20 de março de 2011

The Search for Robert Johnson - 1992







A busca de Robert Johnson explora pela primeira vez a vida agitada e a misteriosa morte do lendário bluesman. Com base na investigação do blues e estudiosos Mack McCormick Gayle Wardlow Dean, o filme documentário filma entrevistas e a música para contar a história de um ardiloso espírito que segundo o folclore, vendeu sua alma ao diabo numa encruzilhada.


Robert Leroy Johnson teve uma vida curta. Morreu aos 27 anos, após compor e gravar 29 canções. Entre elas, clássicos como “Sweet Home Chicago”, “Cross Road Blues”, “Love in Vain”, “Walkin’ Blues” e “Me and the Devil Blues”. Seu estilo único de tocar, sua voz expressiva e a riqueza poética de suas letras mudaram o blues a partir dos anos 30.
Johnson morreu em 1938, pouco tempo depois de ter conseguido gravar suas canções. Ele teria sido envenenado por um marido traído ou uma namorada ciumenta após beber uma garrafa de uísque que ganhou já aberta.


Durante a recuperação do envenenamento teria morrido de pneumonia em Greenwood, Mississippi. Seu estilo de vida, as letras de suas canções, sua fama de mulherengo e as lendas sobre ele fizeram de Robert Johnson o maior mito do blues.



Direção: Chris Hunt 
Duração: 51 Minutos


Parte 07 - Rebeldia Lucrativa


Conforme progrediu a excursão, o despreparo da gerência e das autoridades competentes, desacostumados a tamanha algazarra em shows, foi dando condições para que seguidos incidentes se repetissem, por todos os países em que passaram. Na Holanda o show foi encerrado antes de chegar pelo meio. Em Bruxelas não houve incidentes, mas em Paris a história foi outra. À noite, enquanto bebiam quietos em um bar, um grupo de rapazes começaram a fazer piadinhas irritantes, por causa dos cabelos compridos. Keith levantou, chegou até o rapaz do grupo e sem dizer uma palavra, deu-lhe um soco no rosto. Por sorte não houve retaliações e os rapazes fugiram assustados. Durante o show, tudo transcorreu com tranqüilidade, mas do lado de fora, aqueles que não conseguiram entrar causaram problemas nas ruas. Depois que a banda saiu, o público agitado, danificou o Olympia e o comércio em ruas adjacentes. Cerca de 150 pessoas foram presas em um prejuízo calculado em £1.400. Os jornais foram unânimes em declarar os Rolling Stones o maior fenômeno inglês a passar pelo país, deixando um impacto, muito superior ao dos Beatles.
Quarenta e oito horas depois, estavam viajando para outra excursão Americana. Antes porém Dawn Malloy procurava Brian sobre seu filho. Brian totalmente apavorado tentou sumir. Andrew resolveu a questão colocando Dawn para assinar um documento afirmando recebimento de um valor em dinheiro em uma solução definitiva. Em troca ela nunca procuraria nem Brian nem a imprensa, não causaria embaraços ou prejuízos para os membros dos Rolling Stones, coletivamente ou individualmente. Tendo Mick como testemunha, Dawn assinou e recebeu um cheque de £700.
Os Stones Novamente na América
Keith Richards e Mick Jagger
Keith Richards e Mick Jagger

Ao chegar no aeroporto JFK de Nova York, são informados de que o fã clube da banda já inclui 52.000 afiliados. Recepções de fãs e jornalistas em aeroportos já se tornaram lugar comum, mas todo o grupo estava excitado com a diferença de tratamento desta para a outra excursão.
Total pandemônio com a força policial e uma agência de segurança especialmente contratada pelo hotel para manter os corredores livres, perdendo uma batalha contra garotos e muitas garotas se esgoelando em histeria, tentando chegar perto de um Rolling Stone. Vidros foram quebrados, jornalistas foram agredidos, e durante a reunião com a imprensa, estavam todos falando ao mesmo tempo com câmeras tirando flashes ininterruptamente. Como Keith diria em ironia seca, tipicamente inglesa, "Está um pouco diferente desta vez." No mesmo dia, sai o segundo LP americano da banda, "12 X 5 " e a banda faz uma aparição no Clay Cole Show, dublando seis canções. Depois seguem para um estúdio de rádio para promoverem a segunda excursão com o velho amigo, o DJ Murray the K. São apresentados a mais gente da alta sociedade cultural da cidade, entre estes, Andy Warhol e sua trupe.
Com a lucrativa popularidade escalando continuamente, é chegada a hora do moralismo se dobrar ao capitalismo, deixando mostrar um pequeno rastro de hipocrisia. Foi no dia 25 de Outubro que os Rolling Stones estreiaram no até então proibido para eles, The Ed Sullivan Show. Tocaram "Around And Around" e depois "Time Is On Our Side," para um público extasiado. Ed aplaudiu e depois mandou um telegrama congratulando o sucesso da apresentação, porém dias depois nos jornais, Sullivan soltava entrevistas se isentando de culpa por apresentá-los no show e afirmava que os Rolling Stones jamais iriam voltar a tocar nele.
A banda voa então de Nova York para California e segue de volta pelo meio oeste americano. Desta vez os shows tinham casas com 4.500 pessoas em média, bem mais de acordo com o status da banda. Em Los Angles, participam do filme The TAMI (Teen Age Music International) Show. Enquanto esperam a vez para fecharem o show, se deliciam assistindo excelentes apresentações de Marvin Gaye, The Supremes, The Beach Boys, Chuck Berry, Smokey Robinson & the Miracles e muitos outros. Seguiriam depois de James Brown, o que deixou a banda bastante apreensiva mas foram bem recebidos e a apresentação foi um sucesso. Tocaram neste show Around and Around, Off The Hook, Time Is On My Side, It's All Over Now e I'm Alright/Get Together, este último, com participação da orquestra do evento e com todos os outros convidados fazendo coro. O evento foi importante, servindo também para fazerem contatos com pessoas influentes que atestariam a musicalidade da banda para a mídia americana. Depois da apresentação dos Stones, James Brown, que inicialmente se sentiu ofendido por não ser permitido fechar o evento, honra estendido aos Stones, fez questão de apertar a mão de cada um da banda.
Gravando em Hollywood
Charlie Watts
Charlie Watts

