27 de março de 2011

Ramones - It's Alive The Rainbow - 1977





It´s Alive é show ao vivo dos Ramones. Foi gravado ao vivo no Rainbow Theatre, em Londres, no dia 31 de dezembro de 1977, e lançado em Abril de 1979. O título é uma referência para o filme de horror de 1974 do mesmo nome.


01-Blitzkrieg Bop
02-I Wanna Be Well
03-Glas to See You Go
04-You're Gonna Kill That Girl
05-Commando
06-Havana Affair
07-Cretin Hop
08-Listen to My Heart
09-I Don't Wanna Walk Around With You
10-Pinhead
11-Do You Wanna Dance?
12-Now I Wanna Be a Good Boy
13-Now I Wanna Sniff Some Glue
14-We're a Happy Family



Parte 14 - Europa 67


Allen Klein havia preparado uma turnê européia para ver se deixando o grupo ocupado tocando, ele pode gerar publicidade positiva ao mesmo tempo que evitar que eles se metam em maiores encrencas. No dia 24, o grupo estaria viajando para a Dinamarca, onde dia 25 fariam o primeiro show. Anita retorna para a casa de Brian dia 22. Anita e Brian conversam e ela tenta lhe dar apoio, desejando que ele faça uma boa excursão. Mas a conversa descambou, Brian já não acreditando na sinceridade de suas palavras e sentido por saber que ela o está tratando como um bebezão. A conversa deu lugar à violência e assim se encerra qualquer suposta chance que Brian ainda tivesse de voltar a ter Anita. "Estou feliz que você se vá" ele diz, engolindo a dor de vê-la partindo. Quando voltarem a se ver na Itália, ela já será a garota de Keith Richards.
Europa 67
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Ao aterrissarem em Copenhagen a caminho de Malmö, as bagagens dos Stones e de toda equipe foram cuidadosamente examinados. Todos os cinco músicos foram revistados, sendo obrigados a se despirem para que toda a roupa do corpo, inclusive as íntimas, fossem averiguadas. A fama da banda e a divulgação dos eventos ocorridos em Redlands estigmatizou os Rolling Stones, os tornando alvos preferenciais em vários aeroportos em toda a Europa. A brutalidade dos seguranças nos shows continuava. Em Örebro cinco adolescentes e um policial acabaram no hospital. Quando Mick se queixou do uso excessivo de força sobre a garotada, quase apanhou por isso. Na Alemanha, Keith conheceu e passou a ter um caso com uma modelo chamada Uschi Obermeier.
Itália
Depois de uma série de shows na Itália, encontram-se com o amigo Stanlislau Klossowski de Rola, que levou a banda até a vila da família, um pequeno castelo em Roma. De lá, fizeram dois shows no Palazzo Dello Sport, para uma casa cheia. Assistiram a este show algumas Deusas do cinema, como Gina Lollobrigida, Brigitte Bardot e uma atriz ainda por se afirmar chamada Jane Fonda.
Fonda estava na Itália para começar as filmagens de Barbarella, um filme que se tornaria um pequeno clássico cult. Nele, contracenaria com Anita Pallenberg, que faria a vilã Black Queen of the Galaxy, A Rainha Negra da Galáxia. O roteiro é de Terry Southern, que indicou Anita.
Marianne Faithfull, Avril Elgar e Glenda Jackson posando para foto promocional da peça Three Sisters
Marianne Faithfull, Avril Elgar e Glenda Jackson posando para foto promocional da peça Three Sisters

