9 de fevereiro de 2011

Ritmo Acelerado - It's All Gone Pete Tong






Baseada na trágica vida do DJ mundialmente famoso, Frankie Wilde.
Um génio na sua área, Frankie subiu a pulso, no mundo competitivo dos DJ's, até atingir um lugar de topo. Mas a tragédia cruza-se com ele, numa altura em que vivia numa casa de luxo e com uma mulher de sonho, na ilha de Ibiza. Nascido com um problema auditivo, fica rapidamente surdo, mantendo apenas um ouvido a funcionar, e tendo ainda de terminar mais uma temporada. Mas com apenas 20% de audição os resultados são catastróficos, as multidões desertam, a companhia discográfica deixa-o cair, a mulher deixa-o e o empresário o abandona. Frankie mergulha na depressão. Será que vai ser capaz de regressar dos abismos como uma pessoa melhor? Será que vai conseguir reconquistar a sua sanidade e expulsar os seus demónios e largar a cocaina?



Trailer

A História do Burzum - Parte XIII: Logos

Muitos de vocês me escrevem sobre “o logo do Burzum". Em 1991 ter um logo “cool” era uma das coisas mais importantes para as bandas de Metal na Noruega. O Immortal tinha um, o Mayhem tinha um, o Darkthrone também e assim por diante. Eles eram cheios de cruzes invertidas e outros símbolos que eram “satânicos”, “cool” e alguns eram até mesmo difíceis de ler – ou “interpretar”. Inicialmente, quando saí do Old Funeral e reativei meu próprio projeto, mudando o nome de Uruk-Hai para Burzum, eu também quis um logo, e uma amiga minha se propôs a desenhar um para mim. Ela desenhou e tudo estava bem até que percebi que eu estava seguindo uma tendência. Por que eu faria aquilo quando tudo o que eu fazia era para ser uma revolta contra as tendências? Então decidi não ter um logo e apenas usar uma fonte legal.


No final de 1991 eu não tinha acesso fácil a fontes de outros tipos que não os de minha máquina de escrever. Aquilo foi antes da popularização da Internet. Eu tinha que comprar algum tipo de fonte adesiva e só podia comprar poucos conjuntos para depois usá-los para “construir” palavras, letra por letra. Por alguma razão, seja porque as letras certas tinham acabado ou porque fiz de propósito – não consigo me lembrar – escrevi o nome Burzum  com letras maiúsculas e usei a única fonte diferente que eles tinham na livraria: Gothic.
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Quando lancei o álbum de estreia, pedi para a gravadora, a DSP, para usar esse tipo de letra não somente para o nome da banda, mas para todos os outros textos do álbum. O nome Burzum não era, em outras palavras, realmente um logo, mas apenas o nome da banda escrito em letras Gothic juntamente com outros textos em Gothic. Depois de um certo tempo parei de pensar sobre logos e, por alguma razão, não mudei o tipo de fonte usada nos álbuns. Dessa forma, muitos começaram a pensar que o nome “Burzum” em fonte Gothic era o “logo Burzum". Mas nunca foi. Apenas o nome importava; a fonte era, e ainda é, irrelevante.
Para o álbum "Dauði Baldrs" ou "Hliðskjálf" (não me lembro qual) eu quis usar uma fonte ainda mais comum, como Arial mas, por algum motivo, acabei não mudando. Não me lembro por que não mudei. Algumas memórias perdem-se para sempre – porque não importam realmente.
Para "Belus" eu finalmente decidi usar uma fonte diferente para enfatizar que o Burzum não tem um logo e também para indicar que este é um novo começo para o Burzum. Eu encontrei algumas fontes de graça na Internet e escolhi uma que era adequada ao conceito do álbum: Belus, o deus do carvalho (e sua esposa, Eduno, a donzela dos campos). A que decidi usar tem uma aparência florida, tipo fantasia, e era exatamente o que eu estava procurando.
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Tenho certeza que essa fonte já foi usada por outros antes de mim – qualquer um na face da Terra pode fazer o download de graça – e não estou tentando ser original. Cansei de ser original. Eu só quero fazer aquilo que me agrada, não importa o que o resto do mundo possa ou não possa fazer, e eu não quero um logo. Eu simplesmente usei uma fonte que se encaixa no conceito do álbum. Estou sendo eu mesmo e não o oposto daqueles de quem não gosto.
A propósito, se um dia eu quiser criar um logo para o Burzum eu o farei. Nada está entalhado na rocha: nem logos, nem decisões sobre logos e nem qualquer outra coisa. Nem mesmo o nome Burzum está...
Varg Vikernes
(Dezembro de 2009)

Metal Up Your Ass - Os Primórdios do Metallica (Parte V)

Com o lucro do shows na Costa Leste e as economias de sua loja de discos, em maio de 1983, finalmente Johnny Z juntou o necessário para financiar as gravações do primeiro álbum do Metallica pelo próprio selo, Megaforce, e começou a busca por um estúdio.



