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18 de abril de 2011
Parte 29 - The Midnight Rambler
Mick J e Keith apostaram também que pelo fato de terem gravado três álbuns nesses três anos, havia muita coisa que nunca fora tocado ao vivo antes. Portanto, este material seria em si uma atração. Desta maneira, o repertório passou a ser, predominantemente, em torno dos álbuns "Begger's Banquet" e "Let it Bleed", com quatro canções de cada. Os dois últimos compactos ("Honky Tonk Woman" e "Jumpin' Jack Flash"), o eterno "Satisfaction" e dois números de Chuck Berry - que é repertório obrigatório para qualquer um que pretende ser roqueiro.
Chip Monck, Keith Richard e Mick Jagger aguardando no aeroporto a hora do embarque
Depois de virar a noite cheirando pó (após assistir um show de Bo Diddley), Keith chega em casa às seis da manhã, a tempo de trocar de roupa e seguir direto para o aeroporto com os demais. Para despertar, tomou uma dose de vodka seguido por um café extra doce.
Enquanto aguarda a chamada do vôo, uma senhora interrompe seu desjejum perguntando em voz alta se ele não era aquele Rolling Stone que teve dois filhos de duas mulheres diferentes, como conta um artigo da revista Cosmopolitan. Keith primeiro na defensiva, pergunta se ela está falando mal de seu filho. Depois, entendendo que se trata de uma velha que perde seu tempo lendo colunas de fofocas, ironiza perguntando se ela não quer experimentar dar uma volta com ele algum dia. A senhora ofendida sai de cena resmungando algo do tipo "porque que eles são tão agressivos?"
Aterrizaram em Denver antes do sol se pôr, sendo levados direto para o local do show, no Colorado State Collage. Com a silhueta das Montanhas Rochosas no horizonte, entram no ginásio de basquete onde havia sido erguido um palco. Enquanto os Rolling Stones fazem a passagem de som, Ronnie Schneider faz uma contagem das cadeiras no local, tentando ter uma estimativa aproximada do faturamento esperado. Depois, a banda deixa o local seguindo para o hotel, enquanto membros da comitiva comiam do bufê oferecido aos Stones conforme consta no contrato.
B.B. King
Enquanto a banda se apronta, o povo vai comparecendo ao local. Duas horas depois, a primeira atração da noite sobe ao palco. Trata-se do inglês Terry Reid e seu trio que era essencialmente um grande desconhecido no Colorado. O público (ainda chegando e mais excitado por estarem a horas do show dos Stones) arruma cervejas, paquera, namora, conversa e prontamente ignora Terry Reid durante todo o seu set - uma reação do público que irá se repetir durante quase toda a excursão. Depois de Terry entra BB King e sua banda. De muito mais renome e relevância, o público responde como se espera, dando atenção e curtindo entusiasticamente sua apresentação.
Após o seu set, entraram então os Rolling Stones para uma casa consideravelmente cheia, embora não lotada. Quanto ao primeiro show da excursão, pode-se afirmar que mesmo estando um pouco frios e enferrujados, ainda assim os Rolling Stonesconseguiram levantar o público com um show empolgante. Mesmo depois de tanto tempo, os Stones comprovam que ainda são os Stones e que Jagger ainda consegue entreter e segurar a atenção de uma casa cheia. Depois do show, voltam para o Holiday Inn para o pernoite. Dia seguinte, estão novamente no aeroporto voltando para L.A. Começa a longa rotina.
Idolatria de L.A.
Ike & Tina Turner, 1969
É claro que o show em Denver foi apenas para esquentar a banda. A primeira apresentação pra valer será em Los Angeles, pois a atenção que o show receberia da mídia será de extrema importância para o sucesso financeiro do restante da excursão. No Forum de Los Angeles, depois das apresentações de Terry Reid e BB King, tocariam ainda Ike & Tina Turner com sua banda The Kings of Rhythm e mais The Ikettes, seu coro feminino. Pouco depois deste set, entraram os Stones realizando um concerto perfeito. Haverá, nesta tarde, dois shows e os músicos aguardam enquanto não é hora para se apresentarem novamente. São entretidos pelo enxame de gente que apareceu nos bastidores, todos de alguma forma portando passes especiais que davam acesso às áreas reservadas.
