Um belo documentário sobre um dos principais artistas do Blues, Howlin Wolf. Este documentário conta a história do Blues e trás performances e depoimentos de Howlin. A vida e a carreira de um dos mais populares band-leaders dos EUA nas décadas de 30 e 40. Inclui filmes caseiros, cenas raras de jornais cinematográficos da época e entrevistas com colegas e amigos.
A História e as informações que você sempre quis saber sobre seu Artista/Banda preferidos, Curiosidades, Seleção de grandes sucessos e dos melhores discos de cada banda ou artista citado, comentários dos albúns, Rock Brasileiro e internacional, a melhor reunião de artistas do rock em geral em um só lugar. Tudo isso e muito mais...
28 de março de 2011
Parte 15 - Uma Borboleta na Roda
Em Monterey Brian foi tratado com toda a atenção de um superstar. Uma das pessoas envolvidas no projeto era Derek Taylor, que trabalhara com Brian Epstein e os Beatles enquanto eles ainda estavam excursionando. Taylor havia procurado Paul McCartney tentado sondar a possibilidade de os Beatlesparticiparem do evento, proposta recusada. Mas Paul McCartney havia sugerido Jimi Hendrix, guitarrista da moda em Londres, porém ainda desconhecido na America, recomendação confirmada por Andrew Oldham, com quem Taylor também conversou. Brian ao chegar no festival é convidado para anunciá-lo ao público no show. Enquanto em Monterey, Brian tomou mais LSD com varias pessoas, como os amigos Dennis Hopper e o próprio Jimi Hendrix.
O Julgamento
Anita Pallenberg vestida como a Rainha Negra em Barbarella
Terça-feira, dia 27 de junho, inicia-se o julgamento dos três acusados. Dias antes, Mick, Keith, Marianne e o advogado Michael Havers estão discutindo suas táticas. Mick é acusado por conta das pílulas de enjôo que nem eram dele. Marianne queria ir até a corte e dizer a verdade, ou seja, que as pílulas são dela, porém nem Jagger, nem Havers aprovam. O advogado considera mais provável que ninguém acreditaria. Como Marianne ficaria de fora, ela resolve sumir e junto com sua amiga Saida, resolvem passar o fim-de-semana na casa do Steve Marriot. Lá ficaram tomando ácido na companhia de quase toda a banda Small Faces, que andavam sempre juntos. Anita estava em Roma iniciando as filmagens de Barbarella.
O Julgamento - Frazer
Chegando para o julgamento
Sr. Havers havia acertado que Mick e Keith seriam julgados em separado de Robert Frazer, pego com heroina, uma ofensa bem mais grave. Quem passa a representar Frazer é outro advogado, Sr. Denny. O seu julgamento foi o primeiro.
Acusado da posse de um vasilhame de Desbutal, remédio que contém uma pequena dosagem de anfetamina, e vinte e quatro tabletes de heroína, a defesa apresenta uma receita datada de janeiro para o Desbutal e esta acusação foi abandonada. A defesa então chama o médico do Sr. Frazer, Dr. Craigmore, que dá testemunho de que seu paciente, Sr. Robert Frazer, estava sob tratamento para combater o seu vício em heroína e que apesar de sua recaída, não há razões para se crer que ele voltaria a usar a droga. No fim, Robert Frazer foi considerado culpado e permaneceria em custódia até o final do julgamento dos três, quando então seria conhecida sua sentença, junto com as demais.
O Julgamento - Jagger
Depois do almoço foi a vez de Mick Jagger ser julgado. Foi confirmado pelo laboratório da polícia que os tabletes encontrados com Jagger continham uma dosagem ínfima de Benzedrine. Foi confirmada a origem italiana dos remédios e sua utilidade contra enjôo. O médico de Jagger, Dr. Raymond Firth confirmou ter autorizado Jagger verbalmente a usar o remédio e o advogado de defesa tentou implicar que isto seria o equivalente a uma prescrição. O juiz imediatamente recusou tal equivalência mas concordou que o acusado recebeu consentimento de um médico qualificado. As leis inglesas proíbem a posse de medicamentos que contém certos compostos em sua formula, sem receita. Composições que inclui anfetamina ou benzedrine caem diretamente nesta clausula legal e o júri levou apenas seis minutos antes de retornar com um veredicto de culpado.
Mick Jagger e Robert Frazer são então levados ao Lewes Prison onde pernoitaram, cada um em sua cela. São obrigados a ficar de algemas durante o transporte de ida e volta para o tribunal, a mercê dos fotógrafos. Na manhã seguinte, começou o julgamento de Keith Richards, o mais complicado dos três e que duraria dois dias.
O Julgamento - Richard
Para provar que o Sr. Keith Richard permitiu conscientemente que sua residência fosse usada para o consumo de drogas ilegais, Sr. Morris, o advogado de acusação, explora o fato de ser encontrado em diversos cômodos de sua residência, resíduos de cannabis. Fala de dois personagens misteriosos. Primeiro, um Sr. X, com quem foram encontradas 66 gramas de maconha em um bolso e 150 gramas em outro. Quando foi expedida uma ordem para a prisão desta pessoa, ele já havia saído do país, supostamente fugindo para o Canadá. Outro convidado de Sr. Richards é uma jovem, tratada pelos jornais como "uma mulher misteriosa", que segundo a polícia, estava coberta apenas por um tapete e que se deixou ser vista nua. Ela seria descrita segundo a oficial feminina que a revistou, como extremamente alegre e "em um estado de poucas inibições." O Sr. Morris tenta com isto mostrar o estado de intoxicação das pessoas presentes, provando assim, não somente o uso, mas a impossibilidade de alguém presente não perceber que maconha estava sendo cheirada no local. O advogado depois foi alertado para o fato de que não há provas de que se pode obter um estado de intoxicação cheirando maconha, apenas ao fumá-la.
Durante a parada para o almoço, jornalistas encontraram dois dos policiais de Chichester presentes na batida policial, almoçando nas redondezas do tribunal. Questionados sobre o que ocorreu realmente para esta mulher misteriosa ser considerada estar "em um estado de poucas inibições", um dos guardas começa a aumentar os fatos. Disse que ao encontra-los, a mulher tinha uma barra de chocolate enfiada na vagina enquanto Mick Jagger saboreava o doce. Estas mentiras fizeram primeira página em diversos tablóides, aumentando ainda mais a imagem de orgia que parte do público conservador tinha de todo o incidente. De quebra, a imagem de Marianne Faithfull, apelidada agora de Marijuana Faithfull, foi extremamente prejudicada em sua carreira, mesmo seu nome não sendo mencionado durante todo o processo.
