13 de março de 2011

Melotronical - Factory of Dreams

"Factory of Dreams" é um projeto português que existe desde 2008, quando o multi instrumentista Hugo Flores chamou a jovem porém rodada (no bom sentido, ok?) vocalista Jessica Lehto para um projeto de Metal Progressivo. Os dois já tem dois lançamentos juntos, sendo que o terceiro álbum do projeto, "Melotronical", foi lançado terça feira, dia 8 de Março, pela ProgRock Records.



Imagem

Bom, a capa já dá uma ideia do que a audição reserva. Um Metal progressivo e diria até que transcendental, repleto de coros que contrastam vozes femininas e masculinas, duetos entre Jessica e Hugo, orquestrações e belas melodias de teclados. Essas são as características mais legais do disco, pois em contra partida, o instrumental é estranho, pra dizer o mínimo. É claro que ninguém pode tocar com maestria vários instrumental, mas pelo jeito Hugo quis inventar um pouco e, não sei se propositalmente, os instrumentais se sobrepõem. A impressão que fica é que ele gravou uma coisa aleatória com cada instrumento, mixou tudo e lançou o disco. A bateria é a pior parte, já que quase sempre atropela o resto, com pedais duplos em partes que não fazem sentido nenhum. Os outros instrumentos são mais certinhos, mas não é anormal encontrar uma linha de baixo ou um riff de guitarra em desacordo com o que está sendo tocado.
De qualquer modo, Hugo se mostrou um bom instrumentista, mas um compositor um tanto quanto excêntrico, já que as canções apresentam variações de ritmo inesperadas e moldam um álbum bem diversificado, tendo partes mais agressivas e brutais, além de outras mais angelicais e bonitas, principalmente quando o vocal de Jessica se junta aos teclados, formando uma combinação incrível. Por falar na vocalista, ela se mostra ótima no que faz, com técnica, alcance e um timbre bem legal. A produção é bem feita e não diminuiu em nada o trabalho da dupla, a começar pela capa, uma das artes mais interessantes que eu já vi.
Mas apesar dos atropelos e das variações inesperadas no andamento, a obra no seu geral é bem tragável, demora um pouco pra se acostumar, fato, mas esse lado experimental/ avant garde é legal e, se você é do tipo de pessoa que curte uma coisa assim, aconselho ouvir esse disco aqui. Mas, se você acha experimentalismo uma coisa "tensa", não mudará de ideia com esse disco.
Hugo Flores - Electric/Acoustic Guitar, Bass, Synthesizers, Additional Drum Arrangements, "Berimbau", Percussion, Sitar and 12 String Guitar
Jessica Lehto - Vocals

1. Enter Nucleon 03:41
2. Melotronical 05:25
3. A Taste of Paradise 03:38
4. Protonic Stream 08:03
5. Into Oblivion 04:38
6. Obsessical 04:21
7. Back to Sleep 03:15
8. Whispering Eyes 04:16
9. Subatomic Tears 04:30
10. Dimension Crusher 04:23
11. Echoes from Earth 04:24
12. Something Calling me 03:36
13. Reprogramming 04:07

Relentless Reckless Forever - Children Of Bodom

Acho que esse é o maior lançamento do ano até agora, visto que Children Of Bodom é uma das bandas de Metal mais populares do planeta (45 milhões de execuções no Last fm não é pra qualquer um) e dispensa qualquer tipo de apresentação, já que eles influenciaram grande parte das bandas de Death Metal Melódico com seu som que mescla a agressividade do Death com a pureza e as melodias do Power Metal.



Imagem

"Relentless Reckless Forever", lançado dia 8 de março pela Spinefarm Records, traz aquele som típico do grupo, um Death Metal Melódico regado a melodias mais limpas e a teclados, com vocais muito agressivos e um peso inquestionável. Na verdade, a primeira música do disco é puro Death Metal até chegar ao refrão, pois daí pra frente o disco realmente assume a cara do Bodom e nos brinda com paulada atrás de paulada até a última nota. Alexi Laiho se mostra um grande guitarrista, com riffs e solos fora de sério, mas sua melhor performace se dá nos vocais, visto que aqui seu vocais extremamente rasgados estão muito agressivos, mais do que em qualquer outro álbum da banda. A cozinha dá um show a parte, sendo muito rápida e agressiva, além de sempre, sempre soar pesada. Os teclados são talvez a marca principal no som da banda, e aqui cumprem seu papel com perfeição, enchendo o Death Metal da banda com melodias mais limpas e puras, deixando o som mais "tragável" e até mesmo bonito, fora os solos, que chutaram bundas.
Mas se algo me incomodou nesse disco, foi a levada do instrumental. Não digo que ficou ruim, pois está realmente muito pesado, mas tipo, se ganhou peso, perdeu aquela velocidade dos primeiros álbuns do grupo. As guitarras quase sempre com riffs abafados e que dão uma levada mais monótona as canções. O problema é que isso aconteceu em praticamente todas as músicas, e fica meio repetitivo, pois até pendeu um pouco (bem pouco) pro Technical Death Metal. De qualquer modo, ainda notamos algumas inovações mais animadoras, como no single "Was It Worth It", que segundo Laiho, é uma festa total, algo que a banda ainda não tinha feito e que realmente ficou muito bom, pois, QUE REFRÃO FODA rs!
No geral, é um grande disco, com porradas técnica, pesadas e agressivas. Realmente é justificável apontar o Children Of Bodom como uma das melhores bandas de Metal do mundo, visto que esses finlandeses detonam tudo, chutam muitas bundas e deixam vários veteranos mais consagrados no chinelo.
Alexi Laiho – lead vocals, lead guitar
Roope Latvala – rhythm guitar, backing vocals
Jaska Raatikainen – drums
Henkka Seppälä – bass guitar, backing vocals
Janne Wirman – keyboards, synthesizer

