10 de março de 2011

No Ritmo da Vida(The Boys from County Clare)







Sinopse
Uma competição de música irlandesa tradicional atrai os melhores músicos da Irlanda. Os dois principais rivais nessa disputa são John Joe (Bernard Hill) - que, com sua banda, interpreta temas folclóricos e representa o condado de Clare - e Jimmy (Colin Meaney). O detalhe é que, não bastando, os dois líderes são irmão que não se falam há muito tempo.

nformações Técnicas
Título no Brasil:  No Ritmo da Vida
Título Original:  The Boys from County Clare
País de Origem:  Irlanda / Reino Unido / Alemanha
Gênero:  Comédia
Tempo de Duração: 90 minutos
Ano de Lançamento:  2003
Site Oficial: 
Estúdio/Distrib.:  Casablanca Filmes
Direção:  John Irvin

Elenco
Bernard Hill .... John Joe
Charlotte Bradley .... Maisie
Andrea Corr .... Anne
Stephen Brennan .... Miko
Eamonn Owens .... Pat
Malachy Bourke .... Ben
Brendan O'Hare .... Brendan
Leslie Bingham .... Leslie
Colm Meaney .... Jimmy
Shaun Evans .... Teddy
Phil Barantini .... Alex
Frank Twomey .... Roger
Emmet Kirwen .... Clive
Noel Bridgeman .... Johnny
Russell Smith .... Terry 

Parte 05 - Stonemania - O Primeiro Ano


Embora ficassem atordoados com as coisas ruins que liam, Andrew adorou a controvérsia e fez questão de dar mais gás para o assunto. Sua lógica era de que controvérsia vendia jornais e os jornais venderiam os Stones, portanto quanto mais controvérsia gerassem para os adultos, mais os seus filhos iriam adorá-los. Andrew instruiu a banda, principalmente Brian e Mick, os homens de frente, a não serem corteses com os jornalistas e a jogada promocional se mostrou extremamente funcional.
Pat Andrews - Ano 2000
Pat Andrews - Ano 2000

Pat e Julian, então com dois anos, aparecem no backstage em uma das apresentações da banda e Brian não resiste em ficar brincando com seu filho, apresentando-o a todos. Ele é chamado atenção severamente por Andrew, que acusa sua atitude de ferir a imagem de um roqueiro durão. Ele não poderia mais divulgar que era um pai. Tinha que se mostrar "disponível" para as fãs. Esta era a imagem! Brian mesmo a contragosto, obedece.
Jogando Com a Publicidade
São os primeiros a abandonar os terninhos para as apresentações, tradição tão enraizada no "business" nos dois lados do Atlântico, que deixou até Andrew preocupado se seria boa idéia ou não quebrar. Mas a jogada promocional mais famosa foi um artigo intitulado "Você Deixaria Sua Filha Casar Com Um Rolling Stone?" que serviu para reforçar a imagem de uma banda com membros rebeldes e perigosos, deixando apavorados os pais de todo o Reino Unido. Esse artigo os promoveria para a categoria de 'oficialmente' perigosos e ajudaria a inflar o chamado 'generation gap' (vácuo entre gerações) que separava o gosto dos jovens do gosto dos seus pais. Oldham diria que "os Beatles fazem músicas que até adultos gostam" como que para acirrar ainda mais a rixa que foi rapidamente assimilada pela imprensa e os fãs. De fato, se a estratégia dos Beatles era de serem encantadores, a dos Rolling Stones era a de serem vistos como repulsivos. Quanto mais a geração adulta falava mal dos Stones, mais ajudavam sua popularidade perante os jovens.
As coisas começam a acontecer rapidamente para a banda, uma atrás da outra. Sessões de fotos para publicidade, organização de um fã clube oficial e muitas apresentações ao vivo. Com a banda abandonando a idéia de qualquer tipo de uniformização, Oldham descobre que Brian, Keith e Mick não são facilmente controláveis. A essa altura, estão tocando praticamente toda noite indo de um lado a outra no van do Stu. Começaram a se apresentar cada vez mais fora de Londres em salões maiores onde vez por outra começavam brigas por causa dos cabelos compridos.
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Lembrando que a estética aceitável para o comprimento dos cabelos masculinos era até a altura das orelhas, ter o cabelo ultrapassando este limite era considerado de mau gosto. Os Beatles abriram esta porta aos olhos do público, e os Stones seguiram a tendência cobrindo totalmente as orelhas com cabelo. Bill Wyman conta que além das reclamações que ouvia no seu trabalho formal, voltando para casa de condução, encontrava os olhares de reprovação do povo. Vez por outra, teve que ouvir comentários do tipo "Não deveria ser permitido gente assim em lugares públicos." Wyman que sempre cresceu em áreas difíceis, embora prefira a paz, é um sujeito que não deixa barato. "Eu sou pago para estar assim, qual é a sua desculpa?" Com o pique de atividade que são obrigados a manter e com o futuro lhe parecendo extremamente promissor, Bill Wyman larga seu emprego formal e compra um baixo novo, pagando algo a vista pela primeira vez na vida. Stu e Charlie também não agüentam o ritmo da jornada dupla e seguem o exemplo de Bill. Só Mick Jagger continuaria seus estudos até final de setembro quando toma coragem para também largar sua faculdade, tornando-se um Rolling Stone em tempo integral.
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O publico que era de 300 a noite já está chegando a 800 por noite. Pela quantidade de pessoas que os Rolling Stones estão atraindo, suas apresentações não cabem mais em clubes e passam a ser vistos praticamente só em teatros espaçosos. Por volta do início de agosto, as constantes idas e vindas de van por toda Inglaterra começam a afetar a saúde de Brian. Ele é alérgico a diversos tipos de remédios comuns e ao tomar medicação imprópria, tem uma reação violenta a ponto de sua pele começar a descascar. Diferentes tipos de problemas, todos relacionados com sua saúde, o fariam perder diversos shows em ocasiões diferentes. Nestas noites, a banda tocaria com Ian Stewart ao piano.
Um dos mais significativos shows que fizeram foi no Richmond Jazz Festival. A rixa entre o pessoal elitista do jazz contra o pessoal do rock ainda existia mas mesmo assim Giorgio Gomelsky conseguiria colocá-los entre as atrações. Uma banda de rhythm & blues tocando em um festival exclusivamente dedicado ao jazz foi em si, uma quebra de tradição. Porém no dia 11 de Agosto, ao abrir os portões, haviam 1.500 pessoas só para ver os Stones. Os organizadores do festival tiveram que relocar a banda para a tenda principal, impressionados com a recepção que receberam. A partir desta, as bandas de rhythm & blues passam a ter mais acesso a festivais como este e a organização muda até o nome do evento para The Richmond Jazz And Blues Festival, mostrando assim, a nova mentalidade.
Easton Cuida Das Financias
Com tantas apresentações e viagens para lhe manter ocupado, Easton tira das mãos de Brian toda a parte financeira e o dinheiro passa a somar uma média de £193 para cada um, por semana. Uma soma muito maior que um emprego ortodoxo, como por exemplo um operário, traria para casa. Mais tarde descobriu-se que Brian teria um acordo secreto com Easton de receber mais £5 pelo fato de ser o líder do grupo. Existem relatos de Brian exigindo os melhores quartos em hotéis, especificamente melhores do que o do resto da banda, para marcar o fato que ele é o líder. Outras historias contam que em uma conversa reservada com Easton, ele comentaria que a voz do Jagger era fraca e que não haveria problemas se a direção (Easton e Oldham) quisesse substitui-lo. Essas e outras atitudes mais arrogantes, típicas ilusões de grandeza, o distanciaria dos demais e seu respeito dentro da banda como líder começava a extinguir.
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Eric Easton arrumara um acordo com a Vox, firma que fazia amplificadores e instrumentos. A Vox forneceria um set de equipamentos para a banda em troca da publicidade. Entre o material, está a guitarra modelo "Teardrop" feito especialmente para Brian Jones.
Passados alguns dias, a banda grava no Hampstead Studio, "Fortune Teller" e "Poison Ivy" para o segundo compacto. Todos ficaram bastante satisfeitos desta vez, embora permanecera uma dúvida se essa seria mesmo a melhor música para deslanchar de vez a banda nas paradas. A Decca entrou em produção e a uma semana da data de lançamento, a banda decidiu segurar o compacto em prol de outro. Apenas não sabiam ainda qual.
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Giorgio novamente arrumou outro show para a banda, em que eles tocaram para 800 pessoas. Algumas pessoas que trabalhavam para a TV estavam lá, procurando rapazes e moças que dançavam bem para participar de um programa jovem. Eles acabaram ficando impressionados com a banda. Um convite aos Stones foi feito, e no dia 26 de Agosto tocaram ao vivo no programa "Ready, Steady Go!", com Jagger pulando no palco e as meninas ficando histéricas na platéia. Jagger já evoluíra em muito seu pique de palco, se mexendo e tentando estimular excitação ao público que o assistia, através da música. Pessoas por todo Reino Unido que nunca tiveram a oportunidade de vê-los ou sequer tinham ouvido falar no nome Rolling Stones, ficaram conhecendo a banda. Cartas e mais cartas inundaram a sede da TV, a grande maioria de jovens elogiando a atração e algumas de país se queixando do mau gosto da programação. Em pouco tempo a banda voltaria seguidamente.
Em Setembro pediram as chaves do apartamento em Edith Grove. Brian então foi morar com Linda Lawrence na casa dos pais dela em Windsor. Keith e Mick passaram a morar juntos na Mapesbury Road em Hampstead. Pouco depois Andrew se mudou para lá. Quando Chrissy Shrimpton fez 18 anos, passou a trabalhar como secretaria na Decca e também foi morar em Hampstead com Mick. Essas mudanças de endereços teriam maiores repercussões dentro da estrutura da banda no futuro.
O Proximo Compacto
Decca exerce pressão exigindo material para o novo compacto, mas os rapazes não conseguiam escolher uma canção adequada dentro das várias do repertório. Foi quando por um acaso, Andrew descendo a Jermyn Street a pé, vê um taxi encostando. "Olá Andrew; entre." Era Paul McCartney acompanhado de John Lennon que vinham de um outro compromisso. Como já se conheciam dos tempos em que Andrew trabalhava para Brian Epstein, ele foi logo contando a situação delicada em que os Stones se encontravam em relação ao seu próximo lançamento fonográfico. Paul então oferece "I Wanna Be Your Man" que ele havia começado a escrever pensando em um número para seu baterista Ringo Starr cantar. O taxi então desvia para o Studio 51, onde a banda ensaiava e prontamente ofereceram a canção. "A letra só tem o refrão" disse John, "mas se vocês gostarem da música, terminamos ela agora mesmo". Com John na guitarra e Paul, usando o baixo do Wyman, ensinam a música e cantam o refrão. Sendo canhoto, Paul teve que tocar o instrumento ao contrario, exercendo a difícil tarefa com perfeição, para o espanto de Wyman. Após ouvirem a canção, Brian diz que gostou e então todos concordaram que era uma ótima canção. John e Paul foram então para uma sala ao lado para terminá-la e cinco minutos depois estavam de volta. "Esqueceram algo?" perguntou Bill, "Querem um violão para ajudar?" "Não, está pronta."
Lennon e McCartney
Lennon e McCartney