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Um fato que antecedeu a ida da banda para as gravações, foi a volta da insegurança de James Hetfield em a assumir os vocais e guitarra ao mesmo tempo. Após uma reunião onde James afirmou novamente que fosse melhor ficar apenas com a guitarra base, especialmente depois da saída de Mustaine e o fim dos conflitos. Os integrantes tentaram, então, uma ligação de última hora para o vocalista John Bush na Costa Oeste para que ele já entrasse na banda gravando o disco. O então vocalista do Armored Saint se sentiu honrado por ter sido lembrado de novo (se você se lembra dos últimos capítulos, a banda tentou alguma coisa com Bush quando ainda moravam em Los Angeles), mas dessa vez foi o próprio quem rejeitou o convite já que o Amored alcançava um sucesso relativo e ele não trocaria aquilo por uma incerteza ao lado do Metallica: James teve de se conformar em gritar as letras e continuar como guitarrista mesmo, especialmente naquele momento crucial.
Como estavam sem muita grana (apesar da bem-sucedida turnê com o Venom), um amigo de Johnny Z, um certo ex-roadie do Black Sabbath chamado Joey DeMaio – sim, o próprio baixista e fundador do Manowar – recomendou um estúdio baratinho conhecido como Music America em Rochester, cidade ao norte do estado de Nova York.
Joey avisara que o estúdio era bem precário, praticamente o porão de uma velha casa colonial, mas um lugar chamava muito a atenção: o salão oval no segundo andar, ótimo – acusticamente falando - para as gravações da bateria do perfeccionista Lars Ulrich.
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Ciente da responsabilidade do investimento, Zazula voou primeiro para a cidade a fim de checar a qualidade do lugar e negociar (entenda-se pechinchar) os valores do aluguel com seu proprietário, Paul Curcio. Para que o empresário não tivesse de contratar um produtor e desembolsar mais grana extra além das passagens e hospedagem, Johnny decidiu contratar o próprio Curcio (afinal, ele morava no local e tinha experiência com todos os seus equipamentos) como produtor do primeiro disco do Metallica, mesmo que o cara não tivesse muita familiaridade com Heavy Metal.
Assim que o estúdio foi aprovado, a banda voou para Rochester e os ensaios para a gravação começaram. Vale lembrar que com as saídas de Ron e Mustaine nos meses anteriores e a entrada dos novos músicos, a maior parte das primeiras músicas do Metallicaganhou versões mais trabalhadas, com harmonias diferentes e pequenas mudanças nos solos.
Obviamente, as músicas escolhidas para figurarem no disco foram basicamente as 10 primeiras compostas nos últimos dois anos, as mesmas que já faziam a alegria dos fãs nas demos e nos shows da Bay Area. Algum material extra também já estava pronto, como alguns riffs de Fight Fire With Fire, Call of Ktulu e a introdução de Ride The Lightning (todas compostas com a ajuda de Dave Mustaine), mas essas composições ainda eram muito cruas e foram deixadas para depois.
Hit The Lights era a escolha óbvia para abrir as gravações já que foi a primeira composição oficial doMetallica e mostrava toda a energia e velocidade do Thrash Metal naquele começo. The Four Horsemen foi a música com maior alteração desde sua versão preliminar, a famosa The Mechanix. A verdade é que essa era a composição original com maior participação de Dave Mustaine e James se sentia constrangido em cantar versos de um ex-integrante, expulso de uma forma tão polêmica. O vocalista/guitarrista preferiu reescrever tudo, substituindo o tema futurista por uma versão bíblica dos quatro cavaleiros do apocalipse e acrescentou um intervalo lento com inspiração no clássico Sweet Home Alabama do Lynyrd Skynyrd. A nova The Four Horsemen também é considerada a ponta do rumo que foi tomado pela banda nos álbuns seguintes, com várias viradas em seu andamento e riffs marcantes, não apenas baseados na velocidade.
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A intimista música de James, Motorbreath, era a próxima seguida por Jump In The Fire, que fugia um pouco do Thrash e trouxe as influências mais tradicionais, especialmente da NWOBHM, ao som do disco.
Metallica mostrou que inovação era o caminho para o sucesso e os caras resolveram incluir o solo de baixo de Cliff Burton, Anesthesia, também no álbum, para que o disco refletisse com a maior precisão possível a experiência de um show. A voz que fala “bass solo, take one!” no começo é de James e a grande curiosidade é que Cliff se trancou na sala de gravação e não permitiu que nenhum outro integrante tivesse acesso à versão final de seu solo (nascido de um improviso e gravado com pedal de overdrive para guitarras) até que ele mesmo aprovasse. Os demais integrantes acompanhavam Cliff apenas pelo vidro do aquário da sala, sem escutar o que o baixista fazia ou conversava com o produtor. A rápida e pesada Whiplash finalizava o lado A do vinil.
O lado B seguia a porrada e trazia as músicas preferidas dos fãs nos shows, começando com Phantom Lord e passando por No Remorse, Seek and Destroy e o hino Metal Militia.
Todo o processo de gravações durou quase três semanas (entre os dias 10 e 27 de Maio) e o produtor Paul Curcio não pôde dar muitos palpites durante a mixagem já que James e Lars eram extremamente ciumentos com suas composições e raramente deixavam Curcio ou Zazula opinarem (fato também explicado pelo baixo orçamento disponível já que grandes mudanças precisariam de tempo e, na linguagem dos estúdios, tempo é MUITO dinheiro), mas a verdade é que o resultado final surpreendeu a todos, especialmente pelo baixo valor investido (cerca de US$ 18.000).
Um fato curioso durante as gravações aconteceu com Lars. O baterista jura até hoje que a velha casa utilizada, em especial o salão oval onde foram gravados todos os takes da bateria, era assombrada e exigia que alguém ficasse com ele o tempo inteiro pois, do nada, os pratos e o bumbo começavam a tocar sozinhos.
Quando os integrantes ouviram pela primeira vez a fita final das gravações, também perceberam que as músicas estavam ainda mais rápidas do que as versões dos shows ou das demos. James, em uma entrevista publicada 3 anos depois, afirmou que este foi um processo natural ocorrido ao longo dos meses já que todas as composições eram ensaiadas à exaustão e, com o aperfeiçoamento do instrumental, elas ficaram cada vez mais rápidas.
Com a fita master pronta, o próximo passo era batizar o álbum. A escolha, na verdade, já estava feita desde que a banda viajou de San Francisco para Nova Jersey. O nome do primeiro disco seria Metal Up Your Ass (literalmente: “o Metal enfiado na sua bunda” – nome simpático, que batiza este artigo também) e até o desenho da capa já estava pronto (idéia e concepção de Mr. Hetfield): uma privada aberta com um punhal saindo de dentro pronto para cortar o traseiro de alguém. A frase já era bem conhecida dos fãs e sempre utilizada por James durante os shows nas músicas No Remorse e Metal Militia para chamar a participação do público e aumentar ainda mais a energia. Você pode conferir alguns desses momentos de interação no vídeo Cliff ´Em All. Até hoje a página oficial do Metallica vende em sua loja a camiseta com a ilustração do que seria essa capa do primeiro álbum e os dizeres “Metal Up Your Ass” logo abaixo.
