A.K. é um imigrante ucraniano que vive em Londres. Além de se considerar filósofo e sábio, ele tem planos de alcançar o super estrelato com sua banda de punk cigano Gogol Bordello. Por enquanto, A.K. consegue apenas descolar alguns trocados interpretando papéis femininos em funções privadas para homens casados. Ele divide o apartamento com duas garotas, Holly e Juliette. Holly almeja ser uma bailarina famosa e Juliette deseja ir para a África ajudar crianças necessitadas, mas por hora elas precisam contentar-se com seus subempregos e trilhar seus caminhos tragicômicos.
A História e as informações que você sempre quis saber sobre seu Artista/Banda preferidos, Curiosidades, Seleção de grandes sucessos e dos melhores discos de cada banda ou artista citado, comentários dos albúns, Rock Brasileiro e internacional, a melhor reunião de artistas do rock em geral em um só lugar. Tudo isso e muito mais...
20 de fevereiro de 2011
Sujos e Sábios - Filth and Wisdom - 2008
A.K. é um imigrante ucraniano que vive em Londres. Além de se considerar filósofo e sábio, ele tem planos de alcançar o super estrelato com sua banda de punk cigano Gogol Bordello. Por enquanto, A.K. consegue apenas descolar alguns trocados interpretando papéis femininos em funções privadas para homens casados. Ele divide o apartamento com duas garotas, Holly e Juliette. Holly almeja ser uma bailarina famosa e Juliette deseja ir para a África ajudar crianças necessitadas, mas por hora elas precisam contentar-se com seus subempregos e trilhar seus caminhos tragicômicos.
A Gestação de Um Besouro - The Quarrymen - Parte 02
James Paul McCartney nasceu no dia 18 de junho de 1942, mesmo dia que seu amigo de escola, Ivan Vaughn. Seu pai, um vendedor de algodão, foi na epoca de solteiro o chefe de sua própria banda de ragtime, o Jim Mac’s Band. Sua mãe era uma enfermeira e faleceu em 31 de outubro de 1956, Paul tendo apenas quatorze anos. Sua tristeza pela mãe o fez canalizar seu interesse em música.
Paul e George
Tanto Paul quanto o seu irmão caçula Mike receberam educação musical desde cedo, recebendo aulas de piano com um professor. Mas após a morte da mãe, seu pai Jim McCartney, deu a seu tristonho filho mais velho, um trumpete de presente de aniversário. Paul passou a se dedicar ao instrumento, porém assim que ele percebeu que não poderia tocar e cantar ao mesmo tempo, pediu permissão para trocá-lo por um violão. Paul começou aprendendo a tocá-lo com o encordoamento ao contrário, até descobrir seu engano e re-encordoar o instrumento para servir a um canhoto. Antes de o ano acabar, Paul iria compôr sua primeira canção, “I Lost My Little Girl.”
Seria no ônibus a caminho da escola que Paul iria fazer amizade com um menino que iria ajudá-lo a melhorar no violão. Esse menino é George Harrison, nascido em 25 de fevereiro de 1943. Harrison depois de Dovedale Primary passou a estudar no Liverpool Institute em 1954. Foi quando Paul e George se conheceram, o jovem George conhecido por ser o filho do motorista do ônibus que os levava à escola. Mas foi quase dois anos depois que eles realmente fizeram amizade. George havia participado de uma banda, The Rebels, formada pelo seu irmão Peter e seus amigos. Embora George fora sempre relativamente quieto, na manhã seguinte estava entusiasmadamente falando a respeito do evento. Ao ouvir suas bravatas, Paul McCartney, quase um ano mais velho, resolveu lhe fazer perguntas a respeito. George com um sorriso no rosto o convidou a passar na sua casa onde, sentados no pátio, passariam as tardes juntos aperfeiçoando o domínio sobre o instrumento.
The Liverpool Institute And School of Art
The Liverpool Institute
Em setembro, Paul começava a ensaiar com o grupo. Uma vez na banda, John e Paul passavam a tocar, estudar e desenvolver juntos no instrumento, descobrindo novos acordes e novas canções. No Liverpool Institute, durante o ano letivo de set. ‘57 à jun. ‘58, estudavam Paul McCartney, George Harrison, Ivan Vaughan, Len Garry, e Neil Aspinall. Este último embora não sendo da turma, teria uma importante e duradoura participação na saga Beatles. Rod Davis continuava estudando no Quarry Bank High School.
Durante o recreio, os quatro (sem o Neil) fugiam para o Art College ao lado, para se encontrarem com John. Lá, curtiam o ambiente de faculdade onde podiam fumar cigarros livremente. Toda esta proximidade ajudaria a moldar esta nova formação dos Quarry Men. Começam a ensaiar no pátio ou na cafeteria do lugar. O repertório destas sessões eram basicamente "Peggy Sue", "Good Golly Miss Molly", "Rip It Up", "All I Have To Do Is Dream" e "When You're Smiling".
As sessões também acabaram por aproximar Lennon de outros alunos que até então, viam na sua imagem de Teddy Boy, apenas um encrenqueiro. Ele faz amizades com pessoas que terão participação em sua vida acadêmica. Entre estes se destacam, Bill Harry e Stuart Sutcliffe. A estreia de Paul McCartney tocando ao vivo com the Quarry Men se deu no Conservative Club do New Clubmoor Hall em Norris Green, no dia 18 de outubro.
Colin Hanton, Paul McCartney, Len Garry, John Lennon e Eric Griffths
Paul estava tentando convencer John a lhe dar o lugar de guitarrista solo na banda, posição do Eric Griffths. Sendo Griffths um veterano na banda, precisou muita insistencia por parte de Paul para conseguir a sua chance. Foi acertado que ele faria o solo em uma canção apenas. Quando chegou sua hora, o nervossísmo fez os dedos endurecerem e o solo saiu todo errado. John mais tarde dá uma dura no Paul mandando ele nunca mais falar com ninguem sobre querer solar.
Não demoraria muito e Paul passaria a se encontrar com John trazendo seu amigo George Harrison, que por causa de sua pouca idade, faria Paul esperar algum tempo até ter coragem para sugerir que ele pudesse entrar na banda. John, aos dezessete anos e na faculdade, tinha até vergonha de ser visto com um garoto de quatorze. Seus sentimentos estão bastante divididos ao ver todos os seus amigos mais antigos (Pete, Ivan e Nigel), tendo deixado o grupo. É na faculdade que John passa a vestir calças ainda mais apertadas e casaco de couro, como se fosse seu uniforme. Paul e George logo imitariam John, arrumando discussões com os pais por causa da opção por calças apertadas.