1. Not My Funeral - 04:55
2. Shovel Knockout - 04:03
3. Roundtrip to Hell and Back - 03:47
4. Pussyfoot Miss Suicide - 04:10
5. Relentless Reckless Forever - 04:41
6. Ugly - 04:13
7. Cry of the Nihilist - 03:31
8. Was It Worth It? - 04:03
9. Northpole Throwdown - 02:54
10. Party All the Time (Eddie Murphy cover) - iTunes bonus tracks

Next Round - Holy Goats

Descritos como a reunião de THE BLACK CROWES e LED ZEPPELIN pela mídia, devo dizer que o HOLY GOATS está com toda essa pompa sim. Com faixas cheias do swing do blues e suas guitarras cruas e emocionantes, além dos backings inspirados pelo soul, a banda proporciona uma bela viagem ao rock n’ roll dos anos 70. Positivamente, não se prendem ao passado nem ao southern a ponto de ignorar certas doses do póstumo hard rock, por exemplo. Nesse sentido ainda, a produção também é toda muito polida, proporcionando um desfrutar garantido durante a audição.



Imagem

Conforme introduzido, “prazeroso” é a palavra certa para descrever a sensação ao se ouvir pela primeira vez a classuda “Something To Tell You”, que conta com a bela entrega do vocalista e a boa base instrumental. “Homesick Blues” é mais lenta e repetitiva, mas mantém a simplicidade da anterior, abrindo até espaço para partes instrumentais mais definidas. “The Deeper You Look” traz guitarras mais inspiradas, bases abafadas e um ótimo refrão.
O disco até então empolgante sofre uma quebra com a mais lenta, cíclica e atmosférica “What You Do To Me”. “Temptation” tem linhas vocais diferentes, mais baixas e é guiada pela bateria, sendo a primeira mudança rítmica presente no álbum, ampliando ainda mais o espectro das revisitações proporcionadas em “Next Round” que é apenas o segundo trabalho dessa excelente banda.
O ritmo incessante volta em “Every Time We Meet”, que tem uma boa fusão sonora de todos os instrumentos, muito bem conectados em torno dos vocais. “Look Inside”, por outro lado, tem instrumentos mais desconexos e exibe um refrão de final tranquilizante muito bonito. “Time To Recall” é mais longa e consegue alternar bem os vocais, os backings e os instrumentos, que aparecem um pouco mais e aceleram bem no encerramento da faixa.
“Marriot Soul” não fica abaixo das demais, mas não oferece nada novo também. “Within Reason” só extrapola no swing e traz um trabalho de baixo ainda mais marcante, mostrando a coesão de todo o conjunto, novamente. A faixa título encerra o álbum imprimindo maior velocidade e voltando a explorar um timbre mais suave nos vocais, o que podia ter sido mais explorado também.
Ao fim do álbum, é quase estranho ter contato com qualquer coisa dos dias atuais considerando a viagem proporcionada pelo HOLY GOATS. “Next Round” é, portanto, um disco difícil de se encontrar, pois, além da boa proposta, consegue executá-la de forma singularmente boa. No entanto, não leva nota máxima apenas pela insistência mencionada no timbre do vocalista, que sufoca um pouco o instrumental das faixas, as quais poderiam ter enfatizado mais as improvisações ou apostar um pouco mais em Daphna. Mas fato é que, depois do êxtase gerado por “Next Round”, quem está preocupado em enumerar possíveis problemas? Ótimo disco de rock n’ roll, dos melhores de 2011.
Integrantes:
Todd McCullough – vocais, guitarra
Daphna Elroy – backing vocals
Pete Scott – guitarra
Glenn Sorino – bateria
Bob Willow – baixo

Faixas:
1. Something To Tell You
2. Homesick Blues
3. The Deeper You Look
4. What You Do To Me
5. Temptation
6. Every Time We Meet
7. Look Inside
8. Time To Recall
9. Marriott Soul
10. Within Reason
11. Next Round

Attack! Volume I - Hornsup

A Hornsup é uma revista online bimestral - muito boa, por sinal - disponível no formato PDF, cuja base fica em Portugal e que está agora em sua 15a edição, apresentando tudo aquilo que o público headbanger aprecia, desde notícias, colunas, matérias, entrevistas, resenhas de CDs e resenhas de shows. Mas, em 2010, a Hornsup resolveu estender sua área de atuação e, além de escrever sobre Heavy Metal, meteu a cara em um projeto que envolvesse a música propriamente dita.



Imagem

O resultado foi esta compilação, "Attack! - volume I", que, como não poderia deixar de ser em se tratando de um trabalho capitaneado por uma revista online, tem seu repertório disponível para download no formato MP3. Mas a Hornsup também liberou um caprichado disco físico devidamente vestido em digipak, com 80 minutos de muita pancadaria oferecida por 20 bandas de Portugal e Brasil, onde cada uma apresenta uma composição.
A seleção das bandas foi feita de forma criteriosa e as faixas são excelentes, e várias delas nunca tinham encontrado espaço em CD físico, o que dá um sabor ainda mais especial na coisa toda. Algo que conta a favor em "Attack!" é que existe uma linha de coerência... É somente Heavy Metal, com bandas que seguem sua faceta mais agressiva (então, pode esquecer as bandas Power, Melódicas ou Góticas), indo desde o Thrash, passando pelo Death e até mesmo o Metalcore tem espaço garantido por aqui.
Citar um ou outro grupo seria uma injustiça para com os demais, pois, como foi dito, o repertório foi muito bem montado e cada um certamente encontrará seus momentos especiais. Ainda que coletâneas deste tipo não consigam manter uma linearidade em termos de qualidade de áudio, "Attack!" merece ser conhecido, e para tanto, o leitor interessado deve acessar www.hornsup.net - e já pode aproveitar para também fazer o download do segundo volume de "Attack!", que já está disponível por lá!
Hornsup Attack! - Volume I (coletânea)
(2010 / coletânea Hornsup - importado)