Marianne Faithfull também estava na cidade em uma passagem rápida antes da estréia da peça Three Sisters. De Genova, Marianne e Mick voltaram a Londres para a estréia da peça enquanto a banda seguia para Paris, onde novamente são vistoriados ao extremo pela alfândega. Quando Mick chega de Londres alguns dias depois, ele é igualmente vistoriado minuciosamente. Mick, irritado com a óbvia perseguição, procura um jornalista e começa a falar sobre, o que passa a chamar de "a lista vermelha dos aeroportos Europeus", onde constam os nomes dos Rolling Stones. Quando o artigo chegou nos jornais, rapidamente autoridades negaram a existência de tal lista.
O show no Olympia no dia 11 de Abril foi um sucesso, mas enquanto a banda estava tocando, seus quartos de hotel estavam sendo saqueados por fãs querendo tudo como souvenires. Roupas, dinheiro, rádios e máquinas fotográficas foram roubados, deixando forte suspeitas sobre a equipe de manutenção do hotel. Como o local não aceitou a responsabilidade de repor as perdas, os Rolling Stones nunca mais se hospedariam lá.
Em Le Bourget, na imigração, ao tentarem deixar o país, os ânimos ficaram exaltados e uma tremenda discussão culminou com Keith e Tom Keylock tomando alguns socos na cara e no peito. Mick quase apanha também ao pedir calma. O avião decolou com um atraso de noventas minutos, com destino a Viena. De lá seguiram para Varsóvia, onde os Rolling Stones toparam ser a primeira banda de rock a tocar atrás da cortina de ferro. O dinheiro envolvido era irrisório, mas a banda sabia que tinha fãs por lá e resolveram ir de qualquer maneira.
Polônia
Lá chegando, percebem logo o disparate em níveis de conforto. Cidade cinzenta, não havia televisões nos quartos do hotel, apenas rádios com alcance apenas local. Tentaram andar um pouco pela cidade mas foram impedidos de sair do hotel. Ao redor do Palácio da Cultura, o local do evento, havia uma grande aglomeração de pessoas, cerca de 10.000, protestando. Logo se soube que os ingressos ficaram nas mãos de pessoas do partido e foram distribuídos essencialmente para os amigos destes. O povo, em sua maioria, sequer teve a oportunidade de disputar um ingresso, nem mesmo por preços absurdos.
A polícia havia fechado a praça horas antes da banda chegar. A presença maciça de centenas de policiais prenunciava uma guerra que acabou mesmo acontecendo. Com a chegada do ônibus contendo a banda, o povo do lado de fora começou a forçar entrada na praça. Cerca de 3.000 pessoas avançaram contra as grades tentando invadir o palácio e assistir o show. De capacetes de ferro, a força oficial marchava com cavalos contra a garotada, atacando-os com porretes de borracha. O povo retribuía a gentileza jogando garrafas e pedras na policia. Enquanto o show corria lá dentro, cerca de 2.000 pessoas tentaram invadir o edifício por uma entrada lateral em outro ponto da praça. A polícia contra atacou com gás lacrimogênio, optando por reconquistar o "domínio" da praça com mais um festival de porretes de borracha.
Os Stones dariam duas apresentações e estavam assustados com a opressão selvagem contra o povo, meros adolescentes querendo se divertir em um show de rock. Entre apresentações, viram através de um basculante do vestiário a chegada de dois caminhões munidos com canhões de água se posicionando. Assim, durante praticamente todo o segundo show, jatos d'água passaram a ser atirados na garotada, os mantendo a distancia. Toda redondeza era um campo de batalha com soldados armados de metralhadoras e cães raivosos tentando dissipar a multidão. Apenas 30 pessoas foram presas.
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Dentro do Palácio, o público estava relativamente quieto. Qualquer um que se levantasse para aplaudir ou gritar era imediatamente reprimido por um segurança armado que vigiava constantemente os corredores. Por volta da terceira música, Keith manda Charlie parar de tocar e começa a dar ordens apontando para as primeiras filas. "Hey cambada aí da frente com seus dedos nos ouvidos e cheios de jóias. Se mandem! Saiam já daí e deixem a garotada lá de atrás sentar. Saiam já!" Uma porcentagem considerável das seis primeiras filas se levanta, tendo seus lugares imediatamente tomadas pela garotada. Os Stones então continuam seu set até o final.
Ao final da noite, os Stones já estavam enjoados de ver tanta repressão. Com uma caixa com cem compactos, a banda e um motorista embarcaram em uma aventura. Passaram a rodar a cidade em uma van até encontrarem um grupo de jovens. Diminuíam então a velocidade do veículo e jogavam alguns compactos para eles. Rodaram até que a caixa com todos os compactos estivesse vazia, retornando para seus quartos com uma sensação de missão cumprida. No dia seguinte, ao deixar o hotel e o país, descobrem que por uma incrível coincidência, o lucro dos dois concertos da noite anterior cobriu exatamente o valor da conta do hotel.
A pouca imprensa presente para cobrir o primeiro show de rock de um país da cortina de ferro, toda estrangeira, anunciou para o oeste que os Rolling Stones conseguiram o que nenhuma instituição política tenha conseguido até então: causar revolta popular e desobediência civil em um país comunista e de regime militar.
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Seguem então para Zurich na Suíça, onde tocam no Hallen Stadium para um público de 12.000 pessoas. No meio do show, um sujeito conseguiu enganar 300 seguranças, subir no palco e avançar sobre Mick Jagger. Mick que estava distraído cantando, foi jogado repentinamente no chão, com o sujeito passando a golpeá-lo incessantemente. Tom Keylock, vigiando do lado oposto, chegou para socorrer Mick antes dos seguranças e acabou quebrando a mão do atacante. Jornais reportariam que o concerto foi a maior demonstração de vandalismo já visto no país.
Depois de shows na Holanda e uma passagem rápida em Londres, seguem para Atenas, Grécia. O show realizado no Estádio de Futebol do Panathinaikos mostrou tons da opressão iguais aos encontrados na Polonia. A violência da policia sobre o público enjôou a banda e acabaram por terminar o show antes do tempo normal, o que deixou o público extremamente descontente.
Férias
Stephen e Astrid
Stephen e Astrid

Ao deixar o país, mais problemas no aeroporto, o que resultou em Keith perder o avião e ter que aguardar algumas horas para o próximo. A banda seguiu para a Inglaterra enquanto Keith seguiu para Roma, para ficar com Anita. Bill Wyman ficou no país, indo para Glyfada, hospedando-se no Astir Beach Hotel, e permanecendo lá por uma semana ao lado de seu filho Stephan e sua namorada Astrid. Dois dias depois, um golpe de estado tomou o governo e a Grécia ficou desconectada do resto do mundo. Levaria uma semana até o casal conseguir sair do país e voltar a Londres. Brian voltou a freqüentar os clubes e acabou se dando bem com Linda Keith, ex-namorada de Keith Richards. Vão para a Broadway, perto de Worcester, onde passam uma semana juntos. É aparentemente óbvio que a relação entre os dois é mais fruto do despeito e dor que ambos sentem por Keith Richards, cada qual por seu motivo.
O Rock e a Política
Mick ficou em Londres dando entrevistas, queixando-se do tratamento nos aeroportos e que o estress não está valendo a pena. Afirma também que os Stones não irão excursionar mais para os Estados Unidos. A banda não tinha mais nenhum show marcado e aguardaria o julgamento antes de se comprometer a se apresentar novamente em qualquer lugar. Os jornais transformam os Rolling Stones em pequenos revolucionários em função dos distúrbios que eles incitaram na Polônia. Mick alimenta a fogueira com declarações politicamente orientadas.
"As pessoas gostam de falar da violência que cerca nossos shows. Existe sim um certo elemento de violência ao nosso redor. Eu vejo este comportamento em diversos países, pois os sintomas são os mesmos. Frustração. E estamos falando de jovens de todos os níveis sociais. Você não consegue resolver o problema os trancafiando. Essa não é a resposta. Você precisa descobrir a razão porque estão descontentes. Ninguém é maluco para querer brigar com a policia por nada." Em particular Mick comenta, "Eles pensam que nos pegaram mas esquecem que podemos contar tudo para a garotada, que por sua vez, irá perder cada vez mais o respeito pela polícia."
Para o Daily Mirror, Mick declara: "Vejo grande perigo no ar. Os adolescentes não estão gritando para a música como antes. Seus gritos surgem por motivos mais profundos. As bandas e a música são apenas uma desculpa para liberarem suas frustrações. No palco, percebo que o público quer comunicar comigo, nem que seja telepaticamente. E a mensagem não é sobre nossa música, mas sobre nosso mundo e a forma que somos obrigados a viver. Adolescentes estão cansados de serem ditados com códigos de comportamentos antiquados, forçados a eles por políticos sem visão, que só enxergam seu modo de pensar. Isto é um protesto contra todo o sistema e eu vejo problemas no horizonte."
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Mick Jagger não está brincando de política, ele acredita na revolução jovem que está surgindo. Sinais claros de mudança de comportamento estão por toda parte. Cada vez mais jovens deixam seus cabelos crescerem, questionando o padrão estabelecido para higiene e etiqueta. Nos Estados Unidos, passeatas estudantis surgem por todo o país. Com influências variadas que vão desde o grito de guerra de Timothy Leary para se ligar, se sintonizar e cair fora, ao livro beatnick "On The Road" de Jack Kerouac, somados ao receio eminente de ser convocado para ir morrer em Vietnã, milhares de jovens deixam suas escolas, suas casas e suas vidas conformadas e somem pelo país. Muitos em romaria a San Francisco, que em 1967, se torna a Mecca do movimento hippie. A guerra do Nós conta Eles está declarada.
Youth Revolution
Dentro dos próximos dois anos, esta guerra terá matado e ferido muitos jovens, em números alarmantes. Apesar de toda música boa que geralmente é associada a esta época, era um tempo extremamente perigoso para ser jovem e de opinião própria, declarando-se livre de influências. Principalmente no interior americano, hippies são confundidos com comunistas. E não existe nada mais anti-americano que um comunista. Mentalidade simples, resulta em repulsa, geralmente acompanhada de violência.
Os Banana Splits
Os Banana Splits

