6 de dezembro de 2010

Heavy Metal: A História Completa - Ian Christe

Desconheço gênero musical mais apaixonante que o heavy metal. A força de suas guitarras conquista novos fãs todos os dias, ao mesmo tempo em que renova os votos de velhos parceiros a todo momento. Suas letras, seja quando contam histórias fantásticas repletas de seres mitológicos ou quando mergulham no lado mais escuro do ser humano, são relatos intensos e hipnotizantes. Sua mítica, suas lendas, seus ícones e sua tradição foram construídos através do apoio e da participação ativa dos fãs, personagens de importância fundamental em sua história.



Imagem

O jornalista Ian Christe, nascido em 1970 na Suíça, entende tudo isso. Fanático por heavy metal, Christe construiu uma carreira sólida na mídia especializada, tendo seus textos publicados em revistas como Kerrang!, Spin, Guitar World e outras, além de matérias em publicações como Wired e Chicago Reader. Como todo fã de metal, Christe se aventurou também na música com a banda Dark Noerd the Beholder, que aparece na trilha do filme "Gummo", lançado em 1997, e em alguns outros projetos.
Profundo conhecedor do heavy metal, pesquisador e colecionador do estilo, Ian Christe lançou em 2003 o livro "Sound of the Beast: The Complete Headbanging History of Heavy Metal", que acaba de ganhar uma muito bem-vinda edição brasileira. Já traduzida para onze línguas, aqui em nosso país a obra ganhou o título de "Heavy Metal: A História Completa" – e faz jus a essa expressão.
As 480 páginas do livro passam a limpo a trajetória da música pesada, desde o seu início até os dias atuais. Christe aponta - acertadamente por sinal – o lançamento do primeiro álbum do Black Sabbath, em 13 de fevereiro de 1970, como o marco zero do estilo, e seu texto parte desse ponto. É nítida a paixão do escritor pelo metal, e isso transparece claramente em suas palavras, dando um ar épico, mágico e fantasioso para cada página.
Organizado em vinte capítulos (mais prólogo e epílogo), "Heavy Metal: A História Completa" é uma obra extremamente didática, que explica detalhadamente o surgimento do metal e de seus inúmeros subgêneros, e em como cada fato de sua história influenciou os músicos e os fãs, levando a novos caminhos sonoros que criaram, consequentemente, novas tendências musicais.
A parte dedicada aos primeiros anos do heavy metal é particularmente elucidativa, citando nominalmente os artistas que definiram as bases do estilo e que, muitas vezes, acabam sendo ignorados por ouvintes mais novos. Ir atrás de bandas como Flower Travellin´ Band, Blue Oyster Cult, Captain Beyond, Bang e outras – além das obrigatórias Deep Purple e Led Zeppelin – leva ao conhecimento de ótimos discos muitas vezes relegados a um plano secundário, e tornam o entendimento da evolução do gênero muito mais fácil e eficaz para o ouvinte.
A clareza do texto de Christe torna óbvia a compreensão do quanto as bandas da New Wave of British Heavy Metal, ao afastarem-se das influências de blues tão evidentes nos pioneiros do metal (como o próprio Black Sabbath) e substituí-las pelas harmonias e melodias de grupos como Wishbone Ash e Thin Lizzy deram ao gênero uma de suas características mais marcantes: o duelo faiscante de guitarras inventivas e inspiradas, traduzido em linhas melódicas volumosas e grudentas.
O embate entre as bandas glam de Los Angeles e a cena thrash da Bay Area é outro momento de destaque. Ian Christe reconhece a devida importância histórica de grupos como Quiet Riot, Motley Crue, Dokken, Ratt e outros, responsáveis não apenas por levar o som pesado para a grande massa, já que alcançaram vendas gigantescas e se tornaram figuras habituais nas paradas da Billboard, mas também por viabilizar o formato da MTV, já que a emissora cresceu e se consolidou com uma programação baseada, em sua grande maioria, em vídeos desses grupos.
