5 de abril de 2011

The Big Lebowski - O Grande Lebowski - 1998







Ele se chama Jeff Lebowski (Jeff Bridges) hippie largadão, cabeludo e usuário de entorpecentes, mas gosta de ser chamado de O Grande Lebowski. Acha-se o cara mais esperto do pedaço, quando na verdade é um desocupado que gasta o seu tempo ouvindo Rock n Roll dos anos 60 e jogando boliche. Mas sua vida vai mudar. Confundido com um milionário da Califórnia, ele se vê envolvido com bandidos da pesada, advogados atrapalhados, detetives, seqüestradores e, como se não bastasse, com a polícia. Com sua vida ameaçada, Lebowski procura seu amigo Walter (John Goodman), um veterano do Vietnã que irá ajudá-lo com seus métodos pouco ortodoxos.




Ano:1998
Direção: Joel Coen
Duração: 116 Minutos


Parte 21 - Ser ou Não Ser


Em final de janeiro, Brian foi definitivamente perdoado pela corte, quanto a sua segunda acusação de entorpecentes. Três juizes confirmariam o veredicto de que não se deva mudar nada em relação a sua situação julgada em 67. Brian passaria a ser visto, cada vez mais vezes, acompanhado por uma sueca chamada Anne Wohlin.
Sister Morphine
Mick e Marianne em estúdio
Mick e Marianne em estúdio

De volta a Londres, uma sessão foi marcada para Marianne Faithfull gravar sua voz definitiva para Sister Morphine. Marianne passou toda a sessão cheirando cocaína; Jagger, como produtor da sessão, fazendo vista grossa. Jack Nizstche acaba se irritando com ela e passa a questionar sua seriedade artística, uma vez sendo cantora e ciente de como cocaína estraga as cordas vocais. Mais por intuito de se livrar do sermão, Marianne concordou em deixar a cocaína de lado e de fato não mais cheirou até o final daquela sessão. Marianne Faithfull considerava este o seu melhor trabalho na carreira. Odiava sua imagem de dondoca, imposta por Oldham há tantos anos atrás. Sister Morphine é para ela um trabalho liberatório que demarcaria uma mudança em sua carreira.
O compacto foi lançado em fevereiro, permanecendo no mercado por cerca de dois dias, quando possivelmente alguém da Decca finalmente ouviu a canção e mandou retirá-la das lojas. Mick ainda tentou se queixar com a gravadora em prol de Marianne, mas a cansativa batalha em torno do Beggar's Banquet esgotou a paciência das duas partes. A desgraça repentina do compacto arrasou Marianne ainda mais, sentindo-se rejeitada, ou pior, presa à imagem insossa que não mais representava suas aspirações artísticas. Ela culpa Mick por não defendê-la devidamente e o distanciamento entre o casal se alarga. Infelizmente sua boa letra, logo a primeira que ela tenta compor, não trouxe motivação para compor outras boas letras. Marianne optou por outro rumo, procurando se transformar no personagem de sua canção, motivando-se apenas a tomar mais drogas.
Deixa Sangrar
De volta ao Olympic Studios também estavam os Stones, novamente com Jimmy Miller como produtor, para darem inicio aos trabalhos para um novo disco. Várias foram as canções entre Jagger e Richard que não chegaram a ser efetivamente trabalhadas, porém chegaram a ser gravadas visando esta possibilidade. Canções como "Aladdin Story", "French Gig", "I Was Just A Country Boy", "Jimmy Miller Show", "Pennies From Heaven", e "Shine A Light". A maioria não passando de instrumentais; embriões de temas que germinam e se tornam alguma coisa, ou não. Entre os trabalhos que iriam efetivamente germinar, estão "Give Me Some Shelter", que se tornaria "Gimme Shelter" e "If You Need Someone", que evoluiria para "Let it Bleed". Duas outras entre as primeiras canções a serem trabalhados são "Midnight Rambler" e "Sister Morphine".
Jack Nitzche e Mick Jagger
Jack Nitzche e Mick Jagger

A versão dos Stones da canção de Marianne também tem Ry Cooder na guitarra e Nicky Hopkins ao piano, ambos substituindo Brian Jones. A esta altura, Mick e Keith já estão confiantes em saberem como gravar discos sem Brian, uma situação que, depois do sucesso de Beggar's Banquet, já não assusta como antes."Sister Morphine" ficaria pronta, mas só seria lançada em 1971. Nitzche trabalha também em "You Can't Always Get What You Want", adicionando um coro, no inicio da canção. O coro é feito pelo London Bach Choir, tendo ainda Madeline Bell, Doris Troy e Nanette Workman, para ajudarem em backing vocals. Em "Honky Tonk Women", é Ian Stewart no piano tão característico da canção. Em "You Got The Silver", é Nicky Hopkins quem está no piano e órgão.
Um novo álbum dos Stones não está entre as prioridades de Brian que passou seu aniversário deprimido e solitário. Apesar de estar vivendo em um compasso de vida menos frenético, preparando sua mudança para Cotchford Farm, sua fisionomia continua doentia e sua paranóia, cada vez mais alerta. Desconfia de tudo e de todos. Cada palavra dita, teria horas de reflexão, à procura do real significado escondido nas entrelinhas. Tudo, para Brian, tinha uma entrelinha, especialmente em assuntos relativos aos Rolling Stones. Ele sabe que Mick e Keith o querem fora da banda.
Os Rolling Stones estão recebendo convites variados para apresentações ao vivo. Convites para shows em lugares ''exóticos'' como Nigéria e Zambia, como também para uma participação no Memphis Country Blues Festival, fazem com que Mick e Keith cogitem seriamente em convidar Eric Clapton a viajar com eles. No final, os convites ficaram sem ser respondidos.
As Mulheres
Enquanto o trabalho rola à plena propulsão, Anita grávida e Marianne, estão abandonadas e mergulhadas em tédio. Mick e Keith estão sempre juntos, absorvidos com a criação do novo disco. Entre ensaios e gravações intermináveis, não há tempo nem disposição para nenhum dos dois gastar com suas mulheres. Para o tempo passar, e ajudar a sensação de tempo a sumir, tomam ácido e cheiram cocaína juntos, passando depois a também cheirar heroína, na companhia de uma terceira amiga, Madeleine. Anita e Marianne logo estariam se cariciando, tomando banho juntas e eventualmente, tendo relações sexuais, uma mera extensão da amizade entre as duas. Vale lembrar que na mentalidade dos anos sessenta, se dizia que, se o corpo era quente e amigável, ame-o. Certo dia Mick e Keith aparecem inesperadamente, pegando Marianne e Anita no meio de uma relação. Conta-se que Mick sugeriu que os dois homens entrasse na cama para completar o swing. Mas Keith não quis nem saber do assunto, tirando sua mulher logo dali e levando-a para casa.
Marianne Faithfull
Marianne Faithfull

