12 de dezembro de 2010

Parte 04 - Voz num Pedaço de Plástico

Sexta-feira 13: dia do azar? Não para a maior banda de heavy metal do mundo... Um espetacular golpe promocional e muita polêmica marcam o lançamento de um disco que iria abalar todas as estruturas do rock como forma de arte popular, chamando a atenção de fãs, críticos furiosos, jornalistas, e certos grupos radicais que ainda iriam dar muita dor de cabeça aos 4 rapazes de Birmingham. E os EUA já começavam a ficar de olho! Dali para a eternidade, agora, era só um passo. Do interior da Inglaterra para Londres e o mundo; do inferno para as alturas: assim foi o Black Sabbath no início do ano de 1970.


Parte 4 - Voz num Pedaço de Plástico
O primeiro registro em LP de uma das maiores bandas de heavy metal do mundo não gastou mais do que 1.200 dólares (na época, o equivalente a uma mixaria: 600 libras inglesas) e três dias em um pequeno estúdio alugado pela Vertigo para ser finalizado. Esta pequena grande obra-prima do rock, sumarizada em apenas 7 faixas (se você não contar "Wicked World", que apenas recentemente, com o advento do CD, seria incluída comobonus track), foi o resultado de sucessivas jams em estúdio feitas com o intuito de aprimorar e dar um acabamento final a várias canções e idéias que o BLACK SABBATH já vinha até mesmo apresentando em shows, ou ensaiando repetidamente, até encontrar um tom certo, ou a letra ideal. Recentemente, fãs do mundo todo puderam ouvir, em uma coletânea lançada por Ozzy Osbourne em carreira solo, Ozzmosis, as versões originais de músicas como "N.I.B." e "Behind the Wall of Sleep", oriundas de demos gravadas naqueles dias históricos, que são dois dos clássicos presentes no disco. Para a introdução da sorumbática "The Wizard", por exemplo, o clima de total improvisação nos estúdios levou Ozzy a surrupiar a gaitinha de um dos funcionários do local e assoprá-la desleixadamente, a ponto de Geezer e Tony gostarem do som e o pedirem para incluí-lo na música. E, tirando o pau absoluto que é a música-título, aquele hino eterno que batizou a banda e que sempre foi presença cativa em qualquer show que eles dessem, a conclusão do álbum é composta de dois momentos bem típicos do início de carreira jazz-bluesístico da banda: "Sleeping Village" e "Warning" eram duas viagens que eles já vinham tocando muito ao vivo, e que faziam parte dos longos momentos de improvisação nos palcos - ou porque Ozzy já estava muito bêbado e cansado, e precisava se recompor um pouco, ou porque o repertório não era muito extenso mesmo, e não estava lá essas coisas.
De qualquer forma, para a platéia mais purista e radical do BLACK SABBATH, o som destes primeiros registros sempre será o mais preferido entre todos, e o que melhor tiraram: a inexperiência do grupo em gravações e o senso novato de experimentalismo de Roger Bain (que produziu as sessões e os acompanharia nos discos seguintes, tornando-se um dos membros da "máfia" da banda) deu luz a um polimento cru e estilizado que ainda não tinha precedentes na história do rock, gravado amadoristicamente dentro de 8 horas em duas antiquadas máquinas de 4 canais! Tudo bem que grupos como Cream, Led Zeppelin e Jimi Hendrix Experience já estavam delineando uma equalização mais clara para baixo-guitarra-bateria - mas ninguém os havia feito soar tão secos e primais como Bain e o Sabbath naquele petardo gravado em fins de 1969. Para o caro leitor ter uma idéia do que eu estou falando, experimente pôr "Black Sabbath", a música, para rolar exatamente na parte em que ela fica mais pesada, e contraste a aparição da guitarra e do baixo nesta gravação com as aparições dos mesmos instrumentos em outros clássicos do mesmo período, como "Dazed and Confused", do Led Zeppelin, ou "Born to be Wild", do Steppenwolf (ambos sendo os grupos heavy que mais estavam fazendo sucesso na época). A mixagem é bem mais radical - a ênfase nas distorções é outra coisa. O conceito de gravar o rock pesado mudou totalmente com o primeiro álbum do BLACK SABBATH, não havendo como negar que muita gente na Londres da época - e, por conseguinte, no resto do mundo - ficou boquiaberta quando retirou o vinil preto de sua embalagem macabra e o colocou em contato com a agulha do toca-discos. Obviamente, a maioria das reações, como veremos logo a seguir, seria da maior negatividade possível, exatamente por causa de tamanha estranheza.
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Um breve descanso no Hyde Park de Londres (1970).
Finalmente, após alguns dias de discussão com Jim Simpson e membros da Vertigo Records, ficou definido qual seria o primeiro compacto a ser lançado, para puxar as vendas do LP: iria conter "Evil Woman (Don't Play your Games with Me)", um cover de Wegand-Waggoner que era um sucesso pop nos anos 60. Já uma das preferidas da banda, "Wicked World", seria relegada a um medíocre lado B no compacto. Resta dizer que, como os executivos da gravadora pressionavam Simpson e os rapazes para que ao menos UMA cançãozinha mais pop fosse gravada para o álbum (que já ia ter tanta coisa pauleira e fora da estética "paz e amor" daqueles tempos), Ozzy e cia. gravaram bem que a contragosto "Evil Woman", e mesmo numa performance desanimada - ainda hoje, pode-se ouvir, especialmente na edição remasterizada digitalmente do álbum, como Ozzy praticamente "mastiga" as letras, resmungando-as sem muita empolgação, e Tony realiza um dos mais soporíferos solos de sua carreira, contribuindo para quebrar totalmente o clímax da faixa. Ainda como uma doce vingança, e em atitude de real protesto, pois não queriam mesmo gravar a tal música, o BLACK SABBATH jamais a tocaria ao vivo, detonando sempre "Wicked World" em todas as apresentações, e toda vez que algum fã abria a boca para pedir "Evil Woman", nem sequer davam muito ouvido a tal requerimento.
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Uma das fotos promocionais tiradas para o lançamento do primeiro LP (1970).
Pois bem. Foi dito logo atrás, e já por muitos sugerido, em inúmeras outras biografias da banda e artigos sobre eles, que o mundo, no final de 1969 / início de 1970, estava absolutamente despreparado para o impacto do Black Sabbath: a proposta estética do grupo, o som, as letras etc. Até os próprios homens dentro da Vertigo, em sua maioria, torciam o nariz para o que o grupo estava fazendo - lembremo-nos que era ainda final dos anos 60: Woodstock tinha acabado de rolar, o princípio do prazer da filosofia bicho-grilo estava em alta, era tudo na base do slogan "paz e amor", a Era de Aquário e o homem pousando na Lua, tudo parecendo querer anunciar uma nova fase para a humanidade, com o homem no centro de grandes revoluções mentais que, a bem ou mal da verdade (violentos protestos estudantis, DROGAS e o sangrento festival de Altamont, dos Rolling Stones, estavam no meio do caminho...), pretendiam trazer uma nova concepção de sociedade, mais harmoniosa, a todo o globo terrestre. Pelo menos era isso que grande parte da mídia da época, completa e lisergicamente desbundada com os novos acontecimentos (ou happenings, um termo tão caro a uma década de tantas inovações) parecia querer transmitir. Salvo alguns casos isolados aqui ou ali, de vozes mais inconformistas que não acreditavam que a roda da História teria seus rumos mudados por meio de tanta "festa" e libertação, o clima da época era, realmente, o das letras dos Beatles em "All You Need is Love" e "Yellow Submarine". Inclusive, para os membros das grandes gravadoras e conglomerados da comunicação, as indústrias do entretenimento, que, com a maior paz e amor também, enchiam seus bolsos com todo este movimento...
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Registro dos ensaios para a gravação do primeiro disco: Ward discute com os companheiros o ritmo de "N.I.B." e "Behind the Wall of Sleep".
Acontece que - e aí deve-se notar a grande importância de bons empresários no ramo da música - a capacidade de persuasão de Jim Simpson foi vital na hora de apostar na credibilidade da proposta macabra e soturna do BLACK SABBATH dentro da Vertigo, convencendo muitos lá dentro (inclusive os mais empedernidos "executivos hippies" da gravadora, mais fãs de jazz, música folk e progressiva do que tudo) de que era algo novo a ser tentar e extremamente válido. Foi neste contexto que foi urdida a também histórica e imprescindível capa do disco: a lendária bruxa que sai de sua casa mal assombrada, caminhando em meio a um bosque noturno!
O interessante é que a arte de capa ainda traria um notável detalhe, presente apenas nas primeiras edições, originais, do vinil, e sobre o qual o BLACK SABBATH, surpreso, não havia nem sido consultado: a figura de uma cruz invertida, na contracapa do disco, com o tétrico poema tradicional "Still Falls the Rain", inscrito no corpo da cruz - uma propaganda pra lá de convincente da postura satânica da banda que nem Simpson esperava conseguir dos empresários da Vertigo! Na verdade, após alguns meses negociando com o grupo, a gravadora havia finalmente se decidido a apostar na tal tendência de "horror" deles. Pode ser que muito mais como um lance kitsch mesmo, na base da brincadeira, soando como um divertido filme B que chamaria a atenção de todos - mas o importante é que colou. E como colou.
Segue a íntegra do poema colocado na inscrição da cruz invertida, para se ter uma idéia da imagem doBLACK SABBATH que estava sendo exposta ao grande público. Este poema seria retirado da contracapa do disco nas edições seguintes:

