24 de março de 2011

Hit So Hard - 2011





O filme conta a história de vida da ex-baterista das Hole, Patty Schemel, mais de 40 horas de imagens de arquivo que elatiroenquanto estava na turnê do Live Through This com o Hole, também muitas imagens inéditas do Kurt Cobain.
"Stinking of You" é o nome de um tema inédito cantado em dueto por Kurt Cobain e Courtney Love que agora vê a luz do dia como parte integrante do filme Hit So Hard , mostra a luta de Patty Schemel contra o vício em heroína e aborda também a prematura morte de Cobain, por suícidio em 1994, e da baixista Kristen Pfaff, ex-integrante do Hole, que morreu de overdose no mesmo ano. 

O filme estreou no festival South By Southwest e além de incluir imagens de Cobain e Love a cantar "Stinking of You" mostra também entrevistas com todos os elementos das Hole.


Parte 11 - Liberdade de Expressão


Keith via que o ácido fazia seu amigo viajar alucinadamente e criar boa música, achando tudo maravilhoso e excitante. Ele também começou a tomar ácido com maior freqüência. Este passa a ser o elo que faz Brian e Keith voltarem a unir forças e o resultado mais positivo está por todo Aftermath. Keith inconscientemente age como o pêndulo do poder dentro dos Rolling Stones. Com quem está a aliança de Keith, este tem o poder sobre a banda. Mick agora está de fora. Brian e Keith fazem piadas de Mick e passam a trata-lo apenas por Jagger, propositadamente não usando seu primeiro nome. Brian também cunha o apelido sarcástico "o velho lábios de borracha" Jagger. Os dois  passam a levar som, tomar acido, e fumar muita maconha juntos. O grande público é claro, ainda não tem a menor idéia do papel que os narcóticos estava tendo nas vidas dessas celebridades.
Brian & Anita
Brian & Anita
Brian & Anita

Em Maio, Anita, que estava desfilando em Paris, termina o seu trabalho, e aceita em seguida um convite para trabalhar em Londres. Chegando na Inglaterra ela imediatamente procura por Brian. Seu relacionamento com Zou-Zou já estava estagnando e ele aproveita a volta de Anita para encerrar a relação. Zou-Zou volta a Paris enquanto Anita e Brian começam a namorar firme.
O casal Brian e Anita, uma vez juntos, começam a se vestir e a usar cortes de cabelos iguais, aparentemente tentando ficar idênticos, como que se tornando um. Começam a trocar peças de roupas, logo Brian está explorando cores e tecidos. Sempre o primeiro, Brian passa a se vestir com roupas extravagantes, combinando cores berrantes, com sóbrias, tecidos finos com jeans e peles, mesclando ocidente com oriente e fazendo uso de ornamentos como jóias e chapeus. Outros famosos seguem seu exemplo e logo toda uma moda de cor e estilo repercutia por Londres e depois pelo mundo afora. Brian, influenciado em parte por Anita, passa a ter cada vez maior interesse em assuntos como ufologia, misticismo e satanismo. Ciências ocultas fascinavam Anita e ela passaria a devorar livros sobre o assunto.
Socializando
Os Stones passam a freqüentar cada vez mais festas e recepções promovidas pela aristocracia. Afinal os filhos destes são todos da mesma geração e assim sendo, também influenciados pela música de grupos como os Beatles e os Rolling Stones. Brian tem entre seus maiores amigos deste período Tara Browne, herdeiro da família da cervejaria irlandesa Guinness. Tara, que havia recentemente se separado de sua esposa Nikki, está tristonho e passa quase todo dia na casa de Brian. 
Certa tarde, os dois fumando após tomar um acido, Brian expõe suas diferenças em relação a sua ambição e a de Jagger. Confessa que o sucesso, e o dinheiro que vem atrelado, lhe interessa e muito, porém ele perguntava, "Que diferença faz ganhar um milhão para sermos os primeiros, porém comprometendo a qualidade da nossa música no processo, ou ganhar meio milhão para sermos o segundo melhor, podendo continuar íntegros?" Ele confirma que odeia a direção musical que a banda segue, queixando-se que Oldham e Jagger estão transformando uma banda que tocava blues e r&b autêntico, em pastiche pop em troca do super estrelato.
O relacionamento entre Bill e Diane Wyman está cada vez mais frio. Bill começa a freqüentar os clubes noturnos, mormente o Scotch of St. James, onde passa a socializar com freqüentadores mais assíduos como Keith Moon, Paul McCartney, Kenny Lynch (cantor) e Harry Rowler (ator), Tara Browne, Chas Chandler e Dave Rowberry (Animals). Bill é encontrado sempre na companhia de sua amante Doreen Samuels, com quem vem mantendo um caso desde o ano anterior. 
Por volta da mesma época, o escritório da Rolling Stones procura Bill sobre uma menina que alega ter dado a luz a um filho seu. Por manter anotações de tudo que lhe acontece enquanto na estrada, ele foi capaz de provar que as contas da menina tinham um erro de dois meses e a guria não levou a questão adiante.
The Robert Frazer Gallery
Robert Frazer era dono de uma galeria de arte na Duke Street em Mayfair que ele abriu em 1962. Seu gosto por arte era direcionado para artistas que aceitavam riscos e tentavam algo extravagante. Sua galeria apresentava exibições de artistas como Bridget Riley, Peter Blake, Yves Klein e Clive Baker, dando a primeira oportunidade para uma exibição inglesa para vários destes americanos.
Robert Frazer
Robert Frazer