Depois do almoço, o advogado de defesa tenta associar a batida policial diretamente com o fato de que um dos convidados do réu tinha um processo de calúnia contra um famoso jornal. É sabido que o jornal em questão foi quem ligou para a polícia dizendo que estava havendo uso de drogas ilegais naquela residência. Ele tenta assim mostrar má fé por parte do jornal e complacência por parte da polícia. Identifica os Sr. X como sendo David Schneiderman, uma pessoa que não faz parte do círculo de amigos de Sr. Richards, apenas um admirador da banda que recebeu um convite para visitá-lo em casa. Sr. Havers argumenta em seguida que a menção desta "mulher misteriosa", seria apenas uma maneira da acusação tentar criar no júri, uma associação de uso da maconha na residência do Sr. Richards, simplesmente por ela ser desinibida. O advogado de defesa então apresenta o tapete em questão, que cobria o corpo desta mulher, mostrando que é de um tamanho superior ao de um casaco e capaz até de cobrir uma cama de casal grande.
Durante todo o julgamento de Keith, tanto Robert Frazer quanto Mick Jagger estão trancafiados em uma cela no porão do tribunal. Ao fim da tarde, Marianne que fora encontrada e trazida ao local por Tom Keylock, visita Mick. Ao chegar, ela encontra um homem chorando e desesperado com seu futuro. Nada parecido com o Mick Jagger, sempre em controle que ela conhecia. Ela começa tentando acalmá-lo e depois se irrita e paga-lhe um esporro. "Segura sua onda Mick se não você vai confirmar para esta polícia a imagem que eles querem fazer de você, a de um pop star bebezão." Pronto. Jagger parou imediatamente de reclamar, sumindo totalmente todo e qualquer vestígio de vulnerabilidade. Diga-se de passagem, nunca mais Marianne o viu tão emocional e sincero.
Depois foi a vez de Michael Cooper lhe fazer uma visita. Cooper ofereceu algumas palavras de força, mostrando em seguida que havia conseguido entrar com uma câmera escondida. Autorizado por Mick, Cooper registra o momento tirando algumas fotos de Jagger atrás das grades. Michael sonhava em poder utilizar algumas pra alguma capa no futuro, porém o filme foi confiscado na saída. Antes de serem levados de volta para o Lewes Prison, Keith Richards também passou para trocar algumas palavras. Quanto ao seu próprio futuro, Richards parecia querer mostrar que estava pronto para tudo, venha o que vier.
Marianne em Redlands
Enquanto Jagger e Frazer vão para a casa de detenção de Lewes; Keith, Michael e Marianne vão para Redlands. Keith passa a noite não falando muito com ninguém, andando de um lado para outro da sala, enquanto Michael e Marianne abraçados e receosos com o futuro de Mick Jagger, acabam dormindo juntos.
No dia 29, último dia de julgamento, Keith Richards foi questionado e respondeu a perguntas com seu estilo característico de pouca retórica. Negou conhecer pessoalmente alguns dos convidados presentes na festa, uma das pessoas que ele não conhecia sendo o Sr. Schneiderman, referido anteriormente como Sr. X. Negou ciência de qualquer um de seus convidados estarem fumando maconha como também negou reconhecer a diferença do odor de incenso para o de maconha.
Marianne Faithfull
Quando a acusação o questiona se não lhe pareciam suspeitas as atitudes de uma mulher jovem não se sentindo constrangida em estar nua diante de sete homens, Keith responde categoricamente, "Nem um pouco estranho. Não somos homens velhos e não nos preocupamos com pequenas moralidades." Insistindo se não seria mais provável que a moça em um estado normal, deveria se sentir envergonhada, Keith retruca, "Ela não se envergonha com facilidade e nem eu tampouco."
A Sentença
Depois de uma hora e meia, o júri retornou e considerou Keith Richards culpado. Mick Jagger e Robert Frazer foram levados até o tribunal para ouvirem juntos suas sentenças. Keith Richards é então informado que ele terá que passar os próximos doze meses na cadeia e pagar £500 em custos judiciais. Ao ouvir a sentença, Keith olha para o teto, depois abaixa a cabeça, pálido. Robert Frazer então é sentenciado em seis meses de prisão e £200 em custos judiciais. Por último Mick Jagger, sentenciado em três meses de prisão e £100 em custos judiciais. Ao ouvir a sentença, Jagger perde toda cor e quase desmaia. Abaixa a cabeça, esconde o rosto e chora um choro abafado.
Durante todo o julgamento, milhares de jovens haviam se reunido em Hyde Park em Londres para um pray-in, todos rezando juntos emanando fluídos positivos para Mick e Keith. Era o inicio do movimento que passaria a ser conhecido como Flower Power". No tribunal, o público jovem presente em maior número, ao ouvir a sentença, chora e grita em descontentamento palavras de ordem como "Deixa eles irem", "Vergonha" e "Injusto." Nas ruas defronte e adjacentes ao tribunal, um grupo calculado em 600 pessoas é gradualmente informado dos fatos e entra no coro. Horas depois, Mick, Keith e Robert deixam o tribunal algemados para a prisão. Mick segurando o choro e Keith mordendo o lábio, impávido, feito uma pedra. Alguns choram ao vê-los indo, gritando "We love you!"
No Xadrez
Mick e Robert foram trancafiados em Brixton Jail enquanto Keith foi para Wormwood Scrubs. Mick e Keith tiveram reações diferentes frente ao aprisionamento. Keith viu a prisão pelo seu lado romântico, tendo desde garoto admirado vilões em bangue-bangues e filmes de gangsters. Sua curiosidade em realmente estar preso e viver uma experiência igual a ídolos de infância ainda o inebriava em um ar favorável. Os demais presos lhe pareceram bem mais jovens do que imaginava e o tratavam como herói, oferecendo cigarros pela alegria de sua presença. Quando o rádio tocava Satisfaction, toda aquela ala aplaudia em reverência, Keith possivelmente pensando para si, "Meu tipo de gente." Durante a caminhada obrigatória pelo terreno externo da prisão, que todo prisioneiro tinha que fazer diariamente a título de exercício, outros prisioneiros vieram lhe falar. Mostravam aliança a Keith e ciência que o sistema estava querendo aprisioná-lo pelo que ele representa e não pelo que ele fez. Ofereceram de tudo, cigarros, haxixe e até ácido. Tudo disponível na prisão, para sua surpresa. A idéia de tomar ácido na prisão era chocante e Keith apenas aceitou o tabaco. Logo ele estaria deixando o lugar.