Anita é avisado pelo seu médico que caso pretenda mesmo ter a criança, ela precisa cuidar melhor da saúde do próprio corpo. Com o aviso, ela deixa de lado o ácido e a heroína, mantendo-se apenas com uma ocasional cafungada de coca. Mesmo assim, seu hábito reduzido para um mínimo. Marianne lida com sua solidão de outra forma, optando por abraçar a heroína que aniquila com inigualável rapidez, todo e qualquer resquício de dor, seja pela perda da filha ou pelo distanciamento entre ela e Mick. Injetando a droga, no lugar de inalar, causa grandes economias no consumo. Mas como ela não tem a coragem, tem em sua amiga Madeleine, a preciosa ajuda.
Marianne então entra em uma fase onde passa a colecionar amantes. Após Saida e Anita, ela passa a ter relações com Madeleine, que é namorada de Tony Sanchez. Entre os homens, o primeiro desta fase foi Stash, que passa pela casa depois de deixar Mick no estúdio. A lista vai se tornando extensa e variada, um exemplo mais de seu vazio, do que de qualquer conceito intelectualizado de promiscuidade.
Hamlet
Produção de Tony Richardson, a peça Hamlet abre em março e tem na química entre Nicol Williamson fazendo Hamlet, e Marianne Faithfull vivendo Ophelia, seu brilho especial. Evidentemente que parte deste brilho emanava graças ao fato de que o casal de atores principais estavam tendo um caso. Williamson, um ator Shakespeareano, provendo Marianne com muita ajuda em como melhorar a apresentação do seu personagem. Fazendo Ophelia e tomando heroína antes de entrar em cena, formou uma combinação que levaria Marianne a contemplar mais para o final do ano, o suicídio como uma alternativa natural. Com um hábito alarmante de quatro doses de heroína por dia, e Mick Jagger sempre com um controle firme sob o orçamento da casa, Marianne logo descobre que, ou ela gasta todo o dinheiro que tem, ou opta por meios mais criativos para conseguir o que ela quer. Com a criatividade de um viciado, além de Williamson, Marianne passa a ter um caso fixo com Tony Sanchez, contato principal e empregado de Keith Richard.
Love In Vain
Em casa, um belo dia, Marianne coloca um disco de Robert Johnson na vitrola. Jagger comenta que Robert Johnson foi um dos primeiros bluesmen a chamar sua atenção, como também a atenção de Keith. Com isso, Marianne naturalmente sugere a ele regravar Johnson. A idéia, embora tão simples, chegou como uma revelação para Mick. Ele pula em direção ao disco, passando a testar todas as faixas, concluindo que "Love In Vain" seria sua preferida. Canta com o disco enquanto dança, como que se estivesse testando os passos mais apropriados para o palco. Vendo tudo se encaixando, a decisão se torna definitiva.
"Love In Vain" foi gravada com Ry Cooder tocando bandolim, embora Brian teria aparecido no estúdio para gravar alguma coisa. "O que posso fazer?" ele se oferece, Mick lhe respondendo ironicamente "Não sei. O que você pode fazer?" A pouca receptividade imediatamente ataca sua alta estima e Brian logo encontra dificuldade para tocar guitarra ou gaita. Sem paciência ou interesse, Mick logo o dispensa, "Você não consegue tocar mais nada! Porque não vai pra casa?" Foi o que ele fez.
O Hexagrama de Brian
Como Anita, embora sem a mesma intensidade, Marianne também se interessa com poderes alternativos. Através do I Ching, procura ler o futuro de Brian, fazendo perguntas precisas, e desenhando seu hexagrama baseado nas seis respostas obtidas. Encontra no hexagrama 29, o desenho que reflete aquele que suas respostas lhe fizeram desenhar. Jagger presente no quarto, ouvia atentamente enquanto Marianne lê e interpreta o significado do hexagrama em um texto que oferecia um omen negativo. Segundo consta, Brian estaria passando por uma provação e que se passar, sua vida se firmaria no espaço de três anos, porém caso o contrário, a opção poderia ser a morte. Morte através da água, caso alguém não lhe mostrasse o caminho.
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O casal se entreolha assustado e Mick liga em seguida para Brian para saber como estava. Brian sempre precisando de atenção e carinho, estava encantado que Mick ligara e insiste em que o casal venha lhe visitar, convite aceito. Ao chegarem em Redlands, encontram um Brian receptivo, porém desconfiado. Sua aparência ainda inchada e sem muita cor, sugere corretamente que estão diante de um homem doente. Porém, como Brian logo anuncia ao receber suas visitas, ele está definitivamente afastado das drogas e se entrega exclusivamente aos prazeres do brandy.
O papo descamba para o circulo de amigos que estão viciados em heroína. Eric Clapton, John Lennon, Robert Frazer, Michael Cooper..., porém depois, Marianne percebe que deva mudar de assunto, ela sendo uma das pessoas cada vez mais envolvidas com o narcótico. Ela acreditando que Mick ainda não sabia, não quer dar chance dele perceber.
O clima na sala é evidentemente nervoso, uma vez que Brian desconfia de tudo, principalmente de Mick. Porém Brian, dentro de seu perfil de insegurança, não aceita perder amigos e várias vezes já tentara restabelecer uma relação amigável. Mick por sua vez, teve sua paciência testada demasiadamente por Brian, então passou a procurar manter a distância. Apesar de ter feito o esforço da reaproximação, Mick educadamente recusa comer com eles, dando a desculpa de ter coisas a fazer, e ter só dado um pulinho para saber como estava. Promete voltar mais tarde, Marianne triste com o fracasso do encontro, segue Mick, apenas para almoçarem em uma taverna perto dali.
Ao voltarem, Brian ofendido ataca Mick, os dois se engalfinhando fisicamente. Brian, munido pelo ódio, agride à socos enquanto Mick, atleticamente, se esquiva do seu oponente inchado e lerdo. Há versões desta briga, contando que Brian teria pego uma faca de carne sob a mesa, e tentado esfaquear Mick sem sucesso, depois, percebendo sua incapacidade atlética, diante de Mick, corre e tenta se afogar no fosso lá fora. Jagger nega estas versões, embora seja certo que houve a discussão, como também uma troca de socos neste dia. A luta foi de fato parar lá fora e em meio ao embate, Brian de uma forma ou outra, caiu no fosso, sendo tirado de lá com ajuda de Mick. Com seu fundo lamacento e a falta de mobilidade de Brian, ligeiramente ébrio, podia-se facilmente atolar e se afogar ali, caso estivesse sem ajuda.
Os dois homens ensopados com a água podre do fosso, vão tomar um banho. Depois, já vestidos com roupas secas, estão tomando um brandy na sala, rindo da briga e toda a cena. O casal se despede e se retira, Mick com um sentimento de derrota na garganta e Marianne cogitando que "morte por água", fosse de fato apenas um simbolismo. Brian também está em uma situação desconfortável, devendo o favor a Mick Jagger por ter o tirado do fosso e o ajudado de volta para terra firme.
Preocupado com o que dizia o hexagrama, Mick procura uma maneira de ajudar Brian a encontrar o caminho. Sabe que não poderá ser ele, pois a relação havia se deteriorado a muito tempo, não havendo mais uma confiança mútua. Liga então para um velho amigo do inicio da carreira. Mick Jagger procura Alexis Korner.
Mudando Para Cotchford Farm
Brian e a estatueta de Christopher Robin
Brian e a estatueta de Christopher Robin
Brian finalmente se muda para sua casa de sonhos. A casa tinha vários cômodos, um jardim, piscina, e mais adiante, junto da propriedade, uma pequena parcela da Ashdown Forest, completa com riacho, passando por dentro da sua propriedade. Nele A. A. Milne escreveu seus contos de Winnie the Pooh e Christopher Robin, e estatuetas destes e outros personagens são encontrados no terreno.
A casa remete seu novo dono a sua infância em Cheltenham e o local será descrito por amigos que estiveram com ele nesta época, como de grande ajuda para sua recuperação psicológica. Ainda fazendo parte do terreno, descendo a rua, estão as casas da Sra. Mary Hallett, que passaria a trabalhar na casa principal, cuidando de arruma-la; e Mick Martin, antigo jardineiro da propriedade que Brian fez questão de manter trabalhando na casa. Acima da garagem também existia um pequeno quarto e sala, cozinha e banheiro. Nele Brian deixou seu mestre de obras, Frank Thorogood morar durante as semanas, enquanto trabalhava na arrumação da casa. Tom Keylock também tem as chaves do local. Ele é oficialmente seu motorista, seu cozinheiro e continua tratando de assuntos variados.
Alma Penada
Junte a paranóia habitual com uma constante depressão suicida e você tem Brian Jones novamente hospitalizado. Dia 18 de março, Brian acabaria dando entrada no Privory Clinic, onde se recuperaria de outra crise nervosa, permanecendo internado por dois dias.
Dizem que toda casa tem os seus barulhos e a noite é quando eles se tornam mais audíveis. Nas primeiras noites na fazenda, Brian passou a ouvir barulhos dos mais diversos, alguns quase humanos. Investigando depois, contaram-lhe uma historia sobre uma jovem empregada chamada Mary, que trabalhou na casa e que morrera de repente, sendo enterrada em alguma parte do jardim. É provável que tudo não passou de alguma brincadeira, mas Brian tomou pena da alma penada que ele supostamente passou a ver andando pelo jardim, às vezes pela casa. Com o pretexto de ajuda-la a encontrar a paz, Brian deu uma festa que durou quase uma semana e teve uma grande variedade de convidados entrando e saindo durante o seu curso. Uma festa com freqüência rotativa, regada a haxixe e celebridades, onde Brian tocou várias músicas do seu acervo particular, principalmente seu material com os flautistas de JouJouka e a primeira gravação com os Rolling Stones, feito pelo Glyn John antes deles assinarem com Oldham. Depois da festa ele nunca mais viu o fantasma de Mary, acreditando que ele havia de alguma forma ajudado aquele espirito a encontrar seu caminho.
Vida em Cotchford Farm
Brian passaria a freqüentar na cidade vizinha de Hartfield, o pub "The Hay Waggon Inn", onde toma umas cervejas com o povo local que tendem a simpatizar com ele. Certa ocasião, Brian foi de moto para o pub. Bebeu com os homens e ficara tão bêbado que mal conseguiu fazer a moto funcionar. Quando conseguiu, foi direto subindo a calçada e atravessando a vidraça de uma loja. Se cortou todo e ficou lá deitado, imaginando que assim que a policia chegasse e o reconhecesse, certamente iriam plantar algum flagrante e mandá-lo pra cadeia. Para sua surpresa, a turma toda do bar veio acudir.
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Ajudaram a levantá-lo, um grupo indo com ele até sua casa, aplicando-lhe curativos típicos de primeiro socorros. Outros varreram a calçada, limpando o vidro da área. Nenhuma notícia referente ao incidente apareceu no jornal e Brian percebeu então que ninguém da vila quis faturar em cima do seu nome. Meditando sobre o episódio, conclui que os vizinhos têm realmente carinho por ele. "Uma grande sensação!" ele diria para alguns amigos, contando o incidente. Para Brian, saber que é uma pessoa querida por alguém ou por um grupo de pessoas, é em si, um fato de suma importância.
Os Habitantes da Casa
Na reclusão de Cotchford Farm, Brian se diverte com a companhia de seus dois cães. O primeiro, uma cadela cocker spaniel preta e branca chamada Emily. Brian passeando em um shopping ainda com Suki Poiter, viu o animal à venda. A cadela ficou imóvel, com um olhar tristonho e solitário, observando Brian, que, comovido, levou o bicho, de pura dó. Semanas depois, um criador que mora na vizinhança ofereceu um Afgan negro que fora vendido e devolvido. Sem realmente querer outro cão, porém não sabendo como dizer não, Brian aceitou ficar com o cachorro, que ganhou o nome de Luther. Os dois cães passaram a tomar uma importância relativa na vida de Brian.
Emily o segue por toda a casa e dorme no quarto com ele, no chão perto da cama de seu mestre. Já Luther é livre e prefere explorar o terreno, some por horas e volta apenas quando tem vontade. Luther escolheu a cozinha como seu ponto para dormir. Agora já aos vinte e sete anos de idade, Brian enxergava na maneira despojada de Luther, muito dele mesmo quando mais novo.
Outra companhia que Brian gostava de manter era Frank Thorogood. Homem bem mais idoso, na faixa dos quarenta e poucos, Brian sabe que Frank tem inveja de sua riqueza e a facilidade que ele tem para arrumar mulheres. Brian se diverte provocando Frank, explorando suas fraquezas, e assistindo o empregado ficando furioso. As vezes havia revides e Frank diz coisas que um empregado normalmente não diria para seu patrão. Brian deixa, porque não sabe como brecar abusos. Se convence que não vale a pena o aborrecimento e finge que não tem importância. Depois chama Frank para jantar com ele para fazerem as pazes e manter a harmonia.
Negócios
Não há como negar a incrível tenacidade do artista Mick Jagger em ser o empresário Mick Jagger. Sempre preocupado com a saúde dos negócios dos Rolling Stones, se não na saúde de seus membros, Jagger está sempre com a mente aberta para captar novas idéias que possam ajudá-los a se manterem como a melhor banda. Uma frente nova, seria uma associação que Mick Jagger tentou firmar com Jann Wenner, criador e dono da revista americana Rolling Stone Magazine. Wenner chegou a Londres em final de março para uma reunião com Jagger tentando criar uma filial inglêsa para sua revista. Negociações continuariam por durante toda primavera, mas acabariam sem êxito. Jagger não tinha o tempo para tamanha dedicação necessária para o projeto e o mercado inglês se mostrou não muito receptivo para uma revista com filosofia e capital estrangeiro.
Jagger está também pensando adiante em relação à capa do próximo disco. Com as dificuldades que tivera com a capa do disco anterior, não é surpresa ele se preocupar com o assunto com tamanha antecedência. Há na Decca o interesse de lançar uma coletânea inglesa da banda. Estudando diversas artes diferentes, fica encantado com os desenhos de M. C. Esher. Mick então pessoalmente escreve uma carta para Esher solicitando que ele autorize o uso. Se for do seu agrado escolher por um trabalho ainda inédito ou desenhar algo especificamente para a capa. Os valores pelo seu trabalho seriam então discutidos entre os respectivos departamentos de finanças dos dois. O escritório Rolling Stones receberia então uma carta de Esher declinando o convite, deixando claro que não tem interesse de associar o seu nome com o da banda. Curiosamente em 1970, a capa do disco do Mott The Hoople seria um desenho de Escher.
Problemas e Distrações
Brian começa a se acalmar um pouco mais, porém continua sofrendo de ocasionais crises de depressão. Harmonia necessita de um certo esforço para se manter. Tom Keylock às vezes traz alguns de seus amigos para a casa, sabendo que Brian é facilmente intimidado. Bebem de seu bar e dão pequenas festas, muitas vezes sem Brian querer. Keylock usa a tática de fazer questão de sempre encher a taça de Brian, deixando-o bêbado rapidamente e assim, ainda mais passível.
Uma das historias conhecidas de Keylock é de quando ele ganhou a incumbência de comprar móveis para a casa. Todas as contas e faturas de Brian sempre vão diretamente para o escritório Rolling Stones e na maioria das vezes, ele sequer sabe os valores que está pagando. Mas suspeito e cada vez menos intoxicado, Brian indaga a respeito da conta e descobre que Keylock comprara tudo em dobro, mobiliando assim sua própria casa. Quando confrontado, Keylock apenas queixa-se de que Brian deveria deixar de ser zura e unha de fome. Novamente, Brian não sabe como reagir. Se sente um pouco isolado do mundo, certamente isolado dos demais Stones.
Alexis Korner
Alexis Korner
Alexis Korner