Todos adoraram a idéia, menos o distribuidor de discos contratado por Zazula que se recusou a trabalhar com um material tão “ofensivo”. O empresário ainda tentou negociar alguma mudança no desenho mas nada feito: ou a banda mudava o nome do álbum e o desenho da capa ou o contrato de parceria entre a Megaforce e o distribuidor seria encerrado. Ao tomar conhecimento de toda a história, o baixista Cliff Burton ficou muito irritado e disse “ah quer saber? Vamos matar todos eles” e os que ouviram essa frase gostaram da idéia – não do crime, obviamente, mas da sentença “Matar todos eles (Kill ´Em All)” como uma expressão de raiva que simbolizava todo o trabalho do Metallica até então e o novo som que surgia e, assim, se batizou o primeiro álbum dos californianos.
Com o nome pronto, James e Lars tiveram de repensar um outro conceito para o desenho da capa e preferiram algo mais simples, agressivo (para ainda desafiar os distribuidores), mas bem direto, sem caveiras ou monstros, elementos bem conhecidos das capas de trabalhos de Metal (vide capas do Iron Maiden, Motörhead e Venom, por exemplo).
Algumas idéias bem simples foram lançadas e a escolha final acabou com colagens tiradas de gravuras de revistas com um martelo, uma poça de sangue e a sombra de uma mão. O logo utilizado seria o mesmo criado por James e já divulgado a exaustão nos shows da banda: estava pronto o primeiro disco oficial doMetallica.
O Kill ´Em All chegou oficialmente às lojas no dia 25 de Julho de 1983 e vendeu, de cara (nas primeiras horas do dia do lançamento), 7.000 cópias apenas nos Estados Unidos. Um número nada mau para uma banda que estava apenas começando e trazia um som bem diferente, mesmo para o conceito da música pesada.
Assim como ocorreu com a prensagem do Metal Massacre, a primeira edição do Kill ´Em All também saiu com alguns errinhos de fábrica, como alguns discos que vieram sem o encarte e a letra das músicas e algumas capas que saíram com erros de impressão. Esses itens hoje são raríssimos, vendidos por uma pequena fortuna em sites de leilão.
As críticas dos fãs e da imprensa eram bem variadas: a maioria amou o disco mas alguns estavam tão acostumados ao som cru das demos, que estranharam o trabalho mais elaborado do Kill ´Em All, especialmente nos vocais de James e na nova velocidade das músicas. Divergências à parte, a questão é que, exatamente como com o No Life ´Til Leather, o lançamento caiu como uma bomba na cena musical que nunca imaginava algo tão pesado lançado de forma oficial por alguma gravadora. A ótima repercussão abriu as portas para as bandas de Thrash Metal e a cena de San Francisco finalmente tinha algum retorno financeiro para seus representantes.
Zazula mostrou que tinha visão do negócio e, com o sucesso da primeira prensagem do álbum nos EUA, atraiu distribuidores para praticamente todos os cantos do mundo. Na Holanda e no Canadá, o álbum saiu pela Roadrunner, na Inglaterra pela Music for Nations, no Brasil, chegou pelas mãos da RGE, no Japão pela King e na França pela Bernett.
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Para ajudar ainda mais na promoção, Johnny Z colocou no mercado também um single de 12’’ da música Whiplash. O disquinho vinha com 4 músicas: a versão oficial de Whiplash, mais uma remixada (cuja diferença é, honestamente, bem pequena) no lado A e no lado B as músicas Seek and Destroy e Phantom Lord, gravadas como se fossem ao vivo (com barulho falso de público – acredite se quiser), para mostrar a força do Metallica aos que ainda não tinham visto um show dos caras.
O sucesso do Kill ´Em All atravessou o Atlântico e pegou também os ingleses desprevenidos. A mesma cena da NWOBHM que inspirou o Metallica agora se rendia ao talento dos californianos e as vendagens do Kill ´Em All logo em seu lançamento representaram o maior sucesso desde a explosão do Iron Maiden (e o primeiro disco auto-intitulado) em 1980.
Metallica ganhou em 1983 diversos prêmios na Terra da Rainha, desbancando até mesmo nomes de peso como o Piece of Mind do próprio Maiden. Naquele ano, a banda foi eleita a melhor pela tradicional revista Metal Forces onde também ganharam por melhor álbum e Kirk Hammett ganhou como melhor guitarrista. Ao saber do resultado, o irônico Dave Mustaine soltou o seguinte comentário “Kirk pegou um atalho para o número 1 por causa dos meus solos no No Life ´Til Leather”. Se analisarmos friamente, Mustaine até que tem um pouco de razão já que Kirk preferiu manter alguns dos solos originais, mesmo que negue isso até hoje.
Com o sucesso do Metallica e a boa divulgação do primeiro álbum, a Megaforce Records começou a receber diversas propostas de novas bandas interessadas na parceria como o próprio Anthrax, o Manowar e os ingleses do Raven. Zazula planejava a primeira turnê oficial dos californianos e resolveu escolher o Raven, que lançavam naquele mesmo período o ótimo All For One, para os shows em conjunto.
A escolha se mostrou perfeita pois, apesar dos ingleses serem vistos como uma grande piada em seu próprio país de origem (o som era popularmente conhecido como Athletic Rock por ser rápido mas não tão pesado como uma banda de Metal), o estilo energético da banda caía como uma luva com o som inovador do Metallica e o disco vendia bem na Terra do Tio Sam.
A Kill ´Em All For One Tour (mesclando o nome dos dois lançamentos das duas bandas) começou em 27 de Julho com um show em Nova Jersey e atravessou o país de costa a costa durante 3 meses. Todas as viagens eram feitas em um ônibus alugado por Zazula, aonde iam as duas bandas, alguns roadies e todo o equipamento. Até hoje o pessoal do Raven considera aquela turnê como o ponto alto da trajetória da banda e todos ainda demonstram muito carinho e respeito pelos integrantes do Metallica.
A turnê oficial do Kill ´Em All, agora somente com o Metallica, continuou um enorme sucesso até Janeiro de 1984 e foi em um desses últimos shows, mais precisamente em Boston, que todo o equipamento da banda foi roubado de dentro do ônibus, logo após a apresentação. Entre os itens roubados estava um amplificador Marshall muito querido por James desde sua adolescência. Esse fato foi um grande choque para o vocalista/guitarrista e serviu de inspiração para a música Fade to Black que sairia no segundo álbum.
Com o final da turnê pelos EUA, a banda partiu para seus primeiros shows internacionais na Europa, a chamada “Seven Dates of Hell”, e, de lá, se preparariam para a gravação do segundo álbum. Daí para frente todos conhecem a história do Metallica, a fama, a fortuna e os sucessos, e chego ao final deste artigo dos primórdios por aqui.
Muito obrigado a todos que acompanharam este texto e espero ter contribuído positivamente para que os fãs e simpatizantes conhecessem um pouco mais desse passado do Metallica e seus integrantes e a luta para que chegassem ao topo e ajudassem a levar o nome “Metal” até níveis inimagináveis, especialmente se pensarmos em todas as dificuldades enfrentadas.
Se o Metallica ainda é ou não o dono da posição de maior banda de Metal, não importa, pois o nome que deixaram marcado na história do Rock e a revolução que causaram é algo digno de um estudo aprofundado. Portanto, antes de sair por aí xingando a banda, procure analisar melhor as influências que eles trouxeram até hoje no cenário mundial. Talvez sem o Metallica e a impulsão de toda a cena da Bay Area (como você deve imaginar, eles foram a grande locomotiva que puxou toda uma geração), a história do Heavy Metal fosse bem diferente.
Referências Bibliográficas:
BNR – Metal Pages. http://www.bnrmetal.com
Encyclopedia Metallica. http://www.encycmet.com
Metallica Official. http://www.metallica.com
PUTTERFORD, MARK. Metallica In Their Own Words. UK: Omnibus Press, 2000
RUSSELL, XAVIER. The Definitive Metallica. UK: Omnibus Press, 1992
McIVER, JOEL. Justice for All: The Truth About Metallica. USA: Omnibus Press, 2004