Já Mick não tinha nenhuma ilusão romântica quanto à experiência de ser preso. Preocupava-lhe o desespero que seus pais deveriam estar sentindo com o filho na cadeia. Sentia-se extremamente injustiçado com todo o julgamento e seus resultados. O jornal News of the World venceu, assim como todo o sistema que queria acabar com a banda, manipulando a justiça para conseguir o seu intento. Marianne, ao visitá-lo, sugeriu que ele deveria usar a experiência para algo positivo e tentar escrever uma canção. Além do mais, há uma insatisfação pública muito grande e a sentença ainda poderia ser revertida.
The Who Toma a Iniciativa
Quando a notícia da sentença de cadeia para Jagger e Richards se tornou pública, aconteceu muita comoção dentro do meio artístico. Pete Townshend imediatamente chamou o Who para o estúdio e gravou Under My Thumb e The Last Time. Apenas John Entwistle que estava viajando em lua-de-mel não participou desta sessão, Pete fazendo as linhas de baixo nesta noite.
No outro dia, o the Who, através de Pete Townshend, declararia que os Rolling Stones estão sendo usados pela lei como bodes expiatórios para coibir e resolver problemas recentes ao uso de drogas ilegais. Portanto, como sinal de protesto, the Who estaria lançando periodicamente, um compacto com composições dos dois artistas como forma de manter seus trabalhos em evidência e na memória do público. Futuros lançamentos seguirão até que a dupla esteja livre para gravar eles mesmos. Nenhum interesse comercial está atrelado a esta decisão e toda renda destes compactos será revertida para uma instituição de caridade.
Os Beatles também estão chocados e insatisfeitos com o rumo que a decisão judicial tomou. Assim, quando apresentados a uma petição solicitando a legalidade da maconha dentro do Império Britânico, os quatro assinaram, como também seu empresário, além de outras pessoas do show business. Uma cópia da petição foi entregue aos jornais e publicada. Lennon em entrevista se queixa que todo governo é calhorda e o da Inglaterra não é diferente. Analisa que, ao fechar a Radio Carolina (rádio pirata) e tentar aprisionar a dupla dos Rolling Stones, enquanto ao mesmo tempo, gastam bilhões em armamentos nucleares e dão permissão aos Estados Unidos para montarem bases militares secretas no território inglês, só mostra que o todo governo é ruim por igual.
Mudança da Opinião Publica
Diversos jornais entraram no debate e passaram a comentar sobre a forma desnecessária com que a justiça fez questão de mostrar Mick Jagger de algemas na televisão. Gradativamente a opinião publica começa a enxergar a questão com outros olhos. Duzentas pessoas protestaram em frente ao edifício do jornal News of the World, protesto depois estendidos a outros jornais. O trânsito rapidamente ficou congestionado. Enquanto isto, na cadeia, Jagger que havia passado o dia anterior chorando e sentindo pena de si mesmo, estava agora mais estável emocionalmente. Pediu e conseguiu ser encarregado da biblioteca da prisão, uma posição pouco disputada, e ao ser visitado novamente por Marianne, falava de como passava o dia lendo poesias. Menciona também que andou escrevendo algumas coisas. Marianne saiu de lá feliz em vê-lo reagindo tão bem.
Os advogados preparavam a papelada para apelação entregues e ouvidas na sexta-feira. Os juizes concordam que como réu primário, os dois ofensores poderiam aguardar o julgamento de apelação em liberdade, diante do pagamento de £7.000 cada em fiança. Ambos Jagger e Richards, são obrigados a entregar seus passaportes e permanecerem dentro do país até serem ouvidos legalmente. Mick Jagger foi solto às quatro e meia da tarde seguindo no Bentley de Keith, com seu advogado do lado, direto para buscarem Keith. Keith quando soube por outro preso que ele seria solto, imediatamente pulou da sua cama e começou a chutar a grade gritando, "Me tira daqui, já pagaram minha fiança."
Deixando a casa de detenção, Mick e Keith pararam em um pub para tomar umas cervejas enquanto são entrevistados por jornalistas. De lá se encontraram com Marianne e seguiram para uma reunião com Allen Klein em seu hotel. Lá Marianne pegou seu cachimbo e haxixe mas antes que pudesse ascender, Klein arrancou-lhe os apetrechos da mão e zuniu tudo pela janela. "Meu trabalho é manter vocês fora da cadeia! Não dificulte as coisas!" Tendo dito isso, Klein voltou aos assuntos em pauta como se nada tivesse acontecido.
A Borboleta Na Roda
Na manhã seguinte à liberdade do duo, sai na revista Times um artigo que ficaria famoso, escrito pelo editor William Rees-Mogg, e que para muitos, ajudou substancialmente a formar opiniões favoráveis à suspensão de sentença, que veio a ocorrer no final do mês. O artigo era chamado "Who Breaks A Butterfly On A Wheel?" (Quem Esmaga uma Borboleta em uma Roda de Tortura?) e nele, analisa-se não somente o julgamento, mas questiona se Mick Jagger não estaria sendo preso por motivos alheios a sua acusação. O artigo levanta o fato que centenas de remédios similares ao que encontrado com Sr. Jagger são vendidos na Inglaterra e se uma dona de casa não tenha mais a receita, tecnicamente, ela está sujeita a enfrentar a mesma cadeia que o Sr. Jagger, segundo este precedente utilizado neste julgamento.
O mês de julho foi infestado de debates sobre o uso de entorpecentes e quais são as responsabilidades que celebridades têm para com os seus fãs. Maconha estava sendo revista como uma erva que deveria ser legalizada, como o tabaco, enquanto outros grupos debatiam que aonde há maconha, drogas realmente perigosas não estão longe. Teoria esta que, embora continue relativamente atual, continua também sem nenhuma sustentação cientifica que a comprove.