Apenas Quarry Men
Cada vez mais, a banda Quarry Men Skiffle Group assumiria um repertório roqueiro para uma audiência de adolescentes, muitos dos quais Teddy Boys. O repertório agora incluía números como "All Shook Up", "Blue Moon of Kentucky", "Roll Over Beethovan", "Searchin'", "Short Fat Fanny", "Sure To Fall (In Love With You)", "Twenty Flight Rock", “Bony Maronie”, “Lend Me Your Comb”, "That's All Right, Mama", "Mean Woman Blues", “Mailman Blues”, "Youngblood", "Your True Love", "Ramrod", e é claro, "Be Bop A-Lula". Paul McCartney seria particularmente responsável em trazer mais números de Little Richard, como “Lawdy Miss Clawdy”, "Lucille" e “Long Tall Salley”. Paul também deu força para aumentar a quantidade de números de Buddy Holly, os Quarry Men entram o ano de 1958 já tocando números como “It’s So Easy”, “Peggy Sue”, “Maybe Baby”, “Words of Love”, “That’ll Be The Day”, e “Think It Over”. A banda acaba abandonando oficialmente a referência ao skiffle, passando a ser conhecido apenas como The Quarry Men.
Com a chegada de 1958, em um prazo de poucos meses houve uma série de mudanças na banda. Com as mudanças no repertório já mencionadas, passou a haver insatisfação por parte de Rod Davis, que já tinha deixado claro em outras ocasiões que não gostava muito de rock. Davis prefere o jazz. Durante as férias Natalinas, ele viaja com a família para a França e quando retorna, tendo analisado a qustão, conclui que está na hora de deixar The Quarry Men de lado. Davis então compra uma guitarra eletrica e ajuda a formar um trio de jazz chamado The Elastic Band com pianista Gerald Greenwood e o baterista Les Brough. Na vaga deixado por Rod Davis, Paul trouxe para a banda outro colega de escola, o pianista John ‘Duff’ Lowe.
George Harrison é convidado por Paul à assistir a banda ao vivo no Wilson Hall em Garston, apresentação realizado no dia 6 de fevereiro de 1958. Depois da gig, segundo conta Paul, ele, George e John acabam a noite em uma garagem de ônibus, em cima de um double-decker (ônibus de dois andares), onde foi realizada uma pequena audição. Segundo a lembrança de George, esta audição foi realizada no próprio Wilson Hall, outros recordam como sendo realizado em março em um lugar chamado The Morgue. Qualquer que seja o caso, o ponto em comum é que ao tocar "Raunchy" (Bill Justis), com uma execução perfeita, nota por nota, Lennon é convencido a aceitar a entrada de um músico ainda tão garoto. Uma vez na banda, George passou a ensinar John a tocar o violão como um violão, não como um banjo. John, que ainda tocava utilizando apenas quatro cordas, passava a ser forçado a se acostumar a trabalhar com todos as seis cordas do seu instrumento.
A formação dos Quarry Men está agora com Colin Hanton na bateria, Len Garry no baixo improvisado, Duff Lowe no piano e John, Paul, Eric e mais George, todos no violão. Houveram datas de ensaios e alguns shows em que Griffths não podia comparecer por uma razão ou outra. Com a entrada de George, a banda elevava o nível de execução. Por conseguinte, ficava mais evidente a diferença de talento entre o novato Harrison e o veterano Griffths. George começou a fazer pressão para se livrarem de Eric o que acabou acontecendo em junho. Seria mesmo entre junho e julho que uma série de incidentes praticamente acabaria com a banda.
Em março de 1958, foi aberta uma nova casa na cidade. Em uma área de casas abandonadas, um rapaz chamado Al Caldwell abre um clube chamado The Morgue. A região era toda barra pesada e o local em si, precário. Cabiam cem pessoas, não tinha banheiros, algumas poucas lâmpadas e um pequeno ventilador que teoricamente servia para refrescar e renovar o ar. The Quarry Men tocaram pelo menos quatro vezes entre a estréia da casa e seu fechamento em abril. O fechamento foi forçado pela polícia que condenou o local como um perigo público. Não só o Morgue mas outras instalações similares na redondeza tiveram o mesmo fim.
Teddy Boys
Esses locais, passaram a ser chamados de "banhos de sangue", pela reputação de brigas, verdadeiras guerras entre gangues de Teddy Boys, que aconteciam antes, durante e depois dos eventos. Os perigos da profissão se manifestavam da seguinte forma: se a banda agradar muito, a mulherada fica em cima e os Teds enciumados tentam provocar brigas com os músicos. Se a banda for mal, os Teds insultam e tentam provocar brigas com os músicos. As constantes guerras entre as gangues a cada fim-de-semana de baile, provocaram vizinhos a chamar a polícia, resultando no fechamento desses locais.
Outro problema que será tratado envolve a política financeira da banda. Paul McCartney se queixa que Nigel Whalley estava recebendo o mesmo valor que os músicos da banda embora ele praticamente não estava mais tocando com eles. Paul queria que a fatia referente ao trabalho de marcar shows fosse de um valor menor do que o pago para os músicos da banda que efetivamente fazem o set. Irritado e vendo seu pouco lucro ameaçar diminuir, Nigel conclui que não vale apena mais se envolver com a banda. Sem a ajuda de Nigel Whalley para marcar apresentações, junto com o fechamento do Morgue, diminuiram consideravelmente as oportunidades para apresentações ao vivo da banda.
Nasce a Dupla Lennon-McCartney
Em junho, o baixista Len Garry cai doente com uma grave crise de menigite tubercular. Len é levado para o hospital onde entra e permanece em coma por uma semana. Mas levaria muito mais tempo até Garry poder deixar o hospital. Sem seu baixista, John começa a fazer pressão para que Eric comprasse um baixo eletrico e assumir a posição de baixista da banda. O skiffle como uma moda já está acabando e a imagem daquele baixo improvisado não condiz com a banda e seu repertório rock’n’roll. Griffths não quer investir o dinheiro em um instrumento novo. Um baixo eletrico exigiria ainda um amp e alto falante, um dinheiro alto para investir, a banda vista apenas como um passatempo. A recusa serve para apressar sua saída.
No dia do aniversário do Paul, Eric liga para o amigo para desejar parabens e descobre que é o único da banda que não foi convidado. Fica por conta de Colin Hanton avisá-lo pelo telefone que ele não mais pertence ao grupo. Fica a Eric a nítida sensação de que caso ele tivesse investido capital para comprar um baixo, ele teria ficado. A banda, embora continuaria junto pelo restante do ano, teria uma repentina e considerável parada em suas atividades.
No dia 15 de julho de 1958, John Lennon estava na casa de Julia, brincando com sua meia-irmã enquanto esperava a sua mãe chegar. Nigel Whalley foi procurá-lo na sua casa e encontrou no portão Mimi e Julia conversando. Informado que John não estava, ele desce a rua com Julia, dobrando a direita na esquina enquanto Julia atravessa a rua. Mal deram as costas um para o outro se ouviu o barulho estridente de uma freiada brusca, seguida de um barulho surdo de impacto. Nigel se virou e viu Julia Lennon morta no meio da rua, atropelada por um policial bêbado de folga.