Let The Game Begin - Hell In The Club

Contando com membros de ELVENKING e SECRET SPHERE, os italianos do HELL IN THE CLUB não são inexperientes como se poderia prever com seu álbum de estreia, “Let The Game Begin”, que ganha o mercado em 2011. Como pode se prever pelo título das faixas, o som agora abordado é um hard rock situado entre o sleaze mais tradicional e o rock melódico das bandas mais modernas.


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A banda realmente consegue elevar suas faixas àquilo que o hard rock produziu de melhor na década de 80, trazendo muitas influências de MOTLEY CRUE, GUNS N’ ROSES, WARRANT, entre outras. As linhas de guitarra de “Never Turn My Back” definitivamente não são novas mas, melódicas, conduzem a faixa rumo a um refrão bem cativante. Os vocais arrastados são mais modernos, adequando-se um pouco mais ao sleaze propriamente dito do que copiando as mencionadas bandas. “Rock Down This Place” e “Raise Your Drinkin’ Glass” seguem com a animação centrada nos costumeiros e pegajosos refrãos. E o que dizer de “Another Saturday Night”? Só ouvindo para entender o que os italianos conseguem criar.
Merece destaque também a balada acessível “On The Road”, sabiamente escolhida para um videoclipe. Por outro lado, as aceleradas “Natural Born Rockers” e “No Appreciation” chamam a atenção com baterias intensas e flertam com as músicas conduzidas por Duff a frente do GUNS N’ ROSES. “Daydream Boulevard”, por sua vez, traz um lado funky até então não explorado, mas elucida a versatilidade e o potencial do grupo, que consegue surpreender a cada nova adição à sua sonoridade.
Sem dúvida, a influência heavy metal dos músicos acabou pesando no grande enfoque dado as guitarras, o que garante boas melodias em “Let The Game Begin”. Melodias estas que não são nada novas por sinal, mas muito boas e mostram uma banda que tem muito potencial para continuar trilhando seu caminho. O que pode ser mais explorado em próximas composições são as boas misturas de andamentos logradas em “Raise Your Drinkin’ Glass”, “Forbidden Fruit” e “Daydream Boulevard”, que tanto preservam o hard de tempos áureos, como trazem uma identidade mais única da banda.
O outro ponto fraco, além dessa fraca identidade naturalmente demonstrada em seu debut, são os solos apresentados, que ficam bem abaixo da criatividade das bases. Mas, pelo demonstrado em “Let The Game Begin”, será questão de tempo para o HELL IN THE CLUB acertar esses detalhes. Considerando a qualidade das músicas e projetando o futuro de suas criações, pode-se apostar que a banda conquistará seu espaço no concorrido mercado do hard rock, me arriscando a já indicá-la como uma das mais promissoras de 2011. Bela revelação!
Integrantes:
“Dave” Moras – Vocais
“Andy” Buratto – Baixo
Andrea “Picco” – Guitarra
“Fede” Pennazzato – Bateria

Faixas:
1. Never Turn My Back
2. Rock Down This Place
3. On The Road
4. Natural Born Rockers
5. Since You're Not Here
6. Another Saturday Night
7. Raise Your Drinkin' Glass
8. No Appreciation
9. Forbidden Fruit
10. Star
11. Daydream Boulevard
12. Don't Throw In The Towel

Gravadora: Red Pony Records

Go-Go Boots - Drive-By Truckers

Dia 15 de fevereiro é o dia do lançamento oficial do "Go-Go Boots", nono álbum do Drive-By Truckers, sem dúvida mais um belo disco da banda, feito para se apreciar com calma, pois as vezes não é fácil entender ou digerir os trabalhos da banda, mas no final das contas o resultado é positivo.