01. Thriven – Spring
02. Dynahead – Do You Feel Cleansed?
03. Distraught – Cradle Of Violence
04. itSELF – Ultraviolence
05. Thirteen Degrees To Chaos – Unheard Demand
06. Desalmado – Cegueira Santa
07. Siege Of Hate – God Killing God
08. Dollar Llama – Deathblow
09. Kandia – Waste My Time
10. Paura – Reverse The Flow
11. Cardiac – Aliança
12. Questions – The Victory Speech
13. Clearview – Monte Cristo
14. A Trigger To Forget – Never To Return
15. Project46 – Survival Sign
16. Seven Stitches – Room 1408
17. Kamala – No Turning Back
18. Disrupted Inc. – Ominous Sea
19. Gates Of Hell – Hypocrisy
20. Manshuria – Sublime Redenção

Dance Of Ignorance - Dreadnox

Tendo iniciado suas atividades em 1993 e deixado sua marca na cena do Rio de Janeiro com o debut “Divine Act” (98), foi a falta de perspectivas que insiste em rondar a cena underground brasileira que obrigou um desiludido Dreadnox a anunciar o fim de suas atividades em 2000. Mas, cinco anos depois, o Heavy Metal ainda era presença constante na vida dos músicos, que se reuniram para rever suas opções com o firme propósito de apostar em novas oportunidades para sua carreira.



Imagem

Assim, em um mercado bem diferente dos velhos tempos, o Dreadnox está agora lançando seu segundo álbum, "Dance Of Ignorance". E foram muitos os cuidados para que este trabalho tivesse as melhores condições de ser valorizado pela crítica e público... Ainda que sua proposta inicial permaneça centrada na essência do Heavy Metal, com aquelas melodias grudentas que sempre conquistarão tantos entre o público headbanger, é inegável que os cariocas optaram em proporcionar uma roupagem mais atualizada e injetar maior carga de distorção às novas canções.
E, se todo o tradicionalismo do Heavy Metal possa vir a, de alguma forma, limitar o desenvolvimento do processo criativo, isso parece não se aplicar ao Dreadnox, que mostra recursos de sobra no momento de compor e, mesmo deixando transparecer suas influências, oferece uma audição bastante atraente. Ainda que a balada "Annie" seja um caso clássico de breguice, é inegável que os envolvidos foram minuciosos ao engendrar um repertório que mostrasse as ideias e frustrações acumuladas ao longo dos últimos anos, muito bem representadas por canções matadoras como "Fight With The Light", “Survive” (com a participação especial de Renato Tribuzy), "Echoes Of Midnight" ou a própria faixa-título.
Contando com um áudio poderoso e polido na medida exata, reflexo da produção de Renato Tribuzy e mixagem de Alex Macedo no Full Sound Studio (RJ), "Dance Of Ignorance" é o produto de uma banda inspirada, cujos 60 minutos funcionam muito bem e são indicadíssimos ao público que aprecia Heavy Metal em estado bruto. A distribuição no Brasil está sendo feita através da iniciativa da DieHard Records, além de o Canadá e EUA estarem sendo abastecidos via Nightmare Records. Muito bom!
Contato:

Formação:
Fabio Schneider - voz
Kiko Dittert - guitarra
André ‘Dead’ Montana - baixo
Felipe Curi - bateria

Dreadnox - Dance Of Ignorance
(2010 / DieHard Records - nacional)

01. Fight With The Light
02. Survive
03. Echoes Of Midnight
04. Go On
05. Miracle
06. All Is Not Lost
07. Dance Of Ignorance
08. Annie
09. Sinners In Paradise
10. Impromptu
11. Waiting For The Sun
12. Bettle & Honor (Bonus Track)

Burning Fortune - Cauldron

Em pleno 2011 lançar um disco totalmente datado e produzido para soar como o tradicional heavy metal old school... essa é a estranha proposta do trio canadense do CAULDRON, que além de não mostrar quase nenhuma evolução ao se comparar este “Burning Fortune” com seu álbum de estreia, parecem ter se adaptado bem a essa zona de conforto, infelizmente.



Imagem

Feitas estas considerações, as faixas só podem ser analisadas se transportarmos o trabalho para o início dos anos 80, por exemplo, comparando com o pool de bandas que pertencem à época. Algumas faixas, como a acelerada “All Or Nothing”, que conta com boas guitarras. “I Confess”, por sua vez, é bem preenchida e tem um refrão bem trabalhado, apesar de muito típico e nada inédito. “Rapid City / Unchained Assault” é veloz, quase punk, contrastando com a lenta mas pesada “Miss You To Death”, um dos melhores arranjos do disco.
“Frozen In Fire”, por outro lado, já mostra um estilodesencaixado e certa fragilidade na base, a qual persiste em “Tears Have Come”, que também centraliza as ações muito nos vocais, repetindo muito o refrão. Outra que foge do estilo, e até por isso deveria aparecer na ponta dos destaques positivos mas que, pela proposta, soa despropositada é “Queen Of Fire”, de instrumentais mais limpos e diferentes. “Breaking Through” retoma a velocidade, sem agregar nada, assim como a derradeira “Taken By Desire”, que agrega apenas os vocais mais sombrios e um solo de guitarra razoável.
Ao fim, “Burning Fortune” tem suas poucas qualidades, até porque busca o heavy metal mais tradicional. Mas, justamente por ser atual e feito por uma banda não relacionada ao passado, acaba não gerando uma forte conexão com o gênero que aborda. Isso não é de todo ruim, mas a prisão a essa meta acabou por limitar um pouco as composições, que ainda apresentam um trabalho louvável de baixo e vocais grosseiros que funcionam muito bem dentro da proposta. Instrumentalmente ainda, as guitarras são geralmente simples demais e poderiam estar melhores também. Ou seja, mesmo dentro de sua proposta, o CAULDRON não empolga tanto assim. Por se tratar de uma banda jovem, que pelo menos já está tendo seu espaço, torço para que busquem com tranquilidade as raízes mais tradicionais, dando uma repaginada e seu toque pessoal ao estilo para que, aí sim, possam obter uma repercussão maior de seu trabalho.
Integrantes:
Jason Decay – vocais/ baixo
Ian Chains – guitarra
Chris Steve – bateria