Apesar dos atrasos gerais demonstrados pela organização do espetáculo, Mick e Keith fizeram o público esperar ainda mais enquanto ficavam batendo papo e carreiras, até se sentirem prontos e devidamente inspirados a tocar. A demora tomava proporções históricas com o passar das horas: a platéia vaiando agressivamente, ultrajada pelo insulto, especialmente considerando o alto custo dos ingressos. Somente às cinco da matina os Rolling Stones foram finalmente entrar no palco. Mick usava um chapéu com as cores americanas, típico dos cartazes do 'Tio Sam'. A presença da banda acorda o público e espanta o peso do cansaço em todos. Mick sorri e fala com o público: "Aqui estamos. Podem acordar. Esperaram tanto, portanto podemos ficar aqui tocando por bastante tempo." O público entra em delírio gritando e aparentemente tudo está perdoado. Keith ataca então com o riff inicial de "Jumpin' Jack Flash" e o concerto começa.
Os dois shows desta noite renderiam $275.000 de lucro para a banda, um recorde nunca imaginado como possível antes. Bill Graham, conhecido promoter da Califórnia, responsável pelos shows no Forum de LA e no Coliseu de Oakland, veio depois falar com Mick Jagger sobre o atraso abusivo do segundo show. Bill Graham pagou-lhe um esporro que Jagger não estava esperando receber. Jornais posteriormente citariam Graham dizendo: "Mick Jagger pode ser o melhor 'entertainer' do rock no momento, mas ele é um egocêntrico bastardo!"
Entrevistas e Shows em Oakland
No dia seguinte, nove de novembro, um domingo, seguiram à tarde para Oakland onde se apresentariam no Oakland Coliseum, hospedando-se no Edgewater Inn durante a tarde. No hotel, houve uma reunião com a imprensa onde pela primeira vez os Stones encontram jornalistas mais jovens com perguntas menos vazias. Perguntas começam a surgir sobre a possibilidade de um show de graça para os fãs que não puderam pagar o ingresso caro.
Na verdade, esta idéia de os Stones oferecerem um show gratuito vira e mexe surge desde que chegaram em Los Angeles. Nos Estados Unidos, o filme "In The Park," que documenta o show gratuito dos Stones em Londres realizado em junho no Hyde Park, foi ao ar em setembro como um programa especial do "Ed Sullivan Show". Desta maneira, a possiblidade de um Hyde Park americano estava no desejo coletivo. Caso a excursão se mostrasse lucrativa como as projeções afirmam, seria uma maneira agradável de agradecer ao país pela grande assistência no equilibrio das finanças da banda, pondera Jagger.
Em contraste à postura ativista que Jagger possuía alguns anos atrás, o outrora "voz da sua geração" esquivava agora de perguntas ligadas a discursos politicos em prol do Movimento Jovem, também chamado de Movimento Pacifista. Mick procura deixar claro que os shows não são para intelectualizar e encerra a entrevista coletiva daquela tarde afirmando que os Rolling Stones querem que o público relaxe e, se desejar, pode até dançar.
É interessante refletir sobre os comentários dos rapazes quando questionados sobre as diferenças que sentiam entre esta e a última excursão três anos antes. Keith prontamente respondeu que "antigamente as meninas tinham doze ou treze anos. Fico pensando, onde foram parar?" Mick, concordando, complementa que o público está bem mais sofisticado e disposto a ouvir a música e não só gritar em histeria. Isto, para eles, é uma surpresa positiva, pois incentiva a banda inteira a tocar melhor. De fato, a grande diferença desta excursão para qualquer outra que a banda tenha feito na primeira metade da década é a quantidade de gente jovem largada, sem hora pra voltar para casa. Groupies de dezessete anos que querem todo sexo, drogas e rock que esses roqueiros pudessem lhes oferecer. Até mesmo a equipe profissional ficou mais jovem, mais cabeça aberta, mais 'hip'. Antes, jornalistas eram geralmente calvos, invariavelmente usavam ternos e não entendiam nada desta "nova" música meio tribal que era o rock. Agora, via-se jornalistas cabeludos fazendo perguntas pertinentes ao trabalho individual de cada banda.
