24 de dezembro de 2010

Apenas um Vez






SINOPSE
Apenas Uma Vez é um daqueles conto de fadas urbanos, que você sai do cinema fazendo seu máximo para evitar entrar em contato com a vida real novamente. - L.A. Weekly. Ele é um talentoso músico, que ganha a vida com seu violão nas ruas de Dublin e ajuda o pai em uma loja de aspiradores de pó. Ela é tcheca que anda pelas mesmas ruas, vendendo rosas para sustentar sua família e tem como hobby o piano. O acaso fez com eles se encontrassem e a paixão pela música fará com que eles vivam uma experiência inesquecível. Uma linda história de amor embalada por músicas que traduzem os caminhos do coração.

DADOS DO ARQUIVO
Diretor: John Carney
Ano:2006Duração: 85 min

Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 13

Saudações! E lá vamos nós garimpar mais alguns bons discos que muitos talvez nem se lembrem que um dia existiram... Aos desavisados, vale citar que a série “Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás” não tem como foco a história dos grupos consagrados que venderam horrores.


A idéia aqui é abordar bandas sem muita relevância para o grande público, mas que em algum ponto de sua trajetória liberou um álbum marcante que, seja por falta de sorte, mau gerenciamento dos negócios ou alguma outra incompetência, não atingiu o primeiro escalão no inesquecível circuito de Hard Rock da década de 1980. Ou, se o conjunto chegou ao topo da pirâmide, não permaneceu lá por muito tempo...

Jetboy
Feel The Shake
(1988 - MCA Records)

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Formado em 1984 na cidade de San Francisco por Billy Rowe e Fernie Rod, guitarristas que desde o início queriam seguir uma linha musical que fosse uma mescla de Hanoi Rocks e New York Dolls – tanto que a origem do nome Jetboy veio de uma das canções do próprio New York Dolls – e a banda teve sua formação preenchida posteriormente por Todd Crew (baixo), Ron Tostenson (bateria) e o moicano espetado Mickey Finn (voz), um punk que confessou amar o Heavy Metal e acabou participando de uma banda de Hard Rock.
O grupo gravou a demo “Pink” na garagem do pai de Billy e começam a batalhar na divulgação de seu nome, tocando pela primeira vez em Hollywood no ano de 1985. Sua música e visual eram mescla de glam, punk e metal, cabelos imensos, rendas e couro, o que gerou muitos comentários entre o público que circulava pela Sunset Strip. A coisa chegou ao ponto de até mesmo os promotores do Poison e Guns´n´Roses estarem sempre lhes oferecendo espaços para tocar.
Em 1986 o Jetboy já abria para nomes consagrados como Iggy Pop, Johnny Thunders, Ramones e W.A.S.P.; e a Elektra, de olho na reação do público, assinou neste mesmo ano com o conjunto. A esta altura, Todd Crew já era a típica ‘persona’ do rock´n´roll, tendo as DROGAS como uma constante em sua vida, comprometendo tanto seu desempenho que o Jetboy teve que dispensá-lo. O baixista morreu no ano seguinte em uma destas festinhas, na companhia do pessoal do Guns (logo quem!), onde estava trabalhando como roadie. Tinha apenas 21 anos.
Quanto ao Jetboy, o posto de baixista foi ocupado por Sam Yaffa (ex-Hanoi Rocks), e o empolgado quinteto começa as gravações de seu debut. Tudo corre bem, o álbum é finalizado e batizado como “Feel The Shake”, foram enviadas cópias promocionais para a imprensa, anúncios já vinham sendo veiculados... Mas, seja lá qual foi o real motivo, a Elektra simplesmente começou a adiar o lançamento do álbum.
Atrelados e desencorajados pela burocracia, a salvação para o Jetboy veio por parte de outra gravadora: a MCA Records, que já havia sondado a banda, aproveitou a situação e após meses de negociações, simplesmente comprou o disco prontinho da indecisa Elektra. Assim, “Feel The Shake” sai da geladeira e é liberado em 1988, chegando ao 135º da Billboard, um número até mesmo considerável para quem sequer havia tocado muito além de sua região.
Mas o Jetboy não estava contente com o resultado final de suas canções. A reclamação geral é que no meio do processo houve interferência de tanta gente que tudo acabou por soar por demais polido, indo no sentido oposto à idéia inicial, que era liberar algo mais sujo. Inclusive o próprio baterista Ron dizia que preferia a sonoridade das demos, é mole?
É fato que “Feel The Shake” não oferecia nada de novo, mas era um álbum carismático, com canções divertidas e que tinham lá sua distorção. E três delas – "Bloodstone", "Locked In A Cage" e "Make Some Noise" – também foram boas o suficiente para terem o privilégio de constarem na trilha sonora de “The Burbs”, estrelado por Tom Hanks.
Mas a vida continua... A gravadora já quer um segundo álbum, e os músicos, naturalmente mais experientes depois de tantos problemas com o disco anterior, não viam a hora de entrar em estúdio. O novo disco iria se chamar “Damned Nation”, mas antes de seu lançamento oficial Yaffa retorna ao Hanoi Rocks, obrigando o Jetboy a recrutar Bill Fraenze.
O segundo álbum chegou às lojas em 1990 e seguia por caminhos mais bluesy como em “Trouble Comes”, “Ready To Rumble” e “Heavy Chevy” (co-escrita com Jeff Klaven, do Krokus). Partiram para tours com Vixen, Eletric Boys e Quireboys, as resenhas para o disco eram positivas, mas novamente começa um processo que os músicos não podiam controlar: a Sony Music adquiriu a MCA Records.
Aí já viu... Entre as bandas dispensadas pela fusão das gravadoras estava o Jetboy. A gota d´água que acabou com tudo foi a decisão de Ron Tostenson em deixar a banda. Sem gravadora, sem baterista e com mudanças no panorama musical – lembram-se do grunge? – o Jetboy decide não ser mais o Jetboy. Agora se chamaria Mindzone e teria uma direção musical que procurava seguir os novos tempos. Mas quebrou a cara. Artificial demais...
Enquanto Billy Rowe montou o ótimo American Heartbreak e liberou uma série de EPs ao longo da década, o vocalista Mickey então estava morando no Havaí e colecionava raridades ao vivo de sua ex-banda. Quando o pessoal da gravadora Cleopatra viu o material, sugeriu que o lançasse em disco, e o resultado saiu em 1999 sob o título “Lost & Found”, inclusive com o sr. Killmister (Motorhead) colaborando em “The Reading”.
O dono da Cleopatra era um aficionado pelo Hard Rock norte-americano e em 2003 publicou um livro que documentava a Sunset Strip em seu auge, ilustrada com panfletos, fotos e muita história, além de um CD com canções da época. Em função disso, é feito um convite para o Jetboy tocar no Key Club e, depois de 14 anos de encerrada suas atividades, Mickey, Fernie e Ron estão juntos novamente, com o novato baixista Michael Butler.
O conjunto continuava mostrando vigor sobre os palcos, e a partir daí vieram DVDs e a regravação de “Feel The Shake”. Considerando que o Jetboy foi meio diferente das outras bandas, com seu estimulante visual meio deformado pelo punk e um Hard Rock com traços de blues e rockabilly que insiste em não soar datado, há muitos boatos de um novo álbum de inéditas vindo por aí. É esperar para ver...

Shark Island
Law Of The Order
(1989 - Epic Records)

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Aqui temos um excelente conjunto vindo de Los Angeles cuja trajetória começou nos idos 1979, na escola ainda, onde a amizade e paixão pela música fizeram com que Richard Black (voz) e Spencer Sercombe (guitarra) montassem sua primeira banda, inicialmente batizada como Shark. O posto de baterista e baixista era alterado regularmente, e mesmo assim estrearam com um disco independente chamado “Altar Ego” em 1982.
Em 1986 a seção rítmica ainda era instável, mas o nome ficou em definitivo: Shark Island. E assim chega ao público outro álbum independente, “S'cool Buss”, que, mesmo constituído principalmente por material de suas demos anteriores, atraiu muita atenção pelo circuito underground, inclusive tendo o pessoal da A&M Records mostrado grande interesse pela banda.
Bom, na realidade o tal interesse não foi pelo Shark Island propriamente dito. Depois de assinado o contrato, começa a manipulação dos ‘homens de negócios’ da gravadora... Eles queriam somente o vocalista Richard Black! Os outros músicos estavam para ser descartados, inclusive o guitarrista e fundador Spencer Sercombe. E adivinhem com quem colocaram o vocalista para trabalhar? Com Dave 'Snake' Sabo (Skid Row) – e daí o leitor tire a conclusão que quiser. A parceria rendeu a excelente faixa "Somebody's Falling"; além de outras canções que surgiram com a colaboração de Jack Ponti, compositor famoso por sua parceria com o Bon Jovi.
A pressão da A&M sobre Richard Black para demitir os outros músicos – um processo natural, segundo os engravatados – continuava forte, tanto que passaram por uma audição pelo Shark Island o baixista Matt Bissonette e o baterista Greg Ellis. Com estes músicos o Shark Island gravou duas faixas que entraram para a trilha sonora de "Bill & Ted's Excellent Adventure", mas o clima entre a banda e a gravadora estava tão deteriorado que as partes não demoraram a romper o contrato.
Agora, aliviados com a liberdade e novamente sem baterista e baixista (Bissonette se afastou e posteriormente ficou conhecido por seu trabalho na banda de David Lee Roth), o próximo passo para Richard Black e Spencer Sercombe foi recrutar Chris Heilmann (baixo) e Greg Ellis (bateria), para então assinar um (cuidadoso) contrato com a Epic Records. E, agora sim, as condições eram viáveis para o lançamento de um álbum com a qualidade que o conjunto já vinha merecendo há tempos.
Tendo como produtor Randy Nicklaus, "Law Of The Order" é liberado em 1989, e curiosamente possuía uma sonoridade com muitas das características do Hard Rock europeu. Com um desempenho instrumental incrível e linhas vocais que mostravam o porquê de seu cantor gerar tantos comentários positivos, o repertório apresentava os singles "Paris Calling" e "Bad For Each Other"; seguindo com canções matadoras do porte de "Somebody's Falling", “Spellbound”, as baladas "Bad For Each Other" e "Why Should I Believe" e um cover para "The Chain" (Fleetwood Mac).
Mas a vida sempre gostou de pregar suas peças... Depois de tantos anos de apresentações pelos clubes tornar o Shark Island tão popular, a ponto de ser considerado como o próximo grande nome de Los Angeles a estourar no mundo, nada aconteceu. A aceitação de "Law Of The Order" ficou limitada apenas aos fissurados pelo estilo.
Aguardando os acontecimentos, o requisitado Richard Black é convidado a participar do Contraband (ver Hard Rock parte 07), projeto em que o vocalista estaria ao lado de Michael Schenker (UFO, MSG) e Tracii Guns (L.A. Guns) nas guitarras, Share Pedersen (Vixen) no baixo e Bobby Blotzer (Ratt) na bateria. O Contraband lançou apenas um disco auto-intitulado em 1992 que não deu em absolutamente nada, o que, convenhamos, chega a ser constrangedor pelo nível dos músicos envolvidos.
Sercombe também optou por outros rumos ao formar parceria com Vivian Campbell (Dio, Def Leppard) no Riverdogs e, até 1997, era um membro da banda solo de Bill Ward (Ozzy Osbourne). O baixista Chris Heilmann tocou com Spike (vocalista do Quireboys) no obscuro Spike's Soul Thing, enquanto Richard Black também fez algumas apresentações ao vivo ao lado de Jake E. Lee no Bourgeois Pigs.
O Shark Island somente mostrou as caras novamente com “Gathering Of The Faithful”, lançado em 2006, tendo Glen Sobel (Impelliteri) como novo baterista. Um bom álbum, mas sem a sensibilidade e requinte que permitiu que seu antecessor se tornasse tão especial entre os que tiveram a oportunidade de escutá-lo.