Logo que Lennon e McCartney deixam o recinto, os Stones começaram a mexer na música para enquadra-la mais ao seu som. Brian tocando slide guitar deu outra sonoridade e todos ficaram satisfeitos. No De La Lane Studio, no dia 7 de Outubro, a banda parte para gravar finalmente o seu segundo compacto. Brian abandona a idéia original do slide tradicional, em prol do uso de um gargalo de garrafa na guitarra, o que deu um som totalmente novo dentro da concepção que os Stones tinham da música um mês antes. Esta inclusive é a primeira vez que se grava o chamado 'bottle neck guitar' (guitarra com gargalo de garrafa) no Reino Unido. Como sobrou pouco tempo de estúdio para gravar o lado B, inventaram um tema na hora, fortemente inspirado em "Green Onions" de Booker T. & The MG's. A canção foi batizada "Stoned". Como Andrew estava na França, o disco foi produzido competentemente por Eric Easton.
A Primeira Excursão
Embarcaram então para uma grande excursão abrindo para Bo Diddley e The Everly Brothers. Mas antes da excursão começar, Bo Diddley teve uma apresentação na rádio BBC, no programa "Saturday Club" com Charlie, Bill e Brian tocando como sua banda. Bo e os rapazes se deram muito bem e o som agradou tanto que um convite para excursionar a Europa como sua banda de apoio teve que ser gentilmente recusado. Mas o convite em si serviu para afagar os egos dos três. Stu compra uma van nova, tipo Kombi especialmente para estrear a excursão. Perto da metade da tour, Little Richard se juntou à troupe, reerguendo sua carreira mais uma vez. Durante o evento, os Stones ficavam assistindo nas coxias às apresentações de Diddley e Richard e procuraram aprender. Toda a excursão foi um grande aprendizado para a banda e preparou-os para o que viria a ser a rotina de seu futuro. Bo Diddley também gostou de assistir o show dos Stones e quando perguntaram o que ele achou da banda, Bo como sempre, foi claro "Esse Brian Jones toca muito bem slide guitar. Ele não está de brincadeira e é ele quem puxa sua banda para cima. É a única pessoa que conheço que consegue tirar o meu som direito."
Don & Phil Everly
Don & Phil Everly