Do outro lado da história, o enorme sucesso das bandas glam alimentou uma reação em massa na vizinha San Francisco, onde grupos influenciados por Venom, Motorhead e pela NWOBHM começaram a desenvolver um som mais agressivo aliado a uma imagem que era a antítese do visual glam – ao invés de roupas colantes e multicoloridas, as bandas da Bay Area vestiam-se com o trio básico tênis-jeans-camiseta. Liderados pelo Metallica, esses grupos fizeram nascer um dos mais influentes e duradouros subgêneros do metal, o thrash metal.
O livro também prova que a queda de popularidade das bandas glam no início da década de noventa, ao contrário do conceito que é vendido por grande parte da mídia especializada brasileira, não foi causada pelo surgimento do grunge, mas sim pelos excessos - tanto estéticos quanto comportamentais – das próprias bandas. Esse fator, aliado à sólida reputação conquistada pelo Metallica e a posterior explosão comercial proporcionada pelo "Black Album", colocou a pá de cal que acabou enterrando a cena de Los Angeles. Qualquer movimento que viesse depois seria adotado pela mídia - calhou de ser o grunge, mas poderia ser qualquer outro.
A polêmica cena black metal norueguesa do início dos anos noventa rende um dos melhores capítulos da obra. Christe contextualiza a relação dos noruegueses com a religião, e explica como o Cristianismo foi imposto no país há mais de mil anos atrás, gerando um descontentamento histórico em toda a população. As bandas de black metal do país, que foram responsáveis por discos fantásticos que influenciaram profundamente o estilo, também foram personagens de atividades polêmicas como a queima de igrejas históricas, ataques a homossexuais e diversas ações controversas que alcançaram o seu auge com o assassinato de Euronymous, líder e guitarrista do Mayhem, em agosto de 1993. Todos esses acontecimentos são contados com clareza por Christe, em um dos capítulos mais esclarecedores de "Heavy Metal: A História Completa".
Dois aspectos do texto de Ian Christe merecem uma crítica. O primeiro é o foco exageradamente centrado no Metallica em detrimento a outras bandas fundamentais do som pesado. É claro que o grupo de James Hetfield tem importância seminal no gênero, mas em alguns trechos o destaque é tanto que temos a impressão de estar lendo uma biografia da banda.
O outro é o fato de Christe ignorar totalmente alguns subgêneros e nomes importantes na história do som pesado. Isso acontece de forma mais evidente com três bandas: Dream Theater, Stratovarius e Gamma Ray. Toda a cena prog metal não é citada no livro, o mesmo acontecendo com os grupos de metal melódico. Independente de gosto pessoal, uma obra que ostenta o subtítulo "The Complete Headbanging History of Heavy Metal" não pode cometer um deslize como esse.
Ian Christe também faz inúmeras listas durante todo o livro, apontando os discos mais representativos de praticamente todos os segmentos da música pesada. Essas listas acabam servindo como guias para quem quer conhecer cada subgênero do metal, e tem grande valia para os leitores.
"Heavy Metal: A História Completa" é um livro fundamental para qualquer headbanger. A trajetória do gênero musical que tanto amamos é contada nos mínimos detalhes, em uma leitura extremamente prazerosa para todo fã de música pesada. Enfim, um livro recomendadíssimo, e que documenta o impacto e a força que o heavy metal teve - e continua tendo - na sociedade.

