19 de janeiro de 2011

Um Vazio no Meu Coração - A Hole in My Heart




A história gira em torno de Eric, um rapaz tímido, trancado a maior parte do tempo em seu quarto. Enquanto ouve música sem parar, sua retração serve para protegê-lo do que se passa no resto do apartamento, onde seu pai, um diretor de filmes pornôs amadores realiza sua mais recente produção, filmando na intimidade de um pequeno apartamento onde quatro personagens são mostrados através de atos de degradação psicológica, perversão sexual e isolamento emocional se embriagam e, pouco a pouco, perdem as inibições. É quando começam a expor os próprio demônios pessoais.

Informações Técnicas
Título no Brasil:  Um Vazio no Coração
Título Original:  Ett Hål i mitt hjärta / A Hole in My Heart
País de Origem:  Suécia / Dinamarca
Gênero:  Drama
Tempo de Duração: 98 minutos
Ano de Lançamento:  2004
Site Oficial: 
Estúdio/Distrib.:  California Home Vídeo
Direção:  Lukas Moodysson


Elenco
Thorsten Flinck .... Rickard
Björn Almroth .... Eric
Sanna Bråding .... Tess
Goran Marjanovic .... Geko  



Curiosidades

- Inicialmente o filme seria rodado nos Estados Unidos. Christina Aguilera e Sylvester Stallone chegaram a ser cotados para interpretar os personagens Tess e Rickard, respectivamente. - O elenco e a equipe técnica fizeram um acordo de não revelar algo sobre
Um Vazio no Meu Coração
até uma semana antes de seu lançamento nos cinemas suecos. - O ator Thorsten Flinck admitiu em entrevista a um jornal sueco que usou drogas durante as filmagens, para poder realizar algumas cenas. - Exibido na mostra Panorama do Cinema Mundial, no Festival do Rio 2004.



 

Tesão pela vida: A Historia de Iggy Pop - Parte 04

Apesar de não gostarem da política e ideais de John Sinclair, não se pode subestimar a influência que este teve com várias bandas de Detroit e Ann Arbor, incluindo os Stooges. Seus conhecimentos de jazz trouxeram a oportunidade de Iggy e os irmãos Ashetons ouvirem vários artistas, como Pharaoh Sanders, John Coltrane e Sun Ra, alguns dos apresentados a eles. Outro músico que claramente fala da influência de Sinclair é Steve McKay, saxofonista da banda Carnal Kitchen, grupo que acabaria fazendo parte da cartela de bandas empresariadas por ele. Sinclair apresentou-lhe Archie Shepp e uma mudança em seu estilo de tocar o saxofone, bem mais experimentalista, que passou a despertar atenção do público.