"AINDA CAI A CHUVA"
Os vestígios da escuridão se amoldam às árvores escurecidas 
Que, contorcidas por uma violência desconhecida
Deitam suas folhas cansadas, e dobram seus galhos
Frente à Terra decadente, repleta de asas de pássaros
Entre as folhagens, cães sangram diante da morte gesticulante
E jovens coelhos, nascidos mortos em armadilhas
Permanecem imóveis, como se guardando o silêncio
Que ecoa e ameaça engulir
Todos aqueles que se atrevem a escutá-lo

Pássaros mudos, cansados de repetir os horrores de ontem
Gorjeiam juntos no recesso das colheitas malditas
De cabeças retornadas dos mortos,
Do cisne negro que flutua desvanecido em uma pequena poça na choça

Dali emerge uma inebalável e misteriosa bruma
Que traça seu caminho em direção a circundar os pés
Da estátua degolada de um máritr
Cuja única realização foi morrer muito cedo,
E que não poderia esperar a derrota

A catarata da escuridão se forma densa
E a longa noite macabra se inicia,
Ainda perto da lagoa, uma jovem garota espera, 
Ainda que ela acredite ser ela mesma etérea
Ela sorri tenebrosamente ao tocar de sinos distantes,

... E a chuva continua caindo.
Como se pode perceber, foi uma obra escolhida a dedo pelo pessoal da Vertigo para incrementar o LP, e que tinha TUDO a ver com a faixa-título do disco, propiciando o clima ideal para que qualquer roqueiro desavisado que se atrevesse a escutar "Black Sabbath" sentisse aquele frio na espinha... Além disso, como de praxe no rock a partir dos anos 60, a notória capa da bruxa foi de um êxito incrível ao não apenas dar um suporte visual à postura da banda, como também a incrementar as rodas de discussão sobre mensagens ocultas em capas de álbuns de rock - fãs do grupo, entorpecidos de ácido, "viajaram" na tal ilustração, e passaram a espalhar, aos quatro cantos, que era só prestar atenção e, como nas famosas imagens tridimensionais, você poderia ver figuras fantásticas e criaturas fantasmagóricas no bosque da bruxa. Uma lenda que só ajudou ainda mais a fama do BLACK SABBATH e que se perpetua até hoje, ainda que muitos desesperados tenham que apelar para lupas nestes dias atuais de minúsculas capinhas de CD...
Lançado em plena sexta-feira 13, do mês de fevereiro de 1970 (isso todo mundo já sabe...), o primeiro disco do BLACK SABBATH fez mesmo história. E não apenas pelos diversos fatos polêmicos que geraria e nem pelo impacto da novidade, mas também por fatores extremamente comerciais: quem diria que aquele disco, precariamente produzido e definido, por certos críticos musicais de então, como "música primária, feita por e para macacos", iria simplesmente desbancar das paradas inglesas o último álbum dos Beatles, o póstumo Let it Be, que já vinha há seis semanas na liderança absoluta? Pode parecer brincadeira, mas foi o que realmente aconteceu. E você pode imaginar a cara de Ozzy - um ex-fã babão de Beatles cujo destino parecia ser o de mendigo ou batedor de carteiras - quando a gravadora deu a notícia a ele e seus colegas.
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Black Sabbath (1970) - o primeiro LP.
Apenas alguns dias antes, ele havia chegado em sua casa, em Birmingham, parecendo o Coringa, inimigo do Batman: mais sorrindo do que tudo, as pontas da boca indo até as orelhas, carregando uma das primeiras cópias prensadas do álbumBLACK SABBATH, para mostrar à sua orgulhosa família. Já entrou para o reino da mitologia pop a frase que ele falou assim que abriu a porta: "PAI! MÃE! Olha só: É MINHA VOZ NUM PEDAÇO DE PLÁSTICO!!!" (apesar da lenda dizer que ele ligou para sua mãe e, por telefone, disse algo parecido). Após as risadas de praxe, seguiu-se a surpresa... e, é óbvio, a perplexidade, que parecia marcar tudo que o BLACK SABBATH fazia naquele tempo. Ao colocar o disco na vitrola para ouvir, o pai de Ozzy começou a ficar encucado com a voz do filho na gravação - ele não a reconhecia em momento algum. Primeiro, levantou-se da poltrona, foi até o aparelho e o observou detidamente, para ver se não estava com nenhum defeito de rotação. Olhou, olhou... e depois virou a cara para um desconcertado Ozzy e, em um típico tom zombeteiro, perguntou-lhe: "Você tem certeza que anda fumando só cigarros?". Apesar do tom de galhofa, era uma evidente premonição: se desdobrando em gigs intermináveis por toda a Inglaterra e outros países da Europa, como Alemanha, Suécia, Dinamarca e Holanda, em franco e crescente sucesso, Ozzy e cia. já começavam a travar contato com as substâncias químicas que os fariam perpetrar verdadeiras loucuras nos anos seguintes, direto do submundo dos backstages.
Por outro lado, nem tudo eram risos e deboche: Geezer Butler, na opinião de seus familiares, retornando para casa após a gravação do disco e alguns shows para promovê-lo, não parecia estar tão alegre ou satisfeito. Só que muito mais por problemas de convicção íntima e de ordem religiosa do que por qualquer outra coisa: o baixista, já bastante ligado em misticismo desde antes de sequer ouvir falar em Tony Iommi ou OZZY OSBOURNE, e principal responsável pela mudança do nome do grupo, andava bastante "amarelado" com a imensa projeção que a aura de "magia negra" em torno de sua banda começava a tomar - um problema que iria aumentar em torno dos meses e anos seguintes em proporções estratosféricas. Sempre que um muito sério Geezer comparecia a shows e ensaios da banda e Ozzy o fitava na cara, a partir de então, não faltavam motivos ao vocalista para fazer piadinhas sobre Geezer: "Geezo inventou esse nome, mas agora fica aí se cagando de medo, hahahahaha...". Entretanto, as coisas ficariam tão sérias a partir do sucesso do primeiro disco do grupo, que logo todos os seus quatro membros começariam a ficar arrepiados.
As estórias ao redor do BLACK SABBATH nestes seus primeiros anos de prestígio e desbravamento do gênero "heavy metal satânico" são tantas e tão fantásticas que seria realmente preciso um livro só, inteiro, para relatar todas elas. Mas vamos tentar resumir tudo aos principais fatos.
Logo a partir dos primeiros shows que marcaram o lançamento do álbum Black Sabbath, um sem-número de pessoas vestidas de preto e ostentando enormes cruzes invertidas penduradas no pescoço começou a marcar presença com constantes aparições nas platéias, como se fosse um verdadeiro movimento. Inicialmente, o fato passou desapercebido pelos membros e empresário do BLACK SABBATH - entretanto, no decorrer das numerosas e bem-sucedidas gigs que se seguiriam, estas misteriosas figuras começariam a ser notadas. Sobretudo, em certos momentos: na execução ao vivo de "N.I.B.", por exemplo, até hoje um dos maiores hinos do Sabbath, no momento em que Ozzy cantava "My name's Lucifer / Please, take my hand" (Meu nome é Lúcifer / Por favor, tome minha mão), flashes de rostos ensandecidos em exaltação e berrando alucinadamente, com punhos levantados, começariam a se destacar no meio de público. Em uma reação anormal e cada vez mais estereotipada, também eram percebidos vociferando imprecações ao belzebu em meio a números como "The Wizard" ou a própria "Black Sabbath", especialmente no momento em que Ozzy se atrevia a repetir aquela famosa risada em tom diabólico que marcava um dos momentos lentos da canção. Certa noite, Tony inclusive comentou com Simpson, após uma apresentação em Kiel, em uma das noites do "Progressive Pop Festival" que lá estava ocorrendo: "Acho que estamos sendo levados a sério um pouco demais." Logo, tais suspeitas iriam ser mais do que confirmadas.