Seu bom gosto e sua credibilidade foram a iniciação de muita gente importante em Londres para arte avant-garde. Em uma era que a maioria dos donos de galerias de arte eram de meia idade, Robert era jovem, era "hip", falava a linguagem dos novos ricos e fumava maconha com eles. Assim, os milionários emergentes confiavam nele por sua boa reputação, e sua galeria entrava em ascensão, embora ele mesmo não ter freios quanto a gastar dinheiro. Especialmente se tratando de sustentar os seus vícios.
Entre seus talentos pessoais, havia o de poder entreter simultaneamente visitas heterogêneas, sabendo colocar pessoas diferentes a se conhecerem. Através de Robert  Frazer, os Rolling Stones conheceram em um ambiente descontraído, gente como Andy Warhol, Peter Blake, Richard Hamilton, Michael Cooper, Tony Sanchez e Christopher Gibbs. Através de Robert também conheceram cocaína e heroína. 
Liberdade de Expressão
É importante tentar se transportar para os valores da época. Lembrando um pouco sobre o que foi dito no primeiro parágrafo da primeira pagina desta história, que trata do distanciamento entre a geração daquele período e a geração de seus pais. Havia notadamente uma atitude de Nós contra Eles. Com a Guerra Fria mostrando os seus dentes cada vez mais afiados, toda uma geração de baby boom estavam prontos para exercerem seus ideais políticos que giravam em torno do conceito de derrubar tudo e refazer do zero. 
Praticamente nenhum dos valores instituídos pela sociedade vigente eram inteiramente respeitados e os contestadores de então acreditavam que desafiar a figura da autoridade era um caminho para alterar estas instituições e suas políticas. Assim para os sixties, a busca por justiça social era praticamente uma extensão da busca de autenticidade pessoal. Isto nos leva a outra afirmação. Preocupações com libertação psíquica eram tão importantes quanto assuntos político-econômicos. Sim, pois, assim como uma pessoa que machuca uma perna, passando um longo período enfaixado, tende a mancar, mesmo depois de estar clinicamente curado, as pessoas também ficam com uma dificuldade de exercer sua liberdade de expressão depois de anos de uma ditadura de comportamento. Simplesmente por estarem mentalmente atrofiados para o exercício da liberdade.
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A ditadura neste caso não é de um governo militar, mas de uma mentalidade que enxerga somente um padrão de comportamento social plausível, relegando o diferente a categoria de maligno ou aberração. A geração dos sixties, entre outras coisas, foi uma geração que assumiu a postura de confronto a este raciocínio. A vantagem numérica, embora ainda não evidenciada, lhe facilitou nestes propósitos. Para reforçar a imagem de uma libertação de mentalidade da geração pregressa, mudam-se as roupas, a linguagem e os hábitos. Universitários seguidos depois por toda uma legião de jovens, passaram a adotar códigos e éticas onde se poderia definir que lado da cerca social uma pessoa estava, através do que se vestia, que tipo de música escutava e como usava o seu cabelo, onde o comprimento escolhido era uma forma ativa de se expressar.
Distanciam-se da gomalina dos anos cinqüenta, quando rebeldia juvenil se mostrava fumando cigarro escondido. Agora desafia-se autoridades optando por fumar maconha no lugar de cigarro e depois haxixe em narguilés no lugar de tabaco em cachimbos. Em suma, optar por tomar drogas seria rapidamente associado ao posicionamento politico de se dizer NÃO para um sistema vigente autoritário e limitador. Evidentemente que o abuso tóxico em dois ou três anos já deixaria suas vítimas, mas dentro da gradual elevação de consumo de substâncias químicas, aproximadamente entre os anos de '65 à '68, havia implicitamente uma consciência geral (em maior ou menor escala, dependendo sempre do indivíduo), de estar-se exercendo uma opção política de desobediência civil.
The Indica Books And Gallery
Em Maio de 1966, iria abrir outra galeria que faria fama e se tornaria ponto de encontro da nova aristocracia londrina. Em 1963, John Dunbar e seus amigos, Paolo Lionni e Barry Miles, todos vestidos de preto, típica cor dos existencialistas, boêmios e beatnicks, sorviam um expresso e ouviam bee-bop jazz em algum café em Chelsea. Lá, concatenavam entre citações de Nietzsche, Zen e Jung, um futuro liberal. 
Gordon, Miles & Dunbar em frente ao Indica Gallery
Gordon, Miles & Dunbar em frente ao Indica Gallery

De boa aparência e modos elegantes, John Dunbar rapidamente fez amizades com outros intelectuais e jovens da aristocracia inglesa. John conheceu Peter Asher através de sua irmã Jenny Dunbar que namorava Gordon Waller, parceiro de Peter da dupla Peter & Gordon. Peter Asher seria seu benfeitor ao levantar o dinheiro e ser um dos sócios em um projeto que ele dividia com seu amigo Barry Miles. Assim o trio forma a  firma MAD Ltda. (Miles, Asher & Dunbar).
The Indica Gallery, seria um misto de loja de livros no primeiro andar e galeria de arte no sótão. O local promovia literatura alternativa e arte moderna, se tornando rapidamente respeitado entre jovens de posse e cultura, como um ponto de encontro para conversas intelectualmente instigantes.
Seria freqüentado por pessoas como Paul McCartney, Mark Feld (que no futuro seria conhecido pelo nome de Marc Bolan),  Donovan, John Mayall e Peter Brown, entre outros. Paolo Lionni conhecia Gregory Corso, que traria para o circulo outros eruditos da Beat Generation, tais como Allen Ginsberg e Lawrence Ferlinghetti, todos beatnicks americanos que passavam o ano na Inglaterra.
Recital de Lawrence Ferlinghetti
Recital de Lawrence Ferlinghetti