O sistema por outro lado tenta absorver as novidades. As bandas com apelo feminino, causando as "manias" iniciadas pela Beatlemania, já foram mastigado pelo sistema que regurgita para o mercado produtos como os Monkees, além de bonecos e desenhos animados, cujos personagens participam de bandas de música (rock) pop. Exemplos mais lembrados provavelmente são os Archies e os Banana Splits, seguidos depois por Josie & as Gatinhas e incontáveis outros. Logo o mercado batizaria a música deste filão como sendo bubble-gum rock (rock chiclete).
As mudanças surgiriam cada vez mais rapidamente. A era das "manias" já passou. Surgem novas bandas, com um som mais pesado, agitados pelo ácido e pela adrenalina. O trio Cream é talvez o mais conhecido entre estes, graças ao seu já famoso guitarrista, Eric Clapton. Levaria ainda outros três meses para o mundo conhecer Jimi Hendrix, embora em Londres seu nome seja uma unanimidade entre outros músicos.
Atiçado pela perseguição, Jagger está tomado pela revolução, acreditando que quando a poeira abaixar, é a policia que será ridicularizada. Tanto Mick quanto Keith estão extremamente otimistas quanto à batalha legal por vir. Marianne Faithfull e Robert Frazer por sua vez, não estão tão certos.
Festival de Cinema em Cannes '67
Brian e Keith tentaram se reaproximar como amigos. Talvez fosse por causa da banda este esforço para uma coexistência pacífica, afinal é muito dinheiro, fama e uma vida de farra, gerados pelos Rolling Stones. Mas no caso de Brian, ele passaria a mostrar cada vez mais esta faceta de sua personalidade. A de se sentir extremamente desconfortável ao perder uma amizade de qualquer espécie. A hipótese lhe causava uma insegurança extrema e ele passaria a demonstrar uma incrível paciência e esforço para manter amizades que nem sempre lhe serão benéficos.
James Coburn, Anita Pallenberg e Ewa Aulin em uma cena de Candy
James Coburn, Anita Pallenberg e Ewa Aulin em uma cena de Candy