Alexis Korner é o grande pai do blues branco inglês. Participou do primeiro disco de blues inglês, como também do movimento skiffle que fez Lonnie Donegan famoso. Seguiu adiante promovendo o blues em sua banda escola, the Blues Incorporated. Foi o primeiro a descobrir e colocar no palco os talentos de diversos jovens que teriam carreiras significativas na década de sessenta. Artistas como o próprio Brian Jones, Charlie Watts e Mick Jagger.
Com Mick Jagger do outro lado da linha, Alexis duvida muito que ele possa influir de alguma maneira na vida de Brian. Sabe dele apenas pelos jornais, uma vez que com a fama, como também a diferença de idade, a tendência foi o afastamento. Mas não se opôs em procura-lo e ver como estar. Assim, Jagger lhe passou o número e Alexis telefonou. Brian fica surpreso e feliz com a chamada. Se desculpa pelo sumiço e confessa que aqueles anos iniciais do sucesso foram mesmo muito loucos. Depois, Brian passou a ligar para Alexis todo dia, os dois levando as vezes horas no telefone. Quando desliga, Alexis tem por vezes que sentar e respirar um pouco, tamanha intensidade com que Brian despejava seus temores.
Alexis teria definido o Brian destas primeiras ligações como extremamente nervoso e agitado. Brian como sempre, culpa todos ao seu redor. Reclama que todos conspiram contra ele, mas como o discurso rapidamente fica desgastado, e sua fama sendo de um junkie já queimado, a sua credibilidade torna-se extremamente duvidosa. Todavia Brian não está mais dopado com barbitúricos e narcóticos. Ele se assume um amante do brandy e do vinho branco. Propaga para os quatro ventos como drogas são ruins para as pessoas e como quase o destruiram. Não permite a nenhuma de suas visitas fazer uso em sua casa e vários confirmam que Brian recusou haxixe e cocaína, quando visitas iniciais vieram a oferecer. Coisa impensável menos de um ano atrás. Mas Brian nunca precisou de drogas para ser preocupado em excesso e transformar um pequeno detalhe em uma calamidade.
É com Alexis que Brian mais desabafa. Por ser doze anos mais velho e reconhecer musicalmente o potencial de Brian, muito antes dele se tornar rico e famoso, há na relação retomada entre os dois, novamente a confiança típica de um pupilo com seu mestre. Quando Brian reclama que peças de sua mobília estão sumindo, ninguém consegue dar crédito à acusação. Quando Alexis o visita pela primeira vez, Brian fala feito metralhadora giratória, "Sempre tem alguém vigiando. Estão cobrando excessivamente pela reforma. Estou sendo roubado por todo mundo! Eles estão querendo me fazer pensar que estou louco! Eu não sou louco Alexis, você me conhece bem! Um pouco paranóico talvez, mas não maluco! Estão roubando minhas coisas! Todo mundo pensa que ainda estou em órbita mas eu percebo o que está acontecendo! Eles são todos do escritório, e trabalham para Mick!"
Brian certamente se refere a Tom e Frank, entre outros. Mas, será tudo parte de sua paranóia? É certo supor que, se alguém o está roubando de fato, dificilmente seria Mick o mandante de tal ato. O rítmo frenético do raciocínio de Brian cansa e Alexis resolve apertar um baseado para ele e o amigo relaxar. Brian ao perceber o que o amigo fazia foi logo avisando. "Eu iria preferir que você não fizesse isto aqui na minha casa. Não posso ser pego perto disto. Além do mais, não uso drogas de qualquer espécie. Voltei à bebida, como nos velhos tempos", diz com um sorriso. Aí então ele começa outra saraivada de idéias, falando agora de como drogas só serviram para atolar sua vida e que ele está feliz por se livrar "daquele lamaçal." Alexis, sempre respeitoso, guarda tudo e juntos saboreiam um vinho branco gelado. Em poucas semanas, Brian mesmo ao telefone, já parecia mais calmo.
Brian Amando
Anne Wohlin
Anne Wohlin