Da Vinci
Da Vinci
(1987 - Polygram Records)

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Os anos oitenta não brilharam somente para o famoso Hard Rock norte-americano. Este movimento também foi muito forte nos países escandinavos, tão bem representados por nomes como Hanoi Rocks, Europe e Treat. Na própria Noruega havia uma série de conjuntos desconhecidos agitando pelo underground e com uma sonoridade distinta do que era apresentado pelos artistas dos Estados Unidos ou Reino Unido. E o Da Vinci foi um destes bons grupos.
Natural de Oslo, sua carreira se iniciou lá pelos meados da década de 1980, quando Lars Aass (voz), Gunnar Westlie (guitarra), Dag Selboskar (teclados), Bjorn Boge (baixo) e Jarle Maloy (bateria), cinco músicos de bandas rivais, se tornaram grandes amigos ao decidir fazer o melhor possível em se tratando de Hard Rock/AOR. Tocaram por todos os bares e clubes que puderam e, com carisma, foram conquistando muitos admiradores pelas redondezas.
E todo o esforço do quinteto fez com que o Da Vinci passasse rapidamente de aspirante a profissional quando atraíram a atenção e caíram nas graças da Polygram Records. Em 1987 debutam com um belíssimo registro auto-intitulado, dono de uma invejável gravação de Bjorn Nessjoe, onde o talentoso guitarrista Gunnar Westlie, tão influenciado pelo rock progressivo setentista, acerta o tom das canções com algumas doses de originalidade, além de muitas melodias pegajosas conduzidas pelos teclados, em grandes momentos como a emocional “Tarquinia”, “Look At Me Now”, “Forever In My Heart” e a balada “Young Desperado”.
A resposta do público escandinavo foi tal que a banda recebeu sinal verde e avançou para o segundo álbum, "Back No Business", lançado em 1989 e considerado como outra pérola do rock melódico norueguês, com muitos críticos alegando que era de qualidade ainda superior ao disco anterior.
Apesar de o Da Vinci ter iniciado as sessões para a gravação de um terceiro disco, seus músicos simplesmente decidiram acabar com as atividades da banda, deixando para a posteridade apenas duas composições sobreviventes: “Ain’t No Goodbyes” e “Blame It On The Radio”. Este disco que nunca existiu acabou sendo ironicamente conhecido com "Unfinished Business" (negócios inacabados).
Com o fim precoce, o Da Vinci se tornou um dos nomes que poucos se lembram, mesmo tendo conquistado alguma glória em seu país. Seus dois álbuns se tornaram objetos de colecionadores por um bom tempo, até que em 2006 a MTM alemã tomou a iniciativa em relançá-los na série ‘MTM Classix’, agora com uma óbvia mixagem digital, e que facilitou o acesso dos adeptos do estilo. Inclusive estas novas versões trazem como bônus as já citadas canções, até então inéditas, “Ain’t No Goodbyes” e “Blame It On The Radio”, incluídas respectivamente no repertório de “Da Vinci” e “Back No Business”.

Johnny Van Zant Band
The Last Of The Wild Ones
(1982 - Polygram Records)

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Nada como fazer parte de uma família em que vários de seus membros têm algo realmente em comum... Natural de Jacksonville, Flórida, a família Van Zant já tinha os irmãos Ronnie no Lynyrd Skynyrd e Donnie no 38 Special, e, como se não fosse pouco, havia ainda um caçula que assistiu ao sucesso de seus irmãos por toda a década de 1970. E naturalmente que ele estava determinado a seguir os mesmos passos!
Johnny Van Zant começou a tocar com 15 anos, tendo a bateria como paixão inicial, mas depois optou por ser um cantor – provavelmente por Ronnie dizer que o garoto possuía a melhor voz da família. Aliás, o próprio Ronnie foi o mentor de sua primeira banda, o Austin Nickels Band, com Robbie Gay na guitarra e Ribbue Morris na bateria, turma que explorou as redondezas tocando o famoso Southern Rock, tão enraizado nos músicos da família.
Como muitos dos leitores devem saber, nesta época o Lynyrd Skynyrd ocupava o trono do Southern Rock, até que um famoso acidente de avião ocorrido em outubro de 1977 acarretou a morte de vários de seus músicos, inclusive a do próprio fundador, Ronnie Van Zant, e que consequentemente finalizou as atividades da banda. Em função desta tragédia, quem assumiu o posto de conselheiro do Austin Nickels Band foi o segundo Van Zant, Donnie.
Mas a carreira musical para o pequeno Johnny foi bem mais difícil do que para seus irmãos. A Johnny Van Zant Band estreou com “No More Dirty Deals” somente em 1980, pela gravadora Polydor, onde Johnny, Gay e Morris vinham acompanhados de Eric Lundgren (guitarra) e Ronnie Clausman (baixo). A recepção do público foi bastante tímida, talvez por 38 Special, Molly Hatchet e ainda o Blackfoot serem concorrentes duros no páreo...
De qualquer forma, “Round Two” veio no ano seguinte, mostrando que ainda estavam na luta. A aceitação não mudou muito, mas as canções mostravam uma melhor definição de sua fórmula e preparou o terreno para o terceiro e último disco da banda.
Agora, sob a tutela da Polygram Records, em 1982 chega ao público “The Last Of The Wild Ones”. E, respondendo a uma provável pergunta que talvez alguém tenha feito – “Mas o que um Van Zant está fazendo numa matéria sobre Hard Rock?”. Bom, a realidade é que este discaço apresentava muitas canções devidamente atualizadas em um repertório bem balanceado entre o southern e o hard, tendo faixas como “It´s You”, “Can´t Live Without Your Love” e “Inside Looking Out” mostrando todo o talento de Johnny pelo lado mais pesado da música, enquanto a faceta sulista era mais evidente em “Good Girls Turning Bad”, na própria faixa-título e na apoteótica balada orientada pelo piano, “Still Hold On”.
Mas o público já começava a mostrar interesse pelo Hard Metal que estava começando a tomar força, e “The Last Of The Wild Ones” não se enquadrava nem um pouco neste perfil, e nunca que um Van Zant iria usar roupas ou maquiagens esquisitas... Johnny lançou um solo auto-intitulado em 1985 pela Geffen – que novamente não rendeu muito – e simplesmente virou um típico caminhoneiro, passando os anos seguintes nas estradas.
Mas o legado é algo importante, e o que vem a seguir é história conhecida: em 1987 cogitou-se de o Lynyrd Skynyrd ser reformulado para uma apresentação em comemoração aos 10 anos do acidente que vitimou alguns de seus músicos. Considerando que os sobreviventes seguiram por projetos que não deram grande resultado, a idéia era boa. Mas quem seria o nome ideal para ocupar o posto do carismático vocalista falecido? Oras, ninguém melhor do que a ‘melhor voz da família’...
É claro que apenas uma apresentação comemorativa do Lynyrd Skynyrd seria inviável. O evento foi esticado por uma semana, se transformou em uma excursão e como era de se esperar, o Lynyrd Skynyrd estava definitivamente de volta. Gravaram-se alguns discos de estúdio pelos anos 1990 e início da década seguinte, mesmo com alguns setores da tal mídia especializada simplesmente dizendo que a nova versão do conjunto estava jogando todo o passado da banda no incinerador mais próximo – o que, convenhamos, é uma grande besteira.
E, paralelo ao Skynyrd, Johnny liberou ainda em 1990 “Brickyard Road”, e com seu irmão Ronnie gravou inúmeros álbuns sob o nome Van Zant, inclusive o bonito “My Kind Of Country”, que chegou às lojas norte-americanas em 2008 e cairá nas graças de quem curte Rock´n´Roll, Hard, Country e Pop.