O Quinto Stooge
Steven McKay, 1970
Steven McKay, 1970
Assistindo Carnal Kitchen em sua noite de estréia ao vivo, Iggy Pop ficou extasiado com os improvisos deste jovem saxofonista e prontamente o convidou a vir tocar em um ensaio com os Stooges no Fun House. Iggy queria dar mais corpo ao som dos Stooges e após o fim daquele ensaio, convidou o saxofonista Steven MacKay para juntar-se a eles. The Stooges busca explorar as possibilidades de uma banda com um ar diferente, Iggy definindo suas pretensões musicais como "se Coltrane ou Shepp fossem incorporados por um grupo de rock". MacKay, que já era um saxofonista experimentalista, caiu como uma luva no som da banda.McKay passa a acompanhar os Stooges nas suas turnês, tocando em apenas algumas músicas. "Fun House" foi a primeira, entre as novas, que nascera praticamente pronta naquele primeiro ensaio. Refinamentos dos arranjos, assim como também da letra, viriam aos poucos em algumas apresentações em Ann Arbor antes da ida da banda para Califórnia, estado onde iriam tocar pela primeira vez.
Imagina você agora estando lá em uma dessas apresentações. Um público de bar aguardando, com o semblante demonstrando curiosidade e expectativa. Entra a banda no palco, os Stooges começando suas apresentações agora com "Little Doll". Destaca-se o baixo de Dave Alexander tocando pesado. Ron Asheton então passa a soltar acordes dilacerantes enquanto Scott Asheton faz sua imitação de Elvin Jones dos pobres. O saxofone de Steve McKay está agora esgoelando a todo volume, imaginando todas as pessoas presentes gritando em agito frenético equivalente. Então, a guitarra se solta em um chaos à lá John Coltrane; feedback pra-que-te-quero e Ron arrancando à unha os mais diversos sons e dissonâncias de seu instrumento. Tudo isso com Dave Alexander ainda segurando o riff, sozinho. E, depois que a coisa acalma um pouco..., só então entra Iggy Pop, esfaqueando o público com um olhar. É quando o show realmente começa!
San Francisco
"Tão mal-amada. Tão bela. Tão largada."
Em maio de 1970 a banda toda estava na Califórnia, onde se apresentariam duas noites no Fillmore West em San Francisco e uma noite no Whiskey A-oGo de Los Angeles. Os dois locais são casas notórias, onde as melhores bandas já tocaram. The Doors, por exemplo, se fez no Whiskey A-Go-Go, localizado em Los Angeles, e vários LP's ao vivo foram gravados lá. O mesmo pode ser dito do Fillmore West em San Francisco, local onde surgiram Grateful Dead, Big Brothers & the Holding Company e o Santana Band. Nesta ocasião no Fillmore, os Flaming Groovies seguidos então por Alice Cooper, abrem para os Stooges.
Stooges no Fillmore
Stooges no Fillmore
Conversando nos bastidores, Iggy conhece Augustus Owsley Stanley III, um dos mais famosos químicos e fabricante de LSD nos Estados Unidos. Iggy que, até então nunca tinha visto o mar, quanto mais conhecer a costa oeste e suas celebridades, não acreditou em metade do que Owsley falou. Durante o show, Iggy ficou impressionado com um grupo de cavalheiros vestidos com o que lhe parecia mantas árabes. Eram integrantes de um grupo teatral chamado Cockettes, vários de seus integrantes travestis. Conversaram depois do show e o convidaram para uma festa que estava para rolar na casa de uma destas pessoas. Durante a festa, ficou cada vez mais claro que tratava-se de uma festa Gay. Iggy, que praticamente desconhecia homossexualidade até então, passou a se sentir estranhamente intimidado com homens lhe dando o olhar.
Nesta festa, Iggy também conheceu Tina, uma latina de catorze anos que se prostituía para poder comprar heroína. Baixinha, com olhos grandes e uma boca carnuda, Iggy colou nela e tentou levá-la para seu hotel com propósitos claros. E Tina topou. Durante o ato, Tina suplicava para que ele batesse nela, implorando que ele a machucasse. É a primeira vez que Iggy conhece sado-masoquismo em uma experiência pessoal. Iggy deixou Tina e San Francisco, indo para Los Angeles, trazendo consigo uma infestação de piolhos, lêndeas, chatos e, segundo o próprio, dois tipos de doenças venéreas.
L.A. Tropicana
Em Los Angeles, The Stooges ficaram hospedados no Tropicana Hotel, onde por acaso, estava o escritor Beat e ex-Fugs, Ed Sanders. Escrevendo um livro sobre uma comunidade alternativa chamada "A Família", Sanders recebia diariamente vários de seus membros em seu quarto que ficava em frente ao quarto de Iggy. A "Familia" ficaria conhecida pelo seu carismático líder Charles Manson, e os assassinatos hediondos que cometeram. Porém em maio de 1970, a polícia ainda não suspeitava de nenhum de seus membros.
Outra banda hospedada no Tropicana era o Shiloh, que logo teriam o seu álbum de estréia lançado. Quatro de seus cinco integrantes formariam The Eagles dentro de dois anos. Igualmente estava hospedado neste hotel todo o elenco da peça "Heat" produzida por Andy Warhol. Existe inclusive uma pequena história que dá conta de Warhol ficar admirando à distância Iggy nadando na piscina do hotel, impressionado com suas braçadas. Quando Iggy finalmente saiu da piscina, foi elogiado pelo preparo físico e convidado a visitá-lo em seu quarto. Iggy mais tarde foi de fato vê-lo, porém deixa claro que trocaram uma amigável e educada conversa e que a porta do quarto ficou o tempo todo aberta...
Mas a principal razão para os Stooges estarem na Califórnia era a gravação do seu segundo álbum. Este foi muito bem pensado por parte da banda, Iggy deixando claro que não quer fazer nada como no primeiro. "Eu não quero fazer um segundo álbum que soa como algo do primeiro porque o primeiro álbum já foi feito".
Entra Don Galucci
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Holzman determinou que o grupo tivesse um produtor com uma visão mais "comercial" e descartou de cara John Cale, que provavelmente não iria querer trabalhar mais com Iggy de qualquer maneira. Foram estudados vários nomes como Madeira, que produzira Chubby Checkers e Danny & the Juniors; Jim Peterman, o ex-tecladista de Steve Miller, agora trabalhando para a Elektra; e Eddie Kramer, que trabalhara com os Rolling Stones e Led Zeppelin até então. Acabaram optando por Don Galucci, tecladista dos Kingsmen, cujo acorde inicial "Louie, Louie" o faria famoso. Ele tinha quinze anos na época. Ao fim daquela banda, Galucci formou Don & the Goodtimes que seria a banda da casa no programa "American Bandstand" de Dick Clark. O nome de Galucci agradou a todos pois o conheciam como Little Donnie Galucci da banda do "American Bandstand". À princípio, acreditava-se que haveria uma harmonia artística maior entre a relação produtor-artistas. Galucci procurou assistir um show dos Stooges para conhecer melhor o som da banda dentro de seu próprio reduto. Baseado no que ele ouviu e comparando ao primeiro álbum, Galucci logo deixou claro que pretendia dar outra cara ao som gravado da banda. Argumentava que queria transmitir a mesma vitalidade e energia ao vivo, e que não iria mexer tanto na essência do que considerava o som básico do grupo.
Funhouse
As gravações foram realizadas no Elektra Studios, situada na Santa Monica Boulevard. Chamado de "Funhouse", o segundo disco demorou duas semanas, entre 11 de maio até dia 24, para ser gravado. Apesar de Iggy e companheiros viverem chapados o tempo inteiro, quando entravam no estúdio com Galucci apareciam limpos e sóbrios, já que o produtor não usava aditivos químicos. Como prova de respeito e gratidão pela simpatia e generosidade, os integrantes procuraram facilitar a vida de Don o máximo possível.
Como Iggy desconfiava de técnicas de gravação, todas as canções do álbum foram gravadas ao vivo no estúdio, incluindo o vocal. A cada dia Iggy escolhia uma canção e esta era a que gravavam e regravavam até estarem satisfeitos com o resultado final. Ao lado de Don Galucci estava Byron Ross-Myring, o engenheiro de som, que é igualmente responsável pelo som final do álbum, eliminando vazamentos que naturalmente ocorrem em uma gravação realizada desta maneira.
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Lançado exatamente um ano após o primeiro, em agosto de 1970, "Funhouse" teve repercussão e vendas um pouco superior ao disco anterior, embora bem longe do que a Elektra desejava. O som do disco era totalmente diferente que o primeiro, como Iggy sonhava. Don conseguira um excelente resultado ao tentar capturar a química da banda ao vivo dentro de um estúdio. O som era mais cru, potente, os vocais de Iggy ficaram mais enterrados do que no anterior, e Steven fez seu sax soar às vezes como uma guitarra, ou como um Coltrane mais ensandecido do que nunca.Presepada no Palco
Uma das razões que levou o disco a vender mais que seu antecessor foi a exposição que The Stooges, mormente Iggy, recebeu graças a sua apresentação na cidade de Cincinnatti, Ohio. Realizado em Crosley Field, um estadio de beisebol, no dia 13 de junho de 1970, este festival contava com shows de Alice Cooper, Stooges, Traffic, e, uma das mais populares bandas americanas do momento, Grand Funk Railroad. Durante a apresentação dos Stooges, Iggy começa a andar sobre o público, literalmente colocando o pé sobre o ombro de um rapaz e depois outro, seguindo assim, escorado pelo público, cantando o show alguns metros à frente do fim do palco. Em determinado momento, alguem lhe passou um pote de pasta de amendoim e Iggy começou a fazer loucura com ela, se melecando todo e depois lançando nacos do produto sobre o povo.
Cincinnatti Pop Festival
Cincinnatti Pop Festival
A apresentação do festival foi todo filmada e uma edição, dando muito destaque a esta apresentação dos Stooges, passou na televisão, costa a costa, pela NBC sob o título de "A Midsummer Night's Rock." Foi a sorte grande, dando aos Stooges uma publicidade inesperada e muito bem vinda. O nome The Stooges e a fama de louco no palco de Iggy Pop passam a ser conhecidas por todo o país entre a rapaziada e não só entre algumas poucas pessoas que viram a banda abrindo para seu grupo predileto. "A Midsummer Night's Rock" seria depois retransmitido na Inglaterra, onde David Bowie vê e ouve pela primeira vez os nomes Iggy Pop e os Stooges.
Se a brincadeira com o pote de pasta de amendoim foi uma bobeira divertida que todo mundo gostou, houve outras presepadas que foram menos gloriosas. Uma das mais, ou no caso, menos memoráveis foi quando Dave Alexander tentou imitar Jimi Hendrix. O baixista dos Stooges levou consigo para o palco uma latinha de fluido e em dado momento do show, deitou seu instrumento no chão cerimoniosamente, pegando sua lata e esguichando o fluido pelo baixo. Quando Dave acendeu o fósfero e jogou-o sobre o baixo, o instrumento explodiu em chamas de quase dois metros de altura, imediatamente queimando parte de sua vasta cabelereira. Apavorado, ao mesmo tempo sem querer pagar mico no palco diante de seu público, Dave matuta a melhor forma de apagar o incêndio que iniciara. Em sua infinita sabedoria, resolve abafar o fogo se jogando por cima das chamas, queimando a camisa nova emprestada por Iggy e chamuscando um pouco seu peito.
Teto Preto
"Não tenho nenhum comentário ou opinião sobre o que as pessoas falam sobre as coisas que eu tenha feito." - Iggy Pop
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O verão de 1970 segue com mais festivais. Os Stooges se apresentam em em Atlanta, Monterey, Maryland, Central Park (em Nova York), seguindo depois para o Canadá onde se apresentaram em festivais realizados em Winnipeg e Toronto. E durante toda esta rotina exaustiva de viajar e tocar, o consumo de entorpecentes era uma constante, a ponto de, no início de agosto, durante um festival em Goose Lake, Michigan, Iggy Pop literalmente "apagar" antes do show.O evento contava com artistas de Michigan como Bob Seager, SRC, The Stooges e Brownsville Station, além de atrações maiores como Canned Heat, Savoy Brown, Jethro Tull, Joe Cocker, Ten Years After, Alice Cooper, Chicago, James Gang, John Sebastion, The Flying Burrito Brothers e Mountain. Foram três dias de festival, atraindo um público considerável estimado em cerca de cem mil pessoas.
Iggy e Zeke Zettner, seu amigo e mais um roadie dos Stooges, estão cheirando um pouquinho de tudo durante o primeiro dia do festival. Os Stooges só irão se apresentar na noite seguinte. Pulando de tenda e tenda, conversando, fumando, bebendo e cheirando passam-se as horas. Segundo o próprio, de uma hora para outro Iggy teve amnésia total. Toda noção de ser ou propósito havia sumido, Iggy agora estando em um estado de transe, feito zumbi, sem consciência de absolutamente nada, seu mundo naquele momento era exclusivamente aquela tenda. Foi ouvindo a música que tocava lá longe no palco, que aos poucos Iggy foi trazido à consciência, lembrando que ele tinha algo a fazer. Iggy então acordou, levantou, deu boa tarde para todos, e voltou para o seu hotel. Sua imagem de um completo alucinado ganha um número maior de testemunhos.
Durante o show naquela noite, Iggy, ainda alto, aquecido pela adrenalina natural de estar no palco se apresentando, se irrita com a muralha construída para separar o público do palco e monitorada por policiais com cães e outros à cavalo. Iggy passa então a convidar o pessoal a chegar mais perto, imediatamente iniciando uma invasão dos alucinados sobre a parede. A polícia, vislumbrando no artista um maluco perigoso, manda tirar a banda do palco, ato realizado ao apertar de um botão, graças a um palco giratório, movido à motor. No entanto, Bernie, outro roadie da banda, que antes deste emprego dirigia um tanque no Vietnã, deu uns socos em quem controlava o tal motor, deixando-o desacordado. Imediatamente os Stooges, que se recusaram a parar de tocar, voltavam para o centro do palco, lá continuando até o final de sua apresentação.
Sai Alexander
Pouco depois disto, o show seguinte em Saginaw, Michigan, onde The Stooges tocaria pela ultima vez com sua formação original. Dave Alexander, cada vez mais tenso se apresentando para multidões, e mostrando sinais de fadiga de estrada, resolveu encher a cara antes do show, fumou uma quantidade exorbitante de maconha e ainda por cima tomou dois calmantes. Quando chegou a hora de tocar, Alexander não se lembrava de nenhuma das canções, nada do que ele deveria estar fazendo, portanto ficou de pé lá, embromando enquanto a banda atacou os números feito trem lotado. Depois da apresentação, Dave acabou sendo expulso por Iggy, que não aceitava mais ver o companheiro bêbado no palco e sem conseguir tocar direito.