Faixas:
1. All Or Nothing
2. Miss You To Death
3. Frozen In Fire
4. Tears Have Come
5. I Confess (Halloween (USA) cover)
6. Rapid City/Unchained Assault
7. Queen Of Fire
8. Breaking Through
9. Taken By Desire

Gravadora: Earache Records

In Your Room - Anneke van Giersbergen & Agua de Annique

Na época que anunciou a sua saída do THE GATHERING, Anneke van Giersbergen deixou os fãs da banda com muitas perguntas e com quase nenhuma resposta. A cantora, que se desvencilhava do gothic/alternative metal do seu ex-grupo, passou a investir em uma sonoridade mais próxima do pop e do rock alternativo. A sua banda, batizada de ANNEKE VAN GIERSBERGEN & AGUA DE ANNIQUE, vem construindo uma carreira sólida e provavelmente encontrou o seu ápice em “In Your Room”, disco que vem sendo exaustivamente promovido.



Imagem

Embora tenha sido gravado dois anos atrás, “In Your Room” é o mais recente registro do ANNEKE VAN GIERSBERGEN & AGUA DE ANNIQUE. A vocalista, que possui uma série de projetos paralelos em andamento, se encontrou com Joris Dirks (guitarra), Jacques de Haard (baixo) e Rob Snijders (bateria) para consolidar em estúdio um repertório de muito bom gosto, completamente distinto dos conceitos metálicos que contornaram “Mandylion” (1995) e “If then Else” (2000) no passado. As influências, que chegam a aproximar as faixas de “In Your Room” ao jazz/blues em certos momentos, em muitos outros evidenciam um sotaque bem pop no rock n’ roll extremamente básico do quarteto. De qualquer modo, a sonoridade assinada por Anneke não comete nenhum pecado em buscar um quê mais comercial. O resultado é surpreendente por diversos aspectos, sobretudo pela maturidade das composições.
Por mais que não possua um impacto verdadeiramente intenso, “In Your Room” mostra uma qualidade intrínseca, justamente pela tranquilidade técnica que os músicos transpiram durante o repertório. De modo complementar, os arranjos são diversificados e complexos na medida certa para a proposta do ANNEKE VAN GIERSBERGEN & AGUA DE ANNIQUE. A faixa de abertura, intitulada “Pearly”, não possui nenhuma característica marcante de intensidade ou de emotividade. No entanto, as suas melodias soam extremamente bem encaixadas à voz de Anneke. A cantora, que também responde pelos teclados e pelos violões da obra, nitidamente se destaca como uma das intérpretes mais carismáticas do rock/metal. O resultado não poderia ser melhor, sobretudo durante a sequência “Hey Okay!” e “I Want”. Embora possuam influências mais alternativas, as duas faixas são marcadas por uma performance excelente de Anneke.
De certa forma, as doze faixas do disco unem o agito do rock n’ roll ao que o pop pode possuir de mais doce (através da voz de Anneke). O disco não poderia soar mais agradável aos ouvidos acostumados com o experimentalismo que marcou a carreira do THE GATHERING. A cadenciada “Wonder” certamente não bate a clássica “Lost and Found” – do anterior “Air” (2007) –, mas pode ser apontada como um outro bom momento de “In Your Room”. Na sequência, “Sunny Side Up” certamente é um destaque à parte do disco. A música possui melodias fortes e uma interpretação de Anneke van Giersbergen que beira a perfeição. As influências do disco, que podem remeter àquela sonoridade que ALANIS MORISSETTE e DAMIEN RICE vêm explorando por anos, se mostram interessantíssimas para a voz da cantora holandesa.
A intensidade sonora – um pouco ausente em “In Your Room” – praticamente se concentra em “Physical”. A música, que está muito distante das baladas emotivas, é um interessante rock básico. Por mais que possua marcas do que o THE GAHTERING escreveu no passado (sonoridade que eu particularmente não sou grande fã), a faixa pode ser apontada como outro destaque da obra. Na reta final do álbum, “Just Fine” – escrita em parceria com o produtor Devin Townsend (STRAPPING YOUNG LAD) – possui um acento pop, mas mostra uma capacidade incomum para se destacar em meio a faixas de maior apelo criativo. Não é nenhuma injustiça apontá-la como outro grande bom momento de “In Your Room”. Por fim, “Adore” repete as mesmas características da sua anterior, mas infelizmente sem evidenciar o mesmo brilho.
Não há nenhuma pretensão indevida ao apontar “In Your Room” como o disco mais representativo da curta carreira (até então) do ANNEKE VAN GIERSBERGEN & AGUA DE ANNIQUE. Em pouco mais de quarenta minutos, as doze faixas escritas (quase que unicamente pela cantora holandesa) mostram uma qualidade técnica muito acima da média, praticamente pouco repetida pelas bandas de pop/rock que dominam o cenário mainstream. A empreitada pós-THE GATHERING de Anneke precisa – urgentemente – ser reconhecida como uma das coisas mais interessantes que surgiram nos últimos anos dentro do rock.
Track-list:
01. Pearly
02. Hey Okay!
03. I Want
04. Wonder
05. The World
06. Sunny Side Up
07. Physical
08. Home Again
09. Wide Open
10. Longest Day
11. Just Fine
12. Adore

Live In The Still Of The Night - Whitesnake

Quem poderia imaginar que o Whitesnake iria voltar com tudo? Mesmo sem lançar nada novo desde 1997 (com “Restless Heart”), David Coverdale (que aproveitou para dar uma repaginada no visual) resolveu trazer a cobra branca de novo a ativa, com um de seus melhores line-ups (só perdendo para o que veio ao Brasil para o Rock In Rio em 1985): Doug Aldrich (Dio) e Reb Beach (Dokken, Winger) nas gutarras, Marco Mendonza no baixo, Tommy Aldridge (que tocou em 1985) na bateria e Timoty Drury nos teclados. Com esse time de feras, Coverdale saiu em turnê pelos quatro cantos do mundo, passando aqui pelo Brasil em 2005 como convidado (e para muitos a verdadeira estrela) da banda Judas Priest.