220 Volt
Eye To Eye
(1988 - CBS Records)

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Natural de Östersund, Suécia, a própria biografia do 220 Volt alega que, se não fosse por uma partida de mini-golfe ocorrida em 1976, a banda nunca teria existido. Mats Karlsson não estava em seus melhores momentos durante o jogo, e se complicou ainda mais quando lançou sua bola a mais de cinqüenta metros de onde ela deveria cair. Um outro observador, Thomas Drevin, cheio de boa intenção, simplesmente arremessa a bola de volta – e acaba machucando a mão de Karlsson, que a pega de mau jeito...
Apesar de um início que não foi dos melhores, Mats e Thomas formam uma grande amizade em função de seu interesse mútuo pela música. Após dois anos a vontade de montar uma banda é grande, passam a ter aulas de violão e praticar juntos, para logo surgirem os primeiros riffs. Uma coisa leva a outra, e o próximo passo foi buscar outros músicos com o mesmo interesse.
Assim surge Christer ‘Frille’ Åsell (voz) e Tommy Hellström (baixo), que simplesmente abandonaram a banda em que tocavam para se juntar à que nascia, e, por fim o baterista Pelle Hansson. É claro que, por serem tão jovens, foi difícil preparar um material realmente original, mas estavam dispostos e começaram a ensaiar e gravar.
Assim apareceu a primeira oportunidade de tocar – e nem sequer haviam tido a preocupação em se batizarem com algum nome... E este surgiu enquanto plugavam seu equipamento, quando alguém sugeriu 9 Volt. Mas pelo jeito já tinham mania de grandeza, tanto que decidiram por 220 Volt e assim se manteve desde abril de 1979, quando se apresentaram pela primeira vez.
Trocando seu baixista por Mike "Larsson" Krusenberg e tendo em ‘Frille’ um frontman de respeito, as apresentações passam a se tornar freqüentes, inclusive tocando em uma rádio de Estocolmo, e sua reputação também começou a crescer porque eles promoviam seus próprios shows. Sua primeira gravação foi uma demo de 1982, agora com o baterista Peter ‘Herman’ Hermansson. Esta demo vendeu suas 500 cópias rapidamente, tanto que a CBS rapidamente quis conhecer o novato 220 Volt.
O problema é que ‘Frille’, um monstrinho sobre o palco, acabou por não se sair bem na audição para a gravadora. Para a CBS, a escolha era simples: ou trocavam de vocalista, ou não tinha contrato... O próprio ‘Frille’ toma a iniciativa e deixa a banda seguir seu sonho. O posto então é oferecido a um antigo companheiro chamado Jocke Lundholm, que rapidamente parte para Estocolmo, toca em várias apresentações e, enfim, são bem-vindos a fazer parte do cast da criteriosa CBS Records.
Seu primeiro álbum, auto-intitulado, é datado de 1983 e seguia uma linha bem clássica de Heavy Metal. Mesmo com a recepção bastante favorável, o guitarrista e fundador Drevin deixa seu posto para tocar com seu antigo colega ‘Frile’ no Empire. Assim, foi com Peter Olander que o 220 Volt libera “Powergames” (84) e “Mind Over Muscle” (85), trabalhos que aumentaram consideravelmente seu público pela Europa.
A CBS, de olho no forte mercado dos EUA, faz a estréia neste país com a coletânea “Electric Messengers” em 1985, quando o 220 Volt abriu para o AC/DC em território norte-americano. Mas seus músicos ainda eram muito jovens e tiveram que dar uma parada forçada em sua carreira numa fase crucial, pois foram convocados para o serviço militar. A única cabeça que escapou de ser devidamente tosquiada foi a de Olander, que, enquanto ficava no aguardo de seus companheiros, participou de "Total Control", um solo do guitarrista John Norum (Europe).
Somente em 1987 é que o 220 Volt se viu livre de sua patriótica obrigação e voltou a se concentrar em novas composições. Apesar de alguns problemas iniciais com a produção, tudo se resolve perfeitamente quando optam por Max Norman (Aerosmith, Rainbow) e, depois de duas semanas ensaiando de 10 a 12 horas por dias, partem para a gravação propriamente dita.
O resultado é “Eye To Eye”, que revelou uma versatilidade até então desconhecida na banda. A faceta metálica agora estava em segundo plano, tendo no Hard Rock e pitadas de AOR a linha principal. Inicialmente o álbum foi muito bem recebido, mas a gestão dos negócios começou a ir de mal a pior, e nem mesmo a participação no ‘Monsters Of Rock’ fez com que o disco tivesse a repercussão merecida, principalmente nos Estados Unidos. De qualquer forma, faixas como a abertura “The Harder They Come”, ”Beat Of The Heart” e a própria “Eye To Eye” fazem com que este disco seja lembrado com carinho entre os que apreciam o Hard Rock europeu feito na segunda metade da década de 1980.
Em 1990, o 220 Volt passa por uma reformulação e, com a entrada do vocalista Per Englund, passam a se chamar Voltergeist (sacaram o trocadilho?) e preparam novas canções por dois anos, mas sem gravar nada. Estas composições somente viram a luz do dia em 1997, quando liberam “Lethal Illusion”, novamente sob o nome 220 Volt, reascendendo a esperança de uma reunião entre os fãs.
Mas a reunião definitiva só acontece mesmo depois de cinco anos, e com a formação de 81-83, quando Christer Åsell (sim, o vocalista renegado!), os guitarristas Tomas Drevin e Mats Karlsson, o baixista Micke Larsson e o baterista Peter Hermansson finalmente retornam para uma aparição no festival 'Sweden Rock'. Mas um álbum inédito, nada... Apenas a coletânea "Volume 1" (02), cujas 1000 cópias se esgotaram em duas semanas; e o álbum ao vivo “Made In Jämtland” (05), que comemora o 20º ano do lançamento de seu primeiro single, “Prisoner Of War” / ”Sauron”.

REO Speedwagon
Hi Infidelity
(1980 - Epic Records)

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Com certeza uma das melhores bandas do AOR da época. Veterano até o osso, o norte-americano REO Speedwagon foi formado em 1967 por alunos que freqüentavam a Universidade de Illinois em Champaign, e que inicialmente tocavam pelos bares da cidade. Seu nome exótico tem origem no caminhão REO Speed Wagon, da REO Motor Car Company – o ‘REO’ são as iniciais do fundador da empresa, Ransom Eli Olds, que fundou a Oldsmobile, uma divisão da General Motors.
Sua formação se alterava de forma incrivelmente rápida, até que em 1971 os fundadores Neal Doughty (teclados), Alan Gratzer (bateria) e Terry Luttrell (voz) encontraram em Gregg Philbin (baixo) e Gary Richrath (guitarra) certa estabilidade para o REO Speedwagon. Mesmo não tendo um estilo realmente definido ao mesclarem Rock Progressivo, Fusion e Hard Rock, eles vão consolidando a base de fãs que já tinham em sua região.
Foi neste mesmo ano e com esta formação que assinaram com a Epic Records. Após adquirem da General Motors os direitos para o uso do nome e logotipo, debutam com um álbum auto-intitulado. Mas o problema com sua formação persiste, e, o pior, agora atacava os vocalistas, tanto que seus dois álbuns seguintes trouxeram respectivamente Kevin Cronin (que cantava num grupo folk) e Mike Murphy para o microfone. E depois novamente Cronin retorna, desta vez para ficar.
A banda já tinha encontrado seu nicho, um Hard Rock com tendências pop que sempre emplacava algum hit. Mas o REO Speedwagon estava insatisfeito por não atingir o maisntream e culpava seus produtores, alegando que estes não conseguiam reproduzir a energia de suas apresentações nos discos de estúdio – tanto que seu primeiro registro ao vivo, “Live: You Get What You Play For” (77), arrebatou um certificado de platina. Assim, tomaram a decisão de os próprios músicos participarem como produtores para os próximos álbuns.
E foi em 1980 que a banda atinge o auge de seu sucesso. Depois de mais de uma década refinando sua música e agora contando com o baixista Bruce Hall, o REO Speedwagon liberou “Hi Infidelity”, um nono álbum que inesperadamente desovou vários hits. "Keep On Loving You" chegou ao primeiro lugar das paradas de sucesso, sendo que "Take It On the Run" e "In Your Letter" também permanecerem por 65 (!!!) semanas nas paradas, sendo 32 destas entre as 10 melhores. Convenhamos, são pouquíssimas as bandas que atingem estes números...
“Good Trouble” (82) e ”Wheels Are Turnin’” (84) continuam mostrando a grande fase do conjunto, que agora tocava nas grandes arenas e recebia convites importantes, como para participar do “Live Aid”, famoso evento em prol da fome que assolava a África na época. Mas em 1987, “Life As We Know It” marca o declínio comercial do REO Speedwagon, ainda que emplaque algumas ótimas canções. E isso parece ter marcado profundamente alguns de seus músicos, tanto que ao final da década o conjunto havia praticamente se desintegrado, cada qual partindo para outros projetos ou estilos de vida mais saudáveis.
Em 1990 retornam com Bryan Hitt na bateria e Dave Amatto (Ted Nugent, BON JOVI e Richie Sambora) assumindo a guitarra, mudança esta que chocou os fãs mais antigos, que admiravam o estilo do ex-guitarrista Richrath, considerando-o a alma do conjunto. “The Earth, A Small Man, His Dog And A Chicken” se apresentava um pouco mais pesado e chegou apenas ao 129º da Billboard. Muito, mas muito aquém dos números de outrora.
A situação foi piorando até 1996, quando liberaram “Building The Bridge” por duas gravadoras, que faliram logo em seguida. O REO Speedwagon vai se mantendo por meio de coletâneas e discos ao vivo até que a ressaca comece a passar, o que parece estar acontecendo somente agora, pois em 2007 a banda retornou com o agradável “Find Your Own Way Home”, que, ainda com o contestado guitarrista Amato, colocou dois singles na Billboard's Adult Contemporary – isso depois de 19 anos.
Talvez o maior problema do REO Speedwagon tenha sido “Hi Infidelity” ter feito tanto sucesso, o que naturalmente gerou demasiadas expectativas para as vendas de seus álbuns subseqüentes. Não houve o lucro desejado, mas eram trabalhos realmente convincentes, tanto que o próprio “The Earth, A Small Man, His Dog And A Chicken”, considerado um de seus maiores fiscos comerciais, se mostra um ótimo álbum de Hard Rock. E confesso: é um de meus preferidos desta banda. De qualquer forma, junto com o Journey e o Styx, o REO Speedwagon representa o que houve de melhor em termos de AOR norte-americano na década de 1980.