Billy Cheatham
Billy Cheatham
A principio Ron e Scott ainda tentaram colocar panos quentes, mas Iggy não quis nem saber. Para o seu lugar Iggy buscou pessoas que já trabalhavam com ele, entrando assim dois roadies: Zeke Zettner, que assumiria o baixo e Billy Cheatham, o ex-companheiro de Ron no Dirty Shames, que passa a tocar uma segunda guitarra. Os Stooges eram agora um sexteto. Com essa formação, fizeram quatro shows no Ungano, em Nova York, onde ocorreu mais uma dentre tantas histórias de excessos praticados por Iggy Pop. Dave Alexander acabaria morrendo no dia 10 de fevereiro de 1975, de pneumonia, contraída após uma operação de pâncreas.Adiantamento Para Pagar o Aditivo
O primeiro show dos Stooges com a nova formação foi no Ugano's de Nova York, com a banda sendo convidada para uma serie de quatro noites. Após o sucesso da apresentação em Cincinnatti, evento televisionado e visto ao redor do país, e as vendas melhoradas do seu segundo disco "Funhouse", os Stooges foram obrigados a deixar o formato de um show de vinte minutos para apresentações completas que duravam cerca de quarenta e cinco minutos. No entanto, Iggy e a banda continuam os mesmos: preguiçosos e cada vez mais chapados do que nunca. Esta é literalmente a primeira vez que eles se apresentam quatro noites seguidas, o dobro do que haviam feito até então.
Para o esforço, uma vez em Nova York, Iggy conhece no Chelsea Hotel onde a banda ficara hospedado, um contato chamado Billy, que oferecia cocaína de excelente qualidade. No entanto, a banda vivia dura, sem recursos para quase nada. A solução inusitada de Iggy foi ir até os escritórios da Elektra e conversar com Bill Harvey, vice-presidente do selo. Com muito tato, Iggy passa a explicar que, para ele poder se apresentar em quatro noites em seguida, seu corpo precisaria do auxilio de cocaína. Portanto era do interesse da gravadora, para proteger seu investimento com a banda, bancar a despesa, providenciando os $400 dólares necessários para comprar uma onça (28,3 gramas), quantidade suficiente para abastar todos durante a realização destas datas.
Estupefato de início, Harvey logo ficou histérico com o pedido do cantor, e disse que em nenhuma hipótese iria sustentar o vício de drogas ilícitas de Iggy ou da banda. Porém, Iggy sendo Iggy, passa a pular pelo escritório exigindo o dinheiro e criando uma situação tão insuportável que Bill deu os $400 dólares só para se livrar dele. Em troca, Iggy assinou um documento declarando o dinheiro como um adiantamento por royalties devidos da venda do álbum. Os quatro dias e noites foram à base de cocaína, ninguém comendo praticamente nada durante toda a estadia.
Quatro Noites no Ugano's
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Miles Davis veio para assistir o show e ficou até o final. No camarim, conversando com a banda, Miles foi convidado a cheirar com eles. Ron Asheton com o maior orgulho de ter a sua cabeça ao lado da de Miles Davis, cafungando carreiras de pó. Durante o show, Miles sentou ao lado de Johnny Winter. Iggy estava vestido com uma calça toda rasgada que deixava sua cueca à mostra. Cueca que, aliás, era uma calcinha vermelha de mulher, que de tão pequena, deixavam seus bagos de fora. Winter odiou a figura de Iggy Pop, mas Patti Smith, também presente, ficou impressionada e até excitada diante de tanta energia bruta e incontrolável. O fotógrafo Dustin Pittman tirava fotos e acabou chamando a atenção de Iggy que pulou sobre ele e passou a encenar uma série de coitos. O fotógrafo continou batendo as fotos como se não estivesse acontecendo nada...Steve Kempner falou o seguinte sobre os shows que ele assistiu: "Eu fiquei amedrontado ao assistir Iggy e os Stooges em Ungano's. Eu fui buscando ver esta banda incrível e preparado para tudo, mas foi dez vezes mais do que eu esperava. Esse Iggy, é inacreditável - pequena figura, tão elétrico - consegue fazer um estrago pior do que todos os rufiões que eu conhecia na minha vizinhança. Voltamos na noite seguinte e eram exatamente as mesmas músicas. Mas eram todas novas. O show de hoje à noite tem nada a ver com o show de ontem à noite, nada a ver com o ensaio, nada a ver com a checagem de som. Eram canções com vida, nascendo a cada vez que eram executadas... e cada vez que eu assisti a banda, era a mesma sensação; não havia ontem, não havia o antes. Iggy colocava vida e membros em cada apresentação. Ele sangrou em todos os shows. Em cada show ele literalmente dava sangue para o espetáculo. Dali em diante, rock 'n' roll nunca poderia ser menos do que isso para mim. Não importa o que eu escrevo ou toco, tem que ter sangue no papel ou nas cordas, caso negativo se trata de pura perda de tempo, um embuste".
Em outra noite, Danny Fields convidara toda o pessoal de Andy Warhol para assistirem Iggy & The Stooges. Presentes estavam alguns dos nomes mais representativos do circuito alternativo chique. Nomes como Gerard Malanga, Brigid Polk, Donald Lyons, Leee Black Childers, Jackie Curtis, Wayne County, Holly Woodlawn, Glen O'Brien e Taylor Mead, além do próprio Warhol. Diria Lee Childers: "sua sexualidade estava então totalmente aparente e, no entanto, dava medo. Ele tinha um cérebro! Havia tanta gente no meio rock 'n' roll que eram lindos, mas não tinham um cérebro(...) você sentia que se fosse para a cama com Iggy, ele mais tarde iria querer conversar contigo (...) Iggy sabia explorar muito bem o lado Gay das coisas. Eu não tenho nenhuma experiência própria com ele, mas todos conhecemos um milhão de histórias".
Na terceira noite, Iggy estava tão elétrico que resolveu subir até um cano no teto, que fazia parte do sistema contra incêndio. Pendurado de cabeça para baixo, feito macaco, o cano cedeu, e Iggy, o cano, e parte do teto caíram no chão. Danny Fields, a quem Iggy Pop define como seu mentor naquela época, atuava praticamente como um segundo empresário da banda. Presente em todos os shows, ele contornou a situação com os donos da casa e apesar do prejuízo causado, todos concordaram que as apresentações dos Stooges eram excelentes e estavam trazendo um bom movimento para o lugar. Iggy pôde assim se apresentar na quarta noite, sem maiores estresses.
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O repertório da banda a esta altura era composto das canções "I'm Loose", "Down On The Street", "Dirt", "Fun House", "TV Eye", "1970", "You're Alright", "Private Parts", "Dog Food" e "Searching For Head." A noite foi boa, o público receptivo e com Iggy totalmente cheirado de cocaína. Ao final do set, o povo pede mais e embora Iggy NUNCA desse bis, nesta noite abre exceção. Os Stooges tocam então "Egyptian Woman", uma raridade que nunca foi registrada pela banda. Percebendo que o público esperava algo a mais dele, já que sua fama de anormal exigia que fizesse algo diferente, ao final da canção Iggy põe o pau pra fora. Um silêncio tomou o local em anticlímax colossal. Iggy resolve então guardar o instrumento para dentro das calças e, junto com sua banda, deixam o recinto.Ligadão ainda, o fiel roadie Bernie gostava de barbitúricos e ofereceu alguns anti-depressivos para ajudá-lo a dormir. Bernie deu a Iggy seu estoque, dois Tuenal e dois Seconal, mas com a explícita recomendação de tomar apenas um, quando quisesse ou precisasse de algo para ajudá-lo a dormir. Iggy até então nunca tinha tomado um anti-depressivo e Iggy sendo Iggy, desceu todos os quatro de uma vez. Na tarde do dia seguinte, a banda desistiu de tentar acordá-lo e seguiram sozinhos para Michigan. Iggy só acordaria dois dias depois. Sem dinheiro para pagar a conta do hotel, precisou telefonar para o pai para pedir o dinheiro emprestado. Com a chegada da verba, pagou a conta do hotel e a passagem de ônibus para Detroit.
Cavalgando o Cavalo Branco
Scott Asheton foi com um amigo que trabalhava para o MC5 assistir um show do Funkadelic/Parliament, grupo soul-rock do George Clinton. Freqüentando os bastidores, conversando com um dos integrantes, foram todos para um dos caminhões de som para fumar haxixe. Lá dentro, alguém começa a abrir papelotes de pó. Scott pensa, "que legal, pó". Mas logo foi informado que não se tratava de cocaína, e sim cavalo (horse) ou seja, heroína. "Quer experimentar?"
Scott comenta que o que se lembra desta primeira viagem foi de acordar no mato em meio à chuva e tentando mijar. Não conseguia, mas a sensação era extremamente prazerosa, com a chuva caindo e tudo mais. Chegando em casa, foi conversar com John Adams, que tinha experiência no assunto. A repentina proximidade com heroína novamente fundiu a cuca de Adams, que estava vivendo uma vida totalmente macrobiótica até então. Saíram os dois imediatamente à procura de mais heroína. Iggy, ao encontrá-los cheirando, quis entrar na brincadeira também. Ron quando viu o pó, primeiramente pensou que se tratava de cocaína. Mas assim que lhe disseram tratar-se de heroína, disse decididamente que não queria absolutamente nada com o assunto. E passou a ser a figura destoante do grupo. Não demorou muito e Adams estava ensinando os rapazes como injetar, pois usa-se muito menos do pó injetando nas veias do que cheirando pela narina.
Mais Mudanças
Iggy Pop com Billy Cheatham ao fundo
Iggy Pop com Billy Cheatham ao fundo
Após seis apresentações, quatro no Ugano's de Nova York e duas no Eastown Theatre de Detroit, os Stooges dispensaram Billy Cheatham, que sabia que não prestava como baixista e só aceitou a posição para ajudar a banda em um momento de aperto. No fundo, Cheatham estava louco para retornar a suas funções de roadie, o que fez.Inciaram audições buscando alguém para substitui-lo. Foi nesta época que James Williamson, velho conhecido da antiga banda The Chosen Few reapareceu em Ann Arbor. Ron preferiu trabalhar com James, que era um guitarrista mais melódico do que ele mesmo e infinitamente melhor do que Billy. Sua entrada deixou o som da banda com um cara ainda mais rock and roll do que antes.
Uma vez confirmada a entrada de Williamson, Billy vendeu seu amplificador e doou o dinheiro para a banda, para ajudar com a comida. No entanto, Iggy exigiu que todos entregassem o dinheiro para ele que iria usá-lo para comprar heroína. Começavam as primeiras grandes brigas entre Iggy e Ron, que mesmo não consumindo, acabou tendo que abrir mão de sua parte da grana. Este é o ponto onde o grupo começava a se desintegrar. Ron Asheton, sendo o único integrante que não consumia heroína, passa a ser tratado como o puritano em meio a uma orgia.
O Asheton mais velho se tranca em seu quarto com a namorada e a harmonia que existia entre ele e os Stooges, principalmente com o até então amigo Iggy, se acaba. No seu lugar, como amigo e parceiro, está agora a figura de James Williamson. Não demorou muito para Iggy, James e o Asheton caçula, Scott, passarem a usar heroína em excesso. A droga consumia o já pouco dinheiro do grupo, além da criatividade. Percebendo este declínio, e não gostando muito do astral geral depois da chegada de Williamson, o saxofonista Steve McKay opta por sair. Tanto melhor, uma vez que as inspirações jazzisticas que os Stooges trilharam com relativo sucesso já estavam sendo questionadas em prol da direção mais rock and roll crua e simples.
O ponto preferido da casa para os rapazes se injetarem era o quarto de Scott, onde o banheiro passava a expor desenhos abstratos feitos de esguichos de sangue. A cada vez que se limpava a seringa, uma nova demão era adicionada ao teto, parede ou chão. Com o tempo, as manchas mais antigas ganham coloração mais escura de magenta, indo do vermelho vivo ao marrom fosco e encrostado. Mas morar no campo, distante da cidade e sem carro, agora passava a ser um problema.
Iggy primeiro tentou alugar um carro, para poder ir à cidade comprar heroína e voltar rapidamente. Foi então até uma agência de automóveis, escolheu um novo Ford Galaxy, pediu para fazer o chamado test drive, ou seja, uma volta para experimentar o carro e nunca mais volta, ficando com o veículo por praticamente um mês antes de devolvê-lo. Posteriormente, ao dirigir chapado, acaba colocando duas rodas na calçada, derrubando tudo que encontra pela frente. Acabou sendo detido pela polícia, ganhando uma multa. Como Iggy estava indo comprar drogas, ele não tinha flagrante com ele. Foi perdendo a posse do carro que Iggy optou por deixar o Fun House e ir morar no centro.
University Towers
Zeke Zettner
Zeke Zettner
Iggy agora estava morando no único arranha-céus da cidade, o University Towers, que dividia com o baixista dos Stooges, Zeke Zettner. Trata-se de um pequeno apartamento na cobertura com aluguel pago pela Elektra. Seu apartamento era o 26G, que Iggy explicava pra amigos jocosamente se tratar de um ômen positivo, pois este era também a capacidade máxima da seringa descartável que ele seguidamente re-usava para injetar tóxico nas veias. Do outro lado da rua ficava Biff's, um dinner, misto de restaurante e lanchonete que ficava aberto vinte e quatro horas. De lá, conseguia seus contatos, comprava a droga, atravessava a rua e estava em casa injetando-se. Um esquema muito cômodo.Para manter o seu consumo pessoal, Iggy passou a revender uma parte, com lucro. Assim, o seu consumo acabava saindo de graça. Para aumentar a rede e o lucro, acertou com Wayne Kramer uma espécie de sociedade onde Kramer trazia mercadoria de fontes de Detroit e Iggy por sua vez oferecia a Kramer suas fontes de Ann Arbor, de forma que não ficavam sem mercadoria (heroína).
Quando a necessidade de dinheiro vivo era extrema, Iggy roubava cheques de seus pais, falsificava a assinatura e trocava na Discount Records, uma falcatura que acabou na polícia. Esta brincadeira acabou custando aos pais de Iggy uma grana violenta, que fizeram questão de honrar cada um daqueles cheques, evitando assim que o filho ficasse preso como estelionatário. Alguns cheques foram passados em valores na casa dos mil dólares.
