1 de abril de 2011

Por Que o Amor Enlouquece - Why Fools Fall in Love








Harlem, 1955. Frank Lymon (Larenz Tate) é um adolescente que, com um grupo de amigos, compôs e gravou a canção "Why Do Fools Fall In Love". A canção se tornou imediatamente um sucesso, vendendo milhões de discos no mundo todo. Foi um dos primeiros sucessos da nova música chamada "rock and roll". No entanto sua carreira fracassou, em parte por ser um viciado em heroína, o que provocou sua morte prematura, por overdose.
No meado dos anos 80, Elizabeth "Mickey" Waters (Vivica A. Fox), uma pequena ladra que cumpria pena na Pensilvânia, ouve uma música no rádio que lhe chama a atenção. Assim arruma um advogado, Peter Markowitz (David Barry Gray), e lhe diz que era viúva de Frank. Como a música agora se tornara sucesso novamente com Diana Ross, ela crê que deva receber alguma quantia proveniente de direitos autorais. Logo é libertada, já que a pena estava no fim, mas ao reivindicar seus direitos fica sabendo que Zola Taylor (Halle Berry), uma cantora que obteve sucesso no passado, e Emira Eagle (Lela Rochon), uma professora escolar, também alegam serem viúvas de Frank. Desta forma o caso vai parar nos tribunais.



Parte 19 - Mick, Marianne e Anita


A intenção de lançar o álbum o quanto antes foi imediatamente brecado pela gravadora Decca uma vez vista a proposta da capa. Uma foto de uma privada é considerada de extremo mau gosto, para não dizer anti comercial. Os executivos responsáveis decretam a capa como sendo uma agressão para o público. Jagger defendendo o projeto diz que só a metade superior da privada está visível e que é mesmo em um banheiro público onde se vê este tipo de texto rabiscados nas paredes. A concepção da foto é totalmente artística e em nada agressiva. Depois já irritado e cansado de toda a controvérsia levantada pela a gravadora, ele complementa para a imprensa, "a Decca lançou o disco de Tom Jones com uma foto de uma bomba H explodindo. Eu considero aquilo agressivo e de mau gosto." O impasse continuou e o disco permaneceu o resto do ano aguardando a queda de braço.
Keith Empresta Redlands
Brian seria no final do mês levado à justiça novamente, desta vez para ouvir oficialmente sua acusação e ter a data do julgamento fixada. Em corte, Brian se declara inocente e o julgamento é marcado para setembro. Voltando para casa, Brian e Suki fazem as malas e seguem para Malaga na Espanha para passar quatro dias. Brian está ficando histérico com a possibilidade de ir para a cadeia. Ele garante que não fuma nem possui haxixe faz muito tempo e de modo algum poderiam ter encontrado haxixe em sua casa se não tivessem trazido eles mesmos. Está certo que "eles" querem lhe pegar de verdade agora.
Brian gravando em Redlands
Brian gravando em Redlands

Sua paranóia está a toda e Mick e Keith concordam que o ideal seria tirá-lo da cidade, onde ele sai para a noite e fica a mercer dos "amigos" que lhe entopem de drogas. Keith então o deixa ficar em Redlands, enquanto ele e Anita estão em Londres. Brian aproveita a quietude do lugar para se acalmar e gravar algumas coisas.
No fim de semana, todos se reuniram, conversando amigavelmente. No final da tarde, Keith, Anita, Marianne e alguns convidados estavam sorvendo uma cerveja gelada no quintal enquanto na sala, Mick e Brian conversavam sobre o julgamento. Brian logo começa a ficar nervoso, primeiro pela própria presença de Mick, de quem ele aprendeu a desconfiar sempre, como também pela presença de Anita, que quer queira, quer não, sempre incomodava. Brian, extremamente agitado, reclamava que se fosse só para dar um susto, a polícia teria passado lá só para receber sua grana, como sempre fizeram. Desta vez, eles querem agarrá-lo. Brian também está a dias nutrindo a suspeita que Mick e Keith só estão esperando ele ser preso para chutá-lo da banda.
Mick contra argumentava que todos já haviam sido presos e ninguém ainda fora condenado. Tenta convence-lo que desta vez não será diferente, aproveitando para queixar que Brian está sendo um tolo e que não deveria deixar a polícia incomodá-lo tanto. Brian leva a conversa para um volume extremamente alto, a ponto de os demais convidados não poderem ignorar o que se passava. Mick o irritara, deixando-o estressado de tal forma que ele sai correndo pelo jardim gritando "Eu quero morrer!" pulando em seguida no fosso nos fundos da casa, desaparecendo na água escura e lamacenta.
Redlands - O fosso onde Brian se jogou com a casa ao fundo
Redlands - O fosso onde Brian se jogou com a casa ao fundo