É claro que os Stones, sendo do tamanho que eram, atraíam todo tipo de imprensa, não só os jornalistas especializados. Outra pergunta que se destacou, fê-lo pelo equívoco contido nela. Alguém (provavelmente um jornalista calvo e de terno), olhando suas anotações, perguntou ao líder dos Rolling Stones quanto tempo ele levou para aprender a tocar a cítara. Mick educadamente respondeu apenas que ele não toca este instrumento, sem dar maiores explicações.
Okland Coliseum
O show de Oakland começou com apenas cinco minutos de atraso por parte dos Stones, mas quarenta minutos de atraso total segundo o cronograma divulgado. O público inquieto pela demora fica disposto a um comportamento menos que ideal. Porém, eventos conspiravam contra o show, tornando este um dos menos memoráveis da história do grupo. Afinal de contas, para uma banda que se diz "A Maior do Rock And Roll", o mínimo que se espera é que leve para o palco equipamento que funcione.
Contudo, foi logo durante a segunda música que o amplificador de Keith quebrou. Mick passa a brincar com o público enquanto Ian Stewart tenta concertar rapidamente a peça defeitosa. Os demais músicos apenas assistem e esperam para poderem continuar o show. Para quebrar a impressão vexaminosa que se instala, Keith e Mick pegam um banquinho cada um e iniciam o set acústico mais cedo, começando por "Prodigal Son". Depois de três números e o amplificador diagnosticado como já consertado, os banquinhos somem e Keith dá o primeiro acorde de "Carol", cheio de fome por volume. O amplificador explodiu e desta vez não houve concerto, deixando o guitarrista tão frustrado quanto furioso. Sua reação é de dar uma machadada no amplificador com sua guitarra, quebrando seu Les Paul Custom sem remorsos. Durante tudo isso, a banda continuou tocando feito trem lotado que não pode parar, enquanto Keith grita para o Ian ou Sam ou alguém para aparecer com outra guitarra. No final da canção, Mick novamente se desculpa ao público pelas dificuldades com os equipamentos. Ao tocar "Satisfaction", o público avançou sobre o palco e uma câmera que filmava o show foi quebrada. A banda teve que pagar o prejuízo.
Nos bastidores, Sam Cutler e Bill Graham, responsável pelo estabelecimento, estão à beira das vias de fato. Não concordam de como o controle do público está sendo feito, cada um acusando o outro de ser o responsável. No fim, Cutler exige pagamento adiantado imediatamente ou a banda não faz o segundo show. Furioso, Graham vai até o escritório e preenche um cheque. Não entrega para Cutler, mas encurrala Mick Jagger em um canto e desabafa toda sua fúria sobre ele. Graham, aos berros, indaga se o cantor tem alguma idéia do que as pessoas que trabalham para ele estão fazendo. Acusa então Jagger de estar vivendo ainda em 1966 (e as coisas mudaram). Novamente, a falta de profissionalismo dos Rolling Stones é criticada e, segundo Graham, "chega a ser perigosa." Graham encerra o assunto entregando a Jagger o cheque dizendo que ele pode voltar para Inglaterra e só retornar aos Estados Unidos quando estiver trabalhando mais profissionalmente.
Sugestões de Scully
Em outro ponto da área reservada, após o primeiro show, o empresário do Grateful Dead, Rock Scully, está conversando sobre detalhes necessários para um show de graça no parque. The Grateful Dead havia feito tais tipos de concertos, embora o poder de atração do Dead fosse reconhecidamente ínfimo se comparado ao dos Stones. Scully explicava que o "Be-In", ou seja, o local para "se estar", promovido pelo Grateful Dead foi freqüentado por uma massa humana que teve comportamento pacífico, como esperado. O evento fora realizado no Golden Gate Park e como segurança, no lugar da polícia, capaz de criar desconfianças mútuas e um astral ruim para o evento, optaram com sucesso por contratarem os Hells Angels de San Francisco. Os Angels, explicava Scully, tem um forte código de honra.