Os Everly Brothers tiveram dificuldade para se manterem como atrações principais, tendo grande parte do publico deixando o recinto antes deles subirem ao palco. A excursão durou quase dois meses com trinta shows em sessenta noites, a maior turnê dos Stones até então. Quando tocaram em Cheltenham, Brian procura novamente Pat Andrews e lhe oferece recursos financeiros regulares para as necessidades de Julian.
A era das groupies começava a aparecer, com os rapazes dormindo com uma menina nova a cada noite. Brian como sempre, um faminto sexual, trouxe até uma menina com ele na van, trepando com ela sentado entre os rapazes, durante o caminho da volta para casa. Morando na casa dos país de Linda Lawrence, sua atual namorada, simplesmente abandonou a menina com Bill, Charlie e Stu na van. Ela sem dinheiro, acabou hospede da família Wyman aquela noite e Diana, esposa do Bill, teve que engolir as explicações e juras de inocência do marido.
I Wanna Be Your Man/Stoned foi lançado em novembro de 1963, na semana em que os Beatles tocariam para a rainha; outra ótima jogada de marketing para o compacto e mais um acerto calculado previamente por Andrew. Muita gente comprou por se tratar de uma música da dupla Lennon-McCartney. A imprensa especializada, que falou muito bem do compacto, ficou satisfeita que os Stones finalmente lançassem algo mais perto do seu som ao vivo. Outros criticaram o acabamento da gravação, queixando que as guitarras acabaram mixadas mais alto do que as vozes. Mas no geral, a impressão da maioria é favorável aos Stones.
Andrew apresentaria Mick e Keith a Gene Pitney, um cantor e compositor americano radicado na Inglaterra, cuja carreira Oldham pretendia cuidar. Os três fizeram uma certa amizade e mostraram sua primeira composição como dupla: "My Only Girl". Gene quis gravá-la mudando antes a estrutura para uma balada, mais ao seu estilo. Depois, ao lado de Jagger & Richards, alterou a letra que passou a se chamar "That Girl Belongs To Yesterday". Seriam estes os primeiros passos, para a longa carreira de compositores que a dupla passaria a ter.
Andrew e Sua Liderança
A mudança de Andrew Oldham para Mapesbury Road não é por acaso e sua repercussão mudaria muita coisa dentro da historia da banda. Além da velada paixão platônica que Andrew tinha por Mick, existia na mudança um envolvimento relacionado a negócios e dinheiro. Andrew tinha a necessidade de ter controle sobre seus artistas e Brian, Keith e Mick morando juntos, eram demasiadamente unidos. Com a saída de Brian da casa, Andrew entrou e investiu em duas frentes. Primeiro, convencendo Mick e Keith a escreverem suas próprias canções, conscientizando os dois que a suas carreiras não teriam longevidade se ficassem só trabalhando com canções obscuras. Afinal, quantas canções obscuras existem para serem descobertas? A atitude de Jagger sempre foi a de que um inglês não pode escrever rhythm & blues sem parecer falso, porque se trata de uma música essencialmente negra e americana, duas coisas que eles não são. Alem do mais, eles são interpretes e não compositores. Depois de ver quão fácil John Lennon e Paul McCartney escreviam suas canções, suas convicções começaram a minguar. A atitude de Keith foi mais nos moldes de "já que é assim, vamos escrever como um duo e rachar a grana dos direitos autorais." Andrew certa vez, literalmente trancou os dois dentro da cozinha só permitindo que saíssem quando tivessem uma canção apresentável. Saíram de lá com "My Only Girl".
Brian Jones
Brian Jones

A segunda frente era plantar a semente de discórdia entre os dois e Brian. A razão de ser desta atitude não é gratuita. Andrew sabe que Brian é um purista e que jamais se sentiria confortável abandonando sua integridade musical. De fato, Brian já dava sinais de desconforto em relação a algumas das músicas mais acessíveis do novo repertório da banda. Mas dentro dele revolve um pequeno duelo entre seu amor e seriedade em relação ao verdadeiro blues, e o sabor inebriante do estrelato. Brian sendo a cabeça musical dos Rolling Stones, não pensava comercialmente. É portanto um obstáculo a ser vencido por Andrew para ele poder criar, dento da banda, uma máquina de hits que garantiria sucesso comercial. Em outras palavras: dinheiro no seu bolso. A banda começa a se dividir com Andrew, Mick e Keith de um lado e Brian, Bill e Charlie do outro.
Os Rolling Stones foi uma das bandas que mais se apresentaram ao vivo em 1963. Se individualmente seus membros tinham pouco em comum, viajar e tocar extensivamente em excursões uniu todos. Ao final do ano, já estava ficando difícil andarem livremente pela cidade sem ser incomodados por fãs pedindo autógrafos. Em pelo menos duas apresentações de fim de ano, a banda que abre para eles era The Detours que tinha em seu guitarrista, um nome que ainda viria a ser conhecido, Pete Townshend. É em uma dessas apresentações que Pete assiste Keith Richards girar o braço em 360º ao tocar, ainda esquentando, backstage. Acha incrivelmente interessante e em tempo passa a imita-lo, iniciando assim um estilo para sempre ligado a sua imagem. Anos depois Pete descobre através do próprio Keith que este sequer recorda de ter feito o chamado "estilo hélice" alguma vez. Quanto ao primeiro natal depois de se tornarem um sucesso, Keith com muita satisfação comenta, "Neste natal, sou eu quem vai distribuir os presentes lá em casa." Linda Lawrence descobre que está gravida e Brian novamente vai ser pai. Tentam um aborto mas o médico se recusa a fazer a operação.
Stonemania
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O ano de 1964 não altera a rotina de shows, shows e mais shows. Diferente do ano anterior, a banda já está mais ambientada no estúdio e com o processo de gravação. A cada nova canção da dupla Jagger-Richards que é registrado e recebe elogios, pior fica o complexo de inferioridade de Brian. Os únicos a serem incentivados a compor eram Mick e Keith. De inicio, Brian ainda se aventurou a mostrar um poema aos dois, sendo recebido com um "Você não sabe escrever Brian!" Sem aprovação ou incentivo de ninguém da banda, Brian timidamente se cala e guarda sua poesia para si e para sua namorada. Linda, sendo uma das poucas pessoas a ler ou ouvir alguma coisa composta por Brian, descreve suas letras como espiritualmente românticas, falando do seus sentimentos.
É lançado Not Fade Away/Little By Little, clássico de Buddy Holly que recria uma versão branca do ritmo de Bo Diddley. A versão dos Stones, bem mais negra, se torna o primeiro compacto da banda na América. Cria-se um interesse no público americano em conhecer os Stones, e a canção vai direto a No. 3 no Reino Unido, o primeiro compacto dos Stones a ir tão longe, tão rápido. Este fato faz a diretoria da Decca solicitar um LP. Paralelamente iniciam-se conversações para a primeira excursão americana. A cada show, as loucuras do público pioram e cada vez mais policiais em maior quantidade são exigidos.
Stu e seu assistente Spike desmontando equipamento após outro show
Stu e seu assistente Spike desmontando equipamento após outro show