Seria na sua livraria que John Lennon procurando por algo de Nietzche, acabaria encontrando o livro "The Psychedelic Experience" de Timothy Leary. Ao folheá-lo, logo uma frase lhe chama atenção: "Whenever in doubt, turn on your mind, relax and float downstream." A frase renderia inspiração para a canção "Tomorrow Never Knows". É também em 1966 na Indica Gallery que Lennon atenderia a pré-estréia da exibição de uma talentosa e respeitada artista avant-garde japonesa, chamada Yoko Ono. Deste encontro, iniciaria a amizade que se transformaria em um novo ciclo, com uma nova postura artística e política por parte de Lennon. Mas isto é outra historia.
Depois do Expediente
Com tantos Beatnicks aportando na Indica, o que acabava acontecendo é que depois do expediente, todo mundo ia para a casa de Dunbar fumar. Mas os Beats já havia décadas, faziam uso de substâncias químicas injetáveis, passando a ser coisa corriqueira vê-los se aplicando na sala. Cocaína, morfina e heroína ainda eram legalmente vendidos nas farmácias inglesas com prescrição medica, uma das razões pela repentina migração de Beats da America para Inglaterra. John Dunbar passaria a se aplicar com morfina antes e depois do expediente. Robert Frazer, que faz parte do mesmo circulo de amigos, é outro que rapidamente se interessou por cocaína, passando a enaltecer o seu poder de aguçar a lucidez, permitindo uma pessoa a focalizar um assunto e discursar sobre ele sem se enrolar nas idéias. Afinal como Frazer lembraria, não é a toa que Sigmund Freud usava a droga.
De fato, na década de noventa, isto é, 1890, cocaína se tornou uma mania na sociedade européia, onde se podia comprar bombons, cigarros e até pomada contendo-o. O refrigerante Coca-cola nasceu neste período e de fato tinha na sua formula, cocaína, eis a origem do seu nome. Depois que uma serie de crimes acabaram sendo associados a droga, cocaína acabou tendo sua venda sem receita proibida, a partir de 1906. Cocaína voltou a ter um auge na Alemanha decadente pós Primeira Guerra Mundial e se fala, embora não se confirme, que os líderes do partido Nazista, Hitler inclusive, em grande parte, faziam uso do pó.
Instigado pela curiosidade e satisfeitos com os novos mundos que descobriram com acido, logo Brian, Keith, e dezenas de outros artistas amigos neste circulo, estavam cheirando cocaína.
Chichester
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Keith compra em leilão, uma casa de campo, a sul de Chichester em West Sussex. A casa é na verdade um amplo terreno, digno a ser chamado de fazenda, completo com um açude Saxão ao redor da propriedade. O local é conhecido por Redlands. A casa supostamente pertencia ao Bispo de Chichester e foi comprado por Keith por £17.750. A casa seria testemunho de diversas historias celebres que se tornaram parte do mito dos Rolling Stones.
A banda faz uma serie de shows pela Europa, tocando na Holanda, Bélgica, França, Suécia e Dinamarca. Em todos houveram problemas. O repertório é "The Last Time", "Mercy, Mercy", "She Said Yeah", "Play With Fire", "Not fade Away",  "The Spider And The Fly", "Time Is On My Side", "19th Nervous Breakdown", "Get Off My Cloud", "I'm Alright" e "Satisfaction". Dezenas de pessoas foram presas, onde ocorreram diversasbrigas entre o público, destes o pior sendo no primeiro show na Holanda, onde o show não pode continuar.
França
Em Marselha, alguém jogou um pedaço de uma cadeira no palco acertando Mick Jagger no olho direito, no meio da última canção, Satisfaction. Ele seria levado para o hospital onde tomaria seis pontos. A lembrança mais marcante de Jagger de todo o incidente, foi de ter visto um rato gigantesco correndo no corredor do hospital. Seu olho continuou fechado por um tempo e Mick ficou um pouco inquieto, mas no dia seguinte ele e a banda estavam tocando para 4.000 pessoas em Lyon.
Brigitte Bardot
Brigitte Bardot