Para o segundo show da noite, Rock Scully havia providenciado o empréstimo de novos amplificadores, equipamentos do Grateful Dead, e o show transcorreu sem maiores incidentes técnicos.
O grande atraso desta vez foi causado por BB King, que chegou ao local do show bem depois da hora, fazendo com que o segundo show que começaria às 10:30 iniciasse às 1:15. Assim, os Rolling Stones só começariam a sua apresentação às 2:30 da manhã. Assistindo em algum lugar da platéia, havia um rapaz com um microfone direcional apontado para os alto falantes e conectado a um gravador de rolo portátil escondido em uma bolsa. Em questões de semanas, nasceria o primeiro disco pirata ao vivo em estéreo com qualidade de som perfeita. Nascia em 1969, a era da pirataria no rock.
The Midnight Rambler
Esta é a primeira vez que esses garotos estão ouvindo este tema tão peculiar chamado "Midnight Rambler." A canção oferece a temática mais estranha de todas as canções da banda, desde "Sympathy For The Devil". Conta a história fictícia de um assassino que mata em série (em inglês, "serial killer"). Jagger se inspira nos assassinatos realizados na cidade de Boston entre 1963 e 1964 por Alberto de Salvo, que passou a ser conhecido como "The Boston Strangler". Durante a canção, Jagger interpreta e encena o papel de um Midnight Rambler. Trata-se de uma variação de sua nova persona, agora melhor burilado, adquirida após sua experiência filmando "Performance". Jagger retira seu grosso cinto e de joelhos, chicoteia o chão, como quem castiga sua presa. No caso, cada um dos ouvintes, individualmente. À cada chicotada vem um grito, que vem acompanhado de uma nota aguda na guitarra e um "Oh yeah!" digno de um negão cantando o blues.
Fotos ao lado: Sharon Tate e Roman Polanski em 1969, e a luxuosa residência do casal, onde ocorreu o crime.
Com a estranha série de assassinatos recentemente acontecidos em Los Angeles, a canção está mais do que atual, falando ao coração de uma cidade intranqüila com as mortes de Sharon Tate e amigos. Mortes com visíveis demonstrações de crueldade, ainda sem solução ou suspeito por parte da policia. Levaria quase um ano até que as ocorrências fossem devidamente explicadas e um hippie insano chamado Charles Manson, e mais seu pequeno grupo de seguidores (que auto proclamam-se de "a família"), fossem presos.
Did you hear about the midnight rambler
Everybody got to go
Did you hear about the midnight rambler
The one that shut the kitchen door
He don't give you a hoot of warning
Wrapped up in a black cat cloak
He don't go in the light of the morning
He split the time the cock'rel crows
Talkin' about the midnight gambler
The one you never seen before
Talkin' about the midnight gambler
Did you see him jump the garden wall
Sighin' down the wind so sadly
Listen and you'll hear him moan
Well, talkin' about the midnight gambler
Everybody got to go
Did you hear about the midnight rambler
Well, honey, it's no rock 'n' roll show
Well, I'm talkin' about the midnight gambler
Yeah, the one you never seen before
Oh don't do that!
Well you heard about the Boston...
It's not one of those
Well, talkin' 'bout the midnight...sh...
The one that closed the bedroom door
I'm called the hit-and-run raper in anger
The knife-sharpened tippie-toe...
Or just the shoot 'em dead, brainbell jangler
You know, the one you never seen before
So if you ever meet the midnight rambler
Coming down your marble hall
Well he's pouncing like proud black panther
Well, you can say I, I told you so!
Well, don't you listen for the midnight rambler
Play it easy, as you go
I'm gonna smash down all your plate glass windows
Put a fist, put a fist through
Did you hear about the midnight rambler
He'll leave his footprints up and down your hall
And did you hear about the midnight gambler
And did you see me make my midnight call your steel-plated door!
And if you ever catch the midnight rambler
I'll steal your mistress from under your nose
I'll go easy with your cold fanged anger
I'll stick my knife right down your throat, baby
And it hurts!