Mas nenhum destes incidentes curvou o apetite de Iggy pela química e destruição pessoal. Os Stooges faziam vinho se tornar água mais rápido do que podem supor. As drogas estavam destruindo qualquer possibilidade de sucesso na carreira. O uso indiscriminado de heroína fez com que Iggy caísse na cozinha da casa do baixista do MC5, Michael Davis, com uma suspeita de overdose. Desesperado, Michael conseguiu reviver o amigo com um banho gelado e respiração boca-a-boca. Um susto grande a todos.
Golf em Miami
Miami 1970
Miami 1970
Seguindo a este incidente, Jimmy Silver e a Elektra entraram em um acordo para financiar um tratamento de desintoxicação para Iggy, em Miami. O tratamento consistia em doses de Metadona, uma droga criada para substituir e suprir a necessidade do organismo por morfina ou heroína. O nome completo da droga é Metadona Hidrocloreto, cuja composição química é C21H27NO HCI. Trata-se de um sedativo parecido com a morfina, que anestesia o paciente como um analgésico, porém não gera um vício tão difícil de largar. Junto com a Metadona, doses regulares de Valium para deixar Iggy relaxado, uma vez que ele era dado a ataques histéricos quando ouvia a palavra "não". E para distraí-lo, muitas partidas de golf no Doral County Golf Club. O golfe é um jogo calmo e realizado em áreas bucólicas. Iggy descobre ter certa habilidade com os tacos.
O tratamento foi considerado um sucesso na medida do possível. Isto é, considerando que Iggy faria seguido uso de Metadona, demonstrando não abandonar totalmente a proposta de buscar uma alternativa menos letal para a ânsia do seu organismo por química.
Retornando a Ann Arbor, Iggy constata que sua mãe limpara o apartamento e dera ao cômodo aquele tratamento materno. Wayne Kramer, que estava excursionando, foi visitá-lo querendo a sua parte dos lucros, que evidentemente haviam partido, junto com toda a "mercadoria". Mais uma dívida a sanar.
Com mais esta crise contornada, Jimmy Silver resolve que chegara a hora de abandonar a banda. Dizendo ser impossível bancar o empresário de drogados, concordou em deixar nas mãos de Danny Fields o destino do grupo. "Em minha visão, não sou o empresário adequado para os Stooges. Sou apenas o amigo certo na hora certa, mas não sei exatamente quais coisas um empresário deve fazer. Eu apenas fico consertando os erros, mais nada", confessou Jimmy. Sua próxima atividade foi abrir um negócio de comida natural. Ainda viriam mais problemas pela frente: em Los Angeles, Paulette Benson, uma lésbica assumida que Iggy definia como "uma gata muito gente boa e de cabeça feita", está dando a luz a Eric Osterberg, primeiro e único filho conhecido de Iggy Pop.
Alcagüete
Iggy passou certo fim de semana no seu apartamento com o roadie John Adams, virando a noite injetando cocaína nas veias. Assistem o sol nascer enquanto aguardam a hora dos bancos abrirem, para sacar um cheque. O cheque foi passado por Jimmy Silver para pagar despesas e seguir, na segunda-feria, para Detroit com seu piano elétrico, de onde os Stooges seguiriam para Windsor em Ontario, Canadá.
Apesar do calor de verão, Iggy está na fila do banco de mangas compridas para esconder as marcas de agulha nos braços. Quem manja a coisa notaria que suas pupilas estavam enormes. Aguardando na fila e odiando por estar em pé tão cedo, é retirado dela por dois policiais enormes e fortes que literalmente o carregam para dentro de um camburão aguardando na rua. Iggy não tem a mínima noção do motivo pelo qual acabara de ser seqüestrado pela polícia e fica petrificado de medo.
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Ao chegar na delegacia, olhando o detento em outra luz, a polícia logo percebe que este não é o assasino que buscavam. Mas, para melhor se esquivar do engano, a julgar pela aparência de Iggy, levam-no para dentro de qualquer maneira. A polícia ameaça detê-lo por 72 horas caso Iggy não deixasse os policiais vasculhar sua residência. Em troca, eles o deixariam livre se nada encontrassem. Três dias em detenção policial é coisa demais para um junkie viciado em heroína, portanto não havia maneira de evitar a revista.Levado para casa em um carro patrulha, acompanhado de um sargento e um tenente, que acabam encontrando apenas seringas, agulhas e metadona, uma droga legalizada e usada justamente em tratamento de viciados, Iggy e o comboio são vistos da janela por John Adams, que conclui o pior e resolve sumir. Sem ter como prendê-lo legalmente, e sem querer ter perdido tempo com este aloprado à toa, os policias passam as próximas duas horas fazendo terrorismo psicológico com Iggy, exigindo que ele dê o nome de um fornecedor. Depois de duas horas, desistiram, pois Iggy preferiu arriscar a enfrentar a cadeia do que trair um amigo. Por sorte, a polícia cansou e foi embora, enquanto Iggy saiu do pesadelo com certo orgulho de sua firmeza em defender seu próprio código de honra. Cagüete merece cacete.
Electric Circus
Scott, James, Jimmy, Iggy e Ron
Scott, James, Jimmy, Iggy e Ron
No começo de 1971, Zeke Zettner, em uma aventura completamente maluca, se alistou no exército para lutar no Vietnã onde, acreditava, seria possível comprar heroína a preço baixo. Zeke acabaria morrendo em 1975, por overdose. Se foi devido à heroína vietnamita-da, ninguém soube dizer...James Williamson convidou Jimmy Recca, antigo conhecido de Birmingham, para entrar em seu lugar. Recca não gostava de heroína e fez boa amizade com Ron Asheton. Também era muito melhor instrumentista e com isso, a formação com James e Ron nas guitarras, Scott, na bateria e Jimmy no baixo, pode ser considerada a formação mais sólida, músicalmente falando, dos Stooges.
Em junho, voltaram para Nova York, onde iriam se apresentar no Electric Circus, apresentação esta que pode ser considerada decisiva para o fim da banda. Enquanto Fields tentava negociar com Harvey, que o havia demitido da Elektra para a produção de um terceiro disco, Iggy promove um espetáculo grotesco no camarim. Ele estava com o braço apertado por um elástico, batendo em suas veias, berrando "saiam fora, saiam fora" enquanto procurava desesperadamente encontrar uma veia para se picar. Muitas pessoas achavam que o cantor fosse morrer ali mesmo.
Iggy deu um espetáculo tenebroso. Danny foi encontrá-lo depois desmaiado ao lado da privada com a seringa ainda presa em seu braço. Depois de alguns tapas na cara para acordar, Iggy foi pro palco, a banda já tocando um riff e aguardando seu vocalista. Mal Iggy entra em cena e sente enjôo, vomitando no palco e em parte da platéia. Muita gente foi embora, chocada. Dee Dee Ramone comentaria sobre aquela noite: "Foi a primeira vez que eu vi Iggy. Eles começaram bem tarde porque Iggy não conseguia encontrar uma veia para se picar e todos nós fomos obrigados a esperar. Quando ele entrou, disse 'vocês todos me deixam doente'. E então vomitou".
Elektra dispensa o terceiro álbum
Para piorar, Danny não conseguiu convencer Harvey a investir mais nos Stooges, com Harvey já buscando uma desculpa para rescindir o contrato ainda em vigor. Quando Fields finalmente consegue que Bill Harvey e Don Galucci viajem para Ann Arbor para ouvir as novas canções, Harvey o faz com pouca convicção. Em Ann Arbor, os Stooges ensaiavam e preparavam alguns demos para o novo álbum. Nelas, ouvia-se canções como "Pin Point Eyes", "Open Up And Bleed", "Johanna", "Rubber Legs", "I Got A Right" e "Fresh Rag."
Ron comentaria sobre este encontro: "Eles não conseguiam acreditar no que ouviam, especialmente Bill. Ele estava quase com medo, mas Don permaneceu calmo. Nós os levamos para nosso local de ensaio e eles esperavam ver pequenos amplificadores e nós tínhamos duplos Marshall. Eles ficaram parados e foi muito difícil tocar, porque eu ria muito. Bill estava vestindo um terno e Gallucci estava com um 'sport' italiano. Fiquei imaginando no que eles estariam pensando. Deviam nos achar os caras mais estranhos do mundo!"
Danny lembra o desprezo de Harvey ao ouvir algumas gravações das novas músicas: "Ficava perguntando no motel após assistirmos o ensaio se as canções novas não eram incríveis, mas Bill apenas disse que não via nada nelas. Acho que Harvey apenas não queria mais trabalhar com esta banda. De fato, eles nunca deram lucro". A Elektra acabou dispensando a banda que nem ficou tão surpresa ou chocada como Fields imaginara. Embora Danny trabalhasse para a Atlantic Records, ele tentou sem sucesso firmar um contrato com a RCA, achando que teria melhor chances por lá.
Findando um Ciclo
"Empresariar os Stooges foi um inferno!" - Danny Fields.
E os problemas continuavam galopando. Scott Asheton aos poucos vai vendendo partes de sua bateria para manter o seu vício, o som percussivo dos Stooges entrando lentamente em uma fase minimalista. Quando estiveram em Nova York, sem Ron saber, Scott e Iggy roubam sua guitarra, uma rara Stratocaster fabricado antes da CBS tomar conta, trocando-a no Harlem por $40 dólares de heroína. Depois lhe contaram apenas que a guitarra fora roubada: "... puxa que pena", "pois é...". Há até rumores que os Stooges ou pessoas ligadas à banda andaram assaltando postos de gasolina para pagar o aluguel da casa. Sendo assim, não é tão absurdamente idiota da parte de Scott a idéia de pegar dinheiro emprestado de gente ligada a uma gangue de motociclistas e nunca pagar. Isto deixou a Fun House de prontidão e armada com todas as portas e janelas lacradas com madeira, aguardando o inevitável duelo.
Analisando este periodo Danny Fields comentaria: "se alguém quer heroína, não se consegue que esta pessoa se interesse por outra coisa, não é mesmo? O que Iggy ainda conseguiu realizar enquanto heroína era uma prioridade em sua vida... bem... tem que se admirar como ele conseguira realizar qualquer coisa, chegar a qualquer lugar. Mas ele conseguiu. Ainda assim, era o grande monstro esmagando tudo. Tudo estava desmoronando. Não havia dinheiro, os discos não vendiam. Pouco adiantava serem considerados uma sensação pela crítica ou mesmo o talento que possuíam".
Em meio a isto tudo, os Stooges ainda estavam tocando sua tradicional média de duas vezes por semana. Retornando de uma destas apresentações, Scott, dirigindo o caminhão de equipamentos junto com os roadies Larry e Jimmy, sofrem um acidente em Detroit. Ninguem entendeu nada quando de repente todos foram jogados pelo pára-brisa, seguido de um estrondo. Quando foram ver, perceberam que o viaduto da rua Washington tem uma altura menor do que a do caminhão. Scott tomou pontos na testa e na língua, Larry perdeu dois dentes e também tomou pontos na testa e língua, enquanto Jimmy teve hematomas que resultaram em marcas por todo o corpo.
Ron Asheton veio buscá-los de carro e antes de irem para casa, passam novamente pela ponte, entram entre os arbustos e pegam de volta alguns barbitúricos que tinham como flagrante, que foram devidamente escondidos. Depois ligam para Danny para saber o que ele pode fazer por eles. O resumo da ópera era que haviam destruído o caminhão, portanto a firma que era proprietária os processaria. Acabaram também com os instrumentos que estavam no caminhão e eram alugados, portanto a loja de instrumentos também os processaria. E finalmente destruiram parte do viaduto, sendo então processados também pela prefeitura.
A esta altura, já era sabido que a Fun House seria demolida, pois a prefeitura comprara o terreno, já que por ali passariam uma estrada e um viaduto. Era apenas uma questão de tempo, e hoje em dia existem no terreno nada menos que uma auto-estrada e um banco.
Danny Fields chega em uma de suas últimas visitas ao local e despede John Adams. Aparentemente ele estava traficando enorme quantidade de entorpecentes durante as viagens da banda. Pouco depois, era a vez de Danny jogar a toalha. Cansado de tantos pepinos, desgastando o seu nome, seu próprio prestígio e o seu crédito, em uma banda que devia perto de US$ 80 mil para a Elektra, que cuidara dos recentes processos, enquanto a banda basicamente só queria saber de se drogar, liderada por um sujeito genioso com pouca ou nenhuma responsabilidade profissional e que basicamente vivia fazendo merda. Fields estava tão cansado de tudo que deixou a Atlantic Records e foi trabalhar para a revista teen "16 Magazine". Estava mesmo terminado um ciclo. A banda saldou sua dívida com a Elektra abrindo mão de toda futura grana que pudesse entrar pelas vendas dos seus discos com a gravadora.
"Quando o caminhão se espatifou me ligaram do hospital desesperados de madrugada e me contaram tudo. Eu não acreditava que eles tinham destruído tudo aquilo depois de tanto trabalho. O pior é que me perguntaram o que eu iria fazer. Apenas disse 'vou voltar a dormir' e tirei o fone do gancho. Eu já estava cheio deles", conta Fields.
Últimas apresentações
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Sem dinheiro, gravadora e mergulhado em drogas, Iggy anunciou a saída dos Stooges após o último show em uma temporada no Teatro Eastown, em Detroit. Porém, as últimas duas apresentações dos Stooges foram em julho. No dia 16 de julho no Hollywood Palladium, em Hollywood, seguido por uma apresentação em Wampler's Lake no dia 24 de julho. Era o fim da primeira fase musical de Iggy, que só voltaria ao cenário com a entrada e ajuda de um velho fã: David Bowie.O cantor alegou que precisava se curar da dependência química. "Eu nunca quis parar, mas me senti obrigado porque estava lotado de problemas. Mais e mais pessoas vinham para assistir os nossos shows, ao mesmo tempo em que eu estava me apresentando cada vez pior. Eu queria fazer bonito para eles. Eu me sentia infeliz e a desintegração dos Stooges me parecia o único caminho. A única coisa que sabia é que eu e James (Williamson) estávamos mais unidos e que voltaríamos a trabalhar juntos em breve. Nós sabíamos que poderíamos fazer melhor do que vínhamos fazendo".
Sem Iggy, os Stooges ainda realizaram mais um único show, no clube Punch Andrew, em Ann Arbor, no final daquele mês. Ron sobe ao palco e explica para a platéia que Iggy não fazia mais parte do grupo. "Foi uma coisa estranha, porque eles ficaram desapontados, e em seguida, pareceu que se tratava de um show de uma banda amadora, até um garoto de 15 anos subiu ao palco e começou a imitar o Iggy melhor do que ele próprio faria. O desgraçado ficou atingindo meu joelho com o pedestal do microfone sem parar e durante o show, o espírito de Pop esteve sempre presente", conta Ron. Os irmãos Asheton acabariam voltando para Ann Arbor, morar novamente com a mãe, já que não tinham emprego ou dinheiro.