King Kobra
Ready To Strike
(1985 - Capitol Records)

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O termo ‘vendido!’ era bastante comum lá pelos meados dos anos 1980. E, se alguém realmente mereceu esta alcunha, muitos por aí dizem que foi Carmine Appice. Até então este baterista era extremamente elogiado na mídia especializada, afinal, o homem já estava na ativa desde a década de 1960 e era uma lenda que fez história no psicodélico Vanilla Fudge, no blues rock Cactus e com o power trio Beck, Bogart e Appice.
Mas o rock´n´roll foi mudando – se é uma evolução saudável ou não, aí o leitor que decide – e tendo o visual como elemento muito importante para os conjuntos que queriam sobreviver na década de 1980. Foi nesta época que Carmine Appice decidiu montar sua própria banda de Hard Rock chamada King Kobra, mas o projeto teve que esperar por algum tempo, pois o baterista foi tocar com Ozzy Osboune numa excursão que se estenderia pelos Estados Unidos e Europa – e que não durou o quanto deveria, pois algum desentendimento fez com que Appice fosse demitido no meio da tour.
Assim, o baterista pode continuar com seus planos. O vocalista Mark Free já era seu conhecido há algum tempo e estava cogitado desde o início, e, através de anúncios do tipo ‘precisa-se de músicos’ onde se especificava que os candidatos deviam ser jovens, de cabelos compridos e descoloridos (?!), o King Kobra teve sua formação completa com Mick Sweda (guitarra, Stormtrooper), David Michael Phillips (guitarra, Schoolboys) e Johnny Rod (baixo).
É claro que um músico consagrado como Carmine não teria dificuldades em conseguir um contrato com alguma gravadora, tanto que a Capitol se dispôs a lançar dois álbuns com o novo grupo. Aos cuidados do produtor Spencer Proffer, que já havia trabalhado com o Vanilla Fudge no passado, estréiam com “Ready To Strike” em 1985. E, apesar de toda a maquiagem, roupas cuidadosamente ‘rasgadinhas’ e, o imperdoável, o baterista estar entre quatro marmanjos-blondies fazendo biquinhos, com certeza ser uma visão desconcertante para os antigos fãs que acompanharam o Vanilla ou Cactus, não dá para negar que sua música era muito bem feita e do jeito que o mercado consumidor exigia.
“Ready To Strike” traz um Hard Rock bastante simples e com um peso que beira o Heavy Metal, além de um ótimo trabalho vocal de Mark Free. Além do single “Hunger” (composto pelos membros do Kick Axe, e que, segundo a lenda, havia sido rejeitada anteriormente pelo Black Sabbath), havia pesos-pesados como a faixa-título, “Breakin' Out” e “Piece Of The Rock”, além da belíssima balada “Dancing With Desire”. Em suma, um discão que impressionou muitos dos amantes da nova geração que estavam conhecendo o rock pesado na época.
Com a boa repercussão de seu debut, no ano seguinte é a vez de “Thrill Of A Lifetime” e... Bom, vamos dizer que este disco decepcionou muita gente. Cadê a distorção? Tudo aqui era bem mais pop e emplacou apenas a faixa "Iron Eagle (Never Say Die)", que fez parte da trilha sonora do filme "Iron Eagle", e ainda embalou os comerciais dos cigarros Hollywood. E nem isso animou o interesse público... As vendas foram um fiasco. E, considerando que o tal contrato com a Capitol seria apenas para dois álbuns, naturalmente nem houve interesse em renovação.
Mark Free deixou o King Kobra antes do terceiro álbum, o que gerou um verdadeiro tormento para Appice, pois o que se sucedeu a partir daí foi uma infinidade de alterações na formação da banda. Mick Sweda também pulou fora para entrar no Bulletboys e, ainda que tenha contribuído em algumas novas composições, Johnny Rod foi tocar contrabaixo no W.A.S.P., quando este estava deixando o horror para passar por uma (breve, graças!) fase circense.
Entre outras complicações, somente em 1988 é que o King Kobra libera “III” através de seu próprio selo. Além de Appice e Phillips, a banda agora contava com o vocalista Johnny Edwards (Buster Brown, Montrose), o guitarrista Jeff Northrup e o baixista Larry Hart, trio descoberto pelo próprio baterista quando tocavam em Sacramento sob o nome Northrup. O novo disco seguiu por uma linha mais pesada como a de “Ready To Strike”, trazendo como destaques “Meanstreets Machine”, faixa originalmente gravada pelo Icon, quando este ainda se chamava The Schoolboys; e ainda “Legends Never Die” e “It's My Life”, composições de Gene Simmons que já haviam sido gravadas por Wendy O. Willians (Plasmatics) em seu primeiro álbum-solo (ver Hard Rock 01). Ou seja, as melhores faixas nem eram do King Kobra...
Assim, o grupo automaticamente se desliga da cena até 2000, quando Carmine Appice até tentou uma espécie de reunião, contando novamente com o guitarrista Sweda, Kelly Keeling (voz e baixo, Blue Murder, MSG) e Steve Fister (guitarra, Lita Ford), para no ano seguinte colocarem no mercado "Hollywood Trash", um típico caça-níqueis que foi o último suspiro da cobra.
Falando em ‘cobra’, a do ex-vocalista Mark Free foi cortada fora... Ele realizou uma operação para troca de sexo – o que explica toda a afetação da criatura – e adotou o nome Marcie Free. Sem comentários... 

Parte 08 - Uma estrada difícil

Finalmente, chegamos ao final de nossa jornada... naquilo que não seria exatamente o final para alguns, mas sim, para muitos que acreditam que a fase clássica do Sabbath reside nos lendários anos 70.O ano de 1975 vê o lançamento de Sabotage, o primeiro álbum da banda criticado pelo grupo... e por seus próprios fãs! O sentimento de estafa que tomava conta de todos demandava muito do vigor e da dedicação pessoal de cada um, e logo o a banda se precipita contra o seu próprio empresário, preferindo se produzir sozinha. O resultado é um disco considerado pífio por muitos (Technical Ecstasy), lançado em 1976, e que antecipa o astral desanimado com que o grupo entraria em estúdio, no final de 1977, para gravar aquele que deveria ser a sua mega-volta à boa forma: Never Say Die, um LP que abriria a turnê comemorativa de 10 anos da banda - mas que estava predestinado a acabar carregando o triste estigma de último álbum de Ozzy com a banda.