As datas marcadas não paravam: de uma só vez, fariam todo o circuito nobre do showbiz europeu, com apresentações no Marquee (ao lado do Gentle Giant em uma noite histórica), no Mothers Festival de Edinburgh, no Arts Centre de Cardiff (onde, já com um nome em alta, se redimiriam depois daquele fiasco de início de carreira), no Dunstable Civic de Essex e, logo mais adiante, no segundo semestre daquele ano, já estavam confirmadas duas apresentações no célebre Olympia, em Paris (performance esta que seria eternizada como um dos primeiros shows filmados do grupo). Não importava aonde fossem: onde quer que estivessem tocando, lá estavam as seitas ocultistas com os mesmos olhares vidrados, as mesmas roupas e cruzes de cabeça para baixo, prestando homenagens especiais ao som da banda em meio a toda a ovação geral. Conforme relatado no capítulo anterior, o final dos anos 60, com seu espírito libertário de novas tendências místico-religiosas e experimentalismos, havia abrido uma brecha virtuosa para que estilos de vida alternativos, indo contra os padrões estabelecidos, proliferassem. E se por causa disso tantas seitas satânicas despontavam, principalmente na Europa, agora, que surgia uma banda que tratava abertamente de temas melindrosos, como a presença do demônio sobre a Terra, e as influências de bruxos, magos e forças ocultas em plena ação no cotidiano, parecia que tudo se encaixava. Em suma, o BLACK SABBATHpassava a ser tido como uma trilha sonora ideal para tal movimento!
Apesar de todos os calafrios que isso pudesse causar à primeira vista, um mérito deve ser dado aos satanistas que começaram a seguir o BLACK SABBATH aonde quer que fossem: foram eles os primeiros responsáveis pela projeção da banda na mídia e nas grandes manchetes da imprensa pois, até então, estavam restritos ainda somente às fiéis e numerosas hordas de fãs particulares, ao mesmo estilo de outra banda cult da época, o Led Zeppelin. Em maio de 1970, um artigo publicado no semanário musical Sounds, de Londres, chama a atenção para uma jovem bruxa, não identificada, que vai a todos os shows do BLACK SABBATH, os perseguindo por toda a turnê, pois os considera "guias espirituais" e "pregadores da palavra de uma nova ordem". Logo outras matérias na imprensa pipocam, atraindo amplamente a atenção de todo o Reino Unido e, por conseguinte, da Europa. Já em junho, em outra nota publicada no caderno de música de de um jornal especializado, o Disc, o correspondente Mark Stevens relata com galhardia o clima em torno da participação do BLACK SABBATH no famoso programa de rádio de John Peel, da BBC:
"Havia um sem-número de jovens senhoras do lado de fora dos estúdios Paris (onde o programa era gravado) aguardando a aparição dos "cavaleiros das trevas", e que me contavam, animadamente, que as cruzes invertidas desenhadas em suas testas eram uma indicação perfeita de como elas eram devotas do diabo. De revolucionárias de fim-de-semana a devotas do diabo de fim-de-semana... pode imaginar? No espírito da pesquisa que motiva cada movimento que faço em busca da notícia, irei entrevistar uma dessas devotas do diabo para esta coluna na semana que vem. E quem sabe ela tenha um "Eu amo Belzebu" tatoado nela? Descubra na próxima semana, aqui na DISC."
De uma forma irônica, Stevens relata a diferença entre o espírito revolucionário do final dos anos 60, em que protestos estudantis e hippies apareciam a toda hora (a referência a "revolucionários de fim-de-semana" ) e o espírito sem rumo dos novos tempos, em que a tônica parecia ser a divisão da juventude em grupos com interesses específicos, como o satanismo ("devotas do diabo de fim-de-semana"), nos dando um belo retrato daquela geração e da época em questão: a ascensão mal-assombrada do BLACK SABBATHao topo da música pop.
Bem, poderia ser a maior propaganda negativa que um grupo de rock já tivesse conseguido - nem os Rolling Stones, com a sua "Sympathy for the Devil", de 1968, anos-luz mais ingênua que os sons do Sabbath, haviam chegado perto disso. Mas era propaganda: e passou a veder bem, no melhor estilo "falem mal, mas falem de mim". Logo, foi preparado o lançamento do primeiro álbum nos EUA - o BLACK SABBATH estava prestes a fazer a sua "invasão britânica". E, em meio a todos os boatos em torno da magia negra que girava sobre a banda, o disco Black Sabbath chegaria às lojas americanas com uma bela campanha promocional da Vertigo, sustentada pelos buchichos das revistas musicais inglesas, e vendendo muito bem para uma banda estreante. No final de 1970, chegaria a 5.º lugar na Billboard. Só um pequeno detalhe: no velho estilo conservador americano, a capa da bruxa havia sido barrada, e as primeiras tiragens americanas do disco sairiam com uma capa escura, só com uma cruz , o nome da banda e das músicas. Apenas nas reedições dos anos seguintes é que os americanos conheceriam o trabalho de arte original do LP.
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Promo da banda tirado em agosto de 1970 - eles se preparavam para entrar em estúdio para as gravações do segundo álbum.
Enquanto isso, para a banda, a barra começa a ficar cada vez mais pesada...
Em uma tranquila noite de agosto, após tocarem para um público de 1.200 pessoas em Leicester, o empresário Jim Simpson recebe, em seu escritório, um misterioso telefonema de uma senhora que se intitula "Madame Svetla". De forte sotaque germânico, a tal Mme. comenta o quão excitante é o som do BLACK SABBATH e como a performance dos rapazes é insuperável, logo se pronunciando a líder de uma seita satânica que gostaria muito de tê-los tocando em um evento a ser promovido - uma espécie de encontro em Hamburgo dali a um mês, uma reunião de grupos ocultistas de várias partes do mundo. Em outras palavras, uma "convenção de bruxos" mesmo. Simpson fica meio espantado com o tal convite, mas como empresário que é, se prontifica a contatar o grupo para marcar a data. E quem disse que eles topariam ir...
Geezer é o primeiro a esbravejar com Simpson. Irritado, o baixista argumenta que "esse negócio já está indo longe demais", seguido por Tony. Bill fica mais na dele, mas perguntado, mostra também certo descontentamento em aceitar a proposta. Ozzy, assustado com aquilo tudo, e um pouco travado por causa de inúmeros brandies que ele vinha bebendo com Bill desde a passagem de som à tarde, se limita a dizer: "É, não acho que seja legal." Para meninos pobres de Birmingham, vindos de um lugar conservador e humilde como aquele, era uma idéia que realmente soava um pouco forte demais à primeira vista - serem levados a sério como porta-vozes dos adoradores do diabo! A bem da verdade, tinham todo um visual desleixado (roupas, cabelos, barbas e bigodes) típico da época, mas nem bichos-grilos eles eram! "Acho que nossa música é uma reação a toda essa merda de paz e amor que ficam falando por aí. Se você olhar bem, o mundo não é bem isso!", havia dito Ozzy, em uma de sua primeiras e famosas declarações abertas, na semana de lançamento do primeiro LP.
Diante da recusa da banda, noticiada por Simpson a Mme. Svetla, o inferno estava traçado. Possessa (sem trocadilhos!), a bruxona mandou ver uma terrível maldição a todos os membros da banda, primeiramente passada por telefone a Simpson mesmo, e posteriormente, aos seus próprios integrantes, já que seguidores da seita descobriram seus números de telefone e passaram a ligar incessantemente. Diziam que todos eles iriam morrer em acidentes horríveis na estrada. Que perderiam para sempre o talento para fazer música. Que seriam abatidos por desgraças terríveis - familiares, inclusive. Em suma, que iriam muito brevemente encontrar a danação total, por haverem tido coragem de recusar tal oferta de renderem um tributo a seu senhor Satã, o Lorde da Trevas...