John diria sobre aquele dia que “Eu não conseguia chorar. Eu provavelmente estava congelado por dentro.” Depois de ir com Dykins reconhecer o corpo, voltou para Menlove Ave, se trancou no quarto e ficou tocando violão. À noite, procurou a namorada Barbara Baker. Os dois foram até o parque, sentaram em um banco e pela primeira vez após saber do ocorrido, John começou a chorar. Barbara nada mais conseguiu fazer senão abraçá-lo e chorar junto. O policial, de nome Eric Clague, além de estar embriagado, estava dirigindo sem ainda possuir uma carteira de habilitação. Nigel Whalley foi chamado para testemunhar, mas o policial acabou não indo para a cadeia, recebendo apenas uma suspensão. Quando o juiz declarou a sentença, Mimi se levantou e chamou todos de assassinos.
Com a morte de sua mãe, o líder dos Quarry Men se torna distante, solitário, ainda mais agressivo, além de extremamente explosivo. Lennon se consolava com bebida, constantemente enchendo a cara, o que incitava sua agressividade ainda mais. Neste período, a amizade entre John e Paul acaba sendo fortalecida pelo fato de que Paul, como John, era órfão de mãe. O que diferenciaria os dois era o sentimento de rejeição que John nutría por nunca ter crescido na companhia de seus pais. E um medo de que tudo que ele ama acaba morrendo. É nesta rejeição e neste medo que reside boa parte de sua agressividade.
Pouco depois do acidente, John escreveria sua primeira canção "Hello Little Girl". Dentro de pouco tempo, John e Paul estariam compondo juntos suas próprias canções, nascendo em seguida o acordo de cavaleiros que determina que toda canção de qualquer um dos dois, passaria a ser promovida como uma canção da dupla Lennon-McCartney. Entre 1958 e 1959, John e Paul irão compor diversas canções, várias delas na sala de Paul.
Embora a dupla diria em 1964 que eles teriam mais de cem composições feitas antes de estourarem, na verdade tinham menos do que a metade disto. Entre as composições conhecidas deste período estão "My Little Girl", "When I'm Sixty-Four", "Hello Little Girl", "Looking Glass", "Catswalk", "Love of the Loved", "Winston's Walk", "Just Fun", "Thinking of Linking", "The One After 909", "Years Roll By", "Keep Looking That Way", "That's My Woman", "I'll Follow The Sun", "Too Bad About Sorrow", “Years Roll By”, "Hot As Sun" "Love Me Do", e “In Spite of All The Danger" (Harrison-McCartney).
Com John de luto pela mãe, querendo mais ficar bêbado e tendo pouco ou nenhum pique de palco, os Quarry Men ficaram inativos. Entre julho de 1958 e janeiro de 1959, conta-se nos dedos de uma das mãos a quantidade de shows realizados pela banda. Este marasmo, contribuiu para que Paul achasse um estúdio barato e sugeriu que a banda fizesse uma gravação. A sessão realizado por volta de outubro em Kensington, culminou com a gravação de "That'll Be The Day" (Buddy Holly) e "Despite of All The Danger" (McCartney-Harrison). John diria em retrospecto que ele não queria forçar uma de suas músicas logo na primeira gravação.
O local ficava nos fundos da casa de Percy Phillips, o engenheiro de som e dono do estúdio. Havia um microfone central e um piano pregado no chão. Desta maneira, a equalização era feita com o posicionamento dos músicos e seus instrumentos ao redor do microfone. O resultado final embora razoável, deixou o piano praticamente inaudível. Depois desta sessão, John se animou novamente e a banda passou a ensaiar novamente com certa regularidade. No entanto, sem nenhum perspectiva de show e com uma namorada nova, Duff Lowe acaba cansando da longa viajem de ônibus, ida e volta para ensaios sem propósitos. Prefere investir seu tempo com o sexo oposto.
Sem Baterista
A banda ficou tão acomodado no ano de 1958 que, após julho, tiveram uma única apresentação no dia 20 de dezembro, por conta do casamento de Harry Harrison, irmão mais velho de George. E mesmo assim, foi apenas John, Paul e George, tocando violões acústicos sem a bateria de Colin. O pai de George, Harold Harrison, que também era chamado de Harry, estava envolvido com o clube social do sindicato dos motoristas de ônibus. Com uma festa natalina tardia, programada para ser realizada no dia primeiro de janeiro de 1959, Harry colocou The Quarry Men como parte das atrações da noite.
O gig prometia, pois, além do dinheiro que iriam receber, Sr. Harrison conseguiu convidar o gerente de um cinema que estava precisando mesmo contratar uma banda, para o seu estabelecimento. Estava tudo acertado e bastando The Quarry Men fazer uma boa apresentação, que certamente conseguiriam um contrato de trabalho de longa temporada no tal cinema.
O evento se chamava The Picton Lane Busmen’s Social Club Saturday Night Dance. Foi realizado no Wilson Hall, em Garston, de frente para a garagem dos ônibus e perto da área chamado popularmente de ‘banho de sangue’. The Quarry Men já haviam tocado no Wilson Hall diversas vezes antes em meio a briga de gangues e bebedeira geral. Este foi o local onde George primeiro assistiu os Quarry Men ao vivo. Mas esta noite, o público era mais adulto e comparecia com suas famílias. The Quarry Men fariam duas apresentações e a primeira foi razoavelmente boa. No entanto, enquanto aguardavam o segundo set, a banda descobriu que poderiam beber de graça. Foram servidos de cerveja Guinness com cidra, mistura popularmente conhecida como black velvet. Paul e John encheram a cara e quando voltaram para o segundo set, estavam em um estado deplorável de intóxicação. Fizeram um segundo set absolutamente horrendo, sacaneando George o tempo inteiro, o que deixou seu pai, Sr. Harry Harrison, envergonhado e aborrecido pois a banda o deixara mal diante de seus colegas motoristas e suas famílias.
O senhor que estava assistindo na premissa de contratá-los seguiu os rapazes para os vestiários. Tratava-se do gerente do Pavilion Theatre que confirmou que precisava de uma banda para tocar durante os intervalos entre as projeções dos filmes. No entanto, apesar de tocarem direitinho no primeiro set, demonstravam para ele uma total falta de profissionalismo ao se embriagarem daquela maneira. O homem continuou sua ladainha sobre a necessidade de total profissionalismo por parte dos artistas até que John Lennon se encheu e mandou ele ir para aquele lugar.
Na volta para casa, durante a viagem no ônibus, Colin se queixava com todos, envergonhado e frustrado que estava pela grande oportunidade perdida. O até então fiel baterista dos Quarry Men estava tão furioso que saltou do ônibus antes mesmo de seu ponto e nunca mais procurou os rapazes. Iniciava-se assim um longo e hoje histórico período sem baterista fixo na banda. Não demoraria muito, e George Harrison, também desanimado pela falta de shows, desistia dos Quarry Men. Ele passa a tocar em outra banda, The Les Stewart Quartet, onde o repertório era mais dirigido para o material de Leadbelly, Big Bill Broonzy e Woody Guthrie. Este quarteto consistia de Les Stewart, Ken Brown, e George Harrison nas guitarras e vocais, mais Geoff Skinner na bateria.