Em diversas ocasiões são obrigados a entrarem nos teatros vindo dos fundos, tendo que pular um muro atrás ou ao lado do local. Isto, quando não precisam também entrar através de uma janela lateral, pois todas as entradas convencionais estão tomados por pessoas. Durante os shows, mulheres na frente são esmagadas pelas mulheres atrás querendo chegar mais perto. Torna-se comum ver as meninas sendo levadas para fora e atrás do palco, deitadas pelos corredores adjacentes. Quando a banda termina o set, o teatro toca o hino nacional, tática com intuito de apaziguar os ânimos enquanto a banda foge. O set por sinal, era basicamente composta pelas canções "Talkin' Bout You", "Poison Ivy", "Walkin' The Dog", "Pretty Thing", "Cops And Robbers", "Jaguar And The Thunderbird", "Don't Lie To Me", "I Wanna Be Your Man", "Roll Over Beethoven", "You Better Move On", "Road Runner", "Route 66", "Bye-Bye Johnny" e "Not Fade Away".
Ao final do ano de 1963, Mick já tinha amadurecido todo seu estilo particular de se apresentar, deixando para trás aquele menino que só sabia sacudir a cabeça. Todo o sua espressão corporal canta com ele agora, e a reação do público, tanto feminino como em alguns casos, masculino, estão receptíveis para sua performance. Certa noite, ao iniciar "Not Fade Away", antes mesmo que Jagger começasse a cantar, a histeria foi tão grande que as meninas avançaram sobre o palco, todas ao mesmo tempo. Os rapazes largaram seus instrumentos e correram como se temendo pela vida. Charlie e Brian tiveram suas roupas rasgadas, Keith e Mick correndo mais rápido escapuliram ilesos. Stu ficou para trás aguardando uma oportunidade para recolher o equipamento.
Divisões e Exigências
Mick e Keith não viajam mais na van com o resto da banda. Vão geralmente ou no carro de Andrew ou no de Mick, uma vez que Keith não dirigia. Na van estão sempre Stu e Bill; Brian ocasionalmente indo no seu carro e dando carona a Charlie. Mick tornava-se cada vez mais comprometido com manter a imagem de mau da banda para a imprensa. Passou a exigir que Charlie deixasse os cabelos crescerem ainda mais, pois sua imagem mais parecia de um jazzista respeitável, como também exigiu que ele adiasse o seu casamento com Shirley, sua noiva. Nada para Mick era mais importante do que a carreira dos Rolling Stones. Charlie e Shirley acabaram casando sem que Mick e Andrew soubessem.
Em pé, Paul McCartney e Brian Epstein; sentados, Jimmy Phelge e Brian Jones
Em pé, Paul McCartney e Brian Epstein; sentados, Jimmy Phelge e Brian Jones

A dupla Jagger-Richard escreve outra canção, "Shang A Doo Lang" que não tiveram coragem de usar e passaram-na para a pequena Adrienne Posta. Adrienne é outra artista que Andrew produziu. Na festa de aniversario, comemorando seus 16 aninhos, Andrew e todos os Stones compareceram. Também na festa estavam os Beatles. Paul McCartney que a esta altura de sua vida, morava na casa da família Asher, estava tendo um acesso muito maior a cultura em um formato mais amplo. Levado pela sua namorada Jane Asher, ele passa a freqüentar galerias de arte, hobby que nunca cultivou em Liverpool, sua cidade natal. Fizeram amizades com um jovem dono de galeria chamado John Dunbar e o casal tomou a liberdade de convida-lo a festa. Dunbar compareceu acompanhado de sua namorada, a bela Marianne Faithful.
Marianne Faithful
Marianne Evelyn Faithful, nascida dia 29 de Dezembro 1946, aos 17 anos, era o típico exemplo de menina que para o trânsito quando passa. Ela conta que descende da aristocracia, uma vez que aparentemente sua mãe era uma baronesa na Áustria. Supostamente perderam o titulo e a fortuna durante a guerra e Marianne passou quase sua infância inteira longe dos pais, morando em uma escola dirigida por freiras chamada St. Joseph's Convent School. Na festa conversou com todos mas estava entediada com a conversa. Ela sonhava com gente de classe como seu namorado intelectual, não um bando de músicos agredindo a sociedade com seus cabelos compridos. Mick a desejava e encontrou dificuldades de esconder isso de Chrissy, presente ao seu lado.
Marianne Faithfull
Marianne Faithfull

Andrew também a desejava, mas para outros propósitos. Andrew viu que com seu rosto carismático, Marianne Faithfull facilmente faria o país apaixonar-se por ela. Sem ouvir uma nota sequer, queria criar uma carreira para ela como cantora. Conversou com Dunbar que não se opôs embora no fundo não tenha gostado da idéia. Mas Marianne nem levou a proposta em consideração de tão absurda que lhe pareceu. Andrew passou os próximos meses fazendo lobby em cima de Dunbar até convencerem Marianne a viajar até Londres nas próximas ferias escolares e assinar um contrato com ele.
Jagger escreveu "As Tears Go By" inspirado na sua beleza e não só ofereceu a canção para ela cantar, mas fez questão de assistir e participar de todo o processo da gravação. Marianne estava visivelmente desconfortável com a situação de ter Mick, Keith e Brian alternadamente dando convites indiretos para ela ir dormir com um deles. Dos três, o único que provocou seu libido foi Brian Jones, mas ela era apaixonada por John Dunbar e pouco depois da canção estourar nas rádios ela engravidou e casou. Sua gravidez não atrapalhou sua carreira mas as viagens para promover seus discos, aos poucos minavam seu casamento.
O Primeiro Álbum
Jagger compôs "Little By Little" em parceria com Phil Spector, que Andrew trouxe para conhecer e ajudar a produzir o primeiro álbum da banda. O disco, intitulado simplesmente de The Rolling Stones, encontrou as lojas em Abril e incluía basicamente covers de suas músicas favoritas. O compacto Not Fade Away/Little By Little que começou em terceiro lugar nas paradas inglesas em Fevereiro, chega a primeiro em Abril. Spector adorou a música dos Stones e excitou todos a irem tocar na América. "Eles vão adorar sua imagem de cabeludos." Bob Dylan após a sua excursão à Inglaterra também voltou pra casa alertando todos sobre quão bom e excitante eram esses Rolling Stones.
Mick e Chrissy
Mick e Chrissy

Após sua terceira excursão pelo Reino Unido, a banda saiu de ferias, cada um para um canto. Mick e Chrissy foram a Paris. Brian foi de carro para Escócia passar alguns dias. Ele se mudou definitivamente da casa dos pais de Linda em Windsor passando a morar em Belgravia, na Chester Street ao lado da aristocrática residência de Lady Dartmouth. Brian descobrira no mês anterior que outra namorada sua, Dawn Malloy, com quem ele vem saindo ocasionalmente desde o inicio do ano, está gravida e portanto, ele será pai novamente, pela quinta vez. Bill e sua família foram para o interior hospedados em um hotel em Lyndhurst. Charlie e Shirley foram para Gibraltar. Quando o casal não voltou a tempo dos primeiros gigs depois das férias, Brian procurou novamente pelo Carlo Little. Este não sendo encontrado, foi convidado então Micky Waller, que estava tocando com Marty Wilde (ex- Marty Wilde & the Wild Cats). Backstage, conhecem Jimmy Page.