Linda Keith percebendo que não havia mais lugar para ela na vida de Keith, sai de cena. Brian se hospeda no mesmo hotel que Keith e Anita em Cannes, onde A Degree of Murder está sendo exibido. Ele tenta uma ultima aproximação com Anita mas ela não está interessada. Keith os deixa a sós para que eles se entendam e no final da conversa, Brian se retira, antecipando sua volta a Londres. O coração de Anita agora pertence a Keith e o casal permaneceria em Cannes, seguindo depois para Roma, onde Anita faz uma pequena participação no filme Candy.
Os Stones no Cinema
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A divulgação de "Only Lovers Left Alive", um filme com os Rolling Stones, levanta especulações favoráveis a Brian ser projetado na grande tela. Mick Jagger passou a ter aulas de piano e os demais deveriam começar a ter aulas de dramaturgia, porém apenas Bill Wyman chegou a freqüentar. O sucesso de "A Degree In Murder" fez com que outros produtores procurassem Brian mandando-lhe roteiros para que ele cuidasse da trilha sonora. Que se saiba, Brian folheou os roteiros de The Bedford Incident, Goldwhiskers, Springtime For Samantha, Polygamous Polonius e House of Wax, mas houveram outros.
Intoxicado Por Amor
Para muitos, perder Anita destruiu Brian. Ele supostamente teria dito algo nos moldes de, "Eles tomaram minha música, tomaram minha banda e tomaram meu amor." Eles, evidentemente, são Mick e Keith, já que Andrew perdera o controle e poder que tinha sobre os dois. A notícia de Anita passando das mãos de Brian para Keith se espalhou pela mídia e isto também foi particularmente humilhante. Brian reage em parte, flutuando pelos clubes noturnos e se mostrando disponível. Logo estariam morando com ele duas meninas, Tina e Nikki, com as quais manteria uma relação a três.
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Quanto a tóxicos, seus hábitos lhe custavam cerca de £230 por dia. Brian seria visto em diversas ocasiões pegando um punhado de pílulas, sem o mínimo interesse em saber o que são e qual efeito se combinados, simplesmente engolindo tudo de uma vez, como um glutão. Depois viraria a noite toda agitando com a companhia que tivesse. Muitas vezes a menina que estivesse com ele acabaria apanhando. Brian aprendeu a gostar de bater em mulheres. Porém nenhuma deu queixa, como se qualquer coisa fosse válida para se ter um Rolling Stone na cama.
Em certa noite, uma visita testemunha Brian todo energizado tentando apresentar uma gravação sua. Mas quanto mais ele se esforçava para colocar a fita rolo no gravador, mais ele se enrolava, até que finalmente o rolo cai no chão e espalha fita por toda a sala. Brian pateticamente senta no chão e começa a chorar. Depois, em uma fúria desnecessária, pega a fita e com uma tesoura, corta sem cerimonia tudo em diversas tiras e depois amara as tiras com um nó, uma à uma, Ao colocar pra tocar, Brian está extasiado com a incrível música que só ele consegue ouvir, enquanto seus convidados escutam espasmos sonoros que prometiam ser interessantes, se pudessem ser ouvidos decentemente. Conta-se que algumas coisas gravadas por ele foram jogadas na lareira para queimar, em meio a outras crises de angustia. Pouco se sabe realmente do que havia e o que sobrou de seus arquivos sonoros.
Rotina de um Druggie
Brian começa suas manhãs geralmente com umas poucas carreiras de cocaína para despertar. Depois leva Nikki e Tina para comer algo na cidade. Às vezes dirigindo doidão, quase causa alguns acidentes pelo caminho. Evidentemente o fluxo de automóveis em 1967 é bem inferior do atual. Sem estar em condições de estacionar o carro, joga seu Rolls Royce contra um muro que desmorona com o impacto. Enquanto Brian leva as meninas para dentro, pede ao amigo Tony, que acompanhava o trio, para estacionar o veículo. Tony está boquiaberto com o que acaba de testemunhar e abismado que o carro tenha ficado apenas com uma leve mossa no pára-choque. Rolls Royce rules!
Brian se distrai e passa muito do seu tempo ocioso fazendo compras. Está constantemente em Kings Road, reduto onde todo o povo hip busca suas roupas. Em tempo ele também passaria a investir seu dinheiro em jóias e bijuterias, coisa incomum para um homem. Brian ajudaria a criar uma moda de homens usando roupas extravagantes e jóias. Algumas pessoas iriam confundir isto com homossexualismo, porém não há testemunho de ninguém que conhecesse Brian realmente de perto, que confirme qualquer tipo de tendência homossexual sua. Muito pelo contrario. Estas teorias de homossexualismo tendem a ser mera especulações, possivelmente com o objetivo de vender livros.
Às vezes, durante o dia, Brian gostava de passear de carro pelas ruas de Londres, abaixando seu vidro para ser reconhecido e depois mandando o motorista acelerar para não ser pego pela mulherada. Às vezes ele prefere atiçar Tina e Nikki a terem sexo enquanto ele assiste. Muitas vezes ele acaba participando. Apesar das drogas, sua capacidade sexual continua ativa, decaindo apenas em fases de crise asmática (geralmente na estação de polonização).
Hábitos Imundos
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Apesar de gostar de transar, sexo não representava muita coisa para ele. Brian aparentemente não associa sexo com sentimentos. E êxtase sexual, nesta fase de sua vida, vem de várias formas. Brian tirava prazer em dormir com várias mulheres diferentes, em um espaço de tempo mínimo entre uma relação e a outra. Ele começa a usar sexo como uma arma. Telefona para uma amiga convidando-a a passar por lá, enquanto outra menina, a quem acabara de ter relações, ainda estivesse no quarto. Quando a nova menina chega, Brian sem a mínima cerimônia, informa à primeira que está na hora dela ir embora.
Relatos mencionam como ele gostava de se gabar sobre a quantidade de virgens que deflorava. Guardava os lençóis manchados de sangue para mostrar aos amigos e comprovar seus feitos. Outros relatos contam como Brian tirava prazer em denegrir cruelmente o desempenho da parceira, de preferência em um volume que a coitada podesse ouvir. Uma espécie de sadismo verbal, onde a perversão passa a lhe trazer prazer. Neste campo, a agressão física em mulheres era uma constância. Brian rapidamente está se tornando um monstro e vários de seus amigos se afastam.
Acusação Oficial
Na segunda semana de maio, Marianne, Mick, Keith e os amigos Michael Cooper e Clifford Baldwin, voltam para Redlands às vésperas de comparecerem ao tribunal ali perto, em Chichester, West Sussex. Mick e Keith estão certos de que o incidente irá acabar com uma multa e nada mais. No dia 10, havia um pequeno grupo de fãs aguardando por eles, alguns aparecendo com cartazes pedindo pela legalização da maconha. Robert Frazer chegou de Londres com Tony Sanchez. Diante do tribunal, Robert Frazer, Mick Jagger e Keith Richards, acompanhados pelo advogado Leslie Perrin, ouvem oficialmente suas acusações e um julgamento é marcado para final de junho.
Stash e Brian Jones deixando a delegacia
Stash e Brian Jones deixando a delegacia