Bill, Stu e Cyn
A formação exata dos Quarry Men durante o período entre fevereiro e agosto de 1959 fica agora aberta para conjecturas. Como haviam cessado as atividades, na prática a banda não existia mais. Paul e George arrumam trabalhos temporários enquanto John volta suas atenções para desenho e arte. É neste período que sua amizade com Bill Harry se desenvolveria ainda mais. O forte de Bill Harry era literatura. Ele sonhava em ser um escritor ou jornalista e inevitavelmente faria as duas coisas. Ele reconhecia a genialidade do humor de Lennon em seus contos e poemas. Lennon sempre achou que ele foi colocado nos cursos errados, seus professores exigindo limpeza de traços e Lennon fazendo suas aberrações. Faltava humor no trabalho de seus colegas de turma e por conseguinte, não achavam graça nos seus traçados tampouco. O resultado é desinteresse no curso por parte de John. Bill vendo o gosto do amigo por desenhos, o colocou em contato com seu amigo Stuart Sutcliffe.
Stuart Sutcliffe
Stuart Ferguesson Victor Sutcliffe nasceu no dia 23 de junho, 1940, em Edinburgo na Escócia. Durante a Segunda Guerra Mundial sua família se muda para Liverpool, morando no suburbio de Huyton. Stu e mais suas duas irmãs estudaram piano durante o ginásio e em 1956, ele foi para o Liverpool Art College. Um de seus primeiros amigos foi Rod Murray que morava em West Derby. Ambos morando longe, resolveram dividir um apartamento em algum lugar perto da faculdade. Sua habilidade natural com tinta e pincel, chamou logo atenção de seus professores. Em tempo, Stuart foi chamado de o maior artista produzido pela escola. Seu outro grande amigo seria Bill Harry. Bill e Stu passaram longas noites bebendo e conversando sobre filosofia, metafisica e literatura moderna de escritories como Jack Kerouac e os poetas de San Francisco.
Por uma questão de prestígio acadêmico, tanto Bill Harry quanto Stu Sutcliffe eram membros da comitê do sindicato dos estudantes. Assim, influenciado pelos interesses do amigo Lennon que tem uma banda, conseguiram que a comitê comprasse equipamento de som para festas dentro da faculdade. O equipamento consistia em alguns amplificadores e alto falantes e seriam a primeira oportunidade do The Quarry Men de soar mais elétrico com George sendo o primeiro a conseguir uma guitarra para substituir seu violão. Harry coloca The Quarry Men para tocar nas festas, abrindo para bandas como The Merseysippi Jazz Band.
Lennon se muda da casa de sua tia Mimi em Menlove Ave., para dividir um apartamento com os dois colegas, Stuart Sutcliffe e Rod Murray em Gambier Terrence, perto da faculdade. No andar debaixo morava Bill Harry e por volta do próximo verão, ele já estará namorando Cynthia Powell. A turma se reunia no bar perto da faculdade chamado Ye Cracke. No último dia de aula, antes das férias de verão, aconteceu uma festa de despedida. Conta a historia que John, de olho na Cynthia convidou-a para dançar. Apesar de estar a meses secretamente apaixonado por ele, Cynthia ficou tão nervossa que respondeu de forma tipicamente britânica, “Lamento terrivelmente, mas estou noiva de um rapaz de Hoylake.” Aborrecido com a recusa, Lennon retrucou secamente, “Eu não estou te pedindo para casar, estou?” Eles passaram a namorar a partir desse dia.
The Casbah
Se foi sorte ou intervenção divina, jamais saberemos ao certo, mas por uma série de fatos, the Quarry Men renascem das cinzas. Para isto ocorrer, precisou haver uma briga na outra banda de George Harrison. The Les Stewart Quartet estavam tocando num lugar chamado Lowlands em West Derby. A então namorada de Harrison, Ruth Morrison ficou sabendo que perto dali iria abrir um novo clube. Contatos foram feitos e Ken Brown garantiu para o Les Stewart Quartet a noite de estréia e todos os sábados à noite. O lugar passou a ser chamado de The Casbah Club e Brown se comprometeu em ajudar a dona do estabelecimento, Sra. Mona Best, a aprontar o lugar. Evidentemente que Brown estava ganhando algum dinheiro ajudando a varrer e pintar o local. O líder da banda, Les Stewart, irritado com Ken Brown não vindo para os ensaios para ficar trabalhando no Casbah, se recusa a tocar no local.
A discussão estragou o clima para o ensaio e, ao final, George segue atrás de Ken. Sabendo que o mais difícil é ter um lugar para tocar, George garante que tem mais dois amigos que podem tranquilamente fazer este gig. George fala com John sobre a data no Casbah e marcam de ir conhecer o local. Enquanto Ken e George conversam e expoem a proposta para Sra. Best, John busca Paul que está trabalhando varrendo um pátio. Paul argumenta que ele não pode ir naquele momento porque está em serviço. Lennon retruca, “Então é isso que você pretende fazer pelo resto de sua vida?” Paul pensa por meio segundo, larga a vassoura, pula a cerca dos fundos, e some com John para remontar The Quarry Men.
The Casbah ficava no porão
The Casbah era um lugar espaçoso no porão da casa da familia Best. A residência, uma pequena mansão em estilo Vitoriana com quinze quartos, ficava situado na rua Haymans Green, no bairro de West Derby. O porão em si compreendia sete compartimentos, ou salas, dando condições para diversificar os ambientes do clube. Havia um bar para os comes e bebes de frente para um salão com mesas e cadeiras. Um quarto era para guardar casacos, que ficava perto dos banheiros. Uma sala para as atrações e a maioria do espaço vazio para a garotada poder circular livremente e paquerar.
Por ser tão grande, ainda havia muito que pintar e com a data de inauguração chegando, Sra. Best colocou os rapazes para ajudar. John ficou encarregado de pintar o teto, mas ele usou a tinta errada, tinta oleo, que levou dias para secar. Ele ainda brincou um pouco desenhando no teto figuras grotescas antes de cobrir tudo com tinta preta.
Nos dias que restavam antes da estreia, o novo quarteto ensaiou seu repertório. Nasce assim na noite de estreia do Casbah, no dia 29 de agosto, a última encarnação dos Quarry Men como um quarteto de violões. "O ritmo está nos violões" diria Lennon quando questionado pela falta de baterista. Nesta apresentação, tocam números como "Three Cool Cats" e "Long Tall Sally". A estreia do clube veio com bastante publicidade e The Quarry Men acabam se tornando a banda fixa dos sábados a noite.
The Quarry Men: George Harrison, Paul McCartney, Ken Brown e John Lennon
A tranquilidade de se ter um ponto fixo para tocar durou somente até outubro. Na apresentação do dia 10 de outubro, por estar resfriado, Ken ficou em casa e não tocou com a banda. Apesar disto, a Sra. Best fez questão de pagar as três libras combinadas, dividindo entre os quatro, como sempre fizera. Isto deixou os demais enfurecidos, expulsando Ken da banda e prometendo nunca mais tocar no Casbah. Com a valiosa vaga de sábado à noite aberta, Ken Brown formaria com Chas Newley no baixo e Pete Best, filho de Mona, na bateria, um trio chamado The Blackjacks.