Mick desesperado, grita para alguém pular lá e o salvar! Keith calmamente se aproxima com uma corda e define, "Vai você." Com uma corda amarrada na cintura, Mick entra no fosso até mais ou menos onde Brian havia pulado para descobrir que a água quase chegava ao peito. Portanto Brian estava de sacanagem, obviamente de joelhos. Emputecido, Mick o pega pelos cabelos, arrastando-o para fora da água.
"Você estragou minhas calças de veludo seu filho da puta! Tomara que eles te prendem!" Brian está as gargalhadas assim como todos os demais. Ele voltaria para Londres aquela tarde se sentindo rejuvenescido e menos deprimido depois do trote. Seu consumo também teria uma queda notada. Brian parecia estar a caminho de uma melhora.
Gedding Hall - Bill e Stephen
Enquanto Charlie está contente em casa entre fraldas e discos de Miles Davis, Bill está adotando um novo passatempo, a fotografia. Ele aguarda a chegada de seu filho Stephen, vindo da casa de sua mãe, que mora agora na Africa do Sul, com grande expectativa. Ao recebê-lo, choca-se com a imagem de um garoto magricelo e mal alimentado. Problemas dentários, fruto de negligência, acentuam ainda mais o clima de confronto com a mãe. Resoluto, Bill se recusa a devolver-lo aos cuidados maternos, designando um advogado para cuidar das questões legais. Quando Diane reaparece em Londres para tentar tomar o menino de volta, não encontra apoio nem de seu próprio pai. A justiça aguarda o processo de divórcio antes de chegar a uma conclusão quanto à guarda definitiva da criança. Por hora, Stephen fica com o pai.
Bill se dedica então a procurar uma nova residência para ele, Astrid e Stephen. Encontram uma casa em Suffolk tão grande quanto bela, cercada por um fosso repleto de cisnes e patos. A residência, chamada de Gedding Hall, fora construída em 1480 e foi arrematada por Bill pela bagatela de £41.000. A mansão abriga salas de estar e jantar, cozinha completa, seis quartos de dormir, três banheiros e uma garagem para seis automóveis. Em outubro, Astrid, Stephen e ele estariam se mudando para o novo lar.
Cotchford Farm
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Brian e Suki resolvem ir para o interior, fugindo dos problemas de Londres. Começam procurando por uma fazenda em Cornwall mas encontram a casa dos sonhos bem mais perto. O lugar se chama Cotchford Farm, perto de Hartfield em Sussex. Brian se apaixonou pelo local instantaneamente e o comprou por £28.750.A casa pertencia ao escritor A.A. Miles, autor das aventuras de Winnie the Pooh, livros para crianças escritos nesta casa. A casa já idosa, precisa urgentemente de manutenção e reparo, o que levaria o resto do ano, até que Brian pudesse se mudar para seu novo lar.
Despesas
Com toda estas despesas recentes com compras de mansões e brinquedos caros como carros e motocicletas, é quase inacreditável que cada Stone tivesse menos de £2.000 em suas contas bancarias individuais. Com o fogo no Olympic Studios, o órgão Hammond fora destruído e um novo teve que ser reposto. Ian Stewart repôs o instrumento pagando de seu bolso e teve que aguardar um longo tempo até que Klein liberasse o dinheiro para que o escritório Rolling Stones pudesse lhe repor. Para aumentar ainda mais a tensão financeira, Andrew Oldham agora, em meio a sua batalha legal com Eric Easton, passa a processar também a Nanker-Phelge Music, a London Records, Decca, Allen Klein e outras firmas para as quais trabalhou e era sócio, como a Gideon Music, Essex e a Mirage Records.
O governo informa ao escritório Rolling Stone e seu departamento financeiro a existência de uma dívida em impostos devidos na ordem de £136.39.00. Outras dividas somadas atingem o valor de £12.956.00. Mick manda um telex para Klein, exigindo que ele dê uma solução para esta situação o mais rápido possível. Em seguida pega um avião para Paris, seguindo depois para Roma com Marianne. Apesar do telex malcriado, Klein é pouco intimidado a liberar rapidamente as remessas de verba. Para aumentar ainda mais a insatisfação reinante, projetos paralelos de Bill, Brian e Charlie também são presos a morosidade do esquema Klein de trabalho. Mick não sabe como livrar a banda de seu contrato com Klein e sua firma ABKCO. Outra preocupação em sua mente está em como também extinguir as relações contratuais com a Decca Records.
Nasce Turner
Preocupado com as distrações em Londres, como também o constante consumo de cocaína por parte de Marianne, e os efeitos que este uso poderia ter na criança em seu útero, Mick aluga, pela módica quantia de £260 por semana, uma pequena mansão em Tuam, County Galway, na Irlanda. Lá, Mick Jagger prepara-se para seu papel, de um roqueiro aposentado, rico e entediado com a vida. Marianne o ajuda a montar o personagem, de nome Turner, que ele deveria representar. Sem a minima experiência como ator, Mick não tem idéia como criar um personagem e é Marianne quem o guia pelo processo, oferecendo as sugestões mais proveitosas.
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A sua impressão ao ler o roteiro, era de que este Turner era uma figura trágica, por vezes patética, porém inteligente, afiado e a seu modo, ameaçador. Assim, Marianne sugere que Mick tente incorporar a fragilidade e tormento de Brian Jones com a força e frieza de Keith Richard. Mick então pinta o cabelo de preto reforçado, lê e relê, interpretando, com Marianne ao lado, diversas nuances que o personagem poderia oferecer.
Com filmagens iniciando em setembro, Mick volta a Londres em final de agosto para iniciar os ensaios gerais. Ele deixa Marianne na Irlanda com sua mãe e Nicholas.
Os Flautistas de Joujouka
Em primeiro de agosto, Brian acerta com George Chiantz, que trabalhava na Olympic Studios, para encontrar-se com ele e Suki, no Es Saadi Hotel em Tangier. De lá, com Brion Gysin como guia, pegam o caminho de Marrakesh para encontrar com alguns músicos da região. Conversam com G'Naoua e com os músicos de Maalimin, mas optam por gravar os mestres de JouJouka.