A História do Burzum: Parte V - Satanismo

Quando pessoas na Noruega ouvem meu nome, normalmente pensam em satanismo e incêndios de igrejas. A imprensa teve bastante sucesso ao fazer o que os judeus e cristãos têm feito rotineiramente desde o início da Idade Média e convenceram todos de que o dissidente perseguido em questão (neste caso eu) é um louco e perigoso adorador do diabo.

Eu poderia argumentar que nunca fui um adorador do diabo, mas penso que é melhor simplesmente provar que a adoração do diabo é produto da imaginação dos judeus e cristãos. Quando você sabe que nunca houve qualquer forma de adoração do diabo na Europa, então você também deve entender que nunca houve adoradores do diabo. Quando você sabe disso, fica claro que também não há a possibilidade de eu ser um adorador do diabo.
Uma escritora inglesa, Margareth Murray, publicou um livro em 1921 chamado "The Witch-Cult In Western Europe" [N.: “O Culto das Bruxas na Europa Ocidental”]. Ela afirmou que a adoração do diabo na verdade não era, de forma alguma, adoração do diabo, mas um culto pagão e, embora criticado, seu livro tem sido usado por bruxas fajutas (especialmente no Reino Unido) numa tentativa feminista de reviver o culto das bruxas. Mesmo que seu livro seja inútil como fonte, em um ponto ela tem razão. Os adoradores do diabo eram na verdade pagãos praticando sua antiga religião. O conceito de “adoração do diabo” como o conhecemos foi criado pelos cristãos na Idade Média, principalmente por pessoas como os autores do livro "Malleus Maleficarum" ("O Martelo das Bruxas"), Jakob Sprengler e Heinrich Kramer, sendo ambos padres católicos e um deles sendo um judeu messiânico.
Da mesma forma que não sabemos exatamente o que significa “pagão”, ninguém sabe exatamente por que eles chamaram essas pessoas em particular de “bruxas” – ou Hexen (alemão) ou hekser (norueguês). Mas o que sabemos é que esse também é um termo judaico-cristão e que nunca foi usado pelos pagãos. O Sabbath é um dia santo judaico e não tem relação alguma com nossa cultura européia.
Esse é o problema aqui: tudo o que as pessoas sabem sobre esse culto é o que os desprezíveis judeus e cristãos nos contaram. Eles demonizaram tanto esse culto que pensamos no tão falado "Black Sabbath" como alguma cena maluca ou nojenta, com as “bruxas malignas” indo para Blokkbeg ou alguma outra montanha para adorar Satã. De acordo com os judeus e cristãos, elas faziam isso na sexta-feira 13 para zombar de Jesus Cristo, porque havia 13 pessoas presentes na Última Ceia; o próprio Satã era um demônio, com chifres na testa, que mancava porque tinha pés de cabra ou cavalo; “bruxas” eram acusadas de sacrificar crianças pro demônio e fazer sexo com ele. Por causa disso, os cristãos enforcaram e queimaram as “bruxas”, ou as executaram de outras maneiras e, até o século XVIII, assassinaram centenas de milhares de “bruxas” e outras pessoas de quem não gostavam na Europa.
Ao invés de expressar o que penso sobre tudo isso, direi a Você o que esse culto e, em particular, o mistério da Sexta-Feira 13, realmente significavam. Isso poderá surpreender muita gente, mas sabemos perfeitamente bem o que esses rituais significavam, por que eram praticados e até mesmo quem os praticava. Naturalmente, eu não posso descrever todos os mistérios de uma antiga religião em um artigo como este, mas espero poder dar a Você uma breve e abrangente explicação sobre o mais demonizado de todos os mistérios, o conhecido "Black Sabbath", que originalmente era um festival da fertilidade, celebrado na Sexta-Feira 13 de cada mês do calendário antigo (que consistia do Dia do Ano Novo e de 13 meses, cada um formado exatamente por 4 semanas).
Genealogia dos deuses nórdicos
Genealogia dos deuses nórdicos
As quatro fases da vida são: reencarnação, nascimento, vida e morte; noite, manhã, dia e entardecer; inverno, primavera, verão e outono, et cetera. As semanas em cada mês também são divididas em quatro fases: a primeira semana é a da reencarnação, a segunda é a do nascimento, a terceira é a da vida e a quarta é a da morte. Cada dia da semana também tem um significado especial: domingo é o dia das divindades solares, segunda-feira é o dia das divindades lunares, terça-feira é o dia das divindades celestes, quarta-feira é o dia das divindades da magia, quinta-feira é o dia das divindades da agricultura, sexta-feira é o dia das divindades do amor e da fertilidade, e o sábado é o dia das divindades da reflexão (isto é, o dia no qual as pessoas analisavam os eventos da semana, antes que a semana seguinte começasse). A primeira sexta-feira de cada mês no calendário antigo é sempre dia 6, a segunda é sempre dia 13, a terceira é sempre dia 20 e a quarta é sempre dia 27. Portanto a segunda sexta-feira de cada mês, Sexta-Feira 13, é um dia especial dedicado ao amor, à fertilidade e ao nascimento. Em outras palavras, é o dia mais importante do ano em relação à fertilidade humana. É isso o que as “bruxas” celebravam nesse dia e isso, naturalmente, não possui relação alguma com Jesus ou com o número de pessoas presentes na última ceia. A crença judaico-cristã e seus símbolos não possuem relação alguma com essa antiga celebração!O dia santo conhecido como Walpurgisnacht (alemão), Valborgsnatt (norueguês), Beltane (gaélico), et cetera, é a Sexta-Feira 13 do sétimo mês do ano, quando o inverno (e seus seis meses) se encontra e se casa com o verão (e seus seis meses) no meio do antigo calendário de 13 meses, isto é, no sétimo mês. De acordo com os cristãos, essa é a noite na qual as “bruxas” vão às montanhas para copular com “Satã”. Essa noite é, portanto, chamada de “a noite das bruxas” mas era, originalmente, o dia tradicional para casamentos na era Pagã. Esse era o dia no qual pessoas se casavam na Terra, da mesma maneira em que os deuses (como Njörðr) e as deusas (como Skaði) se casavam no Céu e nós, portanto, chamamos essa noite de Lua de Mel – a noite na qual os deuses se uniam às deusas no céu. (Nota: Mel é um símbolo dos æsir e ásynjur [respectivamente, os nomes escandinavos dos deuses e das deusas].) Além disso, a maior parte das pessoas sabe que é perfeitamente normal que pessoas casadas copulem na noite em que se casam, então não há nenhum problema nisso.
Freyr
Freyr