Enquanto isto, em Londres, a policia está invadindo a casa de Brian Jones. Liderados pelo Sgt. Norman Pilchar da Scotland Yard, encontram cocaína, e maconha. Brian confirma a posse da maconha mas nega que seja sua a cocaína encontrada. Ele é atuado como também sua visita, Stanislaus Klossowski de Rola, apelidado pelos amigos de Stash, ambos levados à delegacia. Lá chegando, os fotógrafos e repórteres já estavam aguardando e fizeram a festa.
De lá, hospedam-se no Hilton Hotel, onde também estava Allen Klein. Quando a noticia da prisão chegou à televisão, o gerente do hotel tentou expulsá-los, mas Klein foi decisivo em proteger os direitos de seu cliente. No dia seguinte estão no tribunal para ouvirem oficialmente a acusação. A polícia havia encontrado 50 gramas de maconha e um vidro com remanecências de cocaína dentro. Pagam uma multa de £250 cada e têm o julgamento marcado para outubro. O primeiro ato de Brian foi de mandar um telex para seus pais pedindo que não o julguem com muito rigor. Andrew Oldham com medo de ser o próximo, saiu do país e só voltou quando achou que era seguro. Os demais Rolling Stones se sentiram abandonados por ele e o incidente seria decisivo para Oldham ser dispensado da produção dos futuros discos.
Stress e Crise Nervosa
Brian havia contraído um medo paranóico de ser encarcerado. Ele jamais volta para o seu apartamento e manda sua amiga Suki Potier lá periodicamente para reaver suas coisas. Brian havia sido extremamente gentil e amigo quando Suki estava extremamente vulnerável, após o acidente que sofrera e que resultou na morte de Tara Browne. Agora que é ele que está vulnerável, ela passa a ficar ao seu lado, os dois acabando por se tornar um casal. Como todas as outras namoradas de Brian, ela logo resurge com os cabelos aloirados e cortados curtos como o dele. O padrão de todas as namoradas de Brian se parecerem com ele continua.
Se seu estilo de vida e modos afastaram alguns amigos mais antigos, Brian já anda com uma nova casta de amizades, passando a morar inicialmente na casa de alguns. Quando não, ele está em algum hotel. Está traumatizado e extremamente estressado, preocupado com o que a policia está tramando para pegá-lo. É neste período que Brian começa a tomar Mandrax, um tranqüilizante popularmente chamado de downer. Ele se afasta dos demais Rolling Stones, sob conselho do seu advogado. Porém os seus medos eram compartilhados. A cúpula dos Stones sabe que é Mick Jagger o alvo maior, porém a acusação sobre ele é demasiadamente circunstancial e sem substância. Está claro para Mick que a polícia quer quebrar a banda e colocá-lo na cadeia. Pensando nisto, Mick começa a temer que a policia encontre em Brian um ponto vulnerável para atingir a banda e passam a fazer de tudo para dobrá-lo. O fato de a polícia expedir um mandato de busca domiciliar na casa de Brian no dia da audiência de Mick e Keith já demonstra o cuidado de uma estratégia previamente planejado.
Her Satanic Majesties Request
Em meio a estes eventos sai o lançamento do album Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band dos Beatles, causando um furor no mercado. Várias indústrias passam a apontar seus canhões para o psicodelismo e tudo que é colorido e abstrato passa a vender. O maior furor logicamente foi na industria fonográfica, que passa a ter que gastar fortunas só na capa dos discos. A mentalidade do LP - Long Play, (vinil de 12 polegadas) como afirmação artística, passa a sobrepor a mentalidade antiga dos compactos (vinil de 7 polegadas). Logo estéreo também passará a ser um fator importante, tecnologia já muito disponível Porém ainda largamente ignorada. Mick Jagger quer estar nesta onda, principalmente ao observar todos os jornais musicais cercando os Beatles, relegando aos Stones apenas as colunas policiais. Frustrado, Jagger conclui, "Rhythm & blues está morto e psicodelia é o que o povo quer."
O Olympic Studios passa a ser novamente freqüentado pela banda para a gravação do proximo disco. Aparentemente, o álbum seria inicialmente a trilha sonora para o filme "Only Lovers Left Alive". Pelo menos Klein estava tentando pressionar a banda para criar uma trilha. O próprio titulo inicial, "Her Satanic Majesties", um afronto à Rainha (Her Britannic Majesty), demonstra uma certa relação com o enredo do filme. Mas os problemas dentro da banda lidando com os eventos recentes e seus desdobramentos, afastam cada vez mais a viabilidade de se fazer o filme. Klein por sua vez dá declarações enfatizando viabilidade de lucros com o filme na ordem de $2 milhões de dólares enquanto boatos sugerem que apenas Mick Jagger e não os Rolling Stones estaria atuando nele.
No estúdio, Brian demonstra claramente que ele acha toda esta onda de psicodelísmo uma tremenda bobagem. Discute seguidamente com Mick que este tipo de música não representa a música dos Rolling Stones, uma frase que ele iria repetir algumas vezes. No final de junho seria realizado o julgamento de Mick, Keith e Robert. As sessões de gravação são então suspensas. Todos menos Charlie saíram do país; Mick, Marianne e Nicolas indo para Tangier, Keith e Anita para Paris, Bill e Astrid passeiam pelo País de Gales enquanto Brian vai para Monterey assistir o festival que lá se realizava.
Monterey
Brian cruza o oceano com Noel Redding ao seu lado, ambos tendo tomado um ácido roxo batizado de Owsley. Noel ficou um dia em Nova York enquanto Brian pegou outro avião direto para San Francisco. Nesta segunda viagem, ele por acaso senta ao lado de Al Kooper. Kooper viria a definir o estado de espirito de Brian como de alguém que estivesse provavelmente orbitando nas redondezas do planeta Júpiter. Ele exemplifica sua afirmação dizendo que Brian responderia a um comentário que ele havia lhe feito pouco depois de decolar, quase perto de aterrizarem, permanecendo quase em transe durante todo o resto do tempo.
Em Monterey Brian foi tratado com toda a atenção de um superstar. Uma das pessoas envolvidas no projeto era Derek Taylor, que trabalhara com Brian Epstein e os Beatles enquanto eles ainda estavam excursionando. Taylor havia procurado Paul McCartney tentado sondar a possibilidade de os Beatlesparticiparem do evento, proposta recusada. Mas Paul McCartney havia sugerido Jimi Hendrix, guitarrista da moda em Londres, porém ainda desconhecido na America, recomendação confirmada por Andrew Oldham, com quem Taylor também conversou. Brian ao chegar no festival é convidado para anunciá-lo ao público no show. Enquanto em Monterey, Brian tomou mais LSD com varias pessoas, como os amigos Dennis Hopper e o próprio Jimi Hendrix.