Em Paris são avisados que Brigitte Bardot quer conhece-los e todos estavam nervosos em sua presença. Um dos maiores símbolos sexuais da década, Bardot convida a banda a participar do seu próximo filme " À Coeur Joie" (titulo em inglês, Two Weeks In September), mas o escritório não entrou em um acordo preferindo apostar em um filme exclusivo dos Stones que acabou nunca acontecendo. De quebra, Bill quase é atropelado ao atravessar a rua olhando para a direção errada (mal de inglês).
Bill e Doreen mais Brian e Anita permanecem em Paris enquanto os demais voltam para Londres. Vão assistir uma apresentação do The Yardbirds e The Who no La Locomotive Club, e são quase soterrados por fãs querendo autógrafos. Enquanto isto em Londres, Mick Jagger e Jack Nitzsche foram assistir The Troggs.
Dinheiro e Klein
Estava óbvio que o dinheiro que a banda arrecadava não estava entrando nas contas individuais de cada membro. Quando alguns membros da banda começam a investigar os caminhos feitos pelo dinheiro de shows, logo se constata que independente de onde vem a arrecadação, o dinheiro precisa primeiro ir para a conta de Klein em Nova York antes de algum dia chegar a eles. Apesar disto, a banda continua gastando.
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Mick compra um Aston Martin DB6 azul marinho com vidros elétricos, novidade no mercado. Pouco depois ele se muda para  Regent's Park. Este dinheiro como também o dinheiro da compra de Redlands vem de Klein. Mas esta soma, fruto do lucro da excursão americana, é na verdade repassada à banda em forma de empréstimo. Levaria um bom tempo até os envolvidos se conscientizarem de que Klein estava oferecendo-lhes um empréstimo, usando o dinheiro deles mesmo.
Bill compra uma residência nova para os seus pais em Beckenham por £7.750, Klein liberando dinheiro também para Bill e Charlie. Allen Klein então compra uma parte da MGM Records, supostamente por um milhão de libras esterlinas, como também os direitos para o livro "Only Lovers Left Alive" de David Wallis, do qual sairia o roteiro para o primeiro filme dos Rolling Stones. A historia é sobre um levante imaginário e a conseqüente conquista da Inglaterra pela população jovem. Os adultos cometem suicídio e os jovens transformam Grã Bretanha em uma selva fascista. Falava-se em filmagens iniciarem em Agosto.
Relacionamentos em Declínio – Chrissie
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Chrissie e Mick estão rotineiramente se desentendendo, Chrissie chamando Mick de pop star e posseur. A verdade é que Mick tem o dinheiro, tem os convites e quer tirar o máximo possível de sua ascendência social. Em casa, Mick foge de sua rotina com Chrissie fumando muita maconha. Chrissie não suporta  as mudanças nos hábitos de seu namorado a olhos vistos e as discussões são sempre aos berros. Mick passa a novamente criticá-la por tudo e a rotula de paranóica cada vez que ela exige que ele explique porque está mudando tanto. Chrissie coitada, sequer entende direito o conceito de paranóia.
No aniversário de 21 anos de Tara Browne, realizado no castelo de sua família em Luggala, na Irlanda, Chrissie toma um ácido para tentar participar do mundo do namorado. Mas sua instabilidade emocional a leva para um bad trip e ela chora vendo os rostos dos convidados derretendo a sua frente, não entendendo o que se passa. O vexame é mais um pingo no balde de paciência já cheio do Mick. Os tempos mudaram, mas a Chrissie não. Mick está agora a procura do novo, e aos poucos, Chrissie e suas brigastempestuosas, começam a ceder lugar para uma profunda depressão. Ela não sabe mais como se comunicar com Mick, certamente xinga-lo não dá mais resultado. Chrissie resolve seus problemas tomando quantidades constantes de tranqüilizantes. 
Depois de três anos consecutivos de constantes viagens, a banda tem quase dois meses para descansar. Mick Jagger depois de sucessivas viagens de ácido, acaba por ter uma crise de estafa em junho e é solicitado pelo seu médico muito repouso.
O Duelo Entre Iguais
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Depois que Brian passou a morar com Anita, ele parou de freqüentar os clubes a noite e passou a ser uma figura difícil de achar fora de casa. O casal está constantemente fazendo amor e experimentando roupas. Os egos estão as alturas e começam um joguinho insano de um tentar ser mais bonito do que o outro. O casal quando sai, é tratado com toda atenção, os "darlings" do momento, o casal mais "hip" de Londres, mais bem vestidos, mais bonitos, e eles vivem destes elogios, totalmente tomados pela própria importância. A cocaína ajuda a inflar o ego e o LSD os tira do plano terreno. A realidade fica embaçada em uma névoa púrpura.
Mas Brian tinha um problema com LSD. Sua hiper sensibilidade e constante paranóia ficavam ainda mais afetados sob efeito do alucinógeno. Assim, enquanto todos viajavam ouvindo vozes e tendo visões, Brian acreditava nas doideiras e começava a temer os sussurros da parede, e as cobras nas fiações. Logo ele estava todo apavorado e intimidado em um canto do quarto acreditando que as paredes e as fiações estavam tramando contra ele. Assim, ele se tornava um alvo fácil para gozação dos demais presentes. Mas sua instabilidade emocional não lidava com o criticismo, Brian não suporta ser motivo de chacota. 
Andrew Promove 
Apesar de Aftermath colocar Brian Jones na boca do povo novamente, Andrew proibia a imprensa de entrevistá-lo. Entrevistas eram organizadas apenas para Mick e Keith. Brian nem estava sabendo, nem se interessava mais. Ele, ao lado de Anita, estava em outra. Pode-se argumentar que a atitude do Andrew era uma forma de atrair Keith de volta para Mick, mantendo assim a fórmula estável e novamente sobre controle. Andrew montou e gravou um disco com músicas dos Stones orquestradas,  creditando o trabalho ao Keith. Este, perfeitamente instruído por Andrew, falaria cinicamente que o disco era uma realização de um antigo sonho.
Os Beach Boys haviam lançado em Abril, um disco chamado Pet Sounds, que marcaria o início de uma nova era para gravações de discos. Fugindo consideravelmente de sua fórmula padrão, Brian Wilson, mentor musical da banda e produtor de seus discos, desenvolveu idéias como de utilizar pequenas distorções, colagens de sons de animais e tirando do baixo a obrigação de ser um instrumento restrito a reforçar graves mas também podendo proporcionar melodias. Este fato chamou muita atenção de outro baixista, Paul McCartney para o disco, que passa a propagar para todos, os valores deste trabalho. Sua admiração era evidentemente compartilhada por John Lennon e sendo eles a realeza do rock na Inglaterra, a palavra se espalhou.
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O disco Pet Sounds vendeu pouco nos Estados Unidos, demonstrando em reflexão, ser adiante do seu tempo. Na Inglaterra, a história não estava longe de se repetir. Mas eis que, movido por pura paixão, Andrew Oldham, sem ter nada a ganhar, investe do seu próprio bolso, em anúncios de paginas inteiras divulgando o disco nos principais jornais de circulação. O efeito foi o esperado. Muita gente comprou o disco para saber a razão de tanto alarde e Pet Sounds se tornou um sucesso de vendas na Inglaterra.
Durante as gravações do futuro disco dos Beatles, Revolver; Brian Jones e Marianne Faithfull compareceram a uma sessão, acabando por participar com backing vocals. A canção que os Beatles estavam trabalhando era "Yellow Submarine", uma canção rica em sonoplastia, muito dentro da proposta iniciada em Pet Sounds. Mick Jagger também veio a comparecer a algumas sessões de Revolver, assistindo mas não participando. Ele está se aproximando cada vez mais de Paul McCartney e John Lennon.
América - Verão de '66
Keith e Brian saúdam o presidente americano Lyndon Johnson
Keith e Brian saúdam o presidente americano Lyndon Johnson