Quanto aos Quarry Men, começam a pensar em mudar de nome. Afinal, já não havia ninguém mais na banda pertencendo ao Quarry Bank High School desde o ano anterior. Perdera-se a muito o sentindo de se manter aquela associação. The Quarry Men portanto acabam oficialmente em outubro de 1959, com o trio passando a procurar outro nome. O primeiro nome escolhido foi the Rainbows.
Parte 02 - Rollin` Stone Rhythm & Blues Band
Lá estava um loiro, da idade deles, tocando igualzinho a Elmore James. Keith, que nunca vira alguém tocando slide antes, ficou tão atordoado com a execução que logo que a música acabou, subiu no palco e trouxe o loirinho para beber com eles à sua mesa. Assim conhecem Brian Jones.
Crescendo em Cheltenham
Lewis Brian Hopkin-Jones herdou sua veia musical da família. A sua mãe era professora de piano, e ele logo mostrou desenvolvimento tocando extremamente bem já aos 10 anos de idade. Estudou o clarinete aos doze, sendo capaz de executar com maestria, "Concerto para Clarinete" de Werber, enquanto sua mãe o acompanha ao piano. Se tornou o clarinetista principal da orquestra da escola em apenas dois anos. Quando conheceu jazz em 1955, ele se tornou um fanático e praticamente abandonou o clássico. O jazz também foi a causa de seu interesse por musica experimental. Ao ouvir Charlie Parker, imediatamente passou a implorar ao seus pais que lhe comprassem um sax alto. Portador de um QI de 137, Brian tinha um dom natural para entender qualquer instrumento musical. Em semanas já dominava bem seu sax, embora, para sua frustração, não conseguisse soar nada como seu ídolo. Com 15 anos Brian estava fazendo dinheiro, tocando todo fim de semana em uma banda de jazz.
No ano seguinte, ele engravidou sua namorada Valerie, de apenas 14 anos de idade. Dentro de uma pequena cidade do interior como Cheltenham, a notícia se espalhou rapidamente e alienou Brian de seus colegas de escola. Ao mesmo tempo, a menina imatura não quis mais saber dele. Brian, apesar das boas notas, era um rebelde na escola, não aceitando os padrões estabelecidos, e após completar o segundo grau resolveu não seguir para a faculdade, para a tristeza dos seus pais, que passaram a ver o jazz como uma influência negativa. Tomado por um pavor perante a responsabilidade e peso da paternidade, Brian juntou dinheiro, seu sax, e fugiu para a Escandinávia, enquanto ela entrava no nono mês. Nasceu um menino que foi chamado de Mark, o primeiro dentre cinco filhos que ele teria, cada um com uma mãe diferente. Brian permaneceu na Escandinávia por alguns meses, tocando e morando nas ruas. Ele recordaria esse período como o mais feliz de toda sua vida. Depois retornou à Inglaterra, e novamente para o circuito de jazz, que era a única música disponível para se trabalhar. Ao assistir uma banda no Wooden Bridge Hotel em Guildford, conheceu uma mulher casada de 23 anos que acabou levando para cama. Nasceria no dia 4 de Agosto de 1960 uma menina, fruto desta noitada.
O Beatnick de Cheltenham
Freqüentador dos cafés universitários locais, vivendo a vida de um Beatnick, Brian conheceu Pat Andrews, de 16 anos, que logo percebeu esse rapaz como sendo diferente. Eles iniciariam um romance que duraria, entre rompimentos e voltas, três anos. Uma de suas colegas de sala era Valery, mãe de seu primeiro filho, e Pat via Brian em sua romântica fantasia, como um Romeu Shakesperiano local. Além de diversos empregos que ia perdendo ou por furtar algo ou por puro desinteresse pelo que fazia, Brian tocava em basicamente duas bandas de jazz, John Keen's Traditional Band e Bill Nile's Delta Jazzband. Meninas viviam dependuradas ao redor dos músicos, e Brian, enquanto namorava Pat, iniciava e dispensava diversos romances. Sua rotina sexual era vista pelos amigos como animalesca, um apetite somente igualado pelo seu interesse por música.
Lonnie Donegan
Lonnie Donegan, membro do Chris Barber Jazz Band, lançou em 1954 o skiffle, uma espécie de uptempo folk, quase um rock, que rapidamente virou uma mania nacional. Anos mais tarde, Chris Barber traria da América alguns blueseiros autênticos. No ano de 1960, em uma dessas ocasiões, Brian foi assistir Chris Barber e acabou conhecendo Sonny Boy Williamson. A música o tocou fundo e a partir daí, Brian sentiu-se entediado com a monotonia do jazz tradicional. "Jazz que não era jazz de verdade", diria, "apenas uma versão inglesa do que gente como Parker, Gillespie e muitos outros faziam". Começou então a ouvir e estudar obsessivamente a música de gente como Sonny Boy Williamson, Jimmy Reed, Howlin' Wolf e Robert Johnson.
No início de 1961, Brian juntou-se a outro amante de jazz e blues, o amigo Dick Hattrell, além de mais dois universitários, dividindo um apartamento. Pat passou a dormir regularmente com ele e acabou engravidando. Para quem acabara de conquistar sua independência dos pais, a vinda de uma criança não era noticia boa, mas Pat recusou abortar. Para selar a paz, ele a levou para o cinema para assistirem "Rebel Without A Cause", rindo do paralelo entre o personagem de James Dean e sua própria vida. No final de 1961, Brian e Hattrell foram novamente assistir The Chris Barber Jazz Band. Entre os músicos da banda de Barber desta vez estavam Alexis Korner e Cyril Davies. Os quatro conversaram sobre jazz e blues e Alexis ofereceu seu telefone para que os meninos o procurassem quando estivessem em Londres.
Brian perdera o interesse por Pat e começou a namorar várias outras meninas, enquanto ela tentava ignorar os avisos das amigas. Morando com os pais, Pat apareceu um dia inesperadamente no apartamento dos rapazes e encontrou Brian com outra menina. Entrou em crise e na semana seguinte deu a luz a um menino, à meia noite do dia 22 de Outubro de 1961. Pat estava certa de que nunca mais o veria de novo, mas Brian romanticamente vendeu alguns discos de sua amada coleção e comprou um bouquet de flores para ela, passando o dia no hospital a seu lado. Batizaram o menino de Julian Mark. Brian escolheu Julian em homenagem ao saxofonista Julian "Cannonball" Adderley.
Brian então seguiu seu caminho, viajando a Londres para procurar Alexis, e lá se apaixonou imediatamente por sua coleção de discos, sendo especialmente comovido pela música de Elmore James. Tanto, que quando voltou para Cheltenham, comprou logo uma guitarra elétrica e aprendeu a tocá-la, inclusive com a técnica de slide à la Elmore, quase da noite pro dia. Brian eventualmente procurava seu amigo Gordon Harper. Mostrou-lhe um disco de Muddy Waters e contou que queria formar uma banda para tocar este tipo de música. Depois convidou-o a entrar na banda, mas Gordon recusou. Brian voltaria a convida-lo mais algumas vezes, todas recusadas. Não encontrando músicos dispostos a tocar o blues em Cheltenham, mudou-se para Londres, sendo seguido por uma nova namorada de 14 anos que arrumara. Lá conheceu e fez amizade com Paul Pond, que mudaria seu nome para Paul Jones e muito mais tarde ajudaria a formar The Manfred Mann.