Vão a Hollywood e passam de 11 da manhã até 4 da manhã seguinte gravando e mixando no estúdio da RCA. Inicialmente intimidados pelo tamanho do estúdio, Andrew teve a idéia de apagar todas as luzes menos uma central sobe a banda. Assim, não enxergando nada que pudesse distraí-los, conseguiram produzir uma sessão bastante rentável. Ao final tinham gravados High-Heeled Sneakers, Everybody Needs Someone To Love, Pain In My Heart, Down Home Girl, Heart of Stone e Oh Baby, os dois últimos sendo composições Jagger-Richards. O resto do tempo ficou para overdubbing e mixagem.
Quem participou da sessão foi Jack Nitzche, arranjador de Phil Spector, que tocou um piano de brinquedo e adulterou o som para soar como qualquer coisa menos um piano de brinquedo.
Nitzche passaria a ser um convidado constante em vários discos dos Stones até a década de setenta. Comentando sobre esta sessão, e como foi trabalhar com esta banda inglesa, diria: "Todos da banda são inteligentes e são capazes de manter uma conversação. É a primeira banda de rock que eu conheço que não é composta por idiotas e que tem opinião própria. Se chegam a conclusão que a canção não está funcionando como inicialmente queriam, não pensam duas vezes em mudar a concepção original toda, sem remorsos. Isso mudou muito a maneira como eu via gravações e nunca me senti tão livre dentro de um estúdio. Aprendi muito com eles."
Mas nem tudo foram flores durante esta excursão. Haviam certos prefeitos, como das cidades de Cleveland e Milwaukee, que declaravam os Rolling Stones imorais e concluiam que seria indecente mandar adolescentes para os seus shows. O resultado foi estádios consideravelmente vazios. Certas cidade declararam banimento ao rock 'n' roll depois da banda tocar por lá. "Rock não adiciona nada à cultura desta cidade", um prefeito teria dito. Brian também começa a se tornar um problema. Na estrada, sua paranoia começa a inflar. Certa vez ele foi encontrado atrás de uma porta ouvindo a conversa do outro lado. "Eles estão falando sobre mim" ele sussurra. "Vá lá e veja o que está acontecendo." Realmente, do outro lado da porta estavam Mick, Keith e Andrew, se queixando dos excessos de bebida e drogas de Brian, reclamando de sua falta de profissionalismo.
Brian Cai Doente
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De fato Brian e Andrew têm mais esta distinção entre suas personalidades. Enquanto Andrew é meticuloso e tenta ser bem profissional, Brian sempre quer beber mais uma e dane-se o resto. Curioso que, igual a Brian, Andrew também é um viciado em anfetaminas, continuamente agitado e discursando freneticamente na velocidade dos seus pensamentos. Manipulador por excelência, Andrew Oldham não se dava com Brian. No final do dia, Andrew geralmente tinha o seu trabalho concluído enquanto Brian era preguiçoso e pretensioso, em suas ilusões de grandeza.
Apesar disto, Brian era tranqüilamente o Rolling Stone mais popular e mais querido entre as americanas. Mas a fragilidade de seu psique, somado aos constantes compromissos e viagens da banda, finalmente atacam sua saúde. No dia 7 de Novembro, Brian passa mal no quarto do seu hotel e acusando uma febre de 40.5ºC é levado imediatamente para o Passavant Hospital. O diagnostico revelou bronquite e esgotamento físico. Brian passou a maior parte do tempo delirando e sendo alimentado com soro por via intravenosa. Ele perdeu quatro shows e retornou a tempo da última apresentação em Chicago.
Em Chicago, a banda novamente vai para Chess Studios para gravar algumas canções. A sessão compreendeu as gravações de Mercy Mercy, Key To The Highway, What A Shame e Goodbye Girl, essa última de Bill Wyman ainda inédita. A banda aproveita sua passagem pelos Estados Unidos para assistir alguns shows. Em Chicago, Bill e Stu foram assistir Les Paul, conversando depois com ele após sua apresentação.
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Em Nova York, Mick, Keith e Brian foram até o Harlem para assistir James Brown no Apollo Theater. Quando Brown reconheceu os únicos branquelas da casa, convidou-os a subir no palco para receber alguns aplausos e depois foram todos para os bastidores tomar champagne e conversar longamente.
Mick ficou observando Brown sentado em sua cadeira com uma cabeleireira ajeitando seus cabelos enquanto ele sorvia champagne e conversava animadamente. Ele deve ter pensado, esta é a vida que eu quero para mim.
Charlie por sua vez procurou assistir todos os shows de jazz que pudesse. Viu gente como Dizzy Gillepse, Max Roach, Mary Lou Williamson, Sonny Rollins Quartet e muitos outros. Conversou com várias pessoas do business e até recebeu um convite para ser baterista em um jazz clube, The Birdhouse. Charlie recusou o convite embora com uma certa vergonha de estar trabalhando em uma banda pop.
Noticias sobre sua saúde criaram a especulação de que Brian estaria para deixar a banda, não agüentando o estilo de vida irregular. Isso só ajudou a magoar ainda mais um Brian já fragilizado. Ao chegar em Londres, ele declararia que em momento algum pensou em deixar a banda, mas em função de sua saúde, iria passar um tempo só descansando. Mick falando sobre a excursão para Melody Maker diria, "É como recomeçar todo dia. Cada show é uma grande experiência, que vai repercutir decisivamente em sua carreira. É necessário dar atenção para gente da imprensa, da televisão, pros disc-jockeys; é realmente muita pressão, exigindo muita disposição. Depois você ainda tem que tocar no concerto. Quando você pensa que acabou, você precisa lutar para sair do teatro e entrar no hotel e mesmo lá, você encontra gente lhe aguardando nos corredores e as vezes dentro do seu quarto. Dá vontade de sair gritando porque paz e sossego são inexistentes."
Química
Em uma sexta-feira 13, a banda lança o compacto Little Red Rooster (Dixon) / Off The Hook (Nanker Phelge) que na semana seguinte, chegaria a nº 1 na Inglaterra. É então e até o presente, o único slow blues a chegar a nº 1 nas paradas de sucesso Britânicas. Este feito em muito serviu para diminuir o sentimento de culpa que Brian vinha nutrindo no seu íntimo por ter abandonado suas raízes em troca do sucesso. Ele porém já depende excessivamente de bebida e barbitúricos para encarar sua vida e as desilusões sobre sua banda. Em dezembro ele é convidado por Eric Burdon a uma festa dada pela banda the Animals, onde conhece Dennis Hopper e Robert Frazer.
Eles o aconselham a diminuir com "bolas" (pílulas, geralmente se referindo a anfetaminas ou barbitúricos em geral) e passar a fumar maconha. "Pelo menos a maconha lhe deixaria mais relaxado e menos paranóico" afirmam. Mas Brian já se convenceu que ele precisa das "bolas" para continuar tocando sua vida. Seu relacionamento com Linda está desintegrando. Ela que voltara a morar com ele, vê o seu filho com quatro meses de idade e o pai ainda se recusando a casar. Linda critica os excessos do seu namorado, queixando-se de sua apatia em relação aos problemas e descontentamentos dentro dos Stones. Linda ainda o ama, permanecendo ao seu lado tentando encontrar uma maneira de fazer o relacionamento funcionar. Mas está difícil, pois Brian é demasiadamente inconseqüente e extremamente medroso.
Em outra festa, desta vez do programa "Ready, Steady Go", Mick Jagger encontra novamente com Marianne Faithfull e passa boa parte da festa tentando atrair sua atenção para ele. Ela naturalmente fingia não perceber as olhadas e piscadas que recebia. Para Marianne, Mick Jagger não lhe parecia atraente e sua conduta era considerada no mínimo, sem classe. Assim, ela o evitava. Mick em certo momento, cansado de ser ignorado à distância, se chega para falar. "Marianne querida, tem se passado tempo demais sem nos vermos." A qual Marianne elegantemente o descarta com um "Tem mesmo?" Com isso, Mick sorri maliciosamente e despeja sua taça de champagne todo em seu decote. Marianne sai furiosa pela criancice, indo parar em outra cômoda para se secar. Neste quarto, estava Keith Richards tocando piano sozinho em quase total escuridão. Sem fazer barulho, ela permanece nas sombras ouvindo a pequena serenata para ninguém.
Enquanto John Dunbar passeava na Grécia, Marianne estava na Inglaterra construindo uma carreira sólida. Ao voltar e descobrir o novo status de sua namorada, ele trata o assunto como uma moda passageira e que ela deva aproveitar enquanto pode. Mas aos poucos, ele vai tentando persuadi-la a deixar a vida frívola da música pop para algo de maior substância. Estas e outras discussões seriam um constante no relacionamento dos dois.
Resumo do Ano
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Bill Wyman insatisfeito com o total desinteresse de Andrew permitir alguém além de Jagger e Richards compor material para banda, decide trabalhar para outros grupos, compondo e produzindo. Acaba fundando sua própria firma, a Temeraire Ltda. Paralelamente, Andrew Oldham, Mick Jagger e Keith Richards montam uma firma fora dos Stones chamada Mirage Music Ltd. A divisão dentro da banda fica evidenciado, muito embora, ao chegar natal de 1964, os Stones tem muito que comemorar. Foi o ano mais prolífico da banda. Recebem dois Discos de Ouro com "It's All Over Now" e "Time Is On Our Side," além da banda criar um novo recorde para quantidade de apresentações ao vivo em um ano por uma banda.
O ano é também especial para o rock em termos gerais, que nunca antes tivera tantas canções de música "pop" vendendo milhões. Lembrem-se que a indústria fonográfica não era dominada basicamente por música pop como é hoje no mundo, e sim, o rock coexistia com outros gêneros até mais populares. A quebrar a marca de um milhão de discos vendidos na Inglaterra em 1964 estão os Beatles com onze canções, seguidos por Dave Clark Five com cinco, e empatando em terceiro, Elvis Presley e the Supremes com três cada. Atrás estão the Bachelors, the Beach Boys, Cilla Black, Manfred Mann, Roger Miller, Roy Orbison, Peter & Gordon, Jim Reeves, the Shangri-las e evidentemente, the Rolling Stones, todos com dois. O ano encerra com o álbum The Rolling Stoneschegando em primeiro lugar entre os mais vendidos, e Mick e Keith compondo seu próximo hit, "The Last Time." Ainda assim, o disco que mais vendeu no ano foi a trilha sonora do filme West Side Story. Na America, um mercado com poder de compra bem maior, seria o disco Meet The Beatles, se tornando o disco mais vendido na historia, até então.
Eventos que resumem o ano incluem evidentemente a chegada da Beatlemania à América e sua eminente epidemia ao redor do mundo. Com a Beatlemania, vem imediatamente atrás a maior divulgação de música pop, termo genérico que na época, significava também rock'n'roll e soul, dois gêneros que estavam desenvolvendo crescente popularidade e influenciando um ao outro. Outra reverberação diretamente associada à passagem dos Beatles pela América é o nascimento de dois grupos fadados ao fracasso em '64, porém importantes para o ano que viria. São eles The Beefeaters de Los Angeles e The Mugwamps de Nova York. Estas bandas são os precursores do que viria a ser chamado folk-rock, a música da moda de '65, e deles viriam The Byrds, The Lovin' Spoonful e The Mamas And The Papas.
Entre outros eventos do ano está o nascimento da rádio Caroline, primeira rádio pirata inglesa, como também o canal de televisão BBC-2. Desenvolvem para o aparelho de televisão a tela com 625 linhas, elevando substancialmente a clareza de imagem. O recorde mundial de velocidade terrestre é quebrado por Donald Campbell ao chegar aos 403.1 mph, enquanto mods e rockers se gladiam por todo o verão.
Cassius Clay (Mohammed Ali)
Cassius Clay (Mohammed Ali)