Valkiria
Valkiria
Dizem que as freiras católicas casam-se com sua divindade e essa prática tem suas origens nos cultos Pagãos, nos quais as sacerdotisas Pagãs casavam-se com sua divindade. A grande diferença era que a divindade Pagã era representada na Terra por um sacerdote Pagão. As sacerdotisas pagãs podiam, em outras palavras, dar à luz crianças e ser realmente úteis aos seus semelhantes e à sua comunidade, diferentemente das freiras Católicas, que rejeitam a vida quando se recusam a ter filhos. Para se tornar um sacerdote Pagão, a pessoa precisava ser escolhida pelas sacerdotisas (que na Escandinávia eram freqüentemente chamadas de valkyries ["as que definem os escolhidos"]) para ser seu sacerdote Freyr e, para isso, elas organizavam diferentes tipos de competições para escolher o homem mais bem preparado para essa tarefa. Os mais conhecidos desses eventos são, obviamente, os Jogos Olímpicos da Grécia, que eram originalmente um “mercado de carne” para virgens (mulheres solteiras), que exigiam que os homens competissem entre si despidos (nus) para que elas pudessem ver todas as qualidades físicas deles antes de decidir com quem iriam casar. Não havia sentido na participação de mulheres nesses jogos, pois serviam principalmente para que as mulheres encontrassem o melhor homem, ou o homem de quem mais gostaram. Os jogos eram organizados a cada quatro anos, duas vezes para cada pentagrama perfeito (o símbolo do amor) formado no céu pelo planeta (que conhecemos como) Vênus (que na antiga Escandinávia era conhecido como Freyja). Outras competições semelhantes eram organizadas por toda a Europa e sua finalidade era a mesma: separar os fracos dos fortes.Os vencedores das várias competições eram considerados os melhores homens e recebiam, dos vários grupos de mulheres ("conciliábulos" ou “assembléias de bruxas”), a função de sacerdotes Freyr. Devido a isso, nós aqui na Noruega ainda chamamos os casamentos de bryllup, que deriva do Norueguês antigo bruðhlaup, que se traduz como "corrida das noivas" – e devo acrescentar que "bride" [N.: em inglês, “noiva”] é, na Noruega, também o título do noivo (isto é, "bride-groom" [N.: em inglês, “noivo”] ["bride" significa "o(a) prometido(a)", "groom" significa "homem"]). Mas ele também precisava ser um sacerdote Freyr, e tinha que passar por vários rituais de iniciação, que não discutirei aqui, para provar também sua força espiritual (porque possuir força física não era motivo suficiente para ser escolhido pelas sacerdotisas). Ele também tinha que participar da batalha espiritual que conhecemos como Ragnarök, que acontecia a cada ano no 7º dos 13 dias do Yule – quando as forças de Hel encontram as forças de Ásgarðr (Paraíso) no campo de batalha (e, por isso, ainda celebramos esse dia, atualmente com fogos de artifício, como se fosse uma guerra simbólica, durante o que seria a Véspera de Ano Novo no calendário Juliano [N.: Usamos atualmente o calendário Gregoriano]).
 Vidar matando Fenrir
Vidar matando Fenrir
Nessa batalha, os iniciados tinham que, assim como o deus Víðarr, matar o lobo Fenrir e, como sabemos, isso era feito colocando-se um pé na mandíbula inferior do lobo, agarrando-se a mandíbula superior e arrebentando a boca do lobo. Víðarr tinha um sapato especial para isso, a fim de proteger seu pé dos dentes e do fogo da boca de Fenrir. Então quando os sacerdotes faziam isso – todos os anos – eles, naturalmente, machucavam seus pés e freqüentemente começavam a mancar ou mancavam porque usavam esse sapato especial. Em outras palavras, o sacerdote Freyr que fazia sexo com a sacerdotisa Freyja na Sexta-Feira 13 não tinha pé de cabra, cavalo ou coisa parecida: ele era simplesmente um sacerdote Freyr manco ou que usava um sapato especial em um dos pés, fazendo com que mancasse!As sacerdotisas Freyja não se casavam simplesmente com um homem mas, como eu disse, casavam-se com um homem que representava o deus Freyr. Sabemos perfeitamente bem que os Pagãos gregos representavam e personificavam seus deuses colocando máscaras, nas várias peças de teatro e mistérios, mas isso também era feito no resto da Europa. Quando eles colocavam uma máscara que representava uma divindade, eles transformavam-se e tornavam-se tal divindade. Conhecemos Freyr de fontes Gaélicas como Cernunnos, chamado de "deus com chifres", e entalhes em pedras na Escandinávia retratavam essa divindade como um homem com chifres de cervo. Ao contrário da crença popular, os guerreiros escandinavos (como os vikings) nunca usavam capacetes com chifres, mas os sacerdotes Freyr usavam, ou usavam máscaras com chifres e, portanto, o “Satã” que fazia sexo com as sacerdotisas Freyja na Sexta-Feira 13 é descrito pelos judeus e cristãos como um “demônio com chifres”.
As sacerdotisas Freyja também representavam uma divindade e, portanto, tinham títulos especiais. Uma sacerdotisa chamada (por exemplo) Helga receberia o nome (em alemão) de Frau Helga ou (em norueguês) Fru Helga, porque Frau/Fru (isto é, "Sra", "madame") é uma abreviação do nome Freyja (Fraujō em língua germânica antiga). Quando se casava com (um sacerdote) Freyr ela já não era mais apenas Helga, mas sim Freyja-Helga, e passava a representar a deusa Freyja na Terra. Hoje em dia Frau/Fru significa simplesmente “esposa” ou “mulher casada”, mas o uso bastante disseminado desses títulos dá testemunho da abrangência desse culto Pagão no passado.
O fato de que as “bruxas” beijavam a masculinidade do sacerdote Freyr, nesse mistério que estou discutindo, é explicado pela necessidade de mostrar submissão perante seu deus – assim como os católicos hoje em dia beijam o anel do papa quando se aproximam dele (pela mesma razão). A acusação feita pelos judeus e cristãos de que havia sacrifícios de crianças é explicada pelo fato de que as sacerdotisas Freyja queriam somente crianças saudáveis e, portanto, eliminavam as crianças com sérias deficiências colocando-as na floresta para serem comidas por lobos, ou algo semelhante. Elas basicamente faziam o que a maioria das mulheres grávidas faz hoje em dia quando – se elas descobrem que há algo de errado com sua criança ainda não nascida – (normalmente) fazem um aborto. Para um Pagão, e para todos os outros seres humanos de mente sã e corpo são, qualidade é o que realmente importa.
Portanto, as assembléias de “bruxas” fazendo sexo com “Satã” eram cultos de amor e fertilidade. Tratava-se de um culto elitista, porque somente os melhores homens eram aceitos como sacerdotes e, portanto, o melhor sangue das várias tribos era cultivado, diferentemente do que se faz hoje em dia. Esses cultos raramente eram grandes e havia, naturalmente, muitos desses sacerdotes Freyr por toda a Escandinávia e também pelo resto da Europa. Eles eram provavelmente conhecidos como (sacerdotes) Cernunnos em áreas nas quais se falava gaélico, Veles nas áreas eslavas, Potrimpos nas áreas dos países bálticos, como Dionysus nas áreas gregas, como Bacchus nas áreas romanas, et cetera.
Embora esses cultos pagãos aparentemente tenham deixado de existir no sul da Europa desde a Antiguidade, eles sobreviveram no norte da Europa até o século XVIII, e mesmo até o século XIX, e é por esse motivo que pessoas como eu1 sabem tanto a esse respeito. Nós não somos enganados pelas mentiras dos judeus e cristãos porque sabemos a verdade!
Portanto, aquilo que os judeus e cristãos chamam de “Satanismo” ou “adoração do diabo” é, na realidade, nossa própria religião Européia! Meu interesse no assunto deve ser analisado sob essa óptica. Além disso, meu desejo adolescente de usar brevemente o termo “Satanista” para descrever a mim mesmo também deve ser visto sob essa óptica. Mas eu nunca fui um “Satanista”, da mesma forma que nossos antepassados também nunca foram “Satanistas”. Eu sou e sempre fui um Pagão. “Satanismo” ou “adoração do diabo”, da maneira como os judeus e cristãos descreveram, simplesmente nunca existiu. A crença na existência do “Satanismo” ou “adoração do diabo” é apenas ignorância e também um resultado da campanha de mentiras. As “bruxas” foram assassinadas pela igreja não porque elas adoravam “Satã” ou qualquer outra divindade ficcional de origem hebraica, mas porque elas continuaram praticando nossa religião Européia, contra a vontade dos judeus e cristãos. A única razão pela qual eles pararam de assassinar esses nobres homens e mulheres é o fato de que eles ficaram sem pessoas para queimar, ou falharam em encontrar outras. Isso também explica por que tantas “bruxas” foram assassinadas no norte da Europa e na Alemanha, em comparação ao número de pessoas assassinadas no sul da Europa. O sul da Europa foi, em termos gerais, cristianizado quinhentos ou até mesmo mil anos antes que o norte da Europa e a Alemanha o fossem e, naturalmente, havia muito mais Pagãos nas partes da Europa que foram cristianizadas depois. Mais mulheres do que homens foram assassinados simplesmente porque havia mais sacerdotisas do que sacerdotes. Cada assembléia tinha apenas um homem mas, frequentemente, várias mulheres – desde algumas até dezesseis.
Não sei muita coisa sobre a perseguição aos Pagãos na Europa, mas sei que, da mesma forma que no norte europeu, o Paganismo permaneceu forte no leste europeu por muito tempo, e os últimos grupos de poetas (que consistiam frequentemente de pessoas “aleijadas” [como homens que mancam...]) não pararam de espalhar sua cultura na Rússia até a revolução Bolchevique de 1917. Eles viajavam, muitas vezes como mendigos, contando histórias para as pessoas, fazendo profecias ou cantando em troca de comida e abrigo. Muitas das tradicionais músicas festivas ainda usadas na Rússia são essas músicas (!).
Na Noruega, a música de uma poetisa foi registrada no século XVII ou XVIII. Uma senhora que viajava pela região de Telemark chegou a uma fazenda e se ofereceu para cantar uma música em troca de comida e abrigo, como era de costume. Ela cantou os 52 versos de uma canção chamada Draumkvædet ("a canção dos sonhos"). A canção descrevia em detalhes como um iniciado, Olav Åsteson (Olav, "o filho do amor"), viajou pelo mundo espiritual nos 13 dias de Yule e encontrou as divindades no Paraíso. A canção é um pouco cristianizada, algo que os bardos precisavam fazer na era judaico-cristã a fim de não serem perseguidos ou mesmo assassinados pela igreja, mas ainda é bem interessante e expressiva. A velha mulher foi uma das últimas trovadoras conhecidas da Noruega.
O Paganismo não está morto e, portanto, nem mesmo precisamos reconstruí-lo. Ele nunca morreu de verdade. Ele sobreviveu no submundo, na Noruega e em outras partes de Europa. Da mesma forma que o Sol nasce no leste a cada manhã, o Paganismo nascerá novamente. A luz Européia inevitavelmente banirá a escuridão asiática que conhecemos como Judaico-Cristandade, e os puros entre nós encontrarão as runas (isto é, os segredos) de Óðinn – mas somente se eles escolherem caminhar por entre os velhos caminhos de nossos antepassados.
Notas:
1 Como curiosidade, devo acrescentar que o sobrenome de minha tetravó era Quisling (ás vezes grafado como Qisling ou Qvisling), que deriva do norueguês antigo Kvíslingr e traduz-se como "ramo de Ingr". Ingr (proto-norueguês InguR, germânico Inguz) é uma forma do nome de Freyr (e tanto "Freyr" e "Ingr" são traduzidos como "amor", mas também significam "senhor" e "chefe"). Naturalmente, eu não descendo do deus Freyr, mas de um sacerdote que personificava o deus Freyr. (A propósito, o nome completo de minha tetravó era Susanne Malene Qisling. Ela era da região de Telemark na Noruega, nasceu em 1811 e morreu em 1882).
Varg Vikernes
"Picketed and Pilloried"
(June 2005)
A verse from Draumkvædet:
Bikkja bit, og ormen sting,
og stuten stend og stangar –
de slepp ingjen ivi Gjallarbrui
som feller domane vrange.
For månen skin'e,
og vegjine falle so vie.
(The dog [Garmr] bites, and the worm [Jörmungandr] stings,
and the ox [Himinbrjótr] gores –
they don't let anybody who convicts wrongly
across the Gjallarbru [the bridge that leads to Hel].
Because the Moon shines
and the roads [to Hel] are so wide.)
(O cão [Garmr] morde, e o verme [Jörmungandr] pica,
E o boi [Himinbrjótr] perfura com seu chifre –
Eles não deixam passar alguém que tenha condenado injustamente
pela Gjallarbru [a ponte que leva a Hel].
Porque a Lua brilha
E as estradas [que levam a Hel] são muito largas).
PS. Quem souber norueguês (ou melhor, o rústico dialeto de Telemark') pode conseguir uma cópia da Draumkvædet em qualquer biblioteca decente e acho que valeria a pena para os falantes de russo que tiverem interesse no assunto ler livros como "Istoritjeskie korni velsjebnoj skazki" (Исторические корни волшебной сказки), de Vladimir Propp, publicado em Leningrado em 1946 ou talvez até mesmo "Poétika sjuzjeta i zjanra: period antitsjnoj literatury" (Поэтика сюжета и жанра: период античной литературы), de Olga Frejdenberg, publicado em Leningrado em 1936. Eu não li esses livros, então não tenho certeza se são realmente bons, mas podem ser. Os que falam alemão podem achar tais informações em "Die Geburt Der Tragödie Aus Dem Geiste Der Musik" (1872), de F. W. Nietzsche. E os que sabem inglês podem talvez ler "The Golden Bough" [“O Ramo de Ouro”], de James Frazer. Não espere encontrar algum conhecimento pagão secreto, mas não fique surpreso se Você encontrar algo interessante nesses livros. Se Você estiver apenas interessado em antigas religiões e cultura pagã, recomendo que leia meu próprio livro, "The Mysteries And Mythology Of Ancient Scandinavia" [“Os Mistérios e a Mitologia da Antiga Escandinávia”], quando (se?) for publicado.