Talvez seja o relógio natural da pessoa, quando todo o glamour desbota e a alma começa a não desejar mais mulheres de ocasião em quantidade, mas uma mulher de qualidade para todas as ocasiões. E Anne Wohlin parece que estava por perto e entrou na vida de Brian na época certa. Ela passou a ser convidada em abril a passar os fins de semanas com ele, pegando um trem até Hartfield e um taxi da estação até a casa. Depois Brian começou a mandar uma limousine ir buscá-la e finalmente passa a pedir que ela more lá com ele. Anne, de apenas vinte e dois anos, está um pouco assustada com a proposta, embora ao mesmo tempo, apaixonada pelo namorado cujo apetite e desenvoltura sexual, assim como sua criatividade neste campo, são para ela aprendizados seguidos.
Em maio, Anne se muda definitivamente para Cotchford Farm e faz com Brian um casal cheio de planos para o futuro. Com Anne, e no ambiente acolhedor de Cotchford Farm, Brian começa a se abrir e falar de seu passado mais intimo, como nunca antes. Definitivamente é um tempo para análises pessoais, onde Brian começa a exorcizar os dragões que habitam sua alma. Fala de um assunto que nunca levanta; a morte de sua irmã Pamela, ainda uma criança, vítima de leucemia. Comenta de como sua mãe, deprimida com a morte da filha, se afastou de Brian, o filho mais velho. A insegurança de um menino rejeitado pela mãe, que cresce um homem inseguro, tornando-se com o poder de sua fortuna, um monstro incompreendido.
Anne escuta tudo com respeito e levanta questionamentos quanto ao sentimento de dor que uma mãe atinge, ao perder uma criança ainda bebê, totalmente dependente dela. É Brian que agora exercita a faculdade de ouvir os outros, ato que até então, estava bastante enferrujado. Estas e outras conversas levam Brian a periodicamente passar a telefonar para seus pais, se esforçando um pouco mais a restabelecer uma relação, preferencialmente mais harmoniosa do que havia antes. Brian parecia mesmo caminhar para uma vida menos frenética e enlouquecida para algo mais calmo e sano. Brian com Keylock de motorista, vai até Cheltenham visitar seus pais. Depois, é a vez de seus pais aceitarem o convite, passando um dia com ele em Cotchford Farm. Sr. Lewis Jones curiosamente aparenta ter a mesma altura e estrutura óssea que seu filho famoso.
Conversando com o pai, Brian mostra seus equipamentos e seus diversos instrumentos, falando por alto sobre a musica que gostaria de tocar, um pouco diferente da direção que os Rolling Stones atualmente seguem. Brian nada fala sobre sair da banda. Fuçando entre suas coisas, ele acaba por encontrar uma foto antiga de Anita, do tempo que ainda estavam juntos. Seu rosto muda de cor, iluminando-se, Brian esquecendo do mundo, onde estava ou se havia outras pessoas no quarto. Foi por um breve instante, onde ele chegou a falar a palavra proibida. "Anita" ele verbaliza sem perceber. Em seguida guarda o objeto que o transportou no tempo, vira para seu pai e continua seu assunto de onde ele havia parado, fingindo que nada havia acontecido. Esta seria a última lembrança de Sr. Lewis Jones de seu filho. Todo aquele dia foi agradável e quando seus pais voltaram para Cheltenham, era visível a satisfação em Brian, como quem atravessou um obstáculo, que há anos, bloqueava a vista de seu horizonte.
Ser ou Não Ser
Brian Jones é um covarde. Ele é incapaz de tomar uma decisão definitiva sobre seu futuro. Quando decide, é incapaz de se posicionar ou mover-se na direção de seus propósitos. Brian é sistematicamente convidado a ir trabalhar. Uma limousine com Tom Keylock ao volante, chega toda manhã ou à tarde para busca-lo e todo dia ele diz que está doente e não pode ir. Brian não tem coragem de assumir de vez o que na cabeça dele já está resolvido. Brian conversa com amigos pelo telefone, querendo reafirmação mas nunca anuncia para a banda sua resolução de sair. Conversa horas com Alexis Korner e John Lennon, os dois dando grandes doses de força e coragem, mas ao desligar, o estômago dói ao pensar em encarar Mick e Keith.
Brian ligou quatro vezes para John Lennon certo dia, tentando, com sua ajuda, armazenar coragem e sair. Lennon discursa pelo telefone palavras de confiança. "Você não pode mentir para si. O que quer que aconteça, é você que importa. Não desperdice seu talento. Você pode se sentir inicialmente triste e deprimido, mas lembre-se do que é mais importante. Dinheiro não pode, nem irá governar nossas vidas. Devemos ser governados apenas pela nossa própria criatividade artística. "Brian concorda com tudo; fala de sua intenção de deixar os Stones o quanto antes, e pergunta se não seria uma ótima idéia dele se juntar aos Beatles. Lennon desconversa dizendo que os Beatles também estão em um período complicado e que ele também está deixando aquela banda.
Alexis é outro amigo com quem Brian tem conversado muito. Brian confirma a sua intenção de sair dos Stones e sabendo que Korner está montando uma banda nova, The New Church, se convida para ser seu guitarrista. Alexis conhecendo bem seu amigo, como Lennon, também desconversa. Diz que ele, Brian, é criativo demais, que acabaria se sentido preso a restrições dentro da concepção de trabalho existente dentro do New Church. O melhor seria Brian formar sua própria banda, e passam a conversar sobre a melhor forma em que Alexis pode ajudar.
Um Rolling Stone Pela Última Vez
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Dia 21 de maio, foram tiradas as fotos que acabariam na capa e contracapa da coletânea dos Stones chamada Through the Past Darkly, lançada pouco depois da morte de Brian e faturando em cima do fato. Depois todos voltam para o estúdio para gravar uma das poucas sessões que Brian chegou a participar. Nela Brian comenta sobre seu desejo de deixar a banda. Ninguém fica surpreso, quando Brian deixa entender que as composições comercias de Jagger-Richard não mais representam motivação musical para ele.
Jagger - o Empresário
Jo Bergman, secretária de Mick e sua mão direita dentro do escritório Rolling Stones, começa a exercer pressão sobre os problemas insolúveis dentro da organização. Precisam definir diretrizes como o que afinal está acontecendo com a banda? Irão excursionar novamente ou irão se dedicar apenas a gravarem discos, como os Beatles? Invariavelmente o problema relativo à eterna dependência daquele escritório com o escritório moroso de Allen Klein em Nova York é outra preocupação que necessita de uma reestruturação o quanto antes.
Mick sabe que não pode manter o estado caótico das finanças eternamente sem solução. O rei da cena continua freqüentando festas e recebendo convidados, deixando sua rede sempre aberta para contatos. Ainda com amigos e contatos na alta sociedade, Jagger, estudante de economia que já foi, inicia uma série de conversas interessantes com o Príncipe Rupert Loewenstein, descendente da família real austríaca. Loewenstein, que nada entende de rock 'n' roll, é consultor financeiro e é cativado pela inteligência instintiva deste ex-estudante de economia. Aos poucos Jagger consegue convencer o príncipe a dar uma olhada nos livros de sua empresa, a Rolling Stones Inc.
Bote Policial
A peça Hamlet terminou e Marianne foi convidada a fazer outra peça, chamada Early Morning. Uma dessas produções mais hippie e loucas, onde Marianne faz o papel de uma lésbica e a Rainha Elizabeth vive a lhe dar cantadas. A peça se mostrou um estrondoso fracasso, fechando após sua estréia. Marianne ficou tão nervosa que esqueceu três baseados em cima da mesa do camarim, tendo que obrigar Mick a voltar para buscá-los. Jagger fica furioso pela falta de senso. "Ela ainda vai dar uma oportunidade para a polícia me jogar de volta na cadeia", ele resmunga. Alguns dias depois, Sgt. Robin reconhecendo o Bentley de Mick Jagger em um sinal, manda encostar para ser revistado. Mick encara o sargento e lhe diz logo que sabe perfeitamente o que andou-se fazendo com Brian Jones e que com ele não seria assim tão fácil. Conclui então que o oficial só poderá ver o carro diante da presença de seu advogado. O sargento resmunga algo, ameaçando que "isso não vai ficar assim não, vai ter forra..." e se retira.
A residência de Mick e Marianne em Cheyne Walk onde a policia realizou sua batida
A residência de Mick e Marianne em Cheyne Walk onde a policia realizou sua batida

