ZAKK WYLDE e o seu BLACK LABEL SOCIETY tornaram-se fenômenos mundiais com fãs ardorosos por todo o mundo – carinhosamente chamados de “Berserkers”.
Nas duas décadas desde que OZZY OSBOURNE o tirou de seu emprego num posto de gasolina em Nova Jérsei, Zakk Wylde estabeleceu-se como um ícone da guitarra conhecido e reverenciado pelo mundo todo. Compondo e gravando com Osbourne, chegou ao sucesso multiplatinado, inspirando-o a criar o agora lendário BLACK LABEL SOCIETY em 1989. Nos 12 anos desde então, o BLS virou de cabeça pra baixo o conceito do que uma banda de rock deveria ser. Força, determinação, impiedade, para sempre. Wylde e seus Berserkers estabeleceram uma instituição do heavy metal fiel à visão de rock n’ roll descomprometido, livre e sem restrições.
O ultimo lançamento do Black Label, Order of the Black, é Zakk Wylde em seu ápice. Com faixas avassaladoras como “Crazy Horse” e “Parade of the Dead”, Wylde não deixa nada de pé, lançando o bombardeio sônico total de sua Gibson Les Paul e seus amplificadores Marshall.
Zakk recentemente parou por alguns minutos de sua rotina auto-imposta de “25 horas por dia, oito dias por semana” para falar do novo disco, parar de beber e a força da marca Black Label.
Zakk, obrigado por ceder seu tempo para isso. Eu acho que a primeira coisa na cabeça de todo mundo é sua saúde. Como estão as coisas?
Logo antes de começarmos a tour, os médicos me tiraram do remédio que eu tinha tomado para os coágulos que eu tive ano passado. Depois de um ano eles te tiram o remédio só pra ver se o sangue não precisa mais dele. Eles preferem que você não fique com ele pro resto da vida, mas eles queriam ver em que resultaria. Depois de um mês na estrada eu acordei com a mesma dor na perna de novo. Você só pode estar me zoando. Era na outra perna. Eu voltei pro médico, fiz um ultrassom e eles acharam alguns coágulos de sangue na minha perna esquerda. Eu tinha que começar a tomar as injeções de novo e eu voltei a tomar o [remédio] Coumadin. Eu estava de volta ao ponto onde tinha começado um ano antes. Era mais uma aporrinhação do que qualquer coisa. Eu estou bem agora. Logo antes de ir pra cama eu tomo um pouco de Lovenox. Não é algo muito sério porque toda manhã eu tomo vitaminas, então é só jogar mais uma coisa na mistura – junto com os esteroides, hormônios do crescimento, a pílula do dia seguinte e as jujubas dos Flintstones!
Você sempre foi um guerreiro da estrada então parece que os coágulos não forçaram você a mudar demais.
A única diferença pra mim é ficar sem bebida. As pessoas me perguntam se eu estou no programa dos 12 passos. Não, cara. Eu estou no programa de um passo do Black Label! Eu não preciso gastar 30 mil dólares em reabilitação para alguém me dizer algo que eu já sei. Isso é ridículo demais. É uma turnê sóbria – ninguém pode beber ou se divertir porque se eu não posso beber ou me divertir, então ninguém mais pode! Não me entenda mal. A gente ainda vai ao Hooters ou bares de esporte e assistimos ao futebol na segunda-feira à noite. Eu conheço uns caras que se enxergam uma bebida perto deles dão um piti! Você tá me zoando! Falta de força de vontade, cara. Com o Black Label é F.L.E.P. – Faz Logo Essa Porra. Você faz como o [general norte-americano George] Patton e lida com isso. O que eles vão me dizer se eu for a um terapeuta? Eles vão entrar em contato com meus sentimentos mais íntimos? Se alguém diz a você que se você fumar mais um cigarro seus pulmões vão explodir, você precisa de um terapeuta pra parar?
Jesse, se você quiser que eu te siga e troque suas fraldas por 30 mil por mês, sem problema comigo. Eu o faria. Eu levaria seu dinheiro. É como o [golfista] Tiger Woods. O que eles disseram pra ele? Eu posso ver a sessão agora: Cara, você é um milionário. Você é o maior jogador de golfe da história. Você é jovem. Você podia comer qualquer uma no planeta. Sim, você tem uma doença. Você sabe como ela se chama? Uma esposa e dois filhos! O que você pode dizer a ele: O único problema dele é que ele se casou! Se ele fosse solteiro ninguém estaria nem comentando isso. Todo cara de sangue vermelho no planeta estaria se matando pra ter toda a xana que ele come. Buceta não é doença. Não é como se ele não pudesse ir mais a um bar de strip agora. Você acha que ele vai ficar louco e começar a fuder tudo quando é mulher no bar? Uma doença é o câncer. O Dr, Drew [famoso terapeuta Americano especialista em reabilitação e desintoxicação de famosos] me disse que o vício em DROGAS de Lindsey Lohan é uma doença. Qual é?! Sair com seus amigos e se divertir é uma doença? Ninguém chegou num pub irlandês e pediu por um copo de câncer ou uma tulipa do mal de Lou Gehrig. Isso é doença, bro. Tomar um coquetel enquanto você está farreando com seus amigos é uma escolha. Há uma diferença. Isso apenas mostra como patético é nosso país. Há médicos pra tudo. Ponha dessa maneira.
Meu pai era um órfão. A irmã dele morreu no orfanato. Ele saiu do orfanato direto pra Normandia. Ele ficou na segunda guerra mundial por quatro anos e meio. Ele chega e a primeira esposa dele, Marilyn, morreu. Ele a enterrou na véspera de Natal. Ele enterrou a minha mãe na véspera de Natal. Meu pai nunca se consultou com um psiquiatra, cara. Ele tinha 89 anos e nunca reclamou de nada.