Paul & Elmo
Paul convidou Brian a ser o guitarrista de sua banda, Thunder Odin's Big Secret. Brian recusou ser membro, pois queria montar sua própria banda, já tendo um conceito musical definido em sua cabeça, mas aceitou ficar tocando com eles enquanto não encontrassem alguém pro lugar. Esses ensaios estreitariam a amizade entre os dois. O amor pelo blues fez com que gravassem uma fita demo, batizando o duo de Paul & Elmo, Elmo Lewis se tornando o novo nome artístico que Brian escolheu, homenageando Elmore James. Em 17 de Março de 1962, Alexis Korner Blues Incorparated estreou no Ealing Club, e tanto Brian quanto Paul estavam lá para assistir, com a fita demo em mãos. Conversam rapidamente com Alexis antes do set e Brian logo se convida para tocar na banda. Na semana seguinte, dia 24 de Março, Paul & Elmo estavam estreando no Blues Inc. A banda na ocasião consistia de Alexis Korner na guitarra, Cyril Davies na gaita, Dave Stevens no piano, Dick Heckstall-Smith no sax tenor, Jack Bruce no baixo e Charlie Watts na bateria. Brian e Paul faziam um numero aparte, "Dust My Broom". Duas semanas depois Brian conheceu Taylor, Jagger e Richards.
Brian ficou surpreso e feliz em descobrir que existiam outros caras da sua idade que gostavam e conheciam tanto de blues. Tanto Mick quanto Keith estavam encantados com ele. Os dois, embora na faixa de 18 a 19 anos, se faziam de vividos, mas ainda moravam com seus pais, enquanto Brian, apenas um ano mais velho, se virava sozinho a tempos, custeados por empregos diversos e suas noites tocando com algumas bandas de jazz, além do seu gig com o Blues Inc. Na cabeça dos dois, Brian passou a simbolizar a síntese do que deveria ser um verdadeiro músico barra pesada vivendo a vida selvagem. Keith tenta impressionar contando sobre as brigas em que ele havia se metido ou como roubara inutilidades de alguma loja. Mas até Keith ficou chocado quando Brian casualmente mencionou sobre seus dois filhos (não sabendo ainda da existência de sua filha) sem estar casado com nenhuma das mães. Mick e Keith estavam tomados por admiração e em muitas maneiras, eles queriam ser como Brian.
A Estreia na Ribalta
Cyril Davies chegou à mesa ligeiramente bêbado, com uma caneca de cerveja na mão. Keith maliciosamente retrucou, "Pô Mick, se aquele cara Paul pode cantar, você também tem bala para cantar aqui". Cyril tomou um longo gole, olhou para Keith e explicou que se ele queria tocar, podia. "Sério?!" Cyril continua, "Meu amigo, só um maluco subiria nesse palco para encarar esse público sem estar preparado. Se vocês dois se acham prontos, vão em frente." Mick, com sua habitual timidez, não falou nada, e foi arrastado por um empolgado Keith Richards até o palco. Keith fez um sinal e disse "Around And Around" se referindo a canção de Chuck Berry, seu herói. Cyril anunciou a nova atração e pegou sua gaita enquanto o baterista do Blues Inc. voltava ao seu posto. Ele é um futuro amigo, Charlie Watts. Esta é a primeira vez que Mick e Keith sobem em um palco de verdade, o primeiro gosto da ribalta.
Aos primeiros acordes da guitarra, as pessoas fazem cara feia. O público era de blues e não conhecia, nem se interessava em conhecer a música de Chuck Berry. Pelo contrario, rock n' roll ali, era palavrão. Mas quando Mick começa a cantar, a sua voz, com um quê de negro, agrada. Sua entonação lembrava mais Big Bill Broonzy e Muddy Waters do que Chuck Berry. Todo duro na frente do palco, Mick cantava segurando seu microfone na mão, e só sua cabeça grande se mexendo, fazendo seus cabelos compridos balançarem freneticamente. Alexis, que até então nunca havia reparado nesses garotos, se aproxima do palco para observar. Mick Jagger estava causando uma tremenda boa impressão, mas ao terminar, só algumas pessoas aplaudem educadamente. "Boa voz garoto" falou Cyril ao descer do palco, ignorando Keith. Mais tarde Cyril e Alexis convidam Mick para um set regular com os Blues Inc., que passaria a cantar três números: Bad Boy, Ride 'Em On Down e Don't Stay Out All Night.
Enquanto isso, Pat em Cheltenham descobre que Brian está morando com outra menina e resolve fazer suas malas, arrumar o Julian e procurá-lo em Londres. Embora com pouco dinheiro, no dia 21 de Abril, pega um ônibus e acaba por bater à sua porta, Brian quase desmaiando de susto ao vê-la. Passam a morar juntos, porém o relacionamento dos dois volta a estagnar rapidamente. Brian quer novidade e Pat lhe parece excessivamente simplória como as típicas meninas do interior. Ela acabava por representar tudo aquilo de que ele tentava fugir quando saiu de Cheltenham. Para piorar o engodo, Pat também não compartilhava do seu interesse pela música, o que acabava por transforma-la em alguém para cuidar da casa, fazer a comida e oferecer sexo caseiro. Por causa dos choros de Julian, acabaram sendo solicitados a entregar o apartamento pelo senhorio, se mudando então para Notting Hill Gate.
Procura-se Músicos
Em Maio, Brian colocou um anuncio no Melody Maker convocando pessoas que queiram se juntar a ele e formar uma banda de rhythm & blues. O primeiro a aparecer foi um pianista chamado Ian Stewart. Stewart era um Escocês criado em Surrey, na Inglaterra. Durante o dia trabalhava como vendedor de uma firma de exportações. Nunca ouvira falar de Elmore James, Jimmy Reed ou Blind Lemon Fuller mas tocava boogie-woogie como poucos na Grã Bretanha, o que impressionou Brian. Outro que entrou na banda foi Andy Wren, um pianista que queria ser cantor. Experimentaram várias formações e conforme foram aparecendo pessoas melhores para o som que Brian queria, ele ia descartando os demais. Depois de Ian Stewart, somente Geoff Bradford realmente faria algum tipo de impressão. Geoff Bradford era um excelente guitarrista que já se apresentara ao lado de Alexis Korner. Ele era um purista, só permitindo-se a tocar blues de negro, e o que não fosse, ele se recusava terminantemente a tocar. Esse tipo de seriedade e compromisso com sua música serviu de modelo para Brian, e se tornaria a principal política dentro dos Stones.