De volta ao hotel, Brian conversando com Chiantz e Suki mais uma vez desmaia sem nenhuma razão aparente. Chiantz sugere leva-lo para um hospital mas Suki garante que seus desmaios são tão comuns e corriqueiros que o melhor era deixa-lo dormir até ele mesmo acordar. Chiantz e Suki levantam Brian ainda inconsciente e o carregam até a cama. Quando acordou, Brian nada recordava do incidente. Ainda assim, acabou indo ver um médico em Tangier que lhe receitou pílulas para dormir. Quatro dias depois, ao voltar, o mesmo médico agora receita Valium e Laroxl. Brian deixa Tangier no dia 23 de agosto para cuidar de detalhes da compra de sua nova casa em Cotchford Farm.
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Todo interesse de Brian reside no rolo mestre dos flautistas de JouJouka. Toda sua atenção é entregue ao material, editando e mixando tudo durante boa parte do mês de setembro. Uma vez tendo um produto pronto, dedicou-se até com os detalhes gráficos da capa, trabalhando ao lado do desenhista Al Vandenburg. A capa teria pinturas dos Hamri's na frente e uma pintura de seu filho Julian na capa interna. Satisfeito com a parte artística, protocolo exige que se passe tudo para o escritório de Allen Klein para tratar da venda do disco, fechando contratos de distribuição e etc. Brian aguardava ansioso por lançar o material, mas outros problemas irão ocupar seus pensamentos.
Enquanto Brian trabalhava mixando e editando a fita master dos flautistas Marroquinos, Suki novamente precisou ser hospitalizada. Seu problema com dependência está escalando. Paralelamente, Anita também é hospitalizada. Aparentemente ela descobriu que estava gravida quando teve um sangramento, resultando em um aborto involuntário.
Uma Bola de Lã
No dia 26 de setembro, Brian chegava à corte da rua Marylebone, com ar de doente. Acusado de possuir 144 gramas de maconha, encontrado escondido em uma bola de lã. O julgamento levou boa parte do dia e foi assistido por Suki Poiter, Mick Jagger, Keith Richards, Tom Keylock e Tony Sanchez, entre as pessoas ligadas aos Rolling Stones.
Brian expõe que ele teria mais do que tempo o suficiente para se livrar de qualquer coisa que ele tivesse na casa, caso ele tivesse alguma coisa. Ele nunca viu aquela bola de meia antes. Brian diria, "Eu não costuro. Eu não remendo meias. Eu não tenho uma namorada que remenda meias. Eu não tinha a minima noção de que essa bola de lã estava dentro do apartamento."
O apartamento foi alugado para Brian há pouco tempo e seu morador anterior, atriz americana Joanna Pettet se mudou de fora da casa algumas horas antes de Brian entrar. O apartamento já veio com os móveis, o que dava credibilidade à situação circunstancial em que ele foi preso. Joanna Pettet, trazida para depor, confessa que a bola de lã poderia ser dela, mas que nada sabia sobre a maconha lá encontrada.
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Brian insiste que desde a última vez que fora preso, abandonou terminantemente qualquer uso de maconha ou haxixe. Seu psiquiatra, Dr. Anthony Flood, também testemunhou que seu paciente passou a ter horror a maconha desde seu ultimo encontro com a justiça. O júri se reuniu e em quarenta e cinco minutos, voltou com um veredicto de culpado. Podia-se ouvir o barulho de choro entre o público feminino presente. Keith se estrebuchava de tão nervoso. Mick socou sua mão direita com a esquerda e mostrou seu olhar de ódio para o júri, profundamente irritado com as poucas chances de real justiça que o sistema tem lhes oferecido.
Mas Brian... pobre Brian... este quase desmaia. Com seus cabelos lânguidos, caindo sobre o seu rosto pálido, ele tenta esconder o choro, murmurando quase sem som, algo como "Isto não pode estar acontecendo."
Com a cadeia eminente, foi de onde menos se desconfiaria, a salvação inesperada. Do mesmo juiz Seaton, que um ano antes o havia sentenciado a meses de cadeia, vem agora a iniciativa de se sobrepor ao veredicto e possivelmente salvar-lhe a vida. Juiz Seaton determina então que houve um lapso e que não iria interferir com a atual situação legal pendente sobre o réu. Com uma expressão firme e ar repressor na face, o juiz sacudiu seu martelo para Brian e conclui, "O senhor foi considerado culpado, portanto serás tratado como qualquer outro homem diante desta corte. Será multado de acordo com suas posses, sua situação legal continua a mesma (três anos de liberdade condicional), mas você precisa ficar longe destes problemas. Olhe bem aonde está pisando! Não se meta mais em nenhuma encrenca ou não terá como evitar problemas legais ainda mais sérios!"
Ao sair do tribunal, dezenas de pessoas se aglomeravam. Estudantes se beijavam e se abraçavam em alívio. Brian, abraçado por Suki, era lentamente levado até seu Rolls Royce. No meio do caminho, Brian chega a fazer uma "dança de vitória" abraçados a Suki e Mick Jagger. Com um sorriso no rosto, ele acena para a garotada enquanto fotos estão sendo tiradas. Entrevistado por um reporter, Suki diz que estava resignada de ficar sem ver o Brian por muito tempo e que o juiz foi muito lindo. Mick diria que o juiz não era burro e sabia que a historia toda fedia a trapaça. Brian diria "Pensei que eu iria passar pelo menos um ano na cadeia. É um alivio estar livre. Alguém plantou as evidências contra mim, não sei quem. Mas irei até o túmulo insistindo que eu não cometi esta ofensa."
Jornalistas comentavam a disposição do juiz de anular o veredicto. “É difícil acreditar que o juiz pudesse ignorar totalmente o júri. O juiz praticamente chamou todos de babacas” disse um. Entrando no seu Rolls Royce com Suki Poiter e amiga Cynthia Stewart, Brian desaba em choro, deixando claro que dificilmente sobreviveria uma estadia na penitenciaria. Ainda no tumulto da saída, Mick encosta em Tony e dá um toque, “Vê se você mantém Brian longe de drogas Tony.”
Mick e Keith sobem no Bentley e no caminho de casa analisam o que esta acontecendo. Parece obvio que a polícia, com ajuda de gente em esferas superiores, estão querendo acabar com a banda, numa tentativa de extinguir o que os Stones representa para adolescentes, mas desistiram de atacar Mick e Keith. “Estão indo atras de Brian como cães quando cheiram sangue. Se continuar assim, Brian vai enlouquecer.”
Problemas em Redlands
Residência de Keith e Anita em Cheyne Walk
Residência de Keith e Anita em Cheyne Walk