Na América nasce o Movimento da Liberdade de Expressão (The Free Speech Movement) no campus da Universidade de Berkeley e com ele o inicio das diversas passeatas estudantis. Nasce também o jornal The Los Angeles Free Press que é a fagulha inicial para uma serie de jornais underground.
Cassius Clay após se tornar campeão mundial de boxe, declara-se muçulmano, mudando o seu nome para Mohammed Ali.
Três homens negros que trabalhavam para o Movimento dos Direitos Civis são encontrados enterrados em Mississippi. Vinte e uma pessoas serão presas pelo FBI, ligadas ao assassinato, mas todas serão soltas em poucos dias. Haverá dezenas de distúrbios radicais, todos diretamente relacionados com racismo de brancos contra negros. Seus maiores focos são em Filadélfia (PA), Harlem (NY) e Newark (NJ).
Uma Geração Com Opinião
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O ano de 1965 inicia com 210.000 pedidos avançados do novo álbum The Rolling Stones No.2 e uma excursão pela Irlanda. Bob Geldof contaria que, ainda garoto, foi levado pela irmã mais velha e assistiu o show em Dublin. Cada vez mais, as atenções estão focalizados na vida particular além de artística dos novos astros. Perguntas menos idiotas e mais comprometedoras começam a ser feitas e os Stones, diferente dos Beatles, assumem suas opiniões sem pestanejar.
Quando perguntado sobre rebelião juvenil, Brian responde, "Toda geração traz uma nova onda de idéias e se isto fosse parar, a sociedade e a cultura estaria condenada. Nossos filhos estarão rebelando contra nós dentro de vinte anos." Mick quando perguntado sobre a sua responsabilidade com códigos morais assimiláveis pelos seus fãs, nega a hipótese e diz, "Celebridades não devem ter nenhuma obrigação em determinar níveis de moralidade. Quem somos nós para determinar o que é certo ou errado." Perguntado sobre religião, Keith responde por todos, "Você não vai encontrar nenhum de nós rezando, com a bíblia debaixo do braço, indo para a igreja. Somos ateístas e não temos vergonha de admiti-lo. Pessoas que vão para a igreja só por ir, sorrindo para o vigário, só para manter as aparências, são idiotas. Aqueles que freqüentam pela fé em Deus, estão certos. Deixamos religião para os dedicados a ela." Quando perguntado o que desejaria que tivesse um maior progresso no mundo, Brian responde, "Eu gostaria de ver mais dinheiro sendo investindo no estudo do cérebro para se descobrir a causa de doenças mentais. Quando o homem descobrir como o cérebro funciona, ele terá condições de entender qualquer coisa."
Oceania
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Da excursão Irlandesa, seguem-se pela primeira vez para Australia e Nova Zelândia, desta vez com Roy Orbison. A imprensa é particularmente rude com os Stones considerando-os de aparência, linguagem e modos odiosos, mas o público médio foi de 5.000 pessoas, com apresentações em Sydney e Melbourne. Mick e Bill aproveitam para rever parentes e amigos na Australia e Nova Zelândia.
Em uma visita à praia, Brian demonstra suas habilidades no mar nadando bem além de onde as ondas quebram, quase invisível na imensidão azul. Brian, que vencera competições de nado nos tempos de escola em Cheltenham, prova que é realmente habilidoso no mar. Os demais, principalmente Mick e Keith, gritavam para que ele voltasse, temendo por sua vida, mas Brian estava muito seguro de si. Ao voltar, ria das expressões de espanto e admiração nos rostos de seus amigos.
Brian Jones & Bill Wyman
Brian Jones & Bill Wyman