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As faixas do álbum são provenientes das gravações de "The Big To-Do" em 2008, ou seja, as músicas de "Go-Go Boots" seriam as que não entraram no álbum anterior? Se for, as sessões "The Big To-Do" podem ser consideradas extremamente produtivas.
Inicialmente havia escutado apenas três faixas do álbum, "Used To Be a Cop", "I Do Believe" e "Everybody Needs Love", ambas me deixaram ansioso para escutar o álbum completo, não consegui suportar e tive que encontrar um lugar para fazer o download. O disco completo é instigante e merece ser ouvido com paciência e ter dedicação exclusiva por alguns minutos, garanto que não será tempo perdido.
O álbum segue uma linha que me agrada muito, ele não é igual como um todo, as faixas tem levadas diferentes, algumas agitadas, outras alucinantes, outras mais leves, isso faz com que sua audição não se torne cansativa.
As letras ainda estão carregadas com os clichês caracteristicos do Drive-By Truckers, mas isso não compromete o álbum, pois é isso o que fez a banda conseguir tantos fãs. Eles fazem música porque gostam e já não ficam com os olhos brilhando pela fama, são quarentões e fazem o que fazem porque amam, o que acaba tornando o som deles natural e descompromissado. Não há superprodução, tudo em prol de um som cru, saudável e acolhedor.
Eu faço uma advertência a todos que escutarem esse álbum ou qualquer outro da banda. Não tentem categorizar o Drive-By Truckers, eu já tentei e é quese impossível. Muitos os rotulam Southern Rock, eles odeiam isso, outros Alternative Country, Modern Country e sei lá o que mais, isso, pelo menos para mim, não importa, o som deles é agradável e pronto.
O álbum pode ser adquirido via iTunes em uma Deluxe Edition com 19 faixas. Em breve será lançado um documentário, "The Secret to a Happy Ending": "É um filme sobre o Sul dos EUA, onde o rock nasceu. É sobre um grupo de crianças que cresceram no meio da música soul doce feita em Muscle Shoals, no Alabama por músicos negros e brancos, enquanto o movimento dos direitos civis explodiram por toda parte. Trata-se de sair de casa e abraçar o espírito DIY do punk. Trata-se de fazer arte, fazer amor e fazer uma vida. É um filme sobre o Drive-By Truckers." (Patterson Hood)
01. I Do Believe (3:33)
02. Go-Go Boots (5:38)
03. Dancin’ Ricky (3:28)
04. Cartoon Gold (3:15)
05. Ray’s Automatic Weapon (4:27)
06. Everybody Needs Love (4:38)
07. Assholes (4:41)
08. The Weakest Man (3:21)
09. Used To Be A Cop (7:05)
10. The Fireplace Poker (8:16)
11. Where’s Eddie (3:03)
12. The Thanksgiving Filter (5:37)
13. Pulaski (4:26)
14. Mercy Buckets (5:24)
Fonte desta matéria: Southern Rock Brasil

Atmosphere - Bad Habit

Um AOR que seja ao mesmo tempo clássico e moderno, que não seja repetitivo nem leve demais. Sempre uma tarefa pessoal difícil de encontrar. No entanto, em “Atmosphere”, que chega ao mercado no início de 2011, percebo que o BAD HABIT certamente tem uma boa mistura daquelas características, o que torna a banda uma das mais interessantes do momento.



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Comparando com “Above And Beyond”, considero que “Atmosphere” está no mesmo nível de seu antecessor. O primeiro parece ter primado mais por um hard rock enquanto o último acentua mais sua veia AOR, como se percebe em faixas como “Every Time You Cry” e “Only Time Will Tell”. Até mesmo nas faixas que possuem vocais mais agressivos ou guitarras mais impactantes, como em “In The Heat Of The Night”, “Break The Silence” e “Catch Me When I Fall”, ainda há espaço para os teclados e para a sutileza das harmonias, muito bem trabalhadas.
modernidade é acrescentada principalmente em “I’ll Die For You”, enquanto “Angel Of Mine” remonta os tempos clássicos da banda. Devem ser destacadas também as mais cadenciadas “I Wanna Be The One”, “We Are One” e “Save Me”, pelas belas melodias e pelos refrãos marcantes. “Without You” consegue resumir bem o que é o “Atmosphere”, fundindo o que há de melhor nas faixas.
O grande diferencial dos suecos é sem dúvida os vocais bem alternados de Bax, que consegue ser suave e potente quando necessário. Nesse sentido, deveriam ter explorado faixas mais versáteis, apesar de o trabalho analisado como um todo conseguir mesclar de forma coerente todos os elementos que marcaram a carreira do BAD HABIT.
O ponto negativo fica pela falta de variação das músicas que, embora muito boas, se diferenciam entre si apenas pontualmente, havendo somente três tipos de faixas: as mais pesadas, as com andamento não tão rápido e as baladas, com uma ou outra pequena novidade em cada uma.
Assim sendo, apesar de ser um álbum que não surpreende, o disco cumpre bem seu papel, pois proporciona bons momentos de apreciação de um AOR enquadrado no mínimo como bom, já que é muito difícil de ser feito.
Integrantes:
Bax Fehling - vocais
Hal Marabel - guitarras, teclados
Partik Sodergren - baixo
Jaime Salazar - bateria
Sven Cirnski - guitarras