Um Tiro No Pé
Em final de julho, Mick e Keith são então levados até a corte de apelações. Keith é totalmente inocentado, embora sua presença diante do juiz fosse proibida, uma vez que ele sofria na ocasião de um surto de sarampo. Keith aguardou a decisão sozinho em uma sala adjacente. Mick tem sua sentença suspendida e se em um ano não houver nenhum outro incidente similar, sua ficha seria limpa. A notícia se espalhou como fogo em palha seca. O sistema, ao tentar forçar uma convicção sobre os dois, acaba dando um tiro no próprio pé. Até este julgamento, os Rolling Stones era uma banda popular, mas não muito diferente de outras bandas famosas como the Who ou the Kinks. Depois do julgamento, os Stones passaram a ser vistos, não mais apenas como um bando de imundos que vivem a promover a baderna, mas tornaram-se a banda cujos membros lutaram contra a lei e venceram. Mick e Keith se tornam heróis para uma juventude oprimida pela situação. Na guerra entre "Nós vs. Eles", entre o velho contra o novo, que passou a simbolizar este julgamento, "eles", no final, perderam. Naquele momento, aos olhos do público jovem, o governo da Sua Majestade e os Rolling Stones tornaram-se forças de igual magnitude. Nenhum empresário poderia imaginar uma jogada promocional que pudesse obter este resultado. Em alguma reunião social, o juiz teria sido ouvido dizendo algo como "Fizemos o melhor possível para pegá-los, no obstante, o destino não quis."
Brian - Novo Patamar de Declínio
Enquanto toda a atenção cerca a cadeia de Mick e Keith, Brian estava se entupindo com Mandrax e Tuinal. Sentindo-se extremamente vulnerável e ameaçado pela policia, Brian está apavorado com a perspectiva de um complô do sistema para colocá-lo na cadeia. Seu hábito de não ter escrúpulos para dosagens, proporciona seu declínio psíquico. Ainda em maio, antes do julgamento, Brian foi visitar Robert Frazer em sua casa e, ao entrar, esbarrou em praticamente todas as paredes, mesas e o que mais havia na sala. Estava totalmente dopado com tranqüilizantes e seu estado assustou as pessoas presentes, que o descreveriam como sendo um desastre esperando para acontecer.
Certa noite, Brian saiu com um casal de amigos, indo para o Bag O'Nails. Embora o clube vivesse cheio, uma mesa imediatamente foi providenciada para o astro e seus acompanhantes, que logo começam a sorver champagne e conversar. Não demora muito e Brian dá uma escapulida para o banheiro. Ao voltar ele desmaia na mesa, chapadaço, derrubando garrafas e atraindo a atenção de todo o recinto. Sai carregado pelos amigos que o trouxeram. Estar com Brian, começa a ser sinônimo de vexame e mais amigos o deixa de lado.
Hawllett - Você Sabe Meu Nome (Procura o Número)
Brian chora suas misérias para qualquer um que queira ouvir. Ele agora anda com um novo grupo de amigos, mais atraídos pela sua fama e riqueza do que qualquer sentimento real de amizade. Mas Brian não enxerga isto muito bem. Porém Brian ainda se mantinha em contato com algumas amizades antigas. Um destes amigos era John Lennon, a quem vira e mexe Brian telefonaria para reclamar da vida e Lennon com certa paciência ouviria. Muitas vezes sem saco de aturar, Lennon mandava a empregada dizer que ele estava dormindo ou saíra. Mas em junho, atendendo a ligação e sentindo pena da rejeição que Brian expressava, Lennon convida-o a uma sessão dos Beatles. Brian então aparece em Abbey Road com o saxofone. A dupla Lennon e McCartney esperando Brian de guitarra, se entreolham e rapidamente concluem que o instrumento seria ideal para uma composição/colagem que a dupla estava criando, já a alguns dias. A canção é "You Know My Name (Look Up The Number)" que continuaria inédita até 1970.
Brian está morando no Royal Garden Hotel com Suki, mas quando Mick e Keith são levados para a cadeia, sua instabilidade emocional chega ao pico e sua saúde fica extremamente ameaçada. No dia 03 de julho, Brian, acompanhado por Les Perrin e Stan Blackbourn, ambos do escritório Rolling Stones, é levado para uma casa de saúde em Liphook, Hampshire. Ele é registrado com o nome Sr. L. Hawllett. Acontece que sua condição psíquica era tão grave que a clinica em 48 horas concluiu que não teria condições de oferecer o tipo de ajuda necessária para o paciente. Suki traz Brian de volta a Londres e voltam a morar agora no Hilton.
Logo, ele é novamente levado para outra instituição, desta vez a Priory Clinic, onde recebeu uma avaliação psíquica. Outro Brian, Brian Epstein, empresário dos Beatles, estava ocasionalmente sendo internado nesta mesma casa, também graças ao estresse, crises de nervos e abusos tóxicos. Suki se internou com seu namorado para lhe fazer companhia. Embora ele havia usado novamente o nome Lewis Hawllett, desta vez um jornalista conseguiu descobrí-lo, mas foi convencido por Les Perrin a não repassar a noticia. Parrin temia que qualquer distúrbio poderia desequilibrar perigosamente, o já delicado quadro de saúde de Brian Jones.
Satanic Sessions
Dentro de uma semana, já melhor, Brian parecia apenas confuso, porém não totalmente fora de orbita como antes. Gravações haviam iniciado para o novo álbum, e a partir do dia 12, Brian passava a ocasionalmente a aparecer no estúdio para gravar, agindo como se nada tivesse acontecido. Dia 24, ele deixaria a clinica de vez e se mudaria para o Richmond Hill Hotel, onde Suki já estava hospedada e o aguardando.
Durante este período de julho, apesar de ter sessão de gravação toda semana, afora a ausência esperada de Brian, Keith e as vezes Mick também não compareciam ao estúdio. Certo dia, só Bill, Charlie e Nicky Hopkins apareceram e para não perder a viagem, o engenheiro Glyn Johns pergunta se Bill não quer gravar uma de suas canções. Bill e Charlie gravam então as bases da canção, "Acid In The Grass", que seria depois rebatizada de "In Another Land". Na hora dos vocais, Bill pediu excesso de trêmulo na voz e convidou Steve Marriott do Small Faces, banda que estava gravando no estúdio ao lado, para ajudar nos vocais. Ao ouvir a faixa no dia seguinte, Mick concordou que a canção era compatível com a proposta do álbum e se torna a primeira canção a quebrar a hegemonia Jagger-Richard que tanto irritava os demais membros.
We Love You
"We Love You" era a canção que Jagger havia escrito na cadeia. A intenção da canção é apenas de agradecer o apoio das pessoas que se manifestaram favoráveis aos Stones, durante o julgamento. Especialmente aquelas que protestaram diante do prédio do jornal News of the World. Esta sessão contou com a participação especial de John Lennon e Paul McCartney, que secretamente fizeram os backing vocals. Secretamente porque, por questões contratuais, nenhum dos Beatles poderia participar de alguma gravação que não fosse de um artista da família EMI. Fazer isto seria tecnicamente uma quebra de contrato.