A Gestação de Um Besouro - The Quarrymen - Parte 05

Quando os Beatles voltaram para Inglaterra em meados de julho, estavam prestes a se tornar a banda mais popular de Liverpool e arredores, muito graças a ajuda de Bill Harry e seu jornal "The Mersey Beat" que começa a ser publicado, com sua primeira edição sendo lançada dia 6 de julho de 1961. Bill Harry, amigo de Stu e John ainda em Art College, seria outro nome que surgiria em um momento decisivo na carreira da banda. Seu jornal, tratando somente sobre a cena musical de Liverpool, ajuda a divulgar e espalhar o nome dos Beatles pela cidade. Dentro de um mês, Lennon estaria contribuindo com o jornal mandando pequenas histórias, geralmente usando o pseudônimo de the Beatcomber. O Cavern Club promove a festa da volta dia 14 e se torna um dos pontos fixos onde a banda se apresenta.



The Mersey Beat
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Sem empresário, e deixado de lado por Alan Williams, uma vez que os Beatles recusaram a pagar-lhe qualquer porcentagem pelo contrato com o Top Ten Club em Hamburgo, quem passou a assumir as financia da banda foi Pete Best. Depois do segundo retorno de Hamburgo, a banda passou a cobrar dos clubes £20 em contraste aos £5 à £6 que era o padrão. Embora muitas casasrecusassem a soma, outras que conheciam bem a multidão trazida pelos Beatles adotaram o novo preço sem pestanejar.
The Cavern passa a contratá-los não somente para o horário de almoço como também para as sessões noturnas, um novo precedente do local, já que até então o horário noturno era reservado exclusivamente para jazz. Em pouco tempo, até outros locais que inicialmente recusaram os Beatles passavam a concordar a pagar o seu preço. Outra decisão administrativa foi de contratar alguém para levar a banda e equipamentos para seus diversos shows. Pete procurou logo seu amigo Neil Aspinall que estudara na mesma turma que Paul, Ivan Vaughn e outros Quarrymen, além de conhecer George de vista pelos corredores do Liverpool Institute. Neil comprou uma velha van por £15 e passou a levar e trazer os Beatles por toda a cidade, executando também tarefas de roadie, ajudando a montar e desmontar o equipamento da banda nos diversos palcos. Ele continuaria trabalhando com os Beatles enquanto a banda permaneceu unida, se tornando gerente geral da Apple Corps em 1968.
Em final de setembro de 1961, John ganhou um dinheiro extra de um parente como presente de aniversário. John pegou o dinheiro e foi à Paris, bancando a passagem e estadia também de Paul. Juntos exploraram a cidade e também se encontraram com o velho amigo de Hamburgo, Jurgon Vollmer, encontro marcado previamente em carta através de Stu. Este passeio é relevante por dois motivos. Em contato com Jurgon, passam a pentear o cabelo com o mesmo penteado que Astrid havia feito para Stu e mais tarde George. É o tal corte de cabelo Beatle, mundialmente conhecido como o "mop top". O outro grande detalhe será o fato de voltarem portando botas com meio salto, um modelo cubano (chamado cuban heel), que também se tornaria uma moda durante a primeira metade da década em todo mundo, chamados de "botas Beatles". Ao verem as botas, George e Pete encomendaram um par de cada na França. Afora as roupas de couro, a aparência que será sempre relacionada aos Beatles está quase toda montada.
Brian Epstein
The Beatles no Cavern Club
The Beatles no Cavern Club
Quando Brian Epstein resolveu se oferecer para ser empresário dos Beatles, seu nome causou tanto respeito dentro do comércio de Liverpool que muita gente achou que a banda teria um futuro promissor em pouco tempo. Brian inicialmente estudou a banda, assistindo praticamente todos os shows dos Beatles durante as primeiras semanas após o acordo verbal feito. Depois de assinado um acordo em papel, os Beatles mudariam radicalmente de visual, passando a usar gravatas e depois ternos, exibindo uma atitude mais profissional no palco, o que na prática queria dizer, sem mais falar palavrão, comer ou beber entre canções, para citar apenas dois exemplos.
O segundo ponto de ação seria as sistemáticas idas para Londres onde Brian passou a percorrer todas as principais gravadoras do país. Depois de muitos "nãos" e portas sendo fechadas, ele conseguiu uma audição com a Decca Records para o dia primeiro de janeiro. As sessões foram conduzidas por Mike Smith, espião da Decca que secretamente foi à Liverpool assistir a banda tocar, e portanto é responsável por dar o sinal verde para a gravadora realizar esta audição. A banda gravou nesta sessão, por sugestão de Brian Epstein, uma coleção mais variada dos diferentes estilos que englobava seu repertório. Dick Rowe, principal responsável da Decca pelos novos contratados, ao ouvir as fitas concluiu que bandas com guitarras estavam em decadência. Em março, osBeatles  foram informados de que a Decca preferiu assinar com uma banda dos arredores de Londres chamado Brian Poole & the Tremoloes.
The Star Club e Parlophone
Os Beatles fariam uma última temporada em Hamburgo, tocando no Star Club onde conheceram Gene Vincent, Little Richard e Billy Preston. Stuart Sutcliffe havia falecido dias antes da chegada da banda, que recebeu a notícia no aeroporto ao encontrar Astrid, vista pela primeira vez sozinha. Consta que todos choraram menos John, que aconselhou Astrid secamente a escolher seu caminho: ou morrer com Stuart ou seguir sua própria vida. Ela nunca cansa de agradecer este inteligente e crucial conselho.
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Quatro dias depois de chegarem na cidade, inaugurariam o Star Club. Neste ínterim, compõem e ensaiam "Love Me Do". Nesta última estadia em Hamburgo, a banda dividia um amplo quarto com banheiro e varanda, e recebiam como salário £100, vivendo a melhor situação financeira de suas vidas.
Enquanto os rapazes estavam em Hamburgo, Brian em Liverpool estava já quase a ponto de desistir de arranjar uma gravadora, quando encontrou a porta da Parlophone aberta. Ao indagar para o responsável pelas contratações de talentos, um certo George Martin, se ele já ouvira falar nos Beatles de Liverpool, Martin se esforçou para não perguntar o que era Liverpool. Ao ouvir as fitas gravadas na Decca, aceitou marcar uma audição após a chegada da banda. Nesta audição, Martin diria que ficou impressionado com o caráter e personalidade dos quatro rapazes, mormente John, Paul e George, os mais falantes. Concluiria também que assinaria o grupo mas só iria querer gravá-los usando um baterista profissional.