Se Keith havia prometido ficar longe de entorpecentes durante o período de gravações para poder ficar focalizado, bem... as gravações acabaram em final de maio e as mixagens em junho. Keith esta cheirando pó como nunca e às vezes, para acalmar, heroína. Seus horários são os mais esdrúxulos, começando o seu dia à tarde e terminando indo dormir por volta das quatro da manhã. Demorou um pouco até Keith começar a desconfiar que partes dos sumiços que andam ocorrendo em Redlands não são de fãs. O casal esta passando mais tempo na residência e os sumiços continuam. Em tempo, Keith se livraria de Frank Thorogood e Tom Keylock, seus dois principais suspeitos. Thorogood é um mestre de obras, fazendo um serviço na casa de Keith, contratado pelo escritório Rolling Stones, por indicação de Keylock, outro contratado da firma para ser motorista e assistente geral.
Keith, que não é amigo de ninguém, acaba passando os serviços de Keylock para Brian e oferecendo a vaga de ajudante geral para Tony Sanchez. Antes de se tornar dono do Vesuvio Club, Tony andou fazendo serviço similar para o próprio Brian. Cansado da monotonia do clube e atraído pela vida louca de um Rolling Stone, ele aceita o oficio, Keith passando a apelida-lo de Spanish Tony.Ainda procurando comprar uma residência em Londres, Keith encontra em Cheyne Walk, perto de onde Mick está morando, a residência do Anthony Nutting, o Ministro de Estado para Assuntos Estrangeiros. Ele e Anita se mudam logo para que ela possa ficar perto do set de filmagens para o filme que irá iniciar.
Filmando Performance
Para sua estreia no cinema, Mick Jagger não poderia pedir maior sorte do que de poder trabalhar com vários de seus amigos pessoais. Afinal, ele e o diretor Donald Cammel se conhecem há cerca de dois anos, como também Christopher Gibbs, encarregado da cenografia do filme. James Fox freqüenta sua casa regularmente desde o inicio do ano. O que então dizer de Anita Pallenberg, que se conhecem desde '65, e que mora atualmente com seu parceiro de banda, cuja casa, ele Jagger, freqüenta regularmente.
Apesar de estar trabalhando entre amigos, Jagger chega no set das filmagens com muito para provar. Afinal, ele não era um ator de verdade e muita gente dentro da equipe de filmagens estava de olho nele. Desconfiados, temia-se ataques de estrelismo e incapacidade dramatúrgica, o que causaria uma situação de incontáveis tomadas, repetindo as mesmas cenas, até o crooner - agora ator, acertar. Isto em termos práticos significaria para a equipe, dias longos, cansativos e pouco produtivos. Porém aconteceu o oposto. Jagger chegou com o espírito para aprender, prestou total atenção em todas as instruções que recebia e seu dom nato de copiar e repetir, lhe foi de grande ajuda. Tem como postura nunca reclamar por ter que repetir cenas, não importando quantas vezes, e quase nunca erra suas falas ou suas deixas. Rapidamente, ele colhe o respeito das pessoas ao seu redor, contribuindo para um ótimo ambiente de trabalho e um sentimento geral de equipe em todos.
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Trabalhar com Donald Cammel não foi fácil. Ele grita, berra, gesticula e tenta hipnotizar seus principais atores a entrar no psique de seus personagens, todos ligeiramente malignos e de má índole. Não há mocinhos neste filme, que inicialmente se chamava "The Performance" mas que depois foi rebatizado para apenas "Performance".
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O grande desafio do filme era de juntar duas pessoas diametralmente opostas numa situação de convívio. Assim o filme coloca o personagem Chas, vivido por James Fox, um gangster heterossexual tão violento que tem prazer quase sexual de esmurrar sua namorada e Turner, vivido por Mick Jagger, um astro de rock aposentado, bisexual, cheio de dinheiro, porém entediado com a vida. O enredo oferece um confronto aos nossos estereótipos, assim como também as certezas absolutas que se pensa ter.
Para preparar James Fox, um cavaleiro tipicamente inglês em um brigão estourado e mafioso, Cammell chegou ao requinte de contratar Johnny Bindon, um conhecido membro do crime organizado, para ser tutor de Fox. Essa pessoa começou a levar Fox para freqüentar academias de musculação freqüentadas por boxeadores e outros tipos que vivem da força. Levou Fox a comprar ternos nos mesmos alfaiates que gente do crime organizado compra. Seu instrutor chegou até a levá-lo a acompanhar dois ladrões para mostrar-lhe como fariam um "serviço" entrando em um escritório. Pulando sobre telhados no breu da noite, não foi feito o roubo, mas foram-lhe explicados os procedimentos de entrada e saída do lugar, caso fizesse o "serviço".
Trabalhar com Nicolas Roeg é igualmente difícil. Um artista perfeccionista, levava às vezes até seis horas até acertar a iluminação de uma cena e várias tomadas foram repetidas à exaustão. Quando falam das dificuldades das filmagens, um exemplo que sempre ilustra bem o zelo e perfeccionismo empregado é a cena do banheiro que levou exatos dez dias para ser concluída. Filmada em seqüência para melhor poder registrar os tormentos e angústias crescentes no psique entre o confronto dos dois personagens principais - Turner e Chas, nos dois meses e meio que se seguiram, as relações entre as pessoas envolvidas passaram a se tornar extremamente complexas. James Fox, tem dificuldades de separar os tormentos e incertezas do seu personagem e as dele mesmo. Guardados as distancias entre os dois, ambos vivem situações similares, desejando e aceitando o desejo, de se ter a companhia de outro homem, para afeto.
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Mick Jagger por sua vez, sempre em controle de sua vida e seu destino, se vê agora mais do que nunca, livre para explorar com homossexualismo, liberado pelo psique de Turner. Mas Jagger o faz de cabeça aberta, e com uma mentalidade da época, aceitando o questionamento na lógica atrás de uma limitação de carinho e prazer, baseado apenas na genitália.
Michele Breton, como Jagger, é uma novata no cinema e ganhou o papel por estar namorando Donald Cammell na época. Perdida no meio da decadência cinematográfica e real, precisou várias vezes de atenção médica que receitaria Valium para acalmá-la.
Anita também tem seus problemas. No papel de Pherber, que, ao lado de Lucy, papel de Michele Breton, são as concubinas de Turner. O papel era originalmente de Tuesday Weld que sofrera um deslocamento muscular fazendo exercícios e foi prontamente substituída por Anita que já trabalhava ao lado de Cammell preparando detalhes para o filme.
Como em quase todos os outros filmes que ela fez, Anita fica presa ao psique de seu personagem por um certo período, mesmo depois que as filmagens terminem. No caso de Performance, Anita como Pheber, contracena o tempo todo com Turner, um personagem que em essência, é inspirado no somatório dos dois grandes amores de sua vida, Brian Jones e Keith Richards. Encarnado por Mick Jagger, se torna irresistível a seus olhos. Jagger por sua vez, sempre teve um tremendo tesão por Anita, uma mulher de fato muito bonita. Dando mole e se esfregando para as câmaras, fora das câmaras, no camarim, só podia dar uma coisa. Sexo. Muito sexo. Tanto, que praticamente todo mundo no set, vez por outra, acaba pegando os dois em um flagrante.