Parte 8 - Uma estrada difícil
Nas palavras calmas e muitas vezes hesitantes do pensativo Tony Iommi, Sabotage foi um disco que saiu simplesmente 30% do jeito que a banda queria... e não mais do que isso!
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"A capa ficou um horror!", queixaria-se o guitarrista, em uma entrevista dada em 1991. "A idéia de nós de costas para um espelho na capa e olhando para ele pela parte de trás parecia ótima, um lance super-surreal, mas acabou não dando certo. Algumas das músicas, obviamente, ficaram melhores do que a capa."
Quando Iommi fala "algumas", ele, claramente, está se referindo àquelas que são consideradas as melhores faixas do disco - não só por ele como por uma parte considerável dos fãs do grupo, que responderam expressivamente, nos números das vendas do álbum, em agosto de 1975, o que haviam achado do trabalho mais recentemente do grupo. Uma queda acentuada em relação às vendas do anterior, Sabbath Bloody Sabbath, até hoje tido como um dos melhores trabalhos do grupo nos anos 70, mostrava isso. Como Iommi diria ainda, na mesma entrevista, aquela estava sendo uma época muito difícil para a banda, pois após a enorme variedade e vigor musicais do 'Sabbath Bloody...', o grupo se sentia incomodado em seguir caminhos mais óbvios, e havia resolvido testar tudo o que pudessem no novo LP. Foi assim, por exemplo, que surgiu a idéia de colocar uma faixa inteira com coral e harpas como "Supertzar", ou de deixar Ozzy testar seus talentos de compositor e até mesmo de tecladista (!) na canção "Am I Going Insane", escrita por ele próprio e onde ele "arranha" um sintetizador, e que foi inclusive lançada em compacto, mesmo não tendo muito a ver com o som da banda! Em outros momentos, a versatilidade instrumental pretendida por todos abria brechas para que voltassem a trabalhar em coisas mais pesadas e próximas do Sabbath antigo, como "The Thrill of it All", mas sem a mesma criatividade de tempos idos. Em suma, o que acabou acontecendo foi a centralização dos talentos do grupo nas três músicas que dominavam o lado A do vinil original, estas sim, obras-primas que atestam o verdadeiro legado musical do Black Sabbath com grande peso e intensidade: o super-blues estratosférico "Hole in the Sky", uma porrada letal que já abre o disco não deixando pedra sobre pedra, a supersônica "Sympton of the Universe", considerada o carro-chefe do álbum, e que se tornou um clássico do grupo, já coverizada inclusive pelo nosso Sepultura, e a semi-progressiva "Megalomania" que, com os seus 11 minutos de loucura sonora e reviravoltas inesperadas, dá a qualquer um uma boa noção do que é a bad trip amplificada e enlouquecida de uma banda de rock que já experimentou tudo o que podia, e está no topo do mundo, com os vocais de Ozzy e a guitarra de Tony atingindo os seus momentos mais épicos e ensandecidos.
Havia, ainda, a faixa que encerrava a bolacha: a psicótica "The Writ", que começa com um berro choroso tétrico e introduz um hard rock melancólico e sincopado, e que é, na verdade, muito mais um desabafo musical exótico e desesperado do que um típico hino sabático. Ozzy comentaria sobre ela: "Estávamos com tantos problemas com nosso empresário na época que a neurose tomava conta de tudo o que envolvesse o nome dele - contratos, turnês, novos compromissos... Diante desse clima de colapso mental, resolvemos gravar aquela faixa como uma forma de dizermos: basta, estamos cansados dessa merda toda!". Mas não demorou muito para que os membros da banda dissessem isso diretamente mesmo a Patrick Meehan, sem metáforas ou rodeios.
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Live at Last: disco ao vivo que se tornaria o primeiro "pirata oficial" do Black Sabbath.
Numa manhã de setembro de 1975, Tony, Ozzy e alguns amigos chamaram Meehan ao escritório da banda para uma reunião para tratar da compra de novos equipamentos para a próxima turnê - e o despediram nos primeiros dez minutos do encontro. Tony e os outros já haviam confirmado com os contadores várias artimanhas sujas de Meehan, uma delas sendo o desvio dos royalties a banda para o seu próprio bolso, de 1.000 dólares cada um, pelo show no California Jam. Apesar de tudo, preferiram não comentar isso com Meehan, para não começarem um quebra-pau. Os argumentos levantados foram os de que os integrantes do Black Sabbath não achavam que estavam mais em posição de ter que se matarem atrás de grana e sucesso após tantos anos de amadurecimento e hit parade, e queriam se produzir sozinhos. A discussão foi formal e polida, ninguém estava a fim de brigar. Mas Meehan abandonou os escritórios e a vida da banda levando não só uma das mais polpudas boladas por rescisão de contrato da época, como também tapes e mais tapes de material nunca antes lançado pelo grupo, e que a partir de então passaria a fazer grana pelos próximos dez anos seguintes no mundo da pirataria, além, é claro, de um álbum que se tornaria notório, em 1981, por ter sido lançado em um esquema semi-oficial, por um pequeno selo inglês, através de um acordo com a Castle Communications, que passaria a ser a detentora dos direitos de edição de discos da banda: o famoso Live at Last, o mesmo disco ao vivo com as apresentações do Black Sabbath em 1973 que o grupo tanto havia lutado para editar e lançar naquela época ainda. Pois o mesmo Meehan que barrou o seu lançamento, agora, após o final da jogada, aproveitava para pô-lo no mercado, fazendo aumentar um pouquinho mais o lucro do que restava de seu "caça-níqueis Black Sabbath". Foi o lançamento de Live at Last, na década de 80, vendido em vinil com uma péssima qualidade sonora e com tiragem limitada (que se esgotou instantaneamente - uma prova de como a galera sempre quis ter um registro ao vivo do Sabbath nos anos 70), que motivou o Black Sabbath, já na era Dio, a lançar o seu álbum ao vivo oficial em 1982, o Live Evil, com o novo vocalista dando interpretações tidas como sacrílegas para alguns dos clássicos da banda. Por sinal, Ozzy Osbourne, já em carreira solo, lançou no mesmo ano um álbum ao vivo em resposta ao Live Evil, chamado Speak of the Devil, que pelo simples fato de conter a sua voz se entregando somente a pérolas do Sabbath, no disco inteiro, vendeu como água e desbancou em apenas três dias o álbum ao vivo de sua ex-banda.
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De qualquer forma, o Live at Last acabaria sendo legalizado e reeditado em CD nos anos 90, com uma sensível melhora de qualidade, e acabaria se tornando o registro definitivo do Black Sabbath original em seu poder de fogo diante de uma platéia. Mas acabaria, também, se tornando apenas mais uma prova de como o grupo sempre foi explorado e sugado por seus empresários desde a mais tenra idade. Agora, no final de 1975, estavam sem empresário, estressados, esgotados, e prestes a tornarem-se, para poder sobreviver na selva de pedra do show business, aquilo que menos ou nenhum talento tinham para ser: homens de negócio
É Ozzy que comenta: 
"O fato de não termos empresário foi muito cansativo, e nos afastou totalmente daquilo que sempre fomos. Passamos a cuidar de todos os negócios envolvendo o nome 'Black Sabbath' e a ficarmos longe dos palcos, mas eu não queria saber de nada disso. Eu só queria me livrar daquela responsabilidade toda o mais rápido possivel. Eu nunca fui um business man!".

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Acima: dois discos ao vivo que rivalizaram nas paradas, ambos enfrentando o pirata 'Live at Last': o Live Evil (1982), do próprio Black Sabbath, e o Speak of the Devil (1983), de Ozzy.
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Entediado até os ossos com toda a papelada que passaram a lhe dar para ler e assinar todos os dias, Ozzy, como já se percebe, foi o primeiro a pular fora do barco "Black Sabbath Incorporated", e a sua ausência dos escritórios da banda, se distanciando cada vez mais não só fisicamente como social e psicologicamente dos seus companheiros de banda, não poderia deixar de render consequências, aumentando ainda mais o já existente poço entre eles. Logo, o cantor arranjou um consultor que poderia ajudá-lo a resolver os problemas burocráticos que o grupo tivesse, ficando no seu lugar - o escolhido para essa tarefa foi o advogado americano Don Arden, que já havia trabalhado com o agenciamento de várias estrelas do showbiz. Sem saber, Ozzy estava estreitando relacionamento com aquele que seria o seu futuro sogro - a filha de Don, Sharon Arden, um belo dia, enquanto arrumava alguns papéis no escritótio do pai, começaria a trocar olhares com aquele tímido e desajeitado cantor inglês que conversava exasperadamente com o seu pai, já começando a dar sinais de obesidade enquanto tomava uns goles de brandy. Mal imaginava ela que um dia iria ser mundialmente conhecida como Sharon Osbourne.
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Acima e ao lado: fotos do casamento de Ozzy e Sharon Osbourne, que ocorreria em 1980, um ano após se separar de Thelma Mayfair.
Não só Ozzy andava mais interessado em cuidar de sua vida mais do que do Black Sabbath. Bill Ward, com o início dos seus problemas de saúde advindos de crises estomacais originadas dos seus lendários anos de excessos, também começava a dar sinais de desgaste, e Geezer, sempre um cara muito mais musical e interessado em tocar, invariavelmente deixava Tony sozinho no barco de tentar pôr os negócios da banda em ordem e os compromissos financeiros em dia. O inicial alívio por estarem longe dos palcos e terem de agora em diante alguns meses de descanso foi gradualmente se transformando em tédio, por terem agora, à frente deles, não milhares de fãs ávidos pela sua música, mas milhares de papéis a serem estudados e assinados - aquilo nem era um descanso, na verdade! O ambiente natural do Black Sabbath, de certa forma, assim como acontecera com todas as outras grandes bandas pesadas de seu tempo, era a estrada e, longe dela, todos sentiam que havia pouco a fazer e a ser revitalizado no som do grupo.
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Assim, quando Tony noticiou a todos que novas datas de gravação estavam a ser marcadas, no início de 1976, o ânimo geral se fez presente de novo... em partes. Pelo menos para Ozzy, cujo processo de desintegração mental após anos de desvario, estava simplesmente em progresso: seu casamento ia mal, o seu pai não estava bem de saúde (algo que muito lhe preocupava, pois ele era afetivamente muito ligado a Mr. Thomas), e ele pouco a pouco descobria que como chefe de família ele havia sido uma merda até aquele exato momento, pois simplesmente não havia tido tempo e manejo para aprender tal ofício, com todos aqueles anos vivendo fora, na estrada do rock - problema esse já vivido por inúmeros superstars, e que Ozzy tentaria (e conseguiria) consertar em seu casamento posterior, com Sharon. Como consequência disso, suas discussões com Thelma se avolumavam consideravelmente, e isso só deixava o rei do metal propício a se transformar no rei da insanidade, aumentando ainda mais a sua lista de porcos e galinhas mortos a tiros em sua propriedade rural, enquanto morria de tédio e dissabor.
As gravações daquele que seria o álbum seguinte do grupo, Technical Ecstasy, dadas de julho a agosto de 1976, entretanto, acabariam surtindo o efeito contrário ao esperado por todos da banda. No lugar da empolgação e criatividade que costumavam tomar conta dos estúdios em outras ocasiões, apareceram um indeciso Geezer, com menos composições do que o usual, um Ozzy absolutamente desinteressado em tudo que lhe era mostrado - e que só com o passar dos dias foi se animando mais -, e um Tony Iommi extremamente perfeccionista com tudo, com uma tremenda fome de guitarra fruto dos inúmeros dias que passou bancando o homem de negócios da banda, mas que, justamente por causa disso, entediava todos no estúdio com as suas egotrips de jazz. Isso acabou causando alguma confusão entre os membros do grupo, especialmente no processo de criação e desenvolvimento de músicas como "All Moving Parts" e "She's Gone", com Geezer e os outros batendo a maior boca com Tony sobre o direcionamento dado ao trabalho instrumental em tais faixas. 
Subitamente, Tony queria regravar takes e mais takes de cada canção só para mudar uma nota aqui ou ali com a qual ele insistentemente não concordava. Parecia que a inspiração, fluída e constante, de momentos do passado, de uma hora para outra, já não estava mais presente.