Oracle - Godsmack

“The Oracle” é o quinto álbum de estúdio da banda estadunidense GODSMACK. A banda começou suas atividades em 1995 e é formada por: Sully Erna (vocal, guitarra, teclados, percussão), Tony Rambola (guitarra), Robie Merryl (baixo) e Shannon Larkin (bateria). Desde seu início, sempre esteve nos topos das paradas norte-americanas, alcançando sucesso rapidamente com seu Hard Rock/Metal Alternativo cativante.

Nota: 7  

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A esforçada banda, porém desprovida de criatividade, criou uma boa fórmula músical. Estava dando certo até o álbum “IV”, mas em “The Oracle”, a fórmula não teve o mesmo efeito. Os riffs manjados e as passagens tribais não têm a mesma "pegada" das músicas dos albuns anteriores. O som do grupo ficou saturado, sem inovações, como se tivesse faltando algum composto químico da fórmula.O álbum tem seus momentos bons: “Crying Like a Bitch”, "Love-Hate-Sex-Pain" e "Devil's Swing", onde o excelente baterista, Shannon Larkin, executa bem seu papel, apesar de que, nesse álbum tão “sem sal”, ele não conseguiu aparecer como nos álbuns anteriores. Mas essas três faixas acabam perdendo o brilho em meio às outras sete músicas, que mais parecem ter sido criadas para encher linguiça.
Infelizmente, recomendo só pra quem é do grupo.
Formação:
Sully Erna - vocal, guitarra, teclados, percussão
Tony Rombola - guitarra, vocal de apoio
Robbie Merrill - baixo
Shannon Larkin - bateria
Tracklist
1 - Cryin' Like a Bitch
2 - Saints and Sinners
3 - War and Peace
4 - Love-Hate-Sex-Pain
5 - What If
6 - Devil's Swing
7 - Good Day to Die
8 - Forever Shamed
9 - Shadow of a Soul
10 - The Oracle

Triumph Tragedy Transcedence - While Heaven Wept

Imperdoavelmente ignorado por grande parte do público headbanger brasileiro, o WHILE HEAVEN WEPT é um veterano da Virginia (EUA) e cuja trajetória está completando sua segunda década. O grupo prioriza a qualidade e não a quantidade, tanto que, ao longo deste tempo, lançou apenas três álbuns de estúdio – “Sorrow Of The Angels” (98), “Of Empires Forlorn” (03) e “Vast Oceans Lachrymose” (09) –, que elevaram o grupo à condição de 'cult', principalmente em território europeu.

Nota: 10  

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Ainda que muitos insistam em categorizá-lo como sendo Doom Metal, a realidade é que a coisa vai muito, mas muito além dos limites deste estilo. Com o passar dos anos, o WHILE HEAVEN WEPT foi incrementando e se refinando até soar como um amálgama de Doom e Power Metal, com muitas incursões ao Progressivo, generosas cargas de melancolia e atmosferas épicas. O resultado é envolvente, desafiador e realmente artístico.Agora chegou a vez de seu primeiro álbum ao vivo, apropriadamente batizado como “Triumph: Tragedy: Transcendence”, cujas faixas foram captadas no The Hammer Of Doom Festival, que ocorreu em Würzburg (Alemanha), no dia 6 de fevereiro de 2010. Como de praxe, as canções são longas viagens sonoras, tanto que se mergulha em apenas sete delas por cerca de uma hora de arranjos tão hábeis e grandiosos. Estes facilmente contrariam as conclusões precipitadas sobre esta ser uma banda pretensiosa.
Ainda que emocional, percebe-se o edificante e calculado equilíbrio em cada uma de suas composições, o que funciona muito bem e com uma crescente fluidez, elementos importantíssimos às apresentações ao vivo e bem representados na otimista "Vessel", tão apreciada pelo ativo público. O áudio é alto e claro, e o repertório foi muito bem selecionado, abrangendo um pouco de cada um de seus álbuns de estúdio – ainda assim, "Thus With A Kiss I Die" consegue se sobressair com seus meros 19 minutos.
“Triumph: Tragedy: Transcendence (Live At The Hammer Of Doom Festival)” também está sendo liberado nos formatos vinil duplo, CD + DVD e DVD simples, tudo importado e com um preço consideravelmente alto... Mas fica a dica ao leitor que se sentiu atraído pelo While Heaven Wept: o maravilhoso “Of Empires Forlorn”, de 2003, foi lançado aqui no Brasil, via Rock Machine Records, e passou despercebido do grande público. Que tal correr atrás desta pérola?
Contato:
http://www.whileheavenwept.com
http://www.myspace.com/whileheavenwept
Formação:
Rain Irving - voz
Tom Phillips - voz, guitarra e teclados
Scott Loose - guitarra
Jim Hunter - baixo
Jason Lingle - teclados
Trevor Schrotz - bateria
While Heaven Wept - Triumph: Tragedy: Transcendence (Live At The Hammer Of Doom Festival)
(2010 / Cruz Del Sur Music - importado)
01. Vast Oceans Lachrymose
02. The Furthest Shore (Parts 1-3)
03. Soulsadness
04. The Drowning Years
05. Of Empires Forlorn
06. Vessel

07. Thus With A Kiss

Killing Touch - Killing Touch

Nota: 10

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“One Of A Kind” é o álbum em questão. Comparo Luppi aos citados vocalistas, pois, tratando-se de Heavy Metal Melódico/Hard Rock, o italiano arrebenta. Tem uma extensão vocal no mesmo nível de todos os cantores mencionados, cantando em tons baixos, altos e altíssimos; tem um timbre de voz único, possui excelente técnica, canta muito bem com voz de peito, com voz de cabeça, com voz limpa, com maior agressividade, sussurrando, explodindo em potência; além do que, é muitíssimo bom compositor. Ou seja, possui todas as qualidades necessárias para se comparar aos mestres. Se você acha que é exagero, “puxa-saquismo”, ou se você pensou: “esse é mais um fã irracional, que não vê defeitos nos seus ídolos e acha que o cara é o melhor do planeta”, então, confira, depois comente...Além de Michele (que é responsável ainda pelos pianos), o line-up conta com Dr. Viossy e Davide Montorsi nas guitarras, que também não deixam a desejar em nada para muitos grandes por aí. A cozinha é formada por Giorgio Terenzani no baixo e Paolo “Dimitri” Caridi na bateria. A cozinha é bastante técnica e segura tranquilamente a “bronca” ao longo do disco.
A faixa de abertura é uma “porrada”. Nos primeiros instantes já se percebe que o álbum foi bem trabalhado e preenchido com arranjos e detalhes de muito bom gosto. Os riffs de guitarra são bem montados e as linhas de baixo se encaixam bem, na maioria das vezes controladas e, quando precisam, bastante técnicas. Talvez ao longo do texto se torne (muito) repetitivo mencionar o vocalista, mas, desculpem, não há outro jeito. Logo no verso inicial já se nota que as linhas de voz são muito boas, mas é no refrão que você entende o tamanho do “problema”. Além de melodia e arranjo excelentes, o refrão termina com um agudo assombroso, muito alto e com muita pegada. A seguir, surge uma passagem de piano e voz, muito bem composta, dando sequência a um solo de guitarra na medida exata. Em suma, a música alterna passagens médio-tempo, rápidas e de piano, intercalando-se, funcionando incrivelmente bem. Certamente, está entre as melhores músicas da bolacha.
Na sequencia, vem uma vinheta acústica, muito bonita, com várias vozes sobrepostas, que, na verdade, é uma preparação para a próxima canção, “Wheel of Fortune”. Esta é um pouco mais cadenciada, com diversos riffs bem pesados e linhas de baixo de mesma forma. O refrão nos proporciona uma melodia de voz sem agudos absurdos, mas que você fica cantarolando durante uma semana só por ouvir uma vez. Em certo ponto, ela retorna à música passada, à vinheta, mostrando que o trabalho de composição não foi feito às pressas, um dos pontos marcantes do disco.
A quarta música se chama “Mimicking Death”. É a mais Hard Rock do álbum. Muito bem produzida, rica em detalhes, você pode escutar violões bem ao fundo, várias vezes, se prestar atenção. Mais um show nas vozes. Além das melodias, sempre surpreendentes, Michelle mostra diversos timbres de voz, dando uma aula de impostação e interpretação.
A seguir, “The Danger Zone”, que lembra bastante a época do vocalista no VISION DIVINE. É a mais rápida entre as canções, com o clássico refrão “torado” nos bumbos, como não poderia faltar. As vozes aqui são umas das melhores passagens do álbum. O solo de guitarra é bem técnico e com as notas escolhidas “a dedo”. Mais um momento de piano e voz, repetindo o refrão para emocionar até o mais “coração de gelo” ou metaleiro com barba e cara de mau. Uma passagem Hard Rock de novo, outro solo magistral e mais refrão até o final da música.
A faixa título é a balada. Destaque, além da voz, que já é óbvia a este ponto, para o baixo, com linhas muito bem feitas e um solo curto e direto depois do refrão, com um timbre perfeito, parecendo um instrumento fretless as vezes, porém não o é. Mais uma vez, a passagem piano/voz. A verdade é que isso é muito recorrente no disco, podendo ser enjoativo para alguns, mas são tão bonitas que, por mim, poderiam ser feitas até mais vezes. E só para não esquecerem: as vozes arrebentam tudo, como sempre.
“Tommy’s Cane” é rápida e com um toque Dream Theater na bateria do último refrão. Boa canção, com um instrumental diferenciado em relação ao que já se viu até aqui, mas sem inovar deveras, verdade seja dita. Agudos sem miséria e milhares de notas nos solos, sem perder a linha do sensato. A próxima é um instrumental de piano, curta. Bonita, mas sem nada surpreendente.
“Walls Of Symphathy” começa com um two hands de baixo bem composto. Bons riffs de guitarra e com alguns agudos bem altos. Um pouco mais cadenciada, veja, entre 2:20 e 2:43, a influência de Dream Theater. Não poderia ser uma passagem no meio de “The Glass Prision”? Solo bem PETRUCCI: mecânica complicada e muitíssimo rápido. “Falling Away” é mais um ponto alto. Com riffs que variam do Hard Rock ao Heavy Metal bem pesado, tem um refrão “alegre” e pegajoso. Excelentes mixagens e arranjos de voz. Backing vocals no ponto certo.
“Justify” é a mais “arrastada” de todas. Belo arranjo de violão, piano e voz no meio. O timbre de baixo ideal, com boas frases espalhadas ao longo da canção. O álbum encerra com “Thy Will Be Done”. É a música que tem um clima diferente do disco, mas é um bom encerramento. Um tanto experimental ou progressiva, como você quiser rotular. Vozes macabras, alternadas com passagens acústicas muito bonitas, permeiam a composição. Também mostra a influência prog “a la” Dream Theater, mais uma vez.
Esse é o resumo, de maneira simplista, do álbum. Se você é fã de Heavy Metal Melódico não perca a chance de escutá-lo. O destaque é, sem dúvidas, para a voz, pelos motivos já explanados. Dr. Viossy se mostra um excelente guitarrista, com bons riffs e solos. O baixo não fica atrás e faz o que é muito difícil de encontrar no metal melódico: linhas que não sejam cópia da guitarra ou cópia do bumbo. Nota 10, já que esse é o máximo.
Antes de encerrar, algumas constatações: FÁBIO LIONE terá que fazer muito tempo de aula de canto para cantar aquilo que Michelle gravou no VISION DIVINE. TOBIAS SAMMET podia convocar o rapaz para uma participação no próximo Avantasia. O KILLING TOUCH deveria ter maior exposição na mídia especializada. Luppi esta à altura dos grandes vocalistas no estilo.
Comentários? andre.senra.baixista@gmail.com. Todos serão lidos e respondidos, mesmo que demore.
PS: Se você gostou, procure ouvir o que Michelle gravou no VISION DIVINE, sua carreira solo, a banda NEVERLAND e sua participação com o TRICK OR TREAT (já que está lá, veja também a participação de MICHAEL KISKE, vale a pena). E, para dar risada, assista no YouTube ele cantando, em italiano, a abertura do desenho “Hello Kitty”.
Killing Touch – The Touch – 2009
1 – The Touch
2 – Black Ice
3 - Wheel Of Fortune
4 – Mimicking Death
5 – The Danger Zone
6 – One Of A Kind
7 – Tommy’s Cane
8 – Still Walking
9 – Walls Of Sympathy
10 – Falling Away
11 – Justify
12 – Thy Will Be Done