Alguns dias depois deste incidente, Tom Keylock liga para Marianne Faithfull dizendo que ele arrumara um contato que estava oferecendo uma quantidade de heroína por um preço irrisório. Pelo preço, Marianne encomendou todo o lote. Algumas horas depois, Keylock entrega o pó em dois pacotinhos de plástico. Marianne alegremente vai pro quarto cheirar a droga. Cerca de quatro horas depois, a policia bate na porta, interrompendo o chá, invadindo a residência com um mandato em mãos. Mick prontamente entrega uma caixa de madeira onde ele guardava haxixe. "Não é isto que queremos", sorriu o guarda, "Queremos a coisa boa." Foram direto para o quarto onde vasculharam e encontraram sem muito esforço o pacote com heroína. O produto é levado para analise e uma vez confirmado ser o narcótico ilegal, um mandato de prisão será subseqüente emitido.
Apavorado, Mick liga para Tom Keylock, que garante que por £2000, consegue alguém dentro do laboratório policial para dar testemunho falso de que o pó não é heroína. A repercussão de uma acusação de porte de heroína acabaria com as chances dele conseguir um visto na America e Asia. Porém, desconfiado de Tom Keylock, que é manjado por já ter tentado roubar Keith, Mick liga para Tony Sanchez. Tony indaga a Marianne se a heroína era boa. Marianne confessa que achou o produto muito malhado, nem deu onda alguma, mais parecia talco. Tony convence Mick e Marianne que provavelmente era talco, que Tom vendera como heroína faturando um dinherinho. Deve ter sido ele quem informou a policia que eles encontrariam heroína na casa, arrumando com isso outra grana, e depois oferece para corromper a policia em troco de mais outra grana. É claro que os laboratórios irão dizer que não é heroína. Não é mesmo. O casal apostou na lógica de que Keylock era um completo filho da puta e de fato uma acusação de heroína nunca aconteceu.
À noite, Príncipe Loewenstein aparece na casa sem aviso prévio. Ele soube da batida policial pelo jornal televisivo e quis fazer uma visita de cortesia. O Príncipe encontra Marianne Faithfull sentada no chão da sala, aparentemente em um estado ébrio, com a mesinha cheia de pó espalhado. O Príncipe conhecendo as historias relacionadas aos Rolling Stones, imagina se tratar de cocaína, embora na verdade, a julgar pelo estado largado de Marianne, o pó deveria ser outro. Quando ela percebe a visita e Mick se aproximando, começa a tentar esconder as partículas espalhadas pela mesa, sem muito êxito. Começa a rir alto a risada dos bêbados e é, a esta altura, totalmente ignorada pelos dois homens que vão para outra sala da casa.
No dia seguinte vão até a corte da rua Marlborough, onde o casal é formalmente acusados por porte de haxixe e solto com multa de £50 libras. Eles teriam que reaparecer em corte em junho, para poder-se marcar uma data para o julgamento. Esta data acabou sendo marcada para dezembro. Desta forma, Mick não teria nenhum empecilho legal, podendo fazer dois shows já marcados na Italia, a excursão Americana no outono, e uma viagem para a Australia, que fora planejada recentemente. Mick e Marianne aceitaram trabalhar em um filme sobre um vilão do tipo Robin Hood, na Australia. Ambos acharam que o filme seria fraco porem aceitaram a proposta como uma oportunidade para trabalharem juntos, podendo assim passar mais tempo um com outro. As filmagens começariam em julho. No fundo, Mick aceitou o papel porque sabia que na Australia, Marianne não teria como conseguir heroína e assim, poderia limpar o corpo.
O Substituto
As gravações para este disco fazem parte de um plano maior que envolve uma excursão no fim do ano. Será a primeira da banda em três anos. Evidentemente isto significaria que uma decisão precisaria ser tomada em relação a Brian Jones. Allen Klein faz pressão para se livrarem dele, pois não estão, nem poderão excursionar, por causa de Brian, que tem seu visto de entrada para os Estados Unidos negado em função de sua convicção na acusação de posse e uso de entorpecentes em 1967. Além do mais, ele praticamente não produz nada mais para a banda. Mick e Keith sabem que a hora vai chegar de pedir a Brian para deixar a banda e começam a estudar a melhor forma de fazê-lo.
A máquina dos Stones move sempre para frente e Brian está ficando cada vez mais para traz. Discussões iniciam entre os membros para saber quem iria substitui-lo. Bill Wyman sugere Pete Frampton, um jovem virtuoso na guitarra com quem Wyman já trabalhou e garante é capaz de preencher bem o papel. Frampton, que havia encontrado relativo sucesso teen com a banda The Herd entre 67 e 68, havia recentemente montado com Steve Marriot o Humble Pie, uma banda que ainda iria levar alguns anos antes de estourar.
A primeira opção para Mick e Keith seria Eric Clapton, porém no espaço de tempo entre dezembro e abril, Clapton de ex-guitarrista do Cream, está agora montando um outro grupo, chamado Blind Faith. Para Clapton, a idéia de entrar no lugar de Brian Jones não lhe parece uma situação muito agradável. Além do mais, a perspectiva de viver com a constante gritaria e idolatria que acompanha os Rolling Stones lhe desestimula.
Mick Taylor & Charlie Watts
Mick Taylor & Charlie Watts