Você estava lançando discos novos bem regularmente por um tempo. Já faz quatro anos desde seu último disco de estúdio. Como isso aconteceu?
Bem, ficamos na Estrada e definitivamente ainda trabalhando, mas eu não consigo acreditar que todo esse tempo se passou. Eu não estava parado escrevendo canções por quatro anos. Não demorou quatro anos pra eu escrever essas 14 faixas. Eu tinha “Chupacabra” parada, mas é apenas um trecho de guitarra. Eu tinha a música para “January”. É a primeira coisa que gravamos porque não tínhamos bateria no [estúdio] The Bunker ainda. O disco todo foi escrito, gravado e masterizado com [o engenheiro norte-americano] George Marino em 94 dias. È bem assim que fazemos cada disco. Pra mim, cada disco é apenas uma foto no tempo – onde você estava e o que estava rolando. É meio que um livro de memórias da escola. Você pode olhar pra ele e rachar de rir, mas quando estava rolando era o máximo.
Agora que você tem o The Bunker pra trabalhar e gravar, você acha mais fácil fazer as coisas ou você está mais meticuloso com cada pequeno detalhe?
É a mesma coisa em todo disco que fizemos. Me colocar num estúdio é como um garoto com um livro de colorir gigante e mil gizes de cera. Você não tem como não se inspirar quando você entra lá. Tudo soa perfeito. Quando você se dá conta, ideias pra músicas começam a voar do seu rabo. Não é que eu refaça tudo de novo e de novo. Eu apenas vou, prossigo pra próxima faixa e tá feito.
Ter seu próprio estúdio também abriu a oportunidade de você começar sua própria gravadora.
Quando eu achar alguém que eu queira contratar – seja uma banda como o Stone Temple Pilots ou uma cantora como Sarah McLachlan – nós os produziremos no The Bunker e daí partimos.
Você está aceitando demos agora?
Sim, com certeza. Não somente demos, mas de boca em boca também. Se você me disser que tem uma banda que eu devesse ouvir, então manda ver, Jesse. Deixe que eu confira. Você e eu poderíamos estar tomando uma xícara de café em uma cafeteria num canto e ver uma garota como a Jewel. Poderia acontecer simples assim.
Uma coisa que eu sempre amei no BLACK LABEL SOCIETY é que você realmente transformou a banda numa marca. Você tem o lance de família rolando desde o primeiro disco, mas você planeja expandir isso com coisas como carne seca, café, molho de pimenta, cerveja e até bares.
Vai ser coisa de qualidade. É como tudo que eu endosso. Se você comprar qualquer coisa da Black Label então vai ser coisa de ponta. É ótimo estar numa posição onde eu possa fazer isso. O projeto da banda desde o começo é maior que eu.
E você está lançando o [livro] “Guitar Bible” em breve também.
O livro vai ter tudo nele. Não é só sobre tocar guitarra. Também tem técnicas de microfonagem, de gravação, e até fará uma omelete pra você! Também fala de solos e escalas. Ele esmiúça tudo de modo que não haja mistério quanto à estrutura da canção. É como eu mostrando a alguém como dirigir com um câmbio manual. Parece um grande mistério e daí eu lhe conto sobre aquele outro pedal e o mistério some e pronto.
É difícil acreditar, mas já faz 20 anos que ‘Cowboys From Hell’ do PANTERA foi lançado. Os fãs especularam por um tempo sobre Phil e Vinnie deixarem suas diferenças de lado e fazerem uma turnê de tributo a Dimebag ou alguns shows com você tocando guitarra. O que você acha dessa ideia. Você faria?
Eu me dou bem com todos os caras. Eu amo Vinnie e eu me dou bem com Phil e Rex. Fica por conta deles. Se eles me pedissem, eu o faria. Se for por respeito a Dime e aos caras, então claro. É quase como o LED ZEPPELIN, apesar de tudo. O fato deles NÃO se reunirem é o que mantém a coisa como é e aumenta a lenda. Naquele gênero de música, ninguém chegou perto do Pantera.
Vamos fazer algo diferente. Eu vou dizer o nome de alguns guitarristas e você me fala a primeira coisa que te vem à mente.
Billy Gibbons – Billy F. Gibbons! É tudo que você tem que dizer. Ele é fabuloso. É de onde eu pego todas as minhas ‘pinch harmonicas’.
Dickey Betts – Eu amo Dickey. Foi uma honra pra mim o substituir com os Allman Brothers. Ele é como o rei da escala pentatônica, cara.
Ace Frehley – Estávamos falando de Ace um dia desses e como os solos dele sempre foram matadores. Todo mundo fala do KISS usar maquiagem, mas eles tinham excelentes canções. Canções muito ganchudas. Por mais simples que os solos de Ace sejam, eles são perfeitos praquelas canções.
Yngwie Malmsteen – Com certeza um dos maiores guitarristas vivos, sem discussão. Se Paganini fosse um guitarrista vivendo hoje com certeza ele seria o YNGWIE MALMSTEEN. Eu acredito que parte da alma de Paganini esteja nele. Yngwie não tem competidores.
Ted Nugent – Culhão do tamanho dos EUA! Eu amo Ted. Você não tem como superar uma combinação como Nugent e uma guitarra Byrdland.
Zakk, obrigado por tirar tempo pra fazer isso. O que você gostaria de dizer pra encerrar?
Continuem sangrando preto. Veremos todos em breve.