Aquilo deixou os nervos da banda em frangalhos. Apesar da vida continuar, e todos terem que prosseguir em ensaios, shows, entrevistas e o escambau, era visível a situação tensa que os integrantes da banda passaram a viver. Geezer começou a se aprofundar ainda mais em seus estudos sobre misticismo, chegando a concorrer com Jimmi Page e Ritchie Blackmore, outros supersticiosos famosos, em manias e simpatias de camarim. Não menos que umas trinta vezes foi visto caregando sacos de velas e incensos aonde quer que a banda fosse tocar, ao ponto de sua patética obsessão em realizar orações e intenções para afastar as influências do mal sobre a banda chegasse às raias da paranóia. Bill foi outro que ficou sobressaltado - o baterista se lembra de ter ficado quase quatro noites ligado direto naqueles dias, sem dormir um só segundo, achando estar ouvindo barulhos estranhos e com medo de adormecer e morrer durante o sono, vítima de uma causa qualquer. Assombrado, ele se encharcava de DROGAS ainda mais do que qualquer de seus colegas, numa inútil e malfadada tentativa de amainar o medo que sentia. Como todos devem saber, o consumo de entorpecentes, como a maconha (que passou a ser a droga n.º 1 no cardápio da banda, a partir de então) e certas pílulas downers (tranquilizantes) podem intensificar, ao invés de amenizar, os efeitos alucinógenos de uma bad trip induzida pelo estado de pânico. Bill passou a ser visto por todos, princpalmente nessa época, como uma "chaminé de marijuana ambulante" nos backstages...
Tony, o mais frio e calmo de todos, era o que procurava menos se preocupar com as más impressões deixadas pela tal seita. Concentrava-se logicamente em todas as possibilidades de maus acontecimentos, tentando descartá-las, ao mesmo tempo em que fumava unzinho pra relaxar entre um show e outro e, obcecado, buscava riffs na guitarra para o novo repertório da banda. A cada telefonema, no entanto, a tranquilidade ia embora, e o guitarrista só voltava a respirar aliviado uns cinco segundos depois de titubeantemente atender a chamada.
Para Ozzy, no quesito telefone, a situação havia ficado bem mais dramática. Apesar de ser eternamente considerado o "doidão", o "porra-louca" da banda, o lado sensível do vocalista aflorou bastante nesta época, e as crises de choro por conta do medo vivido diante das ameaças que passaram a rondar a banda não foram poucas. Chegou a ficar várias semanas longe de telefones, sofrendo uma verdadeira crise do pânico. Em uma crise etílica, após chegar em um quarto de hotel para um show do Sabbath em Brighton, arrancou o aparelho da parede e o atirou longe pela janela, quase acertando em cheio um transeunte que passeava por ali com sua cadelinha. O consumo de DROGAS do cantor também aumentara assustadoramente.
Durante uma de suas visitas à casa dos pais, em Birmingham, o papai John Thomas não pôde deixar denotar o estado lastimável em que se encontrava o seu filho mais querido e sentou-se com ele para uma conversa, perguntando seriamente o que estava acontecendo. Após o relato transtornado do filho, ele se levantou e disse: "Vocês têm que ter fé. Precisam claramente de uma proteção, mas nada vai adiantar se não tiverem fé", e saiu. Dali a algumas horas, ele voltou de dentro da pequena oficina particular que ele havia montado em sua casa, trazendo um reluzente presente para Ozzy: uma pesada cruz de alumínio, feita para ser carregada em uma corrente, no pescoço, e segundo John Thomas, "para afastar todos os espírito maus que se atreverem a se aproximar". Dali a alguns dias, os outros membros do BLACK SABBATHestariam voltando a Birmingham, para uma visitinha à casa dos pais de Ozzy, onde ganhariam também, cada um deles, uma cruz igual, no mesmo estilo, para defendê-los de todo o mal e fortificarem sua fé. Em uma recente entrevista, Bill Ward revelou: "Foi um dos melhores presentes que já ganhei em minha vida. Estávamos passando por um estado tal de paranóia que eu simplesmente não sei o que poderia acontecer se continuássemos daquele jeito. Até hoje eu tenho a minha cruz, guardada - ainda a que o pai de Ozzy fez pra gente! Se transformou em uma espécie de amuleto, para todos nós, acredito... Já o Ozzy, bem, ele apanhou uma mania tão grande de usar cruzes no pescoço, que agora ele já anda por aí com umas cruzes de 14 quilates!".
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Foto de culto de uma seita de adoradores do diabo na Europa.
As perseguições das seitas satânicas, entretanto, não paráram por aí, e ainda iriam se intensificar mais, como veremos a seguir - especialmente após o lançamento do álbum seguinte, que a Vertigo já vinha cobrando, para capitalizar em cima do sucesso crescente da banda. No comecinho de agosto, o BLACK SABBATH entraria no estúdio para começar as sessões de gravação de seu segundo LP, aquele que se tornaria o seu mais famoso trabalho, e considerado, até hoje, a sua "obra-prima".
Antes disso, no entanto, um outro incidente marcaria a memória dos membros da banda, a ponto de ser imortalizado em uma das próximas canções: após um concerto em Dusseldorf, na Alemanha, ao deixarem o salão onde haviam se apresentado, foram abordados por um grupo de jovens skinheads que passaram a olhá-los desafiadoramente. No melhor estilo "carecas do subúrbio", a gangue toda calçava botas militares, coturnões mesmo, e ameaçava hostilizar os membros da banda, debochando dos cabelos e indumentária deles - é notório o ódio que os skinheads sempre tiveram dos hippies, e esse era exatamente o visual que o BLACK SABBATH ostentava na época, com suas longas cabeleiras desgrenhadas. "Aposto como ao rasparmos essas jubas com lâmina enferrujada eles vão gemer e chorar como as verdadeiras mariquinhas que são!", arrotava um dos líderes da gangue, enquanto Bill, em ponto de bala, já levava a mão ao bolso onde estava uma velha corrente que ele carregava. Geezer também olhava furiosamente os caras e Tony tentava contornar a situação sem dar muita atenção para as ofensas. Entretanto, quando Ozzy chegou lá fora, a usual garrafa de Chivas Regal em uma das mãos, a confusão estava armada: foi aquela enxurrada de palavrões de corar até um Eddie Murphy...
A esta altura, Simpson já havia notado a confusão e saiu correndo para o local com dois road managersbrutamontes que estavam com eles na época, enquanto o dono do salão ligava para a polícia. No final das contas, depois de algum "deixa disso", as sirenes das viaturas ao longe já se faziam ouvir e a turma de neonazistas se dissipou - mas não sem ter arrastado, em meio a toda a confusão, parte do equipamento doBLACK SABBATH, enquanto eles se distraíam com a confusão. "Nazistas filhos da puta, então é isso na verdade que eles queriam mesmo: era só pegar uns amplificadores pras suas farrinhas em ode a Hitler!", berrara Ozzy.
Semanas depois, em um pub em Londres, enquanto derramava uns goles em companhia de amigos, Ozzy contara o caso, obviamente aumentando todas e quaisquer vantagens para o seu lado, numa verdadeiranarrativa de pescador: ele havia esfaqueado um e quebrado a cara do outro ao mesmo tempo, enquanto pisava no pescoço de um terceiro e etc. Claramente mamado, foi alvo das risadas de toda a roda que se juntava diante dele para ouvir a estória, e recebeu o seguinte comentário de alguém: "Quié isso, Ozzy? Isso não existe! Esses caras não existem! É tudo pura mentira!". Ao que Ozzy prontamente retrucou: "Claro que existem! Eles existem, tudo existe! Até duendes existem, e vou te contar: eles usam botas...".
No próximo capítulo: o BLACK SABBATH se consagra definitivamente no estrelato com o álbum 'Paranoid', entrando para o panteão dos deuses do rock. Além disso, as pirações em torno das gravações de 'Masters of Reality', e a tomada da América pelos reis do heavy metal, prestes a viverem todos os excessos até o limite da loucura. Não perca!