Quando começam a executar "Sympathy For The Devil", a platéia entra em erupção e, perto do final, o empurra-empurra em direção ao palco aumenta assustadoramente. Um guarda toma um soco no rosto por um homem que queria muito subir no palco. Jagger, sentindo o inicio de uma invasão, pede que as luzes sejam acesas. Todavia, de pouco isto ajudou. Logo a polícia e seguranças estão por toda parte tentando conter o tumulto. Os ânimos serenam com o set mais acústico do show. "Prodigal Son" e "You Got To Move", agora inserido no repertório, em um palco com somente Keith tocando um Dobro (aquele violão com corpo metálico), enquanto Mick canta, Charlie e os demais reassumindo depois em "Love In Vain". O repertório segue com "Under My Thumb" ("Let It Bleed" ficando mesmo de fora) e os demais números do show, fechando com "Street Fighting Man." Em dado momento, perto do final, como passa a fazer todas as noites, Jagger joga um balde cheio de pétalas de rosas para a platéia à sua frente.
No jato particular alugado, todos conversavam amenamente durante a viagem de volta. Nele estão os cinco Rolling Stones, Shirley (a esposa de Charlie Watts), Rose e Astrid (as namoradas de Mick Taylor e Bill Wyman), Jon Jaymes (o contratado pela Crysler) e o seu assistente Michael Lydon, o fotógrafo Ethan Russell, o escritor Stanley Booth, Jo Bergman e mais algumas outras pessoas com funções variadas. Entre convidados sem função explícita, estão as duas groupies de plantão Kathy e Mary, mais uma loira que Jagger havia arrumado pelo caminho. Quando esta loira fosse finalmente dispensada, Mick se deliciaria com a companhia de uma das Ikettes.
Uma vez com altitude suficiente e as luzes de "proibido fumar" apagadas, vários baseados foram acesos. Dentro de um jato minúsculo, até quem não fumava, como por exemplo o piloto e co-piloto, deveriam estar pelo menos levemente intoxicados. Cansados, até Charlie deu uns tapinhas quando alguém ofereceu-lhe a vez.
Findando A Primeira Metade do Tour
Mick Jagger, Sam Cutler, Keith Richards e Stanley Booth em um cassino em Las Vegas
A primeira parte da turnê continuava pelo oeste americano. Rose e Shirley retornam para Londres enquanto apenas Astrid seguira junto com Bill por toda a excursão. Os próximos shows seriam em San Diego e Phoenix, onde depois do show voaram para Las Vegas e curtiram cassinos até o amanhecer.
Sem dormir, retornam para Los Angeles com um dia de folga antes de seguirem para Dallas, Auburn e Chicago. Então, retornam pela última vez para Los Angeles. Durante estas apresentações, no lugar de Ike & Tina Turner e BB King, quem se apresentou após Terry Reid foi Chuck Berry. Outra mudança foi no show dos Rolling Stones, que ficara mais enxuto, a banda tirando a canção "I'm Free" do repertório.
Módulo Lunar do Apollo XII iniciando aterrissagem na face da Lua
Enquanto os Stones voavam em direção ao estado do Alabama, não muito longe dali, em Cabo Canavial, o foguete espacial Apollo 12 decolava levando seus três astronautas Charles Conrad Jr., Richard F. Gordon Jr. e Alan L. Bean em direção à lua, com a intenção de pisarem naquele satélite natural pela segunda vez na história da humanidade.
Em Auburn, cidade universitário no Alabama, houve dois shows no Auburn University, ambos com casa quase vazia. Souberam depois que haveria um grande jogo de futebol americano no dia seguinte e os alunos com pouco dinheiro tiveram que optar entre os dois programas. Não havia um rosto negro entre o público.
Durante o show do Chuck Berry, alguém pediu para ouvir "Wee Wee Hours", lado B de "Maybellene", seu primeiro hit. Berry se espantou com o pedido. "Vocês querem ouvir blues?". Um grupo de entusiasmados respondeu que sim e Chuck esqueceu seu repertório roqueiro e seguiu tocando blues. Depois voltou para o repertório normal, estendendo seu show muito acima do tempo combinando e deixando algumas pessoas dentro da comitiva dos Stones irritados.