Johnny Hutchinson
Johnny Hutchinson
Em agosto de 1962, Pete Best seria dispensado. Uma vez que George Martin, o poderoso produtor da gravadora Parlophone, se recusa a usar o baterista nas futuras gravações, houve uma decisão unânime entre John, Paul e George de trocá-lo. Conta-se que Brian Epstein queria contratar Johnny Hutchinson para o lugar, este sendo considerado um dos melhores bateristas de Liverpool. Porém os três meninos foram firmes com seu empresário na escolha de Ringo Starr, baterista igualmente respeitado na cidade e que já tinha uma relação de amizade travada entre os membros do grupo. Hutchinson porém foi de fato contratado por Epstein para ficar no lugar de Best durante alguns compromissos já marcados, enquanto Ringo Starr dava uma semana de aviso prévio para Rory Storm & the Hurricanes, sua banda até então.
Formação Clássica e a Beatlemania
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Apesar de muita comoção inicial com a saída de Pete Best, o sucesso dos Beatles em Londres e o resto do país começaria em fevereiro de 1963. Brian Epstein contrataria o ex-leão de chácara e porteiro do Cavern chamado Malcolm Evans para ser assistente de Neil Aspinall, como também um misto de roadie e guarda-costas dos Beatles. Mal Evans será outro pilar de confiança dentro do círculo interno dos Beatles, permanentemente associado ao grupo até morrer. Ele é também o único não Beatle a participar de quase todos seus filmes. Deste momento em diante se têm a formação clássica que permanence na história e na memória de todos.
Paul, John, Jimmy e George
Paul, John, Jimmy e George
Porém ainda haveria uma última mudança na banda. Em 1964, no auge da Beatlemania, Ringo Starr, em meio à excursão européia se estendendo para a Oceania, fica doente e é hospitalizado. Para seu lugar foi chamado Jimmy Nichol, ex-baterista do Georgie Fame & the Blue Flames. Ele tocaria com o grupo entre 4 e 11 de junho, sendo aposentado e devidamente presenteado com um relógio de ouro por serviços prestados.
Com a volta de Ringo para seu posto, a banda continuaria a fazer fama, fortuna e história durante o restante da década. Uma geração crescia e envelhecia com os Beatles e sua música. Muda-se a moda, a linguagem, a concepção de arte, a música e toda a indústria fonográfica como um todo. Dos terninhos Beatles para roupas multicoloridas, adoção de bigodes e barbas, até finalmente encontrarem suas esposas (Cynthia, Maureen, Patty, Yoko e Linda) e filhos (Julian, Zak e Mary).
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Os Beatles ainda iriam tocar como um quinteto entre os dias 22 à 31 de janeiro de 1969, quando Billy Preston se juntou ao grupo para ensaios e gravações em alguns números para o novo álbum que acabaria sendo lançado com o nome de "Let It Be". Embora ele não tenha sido o primeiro músico extra a tocar com a banda durante sua carreira fonográfica, sua posição se torna de destaque por dois motivos. Primeiro por se apresentar ao vivo com a banda no dia 30 de janeiro de 1969, no topo do prédio da Apple no que ficou famoso como sendo o "Concerto do Telhado". Outra razão está no fato dos próprios Beatles destacá-lo em seus compactos, onde se apresentam como sendo The Beatles With Billy Preston.
Eternamente Beatles
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O concerto do telhado seria a última vez que o grupo tocaria ao vivo e "Let It Be" o último álbum dos Beatles lançado pelo Fab Four. Daí em diante, o sonho acabou. A última sessão contendo os quatro Beatles juntos no estúdio seria realizada no dia 20 de agosto de 1969, onde mixaram "I Want You (She's So Heavy)." Nunca mais houve uma ocasião onde os quatro Beatles ocupariam o mesmo espaço juntos. Houve porém três ocasiões conhecidas, onde três Beatles seriam vistos juntos.
A primeira foi em março de 1973 durante a gravação da canção "I'm The Greatest" de John Lennon para o disco de Ringo Starr. A sessão foi realizada no dia 14 no Sunset Studios em Los Angeles. George Harrison havia aterrisado em Los Angeles dois dias antes, enquanto John e Yoko Lennon fizeram uma visita surpresa. Segundo Richard Perry, produtor do disco, não houve planejamento prévio, tudo foi uma mera coincidência que frutificou em uma memorável sessão de gravação. Completando a banda nesta ocasião estavam Klaus Voorman e Billy Preston. Paul McCartney se encontrava em Londres e depois veio a comentar que se fosse convidado, teria comparecido.
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A segunda foi em 19 de maio de 1979, por conta da festa de casamento de Eric Clapton com Patty Boyd, ex-mulher de George Harrison. A recepção foi realizada nos jardins de sua mansão, chamada Hurtwood Edge, em Ewehurst. Presentes na festa estava uma lista infindável de celebridades, dentre eles, Ringo Starr e sua esposa Barbara Bach, George e Olivia Harrison, como também Paul e Linda McCartney. Em um palco montado, segundo contam, Paul, George e Ringo mais Eric Clapton e Denny Laine nas guitarras e ainda Mick Jagger e Jo-Jo Laine fazendo vocais, executaram "Magical Mystery Tour", um número de Chuck Berry e "Get Back." John Lennon se encontrava em Nova York e depois veio a comentar que se fosse convidado, teria comparecido.
A última ocasião foi já em 1994, onde Paul, George e Ringo passaram a se encontrar regularmente para gravarem material para o novo disco dos Beatles que passou a ser chamado de Beatles Anthology. O primeiro encontro foi no dia a 11 de fevereiro no Mill Studio em East Sussex, estúdio que pertence a Paul. Lá, Paul, George, Ringo e Jeff Lynn trabalham em "Free As A Bird", canção de Lennon cuja fita foi entregue pessoalmente por Yoko a Paul, durante a cerimônia da inclusão dos Beatlespara o Hall of Fame. Futuras sessões incluem 22 e 23 de junho de 1994 em Friar Park, residência de George Harrison, realizadas em seu estúdio curiosamente chamado, FPSHOT (Friar Park Studios Henley-On-Thames), localizados como o nome sugere, em Henley perto do rio Thames. Retornariam a se encontrar apenas em 1995, com sessões nos dias 6 e 7 de fevereiro, 20 e 21 de março, e finalmente 15 e 16 de maio, todos realizados no Mill Studio de Paul McCartney.
Futuros encontros, se vierem a ocorrer, serão aguardados apenas em outro plano de existência.