Vem de Ian Stewart a sugestão de se trazer Mick Taylor, guitarrista virtuoso do John Mayall & the Bluesbreakers, banda escola de bons músicos, muito como Alexis Korner & the Blues Incorporated eram no inicio da década. Convidado para um ensaio teste no dia 1 de junho, ele grava um blues improvisado sem nome, depois é convidado a participar da gravação de Honky Tonk Woman. A canção composta originalmente em Matão, é um country, porém com a guitarra que Mick Taylor coloca, a canção mudou, se tornando mais roqueira. Repensam o seu arranjo e regravam a canção do zero.
O tempo da canção aumentou e com uma sugestão de Jimmy Miller, Charlie muda a batida. O trabalho progrediu rapidamente com Miller adicionando um cowbell tocado por ele mesmo, que terminaria por firmar o clima da canção. A sessão, que terminaria por volta das três da manhã, rendeu um compacto vencedor.
Sessões de Let it Bleed
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Entre abril e maio, a banda gravou uma considerável quantidade de canções, muitas das quais não tiveram continuidade. Entre os títulos inéditos da dupla Jagger-Richard estão Curtis Meets Smokey, Jiving Sister Fanny, Black Box, Mucking About, So Fine, Toss The Coin, The Vulture e When Old Glory Comes Along. Entre trabalhos fora da dupla, gravaram Downtown Suzie de Bill Wyman; e I Don't Know Why de Stevie Wonder, Paul Riser, Don Hunter e Lula Hardaway.
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Sem a presença de Keith, que faltou sem avisar, gravam uma série de números com uma banda formada por Mick Jagger, Bill Wyman, Charlie Watts, Nicky Hopkins e Ry Cooder. Todos os números são compostos pelo trio Charlie Watts, Nicky Hopkins e Ry Cooder, tendo duas exceções; It Hurts Me Too, clássico blues de Hudson Whittaker (cuja letra é adulterada por Jagger inserindo trechos de Pledging My Time de Bob Dylan), e The Loveliest Night Of The Year de Juventino Rosas. Os títulos destas canções, gravadas no dia 23 de abril são Highland Fling, The Boudoir Stomp, Edward's Thrump Up, Blow With Ry, e Interlude A La El Hopo. Este material acabaria saindo no mercado anos depois com o singelo nome de Jamming With Edward.