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No final das contas, "Technical..." acabou sendo um disco mediano, gravado por uma banda meio desnorteada e sem grande orientação, mas que conseguiu, mesmo assim, atingir bons resultados em alguns momentos. "You Won't Change Me", apesar de ser uma típica baladona chorosa de Ozzy, que poderia emular o clima da sua prima "Changes" (do Vol. 4), tinha boas pegadas e apresentava os bons teclados de Gerald Woodruffe, que substituíra "Spock Wall" (leia-se: Rick Wakeman) de última hora. "Backstreet Kids", faixa que abria o álbum, e "Rock n' Roll Doctor", também, eram dois arrasa-quarteirões vigorosos, que traziam de volta aquela sonzeira detonante do velho Black Sabbath. E havia, também, o primeiro trabalho vocal de Bill Ward, que acabou se tornando a faixa mais célebre do LP e chamou a atenção de todos não só pela bela performance do baterista, mas também por ser uma linda balada com sabor tipicamente "beatle": "It's Alright", que chegou a ganhar um clipe semi-amador para a TV e se tornou peça constante no repertório dos Guns N' Roses em seus shows nos anos 90, aumentando a sua notoriedade e fazendo parte do disco ao vivo do grupo. Curiosamente, nunca foi executada ao vivo pelo próprio Black Sabbath, cujos integrantes sempre se referiram a ela como "uma dessas canções feitas de brincadeira, para desanuviar no estúdio". Realmente, não tinha muito a ver com o Sabbath característico, e Ozzy só não a cantou porque estava simplesmente indisposto no dia da gravação, dando-a de bandeja para Bill.
Sem querer, o processo de criação do álbum deixou à mostra as chagas que minavam o poder criativo do grupo, e intensificou a crise interna que jogava Ozzy contra Tony, e vice-versa. O cantor, sempre enciumado pelo controle com que o guitarrista exercia o seu domínio e suas idéias na banda, logo passou a ver em Tony não um companheiro mas, novamente, aquele garoto antipático com quem rivalizava em tempos de escola, e isso aumentava cada vez mais à medida em que Tony ficava mais exigente e "jazzístico" dentro dos estúdios e nos palcos. O guitarrista se recorda, sobre Technical Ecstasy, de ter sido um disco bom de fazer, em que o grupo ensaiava todos os dias, parava, ia a um pub tomar umas belas cervejas, e no dia seguinte recomeçava tudo. Foi isso mesmo - mas sob a ótica de Tony, que estava em pleno comando e dava as ordens como se fosse um técnico de time, dizendo para refazer tudo mais uma vez caso fosse do seu agrado.
Atritos entre Ozzy e Tony não aconteceram durante as gravações, mas assim que o disco foi lançado, a reação do vocalista, indo contra todas as convenções dos integrantes da banda de sempre fazerem de tudo para promover bem seus álbuns, foi das mais inusitadas. Em uma entrevista concedida a uma rádio inglesa, o cantor, perguntado sobre como haviam sido as gravações do Technical Ecstasy, simplesmente se saiu com essa: "Olha, foi um disco bom de fazer... Para o Tony, pelo menos. Ele fez o disco." A declaração foi parar em alguns jornais no dia seguinte, e Tony obviamente não achou muito bom, mas decidiu não discutir com Ozzy e guardar para si mesmo suas impressões. Nos anos seguintes, no entanto, sempre que tinha alguma oportunidade, o cantor novamente voltava a alfinetar Tony por causa do álbum: de todos os LPs lançados pela banda, "Technical..." foi o que teve a mais baixa vendagem até hoje - outro fato que irritou Ozzy e os outros profundamente - e, em uma entrevista em 1978, às vésperas de deixar o Black Sabbath, quando perguntado por uma repórter sobre o que achava que havia acontecido com o desempenho do álbum nas paradas, o cantor se saiu ironicamente: "Olha, eu acho que ele atingiu a posição 301 nas paradas da Mongólia"...
De resto, 1976 foi o ano de We Sold Our Soul to Rock n' Roll, a primeira coletânea lançada oficialmente pela banda, em vinil duplo e com um título sugestivo que aludia aos velhos dias das polêmicas sobre bruxaria e magia negra, e que apresentava uma primorosa seleção de faixas que iam do primeiro LP até o Sabotage. Acabou vendendo bem mais que o Technical Ecstasy...
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No ano de 1977, dedicado quase que exclusivamente à turnê do Technical Ecstasy, os problemas se aprofundaram. Com toda a fome de tocar com que o Black Sabbath estava, todos imaginavam que um simples regresso à estrada iria resolver todos os impasses criativos e pessoais dentro da banda. No início da tour, tudo bem - foi no decorrer dela que as coisas ficaram graves. Primeiro, porque Tony, como sempre, insistia em levar extremamente a sério as suas viagens jazzísticas em longos vôos guitarrísticos e solos improvisados, ao longo das músicas. E segundo, pois, como todos sabem, aquele foi o ano do punk, da explosão do movimento de bandas novas e cheias de sangue para dar, como Sex Pistols e Damned, cuspindo na cara da velha geração e criticando a acomodação dos velhos astros e pop stars. O Black Sabbath, assim como outros pretensos "dinossauros" (Led Zeppelin, Deep Purple, Yes...) tinha entrado nesta modalidade aos olhos de muitos que se bandearam para a legião de cabelos espetados e correntes nas jaquetas. E, para pavor de Ozzy que, assim como muitos dos velhos astros, pressentia a revolta da nova geração, não fazia nada para mudar, se afundando cada vez mais no jazz e abandonando o verdadeiro som pesado, forte e direto, de outrora. Essa passou a ser a opinião fixa de Ozzy Osbourne.
Veja bem que, tecnicamente, como grupo musical de rock, o Black Sabbath passava por aquele que tenha sido, talvez, o seu melhor momento, o mais versátil e competente. Mas o punch de que Ozzy sentia falta, a agressividade primária das letras e riffs simples e diretos, de melodias rudes e primárias que formavam o som básico do grupo em seus primeiros anos, se fazia sentir apenas em alguns momentos agora. E on stage, a egotrip de Tony, conduzindo a banda a longos solos improvisados, irritava o cantor e fazia tudo parecer mais aborrecido ainda. Tanto é que, quando Ozzy foi montar a sua banda solo, em 1979, louco para voltar ao cenário e mostrar ao mundo a sua versão do que era heavy metal adrenalínico e direto, ele enfrentou uma série quase interminável de audições para guitarristas, e só escolheu o exímio Randy Rhoads por um único e sutil motivo: não ter imitado o estilo Tony Iommi de tocar, evitando solos longos, arrastados e repletos de influências de jazz...
Ao final da tour de 1977, em outubro, Ozzy chegou para Tony a fim de ter uma conversa séria com ele, e desabafou: "Olha, não dá mais". Já haviam tido algumas discussões barulhentas ao longo da turnê, mas como dizia Tony, "era mais uma coisa tipo liga/desliga, nada muito sério". Agora, no entretanto, a diversidade de pontos de vista era tão grande que não dava mais para escapar. Ozzy expunha o que era a sua visão de rock n' roll, e um soturno e convicto Tony Iommi simplesmente olhava para ele, balançava um pouco a cabeça... e não concordava. Conversando em um dia em que nenhum dos dois estava propenso a falar besteiras por causa de alguma "substância química" na cabeça, simplesmente chegaram à conclusão de que Ozzy não cabia mais na banda. Tony não baixou a retaguarda para as acusações de Ozzy em nenhum momento, mas assim que este foi embora, se sentiu apavorado, repetindo para si mesmo: "E agora... a banda sem o Ozzy".
Foi a primeira vez que Ozzy abandonou a banda. Ele estava arrasado, psicologicamente deteriorado, e emocionalmente em cacos. O seu pai, Mr. Thomas Osbourne, havia falecido recentemente, deixando uma lacuna de instabilidade em Ozzy, que tinha a sua figura como um exemplo - a família Osbourne estava de luto, enquanto o cantor ainda lutava para terminar as datas da turnê de 1977, com todas as drogas, o álcool, os problemas musicais que o frustravam profundamente, e a terrível dor da perda em seu coração. Tudo isso afetava Ozzy profundamente, e foi no meio de todo esse turbilhão que ele não aguentou e pediu as contas, a caminho de uma séria crise depressiva. Perto da virada do ano de 1978, o cantor se isolou de tudo e de todos, mantendo-se recluso em um pequeno quarto de hotel nos EUA, até ser encontrado por alguns amigos e mandado de volta para casa - abatido, totalmente inerte, e sem dizer uma palavra.
A banda, por sua vez, na concepção de Tony, não podia parar. Para Bill, o guitarrista se recusava a enxergar a verdade: que era hora de todos darem um tempo. Mas bastava o baterista acender alguns cigarros e tomar uns tragos que estava tudo bem novamente. Geezer procurava entender Tony e, no fundo, sabia do receio do colega de ver um barco que eles lutaram tanto para pôr no mar se afundando repentinamente. Resultado: começaram, ambos, a busca por um novo vocalista para o grupo.
Encontraram-no na figura de Dave Walker, um veterano egresso de bandas como Savoy Brown (velhos amigos do Black Sabbath) e Fleetwood Mac, e que tinha uma formação bem blueseira. O estilo de Walker, na verdade, era bem diferente de Ozzy: sua voz rouca e grave, curtida em anos a fio cantando Muddy Waters e Albert King, em nada lembrava seu antecessor. No início de 1978, havia ainda alguns compromissos pendentes a serem cumpridos, e precisavam urgentemente de um vocalista para dar conta do recado. Um deles era a aparição num programa de TV da BBC Midlands, chamado "Look Here!", que todo final de semana apresentava variedades musicais. Como notaram, desde os primeiros ensaios com Walker, que haveria uma série dificuldade do cantor se acostumar com o material gravado com Ozzy, pelo menos até que estivesse bem treinado e integrado ao som da banda, preferiram partir já para a produção de material novo, bem ao estilo da "política Tony Iommi" mesmo - ou seja, estar produzindo sem pensar, e nem parar para olhar para trás. Assim, as novas músicas, além de renderem algo para ser utilizado nas apresentações do grupo a serem feitas no início do ano, poderiam ser utilizadas no próximo álbum da banda. Ficaram em uma pequena propriedade rural, numa área próxima de Birmingham, chamada Field Farm, onde, dentro de uma semana, produziram algo em torno de dez ou onze canções. Nada foi gravado, apesar de existirem boatos de piratarias do material com Dave Walker - a verdade é que o grupo estava mais interessado em compor material novo rapidamente e não levaram nenhum equipamento de gravação para field Farm que pudesse registrar alguma coisa. Canções como "Johnny Blade" e "Break Out", que fariam parte do próximo LP do grupo, foram compostas ali, todas com andamentos e letras diferentes daquelas que conhecemos, e uma das novas músicas, "Junior's Eyes", foi a escolhida para a apresentação no "Look Here!".
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Esta rara foto é um dos únicos registros de Dave Walker (de boné, entre Tony e Bill) com a banda, minutos antes da participação no programa "Look Here" da BBC.
A estória por trás de "Junior's Eyes" é curiosa, pois era uma música que, de acordo com uma entrevista dada em 2001 por Bill Ward, havia sido composta previamente pelo próprio Ozzy, anteriormente à época da ruptura, enquanto ainda estavam na turnê Technical Ecstasy, e era uma espécie de homenagem a seu pai, já bastante doente na época. Entretanto, com a saída do cantor, tentaram aproveitar a canção com o rascunho da letra que havia sido deixada por Ozzy mais alguns versos alterados, de autoria de Geezer. Esta foi a versão apresentada, com Dave Walker nos vocais, no horário de almoço para a região de Birmingham no programa "Look Here!", que era regional, em janeiro de 1978. Walker havia voado de San Francisco, onde estava com o projeto de uma banda, para Field Farm, fazia apenas algumas semanas, e ali estava ele, já fazendo parte do primeiro line-up que se seguiria à formação clássica do Black Sabbath, para então... sair logo após três dias! O som definitivamente não estava bom - aquilo, para todos que ouviam, não era nem de longe o popular Sabbath que todos conheciam. E foi o insatisfeito Bill, novamente, em suas próprias palavras concedidas na entrevista de 2001, que tratou de "fazer as malas" do pobre Walker, que estava, simplesmente, no lugar errado, na hora errada: "Infelizmente, fui eu que fiz o trabalho sujo; fui eu que tive que falar para Dave que as coisas não estavam funcionando. Eu me voluntariei novamente, assim como no dia em que conversei com Ozzy e disse a ele que se estava de bode com Tony, deveria esclarecer as coisas com ele. Eu me senti muito chateado e desconfortável tendo que fazer isso com Dave, principalmente porque eu já o conhecia de longa data, e gostava muito dele como ser humano."
A recepção dos fãs à aparição da banda no "Look Here!" com outro vocalista, e tão diferente de Ozzy em estilo e voz, como era de se esperar, não foi das mais positivas. Logo após a partida de Dave, Tony se sentou para uma conversa com Bill e Geezer, ponderou sobre toda a situação, e entregou os pontos, reconhecendo a situação: seria o melhor chamar Ozzy novamente. Fez seu "mea culpa" - Ozzy era um doido, um porra-louca e insano que não sabia medir consequências e, aparentemente, nunca seria capaz de apresentar algum tipo de evolução musical para o grupo, mas, apesar de tudo isso, tinha carisma e fazia as coisas acontecerem, mais do que qualquer um. Além disso, havia sido pego em uma situação estressante e super-desconfortável durante a última turnê, que era o esgotamento nervoso devido à morte de seu pai e ao fato de não ser ouvido. Agora, as opiniões de Ozzy eram muito valiosas, e deveriam ser ouvidas... e isso custaria um belo preço à banda. Mais exatamente, no valor de muitas horas de estúdio a mais!
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Black Sabbath, em uma de suas últimas fotos promocionais (1978).
"Quando chamamos Ozzy de volta e lhe pedimos desculpas por tudo", conta Tony, "mostramos a ele o material que havíamos treinado com Dave. Ele detonou tudo. Disse que o som estava uma bosta, que aquilo não era nem de longe o que ele esperava de nós, se propôs a reescrever uma grande parte das letras, e foi bem direto em suas condições de voltar para a banda: só gravaria outro disco com a gente caso retrabalhassemos tudo aquilo novamente." Em suma: Ozzy não foi nada humilde em seu regresso ao grupo, fator esse que, apesar da vontade de todos continuarem bem, mais uma vez deixou Tony rangendo os dentes e remoendo aquela dorzinha-de-cotovelo costumeira em relação ao companheiro.
Programado para ser lançado em junho daquele ano, o novo álbum de estúdio do Black Sabbath deveria ser a volta ao topo da banda, que estaria naquele ano comemorando os seus primeiros dez anos de estrada com uma turnê monumental que varreria EUA e Europa. As gravações, entretanto, como relembra Tony mais uma vez, foram complicadas: "Não havia tempo para parar e refletir sobre nada que estava sendo feito! Never Say Die foi um disco difícil, muito difícil... feito às pressas. Tínhamos que compor e tocar todas as partes no estúdio porque o trabalho todo estava sendo refeito, e no final da tarde era preciso abandonar tudo e só recomeçar no dia seguinte, porque o estúdio já tinha sido alugado para outra banda. Foi um caos!".
O local escolhido para as gravações de Never Say Die foi o Sound Interchange Studios, em Toronto, Canadá, e o grupo gravou (ou pelo menos tentou) o mais depressa que pôde, pois queriam que o LP ficasse pronto ainda a tempo da turnê comemorativa, que começaria em 16 de maio, na cidade inglesa de Sheffield. Para a capa e o trabalho de arte, havia sido contratada novamente a célebre empresa Hipgnosis, responsável também pelo trabalho realizado em Technical Ecstasy, e que havia sido considerado detestável por muitos, inclusive por Ozzy, que quando pegou a capa do disco, pela primeira vez, teve a mesma espécie de reação que a maioria dos fãs: "Mas que DIABOS É ISSO?". 
Dessa vez, por exigência dos próprios músicos, os vôos de imaginação da equipe de criação do pessoal da Hipgnosis deveriam ser mais concretos, e menos abstratos. E, de fato, foram: realizaram um belo trabalho de toques futuristas, com ênfase na arte bélica aérea, chegando a desenvolver uma série de ilustrações gráficas arrojadas com fotos sinistras de pilotos e seus apetrechos e paramentos (parte desse trabalho pode ser vislumbrada com maior precisão na capa interna do CD Never Say Die, na edição remasterizada).