A canção foi a primeira do material novo a ser rapidamente lançada, pois, havia se passado muito tempo desde o lançamento de "Have You Seen Your Mother". Na America, durante o julgamento, a London Records lançou a coletânea Flowers, aproveitando assim comercialmente a publicidade que Jagger e Richards estavam recebendo pelo julgamento. Agora com o lançamento desta nova canção, os americanos criticam os Stones por estarem soando como os Beatles. Mal sabiam que de fato Lennon e McCartney estão fazendo os vocais. Na faixa, que chega somente a No.20 das paradas inglesas, Brian Jones está participando tocando o mellotron.
Andrew Oldham, que a esta altura, com a soltura de Jagger e Richards, já reaparece em Londres, e volta a tentar assumir suas funções de empresário e produtor da banda. Ele contrata Peter Whitehead para fazer um filme de quatro minutos para promover a canção. É o que hoje chamamos de um "clip", só que não se usa vídeo como hoje. Filmaram tudo em uma tarde, às vésperas do dia da apelação. Apenas Keith, Mick e Marianne participaram da filmagem. A historia escolhida pro clip foi uma representação do julgamento de Oscar Wilde, que no inicio da década, foi acusado e preso por sodomia, acusação levantado pelo pai de seu amante. Mick fez o papel de Oscar Wilde, Marianne usando uma peruca de cabelos curtos fez o papel do amante, Lord Alfred Douglas, e Keith atuou como sendo seu pai, o Marquês de Queensberry. Tudo feito em preto e branco com cenas a cores inseridas posteriormente de ensaios com os demais membros da banda. O clipe foi então oferecido inicialmente para o programa Top of the Pops, porém recusado, pois BBC e televisão em geral, ainda estavam desacostumados em ver música como meio para critica social. O clip, porém, conseguiu ser visto nos Estados Unidos e na Alemanha.
Depois da Cadeia
Com a liberdade dos dois, uma grande aglomeração de jovens e hippies se encontra em Hyde Park e Westminister Abbey para uma confraternização ou para usar o termo da época, um love-in. Os Stones foram convidados a aparecer mais nem Keith ou Mick quiseram fazer uma aparição pública. Keith encomendou flores para serem mandadas para sua mãe e em seguida pegou um avião para Italia para se encontrar com Anita em Roma.
Mick e Marianne indo assistir Nureyev
Mick agora se esforça para trazer sua vida de volta para uma normalidade. Mick Jagger era, afinal, "O rei da cena londrina" como diria seu amigo John Lennon. Ele volta a sair, sempre com Marianne, visitando amigos e freqüentando a noite como antes. Não só para o seu prazer pessoal, como também para manter a aparência de que todo o incidente judicial, não o assustou ou fez qualquer tipo de interferência em sua vida ou seus hábitos. Ao assistir Nureyev em seu espetáculo "Paradise Lost", o bailarino pula através de um painel feito de papel com um desenho de lábios grossos, bem femininos e que mais pareciam uma vagina. Marianne diria que os lábios pareciam os de Jagger.
Papai Postiço
Mick, Marianne & Nicholas
A relação entre Mick e Marianne estava no auge e os dois estavam muito apaixonados. Mick então pede Marianne em casamento mas ela declina. Ainda não se divorciou de John Dunbar e aquele casamento desmilingüiu de forma tão patética que ela não vê motivos nem se sente segura para tentar se comprometer com outro. O casal porém concorda em arrumar outra moradia e desta vez, Marianne se mudaria com tudo, trazendo inclusive Nicholas, seu filho com John Dunbar. Mick aluga então uma casa em Chester Square, ao lado do rio Thames. Mick e Nicholas passam a ter um excelente relacionamento, Mick tendo seu primeiro gosto em ser um pai de família.
Marianne contrata Christopher Gibbs para decorar a residência, que recebeu um tratamento marroquino, muito parecido com o que Brian Jones tinha na sua casa com Anita. Marianne que não tinha nenhuma noção de valor de dinheiro, comprou um candelabro de cristal pelo preço de uma casa. Mick pelo contrario, cada vez mais se tornando consciente dos preços das coisas, fez severas criticas, embora no fundo, sabia que o candelabro era de fato um investimento bom, mesmo que luxuoso. Mick fez questão de comprar uma cama de casal extra grande, tipo medieval, e em tempo, os amigos mais íntimos seriam recebidos no quarto, sentados sobre a cama onde cabiam facilmente dois casais.
Os Outros Stones
Com os jornais ainda falando de Mick Jagger e Keith Richards e como eles venceram o sistema judicial inglês, poucos devem ter reparado uma pequena noticia sobre Charlie Watts. Aparentemente Charlie e Shirley estavam jantando quietos em um restaurante chinês, quando um outro cliente na mesa ao lado começa a insulta-los. Shirley responde à impertinência e prontamente recebe um soco na boca do estômago. Charlie reage e os dois homens estão no chão do restaurante aos socos até um policial aparecer para separa-los. Não houve registro de queixa, mas o incidente apressou uma idéia de mudança que já existia. Até setembro, o casal estaria se mudando para Peckham.
Bill Wyman também estava tendo os seus problemas particulares. Sua ex, Diana, reaparece em Londres e ao saber da existência de Astrid tomando conta de Stephen enquanto Bill excursionava Europa, fica enciumada. Resolve então levar a criança com ela para Durban, na África do Sul onde ela estava morando. Bill entristecido, não teve como discutir sabendo que a vida de um Rolling Stone não é exatamente a mais normal e conservadora. Diana porém concordou que o menino fique pelo menos um mês, se não mais, com seu pai por ano.
Político Pop da Contra Cultura
Antes de a poeira conseguir assentar, Mick foi procurado para uma entrevista especial para o programa televisivo, World In Action. Um time de representantes conservadores da sociedade inglesa teria com ele um debate, assistido em cadeia nacional. Mick concordou com o desafio e apenas exigiu que o encontro seja realizado em campo aberto. Isto seria uma forma sutil dele salientar a conquista da liberdade após seu período trancafiado na cadeia. O convite e realização de tal entrevista demonstram claramente a ameaça de poder e liderança que o governo inglês enxergava em Mick Jagger. O evento foi realizado nos jardins da propriedade de Sir John Ruggles-Brise. O governo inglês solicitou à Força Aérea Americana, que tem uma base aérea perto do local, que não programasse nenhuma aeronave a passar naquele espaço aéreo durante o período da entrevista. Isto é outra demonstração clara de quão a sério o governo de Sua Majestade estava levando o debate.