A demanda Australiana foi tão grande que depois dos shows na Nova Zelândia a banda foi convidada a voltar para algumas apresentações na cidade de Adelaide. O país será lembrado para sempre como um paraíso de mulheres bonitas e de fácil acesso. No hotel, Brian e Bill, da janela da sala que ligavam os seus quartos, escolhiam um par de meninas entre as várias que ficavam aguardando no gramado nos fundos do hotel. As meninas são autorizadas a subirem, onde bebem e conversam a quatro. Depois cada casal segue para seus respectivos quartos por algumas horas.
Mais tarde, devidamente dispensados, Bill e Brian voltam à janela e escolhem outra dupla. Na manhã seguinte Mick contava que ele passou a noite com a dona do hotel e sua filha.
Próxima parada, Singapura onde a banda se apresentou em dois shows para 10.000 pessoas cada. Há de se destacar a segurança, tanto nos shows como no aeroporto, na chegada e partida da banda.
Voltam para o ocidente via Los Angeles, onde Charlie se encontra com Shirley e vão para Miami visitar parentes e descansar. Bill e Brian voltam para a Inglaterra, e Andrew, Mick e Keith vão para o RCA Studio em Hollywood para refazerem alguns vocais e remixarem "The Last Time." Este será o padrão de comportamento que se repetirá constantemente. Enquanto os demais membros são dispensados, Mick, Keith, Andrew e o engenheiro de som, ficariam para trás, no estúdio, trabalhando nas musicas.
Negócios a Parte
Em Londres Bill Wyman e sua companhia Temeraire estavam recebendo os frutos de seu trabalho fora dos Stones. Decca havia lançado o compacto de Bobby Miller, "What A Guy/You Went Away", ambas canções produzidas por Wyman e Miller, sendo o lado B uma composição dos sócios Bill Wyman e Brian Cade. Na bateria, Bill convida seu velho amigo dos tempos do The Chiftons e Rolling Stones, Tony Chapman. Ele passará a ser um sessionman constante nas diversas produções de Wyman, podendo contribuir até com uma composição sua.
Bill Wyman
Bill Wyman