Chegava, afinal, a hora de pôr o pé na estrada. A fase de pós-produção do álbum ainda não estava nem perto de terminar, mas dane-se: haviam feito tudo para respeitar o cronograma, agora era chegada a hora do show! Para abrirem os shows da tour que se aproximava, escolheram, numa decisão ainda considerada errada por muitos até hoje, uma banda que estava ainda no comecinho, e cujo LP de estréia havia batido recordes de vendagem nos EUA: o Van Halen, de quem acabariam ficando grandes amigos. O grande problema, como o tempo acabaria revelando, seria justamente o de ficarem parecendo dinossauros datados, no palco, após a aparição de estrelas jovens e supersônicas, em pleno gás, como era o Van Halen naqueles dias. Inevitavelmente, foi o que acabou acontecendo, em grande parte dos shows, gerando uma grande frustração para o Sabbath - muitos dos jovens que iriam aos shows da turnê, iriam somente para ver o Van Halen tocar, em todo o vigor daquele novo tipo de hard rock, mais veloz, dinâmico e moderno, que estava surgindo, nos dedos inacreditáveis de Eddie Van Halen e nos trinados roucos e alucinados de Dave Lee Roth. Em certos lugares dos EUA, Ozzy e os outros começaram a se aborrecer assim que notaram que uma parcela considerável da platéia ia embora após o show do Van Halen, inicialmente feito só para esquentar o público antes do grande e mítico Black Sabbath, mas que agora, parecia se tornar a atração principal. Uma verdadeira atitude de desrespeito com os mestres de um gênero, um estilo que dura já há mais de trinta anos, como o heavy metal, mas que infelizmente indicava uma verdade nua e crua difícil de encarar: a mudança dos tempos. Como se nota, toda grande banda de uma época acaba se deparando com realidades muito tristes em seu final.
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Black Sabbath com o Van Halen no 'backstage' em dois momentos de descontração - inclusive com um horroroso 'bundão' por parte de Lee Roth, Ozzy, e Eddie Van Halen (em ordem).
Ozzy, mais do que os outros, começou a perceber todos estes detalhes, e a formar uma concepção bem clara, em sua cabeça, do que a sua banda estava se tornando. Aos poucos, ele começou a pensar: "Ou eu caio fora de vez, ou sou arrastado para o fundo com eles... Já era." O som ainda era forte e pesado como sempre. Ao vivo, ainda tinham muito o que dar. Mas, fisicamente, os sinais do desgaste teimavam em aparecer, deixando todos desconcertados: a decadência de um Bill Ward cada vez mais bêbado e obeso, chegando aos ensaios quase caindo; um Ozzy com a barriga cada vez mais saliente também, e esquecendo as letras das novas canções cada vez mais frequentemente. Além de todos estes fatos, a droga, mais do que nunca, sendo consumida em quantidades cada vez maiores, no alvorecer de uma nova turnê: os managers, roadies, groupies, e todo mundo só querendo ficar doidão, chapação demais, loucura no limite! Tudo começava a se tornar muito chato e entediante - principalmente em estúdio, mas agora, o que era pior, nos palcos também. Nessa época, já, o revolucionário Ozzy começa a formar, em cima de todos estes pensamentos, as sementes do que seria o som moderno e alucinado dos primeiros anos de sua carreira solo, com a Blizzard of Ozz, e que iria totalmente na direção oposta do que o Black Sabbath propunha.
Com um mês de turnê já, finalmente algo do novo LP sai: o single da faixa-título, "Never Say Die", que, pra surpresa de todos, acaba se tornando o mais vendido compacto da carreira do Black Sabbath após o lendário "Paranoid", de 1970. Como resultado, são chamados para apresentarem a canção, em playback, no popular programa de TV da BBC inglesa Top of the Pops, numa aparição bem ao estilo da atração: pra lá de cafona, num cenário que, em plano auge da disco music e do Saturday Night Fever de John Travolta e Bee Gees, se assemelha a uma discoteca com uma turba de adolescentes alucinados.
O álbum mesmo, no entanto, atrasa cada vez mais para sair, devido a problemas de produção, e a turnê continua, com altos e baixos: Ozzy, ébrio, esquecendo quase todas as letras em um show em Connecticut, ou cambaleando drogado em direção a Tony em outro, em Boston, quase impedindo-o de fazer um solo, mais uma vez no veneno com o guitarrista. A velha rivalidade e as discussões se acentuam ainda mais. Em outros momentos, tudo parece querer dar certo: como no concerto no Hammersmith Odeon, filmado e posterizado para a eternidade - uma performance brilhante e energética, com um Ozzy que, se já não tem mais aquela voz e vigor físico do início da década, após tanto pó e exageros, pelo menos agora tem uma postura de palco cada vez mais eficiente e hipnótica, capitaneando exemplarmente a melhor banda de heavy metal que já se viu.
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Finalmente, o novo álbum sai, mas já muito atrasado para promover a turnê, que está afundando com cada vez menos público e disposição por parte da banda - Never Say Die, o LP, é lançado em outubro de 1978. Traz composições maduras e vigorosas, como a faixa-título, "Johnny Blade", a já citada "Junior's Eyes", "Over to You", e a belíssima "Air Dance", com um clima mágico e atemporal, sem dúvida um dos melhores trabalhos melódicos da banda. No disco, o grupo conta com um excepcional trabalho de teclados de Don Airey - músico primoroso que substituíra "Spock Wall" (leia-se: Rick Wakeman) de última hora, e que iria acompanhar Ozzy em sua carreira solo por vários anos e, mais recentemente, ocupar a vaga deixada por Jon Lord no Deep Purple. É considerado, a despeito de algumas críticas por parte de certos órgãos da imprensa (os eternos detratores...), um dos melhores trabalhos do grupo em anos. Outra faixa fantástica, a balada heavy "Hard Road", é escolhida para ser o segundo single do disco, e é lançada para puxar as vendas, atingindo um respeitável lugar 33 nas paradas no mesmo mês. Um vídeo promocional é feito para a música que, curiosamente, ao descrever uma "estrada difícil", parece ser uma metáfora da vida da banda e de tudo aquilo por que o Black Sabbath já passara em sua carreira. Era, estranhamente, e sem que ninguém notasse, uma espécie de epitáfio do grupo... ou de Ozzy com eles.
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Black Sabbath numa "festinha" de aniversário, com o bolo comemorativo da turne de 10 anos da banda.
Por fim, em novembro de 1978, acontece a ruptura definitiva: um concerto em Nashville para 12.000 fãs tem que ser cancelado pois Ozzy, simplesmente, desaparece. Durante quase dois dias, os membros da banda, roadies e familiares ficam doidos atrás do vocalista que, desconfia-se, possa até ter sido sequestrado. Entretanto, milagrosamente, uma chamada de um pequeno hotel da cidade é feita, e o gerente manda chamar Tony e os outros às pressas: Mr. Ozzy Osbourne, após uma "festinha" e "alguns" drinques a mais, duas noites antes, havia entrado no quarto errado e trancado a porta e, bêbado e provavelmente bastante drogado, ele caíra no sono e só fora encontrado ali, completamente apagado, graças a uma das faxineiras do hotel.
Para Tony, era a gota d'água, o fim. Ele não suportava mais aquilo. Até hoje, as testemunhas oculares de toda a história são controversas em dizer se o que houve foi a real dispensa de Ozzy por parte de Tony, ou se eles brigaram mais uma vez e o próprio Ozzy mandou tudo às favas, se demitindo. Nenhum deles gosta de comentar o assunto, e provavelmente nunca revelarão os verdadeiros acontecimentos sobre a saída de Ozzy.
A verdade é que, após um certo tempo de recesso para descanso, Ozzy montaria, no ano seguinte, a sua banda solo Blizzard of Ozz, com o lendário Randy Rhoads na guitarra, e o Black Sabbath, se reagrupando em torno da figura do vocalista Ronnie James Dio (egresso do Rainbow, de Ritchie Blackmore), passaria por diversas reformulações, não só de som como de formação, sendo as primeiras delas as saídas de Geezer (por pouco tempo - logo ele voltaria para tocar com Tony e Dio) e Bill (que seria substituído pelo exímio Cozy Powell), e tentaria, emulando os novos sons do heavy metal nos anos 80 (influenciados já pela New Wave of British Heavy Metal de Iron Maiden, Saxon, Motorhead etc.), e se adaptando aos novos tempos, manter acesa a velha chama de sua lenda pelas décadas seguintes, mesmo que isso custasse à banda a perda quase total de sua identidade original. Após um sucessivo e impertinente troca-troca de músicos e vocalistas (mais de cinco já passaram pelo grupo depois de Ozzy!), o Black Sabbath, ao final dos anos 90, se mostraria uma banda totalmente descaracterizada, e em débito com o seu passado glorioso e mítico. Apenas a volta temporária de Ozzy com os velhos companheiros, fazendo as pazes e se reunindo para uma série de shows comemorativos no final do século (e que dariam luz ao espetacular álbum ao vivo Reunion), é que devolveria à banda o seu status de lenda imbatível do rock pesado que eles tanto merecem, e do qual são detentores absolutos, conforme mais e mais provam os imitadores e detratores, a cada dia que se passa. A influência do Black Sabbath é sentida aonde quer que se ouçam aqueles três acordes básicos do rock, tocados de forma básica, nua e crua, com o devido peso e amplificação.
E, como uma forma de despedida e agradecimento a você, caro leitor, que esteve acompanhando durante todo este looongo tempo a looonga história do Black Sabbath e, assim como eu, é um fã de carteirinha da banda, principalmente em sua fase clássica, nada melhor, para terminarmos, do que mais uma vez relembrar a bela letra de "Hard Road" - o que se segue é não só, em vários trechos, uma elegia ao que aconteceu na carreira do grupo, como também, é uma bela mensagem sobre a vida, em seus aspectos bons e maus. Sim, foi uma estrada difícil. Foi isso que os rapazes de Birmingham seguiram. Mas foi também o resultado de muito esforço, determinação, e amor pela música, legando a todos nós, admiradores do rock pesado, uma gigantesca contribuição que será sentida eternamente.
"HARD ROAD"
Old men crying young men dying 
World still turns as Father Time looks on 
On and on 
Children playing dreamers praying 
Laughter turns to tear as love has gone 
Has it gone? 
Oh it's a hard road 
Oh it's a hard road