Right Disease - Abhorrance


O Abhorrance é um grupo formado em 1994 na pequena Santa Cruz, Califórnia, por Brandon Fitzgerald (voz e guitarra) e Patrick Diola (guitarra), que montaram o projeto inicialmente com outros músicos e tiveram um resultado promissor ao gravar em 2002 o EP “The Spirits”, o que lhes possibilitou rodar por 40 estados norte-americanos divulgando sua música.



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Mesmo passando por esta inicial boa fase, logo a seguir o Abhorrance troca seu baixista e baterista, quando a entrada de Marisa Kurk (baixo) e Ben Christensen (bateria) solidifica em muito sua formação. Tanto que, depois de polir algumas das antigas canções e elaborar outras novas, seu próximo e natural passo é estrear oficialmente em CD com este “The Right Disease”, cuja primeira prensagem foi liberada pelo selo Unfun Records bem no finalzinho de 2005.
Sua música é aquela bastante executada atualmente em seu país: uma intrincada mistura de Thrash, Hardcore e algumas sutis doses de Punk, o que resulta praticamente no Metalcore. E o quarteto impressiona pelo controle e precisão de seus riffs velozes e mudanças de ritmo, que, mesmo um tanto quanto impensáveis e quase progressivos, fluem de forma bastante natural. E toda esta fúria e complexidade dos arranjos é apenas um apoio para o engajamento de suas letras.
O jovem quarteto está literalmente em luta contra o sistema. A agitação e ganância do governo Bush, o roubo de petróleo e a conseqüente Guerra no Iraque, xenofobia, aborto, a indústria do gado e o conflito entre a Religião e o Estado são alguns dos pontos que geram tanto descontentamento, cantados com linhas cheias de raiva e entremeados por alguns momentos mais amenos.
Um disco bastante íntegro, indicado a quem aprecia a adrenalina causada por sonoridades direta e nervosa. “The Right Disease” poderá encontrar admiradores entre os fãs do Pantera, Converge, Unearth, The Haunted, The Dillinger Escape Plan, e por aí vai. Pena que o Abhorrance deu uma parada em suas atividades, sendo que Patrick e Marisa formaram outro grupo chamado Take Warning, voltado para o pop-punk...
Formação:
Brandon Fitzgerald - voz e guitarra
Patrick Diola - guitarra
Marisa Kurk - baixo
Ben Christensen - bateria

Abhorrance - The Right Disease
(2005 / Unfun Records - importado)

01. The Terrorists Sleep Atop Capitol Hill
02. The Coathanger Method
03. When Tubes Cease To Glow
04. Serial Murders In A Fibonacci Sequence
05. Brimstone Of Nationalist Collusion
06. Whiskey & Firearms
07. Lone Star Bivouac
08. Precious Hate 666
09. Inborn Awakening
10. Support Your Local Back-alley Abortion Clinic
11. My Nuts... Your Chin... Connection!
12. Dead Flowers For A Beauty School Dropout

Homepage: www.abhorrancethrash.com

Ten Years in Hell - Annihilator


Já era hora dos fãs terem acesso a algum material explicando a carreira do Annihilator em detalhes. Foram tantos membros entrando e saindo, tantos vocalistas, a grande maioria sem nem sabermos porque. Jeff Waters sempre cuidou de seu projeto com mão de ferro, e passados tantos anos de altos e baixos, vemos que grande parte do material produzido pelo guitarrista acabou se tornando referência no estilo, influenciando outras tantas bandas futuras.