A Quarta Fronteira - 4th Frontier

Não há dúvidas de que diversas tendências dentro do rock já se encontram saturadas. O metal melódico viu o seu ápice e encontrou a sua queda. Do mesmo modo, a galinha de ovos de ouro de nomes como EVANESCENCE chegou ao seu fim. Entretanto, ainda existem bandas que conseguem aproveitar o que muitas outras exploraram à exaustão. Os mineiros da 4TH FRONTIER chegam ao seu primeiro disco unindo o rock com um quê de metal melódico e música pop. A sonoridade dos caras mostra bons momentos em “A Quarta Fronteira”.



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Com mais de quatro anos de estrada, a 4TH FRONTIER consolidou o seu primeiro álbum, intitulado “A Quarta Fronteira”, que chegou recentemente às lojas. A banda, que investe em uma sonoridade verdadeiramente rock n’ roll, mas com um contorno forte da música pop (e consequentemente um apelo mais comercial), deve enfrentar certa resistência por parte do público. Não porque a banda não mostre qualidade técnica no seu registro. De certo modo, a ausência mais determinante na obra do quarteto é o impacto das suas músicas. A maioria das composições é rasteira, por mais que Mila Amorim (vocal), Daniel Christian (guitarra), Eder Monteiro (baixo) e Fabio Lebran (bateria) se esforcem para proporcionar uma boa impressão. Por mais que queiram andar pela mesma estrada que bandas como EVANESCENCE e PARAMORE construíram no passado, o caminho do 4TH FRONTIER deverá ser um pouco mais longo.
No entanto, certas características de “A Quarta Fronteira” chamam a atenção de imediato. A primeira delas (e mais evidente) é o uso do português como idioma. O grupo, que possui o mesmo repertório em inglês que será lançado em breve, mostra uma nítida preocupação em se diferenciar das suas duas maiores referências, sobretudo no mercado brasileiro. Por outro lado, acredito que a insistência em aproveitar as referências do pop/rock prejudicou a qualidade final do disco. A música de abertura, “Algemas”, possui melodias que a aproximam dessa tendência, mas não consegue se sobressair, como muitas outras faixas do disco. No entanto, “Insanidade”, com guitarras mais usadas pelo heavy metal, dá uma interessante roupagem pesada à proposta do quarteto mineiro.
A cadenciada “Em Busca do Amor” mostra muito bem que as referências do pop/rock funcionam a partir do momento em que a 4TH FRONTIER investe em intensidade emotiva. Do lado oposto, “A Quarta Fronteira” e “Fim da Estação” até possuem execuções impecáveis, mas estão distantes dos principais destaques do álbum. O disco, que iniciou com faixas interessantíssimas, perde um pouco do pique na sua continuidade. Na sequência, “Visão Digital” e “Veloz” novamente caem no senso comum do gênero mais íntimo ao pop/rock, sobretudo pela ausência do que a banda mostra com uma competência acima da média – o peso do heavy metal. Por mais que Mila Amorim possua uma voz incrível, “Destino” é outra faixa que deve passar em branco.
Do mesmo modo, não há como apontar “Mentiras” como um provável destaque de “A Quarta Fronteira”. Em compensação, a intensidade e as características do metal retornam muito bem em “Fantasmas”, que comprova de uma vez por todas que Mila Amorim é uma das cantoras mais competentes do underground brasileiro. O trabalho do 4TH FRONTIER se recupera na reta final do disco e a introdução com um quê deFOO FIGHTERS inicia uma das faixas mais bacanas do repertório. “Domínio” varia momentos mais cadenciados com outros mais intensos, com direito a muitos riffs metálicos e pesados. Por fim, “Novo Começo” é uma bonita balada construída a partir de violões, mas suspeito que a fórmula não proporcione um resultado de impacto.
No encerramento dessa resenha, quero deixar claro que as críticas a “A Quarta Fronteira”, sobretudo sobre a falta de impacto das composições, só foram feitas porque a banda mostrou muita qualidade técnica. O debut da 4TH FRONTIER mostra uma banda muito competente e cuidadosa, o que proporcionou um excelente registro em estúdio. O quarteto mineiro certamente possui um futuro brilhante, mas acho que para se destacar aos demais nomes do gênero eles precisam elaborar com maior precisão as suas composições. De repente, o primeiro passo para isso seria investir em músicas mais longas e detalhadas. Embora isso se mostre necessário, a 4TH FRONTIER é uma interessantíssima indicação caso você queira conhecer uma banda nova (e de qualidade).
Track-list:
01. Algemas
02. Insanidade
03. Em Busca do Amor
04. A Quarta Fronteira
05. Fim da Estação
06. Visão Digital
07. Veloz
08. Destino
09. Mentiras
10. Fantasmas
11. Domínio
12. Novo Começo

Wheels Of Purgatory - Motorjesus

O MOTORJESUS é uma banda alemã que faz um metal cheio de influências contrastantes. Passando por MOTORHEAD, MOTLEY CRUE e NICKELBACK, “Wheels Of Purgatory” é descrito pelo próprio conjunto como uma mescla de hard rock, metal e o puro rock n’ roll com pitadas do grunge dos anos 90 e elementos do stoner. Há quem compare a banda com o BLACK RIVER, mas os vocais são um pouco menos agressivos. A conseqüência é um disco interessante, justamente pela fusão de estilos que o tornam potente e ainda assim acessível.