Bitterness The Star - 36 Crazy Fists

Por Guilherme Henrique



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Vocal extraordionário e original + guitarras extremamente dinâmicas e posantes + ferocidade + originalidade = 36 Crazyfists.
"Bitterness The Star" mostra uma banda com uma proposta maravilhosa em metal moderno. A preocupação em criar algo autêntico é explícita e foge totalmente dos clichês e modinhas de algumas bandas do mainstream atual. O vocalista Brock Lindow tem uma voz diferente e consegue explorá-la ao máximo tanto nas partes dramáticas e emocionadas como nas partes furiosas. A estrutura musical é bem arranjada, fazendo com que as músicas fluam com facilidade e energia própria. O peso das guitarras é uma constante durante todo o CD, com uma infinidade de riffs irados e criativos.
O álbum tem a participação especial do baixista e vocalista do Skinlab, Steev Esquivel, detonado na faixa "Bury Me Where I Fall" e do vocal do Nora, Carl Severson, em "One More Word".
O CD "Bitterness The Star" saiu pela Roadrunner Records. Todo o álbum é excelente, mas pra começar escute a primeira faixa, "Turn To Ashes".
Se tiver a oportunidade de botar as mãos nesse CD, não perca!

Here Waits Thy Doom - 3 Inches Of Blood


"Here Waits Thy Doom" marca uma nova fase para o 3 Inches Of Blood. Formado em 1999 no Canadá, seus três primeiros álbuns conquistaram admiradores pela habilidade em elaborar Heavy Metal clássico que mesclava vozes rudes com outras limpas. O resultado era interessantíssimo, mas o fundador Jamie Hooper, responsável pelas linhas agressivas, estava com as cordas vocais tão danificadas que teve que deixar de cantar por recomendação médica e tomar a difícil decisão de não mais fazer parte da banda.



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E o 3 Inches Of Blood resolveu não colocar outra pessoa no posto ocupado por Hooper, o que naturalmente gerou consideráveis efeitos nas novas composições. Eventualmente amparado pelos rosnados do guitarrista Hagberg, o foco agora está todo nas linhas vocais limpas do esforçado Pipes, que segura as pontas muito bem, ainda que em várias ocasiões mostre limitações ao exagerar em alguns falsetes – um exemplo pode ser verificado em "Preacher's Daughter", cuja falta de moderação vocal quase compromete a qualidade desta bela faixa.
Mas o ponto forte por aqui fica por conta do trabalho das guitarras. A entrosada dupla Hagberg e Shane cedeu de vez às influências que o Judas Priest e Iron Maiden sempre exerceu sobre sua sonoridade. Tudo transborda a arranjos oitentistas, tendo como resultado geral um "Here Waits Thy Doom" que está longe de possuir aquela agressividade dos trabalhos anteriores, mas com ótimas melodias para o gênero.
A gravação ficou aos cuidados de Jack Endino (Soundgarden, Nirvana), mas nem mesmo sua experiência conseguiu impor a potência adequada ao repertório. De qualquer forma, "Battles And Brotherhood", "Rock In Hell" e "Silent Killer" é a trinca inicial com ótimos riffs, ótimos solos e ótimas melodias, a ponto de serem consideradas hinos. Outra excelente faixa é "Call Of The Hammer", meio Thrash Metal, onde o guitarrista Hagberg mostra destreza com a agressividade de sua voz.
Independente de o 3 Inches Of Blood adotar uma nova abordagem tão diferente da combinação de elementos que o consagrou, "Here Waits Thy Doom" é muito recomendado a qualquer amante do sempre bom e velho NWOBHM, tão bem representado atualmente pelo Hammerfall  e Sabaton. Mas, certamente, muitos dos ferrenhos fãs sentirão falta dos gritos que não mais existem. Enfim, C'est La Vie...
Contato:

Formação:
Cam Pipes - voz
Justin Hagberg - guitarra, vozes ásperas e teclados
Shane Clark - guitarra
Ash Pearson - bateria

3 Inches Of Blood: Here Waits Thy Doom
(2009 / Century Media Records - importado)

01. Battles And Brotherhood
02. Rock In Hell
03. Silent Killer
04. Fierce Defender
05. Preacher's Daughter
06. Call Of The Hammer
07. Snake Fighter
08. At The Foot Of The Great Glacier
09. All Of The Witches
10. 12:34
11. Execution Tank

In Paradisum - Symfonia

Por Wesley M. Soares

A expectativa criada em torno do SYMFONIA nos últimos meses fez muita gente cruzar os dedos na espera do primeiro trabalho desta banda que já nasceu com status de supergrupo antes mesmo do lançamento de qualquer material. Não era para menos, levando-se em conta a verdadeira constelação de músicos que integram o SYMFONIA, a saber: o vocalista Andre Mattos (ex-SHAMAN, ANGRA, VIPER), Timo Tolki (ex-STRATOVARIUS, REVOLUTION RENAISSANCE) nas guitarras, Jari Kainulanen (ex-STRATOVARIUS, EVERGREY) no baixo, o baterista Uli Kusch (ex-MASTERPLAN, HELLOWEEN, GAMMA RAY) e Mikko Härkin (ex-tecladista do SONATA ARCTICA).