Imagem

Este show foi documentado no Hammersmith em Londres durante a turnê que a banda fez pela Inglaterra em 2004. Com um set matador, os caras detonam tudo já de início com um medley de “Burn/Stormbringer” (com David e Marco fazendo as vozes que caberiam a Gleen Hughes) e “Bad Boys”, para levar o público ao delírio com “Love Ain’t No Stranger” e petardos como “Is This Live”, “Ain’t No Love In The Heart Of The City”, “Fool For Your Loving”, “Here I Go Again”, “Take Me With You” e “Still Of The Night”. Como se fosse pouco, Mr. Coverdale ainda abre espaço para Doug e Tommy fazerem solos animalescos, com filmagem impecável e vários efeitos de som e luz.
Musicalmente David não tem a mesma voz de antes, mas mostra que ainda sabe como agitar uma platéia e seu vocal está mais do que competentíssimo (além dos tradicionais “overdubs”). Reb e Doug são animais com suas guitarras (embora eu ache um absurdo Reb ficar a maior parte do tempo fazendo bases) e Marco é um excelente baixista, e um backing vocal de primeira (pena que logo após essa turnê ele deixaria a banda). Um grande registro de uma das bandas que ajudou a marcar o hard rock nos anos 80, e que se Mr. David permitir, ainda terá muito a oferecer para o hard. Nos extras, um interessante documentário e ainda de brinde um CD com dez músicas do show. Quem duvida que vai vender como água no deserto?
Universal Records – 2005
Site Oficial: http://www.whitesnake.com

Under Blackpool Lights - The White Stripes

Gravado em janeiro de 2004, o DVD ‘Under Blackpool Lights’ registra a apresentação do The White Stripes na casa de shows The Express Ballroom Blackpool, em Londres (Inglaterra). O vídeo dirigido por Dick Carruthers foi lançado aqui no Brasil pela Sum Records e mostra uma apresentação triunfal da dupla americana natural de Detroit. Entretanto, não espere ver virtuosismo, efeitos de palco ou explosões; nada disso faz parte da proposta de Jack White e Meg White. O show deles busca a simplificação e a redução ao mínimo do emprego de recursos que possam desviar o foco da música.



Imagem

Com uma iluminação predominantemente escura e intercalada apenas por luzes brancas e vermelhas – cores que são uma verdadeira obsessão dos White – as imagens possuem um granulado proposital, às vezes estão fora de foco como se fossem feitas por câmeras amadoras. Felizmente essa impressão não é constante durante todo o show já que muitos ângulos diferentes foram usados e uma edição bem rápida, com cortes secos, foi bem utilizada.
Este primeiro DVD ao vivo do The White Stripes foi gravado durante a turnê de divulgação do CD comercialmente mais bem sucedido da dupla, o ‘Elephant, e traz 26 músicas incluindo material de seus discos anteriores, além de alguns momentos raros e inéditos. Dentre eles, estão os covers para ‘Jolene’, da cantora country Dolly Parton, lançado como b-side do single (vinil) ‘Hello Operator’, e ‘Outlaw Blues’ de Bob Dylan.
A performance da dupla é inspirada, conseguindo hipnotizar a platéia nos momentos mais intimistas - quando Jack senta ao piano ou dedilha o violão – ou nas canções mais pauladas, fazendo pular feito loucos os que lá estavam. Apesar de as atenções estarem voltadas para o guitarrista – merecidamente, uma vez que ele é a peça principal na engrenagem da banda, com uma presença de palco intensa e energética –, Meg demonstra carisma mesmo com sua maneira limitada e absurdamente simples de tocar bateria; algumas vezes parece que seu ‘irmão’ dá a deixa para ela entrar nas canções.
Mas não se engane, a dupla tem uma química perfeita no palco e como dito anteriormente envolve a audiência e os faz colaborar na execução de todas as faixas. O destaque fica por conta das canções ‘Black Math, ‘Dead Leaves And the Dirty Ground’, ‘Truth Doesn't Make A Noise’, 'You're Pretty Good Looking (For A Girl)', 'Hotel Yorba', 'Death Letter' e o hit ‘Seven Nation Army’.
Se o The White Stripes busca um certo minimalismo na parte visual, o mesmo não pode ser dito sobre a qualidade do áudio do DVD. Excelente é o mínimo que se pode dizer. O áudio está disponível na versão Dobly Digital 5.1 e DTS. Está última faz com que você se sinta literalmente no meio da platéia, ressaltando a interação com a banda.
A embalagem do DVD também merece elogios; no estilo digipack, coisa não muito comum nos títulos disponíveis no mercado, possui uma arte gráfica cuidadosamente despojada. Acompanha ainda o DVD um livreto contendo notas escritas por B. Blackwell sobre todas as faixas do show.
Para aqueles que não se preocupam com rótulos e gostam de um bom Rock & Roll este DVD é uma ótima indicação para constar na coleção.
Obs: para aqueles que curtem os Easter Eggs aqui vai a dica: no menu das músicas, vá até a vigésima primeira e depois clique 3 vezes no botão seta direita do controle.
DVD - tracklist
1. When I Hear My Name 
2. Black Math 
3. Dead Leaves And the Dirty Ground 
4. I Think I Smell a Rat 
5. Take a Whiff On Me 
6. Astro 
7. Outlaw Blues 
8. Jack The Ripper 
9. Jolene 
10. Hotel Yorba 
11. Death Letter 
12. Do 
13. The Hardest Button To button 
14. Truth Doesn't Make A Noise 
15. The Big Three Killed My Baby 
16. Wasting My Time 
17. You're Pretty Good Looking (For A Girl) 
18. Hello Operator 
19. Apple Blossom 
20. Ball and Biscuit 
21. Let's Shake Hands 
22. I Fought Piranhas 
23. Let's Build A Home 
24. Goin' Back To Memphis 
25. Seven Nation Army 
26. De Ballit of De Boll Weevil