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Após a introdução sem vocais, “Motor Discipline” começa mostrando a voz dominante de Chris que marcará todo o disco. Além disso, os riffs mostram as guitarras entre o metal e o rock, com um refrão bem atraente, influenciado pelo hard rock. “Fist Of The Dragon” tende um pouco mais ao metal, mas ainda continua mostrando a boa variação entre agressividade, velocidade e melodia, sendo a faixa que melhor concatena os elementos do MOTORJESUS.
“King Of A Dead End Road”, por sua vez, coloca o contraste entre a base ligeiramente swingada e mais leve com os vocais mais agressivos de Chris. No entanto, a harmonia da faixa segue a mesma tendência, já mostrando certa saturação. A faixa título também segue com uma base mais desse tipo, mas o refrão acaba sendo muito parecido com a anteriormente mencionada. Sua antecessora, “Down To Zero”, começa mais lenta e vai crescendo, até atingir novamente o padrão das demais faixas. “The Shadowman” faz o mesmo, apesar de ser mais densa instrumentalmente. Situada mais ao fim do trabalho, “Fire 99” retoma um pouco mais do metal, nem sempre claramente referenciado.
Algumas boas tentativas de variação acontecem como em “The Church Of Booze And Kerosene”, que traz guitarras agudas no fundo e uma ponte para o refrão mais melódica. O refrão segue um andamento mais rápido, mas que agora fica bem ligado ao resto da faixa, mais variada. A sexta faixa, “Hammer Of The Land”, que difere por abordar quase um power metal, enquanto “Fuel The Warmachine” consegue paralelamente carregar o peso e a lentidão, mantendo um refrão também menos impulsivo, porém muito bom.
Na parte dos problemas, tem-se “West Of Hell”, uma faixa muito moderna que foge um pouco dos estilos abordados e acaba ficando um pouco deslocada das demais tentativas do MOTORJESUS. Outro ponto a se melhorar são os solos de guitarra e talvez seus timbres, que apresentam bases lineares demais, concentradas muito em distorções e tons mais baixos. O vocalista também se mostra um bom cantor, mas utiliza-se sempre dos mesmos artifícios, os quais poderiam ser experimentados em uma faixa mais thrash, por exemplo. Por outro lado, quando faz algo um pouco diferente, como na derradeira “Old Man”, bom cover de Neil Young, também se destaca positivamente.
Apesar das críticas aqui feitas, “Wheels Of Purgatory” é um álbum forte e direto de rock, difícil de ser encontrado fora dos clichês descarados de alguns estilos. Sem em momento algum forçar a criação de um lado comercial, o MOTORJESUS consegue ser acessível através da boa mescla dos gêneros que pretenderam abordar. De fato, conseguem fundi-los de maneira bem própria, talvez até americana demais, atingindo uma boa consistência. Torço para que no próximo disco mostrem uma liberdade criativa maior e levem essa interessante mistura a outro patamar.
Integrantes:
Chris Birx - Vocais
Andreas Peters - Guitarra
Guido Reuss - Guitarra
Roman Jasiczak - Baixo
Oliver Beck - Bateria

Faixas:
1. Ignition
2. Motor Discipline
3. Fist Of The Dragon 
4. King Of The Dead End Road 
5. Fuel The Warmachine 
6. Hammer Of The Lord
7. West Of Hell
8. Down To Zero
9. Wheels Of Purgatory
10. The Church (Of Booze And Kerosene) 
11. The Shadowman 
12. Fire 99 
13. Electric Rise
14. Old Man

Gravadora: Drakkar

Cartas à Julie-Marie - Cartas à Julie-Marie

Embora muitas bandas insistam em reproduzir as fórmulas já consagradas pelo rock n’ roll, o movimento indie nasceu com o intuito de acabar com a mesmice e reinventar o gênero. A sonoridade clássica do estilo, que passou a absorver as características do rock alternativo com mais naturalidade, assumiu uma postura artística rica em detalhes. Nessa perspectiva, os cariocas do CARTAS À JULIE-MARIE é um interessantíssimo exemplo. O grupo chega ao seu primeiro disco unindo referências do rock e do jazz à poesia de modo extremamente consistente.



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O trio Alex Frechette (vocal e piano), Peter Strauss (guitarra) e Andréa Amado (bateria) juntaram no CARTAS À JULIE-MARIE uma série de influências diversificadas, que passeiam com desenvoltura pela música francesa de cabaret e pelo jazz/blues, como se os dois gêneros assumissem uma proximidade íntima ao rock n’ roll. O resultado soa uniforme e contorna a música da banda com muita personalidade e originalidade. Em uma nítida referência à obra “Cartas a Théo” (de Van Gogh), os cariocas musicaram doze poemas dedicados à sua personagem fictícia de modo muito consistente. De um lado, o trio mostrou competência criativa em doze faixas de relativo impacto. De outro, os caras comprovaram que a experiência de quatro serviu como degrau para atingir um nível excelente na produção do disco.
A característica mais marcante do disco “Cartas à Julie-Marie” é que a música do power trio carioca não se prende a rótulos ou a formatos pré-estabelecidos. De modo muito natural, Frechette & Cia. inseriram instrumentos  até que poucos explorados pelo rock, como o trompete e o trombone, além da flauta e do acordeon. Embora não dêem um acento folk à obra, os doze músicos convidados enriqueceram a sonoridade do CARTAS À JULIE-MARIE, sem criar uma áurea de estranheza (comum do indie) à proposta do grupo. Depois da introdutória “Le Prélude”, as faixas seguintes mostram melodias animadas e, apesar dos títulos em francês, letras no nosso idioma. “La Découverte” se baseia em linhas de piano e conta com uma pegada genuinamente rockeira de guitarra. Na sequência, “Le Risque” mostra uma faceta mais jazz/blues com características setentistas. De qualquer modo, a música – assim como a sua anterior – mostra muita qualidade.
No entanto, o que não permite creditar “Cartas à Julie-Marie” como um disco sensacional é o desempenho de Alex Frechette diante do microfone. O cantor claramente não possui a desenvoltura necessária para se encaixar em todas as composições da banda, sobretudo em faixas como “Le Monde” e “Le Cirque”, exatamente porque exigem muito da voz de quem assume a posição de frontman. Por outro lado, “Le Lettre” – que conta com a bonita voz da convidada Gudi Vieira – mostra como a sonoridade do grupo se encaixa muito bem quando aposta em temas mais cadenciados. Por mais que a pegada rock n’ roll do power trio se sobressaia, “Le Lettre” certamente pode ser apontada como uma das melhores faixas do álbum.
Não há como deixar passar em branco. A faixa seguinte, “Le Jeu”, foi a única masterizada por Christian Wright no famoso estúdio Abbey Road, em Londres (Inglaterra). Com um toque mais jazz, a composição comprova que o CARTAS À JULIE-MARIE consegue um resultado excelente a partir do momento em que investe em passagens mais animadas e em um refrão que se fixa com facilidade na mente do ouvinte. A característica do refrão, que possui notoriedade desde as primeiras faixas do álbum, retorna em “Le Énigme”, mesmo que essa música possua uma áurea mais cadenciada, ao contrário de “La Routine”, que conta com a melhor performance de Alex Frechette diante do microfone.
Por mais que “Cartas à Julie-Marie” possua detalhes extremamente difíceis de serem rotulados e explicados aqui no texto, a proposta da banda apresenta muito mais virtudes do que comete pecados. A originalidade dos cariocas não só é evidente como ainda é capaz de dar uma qualidade extrena ao primeiro trabalho do CARTAS À JULIE-MARIE. De certo modo, a experiência proporcionada por Frechette & Cia. precisa ser mais provada (com os ouvidos) do que relatada por aqui. Por fim, o encarte e o CD prensado em SMD deram um toque a mais à riqueza sonora do material. Imperdível.
Track-list:
01. Le Prélude
02. La Découverte
03. Le Risque
04. Le Monde
05. Le Cirque
06. La Lettre
07. Le Interméde
08. Le Jeu
09. La Conquête
10. Le Énigme
11. Le Épilogue
12. La Routine