Faixas:
01. In The Heat Of The Night
02. Words Are Not Enough
03. Every Time You Cry
04. I Wanna Be The One
05. I’ll Die For You
06. Angel Of Mine
07. Fantasy
08. We Are One
09. Only Time Will Tell
10. Break The Sillence
11. Save Me
12. Catch Me When I Fall
13. Without You

Gravadora: AOR Heaven

Moment Of Glory - Scorpions

Uma orquestra clássica e uma banda de Rock, imagine o resultado desta fusão, a maior banda de rock surgida na Alemanha e a melhor orquestra clássica do mundo desferindo alguns dos maiores sucessos do grupo alemão. Show realizado na abertura da EXPO 2000, na cidade de Hanover, terra natal dos Scorpions. Todas as músicas deste show tiveram seus arranjos refeitos pelo maestro Christian Kolonovitz, um admirador declarado das baladas da banda.



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show inicia com uma introdução da orquestra muito bem executada, seguida pelo maior hit da banda "Rock You Like a Hurricane" neste DVD rebatizada de "Hurricane 2000". Seguindo vem "Moment Of Glory" o tema da EXPO 2000, acompanhado de um coro infantil de Viena, uma canção leve com uma boa melodia à altura do show, seguindo da belíssima "You And I" do álbum "Pure Instinct" de 1996, que ficou muito melhor com os novos arranjos das guitarras de Matthias Jabs.
Antes da próxima música Klaus Mine explica a canção a seguir com uma mensagem que deve ser pensada realmente em relação ao que o homem faz com o mundo em que vive, neste embalo o coro infantil volta ao palco acompanhado dos cantores da EXPO, para executar a música "We Don't The World" onde o que prevalece é a mensagem passada pela canção.
Primeira convidada a subir ao palco é a talentosa e bela cantora americana Lyn Liechty para um dueto com Klaus, executando a boa balada "Here In My Heart". Próxima canção é "We'll Burn The Sky" do excelente álbum "Taken By Force" de 1977 mas não chega a empolgar, empolgação que não faltou em "Big City Nights" um dos maiores clássicos da banda do álbum "Love At Firts Sting" de 1984, intrepretada pela banda e pelo vocalista do GENESIS Ray Wilson, cuja junto com Klaus Mine nos remetem aos bons anos 80, a velha empolgação e a alegria de tocar Rock 'N' Roll.
Na segunda parte do show tem maior destaque a orquestra, com as canções "Crossfire" e "She's a Woman, She's a Mem", onde apenas os guitarristas Rudolf Schenkler e Matthias Jabs e o apagado baixista Ralph Rieckermann se apresentam além do ótimo baterista James Kotack, eis então que surge Klaus Mine e mais um dos grandes clássicos, "Dynamite", que ficou fabuloso com os novos arranjos orquestrados.
A terceira parte do show nos traz uma introdução mareavilhosa da orquestra antecedendo os acordes do maior sucesso comercial da banda, "Wind Of Change", o hino da guerra fria, símbolo da queda do muro de Berlim do álbum "Crazy World" de 1991, onde a banda é aplaudida efusivamente pelo ginásio que reconhecia que ali presenciavam certamente uma das maiores bandas da história do Rock Mundial. Mas não para por ai não, ainda sobra tempo para a balada quase acústica "Still Loving You" do "Love At First Sting" de 84, também aplaudida de pé pelo público. Para encerrar o show um Encore de "Moment Of Glory" com todos os convidados presentes. O DVD ainda possui uma entrevista com a banda de cerca de 20 minutos sobre como foi o projeto com a filarmônica de Berlim e versões do diretor para "Hurricane 2000", "Moment Of Glory" e "Here In My Heart".
Sem sombra de dúvida este DVD merece um lugar na estante para ser visto e re-visto várias vezes, não é um simples show de rock, é um grande show de rock clássico com uma das maiores bandas de rock da história em uma rara performance com uma orquestra, executando seus maiores sucessos misturados com novas músicas que mantem o bom nível do show. Excelente DVD nota 9 pois poderia durar mais.
Track-List do DVD
1 - Hurricane 2000
2 - Moment Of Glory
3 - You And I
4 - We Don't Own The World
5 - Here In My Heart[Com Lyn Liechty]
6 - We'll Burn The Sky
7 - Big City Nights[Com Ray Wilson]
8 - Deadly Sting Suite
* Crossfire
* He's a Woman, She's a Man
* Dynamite
9 - Wind Of Change
10 - Still Loving You
11 - Moment Of Glory [Encore]

49% Motherf**ker, 51% Son Of A Bitch - Lemmy

Como você classificaria um cidadão que foi roadie de Jimi Hendrix, foi expulso do Hawkwind (uma das bandas mais malucas & drogadas já surgidas) e, aos 63 anos, fuma, bebe e farreia como um teenager? Eu dou o nome de sobrevivente! Este senhor é Lemmy Kilmister, líder do renomado MOTORHEAD, banda respeitada por várias facções de amantes de música extrema.