A Quarta Fronteira: O Show - 4th Frontier

Por mais que tenham as suas raízes fincadas no underground, muitas bandas iniciantes ganham notoriedade pela ousadia dos seus primeiros passos. Os mineiros do 4TH FRONTIER, que soltaram o seu primeiro álbum recentemente, complementaram “A Quarta Fronteira” com um DVD. No repertório ao vivo, a apresentação do mesmo rock com um quê de metal melódico e música pop. O vídeo, que evidencia muita qualidade técnica, acaba pecando por um motivo muito grave.



Imagem

Com mais de quatro anos de estrada, a 4TH FRONTIER construiu o seu primeiro álbum, intitulado “A Quarta Fronteira”, que chegou recentemente às lojas. A banda, que investe em uma sonoridade rock n’ roll (mas com um contorno forte da música pop), acentuou ao vivo as influências de bandas EVANESCENCE e PARAMORE no seu repertório. As mesmas onze músicas encontradas no disco (uma ausência apenas) reaparecem no DVD sem o acréscimo de nenhuma novidade. O show, gravado no Musical Hall (em Belo Horizonte/MG) dois anos atrás, poderia incluir outros atrativos, além do conteúdo extra, para complementar a curta performance da banda, de menos de uma hora. Porém, é inegável que Mila Amorim (vocal), Daniel Christian (guitarra), Eder Monteiro (baixo) e Fabio Lebran (bateria) se esforçaram para proporcionar uma boa impressão sobre o palco.
As mesmas considerações feitas sobre as composições da banda em estúdio podem ser repetidas aqui. A abertura do show, diferente do track-list do álbum, abre com a intensidade marcante de “Fantasmas”, faixa que mostra maisqualidade que as suas sucessoras “Algemas” e “A Quarta Fronteira”. Embora saliente as mesmas virtudes e os mesmos pecados do registro fonográfico, “A Quarta Fronteira: O Show” é certamente uma produção certeira da 4TH FRONTIER, pelo menos visualmente. A imagem captada é muito boa e a edição não comete nenhum deslize. No entanto, Mila Amorim & Cia. se mostram um pouco desconfortáveis em cima do palco. O telão e a iluminação são detalhes perfeitos, mas a performance do quarteto mineiro é demasiadamente engessada, com exceção da cantora, que vai de um lado para o outro do início ao fim do show.
Em razão disso, a atuação do grupo pode parecer monótona em diversos momentos. Por outro lado, a banda cometeu um erro imperdoável no quesito sonoro. Embora o repertório da 4TH FRONTIER soe com muita nitidez, claramente o que vemos no DVD é uma espécie de um imenso videoclipe. Em momento algum o som reproduzido é o executado ao vivo. O áudio completo – sem nenhuma exceção – foi registrado em estúdio e colocado por cima da performance da banda na mixagem. Em nenhum momento se escuta a participação da plateia, tampouco a naturalidade da voz de Mila Amorim e as palhetadas de Daniel Christian. O registro, que seria uma ótima oportunidade para se comprovar a competência da banda em cena, acaba se destacando negativamente pela sua artificialidade.
Na sequência, a execução de “Destino” não deve atrair muitos olhares, mas “Insanidade” mostra um quê de criatividade por parte da 4TH FRONTIER. Na ordem, a cadenciada “Em Busca do Amor” mostra muito bem que as referências do pop/rock funcionam quando aliadas a uma intensidade emotiva. Por outro lado, o início de “Visão Digital” mostra claramente a colagem que foi feita no DVD. Os primeiros riffs da música aparecem ainda no momento que Daniel Christian está plugando o cabo em seu instrumento. Por fim, “Domínio” – a música mais interessante de “A Quarta Fronteira” – praticamente encerra o show. A ausência de comunicação com o público retirou a naturalidade que uma performance ao vivo deve proporcionar. Infelizmente.
Como complemento, a 4TH FRONTIER incluiu um making-of com imagens da banda em ensaios e no camarim, momentos antes de subir ao palco do Music Hall. Certamente, os extras correspondem aos dez minutos mais valiosos do DVD, porque é apenas durante o material adicional que vemos o quarteto mineiro atuando de verdade. Por incrível que possa parecer, a dublagem não foi utilizada para mascarar nenhuma inexperiência. A banda é técnica e mostra qualidades evidentes quando é exigida.
Não há como questionar o contrário. As bandas que conseguem produzir um DVD independente estão dando um grande e ambicioso passo. Porém, qualquer grupo – com maior ou menor bagagem de estrada – sabe que um show ao vivo obviamente precisa ser ao vivo. Por mais que possua as intenções mais nobres, o caráter artificial de “A Quarta Fronteira: O Show” impossibilita que a apresentação possa ser apreciada como deveria. No quesito musical – como comentado na resenha do disco de estúdio – a banda ainda precisa amadurecer as suas ideias. Por mais que isso não represente um deslize, as falhas encontradas no quesito ao vivo colocam o DVD inteiro por água abaixo.
Track-list:
01. Abertura
02. Fantasmas
03. Algemas
04. A Quarta Fronteira
05. Destino
06. Insanidade
07. Em Busca do Amor
08. Visão Digital
09. Fim da Estação
10. Novo Começo
11. Domínio
12. Veloz

Obsidian Redemption - Engines of Torture

Após o auge em meados dos anos 90, o Death Metal passou um período de alguns anos onde um tanto quanto relegado ao underground, quase que morto, mas como esses eventos no Metal são periódicos, o estilo volta a estar em alta, trazendo bandas com revoluções interessantes, e outras que seguem a velha cartilha, sem inovar, mas ao mesmo, com trabalhos dignos de nota e menção honrosa, caso em que se enquadra o ENGINES OF TORTURE, que chega até nós com seu primeiro testemunho em CD, o EP ‘Obsidian Redemption’, que é uma verdadeira ceia de Death Metal bruto, rápido, cheio de agressividade e sem muita frescura, mas com trabalho musical notável, em algo similar ao trabalho de nomes como NILE, MONSTROSITY, MALEVOLENT CREATION, DISMEMBER e outros da mesma linha.