Quatorze hotéis recusaram aceitar as reservas dos Rolling Stones, dado as loucuras que acontecem durante a estada da banda. Klein orienta a banda para processar os estabelecimentos declarando prejuízo à imagem do grupo. A ação não deu em nada porém resultou em publicidade. Acabaram permanecendo em vários hotéis da cadeia Holiday Inn, espalhados pelo país. A excursão, de apenas um mês, se desenrolou bem com um grande público jovem oferecendo a habitual histeria. Em Lynn, Massachusetts, na última canção, Satisfaction, o povo avançou e tiveram que ser contidos com gás lacrimogêneo, o que obrigou a banda também a encerrar o show com a canção pelo meio.
Em Nova York, para a coletiva com a imprensa, alugaram uma barca e nela fizeram as entrevistas, promovendo a excursão enquanto a nau boiava sobre o Rio Hudson. Por um erro de organização, nenhum fotógrafo foi convidado para registrar o evento. Por um acaso, a jovem fotógrafa Linda Eastman, apareceu portando um convite oferecido a outro jornalista. Foi assim que ela conseguiu seu primeiro trabalho profissional dentro do rock. As fotos que ela tiraria nesta ocasião, lhe renderiam o emprego de fotografa oficial do teatro Fillmore East. 
Depois, naquela noite, Mick à levaria para cama e Linda acabaria vendendo a história para uma revista teen. Em outra ocasião, passando-se quase um ano, Brian Epstein compra uma destas fotos; a de Mick Jagger sentado de pernas abertas. Epstein gostou tanto da foto que contratou Linda Eastman como fotógrafa para a festa promocional em sua casa, comemorando o próximo álbum dos Beatles, Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band. 
Linda Keith e Jimmy James
Os Stones se apresentam em Queens, no Forest Hills Tennis Stadium, chegando e partindo de helicóptero. O estádio estava com apenas um terço da lotação em função dos caríssimos ingressos que Klein negociou a $5 e $10 dólares cada. Depois de sua apresentação, já de volta em Manhattan, seguem a sugestão de Linda Keith e vão ao Cafe Wha? em McDougal Street no Village, para assistirem um show do Jimmy James & the Blue Flames. 
Linda Keith que estava trabalhando em Nova York há algum tempo, havia assistido um show do Curtis Knight no Cheetah Club e ficou impressionada com o seu guitarrista Jimmy James. Achou inacreditável que um rapaz que ela julgou extremamente talentoso, estaria tocando na banda de outra pessoa. Depois do show conversou com ele e os dois fizeram uma amizade forte. Linda, sendo namorada de Keith Richards, tinha muitos contatos no meio musical e convence James que ela teria como promovê-lo, mas ele precisaria ter uma banda sua.
Jimmy James e sua banda
Jimmy James e sua banda

Assim Jimmy James deixa Curtis Knight e acaba por montar o Blues Flames, conseguindo este gig no Café Wha?. Jimmy era até então extremamente acanhado para cantar e Linda Keith fez um pesado trabalho psicológico para convencê-lo a abandonar suas preocupações. Sabendo da paixão de Jimmy por Bob Dylan, conseguiu mostra-lhe que não era mais preciso ter uma voz aveluda para cantar e que sentimento era o fator em voga.
Linda então usurpa  uma guitarra Stratocaster branca da coleção de Keith Richards e presenteia Jimmy James com ela. Aproveitando a passagem dosRolling Stones pela cidade, ela então consegue atrair a banda e principalmente Andrew Oldham para assistí-lo. De fato, todos ficaram um tanto impressionados com o talento de Jimmy James, mas Andrew não se interessou em contratar o músico ou a banda.
Linda sem se dar por vencida, continuaria a tentar apresentar pessoas do meio musical, convida-los a assistí-lo e, assim, conseguir uma carreira mais solida para seu guitarrista predileto. Não seria até Julho, quando encontrou com Chas Chadler, por conta da passagem dos Animals pela cidade, que ela conseguiria realizar seu intento. Chas, recém saído da banda, estava começando a trabalhar como empresário, e Linda, sabendo disto, comentou sobre este guitarrista Jimmy James, cuja apresentação chamou tanta a atenção dela quanto a dos Rolling Stones. Chas acaba por ir assistir o rapaz e impressionado, o convence a ir com ele para Londres e começar uma nova carreira de lá. Chas também sugere que ele muda o seu nome artístico de Jimmy James para Jimi Hendrix. O resto desta historia, faz parte de outra historia.
Encerramento na Costa Oeste
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Durante a excursão, Brian começa a tomar atitudes estranhas, estando constantemente sob o efeito de LSD. Passava a pular sobre serpentes que via nos tapetes nos corredores dos hotéis enquanto os outros músicos se entreolhavam. Porém o destaque de grande susto da turnê foi a caminho do Hollywood Bowl, quando uma janela do avião racha causando violenta despressurização. Todos estão com os ouvidos doendo mas a aeronave aterriza com segurança.
De lá, se apresentam no Havaí com direito a alguns dia de folga em Honolulu. Shirley Watts e Chrissie Shrimpton aterrizam lá e assistem ao show. De volta a Los Angeles, Bill arruma uma hiponga com quem passa a noite. Na manhã seguinte depois do café da manhã, a menina a caminho da rua, acaba rebocada no corredor do hotel por Keith. Naquela tarde Diane Wyman chega de Londres e na manhã seguinte Bill e Keith descobrem que estão com uma doença venérea. Diane acaba infectada pelo marido, o que se torna a facada final no relacionamento entre os dois. Passaram a semana tomando injeções de penicilina antes de poderem sair do país. A banda é levado a uma loja chamado Hollywood Military Hobbies onde os rapazes compram uniformes, Brian e Keith escolhendo um modelo nazista. Depois voltam para Londres.
Agosto, Mês de Desgosto
Lenny Bruce
Lenny Bruce