Argumentou-se depois que poderiam ter feito mais dinheiro tocando em outro lugar. Mas a política dos Stones, afora a questão lucro, era em parte tocar em locais novos, e de preferência em universidades. Depois deste show, pegaram um avião em direção de Champagne, cidade situada no sul de Illinois, para se apresentarem em outra universidade.
Durante este dia, um protesto contra a Guerra do Vietnam se realizava pacificamente em Washington DC. A capital americana é agora detentora do maior registro de participantes em uma manifestação política na história da nação, quando fotos aéreas demonstram uma contagem de mais de 300 mil pessoas, na maioria jovens, marchando pelas ruas adjacentes à Casa Branca. O Movimento Jovem, sem nenhum líder absoluto, consegue uma aglomeração de pessoas em protesto ainda maior do que o Movimento dos Direitos Civis - recorde anterior, quando liderados pelo falecido pastor Martin Luther King Jr., em 1963.
Em Chicago, a banda se apresentou no mesmo local onde, no ano anterior, houve um grande confronto entre a polícia e jovens. Estes últimos protestavam contra o partido Democrático e o envolvimento do país na Guerra do Vietnam. Abbie Hoffman, líder jovem e membro do partido Yippie, contra a guerra e a política externa do Governo Nixon, estava sendo processado por incitar desordem.
Jerry Rubin, o advogado de defesa Dave Dillinger e Abbie Hoffman
Hoffman foi ao show dos Stones com a esposa e, antes da apresentação da banda, conversou com Mick Jagger, que demonstrou interesse em conhecê-lo. Hoffman não pensou duas vezes em pedir dinheiro para ajudar a pagar as despesas de seu processo. Jagger, com bom humor, apenas riu comentando que ele precisa pagar seus próprios processos. Hoffman sorriu e disse que estaria em Los Angeles para a próxima apresentação da banda lá, no dia 20.
Na viagem de volta, Charlie lamentava não poder ficar algumas noites em Chicago. Os Stones teriam, dentro dos próximos oito dias de folga, que gravar uma participação no "Ed Sullivan" e fazer outro show no Forum de Los Angeles. Durante a gravação para o "Ed Sullivan Show", enquanto os Stones se apresentavam para um playback de "Honky Tonk Woman", "Love In Vain" e "Gimmie Shelter", uma das groupies de plantão Kathy, cuja função oficial era de motorista, explicava como Mick Jagger era sincero e agradável quando sozinho com ela, mas como ele se tornava o persona - Mick Jagger "astro" - quando outra pessoa entrava no quarto. Sua exposição de fatos encerraria com a conclusão de que, embora aguardasse a oportunidade de voltar a se deitar com Keith Richards, desta turma toda, o melhor sexo, sem dúvida, era de Terry Reid.
Megadriver (Virada Cultural, São Paulo, 17/04/11)
Cerca de 15 minutos antes das 3h da manhã do dia 17 de abril, a banda Megadriver foi ao palco da Dimensão Nerd, área dedicada aos amantes de videogame, RPG e animes na Virada Cultural de São Paulo. Grupo formado pelo guitarrista Antonio "Megadriver" Tornisiello, o grupo explodiu com seus solos bem elaborados e o baterista, que incrementou seu instrumento e agora abusa de pedais duplos e várias viradas.
Mesmo assim, é cativante perceber como música de videogame reuniu pessoas tão diferentes. Entre o público havia uma senhora na terceira idade que era desenvolvedora de jogos para celulares no UOL. Haviam também muitas crianças e jovens curtindo o som pesado e empolgado do Megadriver.
Sepultura (Virada Cultural, São Paulo, 17/04/11)
Por Sérgio Fernandes
Desde que as atrações da 7ª edição da Virada Cultural de São Paulo foram anunciadas, um dos shows que gerou mais curiosidade entre os amantes do rock foi a participação da lendária banda Sepultura no espetáculo da Orquestra Experimental do repertório. Sim, é importante notar que o Sepultura foi um convidado, e não a atração principal...
Após duas primeiras músicas do evento (que foram belissimamente executadas pela orquestra, diga-se de passagem...) entram em cena os integrantes do Sepultura, à exceção de Derrick Green. Ao entrar, Andreas saúda o público e manda um “vocês são foda” para a orquestra em agradecimento à homenagem a ele prestada.