A Columbia lança o compacto do The Cheynes, "Down And Out/Stop Rouning Around", novamente produzidos por Wyman e com uma composição Wyman-Cade no lado B. De destaque, o baterista é um ainda desconhecido Mick Fleetwood. Outra composição da dupla Wyman-Cade, " 'Cause I'm In Love With You," seria lançado no compacto de Joey Paige. Nesta gravação, como curiosidade, temos Sonny Bono fazendo vocais, em uma gravação realizada em Los Angeles.
Paralelamente Andrew Oldham lança Dick St. John & Dee Dee Sperling com a música "Blue Turns To Grey" da dupla Jagger-Richard pela Warner. Esta e outra canção, "Some Things Just Stick In Your Mind", contam com a participação de toda a banda Rolling Stones, incluindo Mick Jagger fazendo backing vocals. Outra banda a regravar "Blue Turns To Grey" seria The Mighty Avengers, igualmente produzidos por Oldham e lançados pela Decca. A destacar a direção musical é de John Paul Jones. Outra produção de Oldham é The Toggerty Five e a canção "I'd Rather Be With The Boys" que oferece uma curiosa dupla de compositores, Oldham-Richard, compacto lançado pela Parlophone. Se isto não basta para levantar sua curiosidade de colecionador, os músicos nesta gravação são John McLaughlin, Joe Moretti e Keith Richards nas guitarras, Mick Jagger nos vocais e um novato, Andy White na bateria.
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Desde 1964, Oldham convocava membros dos Rolling Stones, incluindo Ian Stewart, para gravarem material para suas produções. Estas sessões produziram materiais diversos como "To Know Him Is To Love Him", clássico do Phil Spector, para o primeiro disco solo da amiga Cleo Sylvester, ex- Velvettes. No mesmo dia desta gravação, Andrew prepara uma faixa sob o rótulo de The Andrew Oldham Orchestra, contendo todos os mesmos seis Rolling Stones. O título desta faixa, ironicamente se chama "There Are But Five Rolling Stones".
Mais produções de Oldham com participação de um ou outro Stone incluem, "Funky And Fleopatra" (Andrew Oldham) e "Oh, I Do Like To See Me On The B-Side" (Oldham/Wyman/Watts) com Bill Wyman, Charlie Watts e Keith Richards; "365 Rolling Stones" (Mike Leander/Andrew Oldham) com Charlie Watts; participações de Mick e Keith em várias faixas no álbum The Andrew Oldham Orchestra; "Blowin" In The Wind" para Marianne Faithfull conta com Keith na guitarra, e em outra ocasião, Brian grava "A Mess Of Blues" (Doc Pomus/Mort Shuman) e "Love Me, Baby" (PeterAsher/Gordon Waller), ambos para o compacto da dupla Peter & Gordon. Em ambas Brian está na gaita.
Próximas Produções
Previsto para o próximo compacto dos Stones, a banda tinha gravado The Last Time, Play With Fire e uma versão mais rápida desta, chamada Mess With Fire. Andrew, Mick e Keith concluem que entre as duas, Mess With Fire é a melhor opção e mandam as escolhidas para Decca via Chrissie Shrimpton que passou a trabalhar para Andrew. Ela se confunde e manda Play With Fire no lugar. Quando o erro é descoberto, ninguém sabe onde está o rolo original com Mess With Fire. Quando o compacto foi lançado em fevereiro, Play With Fire recebe elogios e ficou assim contornado o problema. Pouco depois Chrissie pediu para ir embora.
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As futuras apresentações na Inglaterra foram gravadas com intuito de um álbum ao vivo. Foram gravado shows em Edmonton, Liverpool e Manchester com Glyn Johns como engenheiro de som. O set compreendia Everybody Needs Somebody To Love, Pain In My Heart, Down The Road Apiece, Time Is On My Side, I'm Alright, Little Red Rooster, Route 66 e The Last Time. Tantas viagens e shows mundo afora se provaram benéficos para o amadurecimento da banda. Muito mais profissionais, os Stones estão mais comercialmente conscientes a tempo do seu contrato com a Impact Sounds estar para se encerrar. A CBS fala em topar qualquer proposta e Easton fala que já recusara um milhão de dólares por um contrato de cinco anos. Como ele explica, os Stones farão mais do que isto em um só ano. Mas nas contas bancárias, este dinheiro não é visível.
A Famosa Mijada
Bill Wyman
Bill Wyman

No dia 18 de Março, voltando na van do Stu, após um show relativamente tranqüilo, o eficiente esquema de terminar o set e sair direto para a van e fugir deixou Bill Wyman cheio de vontade de fazer xixi. Encostando ao lado da Francis Service Station, um posto de gasolina, ele teve recusado o acesso ao banheiro. Mick, Brian e o amigo e cantor, Joey Paige, se juntaram a Bill e exigiram o direito de usar o banheiro, por mera necessidade fisiológica. Brian fez algumas caretas (nankers) e sapateou na frente do atendente enquanto este gritava para o grupo ir embora. Depois, andaram até uma parede adjacente a garagem e urinaram lá. No caminho de volta para a van insultaram o atendente pela sua falta de cortesia e foram embora. Dois dias depois, o episódio está no jornal Daily Express.
Um freguês do posto deu queixa na polícia contra um bando de arruaceiros em uma van. Aparentemente, anotaram o número da placa do veículo e o processo correu. O juiz multou a banda em £5 cada e ao invés de tentar esconder o incidente, o que seria o esperado, Andrew Oldham instrua sua banda a falar o máximo sobre o incidente possível, ridicularizando o sistema que ao multá-los, estaria apoiando uma discriminação contra todos os jovens, simplesmente porque seus gostos por moda e estética pessoal não é o de seus pais. Andrew, que sempre teve um talento para aumentar e promover um incidente, cunha então a frase: "Os Rolling Stones são a primeira banda presa por mijar na parede." Lembro aqui que, com o muro de Berlim tendo apenas cinco anos de existência, a palavra "parede" carrega consigo um tremendo estigma de repressão. Assim, a imagem de "bad boys" e rebeldes, começa a ter cada vez mais conotações políticas e sociais.
A Situação de Brian Piora
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A pressão de tantos compromissos seguidos, enquanto paralelamente sabendo que dentro do comando estão querendo se livrar dele, começa a ruir a pouca estabilidade emocional de Brian. Existem diversos testemunhos de pessoas diferentes, que confirmam que Andrew Oldham estava sistematicamente fazendo campanha contra Brian para Mick e Keith. Ele pedia que o dispensassem da banda, e Brian estava ciente do que estava se passando.
Certa noite, ao voltarem de van, após um show, Brian e Mick discutem pesadamente. Brian reclama da monopolização das composições e acusa Jagger de querer ser o líder da banda quando havia um acordo informal de que não haveria nenhum líder. Além do mais, foi ele que fundou a banda e se houvesse algum líder, seria por direito ele.
Com esta, Mick mandou Stu encostar e expulsou Brian do carro. Jagger então o acusa de ser um pé no saco só se preocupando em se divertir e nunca fazendo mais do que o mínimo necessário que é tocar nos discos e nos shows. Foram lembrados outros furos de Brian do passado, agindo contra o interesse da maioria, e quando Mick termina de falar, todos estão concordando em deixa-lo ali mesmo para voltar a pé. E a van seguiu sem Brian.
Às cinco da manhã ele conseguiu um lugar aberto para pedir o uso do telefone. Liga então para Cleo Sylvester contando resumidamente o que acontecera e pedindo permissão para dar uma passadinha na sua casa para descansar. Chegou quase uma hora depois, ainda a pé e sua mãe lhe preparou um café da manhã. Cleo apenas ficou ouvindo suas lamúrias e pensando em como o sucesso, mesmo tão imenso, não trás a felicidade. De como o ídolo de tantos, está na verdade se sentindo vazio e sozinho.
Brian passa a ficar cada vez mais calado dentro da banda. Entende que ninguém o quer, contudo, não irão lhe mandar embora tendo ainda tantas coisas por conquistar. Ele se sente preso pois sabe que não existe outro grupo que possa oferecer uma qualidade sonora capaz de lhe satisfazer musicalmente. Além do mais, a idéia de ser rotulado ex-Stones lhe é um martírio.
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Carol McDonald, membro do Goldie & the Gingerbreads, uma das bandas que abriam para os Stones durante a última excursão lembra dele sempre calado, quieto e evitando as pessoas. Era evidente para ela que algo estava incomodando Brian e por isto passou a observá-lo sempre que podia. Não demorou muito para concluir que ele invejava a atenção dispensada a Jagger. Ela diria: "Brian parecia precisar desta atenção dispensado em abundância ao seu vocalista e a falta de reconhecimento pelos seus esforços lhe estava empurrado para fora da banda."
Conversando com seu amigo John Lennon, este lhe confessa estar arrependido das concessões que os Beatles se sentiram obrigados a fazer em troca do sucesso. De fato, Lennon em analogia, se comparava a uma prostituta com um milhão de clientes consumindo sua mente, não seu corpo. Brian estava cada vez mais perturbado com a idéia de Jagger estar empurrando sua banda na mesma direção. Em seu vazio, há necessidade de preenche-lo com alguma coisa. Brian já é um alcoólatra e viciado em anfetaminas, o que é uma combinação perigosa e não ajuda sua tendência nata de aumentar as coisas fora de proporções. Brian começa a se perder.

