo e terei que rever se esta ou "Troubled Wine" é o maior destaque do disco... Fico com as duas!
11 - "Toe'n The Line" - depois de duas acústicas, esta começa com o pé embaixo, com peso forte. Pra reforçar, alguns efeitos na voz de Zakk. No meio, uma levadinha mais suave, para introduzir mais um grande solo. Outro destaque deste belo disco!
12 - "Fadin' Away" - mais uma balada com introdução baseada no piano bem tocado de Zakk. Melodia bela e suave, as baladas de Wylde sempre deixam boa impressão. Esta é mais uma delas. As outras do disco são melhores, mas esta não é ruim.
13 - "Hate Your Guts" - esta é mais pra fechar o disco com um certo humor. Com uma levada country, meio humorística, com letra passando uma mensagem odiosa. Ainda com um coro brega no fundo, para zoar mesmo. Talvez esta música seja ainda resquício da época em que a banda era mais um tributo. Acabou sendo gravada e fechou o álbum.
E minhas impressões do disco bônus, faixa a faixa:
1 - "The Wizard" - esta cover do Black Sabbath foi tirada numa levada bem ao estilo rock sulista, talvez tenha sido a cover que ficou com a melhor versão, das que compõem este disco extra.
2 - "Torn and Tattered" - o disco extra também traz as típicas baladas de Zakk. Esta bem no estilo acústico. A gaita suave também ajuda, como na música "Lovin' Woman", só que nesta Zakk aplica um pouco de piano também.
3 - "In My Time of Dyin'" - outra cover da santíssima trindade, esta tem a cara deste disco, a introdução dela tem tudo a ver. Agora, fazer cover de um clássico deste tamanho deixa muita responsabilidade nas costas de quem se arrisca. O Pride & Glory se sai bem, mas o original é imbatível, não tem jeito...
4 - "Found A Friend" - outra bela balada, com peso e muita melodia. Esta canção saiu no disco original (era a faixa 12). Esta versão com dois discos acabou colocando-a para o segundo disco, acidentalmente.
5 - "The Hammer & The Nail" - uma típica canção sulista, curtinha e direta. Bem colocada no segundo disco...
6 - "Come Together" - mais uma cover de banda muito importante. Esta é de ninguém menos que osBeatles. A opção do Pride & Glory foi de uma versão mais suave, baseada no piano de Zakk Wylde. Ficou bem diferente, mas ainda legal.
Após o lançamento do disco, a banda caiu em uma pequena turnê, com aparições em festivais europeus de verão (destaque para Donnington), mais alguns shows nos EUA e Japão. No final da turnê, depois dos shows no Japão, James Lomenzo abandonou a banda, sendo substituído por John "J.D." DeServio (DeServio acabaria tocando também no próximo projeto de Zakk, o Black Label Society - é o atual baixista da banda). O último show da turnê, em Los Angeles, dezembro de 1994, teve a participação de Slash, que tocou com Zakk o hino de Hendrix "Voodoo Child".
Após o insucesso com o Pride & Glory, Zakk Wylde resolveu lançar um disco solo, "Book Of Shadows", onde ele explorou mais seu lado acústico (este disco merece um outro post...). A esta altura, com mais um disco sem sucesso comercial, Zakk decidiu que formaria uma banda onde seria o líder e principal compositor, mas ainda sim uma banda. Desta forma, surgiu o Black Label Society, que hoje é o ganha-pão deste grande guitarrista americano. E o Black Label está em turnê, com passagem pelo Brasil em agosto deste ano. Neste post, você viu o começo desta história toda, o Pride & Glory.
Esta e outras matérias são encontradas no blog Ripando a História do Rock:

Links Interessantes:
Pride & Glory na Wikipedia
Zakk Wylde na Wikipedia

Live In Rio - Apocalypse


Já havíamos resenhado a versão em CD deste lançamento, que chegou ao mercado alguns meses atrás. Agora é a vez do DVD, que inclui duas músicas a mais e uma pá de material extra, como é quase uma praxe nesses casos.