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Particularmente, sempre temi pelo material que este “Supergrupo” poderia apresentar na sua estreia. Tinha comigo duas perspectivas: ou os músicos tentariam reerguer suas carreiras apostando em um material ousado e indo na contramão do que o mundo esperava ou tentariam seguir as velhas fórmulas de suas antigas bandas. Para infelicidade deste que vos escreve, preferiram optar pelo óbvio e na minha opinião, erraram feio.
O álbum começa com "Fields of Avalon" apresentando um riff característico do STRATOVARIUS era "Forth Dimension, Episode" e a primeira música não chega nem a ficar na promessa já que aquela sensação de “já ouvi isso antes” se confirma ao longo dos 5 minutos iniciais do CD.
Essa preocupação começa a ficar maior ao decorrer do disco quando me surpreendo cantarolando as linhas de vocal dos refrões antes mesmo de terminar de ouví-los por completo. Mas como pode? Mãe Dinah? Infelizmente não é questão de previsão, mas sim de previsibilidade. É, meus amigos, esse novo álbum do SYMFONIA é um festival de arranjos previsíveis, linhas de vocal típicas do mais datado Metal Melódico, com Andre Mattos abusando dos agudos como há muito tempo não víamos (e isso não é um elogio), solos e riffs reciclados dos trabalhos do STRATOVARIUS dos quais Timo Tolki parece não conseguir se libertar, levadas de bateria datadas (quem diria que um dia se poderia falar isso de Uli Kusch, um dos bateras mais criativos do Metal Melódico em todos os tempos), enfim, a falta de ousadia impera durante todo o álbum.
Falando das músicas propriamente ditas, se você procura por ideias novas e revigoradas, passe longe de "In Paradisum". Para os fãs do metal cíclico que vive dando voltas ao redor do próprio rabo e usam a desculpa de serem trues, músicas como "Fields of Avalon", "Santiago" (o início é uma cópia descarada de I’m Alive do HELLOWEEN), "In Paradisum" entre outras, farão você gozar de felicidade.
Existem momentos legais no CD? Sim, bastante momentos até, mas isso se não levarmos em conta que todas as músicas (TODAS) são reciclagens de clássicos das respectivas bandas dos integrantes do SYMFONIA.
Sei que muita gente vai endeusar esse álbum e dizer que Andre Mattos e companhia estão de volta em grande estilo e blablabla, mas a verdade é que o debut do SYMFONIA chega ao mercado com no mínimo 15 anos de atraso, já que todos os elementos que encontramos nele foi exaustivamente explorado pelas bandas do gênero, soando datado, ultrapassado, como um verdadeiro paraíso (com perdão do trocadilho) de clichês, daqueles que os detratores do Metal melódico tanto gostam de usar nas suas elucubrações contra o estilo.
É uma pena, visto que talento e potencial os caras do tal “supergrupo “ não precisam provar para ninguém que eles tem de sobra.
Fica pra próxima!!!
Músicas:
1. Fields of Avalon
2. Come by the Hills
3. Santiago
4. Alayna
5. Forevermore
6. Pilgrim Road
7. In Paradisum
8. Rhapsody in Black
9. I Walk in Neon
10. Don’t let me Go

Blunt Force Trauma - Cavalera Conspiracy

Por Daniel Junior

Se você é daqueles que sente saudades daquela sujeira e peso de discos como “Arise” e “Chaos A.D” (clássicos da banda mineira Sepultura), talvez consiga matar um pouco desta nostalgia na audição do pesadíssimo “Blunt Force Trauma”.



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Quando Max e Iggor (mais o primeiro do que o segundo) não ficam fazendo cavadinha para uma reunião que “celebraria” a formação original do SEPULTURA (esquecendo o Jairo não é sr. Max?) conseguem produzir um disco com força e autenticidade.
Max é um dos artistas de metal que em minha opinião consegue demonstrar todo seu DNA e talento (ou seja demonstrar suas marcas de composição) e mesmo assim soar contemporâneo e forte como se o tempo não tivesse passado. E volto a dizer: é muito melhor ver o músico e vocalista ocupado com seu projeto + sério e fazendo dele um disco para se prestar atenção em 2011 do que vê-lo em notinhas cuspindo fogo em seus ex-companheiros.
Enquanto o mundo parece ter “dado um tempo” nas demonstrações alegre/afetivas para sons mais calcados no neo-punk e o som emocore tenha perdido parte da sua força consolidada em 2010, o CAVALERA CONSPIRANCY lança CD com cara de boa época em que o som porrada não era apenas uma expressão chula para identificar uma banda na prateleira mas sim diferenciar bandas pesadas de bandas MUITO pesadas.
O single "Killing Inside" dava provas cristalinas que a dupla Cavalera (que ainda conta com Marc Rizzo nas guitarras e Johny Chow no baixo) não vinha para brincar de passado ou inventar moda. O CD tem toda a agressividade que um bom disco de metal precisa e sugere, com passagens de thrash muito interessantes como na faixa "Thrasher", que mescla guitarras rasgadas e boas doses de velocidade e ritmo.
Existem alguns aspectos interessantes em BFT como a mescla de guitarras mais tradicionais que lembramMEGADETH e TESTAMENT com outras mais ‘dolorosas’ que lembram MACHINE HEAD ou BLACK LABEL SOCIETY. A faixa "I Speak Hate" não é uma conservadora canção de metal, mas tem todos os ingredientes que o  do estilo gosta de encontrar na camada sonora de um bom disco de rock.
"Target" tem até solo de guitarra… E pode parecer ridículo salientar esta informação, uma vez que, é quase uma convenção do rock, de maneira geral, que as canções apresentem o momento ‘estrelar’ do guitarrista solo. O que ouvimos na faixa são excelentes momentos de Rizzo/Cavalera com peso e excelentes ideias musicais.
"Burn Waco" traz uma parede de distorção em uma envolvente e veloz saraivada de riffs. Há quem torça o nariz pela ausência de conssonância (ou em menor escala, na falta de melodias mais apuradas) mas é impressionante o vigor de Max em canções deste timbre, mesmo após 26 anos de carreira (contados a partir do lançamento de "Bestial Devastation", 1985). Em "Rasputin", a áspera forma del e’cantar’ as canções remetem até mesmo ao black metal, o que não é de todo um desconhecido para os irmãos Cavalera, uma vez que o disco de estreia do SEPULTURA é um ode ao black e thrash metal.
"Blunt Force Trauma" – a canção que dá título ao disco – não poderia ser diferente. Com riffs pesados e até aqui, contrastando com o ‘q’ de atonalidade apresentado pelos músicos, apresenta opções interessantes, para uma banda que toca com o pé no acelerador do início ao fim.
O disco encerra com "Warlord" e mostra como a banda está madura e tem fogo para queimar muita lenha sem mudar um milésimo da sua filosofia sobre como um disco de metal deve soar.
Talvez o pormenor seja um mais comedido Iggor Cavalera. Não que esteja aquém do que o músico pode compor, mas parece que o baterista optou em fazer arranjos mais redondos e menos tribais, o que pode ser uma prova de que o baterista está longe de repetir maneiras e trejeitos e que busca, na economia, um som mais encorpado e em favor da canção.
Dos melhores que ouvi este ano, BFT faz MUITO barulho e deve causar alvoroço em todo planeta.
Quanto às viúvas da formação original do SEPULTURA: o choro é livre.
“Warlord” 3:05
“Torture” 1:51
“Lynch Mob” 2:31
“Killing Inside” 3:28
“Thrasher” 2:49
“I Speak Hate” 3:10
“Target” 2:36
“Genghis Khan” 4:23
“Burn Waco” 2:52
“Rasputin” 3:22
“Blunt Force Trauma” 3:58

twitter: @aliterasom
twitter do autor: @dcostajunior
Fonte desta matéria: Aliterasom