Sinesttesia - Sinesttesia

Sergipano de Aracajú, o Sinesttesia liberou em 2009 seu primeiro registro, este CD-Demo auto-intitulado que está agora aportando no Whiplash!. São apenas três composições que se revelam uma bonita viagem, bastante introspectiva e que primam por extrema sensibilidade melódica. O resultado é irrotulável em uma audição que flui de forma bastante simples, mas tão envolvente que segura todas as atenções do ouvinte.


Imagem


Além das excelentes melodias, seus músicos experimentam muito e tem como claro objetivo alcançar uma sonoridade repleta de contrastes. E assim é em "Sinesttesia". São muitos teclados, guitarras distorcidas contrapondo-se a dedilhados cristalinos, um contrabaixo bastante atuante e vocalizações que não exageram em sua interpretação.

Como diz o próprio Sinesttesia, este é '... um convite para a reflexão sobre o que existe de mais importante: a vida...'. Este é um trabalho indicadíssimo para quem não abre mão de composições com várias ambientações. São apenas 16 minutos de audição que servem como um aperitivo para suaestréia em disco, que está em vias de produção – e este escriba confessa que está realmente curioso para conferir um disquinho completo destes nordestinos.
Contato: www.myspace.com/bandasinesttesia
Formação:

Enaldo - voz

Daniel - guitarra
Marcel - baixo
Omar - teclados
Diego - bateria

Sinesttesia - Sinesttesia

(2009 / CD-Demo independente - nacional)

01. Awakening
02. Sinestesia
03. Blindness

Thrash and Destroy - Hirax

Em um mundo justo, a banda norte-americana Hirax teria muito mais reconhecimento do que possui. Um dos pioneiros na fusão do thrash metal ao hardcore e um dos primeiros grupos a acelerar a velocidade de sua música, a banda liderada pelo carismático vocalista Katon W. DePena é uma das mais influentes da cena thrash norte-americana, mas nunca alcançou o nível de popularidade de nomes como Slayer, Anthrax, Testament, Exodus e Death Angel, por exemplo.


Nota: 8 
Imagem

Qualidade para isso não falta. Em sua longa carreira, iniciada em 1984, o Hirax lançou trabalhos que hoje são considerados clássicos, como a lendária demo tape "Hirax" (1984), o álbum "Raging Violence" (1985) e o EP "Hate, Fear and Power" (1986). DePena saiu da banda em 1988 e fundou o Phantasm ao lado de Ron McGovney (baixo, ex-Metallica) e Gene Hoglan (bateria), mas o grupo gravou apenas uma demo e não decolou (para os interessados, as faixas dessa demo foram relançadas em CD e vinil em 2001, com o título "Wreckage", pela gravadora Deep Six Records). Para o seu lugar o Hirax convocou Paul Baloff (ex-Exodus), mas logo após a entrada do novovocalista a banda encerrou as suas atividades. Em 2000 o grupo retomou com o lançamento do EP "El Diablo Negro", e desde então tem lançado discos e excursionado com regularidade.
"Thrash & Destroy" traz a banda tocando na edição de 2007 do festival Keep it True, realizado na cidade alemã de Dittigheim, além de mais doze faixas gravadas durante o show dos caras no Metal Forces Night, realizado também na Alemanha naquele mesmo ano.
A performance do grupo é absurdamente contagiante. Executando seu thrash metal empolgante com extrema competência, o Hirax bota fogo nos headbangers alemães. Katon DePena é a figura central da banda, e isso fica claro em todo o show. Com grande carisma, o vocalista conduz o Hirax em um setlist recheado de clássicos como “The New Age of Terror”, “Chaos and Brutality”, “Hate, Fear and Power”, “Bombs of Death”, “The Plague” e “Unleash the Dogs of War”. A interação do vocalista com o público é espetacular, com Katon puxando os fãs da plateia para o palco para o stage diving, além de dar o microfone para os fãs cantarem trechos das músicas em vários momentos.
Além de DePena, a outra grande força motriz por trás do Hirax é o ótimo guitarrista Lance Harrison, com riifs matadores, solos inspirados e disposição de sobre em cima do palco. Merece destaque também o baterista brasileiro Fabrício Ravelli, que deixou a banda em 2008, e que aqui neste DVD mostra uma pegada pra lá de agressiva, casando com perfeição com o som do Hirax.
Evidentemente, a qualidade das cenas e a produção do DVD não são as mesmas presentes em bandas do primeiro time do metal e do rock atual, mas isso não compromete em nada o vídeo – pelo contrário, dá até um charme a mais.
Fechando o pacote com chave de ouro, a versão brasileira de "Thrash & Destroy", lançada pela Kill Again Records, traz um CD bônus com o áudio completo do show no Keep it True Festival.
Se o mundo reconheceu recentemente, ainda que por linhas tortas, a importância do Anvil para o heavy metal, está na hora de isso acontecer com mais e mais banda fundamentais para o estilo e que hoje sobrevivem do puro amor de seus integrantes à música. O Hirax é um desses grupos, e merece um reconhecimento muito maior do que aquele que possui.
Faça a sua parte, adquira esse DVD e comprove porque Katon W. DePena e sua gangue merecem todos os méritos possíveis.
Para comprar esse e mais itens do Hirax e de outras bandas, acesse o site da Kill Again Records.
DVD
Keep It True Festival #9 - 03/11/2007 - Germany