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Keith por sua vez, pegaria seu carro e aguardaria ou em um bar perto do estúdio, ou no estacionamento do próprio. Ele esperaria do lado de fora, às vezes por horas. Ele jamais entra no estúdio. Sabe que existe no roteiro uma cena em que Mick e Anita trepam e não quer chegar perto do local. Na referida cena, Jagger trepa com Anita e Michele em um menáge-à-tróis, a cena sendo depois retirada do filme final.
De certo, ele sabe que caso pegue Anita trepando com Mick, ele seria forçado a um confronto onde ele certamente teria que perder os dois. Keith opta pela política de o que os olhos não vêem, a mente não precisa enfrentar. Como pequena vingança, ele se recusa a participar da trilha sonora, e a musica tema, "Memo From Turner" escrito por Mick é gravada por uma banda de estúdio, se tornando seu primeiro trabalho solo. Outros problemas no set atrasaram as gravações. Anita roubava coisas do cenário, artefatos que ela pudesse usar em bruxaria como uma estatueta assemelhando uma Deusa Egípcia. Anita usava a ajuda de Spanish Tony para tirar as coisas do set, que por sua vez levaria até o carro no estacionamento onde Keith aguardava pela sua mulher. Anita mais tarde sairia com um sorriso de menina sapeca, entrava no carro e se enroscava no marido como que amansando a fera.
Entre as tomadas, durante os períodos de descanso, os quatro, Jagger, Fox, Breton e Pallenberg, se reuniam no camarim de alguém e fumavam haxixe com DMT (dimetiltriptamina), em alguns casos, com a desculpa de dar autenticidade às cenas em que os personagens estariam drogados. DMT, uma droga criado por volta de 1966, enquanto ainda se podia estudar ácidos e seus efeitos, tem a equivalência de doze horas de um bom acido compactadas no espaço de quinze minutos. A medicina moderna já concluiu que o uso abusivo deste produto pode, como diz o termo, fritar os miolos, deixando problemas cerebrais irreparáveis.
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Ao final das filmagens, James Fox descobre que Robin Fox, seu pai, estava com câncer terminal. O choque, o DMT e as ambigüidades que ele vivera recentemente dentro e fora do filme, o levam a uma crise nervosa e ao subsequente abandono de uma carreira promissora e em alta como ator. Ele seria encontrado trabalhando como um pregador da missão cristã chamada the Navigators. Fox comentaria "Performance me trouxe duvidas sobre meu modo de vida. Depois dele, tudo mudou." Fox só estruturaria novamente sua vida e voltaria a fazer cinema no inicio da década de oitenta.
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Michele Breton também caiu em um inferno astral e pouco depois do filme voltou para a França. Se fixou em Marseilles, acabando por se tornar uma junkie, viciada em heroína, vendendo o tóxico para sustentar seu vicio. Passou vários anos entrando e saindo de instituições de saúde e depois desapareceu. Se estiver viva, deve estar circulando com outro nome. Performance acabou sendo o único filme de sua curta carreira.
Anita entraria em um mergulho tóxico e ficaria cada vez mais diabólica com suas ações geralmente tendo uma segunda intenção. Ela volta para os braços de Keith e nenhum dos dois menciona nada sobre qualquer relação sexual com Mick. Existe porém a pergunta no ar. Seria natural se imaginar que o relacionamento de Mick e Marianne pudesse acabar. Estaria Anita só aguardando o momento certo para poder pular fora e se acasalar oficialmente com seu terceiro Rolling Stone?
Keith segurou sua onda, por morrer de medo da possibilidade de perder Anita para Mick. Sua tática pagaria e ele nunca foi obrigado a enfrentar o assunto com os dois. Durante o período das filmagens, ele havia escrito uma canção de amor para Anita. Conta-se que estavam juntos Keith, Anita, Robert Frazer e Marianne quando sem aviso, Keith começa com seu violão a tocá-la. A canção é "You've Got the Silver". Outra canção que nasceria de sua incerteza emocional deste período seria "Gimme Shelter".
Jagger também estava com a cabeça num redemoinho muito longe de sua vida organizada e confiante. Em uma entrevista confessa "Eu estava pensando como Turner por um tempo. Devo ter deixado todo mundo meio doido comigo." Na pratica, o filme o ajudou a criar seu novo personagem de palco. Aquele que todos passaram a conhecer após a banda voltar a excursionar no outono de 1969. Como sempre, Jagger consegue controlar seu caos e transformá-lo em lucro artístico.
Os diretores Cammell e Roeg, embora exauridos, estavam entusiasmados. "Ninguém nunca viu um filme como este e ele será um marco e padrão para filmes a seguir!" O que veio a seguir foi a censura da Warner. Quando leram o roteiro e aprovaram investimentos no projeto, devem ter achado que o filme, estrelado por Mick Jagger, seria possivelmente uma versão adulta de um filme pop para um público similar aos Beatles. Os executivos dentro da Warner Bros. estavam todos chocados com esta obra vívida e explicitamente degenerada. Haviam boatos de que Jack Warner pessoalmente havia tacado fogo no filme para garantir que tal obra, paga com dinheiro de sua empresa, jamais fosse vista.
Cammell e Jagger foram até Hollywood para argumentar com a produtora, contudo não obtiveram permissão para falar com ninguém. Levou dois anos e a assistência de sete editores, escalados para cortar e mudar o filme em uma pífia tentativa de não "ofender o público". Entre cenas cortadas estão a de menáge-à-tróis entre Turner, Pheber e Lucy; o beijo entre Turner e Chas e Pheber se aplicando na veia. Quando finalmente foi lançado, havia cinco edições diferentes sendo exibidas em cinemas ao redor do mundo. No Brasil, é claro, a película se manteve censurada durante todo o governo militar.
Cammell levaria outros nove anos até voltar a fazer um filme, o thriller de ficção científica "Demon Seed" em 1977. Se meteu em projetos bancados por produtoras que sempre acabavam caindo em bancarrota. Com isto vários de seus projetos acabaram inacabados. Um de seus roteiros, chamado originalmente de "3000" acabou sendo vendido para a Disney, se tornando "Pretty Woman" em 1990. Com seu thriller erótico "Wild Side" sendo lançado em 1995 todo editado, Cammell retirou seu nome dos créditos e caiu em profunda depressão, se suicidando com um tiro na cabeça em 1996.
David Frost Show
Como nota pitoresca, houve uma participação de Mick Jagger no popular talk-show inglês de David Frost. Como Mick estava para ser pai, havia muita controvérsia pelo fato dele não pretender se casar com a mãe da criança. Esta posição de Mick é uma total novidade para a sociedade em termos gerais e para evitar delírios excessivos da imprensa marrom, Jagger se propôs a ir para este programa e se posicionar oficialmente sobre a questão.