Live At Montreux 2005 - Alice Cooper



Eu venho querendo um DVD do Alice Cooper há tempos. Desde que comecei a ouvir Rock sempre ouvi falar que os shows do cara eram super legais. Infelizmente, nunca tive oportunidade de assistir a um (até essa semana, é claro). Também admito que não sou um exímio conhecedor da carreira dele, o que deixava ainda mais difícil escolher um para comprar. Felizmente, a ST2 acabou com a minha dúvida enviando aqui para nós o novo DVD. "Hell, yeah"! Eu adoro meu trabalho.



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Matéria escrita para o site Delfos – www.delfos.jor.br
Justamente por conhecer apenas as mais famosas, dentre as 27 músicas presentes aqui, estavam várias que eu não conhecia, principalmente as mais recentes. Aliás, são 27 músicas em 95 minutos, coisa digna de Ramones, hein? Tudo bem, tudo bem, boa parte das músicas não são tocadas na íntegra (infelizmente), mas mesmo assim, né?
E aí? Começamos a falar primeiro da parte técnica ou primeiro do show? Olha, eu sempre falo primeiro do show, então que tal variarmos um pouco e invertermos hoje? Quebrar padrões é o que liga.
A imagem está tremendona, com cores bem vivas e boa definição e, como não pode faltar em um DVD decente, o formato é 16x9 widescreen anamórfico. O único problema do aspecto visual é que aparentemente os câmeras só queriam filmarAlice e o resto da banda quase não aparece. O que é uma pena, já que eles também fazem parte do teatrinho. Mas falo mais sobre a banda em breve. Continuando o aspecto técnico, o som é tão tremendão quanto a imagem e é apresentado em formatos para todos os gostos: DTS 5.1, Dolby Digital 5.1 e PCM Stereo, todos com a qualidade que se espera para o padrão, ou seja, o DTS humilha todos os outros.
Agora vamos ao show, que começa com tudo, com a dobradinha de hits "Department of Youth" e "No More Mr. Nice Guy". Mas hits não faltam para a tia Alice e o resto do show ainda nos presenteia com muitas outras músicas famosas: "Lost in America", "I’m Eighteen", "Feed My Frankenstein", "Welcome to my Nightmare" (que infelizmente é cortada logo na parte que fica legal), "Only Women Bleed", "School’s Out", "Poison" (eu adoro o refrão dessa música), "Under My Wheels" e a divertida "Billion Dollar Babies" são alguns dos sucessos presentes. Senti falta das músicas dos anos 80, como "Bed of Nails", "House of Fire", "Hey Stoopid" e afins, mas convenhamos, a quantidade de hits presente aqui é respeitosa.
Mas me surpreendi bastante com as músicas que não conhecia. A maior parte delas é muito legal, em especial "What Do You Want From Me?", que conheci neste DVD e já se tornou uma das minhas preferidas com sua letra engraçadíssima. Aliás, o Alice Cooper deve ser um cara bem engraçado. Eu gostaria de fazer uma entrevista com ele, pois acho que ficaria bem divertido. É até estranho pensar que o pessoal morria de medo dele nos anos 70.
A banda que o acompanha tem como nome mais conhecido o baterista Eric Singer, ex-Kiss. Além dele, temos os guitarristas Ryan Roxie e Damon Johnson e o baixista Chuck Garric. Tirando Eric, que tem o tradicional visual Hard Rock/Metal, todos os outros têm um jeitão bem estranho, que chega a lembrar até a aparência Emo (não que tenha algo errado com isso). Chuck é o mais engraçado, pois parece uma versãozumbi do Elvis Presley. Ah, sim, também não podemos esquecer da filhota de Alice, Calico Cooper, que faz vários papéis dependendo da música que está sendo tocada.
Infelizmente, os músicos (com exceção de Eric) deixam um pouco a dever, sobretudo nos solos e, principalmente, nos "backing vocals". "Poison"), por exemplo, que tem nos corais fofinhos boa parte de seu atrativo, está presente aqui em uma versão bem sem graça, para não dizer apagada, e isso graças aos vocais baixos, o que não dá para saber se foi problema da banda, do som do local ou da mixagem do DVD. É uma pena.
O setlist é muito bom a maior parte do tempo, mas no meio do show dá uma esfriada, com uma seqüência de baladas meio chatinhas. Aparentemente, essa esfriada é proposital, pois é justamente nessa parte que o teatrinho atinge seu clímax, com uma historinha seqüencial e as músicas tocadas sem intervalos. Vemos Alice matando Calico, esta ressuscitando e decapitando o papai com uma guilhotina, para que enfim, este reapareça com outra roupa e mande ver em "School’s Out" para a seqüência final do show. É bem legal, mas seria ainda mais legal se as músicas tocadas durante a historinha fossem mais bem escolhidas.
O pacote também traz um CD com uma seleção de 19 músicas do show, muito bem escolhidas, devo dizer. Como o disco, obviamente, traz só o áudio, limaram essa parte do teatrinho e mantiveram todas as outras (com exceção da razoável "Go to Hell" e "The Black Widow". Eu não pagaria mais para ter essa versão com o CD, mas supondo que não existe outra opção e que ele vem como brinde, sem aumentar o preço do pacote (admito que não sei se é o caso), é sempre bom ter mais coisas, né?
De qualquer forma, este já se tornou um dos meus DVDs preferidos. Realmente poucos shows são tão legais quanto os do Alice Cooper. Música boa, bom setlist (embora não perfeito) e ainda uma preocupação com o visual que deveria servir de exemplo para todas as bandas. Alice Cooper ruleia! E esse DVD chuta traseiros! Então não perca tempo e compre aqui.