Com Geoff veio Brian Knight, seu amigo para tocar a gaita. Brian então passou a tentar convencer Paul Jones a cantar para a banda mas este recusou. Paul estava dividido entre o Blues Incorporated e os estudos, e a banda de Brian exigiria uma dedicação que ele não estava em condições de oferecer naquele momento. Brian, depois de sucessivas recusas de Paul, convida então Mick Jagger que só aceita participar se Keith Richards puder tocar também. Logo Dick Taylor também estaria ensaiando com eles. A banda fica então com sua primeira estrutura montada com Brian Jones, Ian Stewart, Geoff Bradford, Brian Knight, Mick Jagger, Keith Richards, Dick Taylor e Bob Beckwith, outro ex-Blues Boy que inicialmente tocava guitarra enquanto Taylor tocava bateria.
Dave Stevens, Dick Heckstall-Smith, Alexis Korner, Jack Bruce, Mick Jagger e Cyril Davies
Keith e Brian se tornaram grandes amigos e passaram algumas noites tocando juntos, fora ensaios. Brian não respeitava muito gente como Chuck Berry ou Bo Diddley e Keith fez questão de fazer sua cabeça para aqueles que ele acreditava serem músicos fenomenais. Uma vez entrando na onda, Brian aprendeu rápido diversos números. Mick Jagger, por sua vez, ensaiava com a turma mas se mantinha envolvido com o Blues Inc. Com o tempo, suas apresentações em Ealing e depois no Marquee Club, começavam a chamar mais a atenção do público para sí, do que para a música, atraindo assim, a inveja de alguns membros da banda. Com esse clima ruim que começava a surgir, Mick larga o Blues Inc. perto do final de Junho, e passa a se dedicar a banda nova do Brian em tempo integral. Keith se impressionou com Ian Stewart que vinha para os ensaios de bicicleta. Em função disso, tocava sempre ao lado da janela para vigiar seu meio de transporte. Comentava as coisas que via passando pela rua, enquanto tocava, sem nunca errar uma nota sequer.
Porque Rollin' Stones?
Geoff começava a se irritar com a banda, pois na sua opinião, gente como Chuck Berry e Bo Diddley eram oportunistas fazendo música comercial. Ele queria tocar apenas Muddy Waters, Sonny Boy Williamson, Howlin' Wolf e Elmore James. Brigou com Mick e Keith diversas vezes, mas quando Brian começou a gostar e defender o material que Keith insistia em introduzir, ele preferiu sair da banda, Knight saindo com ele. Beckwith, mais preocupado com seus estudos também saiu. Algum tempo depois, Brian batiza sua banda de The Rollin' Stones em homenagem à canção Rollin' Stone de Muddy Waters. "Por que Rollin' Stones?" alguém perguntou. "Por que uma pedra que rola não cria limo" foi a resposta, repetindo as palavras sábias do mestre Muddy Waters ("A rollin' stone gathers no moss").
Brian tenta persuadir Charlie Watts a largar o Blues Incorporated e assumir a bateria dos Rollin' Stones, mas este aceita apenas ajudar em alguns ensaios enquanto não arrumam outro baterista. O dinheiro do Blues Inc. era certo, já os Rollin' Stones não tinham nada para oferecer a Watts. Brian botou outro anuncio na Melody Makers, desta vez solicitando um baterista. Quem respondeu foi um vendedor chamado Tony Chapman. A entrevista foi na casa do Mick, que colocou o disco "Jimmy Reed at Carnagie Hall" e disse "É este o som que queremos que você toque".
A banda passa a ter então sua primeira formação oficial depois de batizada, com Brian Jones e Keith Richards nas guitarras, Dick Taylor agora definitivamente no baixo, Ian Stewart no piano, Tony Chapman na bateria e Mick Jagger nos vocais.
Sendo os ensaios no fim da tarde, nem sempre Chapman conseguia marcar presença, faltando por estar em outra parte da cidade tentando fechar uma venda. Assim Steve Harris passou a preencher a lacuna na suas ausências, mas nunca ameaçando tomar o posto, uma vez que ele tinha problemas em assimilar o "feeling" necessário para se tocar rhythm & blues. As constantes ausências de Chapman possibilitou a outro baterista adicionar os Rolling Stones ao seu currículo. Mick Avory foi o baterista na estréia da banda ao vivo, no dia 12 de Julho, uma quinta-feira, tocando para um salão com menos de dez curiosos no Marquee Club, enquanto a atração normal das quintas, The Blues Incorporated, estava em outra parte da cidade tocando para um programa da rádio BBC. Quando Avory saiu, Chapman estava lá para reassumir seu posto. Mais tarde, Mick Avory teria uma longa carreira no rock como baterista dos Kinks. Tocaram nesta noite, "Kansas City", "Honey What's Wrong", "Confessin' The Blues", "Bright Lights, Big City", "Dust my Broom", "Down The Road Apiece", "I Want To Love You", "Bad Boy", "I Ain't Got You", "Hush, Hush", "Ride 'Em On Down", "Back In The USA", "Up All Night", "Tell Me That You Love Me" e "Happy Home". Um belo contraste em relação com o hit parade da época que continha músicas de Frank Ifield, Pat Boone, Helen Shapiro, Bobby Fury, Neil Sedaka e Bobby Darin.
Mudanças
Conta-se uma historia, que certo dia Mick fora procurar Brian em sua casa. Brian não estava e Mick, bêbado, força uma relação sexual com Pat que depois disso volta a Cheltenham para morar com os pais. O incidente cria problemas com o senhorio e Brian acaba expulso do apartamento passando a morar em Beckenham, em um lugar que Mick lhe arruma. Pouco depois Keith terminaria seu segundo grau em Sidcup e não voltaria a estudar nem procuraria emprego. Passa a morar não oficialmente com Brian que já arrumara uma nova namorada.
Antes do final do mês, os Stones fazem seu segundo show, desta vez no Ealing Jazz Club, lugar onde Mick, Dick e Keith conheceram Brian. Na bateria, estava lá Tony Chapman. Em Agosto, Mick aluga um apartamento em Edith Grove e convida Brian e Keith a morarem lá também, dividindo as despesas. Dick Hattrell de Cheltenham, amigo de Brian, também passa a morar com eles a partir de Setembro.
Embora todos os relatos tratem Dick Hattrell como um amigo bondoso e sincero, Brian o tratava cruelmente. Sua insegurança de parecer caipira e provinciano perante Mick e Keith, fez com que ele abusasse e destratasse Hattrell durante toda sua estada em Edith Grove. Brian obrigaria Hattrell a pagar comida para todos, comprar-lhe cordas novas para a guitarra e, depois, uma guitarra nova. Hattrell pagaria o concerto de um amplificador e compraria diversas gaitas de afinações variadas, tudo para agradar Brian, que tomaria seu casaco, deixando o amigo sentindo frio no seu lugar. Hattrell aceitava tudo sem criar maiores atritos.
Havia poucos clubes para se tocar, pois o circuito de jazz não aceitava a música dos Stones, sendo eles mal vestidos, cabeludos e mal vistos de maneira geral. Os três moradores de Edith Grove tentavam juntar dinheiro e guarda-lo em uma lata, mas Brian vivia roubando da tal latinha. Quando Brian conseguia um emprego, acabava demitido por furto, e por pouco não foi processado por roubo. Os Stones, nesta época, conseguiam tocar apenas uma ou duas vezes por mês, geralmente no Ealing.