Para que fosse possível a realização de nossa pesquisa, foi consultado o seguinte material:
Black Sabbath: The OZZY OSBOURNE Years
by Robert V. Conte, C. J. Henderson

Paranoid: Black Days With Sabbath and Other Horror Stories 
by Mick Wall - Paperback

Ozzy Unauthorized
by Sue Crawford - Paperback

Ozzy Talking: OZZY OSBOURNE in His Own Words
by OZZY OSBOURNE, Harry Shaw - Paperback

Black Sabbath: An Oral History
by Mike Stark, Dave Marsh (Editor) - Paperback

Top Rock especial: BLACK SABBATH – A História
Luiz Seman

A História do Black Sabbath
Revista SHOWBIZZ Especial

A Família Black Sabbath
pôster – Antonio Carlos Miguel, Ed. Som Três




As Diversas Sessões de Jimmy Page - Parte 04

Jimmy Page trabalha em um número cada vez maior de artistas que embora não sejam roqueiros, com a popularização cada vez maior do rock, passam a incorporar a guitarra elétrica além de uma batida mais roqueira para alguns de seus números. Page cansa de sua vida repetitiva, e quando aparece pela segunda vez um convite para se unir aos Yardbirds, decide aceitar. No entanto, ele continuaria trabalhando nas folgas como músico de estúdio. Apesar dos Yardbirds estarem quase sempre em meio a alguma excursão, é admirável a quantidade de material que Jimmy Page tenha participado durante este período, a maioria para músicos e bandas com quem já trabalhara antes.


*** 1966 ***
Les Fleur de Lys
Les Fleur de Lys

Uma das mais interessantes bandas entre as obscuras é Les Fleur De Lys. A banda surgiu no outono de 1964 em Southampton, formada por Frank Smith (guitarra e vocais), Alex Chamberlain (órgão), Gary Churchill (baixo) e Keith Guster (bateria). Foram contratados pela Immediate em 1965, graças ao impacto de uma de suas excelentes apresentações ao vivo em Londres. Jimmy Page produz a sessão que oferece duas faixas para o primeiro compacto. O Lado A é uma versão para a composição de Buddy Holly, "Moondreams" acompanhado por "Wait For Me" no lado B. O compacto saiu em novembro de 1965, porém nada vendeu e a banda acabou.
Keith Guster então montou outra versão da banda, agora chamada The Fleur De Lys. A formação nova é Pete Sears (teclados), Phil Sawyer (guitarra), Gordon Haskell (baixo) e Keith Guster (bateria). Ainda em 1966, a Immediate lança o segundo compacto, novamente produzido por Jimmy Page, "Circles" de Pete Townshend, "So Come On" no lado B. Sem nada venderem, a banda novamente sofre mudanças em sua formação, deixando a Immediate e assinando com a Polydor.
Fleur De Lys continuaria em atividade até o final da década com constantes mudanças em sua formação. Membros inclui passagens de JIMI HENDRIX, Chris Andrews, Bryn Haworth, Tago Byers, Tony Head, Graham Maitland, Barney Kessel e Sharon Tandy. Pete Sears deixou o grupo e se mudou para a costa oeste dos Estados Unidos, onde participou de uma serie de bandas de San Francisco antes de acabar em uma das formações do Jefferson Airplane. Phil Sawyer fez uma passagem rápida pelo Spencer Davis Group. Gordon Haskell acabaria se juntando ao King Crimson no final de 1969.

Twice As Much foi um duo formado por Stephen Rose e David Skinner. Recém-saídos da escola, foram vistos e assinaram com a Immediate Records por Andrew Oldham em 1966. A primeira tentativa da banda foi "Sittin' On The Fence" composição de Mick Jagger e Keith Richard, e que teve a participação de Jimmy Page. Vendeu relativamente bem, chegando a No. 25 nas pararads. Isto deu a possibilidade para o lançamento do primeiro disco, "Own Up". O álbum é repleto de composições da dupla. Com ele veio também o segundo compacto, "Step Out Of Line." Este já não vendeu como o compacto de estréia embora também teve sua sessão administrada por Jimmy Page.
Não há nenhum indício de que Page tenha gravado seu terceiro compacto, "True Story", mas suspeitas recaem sobre "Crystal Ball" de 1967, a quarta tentativa do grupo. A banda lançaria pelo selo mais um álbum em 1968, "That's All", tendo a participação especial de Vashti, outro contratado de Oldham. David Skinner reapareceria em 1979 na banda Roxy Music.