Poets yearning lovers learning 
On this path of life we can't back down 
Is it wrong? 
Widows weeping babies sleeping 
Life becomes the singer and the song 
Sing along

Oh it's a hard road 
Carry your own load

Why make the hard road? 
Why can't we be friends? 
No need to hurry 
We'll meet in the end 
Why make the hard road? 
Why can't we be friends? 
No need to worry 
Let's sing it again

Brother's sharing mother's caring 
Night time falling victim to the dawn 
Shadows small

Days are crawling time is calling 
To the Earth that another life is born 
Love lies drawn 
Oh it's a hard road 
Carry your own load 
Oh it's a hard road 
Oh it's a hard road 
Forget all your sorrow 
Don't live in the past 
And look to the future 
'Cause life goes too fast, you know...

"ESTRADA DIFÍCIL"
Velhos chorando, jovens morrendo
O mundo continua girando enquanto o tempo
Pai de tudo observa, e continua sempre
Crianças brincando, sonhadores orando
Risadas se transformam em lágrimas
O amor se foi, se foi mesmo?
Oh, é uma estrada difícil
Oh, é uma estrada difícil

Poetas se desesperando, amantes aprendendo
Nesse caminho da vida nós passamos adiante
Isso é errado?
Viúvas em prantos, bebês dormindo
A vida se torna o cantor e a canção
Cantemos juntos

Oh, é uma estrada difícil
Carregue o seu próprio peso

Por que trilhar a estrada difícil?
Por que não podemos ser amigos?
Não precisa se preocupar
Nós nos encontraremos no fim
Por que trilhar a estrada difícil?
Por que não podemos ser amigos?
Não precisa se preocupar
Vamos cantar novamente

Irmãos compartilhando, mães carinhando
A vítima tombada da noite até o amanhecer
Sombras lamentam,

Os dias são decadentes, o tempo está chamando
À terra outra vida é dada a luz
O amor termina esvaído
Oh, é uma estrada difícil
Oh, é uma estrada difícil
Carregue o seu próprio peso
Oh, é uma estrada difícil

Esqueça suas tristezas
Não viva no passado
E olhe para o futuro
Pois a vida passa muito rápido, você sabe...


Para que fosse possível a realização de nossa pesquisa, foi consultado o seguinte material:
Black Sabbath: The Ozzy Osbourne Years
by Robert V. Conte, C. J. Henderson

Paranoid: Black Days With Sabbath and Other Horror Stories 
by Mick Wall - Paperback

Ozzy Unauthorized
by Sue Crawford - Paperback

Ozzy Talking: Ozzy Osbourne in His Own Words
by Ozzy Osbourne, Harry Shaw - Paperback

Black Sabbath: An Oral History
by Mike Stark, Dave Marsh (Editor) - Paperback

Top Rock especial: Black Sabbath – A História
Luiz Seman

A História do Black Sabbath
Revista SHOWBIZZ Especial

A Família Black Sabbath
pôster – Antonio Carlos Miguel, Ed. Som Três