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O DVD "Lemmy", lançado este mês, foca parte do cotidiano do mito gerado através dos 36 anos de atividade deste grupo. Com declarações de integrantes do Foo Fighters, Metallica, Anthrax, Alice Cooper, Slash, Ozzy, o filme  – mesmo que raso na observação do personagem – serve como documentário da primeira camada, a parte mais exposta de Lemmy (os dois DVDs carregam mais de 3 horas, com vários extras).
Fã de artefatos nazistas (desde simples punhais até tanques de guerra!), colecionador das próprias bugigangas a seu respeito, pai ausente, boa praça. Seu maior trunfo – além, óbvio, da qualidade de sua música – foi permanecer parado num estilo enquanto tudo mudava a sua volta. Deu certo com o RamonesIron MaidenJudas Priest, dentre as principais. Só que é uma tática baseada em 20% de desapego e 80% de coragem na capacidade de sua obra em permanecer pertinente na prova do tempo. Seus últimos trabalhos (dos quais destaco “Inferno” e “Kiss Of Death”) modernizaram o Motorhead na velocidade e arranjos.
Não dá para esconder a sensação melancólica de que Lemmy vive aquela adolescência eterna, tão desejada por alguns. Sem horários fixos, sem patrão, sem patroa, vivendo ocasionalmente num apartamento mais para muquifo de que para residência. Entre comprimidos para diabetes & hipertensão, tem tempo de sobra para jogatinas em máquinas caça-níqueis, sinuca e jams sessions com amigos. Em oposição a band leaders como Hetfield/Metallica (usa preto nos shows e grifes caras no cotidiano), Ozzy Osbourne (semi-senil, manipulado pela esposa) o Sr. Kilmister é um ortodoxo das leis que regem um rocker.
DVD "LEMMY: 49% Motherf**ker, 51% Son of a Bitch"
Diretores: Greg Olliver, Wes Orshoski
Duração: 117 minutos
Damage Case Films

Journey to The Infinity - Adônifer



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Participaram da coletânea Metal Attack, lançada ainda neste ano, com a música “Journey To The Infinity”, que é a quarta canção da demo e possui mais de sete minutos de duração. É uma balada, aparentemente estranha, mas com uma letra interessante.
Apesar de a banda ser brasileira, as letras desta demo são na sua maioria em espanhol, cantadas com bastante emoção pelo vocalista Thiago. As fotos no cemitério são uma espécie de preparação. A justificativa da banda é que “Journey To The Infinity” faz o ouvinte pensar e lembrar da morte, e qual a sua jornada daí para a frente. A gravação da demo ficou aceitável, já que faltou um pouco de evidência na guitarra e na bateria, mas podemos, sim, encarar esta como uma surpresa para o metal nacional. Que as coisas melhorem cada vez mais para o Adônifer.
Formação:
Thiago - vocal
André Orso - guitarra
Leimar - Baixo
Victor - Bateria

A Autobiografia - Eric Clapton

Independentemente do fato de concordarmos ou não com as célebres pixações “Clapton is God” (“Clapton é Deus”) que surgiram em Londres no fim dos anos 60, o fato é que esse inglês de aparência pacata vem se mantendo com grande sucesso no mercado musical já há quase cinco décadas. Boa parte dessa história é contada, de forma bastante eficiente por sinal, em sua autobiografia, lançada no Brasil (em português, portanto) pela Editora Planeta.


Nota: 9 
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Talvez poucos músicos tenham feito de forma tão perfeita a transposição entre o blues e o rock quanto Eric Clapton. Tendo participado de grupos seminais como The Yardbirds (do qual fizeram parte também Jeff Beck e Jimmy Page), John Mayall’s Bluesbreakers e Cream (junto a dois outros monstros sagrados, Jack Bruce e Ginger Baker), de projetos breves mas que marcaram a história da música de forma indelével, como Derek And The Dominos (com Duane Allman, da Allman Brothers Band) e Blind Faith (com Steve Winwood, do Traffic), e tendo desenvolvido desde então uma carreira solo de grande sucesso, Clapton certamente tinha muita estória para contar. E contou, sob sua perspectiva, neste livro.
É importante frisar que o enfoque principal do livro não é o aspecto musical de sua carreira, mas sim o aspecto pessoal. Claro, a música está sempre presente na narrativa, e não poderia deixar de ser, mas o que transparece é mesmo que o guitarrista tinha uma espécie de necessidade de botar pra fora todos os seus demônios, meio que num processo de “limpeza geral” que a sua vida vem sofrendo nos últimos anos. De qualquer forma, é fascinante entender como uma personalidade como a de Clapton vai sendo moldada ao longo dos anos, e vários nomes que vão surgindo são, obviamente, bastante conhecidos: Chris Farlowe, John Lennon & Yoko Ono, George Harrison, Mick Jagger, Ron Wood, Roger Waters, Phil Collins, Albert Lee, Bob Dylan, Mick Fleetwood, John McVie, Alexis Korner,Jimi Hendrix, além de todos os citados acima, é lógico. Não deixar de ser um relato (ou pelo menos uma visão) de como a cena rhythm’n’blues e, depois, blues/hard rock, foi formada na Inglaterra especialmente.
Clapton passa a idéia de nunca ter inteiramente compreendido toda a veneração por seu nome, manifestando uma reação dupla em relação a isso, por vezes negando-a e por vezes simplesmente aproveitando o momento. Estórias como a da pixação de “Clapton is God”, ou de como surgiu seu apelido “slowhand” (“mão lenta”), ou sobre sua paixão por Pattie Boyd (esposa de George Harrison), são narradas no livro, de certa forma desmistificando a sua figura. Sua visão pessoal da cena inglesa (e norte-americana) do final dos anos 60 e início dos 70 nos ajuda a melhor compreender como tudo se desenrolou. Ele cita, por exemplo, que seu estilo diferia do de Page e Beck pois eles eram mais influenciados pelo rockabilly, enquanto que ele tinha raízes mais profundas no blues.
Chega a ser impressionante (e louvável) a forma extremamente sincera com a qual Clapton trata no livro de temas polêmicos, como o consumo de drogas e álcool de forma desenfreada, quase o matando em algumas ocasiões, entre outras questões. Vários dos relatos são oriundos de anotações de seu próprio diário. 
Tragédias não ficaram de fora, como a morte de seu filho Conor, assim como as de Jimi Hendrix e Stevie Ray Vaughan.