A primeira música executada em conjunto foi uma das escolhas mais felizes do repertório: “Inquisition Symphony” do álbum “Schizophrenia”. Era curioso notar que muitas pessoas que olhavam para o palco pareciam não acreditar no que viam: ali estavam os caras do Sepultura, ícones do metal, responsáveis por elevarem o nome do Brasil dentro do cenário da música pesada e do rock em geral no mundo inteiro, dividindo o palco com uma orquestra. Parecia que naquele exato momento em que os primeiros acordes foram tocados em conjunto, o espetáculo tomava proporções históricas.
Tanto banda quanto orquestra mostravam empolgação e sabiam o quão importante era aquele espetáculo. Era possível ver muitas famílias assistindo a apresentação e curtindo o show, o que provava que a ideia da junção de dois estilos que a primeira vista parecem tão opostos foi realmente acertada dentro da proposta da “Virada CULTURAL”. Seguindo com o show, entra no palco Derrick Green, sendo ovacionado pelo público. A próxima canção foi a clássica música de abertura do clássico álbum “Chaos AD”: “Refuse/resist” ganhou contornos épicos com o auxílio da orquestra, apesar dos problemas de som que atrapalharam praticamente todo o show (o som da orquestra ficou com um volume um pouco mais baixo do que o do Sepultura, que também não estava com o volume ideal de seus intrumentos. Porém, nada que realmente atrapalhasse o espetáculo).
Logo depois foram executadas duas músicas que nunca haviam sido tocadas ao vivo: “City of Dis” do álbum “Dante XXI” e “The ways of faith” do “Nation”. Como são duas músicas mais “alternativas” dentro do som que o Sepultura se propõe a tocar, os que estavam ávidos para abrirem rodas de mosh esfriaram um pouco, mas valeu muito pelo espetáculo e para mostrar a versatilidade da banda. “Kaiowas” foi a música seguinte e ganhou uma versão muito mais encorpada. Como em todas as execuções ao vivo que presenciei dessa canção, grande parte do público acompanhava o ritmo bem característico dessa música com palmas e algumas danças bem desengonçadas, além de uma ou outra “roda de capoeira” se abrir...
Desde o anúncio da parceria do Sepultura com uma orquestra, muitos fãs já esperavam a execução da versão que a banda fez da famosa “Nona Simfonia” de Beethoven, “Ludwig Van”, que consta no mais “recente” álbum de estúdio do Sepultura, “A-lex” de 2009. Esse foi um dos momentos mais marcantes do espetáculo, com todos cantando a “Ode a alegria” acompanhando o solo de Andreas.
Outro momento que era aguardado com ansiedade e curiosidade era o da execução da versão de “Roots bloody roots” para esse show. Assim como em “Refuse/resist”, a canção ganhou contornos grandiosos e dramáticos, com toda a profundidade que só uma orquestra real daria. Palmas para Andreas, o regente da noite, Jamil Mauf, e o também maestro Alexey Kurkdjian que foram responsáveis pela criação das orquestrações das versões apresentadas na noite.
Geralmente a banda encerra os shows exatamente com “Roots bloody roots” e muitos fãs já estavam se afastando do palco localizado em frente à Estação da Luz. Mas, para a surpresa geral, a banda agradece a presenção do grande público e Andreas anuncia a última música da noite: "Refuse/resist". Tentei apurar o porquê da repetição dessa música, mas não consegui uma informação concreta. Agora sim, show finalizado, banda e orquestra se cumprimentam e agradecem a presença do público.
Dentro do rock muitas bandas já haviam feito shows e/ou experimentos com orquestras, e, pode-se dizer, que os dois gêneros em questão (o próprio rock, ou a música pesada em geral, e a música clássica) formam uma mistura tão homogênea quanto leite com chocolate, cerveja com fritas ou pão com manteiga: se você gosta de um dos dois elementos com certeza tem chances de gostar da mistura que eles proporcionam, não sendo esse fato uma unanimidade (afinal de contas, existe alguma unanimidade?). Valeu pela ousadia do Sepultura e da Orquestra experimental.