A mesa de representantes inclui Lord Snow Hill, o bispo de Woolwich, o padre jesuíta Padre Thomas Corbishley, e William Rees-Moog, editor de The London Times. Mick, nervoso no dia, exagera na dosagem de Valium que ele toma para se acalmar. Chega ao local de helicóptero, pago pelo governo, todo enxaropado, e na entrevista, está de fala lenta, olhos semi-abertos e um sorriso idiota na cara. Suas respostas são todas evasivas.
No dia seguinte Mick está indignado consigo mesmo por ter perdido sua grande chance na carreira política que ele, inebriado pela ideologia de revolução, secretamente aspira. Ele está falando cada vez mais sério sobre uma ação geral do povo jovem. Mudanças são imperativos para os tempos modernos diz ele para os amigos certa noite no Ad Lib Club. Para a imprensa, ele passa a dar entrevistas bem mais inflamatórias. "Pegamos eles (o sistema) de jeito e precisamos terminar o que começamos. A forma que o sistema funciona aqui e na America está podre e está nas mãos dos jovens mudar tudo. A época é boa e uma revolução é valida. A garotada está preparada para queimar as fábricas onde eles suam suas vidas inteiras. Farei qualquer coisa que precise ser feita para ser parte do que estar por acontecer."
De fato a garotada está tomando ação. Do outro lado do oceano, uma passeata é programada entre jovens para se reunirem ao redor das grades da Casa Branca, o palácio presidencial dos Estados Unidos, localizado na capital daquele país. A represália é contra a horda de jovens sendo mandados pelo governo americano, para lutar e morrer no Vietnã, nesta que é uma guerra não declarada e que já se estende por mais de cinco anos. A CIA descobre que parte dos planos manifestantes era de contratar um avião para jogar flores sobe os jardins da Casa Branca. A palavra de ordem dos manifestantes é Paz e Amor. A CIA então manda um espião para se candidatar a ser o piloto da aeronave.
Na manhã da manifestação, centenas de pessoas se aglomeravam ao redor da Casa Branca que encontra soldados armados de rifles e baionetas, cercando a edificação. No aeroporto, o caminhão com as flores encosta ao lado do pequeno aeroplano, porém o piloto não aparece. A CIA se congratula por desmantelar aquela operação, porém na ingenuidade da juventude, e em sua crença honesta e sincera, nasce o seguinte fato histórico. Sem um piloto para levar o caminhão de flores para lugar algum, levam o caminhão até o local da manifestação. As flores são oferecidos aos manifestantes para mostrar aos soldados que suas armas são de paz. Uma menina então coloca uma flor na ponta do cano de um fuzil. O gesto é repetido pelos demais manifestantes e uma foto de um soldado com um rifle com flores na ponta, aparece em todos os jornais ao redor do mundo, com um artigo falando da manifestação. Nasce o Flower Power.
De volta à Inglaterra, por onde Mick e Marianne passam são tratados como os gurus do hedonismo, a nova palavra de ordem. As suas ultimas entrevistas e posições políticas acabam por inspirar uma organização pró vítimas de perseguição policial chamada Release. A organização lança uma declaração pública afirmando que toda lei passível de ser violada sem causar dano para terceiros deve ser ignorada e considerada uma lei risível. Aquele que determina tudo através da lei, apenas fomenta crime no lugar de diminuí-la.
O Maharishi
Pouco depois, o casal Mick e Marianne foi convido para ir com os Beatles e suas esposas para uma palestra com o Maharishi Yoga que se realizaria em Bangor, no País de Gales. O evento aconteceu em uma escola que estava fechada para o feriado de verão. Muito sorridente, emanando vibrações positivas e de bom astral, o guru ganhou a simpatia de todos no encontro. Keith preferiu ir para Roma ficar com Anita e não se interessou em participar, tão pouco os demais Stones, mas Mick e Marianne, apaixonados que estavam, foram em busca de espiritualidade e outras novidades. Depois da palestra inicial, cada um entrou sozinho para uma audiência com o guru. Receberam um mantra e ofereceram flores. Antes de se encerrar o dia, chegou noticia de que Brian Epstein, o empresário dos Beatles havia morrido. Mick e Marianne voltaram com os amigos. Mick contemplando sua experiência, teria comentado com Keith depois, "Posso entender o George cair nessa conversa de paz, amor e pague a conta, mas não o John. Sempre achei que ele era tão inteligente."
Roma no Verão
Jane Fona e Anita Pallenberg em uma cena do filme Barbarella
Mick e Marianne vão então se encontrar com Keith e Anita em Roma. Lá ela permanece no set de filmagens de Barbarella. Seu personagem, a Rainha Negra, é uma mulher obcecada e obsessiva e Anita aparentemente se perdeu no papel. Com tantos transtornos emocionais na sua vida real, pode-se imaginar o alívio de poder viver a vida de outra pessoa. Os amigos brincam com ela e seus exageros offset, típicos do personagem que ela deveria viver apenas onset. Entre os amigos então Terry Southern, o autor de Barbarella, Julian Beck e Judith Malina, ambos do Teatro Vivo.
Certo dia, ao fazerem uma caminhada pelas ruas de Roma, um grupo de jovens reconhece Mick e Keith e imediatamente corre em sua direção. Juntos estão Anita e Marianne e como em uma cena do filme A Hard Days Night, todos correm fugindo dos fãs. Subiram um conhecido morro e lá encontraram a Villa Medici onde estava o amigo Stash, mais conhecido como Stanlislau de la Rola, que imediatamente deixou-os entrar, a garotada ficando pra trás das grades que separam o terreno da mansão da rua pública. Stash estava lá com seu pai, o pintor Balthus, que não ficou feliz com a presença dos amigos de seu filho. Tomaram um ácido e pernoitaram na residência. Era uma noite de lua cheia e fizeram caminhadas pelos jardins da propriedade. Ao voltar, Marianne e Anita contam que viram um fantasma sussurrando pelos corredores. De manhã, Mick acorda cedo e é encontrado no jardim tirando um tema que não sai de sua cabeça. Não é nada completo, mas dentro de alguns anos, será a base de "Sister Morfine."