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Seguindo a tendência natural do mercado musical, que neste momento tem se focado cada vez mais no lançamento de DVDs, ainda pouco copiados, pirateados e “baixados” em comparação aos CDs, a gravadora brasileira Rock Symphony tem investido em material de vídeo ao vivo gravado por bandas nacionais de rock progressivo. O mercado progressivo brasileiro, embora restrito e árduo, tem revelado algumas novas bandas de talento, e dentre elas tem persistido um punhado de combatentes com já alguns anos de estrada. Destaca-se entre o pessoal “das antigas” o Apocalypse, na estrada desde 1983.
A formação atual do grupo é composta por Gustavo Demarchi (vocal e flauta), Eloy Fritsch (teclados), seu irmão Ruy Fritsch (guitarra), Magoo Wise (baixo) e Chico Fasoli (bateria). Dentro de suas possibilidades, têm obtido sucesso digno de nota em especial no exterior, mas é crescente também a participação do Apocalypse em festivais de hard rock e progressivo no Brasil. Entre esses se destacou o Rock Symphony For The Record (setembro de 2005), que incluiu também as bandas Tarkus, Aether, Poços & Nuvens, Ashtar, Alexl (todas do Brasil), Akinetón Retard e Tryo (ambas do Chile). Todos os oito shows foram gravados para posteriores lançamentos de CDs e DVDs dedicados a cada banda, sendo que até o momento só ficaram prontos os do Apocalypse e do Tarkus, ficando os demais prometidos para os próximos meses/anos.
Como já fiz aqui no Whiplash uma análise prévia sobre o CD em si (http://whiplash.net/materias/cds/052975-apocalypse.html), vou me ater aos aspectos exclusivos deste lançamento em DVD. Contendo 13 músicas distribuídas por 85 minutos de show, pode-se perceber que a maioria dos temas apresenta longa duração, e nada melhor que a adição do vídeo ao áudio que já estava disponível no CD para podermos apreciar a performance da banda por completo.
Porém, logo ao início do DVD, uma surpresa desagradável. A captação de imagem não foi feita de forma satisfatória, gerando um grande problema ao responsável pela edição de imagens. Em algumas passagens, chega a ser amador o trabalho de posicionamento de câmeras, os takes, os zooms, etc. Além disso, nitidamente as câmeras móveis utilizadas não possuíam o mecanismo “steadicam” (que permite a estabilização de imagem), sendo que as tomadas de alguns solos e passagens de guitarra e bateria, principalmente, foram muito prejudicadas, chegando mesmo a se assemelhar a um vídeo pirata, não fosse a quantidade de câmeras presentes na gravação. Este problema, porém, diminui no decorrer da apresentação, talvez porque a equipe contratada tenha ido “esquentando” no decorrer do show, achando um melhor posicionamento para captar de forma mais correta o concerto.
No começo do DVD, alguns “takes” são realmente equivocados, filmando as costas do baterista em diversos momentos, cortando músicos pela metade, ou mesmo posicionando a guitarra no alto da tela no momento de um solo. Por isso, claramente o que ocorre é que o registro deixa escapar bastante a energia, o “feeling” da banda em sua performance, desperdiçando por exemplo momentos marcantes como a apresentação do vocalista Gustavo Demarchi com uma máscara, item integrante da performance e que somente no DVD poderia ter gerado algum efeito agregado à música. Poderia...