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Jagger então quis definir a questão dizendo simplesmente que "Eu acho casamento legal, porém acho muito importante que não se case se você acredita que possa depois querer se divorciar." Quando Frost indaga mais sobre porque ele não iria casar, Mick retruca espantosamente "Bem ela ainda está casado com outro rapaz, então a questão é um pouco complicada. Suponho que eu seria um bígamo." De fato, Marianne ainda estava oficialmente casada com John Dunbar e só moveria a papelada para um divórcio em dezembro deste ano.
Frost dirige as suas perguntas com mestria e em dado momento consegue arrancar de Jagger a declaração de que no fundo ele não quer mesmo casar. Neste momento ele traz para o debate a participação da senhora Mary Whitehouse, uma conhecida reacionária de meia idade, guardiã da moralidade pública britânica na época, após fundar a National Viewers and Listeners Association (Associação dos Expectadores e Ouvintes). Um confronto curioso, que novamente demonstra como Mick Jagger representava a voz da juventude e da mentalidade nova, como também nos mostra as barras que precisara esta geração enfrentar para conseguir tomar decisões consideradas hoje pessoais, mas que, então, acabavam questões públicas discutidas em televisão nacional.
Senhora Whitehouse, indo direto ao assunto, explica ao mancebo que o fato é o seguinte: Se és um Cristão, ou pessoa com fé, se tem seu casamento na igreja, se comprometendo a sua união. Assim, quando as dificuldades chegam, vocês estão unidos pelo compromisso para se esforçarem a continuar juntos. Você assim acaba superando os tempos difíceis como um casal. Jagger então, firme e bruscamente interrompe a senhora atacando o núcleo onde está fundado todo o seu raciocínio. "Sua igreja aceita o divorcio e talvez possa vir a aceitar o aborto, estou certo? Não entendo como você pode vir aqui falar desta união, que é inseparável, quando a própria Igreja Católica aceita o divorcio. Realmente, você não pode dizer tal coisa. Ou você está casado e não se divorcia, ou você nem se incomoda em casar. Você não pode chegar com uma espécie de meio termo Cristão para a opção." Segundo alguns, esta foi a primeira vez que viram a Senhora Whitehouse calar a boca.
Marianne em Tuam
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Enquanto isto, na Irlanda, Marianne está com sua barriga já bem protuberante, sentido o peso de sua gravidez fisicamente, como também em seu estado de espirito. Com dois serventes para cuidar da casa e sua mãe para cuidar de Nicholas, ela tem todo o tempo do mundo para cheirar cocaína e meditar sobre a tediosa vida de glamour que é viver com um astro como Mick Jagger. Ela nega, porém todos sabem que ela sabia do que estava-se passando entre Mick e Anita nas filmagens de Performance. Anita e Mick sempre se flertaram, mesmo que em brincadeira, e fica difícil acreditar que ela não estaria no mínimo desconfiada das coisas.
Enquanto ela está presa neste castelo Irlandês, a presença do marido é sentida apenas com a chegada quase que diária de rosas fora de estação. No lugar de alegrá-la, o sinal de afeto só a deixa mais deprimida. Marianne quer sua presença, não lembretes de sua existência. Pela sua perspectiva da realidade, a eterna consciência de imagem própria do marido, julga Marianne, nutre sua solidão e é a razão de sua depressão. Na verdade, o que o casal precisa é aprender a se comunicar sobre assuntos do coração e não somente assuntos aleatórios. A total falta de experiência em se abrir ao que desagrada no outro, cria entre o casal, uma parede intransponível. No cansaço de não conseguir enxergar o outro lado, Marianne usa para aliviar sua frustração o artifício que ela conhece. Cocaína para elevar o espirito e depois barbitúricos para acalmar.
O estado de saúde de Marianne piorara e com pouco mais de um mês de filmagens iniciadas, Jagger foge para a Irlanda trazendo com ele o especialista Dr. Victor Bloom. O casal discute com veemência, Mick sob o psique de Turner se mostrando mudado e um tanto cruel com a escolha de palavras. Ele argumenta que a cocaína pode se tornar um perigo para a vida da criança, hipóteses que toca o coração materno e faz com que a Marianne prometa parar finalmente de usar a droga.
Em outro exame, ela seria internada no Portiuncula Hospital em Ballinasloe. Em novembro, com seis meses de gravidez, seu ginecologista avisa que a gravidez está em um estado delicado e que ela precisa repousar, evitando ao máximo o esforço físico. Marianne então aceita a incumbência de passar os próximos meses deitada sobre uma cama e jura que irá parar de cheirar cocaína até terminar a gravidez. As filmagens de Performance já haviam terminado e Mick a trouxe de volta para Londres, tentando lhe oferecer certa atenção enquanto articulava a campanha promocional para o lançamento do disco novo.
Promovendo Beggar’s Banquet
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Paralelo às filmagens de Performance, realizadas em Londres, Mick ainda preparava o esquema de promoção do álbum. Embora a discussão entre a banda e a gravadora sobre a concepção da capa continuassem, havia a certeza de que a pressão da expectativa popular causada por uma campanha promocional bem direcionada influenciaria a Decca a abrir mão de suas exigências e lançar o disco com sua capa original. Pelo menos, assim pensou Jagger. A primeira tática foi de postar outdoors espalhados pela cidade, promovendo o album. Esta é a primeira vez que tal jogada promocional é feita. Sem ainda todo o apoio da Decca, o truque publicitário sai do bolso da própria banda, paga pelo escritório Rolling Stones Ltda. Um dinheiro bem investido que abriu um precedente que se tornaria em pouco tempo em padrão.
Foi então lançado o primeiro compacto vindo do disco, "Street Fighting Man", que, nos Estados Unidos, chegou às lojas com uma capa mostrando uma briga entre a policia e manifestantes. A capa em poucos dias seria tirado do mercado e substituído por outra. Esta capa original vale hoje, nos anos 2000, uma nota preta, variando entre $500 à $700. A canção também acabaria logo sendo excluída das programações de rádio. A opinião geral dos homens responsáveis por comunicações era de temer que a canção incitasse ainda mais manifestações, brigas e ocorrências. Com a notícia, embora irritado, Jagger diz para a imprensa que ele não se incomoda com a censura, desde que o disco ainda pudesse ser encontrado nas lojas. "A última vez que eles censuraram material nosso, as vendas subiram e nos trouxeram um disco de ouro."
Parto Difícil
Na queda de braço entre Decca e os Stones que durara toda segunda metade do ano, a gravadora venceu. Está evidente para a banda que a sua gravadora está pouco se lixando se eles lançam ou não o material. Esta falta de interesse e constante restrição artística cansou a paciência e foi a gota d'água para Mick começar a realmente querer buscar opções de como mudar da gravadora. Por hora, com a perspectiva de as canções ficarem velhas sem nunca ser lançadas, acabam aceitando os termos da gravadora e repensam uma capa. Buscam algo simples que possa ser aprontado rapidamente, uma vez que Jagger quer aproveitar o mercado natalino para lançar o disco. 