1 El Dia De Los Muertos
2 100,000 Strong
3 Lucifer's Infierno
4 Blind Faith
5 The New Age of Terror
6 Chaos and Brutality
7 Hate, Fear and Power
8 Hostile Territory
9 Destroy
10 Broken Neck
11 Bombs of Death
12 El Diablo Negro
13 Barrage of Noise
14 Walk With Death
15 The Plague
16 Mouth Sewn Shut
17 Assassins of War
18 Unleash the Dogs of War

Bonus Tracks - Metal Forces Night - 29/09/2007 - Germany
19 The New Age of Terror
20 Chaos and Brutality
21 Hate, Fear and Power
22 Hostile Territory
23 Destroy
24 Broken Neck
25 Demons Evil Forces
26 El Diablo Negro
27 Barrage of Noise
28 Walk With Death
29 The Plague
30 Bombs of Death

CD
Keep It True Festival #9 - 03/11/2007 - Germany

1 El Dia De Los Muertos
2 100,000 Strong
3 Lucifer's Infierno
4 Blind Faith
5 The New Age of Terror
6 Chaos and Brutality
7 Hate, Fear and Power
8 Hostile Territory
9 Destroy
10 Broken Neck
11 Bombs of Death
12 El Diablo Negro
13 Barrage of Noise
14 Walk With Death
15 The Plague
16 Mouth Sewn Shut
17 Assassins of War
18 Unleash the Dogs of War

Darkly, Darkly, Venus Aversa - Cradle of Filth

A velha Inglaterra sempre foi a nação ponta de lança em quase tudo no mundo até um passado recente, pois nela nasce Isaac Newton, um dos maiores gênios científicos de todos os tempos, e lá ocorre a Revolução Industrial, que mais tarde varreria o mundo, sem esquecer que foram suas terras antigas que deram ao mundo bandas e artistas de Metal que marcaram a história do estilo de forma indelével, sendo ela mesma berço do Metal, pois de suas terras saíram os precursores do estilo (BEATLES, CREAM, THE YARDBIRDS), seus fundadores (DEEP PURPLE, LED ZEPPELIN, BLACK SABBATH), bem como também deu-se em seu território a natividade de bandas importantes para o Metal moderno como MOTORHEAD e JUDAS PRIEST, sem esquecer nunca da NWOBHM e de gigantes como SAXON, DEF LEPPARD, IRON MAIDEN, VENOM, entre outros. O Black Metal nasceu na Inglaterra, e assim, um dos nomes mais fortes do estilo, CRADLE OF FILTH, nasce nas terras que abrigam o túmulo do Rei Arthur.