Rip It Up - 28 Days
Por Guilherme Vignini
O 28 Days é uma das bandas de Hardcore mais importantes da Austrália. É respeitada no mundo afora e boa repercussão entre os skatistas e surfistas, inclusive no Brasil. Desde 1998 eles estão na estrada tocando com bandas como Propergandi, Unsane, Agnostic Front, Frenzal Rhomb e outras bandas importantes do estilo. Soe esse álbum vendeu mais de 100.000 cópias no mundo todo e os levou a participar de festivais como o Fuji Rock Japan, Reading Festival, Leeds e o Vans Warped Tour.
O som tem bastante de Beastie Boys com Green Day, Blink-182 e Offspring. Mostram bastante familiaridade nas misturas com Rap, principalmente nas faixas “Rip it Up” e “Sucker”, dá bem para sacar o porquê da aceitação da banda mesmo fora da Austrália, já que trabalha com elementos bastante contemporâneos.
A versão nacional vem ainda com três clips, muito bem feitos, com uma produção excelente, nível MTV.
A banda não é muito diferente das outras do mesmo estilo, mas fazem um som competente. É uma banda que mostra um ótimo potencial, e tiveram um começo de carreira já bem sucedido. Se você curte Hardcore, procure conhecer um pouco desse pessoal da terra dos cangurus, pois com certeza você pode se surpreender.
Write Path To Rebirth - 4th Dimension
Por Renato Spacek
Apesar da Itália ser um dos países com maior concentração de bandas de Power Metal, temos que reconhecer que muitas dessas bandas são apenas cópias mal feitas do principal grupo italiano do estilo: RHAPSODY OF FIRE. Não vou dizer que, apesar do gênero ser o mesmo, o 4TH DIMENSION diverge totalmente do Rhapsody, pois seria mentira, tendo em vista que apesar do grupo ser fortemente influenciado pelos veteranos, tem uma identidade forte, mostrando que tem capacidade para mais vários excelentes discos como o seu debut, “The White Path To Rebirth”.
O grupo formado em 2005 lançou seu debut apenas seis anos depois de sua formação, mas não podemos reclamar da demora, pois a qualidade de "The White Path To Rebirth" é imensa. Agora destacando cada músico isoladamente: o vocalista Andrea Bicego é um dos maiores destaques do disco, pois além se ter um timbre totalmente versátil e invejável de tão belo, consegue alcançar notas altas sem fazer muita força. Seu timbre pode ser descrito como uma mistura de Andre Matos com o Magnus Winterwild e Tobias Sammet. E em certos momentos o vocalista usa efeitos bastante visíveis na voz, mas nada que a piore, pelo contrário, algo que a adeque melhor ainda à música.
Grande parte do peso das músicas deve-se à cozinha da banda: a bateria é sempre forte com linhas maravilhosas, e o baixo tem uma levada diferenciada, visto que Power Metal dá pouca ênfase ao baixo. Talete arrebenta nos teclados, e um fato que me chamou atenção foi a versatilidade do tecladista, que além se solar maravilhosamente bem, não se limita a simular orquestras e temas sinfônicos pois o músico, além de tocar piano, passa pelos mais variados timbres de teclados: desde um mais eletrônico e moderno até um mais ameno, com direito a órgão, e claro, sem deixar as orquestras de lado.
1. The Sun in My Life 05:13
2. Consigned to the Wind 07:02
4. Sworn to the Flame 03:52
5. Everlasting 06:27
6. A New Dimension 05:33
7. Winter's Gone 05:32
8. Labyrinth of Glass 04:44
9. Angel's Call 04:53
10. Landscapes 04:52
Andrea Bicego - Vocals
Michele Segafredo - Guitar
Stefano Pinaroli - Bass
Massimiliano Forte - Drums
Talete Fusaro - Keyboards
Fonte desta matéria: ocaralhoa4.blogspot.com
Broken Heart Syndrome - Voodoo Circle
Para quem não conhece, o VOODOO CIRCLE é outra banda do cantor David Readman, ótimo vocalista. Aos não familiarizados, o mesmo substituiu Andi Deris no PINK CREAM 69, quando seu famoso predecessor partiu para integrar o HELLOWEEN. O timbre de Readman, muito versátil, nem tão grave, nem tão agudo, faz com que o VOODOO CIRCLE possa investir em um um hard rock bem dosado, nem tão lento, nem tão frenético, nem tão pop.
Para alguns, o disco de estreia da banda parecia muito como um apanhado de b-sides do PINK CREAM 69. Por outro lado, como li em uma resenha de João Renato Alves, as guitarras do grande Alex Beyrodt cotinha, na estreia, muitas “influências 'Malmsteeneanas' nas composições”, enquanto que, em “Borken Heart Syndorme”, o músico “resolveu explorar um lado mais Blackmore de sua personalidade musical”. E concordamos que isso foi um grande acerto, bem como Readman “incorporando David Coverdale em vários momentos”. Agora sim, o VOODOO CIRCLE aparenta ter mais cara de banda.
“This Could Be Paradise” retoma um hard rock mais pesado e mais ligeiro, como a primeira faixa. Destacam-se aqui as bases de guitarras bem peculiares ao reunir várias influências em uma única composição, fugindo dos clichês. “Broken Heart Syndrome” tem uma base mais simples, mas as linhas vocais são magistrais, ao ponto de garantir a fluência dessa boa faixa. “When Destiny Calls” é uma faixa confusa. Começa soando como GOTTHARD até a lead guitar mais pesada. Depois, tem-se a impressão de ser um hardão mais clássico, que some no refrão mais solto e menos animado. Uma boa faixa, que vai surpreendendo.
Quando o disco começa a cansar, tem-se a lenta “Blind Man”, semi acústica, mais relaxante e nem por isso incoerente dentro do trabalho. Ao melhor estilo BRUCE KULICK, em seu recente “BK3”, “Heal My Pain” recoloca lá em cima o astral do disco. Em contrapartida, “The Heavens Are Burning”, excluindo-se no refrão, traz guitarras mais abafadas e destaca ainda mais os teclados que, aliás, aparecem bem em muitas faixas, ainda que meio acessório, geralmente. “Don’t Take My Heart” traz novamente um refrão mais acessível, guitarras ainda mais virtuosas e um vocal mais contido, que acaba funcionando muito bem.
Na tríade final, “I’m In Heaven” traz guitarras menos vibrantes de forma estratégica, já que “Wings Of The Fury” as retoma com mais gingado. “Strangers Lost In Time” encerra o disco, cujo seqüenciamento é fundamental para sua audição. Além disso, a derradeira faixa poderia substituir outra, já que o disco até surpreenderia mais se tivesse duas faixas a menos.