A carreira do excelente vocalista Chris Farlowe começou no ano de 1960, porém seria somente depois de assinar com a Immediate Records, trazido por Mick Jagger, que ele viria conseguir na Inglaterra o reconhecimento merecido. Junto com sua banda The Thunderbirds que teve diversas formações, principalmente na segunda metade da década, Chris Farlowe se estabeleceu em um imprtante nome representando rhythm & Blues em pé de igualdade com outro grande do gênero, Eric Burdon, muito embora em comparação, Farlowe teve pouca exposição no mercado americano.
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Jimmy Page contribuiu para os compactos "Out Of Time", seu lado B, "Baby, Make It Soon", e "Cuttin' In", com lado B "Paint it Black." Essas faixas também podem ser encontrados no álbum "14 Things To Think About Chris Farlowe", que chegou às lojas em maio de 1966. Produzido por Mick Jagger e com arranjos de Arthur Greenslade, os músicos destas sessões foram Jimmy Page na guitarra, John Paul Jones no baixo, Nicky Hopkins no piano e Ronnie Verrell na bateria, além de uma contribuição de Jagger nos vocais de fundo.
Chris Farlowe & The Thunderbirds
Chris Farlowe & The Thunderbirds

Sua banda desta época, The Thunderbirds, participa também de outras gravações, e compreendem Albert Lee na guitarra, Dave Greenslade no órgão, Ricky Charman no baixo e Johnny Wise na bateria. Embora algumas fontes sugerm que Jimmy Page possa ser encontradas também na canção "Moanin'", lançado em 1967, é certo que nesta gravação o guitarrista seja Jim Sullivan.
Albert Lee, que já havia sido preterido por Page em 1962 e 63 quando ainda tocava para Neil Christian & The Crusaiders, iria acabar se tornando um respeitável guitarrista de aluguel, trabalhando para bandas como Heads Hands and Feet e Joe Cocker & The Cock 'n' Bull Band. Montaria sua própria Albert Lee Band em 1975, antes de excursionar com as bandas de Eric Clapton e Emmylou Harris. Outro membro, Dave Greenslade, também teria uma carreira de certo renome fundando as bandas Colosseum e Greenslade.

Curisoso é o nome do escritor Charles Dickens associado a rock 'n' roll. No entanto, um artísta com este nome lançou dois compactos pela Pye em 1965, o primeiro chegando a vender relativamente bem. Charles Dickens era na verdade David Anthony, conhecido fotógrafo de moda tentando sua sorte no mundo pop. Sua banda era composta por Brian Simmons (guitarra) e Brian Davidson (bateria), que já haviam gravados para Decca com o nome The Habits. Davidson, através da Immediate Records, ficaria mais conhecido como integrante do The Nice.
Como Charles Dickens, David Anthony e The Habits seriam contratados pela Immediate Records, lançando em fevereiro de 1966 o compacto "So Much In Love", composição da dupla Jagger-Richard, com o lado B, "Our Soul Brothers TH." Este lado B na verdade é The All Stars de Cyril Davies, sem o Cyril. Jimmy Page participa dos dois lados.

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Similarmente dificil de localizar são as gravações de Page para Englebert Humperdinck. Sabe-se que tal colaboração existiu, como também a de John Paul Jones e Clem Cattini, respectivamente baixo e bateria. Parece inevitável abrir uma rede bem espalhada de especulação, incluindo assim os seus discos "Release Me" e "Mercury" ambos de 1966, e o auto-intitulado "Engelbert Humperdinck" de 1969. Não foi possivel ainda confirmar em quais canções Jimmy Page efetivamente participa.

O ponto forte deste grupo de Manchester, The Factotums, eram os vocais. Contratados em 1965 pela Immediate Records, lançaram bons compactos que infelizmente nunca venderam o suficiente para poder-se investir em um álbum. O lado B de seu segundo e último compacto pela Immediate, "Can't Go Home Anymore My Love", lançado em 1966, tem Jimmy Page na guitarra. A banda seguiria para os selos Piccadilly, Pye e CBS até sumirem ao final da década.

JPinkerton
JPinkerton

A banda Pinkerton's Assorted Colours foi originalmente formada em 1964 na cidade de Rugby, na Inglaterra, com o nome de The Liberators. Apesar de lançarem um compacto produzido por Shel Talmy, o primeiro hit, "Mirror, Mirror", veio apenas após mudarem de nome. Assinaram com a Decca no final de 1965, a banda agora formada por Samuel Kemp nos vocais e autoharp, Tom Long, depois substituido por Steve James e Tony Newman nas guitarras, Barrie Bernard, depois substituído por Ian Coleman no baixo e Dave Holland na bateria. Em 1966, incapazes de fugir do estigma de banda de apenas um sucesso, mudaram para o selo Pye, e encurtaram o nome para Pinkerton's Colours.
Jimmy Page provavelmente participou de algumas das faixas de seus compactos lançados entre 1966 e 1967. São elas, "Magic Rocking Horse", e "It Ain't Right" de 1966, ainda pela Decca, e "Mum And Dad" e "On A Street Car", lançados pela Pye em 1967. Os próximos lançamentos sairiam já com o nome de The Pinkerton's. O grupo continuaria unido até 1971, porém mudariam de nome mais uma vez, agora para The Flying Machine.
Um de seus números, "Magic Rocking Horse", encontraria vida nova na versão da banda americana Plasticland. Barrie Bernard depois tocou na banda Jigsaw, enquanto Ian Coleman se tornou um DJ para a Rádio BBC de Londres, usando o nome Stuart Colman.

The Bachelors
The Bachelors

Bem mais r&b é The Bachelors, uma banda Irlandesa montada pelos irmãos Conleth. Chegaram na Inglaterra em 1959 como The Harmonichords, mas logo mudaram seu nome e em 1962, assinam com a gravadora Decca. Conseguem produzir seguidos hits anualmente, com canções como "Charmaine" em 1963, "Diane" em 1964 e "Sound of Silence" em 1965.
Jimmy Page participa do álbum "Bachelor Girls" de 1966, embora no momento torna-se difícil especificar em qual canção. A banda continuou com a Decca até 1967, seguindo depois para os circuitos de cabaré onde mantiveram unidos e ativos até 1984.

Tommy Vance foi um DJ que acabou ficando bastante popular depois do fracasso de sua tentativa como artista fonográfico. Sua carreira se limita a dois compactos lançados pela Columbia em 1966. O primeiro, "You Must Be The One" é uma composição da dupla Jagger-Richard, com o lado B "Why Treat Me This Way", foi lançado em setembro. Jimmy Page está envolvido com estas faixas, tocando provavelmente nos dois lados. O segundo compacto de Vance, "Off The Hook", outra composição Jagger-Ricard, com "Summertime" no lado B, possivelmente tenha também a participação do guitarrista.

The Everley Brothers
The Everley Brothers

Os irmãos Don e Phil Everley iniciaram suas carreiras antes da adolescência tocando e cantando violão ao lado do pai, Ike Everley, nas estações de rádio regionais de Iowa, estado americano onde nasceram. Em 1957, Don teve a idéia de dar à canção "Bye, Bye Love" um ritmo a lá Bo Diddley e a transformou em um clássico. Com vários hits, o duo é tão influente no rock quanto Chuck Berry ou Buddy Holly, principalmente na Inglaterra. A principal diferencia é que seu som é essencialmente acústico. É praticamente impossivel conceber bandas como Hollies, Byrds, Mamas & the Papas e tantas outras, se não houvesse The Everley Brothers. Jimmy Page, novamente ao lado de John Paul Jones, trabalham juntos em "Somebody Help Me" e "Hard Hard Year" ambas do LP "Two Yanks In England", de 1966.