Imagem

Há os que odeiam a banda por motivos diversos, e mesmo contraditórios, mas sua importância para o Metal Negro é inegável. Negar este fato é negar toda uma história construída sobre uma base real, sem achismos e sem obliteração dos fatos.
E mais uma vez, após algum tempo em silêncio, eis que Dani Filth e seus asseclas rugem furiosamente e nos brindam com mais uma obra de arte, chamada ‘Darkly, Darkly, Venus Aversa’, que desde que a banda disponibilizou uma música para download gratuito, causou forte comoção entre os fãs.
Conceitual como o CD anterior da banda, ‘Godspeed on Devil’s Thunder’, a história focada neste é sobre Lilith, que para os mais desinformados, é a primeira mulher de Adão (há uma referência bíblia alterada no livro de Isaías na versão latina da bíblia, devido à vulgata de São Jerônimo, mas que no original, permanece lá; tarefa para os curiosos).
Lançado no Halloween deste ano pela Peaceville Records, a produção visual do CD, feita pela artista Natalie Shau é primorosa e de bom gosto, como sempre a banda fez desde seu segundo trabalho, o EP ‘Vempire’. Sonoramente, é bem mais do que se esperava, pois oCRADLE OF FILTH andou superando algumas escorregadas dos últimos tempos, retomando o caminho que delinearam para si no ótimo ‘Midian’ e no EP ‘Bitter Suites to Succubi’, ou seja, melodia, agressividade, rispidez, e tudo isso muito mediado por um peso brutal e opressivo. Não há espaços para frescuras, como muitos teimam em denegrir injustamente a banda, pois é um disco bem seco e extremo.
Junto a Dani, que canta de forma maravilhosa no CD inteiro, se encontram Paul Allender (guitarra solo), Dave Pybus (baixo), James McIlroy (guitarra base), Martin Škaroupka (bateria), e Ashley Ellyllon (teclados e backing vocals), que fazem de cada música um verdadeiro espetáculo, bem como um prazer para os ouvidos, e em momento algum, tem-se a incômoda sensação se o CD não serve apenas para externar idéias concebidas pelo ego de Dani, uma vez que a produção sonora, feita por Scott Atkins, Doug Cook e o próprio Dani, não prioriza a voz em detrimento dos outros instrumentos.
A versão que resenho é a de dois CDs, onde a nivelação é tão alta que fica meio estranho ressaltar uma ou outra música, pois seria injusto com as outras, mas pode começar pela faixa de abertura, ‘The Cult of Venus Aversa’, que se inicia com aquele clima de horror gótico (que para os mais desavisados, é um estilo literário interessante. Recomendo uma lida em O Castelo de Otranto, de Horace Walpole, primeiro livro do estilo), e daqui a pouco, vira uma tijolada; passar pelas violentas e climáticas ‘The Nun With The Astrail Habit’ e ‘Retreat of the Sacred Heart’; pela cadenciada e aterrorizante ‘The Persecution Song’; pela já conhecida ‘Lilith Immaculate’, que foi gentilmente disponibilizada pela banda e gravadora para os fãs um tempo antes do CD sair, que é uma das melhores canções do ano todo, principalmente graças aos vocais femininos de Lucy Atkisn, em dueto com Dani e ao belíssimo refrão; por ‘Harlot on a Pedetal’, que alterna violência extrema e beleza, uma marca registrada da banda; por ‘Forgive me Father (I Have Sinned), com riffs Thrash, belos duetos e que se tornou o primeiro single promocional do álbum e tem vídeo; a pegajosa ‘Beyond Eleventh Hour’, que fecha o primeiro CD; ‘Beast of Extermination’, forte e pesada, que nos leva ao mesmo clima visto no CD ‘Cruelty and the Beast’; ‘Truth & Agony’, outra faixa que mixa agressividade, beleza e peso harmoniosamente; ‘Mistress of the Sucking Pit’, que apesar da intro de piano, tem um clima bem ‘Motorheadiano’; e por ‘Behind the Jagged Mountains’, a agressiva e pesada faixa que fecha mais esta epopéia de uma das melhores bandas do Metal como um todo.
Um belo aquecimento para o show da banda em dezembro, e a nota do CD é com louvor ao mérito, uma vez que este ‘Darkly, Darkly Venus Aversa’ possui algo que muitas bandas andam esquecendo: Tesão pelo que se faz, pois é justamente isso que sopra vida em um trabalho.
CD 1:
01. The Cult of Venus Aversa
02. One Foul Step from the Abyss
03. The Nun with the Astral Habit
04. Retreat of the Sacred Heart
05. The Persecution Song
06. Deceiving Eyes
07. Lilith Immaculate
08. The Spawn of Love and War
09. Harlot on a Pedestal
10. Forgive Me Father (I Have Sinned)
11. Beyond Eleventh Hour

CD 2:
01. Beast of Extermination
02. Truth & Agony
03. Mistress From the Sucking Pit
04. Behind the Jagged Mountains

Contatos:

Blood of the Nations - Accept


Nota: 9 
Imagem

Sob o comando de Wolf Hoffmann e Peter Baltes, o grupo soa renovado com a entrada do excelente vocalista Mark Tornillo, ex T.T. Quick. Dono de um timbre que varia entre o de Dirkschneider e o de Brian Johnson, do AC/DC, Tornillo faz qualquer fã do Accept esquecer de Udo logo que solta a sua voz na faixa de abertura de "Blood of the Nations", “Beat the Bastards”.
As treze faixas do álbum são uma viagem repleta de recordações pela longa carreira da banda alemã. Há desde heavys empolgantes a baladas inspiradas, passando por canções épicas e outras onde o grupo aproxima-se agradavelmente do hard rock. Os riffs de guitarra da dupla Wolf Hoffmann e Herman Frank são um deleite para quem cresceu tendo o heavy metal como trilha de sua juventude, um bálsamo sonoro que funciona como um elixir revigorante.
Produzido por Andy Sneap, "Blood of the Nations" tem umasonoridade cheia, agressiva, inspirada claramente naestética oitentista, mas indo além. Primeiro trabalho do grupo desde "Predator", de 1996, o disco ostenta tanta qualidade em suas faixas que já nasce com cara de clássico!
E o mais legal disso tudo é que o impacto do álbum não ficou restrito a meia dúzia de fãs saudosistas. Uma passada pelo seus números mostra o quanto o trabalho se saiu bem comercialmente: quarta posição na Alemanha, sétimo na Suécia e na Hungria, nono na Finlândia, décimo-segundo na parada européia da Billboard, e por aí vai!
Evidente candidato a melhor álbum de 2010, "Blood of the Nations" é o tipo de disco que toda e qualquer pessoa que curte som pesado tem que ter em sua coleção.
Um tapa na orelha, um soco no estômago, um chute no saco! Obrigatório e ponto final!
Faixas:
1 Beat the Bastards 5:23
2 Teutonic Terror 5:12
3 The Abyss 6:52
4 Blood of the Nations 5:36
5 Shades of Death 7:30
6 Locked and Loaded 4:27
7 Kill the Pain 5:46
8 Rollin' Thunder 4:53
9 Pandemic 5:35
10 New World Comin' 4:49
11 No Shelter 6:02
12 Bucketful of Hate 5:11

Dynamus: banda lança duas músicas em seu MySpace


banda baiana DYNAMUS (Thrash/core) lançou oficialmente em seu MySpace (www.myspace.com/dynamusxxx) duas novas canções: "Teatro de mentiras" e "Deixadas para trás".
No MySpace eles estão com uma promoção onde os fãs ganham camisas e CDs. A promoção é por tempo determinado. A banda pretende gravar mais músicas que farão parte de um CD previsto para junho do ano que vem.
Mais detalhes:
Mais informações: Dynamus @ MySpace

Bon Jovi: campanha Bon Jovi no Rock in Rio


De acordo com uma matéria da Folha de São Paulo, o vocalista JON BON JOVI  revelou ao Contact Music que planeja parar a rotina no segundo semestre de 2011. Após encerrar a turnê “The Circle Tour”, que deve se estender até julho do ano que vem, ele pretende descansar um pouco: “Acho que está na hora. Precisamos dormir um pouco”, brincou o vocalista do BON JOVI.
Pois então por qual motivo os fãs estão realizando esta Campanha?
Em momento algum, nem a banda e nem a produção do festival declarou que "Rock In Rio não está nos planos da banda". Sabe-se que eles vão tirar férias e está é a única informação válida. Mas Rock in Rio é irrecusável e é apenas um show, não uma turnê. Qualquer banda ficaria honrada em receber o convite, que, aliás, não se sabe se foi feito. A campanha vem de maneira consistente, baseando-se em ações e mobilizações e após 15 anos os fãs merecem a vinda de BON JOVI novamente, até porque é injusto eles terem participado do Festival em Madrid e Lisboa e não participar na casa onde o festival nasceu.
Existe a possibilidade de que a banda não venha, mas as chances de que eles venham são iguais. Outros seguidores das notícias sobre o festival sugerem que a banda não deve vir, já que estiveram aqui em outubro e alegam que outras bandas devem ter prioridade. Porém muitos fãs não conseguiram assistir aos dois únicos shows no Morumbi, em São Paulo e na Apoteose, no Rio de Janeiro. E nesta semana, foi confirmada como atração do Dia Alternativo a banda COLDPLAY que esteve em março deste ano aqui no Brasil. Logo, isso não é problema.
Segundo os fãs da banda, os shows foram inesquecíveis. A produção deve aproveitar este clima de empolgação e ainda saudosismo. Medina não pode perder a oportunidade de trazer uma das bandas mais rentáveis e ativas do Rock atualmente, principalmente após as diversas indicações de Melhor Show, Rock and Roll Hall of Fame, prêmios como o Global Icon do EMA e o lançamento do álbum “Greatest Hits”
Após divulgação de que o Rock in Rio não estaria nos planos da banda, alguns fãs desistiram de participar da campanha, na qual se planejava conscientizar BON JOVI do desejo dos fãs brasileiros da vinda de BON JOVI ao Rock in Rio IV para que se a produção decidir convidá-los, eles não recusem. E mesmo sabendo da possibilidade deles não virem existe, os fãs estão fazendo de tudo para minimizar essa chance dentro do que pode ser feito por eles.
Os principais meios de divulgação da campanha foram redes sociais como Orkut, Facebook, Twitter, Petição Pública e You Tube; e fãs seguem com o compromisso de que se BON JOVI for confirmado, farão a arrecadação de alimentos no dia do show, seguindo a idéia do Rock in Rio “Por um mundo melhor”.
Pois bem, "Keep the Faith" e que tragam os garotos de Nova Jersey.
Fontes:
Press-release: Bon Jovi Brasil

Pantera: vídeos com Kerry King tocando Judas Priest!