Collapse Into Now - R.E.M.

Definitivamente, 2011 está sendo um grande ano para quem gosta de música. Estamos apenas começando o terceiro mês do ano, e grandes discos já chegaram às lojas. Mais uma prova disso é "Collapse Into Now", novo álbum do R.E.M.. A banda de Michael Stipe retorna inspirada em seu novo CD, o primeiro trabalho de inéditas em três anos, desde "Accelerate", de 2008.



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Décimo-quinto álbum de estúdio do grupo, "Collapse Into Now" foi gravado em Berlin, Nashville e Nova Orleans, e tem produção do irlandês Garret “Jacknife” Lee, que já havia trabalhado com a banda no já citado "Accelerate" e no ao vivo "Live at the Olympia" (2009). Segundo o baixista Mike Mills, o grupo procurou ser mais expansivo nesse novo trabalho, não se limitando a nenhum estilo específico quando compôs o disco. Ouvindo as doze faixas do álbum percebe-se que o comentário de Mills faz sentido, pois "Collapse Into Now" apresenta uma variedade sonora revigorante.
“Discoverer” abre o play trazendo para a ordem do dia o R.E.M. épico dos tempos de "Document" (1987) e "Green" (1988). “All the Best” é um rock direto com guitarras zunindo, enquanto a excelente “Überlin” nos faz lembrar da clássica “Drive”, faixa de abertura de "Automatic for the People", de 1992.
“Oh My Heart” é outro grande momento. Uma balada densa, com arranjo repleto de camadas sonoras e Michael Stipe quase declamando a letra. A grudenta “It Happened Today”, com Eddie Vedder (Pearl Jam) e Joel Gibb (The Hidden Cameras) fazendo os backings enquanto Stipe canta, é uma típica composição do R.E.M., com a base acústica servindo de cama para as linhas vocais.
“Mine Smell Like Honey”, o primeiro single, traz o trio unindo a maturidade e a experiência dos anos de estrada à rebeldia dos primeiros anos. Uma grande composição, perfeita para pegar a estrada e fugir de tudo. Stipe surge novamente contemplativo em “Walk It Back”, dona de bonitas e melancólicas melodias.
Lenny Kaye e Peaches participam de “Alligator Aviator Autopilot Antimatter”, um rock direto e cheio de vigor. Na mesma linha, “That Someone is You” tem uma agradável vibe sessentista, e cai no gosto de imediato.
Um dos melhores momentos de "Collapse Into Now" ficou para o seu final. A linda “Me, Marlon Brando, Marlon Brando and I”, é uma das melhores canções do grupo em anos. Sobre os instrumentos acústicos de Peter Buck e Mike Mills, Michael Stipe mostra porque é um dos maiores vocalistas do rock, e faz a gente entender porque gosta tanto do R.E.M.. Fechando o play, Patti Smith divide o microfone com Stipe de forma arrepiante em “Blue”, prima-irmã de “Country Feedback”, do multiplatinado "Out of Time" (1991).
"Collapse Into Now" transborda frescor, inspiração e juventude, e, na minha opinião, é o melhor álbum do R.E.M. desde "New Adventures in Hi-Fi" (1996). Ele mostra uma das maiores e mais importantes bandas das últimas três décadas envelhecendo como o vinho e ficando cada vez melhor.
Faixas:
1 Discoverer
2 All the Best
3 Uberlin
4 Oh My Heart
5 It Happened Today
6 Every Day Is Yours to Win
7 Alligator Aviator Autopilot Antimatter
8 Walk It Back
9 Mine Smell Like Honey
10 That Someone Is You
11 Me, Marlon Brando, Marlon Brando and I
12 Blue

Angles - Strokes

Expectativa: situação de quem espera a ocorrência de algo, ou sua probabilidade de ocorrência, em determinado momento.Decepção: sentimento de tristeza, descontentamento ou frustração pela ocorrência de fato inesperado, que representa um mal; desilusão, desapontamento.Essas duas definições acima foram retiradas do dicionário e exemplificam bem o que é "Angles", novo álbum do quinteto nova-iorquino Strokes. A expectativa alimentada de forma bem pensada pela banda na internet, revelando a capa do álbum seguida pela ótima “Under Cover of Darkness” e, aos poucos, mais algumas faixas inéditas em aparições cirúrgicas em programas de TV – como o Saturday Night Live -, elevaram o nível de ansiedade dos fãs às alturas. Só haviam duas respostas possíveis no final da jornada: ou "Angles" não encontraria rivais e seria o álbum do ano de forma inquestionável, ou estávamos a beira de uma decepção. Adivinha qual das duas ganhou?