Neste período, o comediante Lenny Bruce morre de uma overdose de heroína aos 40 anos de idade. Há suspeitas de que alguém lhe dera propositadamente uma dose letal. A afirmação do John Lennon de que os Beatles são mais populares que Jesus Cristo, chega na América fora de contexto, dando inicio a uma série de queima de discos e Beatle parafernália, lembrando muito as queimas de livros proposto por Adolf Hitler antes da guerra. Por último, Bob Dylan sofre seu acidente de moto onde ao quebrar o pescoço, por muito, muito pouco não morre. Sua voz nunca mais será a mesma e sua carreira só volta em 1968. Em Londres, a imprensa passa a comentar sobre a ausência de Brian Jones e que a dupla Mick Jagger e Keith Richards estão assumindo cada vez mais, a liderança da banda.
Aproveitando outro mês sem atividades marcadas, cada um cuida de sua vida. Charlie e Shirley vão para a Grécia. Keith cuida de sua mudança para a casa em Redlands. Bill também permanece em Londres passando os dias com a família e as noites nas boates. Seu casamento acabou e ele e Diane já não escondem mais um do outro a falta de interesse pela relação. Bem inglês, ninguém debate a questão, apenas continuam rotineiramente ocupando o mesmo espaço, cada um na sua. Vantagens de uma casa grande.
Marrocos
Chegando da América e lendo a história nos jornais sobre seu sumiço, como também sobre a crescente popularidade da dupla Jagger-Richard, Brian se sente terrivelmente incomodado. Mick Jagger sendo mais badalado do que ele já é ruim, porém vá lá. Mas agora Keith Richards também? Ele e Anita, vão para Marrocos, acompanhados do amigo Christopher Gibbs. Lá o casal, discute aos berros em qualquer local, seja no seu quarto, seja à mesa de um restaurante. Estão sempre propensos a criar uma cena, parte do egotrip de sempre, querer aparecer mais do que o outro. Com quase uma semana no local, Brian fecha o punho, gira o corpo e desfere o golpe para atingi-la e acerta uma janela com enquadramento de ferro maciço, quebrando a mão. Ele diria que foi um acidente, que escorregara no chuveiro caindo com o corpo sobre a mão e parte do braço, mas conhecendo Brian, e com a confirmação de Christopher Gibbs, sabe-se que foi um soco que ele não acertou. Sua mão ficou engessada e foi assim que ele voltou a Londres.
As Travestis de Park Avenue
No mesmo dia em que ele chega de Tangier, a banda parte de volta para a América. Em Los Angeles, a tropa que inclui Andrew Oldham e Ian Stewart, grava e mixa o seu próximo compacto, "Have You Seen You're Mother Baby", voltando então para Londres. Semanas depois, a banda se reúne novamente para uma apresentação no Ed Sullivan Show. Nesta rápida passagem em Nova York, a banda se apresenta em playback devido a impossibilidade de Brian tocar, pois está com a mão enfaixada. Depois vão a Park Avenue onde o fotografo Jerry Schatzberg prepara as fotos da capa do próximo compacto. 
Na primeira serie de fotos, a banda está vestida com suas roupas comuns. Desta série vem a foto que se tornaria a capa da coletânea Big Hits Hide Tide Green Grass. Nas outras, a banda entra na brincadeira se vestindo de mulheres, cada um ganhando um personagem. Charlie era Millicent, mais parecendo um travesti velho, Bill se torna Penelope, sentada numa cadeira de rodas com pernas retorcidas. Mick e Keith eram as duas tias, respectivamente Sarah e Molly. Brian com uma peruca loira era Flossie, a aeromoça com cara de rameira. Tirada a foto, todos foram para o bar da esquina tomar umas cervejas e assistir televisão. Para a surpresa de alguns, em Nova York, ninguém ganhou uma cantada e foram solenemente ignorados, podendo beber e conversar em paz. Chega a ser irônico se pensar que na Inglaterra dois anos antes, estavam sendo recusados em bares por serem homens de cabelos compridos.
Courtfield Road
De volta a Londres novamente, Christopher Gibbs encontra um apartamento e insiste com Anita que ela deva comprar pois seria perfeito para ela e Brian. Anita se apaixona pelo lugar e convence Brian a aluga-lo. Logo eles estavam se mudando para Courtfield Road em Kensington. Lá, passariam a viver uma vida de junkie. A casa era decorado com tapetes persas e cortinas marroquinas.
Cheirando constantemente, a droga oferece excessiva disposição, energia que pode ser direcionada para intelectualidade, sexualidade ou violência. Cocaína é, mal comparando, como um relógio de corda. Você dá corda para o relógio funcionar mas se você não parar de dar corda, a engrenagem não agüenta a pressão e arrebenta. Igualmente se você não parar de cheirar, você passa de acordado, lúcido e disposto para extremamente eletrizado, tenso e explosivo. No caso deste casal, vivem com egos inflados e uma doentia necessidade de disputar belezas e caprichos. Brian tinha mesmo um desequilíbrio qualquer, que era dele já de muito antes. Com a cocaína, o casal passa a discutir com veemência, geralmente chegando em seguida a agressões físicas.
Relacionamentos em Declínio – Marianne
Incrível pensar que Marianne Faithfull teria dado trabalho ao ser convencida a ser cantora em 1964. Agora, não consegue se imaginar longe de um estúdio ou dos olhos do público em geral. Ela adorava ser adorada e tinha o poder de manter a atenção do público somente usando um violão e sua voz, em contraste a bandas, toda eletrificada. 
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Seu relacionamento com John Dunbar está desintegrando. A casa dela está sempre entulhada de beatnick junkies pela sala, com cápsulas usadas de heroína espalhadas pelo chão e a pia com seringas por lavar. Mas em uma atitude tipicamente machista da época, John não permite a Marianne participar da socialização intoxicante e ela depois de algum tempo se enche de ser excluída e resolve sair, passear e passar o tempo com os seus amigos. Ela aturou um ano deste ambiente, enquanto cuidava de Nicolas bebê, mas chegando do meio pro final do ano, Marianne sente que precisa  sair de casa. Assim, ela passa a ser uma freqüentadora assídua na casa de Brian Jones. Lá, geralmente ela encontrava além de Brian e Anita, o fotografo Michael Cooper, Robert Frazer, seu amigo Tony Sanchez, e Tara Browne. 
Depois Keith Richards também passou a praticamente morar na casa com Brian e Anita, conversando, tomando ácido e fumando maconha ou haxixe o dia inteiro. Além do acido, estão aumentando consideravelmente mais o consumo de cocaína. O descontrole sob o pó era tanto que quando acabava, mesmo que no meio da madrugada, iam para a casa de algum amigo, para poderem cheirar mais. Conta Tony Sanchez que bateram na sua casa às quatro da manhã certa vez, e ele foi obrigado a bater umas linhas para Brian, Anita, Keith, Marianne Faithfull, John Dunbar e um pequeno grupo de amigos dos amigos, como quem prepara o mingau matutino para crianças esfomeadas.
Pensão
Linda Lawrence ainda não recebera nada da pensão combinada, e no íntimo, ainda não havia totalmente deixado de sonhar com a possibilidade de uma volta com Brian. Ela passa dias tentando falar com o pai de seu filho sem conseguir. Finalmente vai até sua casa em Courtfield Road porém Brian sequer abre a porta para recebê-la. Linda passa então a ficar postada em frente a uma das janelas com o pequeno Julian Mark no colo, na esperança que Brian sentisse algum remorso do que estava fazendo. Quando percebe Brian na janela, levanta o menino para que ele possa ver seu bebê. Mas o casal Brian e Anita ficam da janela rindo dela, Brian oferecendo caretas (nankers), entre goles de Brandy e beijos ardentes. Para eles, toda a cena com a Linda chorando angustiada, mostrando o filho da rua e gritando por Brian, mais parecia algo saído direto de uma novela Mexicana. Como Brian, Anita também tinha um quê de crueldade.
Depois desta, Linda Lawrence se afastaria da vida de Brian Jones, definitivamente. Acabaria por se mudar para os Estados Unidos, morando na California por um ano e depois, em 1970 voltaria para Inglaterra. Ela se reencontraria com Donovan Leitch, com quem conheceu e namorou durante 1967/68. A canção "Sunshine Superman" do cantor fora escrito para ela. Eles se casariam e teriam uma menina juntos, chamada Astrella. Julian Mark Jones passa a se chamar Julian Jones Leitch.
Entre Amigos
Marianne que estava sempre indo à casa de Brian como forma de fugir da frustração de seu casamento, acaba lá sozinha e à toa com ele. Naturalmente Brian dá em cima e Marianne confessa que nunca soube muito bem como dizer não a ninguém. Pode soar hoje em dia, excessivamente promíscuo, mas repito, para entender o que se passa no seu devido contexto, precisa-se lembrar que na década de sessenta, estava-se derrubando as arbitrariedades sexuais. Dentro de certos círculos, amigos de sexos opostos naturalmente dormiam juntos. Até certo ponto, seria considerado estranho, amigos não treparem. Passava a ser, em certos círculos, socialmente questionável recusar um amigo em sua cama. Era uma geração bem menos presa a protocolos do que as que vieram lhe substituir.
A Última Excursão Britânica da Década
Embora ninguém soubesse, passariam muitos anos antes da banda voltar a montar outra excursão Britânica. Have You Seen Your Mother Baby é um sucesso por parte da critica mas só chegou a No.2 nas paradas, possivelmente por causa da capa tendo a banda vestido de mulheres. A idéia, ao que parece, era revolucionária demais para a época.