Not Under My Name - Black Oil

Traduzido por Marcos Garcia 

Algumas fórmulas de se fazer Metal nem sempre são bem aceitas na época em que chegam ao mundo, e em geral, causam arrepios aos fãs mais tradicionalistas. A lista é longa: Black, Thrash e Death Metal nunca foram bem aceitos pela velha guarda setentista no seu surgimento nos anos 80; Os fãs dos 80 nunca aceitaram bem (como muitas até hoje não aceitam) os modelos musicais dos anos 90, como a segunda leva do Black Metal, as inovações no Death Metal, e mesmo a reconstrução do Thrash feita por bandas como PANTERA, SEPULTURA e outras. Mas é fato consumado que estas mesmas manifestações chegam para ficar, quer muitos queiram, quer não queiram, pois o Metal é democrático e as gerações mais recentes, em geral, aceitam melhor essas evoluções.



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E o BLACK OIL, banda norte-americana de um Metal agressivo e denso, cheio de nuances de músicas regionais de várias partes do mundo (graças às variadas influências do guitarrista Addasi Adassi, um verdadeiro cidadão da Terra, que já morou em aproximadamente 30 países) é uma banda que merece menção honrosa, e poderíamos até dizer que eles seguem aquela linha do SEPULTURA fase ‘Roots’ e PANTERA fizeram, só que levando a um novo estágio, graças à personalidade bem diferenciada da banda. E vejam bem que isso é coisa difícil de encontrar nos dias de hoje, e com seu segundo Full-Lenght, ‘Not Under My Name’, vão chegar bem longe.
Produzido por Logan Mader (ele mesmo, ex-MACHINE HEAD), que conseguiu deixar a sonoridade da banda bem agressiva, seca e ‘in your face’, mas sem perder peso e brilho, este CD é muito superior ao ótimo disco de estréia, ‘Join the Revolution’. A arte é muito boa, em total concordância com a proposta lírica da banda, extremamente engajadas em causas anarquistas, no bom e velho estilo ‘think for yourself and be free’, coisa que está em falta nos últimos tempos.
A brutalidade começa com ‘S.O.S’, uma faixa bem seca, com guitarras bem gordurosas em bases e solos bem sacados, e com os vocais bem Death Metal intensos e nervosos de Mike Black variando do gutural ao rasgado sem o mínimo pudor e com muita competência, elementos igualmente encontrados na ótima ‘Terrorization’, cujo refrão é para sair cantarolando na segunda ouvida, pois é bem marcante, e em ‘The Great Divide’, esta um pouco mais cadenciada, mas de um peso absurdo. Em ‘Not Under My Name’, primeiro vídeo do CD que já anda no Youtube há algum tempo, já temos a presença de um lado mais experimental, com a contribuição de percussões bem pesadas, mas com aquela ‘brasilidade’ característica da banda, que nos faz ouvir a faixa várias vezes, fora a letra ser ótima.
Com um início bem peso pesado e guitarras lembrando a música regional do Oriente Próximo, vem um dos grandes destaques do CD, a empolgante ‘Eyes of Gaza’, que se ouve e se guarda os riffs e vocais na mente, bem como o trabalho da cozinha da banda (na época, com Denner Patrick e Rodney de Assis, que não estão mais na banda), e o solo esbanja emoção. Depois, temos uma música bem próxima ao Xote e ao Baião, só que Metal, a curtíssima ‘Matador’, que tem sua letra em português. ‘Amazonia’ é outra faixa pesadíssima, mas com a presença de elementos de percussão brasileiros, já que a faixa fala da Floresta Amazônica e da necessidade de sua preservação.
E mais elementos brazucas se fazem presentes em ‘CPU Samba’, onde há levadas de samba no meio do caos. Já em ‘Destruction’, temos uma faixa mais convidativa ao pogo desenfreado em shows, com certo ‘q’ de bandas de Hardcore, e fechando, assim como ‘Motivation’, que é bem curta e tem em si, um belo insert de ‘Para Não dizer Que Não Falei das Rosas’, canção que foi cassada na época do regime militar no Brasil, pois era um hino entre o movimento de oposição.
Esperamos que a banda alcance ainda mais projeção, e que sua tour passe novamente pelo Brasil, para que possamos conferir as novas músicas ao vivo, pois deve ser uma ótima definição para ‘caos’.
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Tracklist:
01. S.O.S.
02. Terrorization
03. The Great Divide
04. Not Under My Name
05. Eyes of Gaza
06. Matador
07. Amazonia
08. CPU Samba
09. Destruction
10. Motivation

Contatos:

Death & Legacy - Serenity

Postado por Renato Trevisan

Serenity é uma banda Austríaca de Progressive Power Metal, formada em 2001 e que já tem 3 álbuns lançados, sendo que "Death & Legacy", o último lançamento, foi liberado oficialmente no dia 25 de fevereiro pela Napalm Records. O álbum vinha sendo esperado por quase todos os fãs de Power Metal ao redor do mundo, visto a qualidade dos trabalhos anteriores do grupo. Felizmente, "Death & Legacy" não deve decepcionar ninguém, visto que logo na primeira audição, o álbum se mostrou muito superior a qualquer outro lançamento da banda.