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Primeiro álbum do Strokes em cinco anos – o último disco dos caras, "First Impressions of Earth", foi lançado em 2006 -, Angles teve uma gestação difícil. O processo de composição teve início em janeiro de 2009. A banda entrou em estúdio em fevereiro daquele ano, mas o que prometia ser um parto fácil acabou se revelando extremamente complicado. Joe Chicarelli, renomado produtor com trabalhos para nomes como U2, Elton John e Frank Zappa, foi chamado para o álbum. Após gravar praticamente todas as faixas, a banda não ficou satisfeita com o resultado final e reprovou o trabalho de Chicarelli, recomeçando praticamente do zero no estúdio do guitarrista Albert Hammond Jr – apenas “Life is Simple in the Moonlight”, faixa que encerra "Angles", manteve a mixagem original de Joe Chicarelli.

Segundo o baixista Nikolai Fraiture, "Angles" seria um retorno às origens do Strokes. A Rolling Stone, em seu review, diz que o disco “pega os elementos básicos do som do Strokes, os quebra em pedaços, depois monta tudo de novo e transforma a música em algo maior”. Na minha opinião, ficaram faltando algumas peças nessa remontagem, já que "Angles" não soa como um conjunto, mas sim como um trabalho que atira para direções variadas a cada faixa, e, na maioria das vezes, não acerta em alvo algum.
O disco começa bem com o surpreendente balanço reggae de “Machu Picchu”, faixa de abertura, que remete ao Talking Heads. A já conhecida “Under Cover of Darkness” vem a seguir e ratifica aquilo que todos nós já sabemos: é uma grande canção, provavelmente uma das melhores do ano.
“Two Kinds of Happiness” transporta o ouvinte para 1985, e parece um b-side perdido do The Cars. O andamento repetitivo e hipnótico de “You´re So Right” reforça a influência da new wave da década de 1980 em "Angles", como se o Strokes buscasse agora, ao invés da sonoridade setentista do primeiro disco, uma aura oitentista para a sua música.
“Taken for a Fool” é uma boa faixa, mas, só para comparar com outra da safra 2011, está longe de ser memorável como “Under Cover of Darkness”. Já “Games”, com uma equivocada sonoridade eletrônica, soa totalmente desnecessária e fora de contexto. “Call Me Back” brinca com a bossa nova, mas o resultado é uma composição totalmente esquecível, que vai do nada para lugar nenhum.
O trem volta aos trilhos em “Gratisfaction”, dona de um ótimo refrão e cara de futuro single. “Metabolism” tem boas guitarras, e só isso, enquanto “Life is Simple in the Moonlight” encerra o álbum de forma agradável e deve cair nas graças dos fãs.
Chama a atenção em "Angles" o grande contraste entre “Under Cover of Darkness” e as demais faixas. A sonoridade do primeiro single remete aquilo que os fãs estão acostumados e estavam esperando ouvir, enquanto as nove faixas restantes trazem a banda em busca de novos caminhos sonoros que, na maioria das vezes, não levam a lugar nenhum.
galera mais antenada vai adorar e dizer que "Angles" é o disco do ano, mas ele está muito longe disso. O álbum revela uma banda um tanto quanto perdida, tentando inserir novos elementos em seu som, mas patinando feio na maioria das vezes – tanto que a melhor faixa do disco é, disparado, uma música que não tenta reinventar a roda e apenas traz de volta a forte identidade sonora do Strokes dos primeiros anos. Se tivessem feito apenas isso, os caras provavelmente teriam gravado um grande álbum, mas como quiseram inovar, acabaram se perdendo pelo caminho.
No final das contas, a expectativa sucumbiu à decepção.
Faixas:
1 Machu Picchu
2 Under Cover of Darkness
3 Two Kinds of Happiness
4 You're So Right
5 Taken for a Fool
6 Games
7 Call Me Back
8 Gratisfaction
9 Metabolism
10 Life Is Simple in the Moonlight

Bezerk: Live... Burnin' Fuel - Tigertailz

Muitos dos leitores certamente se lembram do Tigertailz, grupo inglês que se tornou um forte concorrente ao norte-americano Poison no final da fase áurea do Hard Rock, há cerca de duas décadas... Ainda que o debut "Young & Crazy" (87), cujos quatro tipos afeminados não apresentavam absolutamente nada de interessante, seja em termos visuais (urgh!) ou musicais, foi em 1990 que "Bezerk" levaria o nome Tigertailz a patamares até então impensáveis, possibilitando que a banda não parasse de sair em revistas especializadas e tocasse por várias nações.



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Mas esse foi um sucesso nunca mais igualado. Para o Tigertailz, os anos posteriores foram marcados pela irregularidade musical e comercial, até que em setembro de 2007 o baixista Pepsi Tate faleceu em função de um câncer no pâncreas. Pois bem, e é mais ou menos nestas circunstâncias que os fundadores Kim Hooker (voz) e Jay Pepper (guitarra) deram início aos preparativos para o lançamento de "Bezerk: Live… Burnin’ Fuel".
O ponto principal é que 2010 marcou o vigésimo aniversário do consagrado "Bezerk", com o Tigertailz aproveitando a data para organizar alguns shows comemorativos, e que também serviram para o público conhecer a nova baixista Sarah Firebrand e o baterista Robin Guy (não tocou nos shows, mas é membro da banda). E, considerando tudo, parte da renda das apresentações foi revertida para a Amser Justin Time, entidade criada em memória ao falecido Pepsi Tate e voltada a aumentar a conscientização e gerar fundos para combater o câncer pancreático.
E o Tigertailz fez questão de montar o repertório de "Bezerk: Live… Burnin’ Fuel" na mesma sequencia do álbum de estúdio original. As canções foram captadas a partir de três shows pela Europa – Cardiff (Reino Unido), Newcastle (Austrália) e Estocolmo (Suécia) – em 2010, e certamente o mega-hit “Love Bomb Baby” está lá, em meio a todo o peso e melodias, tão modernos em 1991, e sem perder o alto-astral típico do estilo.
A banda continua com um visual mais sinistro e está afiadíssima nesse disco que pode ser encarado como uma espécie de homenagem às loucuras tão bem representadas pelos anos 1980. Também há uma versão para "Crazy Horses" (The Osmonds) e, meio que para provar que está cada vez mais pesado, o Tigertailz fecha a audição com "Ace of Spades" (Motorhead). Um insolência que consegue convencer, quem diria!?!
Agora só falta o Tigertalz parar de viver dos louros do passado, afinal, este é a terceiro disco que leva o nome “Bezerk” (em 2006 os ingleses lançaram “Bezerk 2.0”, lembram-se?). De qualquer forma, a banda (quase) sempre mostrou boas ideias em sua música, e, considerando que o mercado novamente se abriu para o Hard Rock, vamos ver o que a química desta nova formação oferecerá no próximo álbum de estúdio...
Contato:

Formação:
Kim Hooker - voz
Jay Pepper - guitarra
Sarah Firebrand - baixo
Robin Guy - bateria

Tigertailz – Bezerk: Live… Burnin’ Fuel
(2010 / TT Records – importado)

01. Sick Sex
02. Love Bomb Baby
03. I Can Fight Dirty Too
04. Noise Level Critical
05. Heaven
06. Love Overload
07. Action City
08. Twist & Shake
09. Squeeze It Dry
10. Call Of The Wild
11. Crazy Horses
12. Ace Of Spades

Another Sun - Thalion

Se você tem uns 20 e poucos anos e acompanhava a imprensa especializada em Metal lá pelos idos de 2004 deve se lembrar da banda THALION, ao menos das propagandas de seu álbum de estreia (e único), “Another Sun”, que pipocavam em sites e revistas do gênero. Elas davam conta de que o grupo era a grande promessa do Metal Melódico brasileiro e que trilharia os passos de nomes como ANGRA e SHAMAN. Os críticos elogiaram o álbum, não que fosse dar novos rumos para o Metal, mas que era um bom disco. Nos fóruns de discussão muitos eram os depreciadores da banda, que em geral alegavam que o THALION era um produto de gravadora e que eram todos “filhinhos de papai” e por isso conseguiam espaço tão rápido na cena, enquanto outros monstros batalhavam há décadas sem o merecido reconhecimento. O fato era que o THALION era formado por músicos jovens, em média vinte anos de idade, e seus pais tendo dinheiro ou não (tanto faz), causavam algum tipo de inveja em muita gente. Mas o fato era que os “moleques” eram bons músicos.



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Pois bem, com essa resenha não pretendo levantar nenhum defunto, mas esses dias me peguei ouvindo este CD deles aqui em casa e me lembrei de toda essa polêmica que existiu em torno da banda, quando do lançamento deste “Another Sun”. Um ano depois, nunca mais ouvi falar deles, não sei se continuaram na música ou se seguiram outros rumos. Mas o fato é que tinham talento e poderiam ter trilhado um belo caminho, se prosseguissem mesmo com as críticas, que na maioria das vezes eram infundadas.
O disco segue a linha do Metal Melódico, com algumas poucas passagens mais pesadas e progressivas e incursões de música clássica, mas no geral sem inventar muito. Até porque não dava para se esperar muito diferente disso de uma banda com integrantes tãojovens e seguindo um estilo, já na época, bastante saturado. Mas com o passar do tempo e com mais experiência poderiam seguir outros rumos e moldar um estilo próprio. Nunca saberemos. Ainda que sem fugir muito dos clichês do estilo, a seção instrumental era muito precisa e a dupla de guitarras era deveras afiada com riffs, melodias e solos muito bem encaixados. A voz de Alexandra Liambos tinha um tom bonito e diferenciado, porém, ainda tinha que ser mais bem lapidada para suprir eventuais deslizes. Nada que o tempo não pudesse resolver.
O disco abre com a veloz “Follow the Way”, que sintetiza tudo aquilo que uma música de Power Metal deve ser, veloz, alegre, melódica e empolgante. Na sequencia uma alternância de faixas rápidas, como a excelente “Show me the Answers” e a boa “Wait for Tomorrow”; cadenciadas como a excelente e pesadona “The Journey” e a mediana faixa-título; e baladas como a bela “Life is a Poetry” e a sem sal “The Encouter” com participação do “Pagou, Eu Vou” Michael Kiske.
“Another Sun” é um bom disco de estreia, mesmo não sendo revolucionário ou espetacular, possuía faixas de grande qualidade, que exaltavam a qualidade dos músicos envolvidos e algumas outras medianas, que poderiam ser aprimoradas em futuras composições. A banda tinha um futuro promissor pela frente, mas sumiu sem deixar rastros, deixando vitoriosos aqueles que os criticavam. Como será que o THALION soaria hoje em dia, caso estivessem na ativa desde o lançamento de seu debut? Cumpriria a promessa de ser um dos grandes nomes do metal brazuca ou cairia no esquecimento da forma como aconteceu?

Simplesmente Rock - Salário Mínimo

Não, Salário Mínimo não é apenas aquele valor que vem gerando polêmica nos últimos dias... Estou falando aqui de uma desconhecida banda paulista de heavy metal, que adquiriu um status cult com o álbum "Beijo Fatal" (1987), e voltou à ativa com um novo álbum, intitulado "Simplesmente Rock" (2009).



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Quem ouviu o seu já citado álbum "clássico" de 1987, certamente vai estranhar a significativa mudança de sonoridade presente em boa parte das faixas deste novo trabalho. O heavy metal de outrora foi substituído por um mix de rock 'n' roll, hard rock e... pop/rock! O resultado causa uma estranheza inicial, mas tem lá suas qualidades...
"Eu não quero querer mais" abre o álbum com uma pegada hard rock contagiante, apesar da sua letra picareta que, no fundo, não quer dizer nada... A partir da melódica e cadenciada "Sofrer", percebemos a capacidade de variação musical da banda, além do inesperado teor "adulto" nas composições que se seguem, com temas que variam entre o intimista e o reflexivo, além de alguns românticos que, apesar do seu lado brega, pelo menos evitam certos clichês do gênero.
Amadurecimento e apreço técnico à parte, nota-se que as faixas mais interessantes do disco são justamente aquelas que, com o perdão do trocadilho, são "simplesmente rock"! Arrisco dizer que é quase impossível um fã de hard rock se deliciar com as baladinhas "Anjo", "Voyeur" e "Ao menos em sonho", na mesma medida em que vibra com as energéticas "Homens com pedigree" e "Delírio estelar".
No final das contas, "Simplesmente Rock" é um álbum heterogêneo, que dificilmente irá agradar em sua totalidade, independente das preferências musicais do ouvinte. Por outro lado, é bom escutar uma banda nacional formada por músicos que possuem uma boa química, e que ainda podem conceber bons discos no futuro. Vamos esperar agora por um álbum que, de fato, seja "simplesmente rock"!
Músicas:
1. Eu não quero querer mais
2. Sofrer
3. Homens com pedigree
4. Sob seus pés
5. Anjo
6. 2000 anos
7. Voyeur
8. No seu mundo
9. Delírio estelar
10. Ao menos em sonho