Digital Ghosts - Shadow Gallery


A vida nos coloca em situações delicadas de tempos em tempos. Quando menos esperamos, somos sacudidos por momentos que mudam a nossa trajetória. O grupo norte-americano Shadow Gallery passou por uma encruzilhada em 2008: no dia 29 de outubro daquele ano, o vocalista Mike Baker sofreu um ataque cardíaco fulminante e faleceu.



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O que fazer diante de uma situação como essa? Dois caminhos se desenhavam à frente da banda. O mais seguro seria encerrar as atividades e dar um ponto final na carreira. Já a escolha mais arriscada era tentar seguir em frente, encontrando outro vocalista e reconstruindo sua história depois de um momento tão extremo como esse.
O Shadow Gallery escolheu a segunda alternativa, anunciou Brian Ashland como vocalista e seguiu em frente. O resultado é "Digital Ghosts", lançado em 23 de outubro de 2009, praticamente um ano após a morte de Baker. Sexto álbum do grupo, "Digital Ghosts" sai agora no Brasil via Hellion Records, e irá agradar em cheio quem gosta de um prog metal repleto de classe e bom gosto.
O álbum conta com várias participações especiais. Ralf Scheepers, do Primal Fear, solta a voz em “Strong”. Clay Barton, do Suspyre, canta em “Venom”. O guitarrista Srdan Brankovic, do Expedition Delta, toca em “Strong”. Mas o que se destaca é o incrível poder de superação do quinteto formado por Gary Wehrkamp (guitarra e teclado), Brendt Allman (guitarra e vocal), Carl Cadden-James (baixo e flauta), Joe Nevollo (bateria) e o já citado Ashland. O resultado disso tudo faz de "Digital Ghosts" um dos melhores discos da carreira do Shadow Gallery.
Como era de se esperar, o álbum tem uma aura densa devido aos acontecimentos vividos pelo grupo. As faixas são longas - não existe nenhuma com menos de seis minutos - e bastante pesadas, com várias passagens instrumentais interessantes, que levam o ouvinte ao transe. Surpreendentemente, um dos principais destaques de "Digital Ghosts" são os vocais de Brian Ashland, limpos e cristalinos, que remetem ao timbre de Geoff Tate, do Queensryche.
"Digital Ghosts" é um trabalho sólido e forte. Com ele, o Shadow Gallery superou o momento mais delicado de suas duas décadas de carreira. Um álbum que reafirma o status do grupo como um dos principais nomes do prog metal em todo o mundo, ao lado do Dream Theater e do Symphony X.
Audição recomendada!
Faixas:
1 With Honor 9:59
Venom 6:22
3 Pain 6:22
4 Gold Dust 6:45
5 Strong 6:50
6 Digital Ghost 9:37
7 Haunted 9:37
Fonte desta matéria: Collector's Room'

Red Silent Tides - Elvenking



Natural da Itália, muitos associam o Envenking ao típico Power Folk Metal, mas a realidade é que seus músicos sempre estiveram dispostos a explorar sem temor as possibilidades de sua música, o que possibilitou que montassem uma discografia bem diversificada dentro de sua proposta. É claro que, compreensivelmente, essa linha de ação fez com que alguns registros possuíssem sua cota de admiradores e detratores, divisão de opiniões que certamente se aplicará também em "Red Silent Tides".



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E este sexto álbum de estúdio mostra como o Elvenking está soando tão diferente de discos como "Heathenreel" (01) ou "Wyrd" (04), mas sem abandonar totalmente suas raízes. As canções são escritas de forma muito mais simples e, globalmente, mantêm-se muitos dos elementos do Power Metal - os solos das guitarras estão muito bons! - e o violino continua injetando seu tempero étnico, ainda que esteja mais discreto e abrindo maior espaço aos teclados e várias orquestrações atmosféricas ao longo da audição.
O resultado final? Bem, podem esquecer as influências da música extrema ou composições totalmente acústicas oferecidas no passado... "Red Silent Tides" possui uma abordagem tão mais emocional e acessível que muitas vezes adentra pelo Hard Rock propriamente dito. As melodias são incrivelmente grudentas e, introspectivo e meio sofrido, o afinadíssimo Damnagoras (principal compositor da banda), cujas multifacetadas linhas vocais que vão desde delicados sussurros aos poderosos gritos limpos, o elevam à condição de destaque individual – atentem para seu impressionante desempenho em "Possession", por exemplo.
É claro que há faixas pesadas como "Dawnmelting" e "Your Heroes Are Dead", mas geralmente o repertório segue mais reflexivo, sofrido e meio romântico. E, para captar e transmitir tais intenções, a produção ficou sob os cuidados de Dennis Ward (Pink Cream 69), o que resultou no áudio mais definido e polido já alcançado por um disco do Elvenking. E a audição é tão cativante que "Red Silent Tides" encontrará o merecido respaldo entre aqueles que apreciam nomes como Avantasia, Freedom Call, Nightwish e os primórdios do Entwine.
Contato:

Formação:
Davide 'Damnagoras' Moras - voz
Aydan - guitarra
Raffaello Indri - guitarra
Gorlan - baixo
Elyghen - teclados, violino e viola
Zender - bateria

Elvenking - Red Silent Tides
(2010 / AFM Records - importado)

01. Dawnmelting
02. The Last Hour
03. Silence De Mort
04. The Cabal
05. Runereader
06. Possession
07. Your Heroes Are Dead
08. Those Days
09. This Nightmare Will Never End
10. What's Left Of Me
11. The Play Of The Leaves

Depois do Inverno - Rosa de Saron

Esse mês Guilherme de Sá completa 10 anos como vocalista da banda ROSA DE SARON. Por isso, se faz interessante analisar os quatro álbuns de estúdio que a banda gravou com ele.“Depois do Inverno” foi o primeiro álbum gravado com o novo integrante. Lançado em 2002 pela gravadora Codimuc, o CD é melhor produzido que os anteriores “Diante da Cruz” e “Angústia Suprema”, além de mostrar um avanço na musicalidade do grupo.



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Saindo de um som mais sujo, que chegava a flertar algumas vezes com o thrash metal, agora o ROSA DE SARON apresentava um som um pouco mais limpo, porém sem perder o peso. A começar pelo vocal mais agudo e rasgado de Guilherme que ajudou a trazer mais melodia às músicas.
O álbum “Depois do Inverno” começa com a pesada “Tudo o que Não Soube Ver”, e já mostra que a banda passou por algumas mudanças na instrumental, mas ainda sim bebe muito da fonte dos CDs anteriores. Em seguida, “Ainda me Pergunto” segue uma linha parecida com a primeira faixa, porém não tem tanto peso. Ela tem um curto, mas técnico, solo e nela já podemos perceber melhor a potência da voz de Guiherme.
A terceira faixa “Logo Após o Temporal” tem o peso da primeira faixa, mas depois dá mais espaço para o vocal, que passa a ter a utilização de filtros e overdubs em alguns trechos da música, dando maior preenchimento. Depois entra um dos maiores clássicos da banda: “Do Alto da Pedra”. A música mostra um ROSA DE SARON não muito conhecido, com mais suavidade e melodia, mesmo sem perder o peso, dando pistas da transformação que a banda estava passando naquele momento. Com o solo mais belo do CD não é à toa que a banda toca até hoje essa música quando ao vivo, sendo, geralmente, a última do repertório.
“Do Alto da Pedra” resume o que o ouvinte terá ao longo do álbum: muitos power chords na guitarra, alguns solos e dedilhados, poesia e uma estreia em grande estilo por parte do novo vocalista. “No Meu Coração” começa com uma baladinha e depois cresce com peso, voltando à proposta do CD. Algo que chama atenção nesta faixa é a linha de baixo, com um jeito mais melódico, menos voltado à sustentação do som.
A sexta faixa “Longe Demais” exemplifica a diferença das fases do ROSA DE SARON em uma única música. Nela o ex-baixista da banda THE FLANDERS, 5 Minutos faz uma participação especial ao cantar as estrofes, enquanto que o refrão fica por conta de Guilherme. É interessante notar que quando 5 Minutos canta, a instrumental chega mais próximo dos dois primeiros álbuns da banda, mas no refrão a música muda e fica mais com a “cara” da nova fase.
Na faixa seguinte é interessante notar como o vocal é utilizado para fazer jus ao título “Dualismo”. Em alguns momentos Guilherme faz seu próprio contra-canto para passar essa impressão de oposição.
Balada do início ao fim, “Estar com Você” é uma belíssima canção que mostra todo o potencial da banda para fazer um CD acústico, que só seria lançado cinco anos depois. A música “Parusia” começa ainda na linha de acústico da faixa anterior, porém tocada no piano. Depois a música cresce e os power chords voltam a aparecer, mas o “acústico” não sai de cena, entram violão e o teclado. É assim que a nova identidade da banda começa a ser formada e seus experimentos musicais são bem sucedidos. Outra música que qualquer  da banda conhece é a faixa seguinte: “Muitos Choram”. Que também é produto da nova aposta da banda em investir em violões bem tocados, sem esquecer dos acordes distorcidos.
A bela e acústica “Apenas uma Canção de Amor” também está entre os clássicos da banda. Com instrumental e vocal suave, cheios de sentimento que realçam ainda mais o sentido da letra. O álbum encerra com “Enquanto o Sono Não Vem”. Que mistura o estilo que a banda já estava habituada a fazer com um pouco de rock clássico.
Finalizando, “Depois do Inverno” é um grande álbum que marca uma reviravolta tanto na história como na música do ROSA DE SARON, sem a qual, talvez, a banda nunca tivesse saído do circuito cristão.
Faixas:
01 – Tudo o que Não Soube Ver
02 – Ainda me Pergunto
03 – Logo Após o Temporal
04 – Do Alto da Pedra
05 – No Meu Coração
06 – Longe Demais
07 – Dualismo
08 – Estar com Você
09 – Parusia
10 – Muitos Choram
11 – Apenas uma Canção de Amor
12 – Enquanto o Sono Não Vem

Gravadora: Codimuc

Gênero: hard rock/heavy metal
Guilherme de Sá – vocal e violão base
Eduardo Faro – guitarras
Rogério Feltrin – baixo
Wellington Greve – bateria
Paulo Faganello - teclado