Foi muito legal ver famílias inteiras curtindo o show e mostrando interesse em conhecer o som da banda: pais, filhos, pessoas de mais idade e muitos metalheads juntos assistindo a um espetáculo que com certeza ficaram para a história tanto da Orquestra Experimental de repertório quanto para o Sepultura e para o próprio evento da “Virada Cultural”. Porém, foi muito triste e chato ver que ainda existem muitos “trolls” que insistem em manchar a imagem já não tão boa que muitos ainda têm dos fãs de rock e da música pesada. Os (poucos) erros ficam como lição para uma possível repetição do evento
Talvez um espetáculo como esse devesse ser feito em um teatro ou outro local fechado e com uma acústica melhor e onde os ingressos seriam caríssimos. Mas, acredito que a intenção era justamente a de popularizar um espetáculo com contornos tão elitista. Ou será que a intenção era a de melhorar a imagem de um estilo musical tão marginalizado? Ou, ainda, será que a intenção era apenas a de levar um show memorável, com a junção de dois estilos tão “diferentes” ao grande público? Na verdade, será que havia alguma outra intenção além da de levar diversão e cultura para as pessoas? Ou será que a intenção...
Misfits (Virada Cultural, São Paulo, 16/04/11)
Por Michelle Sartori
O show começou pontualmente com duração de aproximadamente 80 minutos agitando a galera do começo ao fim no palco localizado na Praça Julio Prestes. A banda tocou todas as músicas mais rápido do que nas versões em estúdio como prometido pelo vocalista Jerry Only. As rodas de bate-cabeça se abriram ao longo do corredor formado por fãs a cada música.
Segue set list:
1. Hallowen
2. Horror Business
3. Earth A. D.
4. Skulls
6. Saturday Night
7. Thristy and Miserable
8. Attitude
9. 20 Eyes
10. We are 138
11. Jealous Again (Black Flag Cover)
12. Hate Breeders
13. Nike-a-Go-Go
Encore:
14. Die Die my Darling
Accomplice - Accomplice
Por Thiago Sarkis
Depois de ouvir este álbum do Accomplice, aprendi algo muito importante: a primeira impressão NEM SEMPRE é a que fica.
Não dá para compreender a presença do grupo no tributo ao Dream Theater, tocando justamente uma das músicas mais pesadas presentes naquele CD. O estilo do Accomplice tem muito mais a ver com Rush, Marillion e Pendragon e talvez músicas um pouco mais lentas, menos ligadas ao ‘metal’, diferentes de “Pull Me Under”, se incorporem melhor à alma do conjunto. Isso fica claro em canções como “Fallin’”, “State Of The Nation”, “Welcome” e “Fight On”, que estão entre os destaques deste álbum auto intitulado.
Obviamente há peso nas composições da banda, porém, nada que possa ser considerado metal progressivo. É rock progressivo mesmo e muito bem feito, por sinal.
O guitarrista Sean Clegg se destaca com solos espetaculares e harmonias incríveis. A introdução acústica de “Fight On” já é uma amostra da qualidade, capacidade e criatividade deste músico. O outro grande destaque deste CD é o tecladista/pianista, Mathew Galasso, que inexplicavelmente não tem sequer o seu nome em qualquer parte do encarte, da capa e do CD. Mesmo que Mathew tenha abandonado a banda antes do lançamento de “Accomplice”, esta é uma falha terrível, pois o cara é excelente e deixa qualquer emocionado com músicas como “Welcome”.
Não é um álbum indispensável, mas é surpreendente e, no mínimo, bem agradável. Para quem ouviu o tributo ao Dream Theater e, erroneamente, pensa que conhece Accomplice, uma escutada com atenção cairia muito bem.
Formação
Stephen Green (Vocais)
Sean Clegg (Guitarras & Vocais)
Scott Snyder (Baixo & Vocais)
Richard Arbuckle (Bateria)
Material cedido por:
Adrenaline Records – http://www.adrenaline.it
Fax: ++39/039.60.14.634
e-mail: info@adrenaline.it
Site Oficial – http://www.accomplice.com