The Pretty Things
Dick Taylor resolveu então que era hora de fazer uma escolha. Estava dividido entre os estudos no Royal College of Art e sua música. Concluiu que se ele pretendia continuar a estudar, precisaria dedicar mais tempo para os estudos imediatamente. Saiu então da banda e continuou afastado da música por um ano. Em 1963 voltaria ao rock formando uma banda de rhythm & blues sua, chamado Pretty Things, homenagem a canção do Bo Diddley, "Pretty Thing" e com eles, conseguindo uma razoável notoriedade.
Os Rollin' Stones arrumaram um baixista chamado Ricky Fensen, que mais tarde passaria a atuar com o nome artistico de Ricky Brown, e outro baterista para as eventuais ausências de Chapman chamado Carlo Little, ambos membros dos Savages. No outono, Stu compra um velho Rover fabricado antes da guerra, que passou a levar o equipamento e a banda para as poucas gigs que arrumavam.
Extinction Root - Hammurabi
O Thrash Metal é uma das vertentes do Metal que vive para causar, além do impacto sonoro, certa estupefação nos detratores e fãs do estilo, já que as surpresas que surge dentro de suas amplas fronteiras são algo quase que inimaginável. Sejam bandas adeptas das tendências mais modernas, ou das mais conservadoras, muitas vezes, damos de cara com produções dignas de nota não apenas pela musicalidade de bom gosto, mas o conjunto da obra, que chega a padrões absurdos de qualidade.
E o quarteto mineiro HAMMURABI é mais uma das mais belas surpresas que se pode ouvir nos últimos tempos, já que seu esforço e garra nessa batalha culmina neste excelente CD, o álbum ‘The Extinction Root’, que saiu no Brasil no final de 2010 pela Cogumelo Records, mas que tem sua versão ‘overseas’ lançada pela Relapse Records, já que a bandaopta por fazer um Thrash Metal bruto com certo ‘q’ de Death, que remete ao que vimos na virada dos 80 para os 90 em BH, pois é bem feito e com várias nuances bem incomuns ao estilo, mas que encaixam harmoniosamente na música da banda.
Os vocais oscilam entre um gutural bem feito com urros mais agudos, e nos momentos mais amenos, nos traz uma certa similaridade à um Peter Tagtgren mais agressivo e rasgado, com ótima dicção; as guitarras abusam em fazer bases agressivas e bem feitas, bem como solos numa escola bem Hanneman/Blomqvist, ou seja, são aqueles tradicionais do estilo, mas com noções melódicas, sem aquele recurso batido de ‘guitarra-sendo-quebrada-em-mil-pedaços’ eu muitos usam para esconder falta de criatividade; e a cozinha é peso-pesada, variando bastante entre momentos rápidos ou mais cadenciados.
Não é algo fácil destacar esta ou aquela faixa, uma vez que o CD todo é nivelado por cima. Após ‘Obliteration of Makind’, uma introdução instrumental, vem ‘The Extiction Root’, bem brutal e variada, que tem um momento ameno com belas guitarras. ‘Blessed by Hate’, de estava em seu Websingle de mesmo nome do ano passado, que é intensa, bem trabalhada e com riffs e solos empolgantes à lá SLAYER fase ‘Haunting the Chapel’/‘Hell Awaits’. ‘Despair and Anguish’ é bem chapante, e tem um trabalho de bateria absurdo; com forte emoção e melodias bem feitas em seu início, entra ‘Highway of Death’, para depois de virar um autêntico massacre ‘uptempo’, cadenciada, para deixar o pescoço doído, bem como ‘Oil, Smoke and Blood’, esta um pouco mais na linha antiga do ANTHRAX. Já ‘Madness is to Live in this World’ faz o coração bater com força, isso é, se ele não sair pela boca, pois tamanha brutalidade empolga. ‘A Land Forgotten in Hell’, a faixa mais longa do CD, nasceu para ser clássico, pois é uma faixa bem feita demais, e sob a cadência e agressividade, estão harmonias bem pensadas, e os vocais variam muito, sem deixarem de ser agressivos.
Para quem conhece o HAMMURABI e esperava o CD, é óbvio que não vai se decepcionar, e quem conhecer a partir de agora, terá uma das melhores surpresas do ano, com toda certeza.
Extremante recomendado!
Formação:
Daniel Lucas – Vocais e baixo
Wagner Oliveira - Guitarras
Danilo Henrique – Guitarras e Backing Vocals
Críslei Rodrigo – Bateria
Tracklist:
01. Obliteration of Mankind (instrumental)
02. The Extinction Root
03. Blessed by Hate
04. Despair and Anguish
05. Highway of Death
06. Oil, Smoke and Blood
07. Madness is to Live in This World
08. A Land Forgotten
09. Global Diseade
10. ...And the Soul of the Planet in Gone
Contatos:
Born Free - Kid Rock
O que esperar de um novo cd do KID ROCK? Uma mistura de Rock, Rap e Hip Hop, com letras que mereceriam o selo de “conteúdo explicito”, da Parental Advisory? Essa seria a resposta certa tomando-se por base os primeiros trabalhos do cantor e seu álbum de maior sucesso “Devil Without A Cause”, de 1998.
Mas se a década de 90 foi dedica ao seu estilo de unir a sonoridade do Rap com o Rock, desde o início dos anos 2000 KID ROCK passou a se dedicar a um som mais limpo, com tendências fortemente voltadas para o Country e o Southern Rock. E é isso que novamente se encontra em “Born Free”, seu oitavo álbum de estúdio.
Os destaques ficam por conta da faixa título “Born Free” (vale a pena conferir o clipe também), a celebração ao melhor dia da semana, o sábado, que aparece na letra de “God Bless Saturday” e ainda “Purple Sky” e “Rock Bottom Blues”.
Vale mencionar que são diversas as participações de músicos convidados, como Bob Seger, Chad Smith (RED HOT CHILLI PEPPERS), David Hidalgo (LOS LOBOS), sua velha companheira SHERYL CROW, dentre outras. Sem contar ainda a parceria do rapper T.I. e da cantora country Martina McBride, na faixa “Care” (essa faixa é a única que traz uma pitada de Rap).
Para quem ainda é fã e comprador da boa e velha “bolachinha” prateada com um furo no meio (conhecida como CD), vale mencionar que “Born Free” traz um encarte recheado de fotos e todas as letras das canções.
Vale conferir, se você é daqueles que prefere essa fase atual do KID ROCK, sem se incomodar com músicas que tendem para um Pop/Rock tocado em rádio.
Nacional – Warner Music/TopDog
Track List:
01. Born Free
02. Slow My Roll
03. Care
04. Purple Sky
05. When It Rains
06. God Bless Saturday
07. Collide
08. Flyin’ High
09. Time Likes These
10. Rock On
11. Rock Bottom Blues
12. For The First Time (In A Long Time)