Imagem

A arte é bem trabalhada e extrema em vários aspectos, mas bem feita, e no tocante ao aspecto musical, a produção está muito boa, em um nível digno de nota, pois amusicalidade da banda saindo pelos falantes é bem clara e compreensível ao ouvinte.
O CD abre com uma introdução, ‘Black Plague’, de deixar os cabelos em pé, para depois vir ‘Heretic’s Fork’, bem agressiva, rápida e brutal, com um vocal à lá Jorg Fisher, com ótimas levadas de bateria e guitarras ríspidas, e ‘Shaped in Hate’ segue a mesma linha, apesar de iniciar um pouco mais cadenciada. Seguindo, temos a faixa-título, com base baixo/bateria dando um show nas variações de andamento, e fechando, ‘Deadlands’, bem variada, apesar da rapidez quase constante.
Boa banda, que se souber manter o pique e evoluir na medida certa, promete.
Imagem
Formação:
Vinícius Freitas (Blacklothus) – Vocais
Wederson Felix – Guitarras
Felipe Cabral – Guitarras
Thiago Barbosa – Baixo
Sílvio Rocha – Bateria

Tracklist:
1. Black Plague
2. Heretic’s Fork
3. Shaped in Hate
4. Obsidian Redemption
5. Deadlands

Contatos:
enginesoftortureband@gmail.com
enginesoftorture@hotmail.com

Under Cover - Skull and Bones

Embora tenha mostrado muita ousadia no disco “Skeletons Exhmuned”, o multi-instrumentista e vocalista Carlos Fernando “Spartacus” Silva não conseguiu construir um repertório razoavelmente consistente na sua segunda empreitada solo. De qualquer forma, a persistência do músico é ainda mais evidente no novo “Under Cover”, uma corajosa coletânea de releituras dos clássicos do metal. O resultado obtido pelo SKULL AND BONES está mais uma vez muito longe de convencer até mesmo os headbangers mais assíduos.



Imagem

Com músicas extremamente bem selecionadas para uma coletânea como essa, o novo disco de Spartacus esbarra novamente em falhas de execução e em conceitos pessimamente definidos. De um lado da história, as composições próprias do SKULL AND BONES são quase sempre sofríveis e carecem de um cuidado maior, como comprovou “Skeletons Exhumed”. De outro, a releitura que Spartacus faz de clássicos do metal em “Under Cover” mostra como a ausência de um estúdio qualificado e de uma banda consistente compromete a sonoridade de suas versões, nitidamente honestas. Não há nada que possa ser destacado como interessante na obra do multi-instrumentista gaúcho. Infelizmente.
A versão de “Where Eagles Dare” (IRON MAIDEN) – que serve como abertura do disco – é um claro exemplo das limitações técnicas do projeto SKULL AND BONES. Embora os riffs de guitarra remetam ao disco “Piece of Mind” (1983) com certa naturalidade, a bateria eletrônica e a performance de Spartacus como vocalista fazem com que a faixa soe muito artificial e extremamente desprezível, especialmente para quem se acostumou com atuação de BRUCE DICKINSON por décadas. Por mais que os headbangers se esforcem para encontrar um pouco de inspiração em “Under Cover”, as oito faixas claramente traduzem o modo caseiro em que foram construídas em estúdio. “Black Diamond”, doSTRATOVARIUS, mesmo que conte com linhas de guitarra que não fazem feio, é prejudicada pela precariedade da gravação e pela falta de desenvoltura de Spartacus como cantor.
Na sequência, “Take Hold of the Flame” (QUEENSRYCHE) e “Number One” (HELLOWEEN) deixam mais claro do que nunca como a ausência de um vocalista competente torna o trabalho do SKULL AND BONES desprezível. A performance de Spartacus é muito limitada e não possui a mínima chance de atingir os mesmos tons que Geoff Tate e Michael Kiske atingiram no passado. Pelo contrário, a sua desenvoltura pode ser caracterizada como corajosa ao tentar se igualar a duas das maiores referências do metal mundial. De qualquer modo, “Number One” até poderia atingir um resultado mais satisfatório se não esbarrasse na artificialidade proporcionada pela bateria eletrônica (chega a soar como um arquivo midi com a voz de Spartacus por cima).
No entanto, nada consegue aparentar tanto despreparo técnico do que a versão assinada para “Over and Over”, do BLACK SABBATH. A música, que conta originalmente com a voz de RONNIE JAMES DIO, peca muito pela escolha equivocada dos timbres de guitarra e pela bateria eletrônica, certamente o maior vilão de toda a obra (e talvez da carreira da banda). Não há como ouvir a faixa até o fim, em razão da desconfiguração sonora promovida pelo SKULL AND BONES. Do mesmo modo, “Diamond and Rust” – imortalizada pelo JUDAS PRIEST – está extremamente muito aquém do esperado. Como era de se esperar, Spartacus tampouco consegue dar uma cara aceitável para “Balls to the Walls” (ACCEPT) e “Babe I’m Gonne LEAVE YOU”, que ficou conhecida através do LED ZEPPELIN décadas atrás.
De qualquer modo, é importante que se diga que todas as músicas foram licenciadas para estarem em “Under Cover” (ponto para o profissionalismo) e que a parte gráfica foi muito bem pensada. A ausência de um encarte – como o de “Skeletons Exhumed”, por exemplo – impossibilita que “Under Cover” seja considerado efetivamente um álbum. Entretanto, são as falhas em estúdio e os equívocos técnicos que marcam essa coletânea em quase quarenta minutos de música. Não há nenhuma chance de o SKULL AND BONES conquistar certo prestígio no underground – e claramente no exterior – sem repensar todos os conceitos que cercam a banda.
Track-list:
01. Where Eagles Dare (Iron Maiden)
02. Black Diamond (Stratovarius)
03. Take Hold of the Flame (Queensryche)
04. Number One (Helloween)
05. Over and Over (Black Sabbath)
06. Diamonds and Rust (Judas Priest)
07. Balls to the Wall (Accept)
08. Babe I’m Gonna Leave You (Led Zeppelin)