Apresentador de TV e comediante, Jimmy Tarbuck assina com a Immediate Records e lança um compacto montado para ele com músicos profissionais. Jimmy Page participa de lados A e B, respectivamente "Someday" e "Wastin' Time."

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Terry Reid teria primeiro aparecido como vocalista do conjunto Peter Jay & the Jaywalkers em 1964. Todavia somente dois anos mais tarde é que Mickie Most lhe escolheria para investir em sua carreira solo. Seu primeiro lançamento foi "The Hand Don't Fit The Glove" com "Better By Far." Acredita-se que foram nestas sessões que Page e Reid se conheceram. Talentoso cantor e guitarrista, embora Terry Reid sempre tenha sido considerado uma grande promessa, efetivamente nunca aconteceu.
Reid é até hoje lembrado como sendo a segunda escolha de Jimmy Page para vocalista/guitarrista rítmico da nova banda que pretendia formar. Por problemas contratuais, Reid foi obrigado a declinar, mas sugeriu a Page ir ouvir um jovem desconhecido chamado Robert Plant.

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Cliff Richard é outro que pode gabar de ter em outubro de 1966, Jimmy Page tocando gaita em "Time Drags By." Cliff Richard foi o equivalente a Elvis Presley na Inglaterra na década de cinquenta, com sua banda The Drifters e depoisThe Shadows. Seguiu então em uma carreira solo e é até hoje uma celebridade, extremamente amado e respeitado pelo grande público inglês.

Quando The Merseybeats acabaram em 1964, parte da banda formou o duo The Quotations, outra parte fundou The Merseys, essencialmente um duo de vocalistas tarimbados em fazer harmonias montados por Tony Crane e Billy Kinsley. Em Liverpool, utilizavam os services de The Fruit Eating Bears, formado por ex-membros do The Masterminds como banda. Para o seu primeiro compacto, "Sorrow" com "Some Other Day", lançado em maio de 1966, a banda que os acompanha é formado por Jimmy Page na guitarra, Jack Bruce no baixo e Clem Cattini na bateria.
"Sorrow" agradaria tanto que George Harrison citaria uma frase da canção, "your long blond hair and your eyes so blue" em sua composição "It's All Too Much", lançada pelos BEATLES. Mais tarde, David Bowie iria incluir sua versão de "Sorrow" no disco "Pin-Ups" de 1973. O trabalho do The Merseys também atraiu o interesse de John Lennon que propôs arranjar e produzir uma versão de "I'll Be Back", ideia que acabou nunca se materializando.
A banda acabaria em 1969, após lançar um compacto usando o nome de The Crackers. Crane formaria a banda The New Merseybeats trabalhando no circuito de cabaret enquanto Kinsley veria o sucesso de verdade em 1976 como integrante de The Liverpool Express.

Savoy Brown
Savoy Brown

The Savoy Brown Blues Band surgiu em 1966 e trazia em sua formação original Kim Simmonds, Bruce Portius, Bob Hall, Martin Stone, Ray Chappell, e Leo Manning. Andrew Oldham consegue com que assinem com a Immediate Records, onde gravam para Brian Jones parte da trilha sonora do filme 'A Degree of Murder'. Jimmy Page, que também trabalhou nesta trilha sonora, acaba participando de duas das quatro faixas que Savoy Brown registra para a Purdah Records, gravadora de blues do produtor Mark Vernon. São elas, "I Tried" e "I Can't Quit You Baby", a banda depois seguindo adiante e assinando com a Decca.
Com o nome simplificado para apenas Savoy Brown, produzem uma série de excelentes discos de blues e boogie, com uma rotatividade constante de integrantes nas suas formações. A banda continua excursionando e lançando discos até os dias de hoje.

Uma das mais raras e curiosas gravações realizadas por Jimmy Page possivelmente seja a que ele fez para a firma DeWolf. Esta companhia de entretenimentos se especializa em produzir música incidental para cinema e televisão. DeWolf depois reuniria uma série de temas e lançaria um álbum distribuido exclusivamente para pessoas associadas com a firma, desde empregados até clientes. Em 1966, lançam o décimo álbum da serie, intitulado The Wild One, por uma banda denominada The London Studio Group. Nele, Jim Sullivan e Jimmy Page participam juntos em dois números instrumentais: "March of The Defiant Ones", tema onde as atenções estão voltadas para órgão e gaita, instrumento a cargo de Page. Contudo, o mais interessantes é "Pageing Sullivan" onde os dois guitarristas trabalham juntos complementando tema e solo, tendo como acompanhamento baixo, bateria, órgão e xilofone.

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Mark Murphy é um conhecido e respeitado jazzista americano cuja carreira começou com um contrato com a Decca em 1956. Depois de gravar um álbum em 1962 com uma banda formada por Clark Terry, Snooky Young, Al Cohn, Bill Evans e Blue Mitchell, aproveitou para focalizar sua carreira na Europa. Gravou principalmente na Inglaterra em 1965 e 1966, respeictivamente para a Fontana e Immediate Records. Foi em seu álbum "Who Can I Turn To?" que Murphy pôde contar com Jimmy Page.

Jeff Beck convida Jimmy Page para assistir e se juntar a banda The Yardbirds, iniciada em 1963, formada então por Paul-Samuel Smith (baixo) e Jim McCarty (bateria), após assistirem apresentações dos ROLLING STONES em Richmond. Foi convidado Anthony 'Top' Topham (guitarra) e Keith Relf (vocais), que por sua vez trouxe Chris Dreja (guitarra). Topham, obrigado a sair da banda por seu pai exigir que completasse os estudos, foi substituído por um estudante alcoólatra chamado Eric Clapton. A banda ganha certa notoriedade dentro de Richmond e assina com a Epic Records. Clapton deixa o grupo em março de 1965 para perseguir um trabalho menos pop e mais enraizado no blues, fonte inspiradora original do grupo. Jimmy Page é procurado mas recusa a vaga, oferecendo seu amigo Jeff Beck, que o substitui e leva the Yardbirds a sua fase mais popular.
The Yardbirds - Jeff Beck, Jimmy Page, Chris Dreja, Keith Relf e Jim McCarty
The Yardbirds - Jeff Beck, Jimmy Page, Chris Dreja, Keith Relf e Jim McCarty