Não é um livro pequeno (são quase 400 páginas), mas é uma leitura tão fluida e fácil, que de forma alguma se torna cansativa. Mais um trabalho bem feito de um artista que dá a si próprio menos créditos do que merece (e do que recebe dos outros).

Jeff Scott Soto (Blackmore, São Paulo, 05/02/11)

Blackmore Bar, tradicional ponto de encontro de paulistanos que buscam, além de um bom papo e bebida, prestigiar bandas de Hard Rock e Heavy Metal. Mas enganou-se quem esperava ver este cenário no último sábado (5), durante o retorno de JEFF SCOTT SOTO à São Paulo. Com a proposta de embalar o público com os sucessos da Disco, gênero musical que tomou conta das casas noturnas no final dos anos 70, o vocalista montou um repertório recheado de versões de BEE GEES, EARTH, WIND & FIRE, ABBA e outros grandes nomes. Para os jovens roqueiros desavisados que compareceram, foi como entrar numa discoteca na época de seus pais.


A abertura ficou por conta da banda The Circle, que durante uma hora e meia aqueceu o público com grandes sucessos do BON JOVI, como "Always", "It's My Life" e "Wanted Dead Or Alive" - a última com a participação surpresa de JEFF SCOTT SOTO para fazer o backing vocal final.
Exatamente às 2h da manhã, já no domingo e com a casa lotada, Jeff voltou ao palco acompanhado da Caipiroska Boogie Band, formada por BJ (guitarra e backing), Hugo Mariutti (guitarra), Paulo Souza (baixo) e Edu Cominato (bateria). Usando óculos escuros e bandana, o vocalista dava a impressão de começar um legítimo show de Hard Rock, sobretudo pela introdução de "Welcome To The Jungle", do GUNS N' ROSES. Ledo engano, pois em seguida foi iniciada a primeira música dançante da noite: "Brick House", do THE COMMODORES, banda que lançou seu primeiro álbum em 1974 e tinha à frente Lionel Richie. Na sequência, com uma excelente linha de baixo ao melhor estilo Funk e Rhythm & Blues, "Let’s Groove" do EARTH, WIND & FIRE conseguiu fazer balançar o esqueleto até o mais tímido. Daí pra frente foi um desfile de clássicos: "Boogie Oogie Oogie" (A TASTE OF HONEY), com direito a virada goela abaixo de uma caipirinha por Jeff , "Celebration" (KOOL & THE GANG) e "Le Freak" (CHIC) embalaram a galera que definitivamente tirou o pé do chão.
Vale destacar a versatilidade de JEFF SCOTT SOTO, que soube interpretar com maestria um estilo musical que pouco tem a ver com seu trabalho artístico - iniciado na metade dos anos oitenta quando foi escolhido por YNGWIE MALMSTEEN para ser o vocalista em seus dois primeiros álbuns.
Os pontos altos da primeira parte do show, focada na Disco Music, foram as versões de "Don’t Stop 'Til You Get Enought" (MICHAEL JACKSON) e "Night Fever" (BEE GEES) - durante o refrão desta, Jeff apontava o dedo indicador para o alto, em alusão ao filme 'Os Embalos de Sábado à Noite', lançado em 1977, cujo protagonista é o jovem John Travolta.
Para animar ainda mais a noite, duas versões do QUEEN foram apresentadas com muita competência: "Another One Bites The Dust" e "Radio Ga Ga". Ambas foram a deixa para a segunda parte da apresentação, que levou muitos fãs incondicionais do vocalista à loucura com "Eyes Of Love", de sua carreira solo, "Colour My XTC", "Frozen" e "I'll Be Waiting", do TALISMAN e "Again 2 Be Found", do HUMANIMAL. A recepção das canções foi tão calorosa que JEFF SCOTT SOTO, muito emocionado, prometeu gravar um DVD no Brasil em breve.
Após duas horas de apresentação, uma respeitável trinca encerrou o show com chave de ouro: "Breaking The Law", do JUDAS PRIEST, e duas canções que se tornaram obrigatórias em qualquer show de Jeff: "Livin' The Life" e "Stand Up", da banda fictícia STEEL DRAGON, presentes no filme 'RockStar'.
Na noite em que um legítimo bar de Rock se transformou em discoteca, por incrível que pareça, todos saíram satisfeitos.
JEFF SCOTT SOTO & CAIPIROSKA BOOGIE BAND
São Paulo, 5 de fevereiro de 2011
Local: Blackmore Rock Bar
Duração: 2h

Jeff Scott Soto - vocal
BJ - backing vocal
Hugo Mariutti - guitarra
Paulo Souza - baixo
Edu Cominato - bateria

- Intro/Welcome To The Jungle
- Brick House (The Commodores)
- Let’s Groove (Earth, Wind & Fire)
- Boogie Oogie Oogie (A Taste Of Honey)
- Celebration (Kool & The Gang)
- Le Freak (Chic)
- September (Earth, Wind & Fire)
- Don’t Stop ‘Til You Get Enough (Michael Jackson)
- You Should Be Dancing (Bee Gees)
- Dancing Queen (Abba)
- Night Fever (Bee Gees)
- Ladies Night (Kool & The Gang)
- That’s The Way ( KC & The Sunshine Band)
- Another One Bites The Dust (Queen)
- Radio Ga Ga (Queen)
- Eyes Of Love
- Colour My XTC (Talisman)
- Again 2 Be Found (Humanimal)
- Frozen (Talisman)
- I’ll Be Waiting (Talisman)
- Livin’ The Life (Steel Dragon)
- Breaking The Law (Judas Priest)
- Stand Up (Steel Dragon)