Surra - Trepanator

A banda Soteropolitana Trepanator lança sua primeira promo, gravada entre 2009 e 2010, onde destila em 3 faixas um Thrash Metal direto, veloz, com toques de Crossover, inspirado pela sonoridade dos anos 80.



Imagem

A primeira faixa, que leva o titulo do material, ‘Surra’, é rápida e avalassadora, speed metal em português, com um refrão bem instigante, mas com um ótimo trecho cadenciado no meio da música. A segunda faixa, ‘Fígado’, também cantada no idioma de Camões não deixa por menos em termo de violência evelocidade, onde mais uma vez temos um belo refrão, do tipo para se entoar com os punhos para o ar. E também se deve falar em que mais uma vez temos uma quebrada de tempo no meio da música com um breve, mas belo solo.
Encerrando a promo, temos a única faixa cantada em inglês, ‘Trepanator’, veloz e agressiva, com uma pegada bem crossover, principalmente na voz de Gil, sendo esta a minha favorita do material.
Uma maior atenção na hora de mixar evitaria o som por deveras agudo, principalmente nos pratos que em certos momentos ficam com um chiado forte. Outra observação na capa, que por sinal ficou bacana, é que o titulo do CD está desproporcional, muito pequeno. Mas a banda está parabéns, e o material deve ser adquirido pelos fans do estilo mas também por quem simplesmente curte o bom e velho Metal, independente de estilos e subgêneros!
Trepanator é:
Gil Ferreira - Vocal
Valter Musael - Guitarra
Alan Botehlho - Guitarra
Adriano Veiga - Baixo
Danilo Baptista - Batera

contatos: trepanatorthrash@hotmail.com

Nightwish: “Sou ambicioso e louco”, diz Tuomas Holopainen


Tuomas Holopainen, tecladista e fundador da banda NIGHTWISH, concedeu uma entrevista junto a Stobe Harju - Diretor de “Imaginarium” filme que está sendo produzido pela banda – a Mape Ollila, autor da biografia oficial do NIGHTWISH, “Once upon a Nightwish”. A entrevista foi para o site finlandês Imperiumi. Tuomas e Stobe contam sobre a produção do Filme e como a música do NIGHTWISH estará presente no projeto. A seguir alguns trechos:
A mesma velha canção familiar: Nightwish fará o disco mais caro de todos na Finlândia. O CD e o filme, ambos levando o nome de “Imaginarium”, são como ouvimos antes de Tuomas Holopainen “o projeto mais ambicioso já feito na música finlandesa”.
De acordo com Tuomas a idéia de fazer “Imaginarium” nasceu quando "Dark Passion Play" terminou na primavera de 2007. Até aquele momento não havia nenhuma música feita para “Imaginarium”, mas Holopainen já estava pensando sobre isso, qual seria o próximo passo natural no caminho do Nightwish? Como sabemos do entusiasmo da vida do Tuomas pelo cinema, um filme realmente não seria nenhuma surpresa para ninguém.
- Com o Nightwish tudo já foi feito, temos crescido tanto que não haverá muita coisa nova para alcançar por esse caminho. Comecei a pensar qual poderia ser nossa coisa, uma coisa que também possa trazer algo novo em nosso conceito. Eu tive esse momento de “esclarecimento”, como por que não vamos ter outra dimensão em uso: a imagem. Nossa música sempre foi cinematográfica, então vamos concretizá-la agora. Comecei criando uma trilha sonora para um filme que poderia vir a ser lançado um dia. Sou ambicioso e louco, quero fazer algo que nunca foi feito antes. Mesmo que os BeatlesPink Floyd e Lordi tenham feito filmes ligados a música deles, ainda estamos prestes a fazer algo inovador, que é antes invisível e inaudível.
- Desde o início, eu tinha isso claramente em minha mente, que se o filme alguma vez tornasse real, seria Stobe Harju que dirigiria. Eu estava convencido sobre isso juntamente com o vídeo feito de “The Islander” e, portanto eu sabia que era possível fazer essa qualidade na Finlândia, que as minhas visões para “Imaginarium” se tornariam reais.
Tuomas disse aos seus colegas da banda sobre sua idéia em torno do ano novo de 2007/2008. Foi recebido com entusiasmo, mas logo após os primeiros momentos intensos a realidade bateu em seu rosto em forma de perguntas sobre como financiar esse grande projeto. Os últimos euros necessários foram confirmados no ‘cofre’ apenas semana passada. Só então começou a campanha promocional desse grande projeto.
Todas as partes do fundo virão, como para os dois últimos álbuns, da própria banda.
- Nós começamos com a mentalidade de que se formos capazes de obter nossos investimentos de volta, nós estaremos mais que felizes. É muito reconfortante e agradável quando os colegas da banda acreditam tanto no projeto que eles concordam em investir nele financeiramente.
Para ler a entrevista completa acesse o link abaixo:

Recentemente a vocalista do NIGHTWISH, Anette Olzon, escreveu em seu blog que o baixista da banda, Marco Hietala, já gravou os vocais de duas músicas para o novo álbum Imaginarium e que ela começará a gravar no dia 4 de abril.
Para ler o post completo do blog acesse o link abaixo:
Fonte desta matéria: The Escapists