Ao Vivo em Curitiba - 4 Cantos

Não há duvidas de que nenhuma outra banda foi mais ousada na sua estreia do que a 4 CANTOS. O quinteto paranaense realizou um show fechado, exclusivo para convidados e imprensa, em que gravou o seu primeiro álbum, o CD e DVD “Ao Vivo em Curitiba”. Embora busque se destacar pelo acentuado profissionalismo, o grupo ainda precisa formatar com maior precisão o seu pop/rock para voos mais distantes.

Nota: 8  

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Com muitas referências da música regional paranaense e da world music, Cassyano Correr (vocal/violão), Rogério Bastos (guitarra), Maycon Ananias (piano), Leomaristi dos Santos (baixo) e Guto Teixeira (bateria) misturam uma série de instrumentos inusitados – como a percussão do fandango e o ukelele – no seu pop/rock bem simples. A banda, que antes assinava com o nome ESCOLA DE ROBÔ, emplacou duas músicas nas paradas das rádios do Paraná e realizou uma sequência de shows de sucesso pelo estado nos anos anteriores. Em sua nova empreitada, os cinco músicos uniram regravações da sua antiga banda e novas composições em “Ao Vivo em Curitiba”.Certamente, Cassyano Correr & Cia. mostram muita qualidade técnica e bom gosto na sua essência mais criativa. Entretanto, a 4 CANTOS necessita compactar a sua música de modo que consiga projetar o grupo com mais força dentro do cenário nacional – extremamente competitivo e pouco aberto às propostas de pouco brilho ou impacto. De qualquer forma, a sonoridade mais cadenciada do quinteto reflete uma tendência acentuadamente mais pop e destinada às baladas emotivas. As músicas, que definitivamente não possuem a natureza mais crua do rock, podem passar um pouco despercebidas em “Ao Vivo em Curitiba” – mesmo com complexidade de arranjos e de melodias adotadas pelo grupo.
No entanto, as músicas que compõem “Ao Vivo em Curitiba” são diretas e não ultrapassam os quatro minutos de duração. De um lado, composições como “Seis Cordas” e “Caos de Todo Dia” mostram o lado mais animado e dançante da banda. De outro, “Ser João ou Ser José” e “Extranjero” (essa com letras em espanhol) evidenciam a capacidade do quinteto em construir baladas com melodias bonitas e bem encaixadas. De qualquer modo, são somente essas que – ao lado da enérgica “Menina” – se destacam no repertório. O restante das faixas, que parece circular com referências simples demais e raros momentos de inspiração ou de impacto sonoro, acaba passando em branco, sobretudo para os fãs que buscam uma identificação mais particular com o grupo curitibano.
No DVD “Ao Vivo em Curitiba”, a 4 CANTOS atingiu um nível técnico muito acima da média em comparação com as outras bandas do nosso underground. A qualidade da produção que envolve o vídeo, seja de palco/iluminação ou de gravação/edição, pode deixar muita banda estrangeira (e conceituada no cenário rock n’roll) com inveja. No fim das contas, o repertório do DVD é praticamente o mesmo do CD. Com três músicas adicionais – as baladas “Todas as Cores” e “Em Plena Pedra” e a animada e interessante “Assunto de Nós Dois” –, o quinteto realizou uma apresentação de cerca de uma hora para um público que compareceu em bom número, mesmo se tratando de um evento particular.
Certamente, a 4 CANTOS é mais do que uma aposta para a música brasileira do momento. A banda, que mostrou muita ambição e competência técnica no seu primeiro DVD ao vivo, está no caminho certo para a conquista de um amplo reconhecimento em praticamente todo o Brasil. Com um pouco mais de cuidado no processo de composição – outras músicas de destaque como “Mesmo Lugar” e “Parece que Foi Ontem” parecem evidenciar o que o grupo pode executar com maior entusiasmo – estão entre os melhores momentos desse DVD.
Como conteúdo extra, cerca de quarenta minutos de entrevista com os músicos da banda. Na ocasião, eles falam sobre as influências da 4 CANTOS – que vão de THE Beatles a LEGIÃO URBANA – e as referências da world music em sua proposta sonora. As entrevistas, que foram realizadas no backstage momentos antes de “Ao Vivo em Curitiba”, e em outro ambiente externo, detalham um pouco sobre a produção do CD/DVD e contam mais sobre a trajetória da banda, que iniciou cerca de dez anos atrás. Com certeza, o primeiro registro da 4 CANTOS não poderia ser mais completo e refinado.
Track-list:
01. Seis Cordas
02. Caos de Todo Dia
03. Menina
04. Luna Y Sol
05. Deusa Star
06. Todas as Cores
07. Gasolina
08. Em Plena Pedra
09. Mesmo Lugar
10. De Minha Janela
11. Ser João ou Ser José
12. Extranjero
13. Marina
14. Parece que Foi Ontem
15. Assunto de Nós Dois
16. Além Alma
17. Por que Não?

Speed Sex'n'Roll - Thrashera

O Brasil é um dos grandes centros do Metal Old School como um todo; e não dá para negar, já que a quantidade de bandas que evocam a sonoridade dos anos 70 e, principalmente, dos anos 80, não é pequena ou desprezível. Elas possuem legiões de fãs aos montes, por todos os cantos do país. E isso é, ao mesmo tempo, bom e ruim.

Nota: 8  

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Bom porque se recupera muito do espírito do metal antigo, que anda meio sumido não só na sonoridade, mas na atitude. Mas é ruim, pois acaba despertando modistas e espertinhos de plantão, que querem apenas pegar uma carona no estilo. Mas, ainda bem que o THRASHERA, do Rio de Janeiro, foge do segundo grupo e fica no primeiro neste bom Demo CD, o segundo, já que antes possuíam outro trabalho.Adeptos de uma sonoridade oitentista bem despojada, bem ‘fuck you’ mesmo, fugindo completamente de modismos e dando uma aula em muitas bandas mais veteranas do estilo, é como se tivéssemos um belo mix de Thrash com Rock’n’Roll, uma mistura bem despojada de Motorhead antigo com o WARFARE inglês, só que mais ‘in your face’ que ambos.
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Ótimos vocais, guitarra bem ao estilo do Metal dos 80, baixo bem evidente e firme na marcação, e batera com ritmo e viradas bem feitas, fora os bumbos duplos aparecendo bem. A produção visual é bem esculachada mesmo, sem muitas firulas, como é a sonoridade da banda. Mas é bem legal justamente por lembrar um LP, já que temos aquela capa estilo vinil com encarte dentro. Já a produção sonora é meio abafada, crua e sem muita frescura, um expediente que, bem utilizado, rende bons frutos, como vemos em discos como ‘Obssessed by Cruelty’ do SODOM e ‘The Day of Wrath’, do BULLDOZER. É, eles estão neste patamar mesmo, embora a sonoridade seja distinta de ambas.Agora, quando o som rola, sai da frente, que é pancada Thrash oitentista, uma encima da outra, sem pena. Aqui, temos 3 faixas inéditas (a ótima ‘Alcoholic Nightmare’, ‘Ready to Thrash’ e ‘Strike of the Bitch’, um petardo daqueles), 3 vindas do primeiro Demo CD, ‘Arghh!’ (‘Essence of Evil’, que é bem empolgante, e que bumbos! ‘Nuclear Desaster’ e uma versão mais crua de ‘Strike of the Bitch’), além de um bônus, ‘Alcoholic Nightmare – Drunken Version’, ou seja, a impressão é essa mesma que o título sugere: o estado alcoólico dos membros estava bem alto na gravação, mas ficou bem legal.
Mais uma boa banda, que promete bastante e que espero ver em breve um CD. Isso se o fígado deles resistir até lá...
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Formação:
Chakal (TERRORSTORM) – Vocais
Madcrusher – Guitarras
Surtur Impurus – Bateria
Glauco Ricardo – Baixo (músico convidado)
Tracklist:
01 – Alcoholic Nightmare
02 – Ready to Thrash
03 – Strike of the Bitch
04 – Essence of Evil (bônus)
05 – Nuclear Desaster (bônus)
06 – Strike of the Bitch (bônus)
07 – Alcoholic Nightmare – Drunken Version (bônus)
Contatos:
http://www.myspace.com/thrashera666
thrashera666@gmail.com