Em sua, um disco intenso, indicado para quem gosta de guitarras ou simpatizam-se com o timbre de Readman. Para esses, o único pecado é talvez não haver uma grande faixa outstanding, ao invés de tantas boas, porém nem tão memoráveis. Por outro lado, as variações trazidas e a performance dos guitarristas e do vocalista servem de defesa para o argumento de que a banda merece mais espaço, já que talento e boas composições são mostrados com sobra nesse bom “Broken Heart Syndrome”.
Integrantes:
David Readman – vocais
Alex Beyrodt – guitarras
Mat Sinner – baixo
Jimmy Kresic – teclado
Markus Kullmann – bateria
Faixas:
01. No Solution Blues
02. King Of Your Dreams
03. Devil's Daughter
04. This Could Be Paradise
05. Broken Heart Syndrome
06. When Destiny Calls
07. Blind Man
08. Heal My Pain
09. The Heavens Are Burning
10. Don't Take My Heart
11. I'm In Heaven
12. Wings Of Fury
13. Strangers Lost In Time (Bonus Track)
20 Years Living For The Night - Viper
Por Rafael Carnovale
Esse DVD é a cara do Viper: simples, descompromissado com a embalagem (que capinha horrorosa...), mas poderoso no conteúdo e na proposta de passar a limpo 20 anos de trajetória de uma das bandas marcantes no heavy metal nacional. Se Platina, Chave de Ouro, Stress e outras foram o começo honroso, o Viper foi a continuação contundente e a afirmação de que o metal “made in Brazil” poderia sim competir em qualidade com as bandas americanas e européias. Agora só uma pergunta... porque levar dois anos para lançar o produto?
De cara a banda nos traz um interessante documentário (com depoimentos e cenas de shows antigos), abrangendo a formação do Viper, a entrada do vocalista André Matos (da maneira mais imprevisível possível) e os primeiros shows. Atentem para o fato de que a cerveja é um elemento indispensável na trajetória da banda, já que as filmagens ocorreram num bar, e os copos estavam sempre presentes.
Destaque total para a riqueza de depoimentos de quase todos os membros que passaram pela banda (inclusive o guitarrista Yves Passarell, hoje no Capital Inicial) e algumas passagens tragicômicas, como o show de lançamento do álbum “Soldiers Of Sunrise”, que por pouco não terminou em tragédia, cortesia do ex-roadie, ex-bateria e atual guitarrista da banda Val Santos.
Para enriquecer o produto, a banda nos presenteia com nove músicas extraídas do show realizado em 1993 no Japão (que deu origem ao CD “Maniacs In Japan Live”), no qual o Viper, sem André Matos, já dava mostras da transição que começou em “Evolution”, se solidificou no pesadíssimo “Coma Rage”, e deu uma guinada de 180 graus no controverso “Tem Pra Todo Mundo”. Destaque para “Rebel Maniac” (o maior 'hit' da banda), “Coming From The Inside” e as obrigatórias “Living For The Night” e “A Cry From The Edge”.
A qualidade da gravação está mediana, mas considerando que nem os caras pensavam em lançar esse produto em DVD em 1993 até que soa tudo muito bem ajeitado. Só faltava colocar o show completo, que por sinal é muito bom.
Como extras ainda temos uma galeria de “clipes”, abrangendo os vídeos lançados de “Evolution” até “Tem Pra todo Mundo”. Não faltam os vídeos de “Rebel Maniac” (que aparece em duas versões: estúdio e ao vivo no Monsters Of Rock de 1994), “Coma Rage” (a música mais punk já escrita pela banda), a versão para “I Fought The Law” do The Clash e a interessante “Not Ready To Get Up”. A lamentar a ausência do vídeo de “A Cry From The Edge”, e material mais antigo.
Site Oficial: www.viperbrazil.com.br
Lançamento Gabaju Records – 2005
Hypnotizing Video - Alcoholicoma
Por Maurício Dehò
Tosqueira, tosqueira e tosqueira. Mas com música de qualidade! É assim este DVD do Alcoholicoma, “Hypnotizing Video”, banda que começou a 14 anos, na capital paulista, e hoje conta com K-Já (guitarra e vocal), Chicão (baixo) e Frango (bateria). O lançamento tem o intuito de dar uma prévia do debut do grupo, que deverá ser lançado ainda este ano.
E, como dito, é um vídeo pra lá de tosco, mas muito divertido, ilustrando oito faixas do Alcoholicoma, que pratica aquele Thrash Metal visceral, bem anos 80, e com uma pegada hardcore, lembrando bem nomes como Metallica e Megadeth. O destaque fica pelos riffs de K-Já, muito criativos e sempre violentos, complementados por uma cozinha precisa. No vocal, as críticas variadas à sociedade, religião e outros temas, são disparadas por K-Já, que só peca por faltar um pouco de agressividade em suas linhas, o que combinaria ainda mais com o resto do som. Vale ouvir músicas como “Now I’m Free”, com grandes linhas de guitarra, “Penny Wise” e “Nightmare”, que fecha com tudo.
Quanto aos vídeos, consistem em diversos recortes. A maioria de filmes, filmados (toscamente!) direto da TV. Sim, a câmera filmando o que passa na TV! São trechos de produções como “Conan, o Bárbaro”, “O Albergue” e “A Hora do Pesadelo 3”, com direito a muita violência, sangue e... tripas pra todo lado! Além disso, aparecem cenas da banda, tanto tocando, quanto momentos de pura bebedeira, e o que mais veio à cabeça do power trio: recortes de jornal, cartazes dos shows que fizeram, uma mão folheando revistas em quadrinhos e por aí vai.
Pra completar os cerca de 60 minutos do trabalho, há quatro bônus, todas no mesmo espírito. O destaque é “Death R.I.P” e “Infectious Diarrhea”, flertando com o Grindcore.
Ao fim, “Hypnotizing Video” apresenta 60 minutos de um Alcoholicoma mandando ver no Thrash Oldschool e divertindo no vídeo, já que o resultado cai mais para o cômico, realmente. É esperar pelo “Hypnotizing Power”, primeiro disco da banda, que deve manter lá em cima a bandeira “Thrash Skate Punk”, defendida com força pelos paulistas.
Formação:
K-Já – guitarra/vocal
Chicão – baixo
Frango – bateria
Track list:
1 – Natural Holochaust
2 – Heavy Damage
3 – Now I’m Free
4 – Strange Faith
5 – Penny Wise
6 – Waiting For Death
7 – Love For Money
8 – Nightmares
Bônus:
1- Death R.I.P
2- Infectious Diarrhea
3- Illusion
4- Cruelty