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O disco, apresenta a mescla do peso do Power Metal e da complexidade do Progressivo regadas a Metal Sinfônico de primeira qualidade. A palavra certa para descrever esse disco é "PODEROSO". Do começo ao fim, o disco te envolve em uma jornada épica, inundada por orquestrações maravilhosas, bem feitas e principalmente, bem encaixadas, sem o pecado dos excessos, coisa que a maioria das bandas com influências sinfônicas comete. Os vocais são fora de sério e o instrumental de tirar o fôlego. É tudo muito impressionante, pomposo e sinfônico, mas ao mesmo tempo pesado e épico, sendo que a banda soube criar uma atmosfera bem tocante e envolvente. Em geral, as canções são mais caldadas no peso do que na velocidade, mas isso não diminui em nada o prazer de ouvi-las, pois a banda moldou-as sobre melodias grandiosas, logo, o álbum desce direitinho.
A produção do disco ficou perfeita, visto que tudo está do jeito que tinha que estar, desde guitarras, vocais, corais até as partes orquestrais. Em algumas músicas, o grupo ainda ganha reforço das vozes de Amanda Somerville (EPICA, AVANTASIA  e KISKE), Charlotte Wessels (DELAIN) e Ailyn (SIRENIA). As vozes femininas contrastam bem com os coros e deixam, principalmente os refrões, ainda mais épicos e bonitos, coisa que ressalta as letras do grupo, aquelas típicas de Power Metal, que falam sobre sonhos, histórias e fantasia.
E novamente eu poderia fazer mais uns 15 posts só falando bem desse disco, mas vou parar aqui pois já temos um alto nível de tietagem. Só digo uma coisa, ouçam e comprovem tudo que está escrito nessa resenha. Logo, afirmo sem medo nenhum: "Death & Legacy" é um dos melhores lançamentos do ano até agora e tem tudo pra continuar no topo dessa lista até dia 31 de dezembro.
Georg Neuhauser - Vocals
Thomas Buchberger - Guitar
Fabio D'Amore - Bass
Andreas Schipflinger - Drums, Vocals
Mario Hirzinger - Keyboards, Vocals

1. Set Sail To... (Intro) 00:29
2. New Horizons 06:49
3. The Chevalier 05:32
4. Far From Home 04:48
5. Heavenly Mission 05:24
6. Prayer (Interlude) 01:22
7. State Of Siege 06:48
8. Changing Fate 05:42
9. When Canvas Starts To Burn 04:48
10. Serenade Of Fiames 04:55
11. Youngest Of Widows 04:08
12. Below Eastern Skies (Interlude) 01:35
13. Beyond Desert Sands 04:54
14. To India's Shores 04:34
15. Lament (Interlude) 00:40
16. My Legacy 04:45
Fonte desta matéria: ocaralhoa4.blogspot.com

And Blood Was Shed In Warsaw - Vader


"And Blood Was Shed In Warsaw" é o terceiro lançamento oficial em DVD do Vader, está sendo liberado no Brasil (yehaa!!!) pela Hellion Records e mostra muitos dos motivos que fizeram com que a banda chegasse a seu atual patamar, deixando de ser uma mera ‘curiosidade’ oriunda da Europa Oriental para se tornar um dos mais consistentes nomes do Death Metal do mundo.



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São 20 faixas de um show gravado em 12 de fevereiro de 2007 no Stodola Club na Varsóvia, onde Peter (voz e guitarra), Mauser (guitarra), Novy (baixo) e Daray (bateria) mostram sua maneira de fazer música extrema numa performance inflamada e executada com nítida precisão e eficiência, onde principalmente Peter e Novy não escondem sua satisfação diante do público. A seleção do repertório abrange toda sua carreira com faixas desde “The Ultimate Incantation” (93) até “Impressions In Blood” (06), mostrando que o extremismo sem concessões dos primeiros anos ficou bem encaixado às melodias (para o padrão do Vader, naturalmente...) dos últimos álbuns.
O encerramento da apresentação conta com outro ilustre personagem do underground polonês: o reptiliano Orion (Behemoth, Vesania) cantando “Wyrocznia” numa atuação matadora. Curiosamente, e considerando que o Death Metal nunca dependeu necessariamente de um grande sistema de luzes, alguns considerarão a iluminação de palco utilizada no Stodola Club excessivamente colorida, onde predominam os fortes tons de vermelho (em referência à divulgação de “Impressions In Blood”), mesclados ao azul e branco.
“And Blood Was Shed In Warsaw” possui tratamento de áudio Dolby Digital 5.1 Surround e para a filmagemda apresentação foram utilizadas sete câmeras. Então naturalmente há inúmeros ângulos, tornando tudo devidamente movimentado – tendo como único e real inconveniente o fato de o impecável baterista Daray ser visualizado apenas do ângulo superior.
Outra seção muito interessante do DVD é a entrevista com Peter, que fala abertamente sobre a evolução do Vader, influências musicais, a morte do baterista Doc, gravadoras, downloads e por aí vai, tudo com legendas em inglês. Por fim, há a inclusão dos videoclipes de "Sword Of The Witcher" e “Helleluyah (God Is Dead)”, com uma invejável edição; uma ampla biografia e discografia para os não iniciados, papéis de parede, galeria de fotos, weblinks, tudo podendo ser acessado através de um menu de fácil interação.
Opa! E este registro tem uma mancha (no melhor dos sentidos!) verde-amarela! A arte gráfica e o layout do DVD ficaram por conta do brasileiro Marcelo HVC, fera que já trabalhou com Gorgoth, Lord Belial e Necrophagia. Então, nem é preciso dizer que “And Blood Was Shed In Warsaw” é indispensável aos devotos do Vader e uma respeitosa introdução a quem não tem lá suas intimidades com a música extrema.
Vader - And Blood Was Shed In Warsaw
(2007 - Metal Mind Productions / Hellion Records – nacional)

01. Intro
02. ShadowFear
03. Sothis
04. Helleluyah!!! (God Is Dead)
05. Warlords
06. Silent Empire
07. Blood Of Kingu
08. Out Of The Deep
09. Carnal
10. Dark Age
11. Black To The Blind
12. Intro: Para Bellum
13. This Is The War
14. Lead Us
15. What Colour Is Your Blood
16. Epitaph
17. Cold Demons
18. Predator
19. Wings
20. Wyrocznia

Bônus videoclipes:
- Sword Of The Witcher
- Helleluyah (God Is Dead)

Extras:
- Menu animado
- Entrevista com Peter
- Galeria de fotos
- História da banda
- Discografia
- Papéis de parede
- Weblinks

Homepage: www.vader.pl/