Entretanto, conforme mencionado, depois da metade do show a questão visual melhora bastante, e de uma forma ou de outra o som é impecável, como já era no CD. Todos os instrumentos e voz perfeitamente audíveis e bem balanceados, numa performance bem ensaiada e brilhantemente executada. Afinal, a banda em si não tem culpa por questões técnicas da captação do vídeo, e deu o melhor de si naquela noite. E temos que considerar que os custos para a gravação de um DVD são altos e certamente a gravadora Rock Symphony fez o que foi possível dentro de um orçamento adequado ao projeto. Vamos aguardar os demais DVDs da mesma série gravada no mesmo evento, para verificar se foi um caso isolado ou não. A iluminação de palco é razoavelmente boa, e o fato do show ter ocorrido no belo Teatro Municipal de Niterói (RJ) adiciona uma boa dose de dramaticidade estética ao visual do concerto.
Como num show o que realmente importa é o lado musical, nada a reclamar já que este é um ponto alto deste DVD. O balanço entre os instrumentos é perfeito, tendo todos seus momentos certos de brilhar. Os solos de guitarra e teclados (órgão e sintetizadores) se revezam, o baixo pulsante se destaca e a bateria sempre variada de Chico Fasoli, com freqüentes viradas totalmente bem encaixadas, atestam o que uma banda madura como o Apocalypse é capaz de fazer. Eloy Fritsch e sua tecladeira mostram que ainda é possível que o virtuosismo conviva lado a lado com o bom gosto e o não exagero auto-indulgente. Timbres bem tirados de Hammond, Minimoog e Mellotron se intercalam com outros mais modernos. Outro destaque é o vocalista Gustavo, que além de ter ótimo alcance vocal, sabe utilizá-lo de forma sempre bem colocada, o que aparece mais nas composições com uma maior dinâmica onde consegue trafegar por diversos estilos e influências. Além disso, vez por outra adiciona flauta, ajudando a enriquecer os arranjos. A dupla das cordas é extremamente precisa, sendo que Ruy Fritsch sola sempre de forma melódica e somente usa velocidade quando necessário. Já Magoo Wise se sai bem com linhas criativas e melódicas, no melhor estilo progressivo com seu baixão Rickenbacker, o popular “Rick”.
Em alguns momentos, tudo parece funcionar de forma exemplar. Em “Waterfall Of Golden Waters” por exemplo, as variações de tempo (entre o 4 por 4 básico do rock e o 7 por 4 clássico do progressivo) funcionam quase que por mágica. Já em “Coming From The Stars Medley”, foram inseridos fragmentos de várias músicas do passado do grupo, de forma que cada integrante tenha seus 15 segundos de fama (ou mais). São quase como mini-solos incluídos de forma plenamente musical dentro do contexto da suíte, pois os demais membros continuam tocando e fazendo a base para cada um de seus comparsas brilhar. Tudo isso de forma fluida, não truncada.
Entre os extras está incluído um mini-documentário de 12 minutos de duração feito pela Niterói TV, que cobriu o evento todo, compreendendo cenas do show e dos bastidores, tendo o repórter feito uma rápida entrevista com os 5 integrantes do grupo no backstage. Além disso, há uma galeria de fotos, biografias da banda e de cada integrante, e discografia completa com “samples” sonoros. É bom frisar que Ruy Fritsch foi responsável pela animação em 3D que introduz o vídeo principal, animação essa que utiliza a arte de capa feita por Gustavo Sazes.
A arte da capa e do encarte segue a do CD, uma arte sóbria que inclui fotos em preto e branco do próprio show. No encarte, há ainda a ficha técnica completa e os agradecimentos. O esmero na produção do DVD é notável, ressalvando-se apenas os problemas mencionados, que certamente ocorreram em função de restrições orçamentárias. Mesmo assim, um item que certamente fará a alegria dos amantes do rock progressivo nacional.
Tracklist:
1. Cut
2. South America
3. Refuge
4. Mirage
5. Crying For Help
6. Blue Earth
7. Freedom
8. Magic
9. Waterfall Of Golden Waters
10. Tears
11. Time Traveller
12. Coming From The Stars Medley (including: Limites de Vento, Fantasia Mística, Último Horizonte, Notre Dame)
13. Peace In The Loneliness

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