Ao final de uma tarde pouco inspirada, o baixista Paul-Samuel Smith deixa o grupo. Jimmy Page, que por acaso assistia a apresentação naquela noite, se oferece para ficar no baixo enquanto não arrumam outro músico. Acaba permanecendo, trocando de lugar com Chris Dreja, que assume o baixo. The Yardbirds com Jeff Beck e Jimmy Page nas guitarras gravaram apenas três faixas juntos. São elas, "Happenings Ten Years' Time Ago", "Psycho Daisies" e "Stroll On."
Depois, com a saída de Beck, Jimmy Page assume sozinho a guitarra dos Yardbirds, formação que duraria até o fim da banda em 1968. Agora trabalhando com o empresário Mickie Most, muito do material gravado passa a ser com músicos contratados, o que contribui para aumentar o desinteresse dos integrantes em continuar a investir no nome The Yardbirds.
Sob a tutela de Mickie Most, o ano de 1967 produz uma série de sessões executadas por músicos contratados, dentre os quais se incluem John Paul Jones e Jimmy Page, este o único verdadeiro integrante da banda. Lançam "I Remember The Night", "Little Games", "No Excess Baggage", "Only the Black Rose", "Little Soldier Boy", "Puzzles", "Ha Ha Said The Clown", "Ten Little Indians", e a regravação de Bob Dylan, "(Most Likely) You'll Go Your Way (I'll Go Mine)."
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Ainda assim, houve espaço para algumas coisas com os verdadeiros membros dos Yardbirds. Em abril de 1967 gravam "De Lane Lea Lee" composição coletiva de Page, McCarty e Dreja e "Drinking Muddy Water", composição coletiva de toda banda. Dois meses depois, gravam "Tinker, Tailor, Soldier, Sailor" (McCarty/Page), "Smile On Me", outra composição coletiva de toda banda, e "Stealing Stealing", canção tradicional com arranjo de toda banda.
Em "Glimpses" já se têm experimentações com a guitarra tocada com arco. Outra faixa, "White Summer," composição de Page lançada em julho de 1967, oferece a base do que se tornaria o segundo solo de "Dazed And Confused", versão do Led Zepplein. Falando nela, foi após a primeira excursão americana de 1968 que eles gravaram a sua versão da música original de Jack Holmes, com uma letra alternativa e o título de "I'm Confused" (McCarty/Page/Relf), versão que nunca chegou a ser lançada. Quando chegaram na Inglaterra para gravar, encontraram já praticamente prontas para serem mixadas as faixas "She Move's Through The Fair", "Think About It" e "Goodnight Sweet Josephine", nenhuma delas com a presença de nenhum dos integrantes da banda, exceto Jimmy Page, que participara de todas.
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Após uma segunda excursão americana ao final do verão, que renderia um disco ao vivo mal gravado, a banda retorna para a Inglaterra e encerra as atividades. Jimmy Page acaba montando uma outra banda para honrar o compromisso de uma excursão dos Yardbirds pela Escandinávia no outono, que já previamente sido marcado. Após estas apresentações a banda mudaria de nome, se tornando o mundialmente famoso Led Zeppelin.
*** 1967 ***
Johnny Hallyday
Johnny Hallyday

O parisiense Johnny Hallyday é sobrinho do artista de variedades francês Lee Hallyday. Começou a carreira ainda menino depois de aprender a tocar violão e violino, sendo utilizado pelo tio em parte de sua apresentação. Se tornou famoso na França após gravar "Let's Swing" em 1961, uma variação bilíngue do sucesso de Chubby Checker's "Let's Twist Again." Chegou a fazer cinema, porém sua carreira deslanchou como roqueiro a partir de 1964, muito embora com pouco sucesso na Inglaterra ou Estados Unidos.
Jimmy Page trabalhou com ele no álbum "Psychedelic", inclusive se envolvendo com os arranjos do material no disco. O álbum tambem deu origem ao compacto "Psychedelic" (Hallyday/Brown/Jones) com "A Trout Cassar" (Hallyday/Brown/Jones) gravado em Londres em setembro de 1967. Esta última seria o título do então próximo filme de Hallyday, servindo evidentemente como trilha. A frase significa 'Quebrando Tudo' como quem diz 'quebrando todas as regras.'
Lançados pela Phillips francesa em outubro de 1967, chamaram muita atenção. "A Trout Cassar" demonstra Page usando sua técnica de solo de guitarra com arco de violino. Tommy Brown e Mick Jones são os diretores musicais de Johnny Hallyday, além de co-autores de várias de suas composições. Brown e Jones estariam envolvidos na década de setenta com a banda Foreigner. Além da França, Johnny Hallyday fez enorme sucesso na África e na América do Sul (inclusive excursionando pelo Brasil), mantendo sua carreira ativa e gravando por mais de trinta anos. Seu álbum de 1968 teria The Small Faces como banda.

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Brian Jones & Jimmy Page fazem parceria para compor a trilha sonora do filme "A Degree of Murder", infelizmente nunca editada. Embora o filme tenha saído apenas em 1968, estreando no Festival de Cannes daquele ano, as gravações foram realizados entre setembro de 1966 e junho de 1967. Além de Brian Jones e Jimmy Page, o projeto incluía a participação de Nicky Hopkins, Savoy Brown Blues Band e o engenheiro de som Glyn Johns.

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Ainda enquanto membro dos Yardbirds, Jeff Beck grava para Mickie Most uma faixa que acabaria promovendo a carreira já solo do guitarrista. É lançado em março de 1967, "Hi Ho Silver Lining" (Scott English/Lawrence Weiss) onde o lado B, "Beck's Bolero" (Jimmy Page) conta com Jimmy Page como autor e arranjador desta pérola instrumental. Page ainda toca guitarra rítmica em uma banda completada por John Paul Jones no baixo e Keith Moon na bateria. A faixa reapareceria no primeiro álbum creditado ao The Jeff Beck Group.

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Outro irlandês, o crooner Val Doonican, também teve Jimmy Page como contribuidor em "Walk Tall" e "Only The Heartache." Doonican apareceu em 1963 no programa 'Sunday Night at the London Palladium', conquistando uma boa parcela dos ingleses com sua música romantica. Teve uma série de hits durante a década de sessenta e setenta, embora nada sequer se assemelha a rock 'n' roll. "Walk Tall" aparece no seu album de 1967, "The World of Val Doonican - Vol. 1".

Jimmy Page também teve oportunidade de tocar com a lenda do blues, o pianistaChampion Jack Dupree. Em 1966, Dupree esteve na Inglaterra e gravou "Calcutta Blues" com John Mayall e Eric Clapton. Desta vez ele grava "Barrelhouse Woman" e "Under Your Hood" com Jimmy Page. O pianista faleceu em janeiro de 1992.

The Dubliners
The Dubliners

Desconhecido mundo afora, porém conhecido na Grã Bretania, a banda The Dubliners de Dublin, Irlanda, começou em 1962 com o nome de The Ronnie Drew Folk Group. Seguem para Londres onde passam a usar o nome The Dubliners, gravando seu primeiro disco ainda no primeiro ano de existência. Porém, nada têm a ver com rock, esta é uma banda de folk tradicional irlandês que continua na ativa até hoje.
A formação original contava com Ronnie Drew (violão e vocalista principal), Luke Kelly (banjo de cinco cordas e vocalista principal), Barney McKenna (banjo tenor, bandolim e vocais), Ciarán Bourke (violão, gaita de boca e vocais), John Sheahan (rabeca, violão, bandolim, concertina) e Bobby Leach (voz e violão). Se tornaram populares quando uma rádio pirata colocou em 1967 o seu então novo compacto "Seven Drunken Nights" na programação, ao lado de músicas de bandas como Mamas & the Papas e JIMI HENDRIX. Foram rapidamente adotados pelo circiuto universitário e depois pelo Reino Unido como um todo. Uma menção sobre Page participando de uma sessão da banda foi encontrada, embora nenhuma indicação específica sobre a música ou mesmo a época.

Durante a excursão americana em 1967, o pessoal do The Yardbirds ficou bastante impressionado comScott McKay, guitarrista que abriu o show da banda em Fort Worth, Texas. McKay é um músico profissional e também tem participações em um sem número de gravações para vários artistas, geralmente na área do Texas. Ao fim da excursão, Jim McCarty acabou produzindo um compacto do Scott McKay com The Yardbirds como sua banda. Gravaram "I Can't Make Your Way" que foi vendida por McCarty para EMI e lançado no mesmo ano na Inglaterra. A gravação é tão difícil de encontrar que já há quem suspeita de se tratar de um boato.
O segundo lançamento com envolvimento de Jimmy Page foi no ano seguinte. Gravado como The Scott McKay Quintet em Texas, McKay manda para Jimmy Page uma fita com sua versão do clássico repertório dos Yardbirds, "The Train Kept A-Rollin'". Page então grava apenas o solo e manda a fita de volta. Esta versão foi lançada nos Estados Unidos em maio de 1968 pelo selo local Falcon.