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O DVD, duplo, traz na sua primeira metade um documentário com imagens desde a época de Alice In Hell, passando por sua festa de lançamento, clipe e turnê. O clipe de “Stonewall”, já com Coburn Pharr à frente do Annihilator nos introduz a fase do clássico Never, Neverland, com mais cenas de backstage e shows. Além disso, são mostrados os ensaios com Aaron Randall, os novos membros, Set The World On Fire, e as seguintes produções e turnês dos discos King Of The Kill, Refresh The Demon e Criteria For a Black Widow. Como o nome do DVD já diz, apenas os 10 primeiros anos da banda são documentados e toda fase de Joe Comeau e David Padden é deixada de lado.
Com a qualidade da imagem deixando a desejar em muitas partes, principalmente nos shows mais antigos, e com o som só na opção PCM Stereo, o primeiro DVD serve apenas como uma coletânea de material guardado no baú de Jeff Waters por anos, organizado em ordem cronológica, mas sem explicar seu conteúdo. Essa é a razão do segundo DVD.
Em pouco menos de duas horas, Jeff Waters concede uma entrevista sem perguntas, onde conta toda história de sua banda e explica grande parte do que é visto na primeira parte de Ten Years In Hell. Os problemas com alcoolismo, drogas, sua maneira de trabalhar e sua relação com os novos e antigos membros. A maior parte das dúvidas é destrinchada, e as declarações de um simpático Coburn Phar ajudam a entender porque uma banda que tinha tudo para se tornar uma das maiores do mundo, tinha que praticamente recomeçar do zero de tempos em tempos. Além destes, rápidas aparições do baterista Mike Mangini, do guitarrista Neil Goldberg e do baixista Russel Bergquist incrementam o pacote, explicam seus projetos atuais e sua época dentro do Annihilator.
Mas Ten Years in Hell não é um DVD fácil de assistir, e pode se tornar bastante cansativo se o expectador não se interessar – e muito – em tudo que rolou por trás do Annihilator. Por outro lado, mostra o quanto Jeff Waters tem que ser respeitado por ser quem é, e manter seu projeto vivo e ainda autêntico hoje em dia.
DVD 1:
1. Intro 
2. Alison Hell
3. Release Party 
4. TV Media One 
5. Stonewall 
6. TV Media Two 
7. TV Media Three 
8. Backstage 
9. Fun Palace (live)
10. TV Media Four 
11. Set The World On Fire
12. KOTK Back Vocals 
13. King Of The Kill 
14. Jeff In Japan 
15. 21 
16. Only Be Lonely
17. Syn. Kill 1 
18. Criteria Rehearsal
19. Alison / Homicide 
20. Oh Canada 
21. Ultraparanoia 
22. Pharr (live)
23. Rampage Raw 
24. End Credits

DVD 2:
1. Pre Annihilator Era
2. Demo Days 
3. Alice In Hell 
4. Never, Neverland 
5. Set The World On Fire 
6. King Of The Kill 
7. Refresh & Remains 
8. Criteria 
9. Other Releases
10. Catch Ya Later 
11. Mike Mangini 
12. Neil Goldberg

Hellish Domains - Anglachel


No meio dos rodeios de Jaguariúna (SP), surgia em 2001 o quarteto Anglachel. Com uma proposta voltada para o heavy metal tradicional, a banda lançou seu primeiro DEMO CD em 2003. Este segundo DEMO CD sai agora e mostra uma banda fiel a chamada New Wave Of British Heavy Metal. Ou seja, duelos de guitarra e vocais a lá Bruce Dickinson na veia!



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E o resultado é muito bom: “The Speed Of Sound” prima por belos duelos vocais e riffs bem colocados, assim como a excelente “Anglachel”, que traz fortes ecos de Iron Maiden, e um trabalho coletivo impressionante. Já a faixa título é mais cadenciada e pesada, um petardo ótimo para os shows. “Searching For The Rainbow” fecha o CD de forma rápida e veloz, remetendo ao speed metal germânico do final dos anos 80. Um petardo de qualidade.
A banda tem que gravar logo seu primeiro CD completo, pois possui potencial para tal. Parabéns ao pessoal do Anglachel.
Formação:
Daniel Quintanilha – Vocal
Christian Pereira – Guitarras/Vocal
Nelson “Junior” – Baixo
Fábio Souza – Bateria

Contatos:
Email: anglachel@ig.com.br

Rock em Análise: Voz + Letra = Música?



No que diz respeito a discussões musicais, quantas vezes você se deparou com um ouvinte que começa a escutar uma canção pela primeira vez, e, após alguns segundos, chega a uma conclusão quase definitiva de que não gostou daquele artista/banda? Este é um problema recorrente, consequente de uma equivocada atenção a apenas dois elementos: voz e letra.
Não é de se espantar que um "ouvinte comum" não tenha aquele "tato" para a música como um todo, mas este bom senso não precisa ser uma exclusividade de críticos e fãs de música em geral. Afinal, qual seria a dificuldade em dar igual tratamento a todos os elementos de uma música? A verdade é que, exceto pela breve atenção a um riff bacana aqui e um solinho de guitarra acolá, a dobradinha "voz+letra" passou a ser determinante em pelo menos 90% da qualidade do artista.
Não vou culpar ninguém, pois é normal que aquele indivíduo no centro das fotos - ou do palco - ganhe um destaque inicial maior do que o dos outros integrantes. Mas, se você adquiriu tal forma equivocada de analisar os sons que escuta, saiba que não é tarde para tentar mudar seus hábitos. Comece prestando atenção nos arranjos da música, e notando como os mesmos podem realmente influenciar na obra como um todo.
Vai me dizer que uma música com uma letra bem simples deve ser logo tachada de medíocre, ainda que possua um dos mais belos arranjos que você escutou em toda a sua vida? O que falar então daquela linda poesia que foi totalmente estragada por arranjos musicais equivocados? E aquela voz que é um tanto fraca, mas pode ser deixada em segundo plano, visto que o resto da banda faz um trabalho excepcional?
Como você pode ver, para o bem ou para o mal, a audição multidimensional é importante na análise do que você está escutando, o que torna a experiência de ouvir música ainda mais completa, desafiadora e agradável. Além do mais, ninguém precisa ser músico para expor uma simples opinião a respeito dos diversos instrumentos  presentes em determinada música. Então, escute atentamente, arrisque e, acima de tudo, divirta-se!