Um ‘bootlegger’ conhecido na internet sob a alcunha de RATT MASTER 86, postou em uma página do site de vídeos do YouTube três clipes de um aparente ensaio [ou passagem de som] do PANTERA  em 18 de maio de 1989, todos com a banda coverizando músicas do JUDAS PRIEST.
Os vídeos mostram a banda já com o vocalista PHIL ANSELMO [na época ainda trajando longas madeixas de cabelo] e tocando as clássicas ‘Metal Gods’, ‘Hell Bent For Leather’ e ‘Green Manalishi’.
O ensaio, realizado em Fort Worth, no Texas, ainda conta com uma presença inusitada: o também fanático por JUDAS PRIEST KERRY KING (SLAYER) acompanhando a banda de Dimebag Darrell em ‘Hell Bent For Leather’ e em ‘Green Manalishi’.
A página do usuário RattMaster86 no YouTube pode ser encontrada pelo nome RATT KING na seguinte URL:

Os vídeos mencionados na matéria podem ser conferidos abaixo:
‘Metal Gods’:
‘Hell Bent For Leather’
‘Green Manalishi’:
Fonte desta matéria: YouTube

AC/DC: Phil Rudd diz que polícia estava de olho nele


baterista Phil Rudd, do AC/DC, comentou sua condenação na Nova Zelândia por posse de maconha. Ruud recentemente falou ao Stuff.co.nz que as autoridades estiveram tentando pegá-lo na estrada por um tempo.
A polícia pegou o roqueiro após uma busca em sua casa, que foi conduzida com um mandato, onde se encontrou 27 gramas da droga. Seus advogados expressaram preocupação que essa condenação afetaria a capacidade do baterista para viajar internacionalmente com o AC/DC. Rudd disse que ele não está certo de quando o AC/DC  fará turnê novamente, então ele tem algum tempo para resolver a coisa.
Fonte desta matéria (em inglês): Noisecreep

Vinnie Vicent Invasion: vídeos raros de show de 1988


Um usuário do site YouTube.com, logado sob a alias de Marco8247, postou imagens raras de um concerto do grupo VINNIE VINCENT INVASION em sua página.
As imagens (de qualidade não tão boa) são de um show da banda em 1988, e remetem aos primórdios do vocalista MARK SLAUGHTER (SLAUGHTER) no grupo, uma vez que Mark assumiu os vocais em 1986 (apesar dele já ter dublado a voz do vocalista do disco anterior do VVI, ROBERT FLEISCHMAN no clipe de ‘Boyz Are Gonna Rock’) para o lançamento, em maio de 88, de ‘All Systems Go’, talvez o disco comercialmente mais bem-sucedido do VVI.
Dentre as canções que podem ser conferidas ao vivo em diversos links do YouTube, estão ‘Back On The Street’, ‘Naughty Naughty’, ‘Ashes to Ashes’ (maior hit do Vinnie Vincent Invasion), ‘Shoot U Fool Of Love’ e ‘Twisted’. A formação do VINNIE VINCENT INVASION no supracitado show (gravado no Canadá) consistia de MARK SLAUGHTER, VINNIE VINCENT (KISS), DANA STRUM (VVI, SLAUGHTER, atual VINCE NEIL BAND), e BOBBY ROCK (NELSON).
A página do usuário Marco8247 pode ser acessada no seguinte link:
Fonte desta matéria: YouTube

Mick Jagger: "casamento não é pra mim", diz vocalista


Mick Jagger não cogita casar-se de novo. O astro do ROLLING STONES  disse que ele não achava quecasamento era ‘o que todo mundo pensa que é’. O cantor de 67 anos disse; ‘Pra ser honesto, não penso grande coisa de casamento.
‘Não estou dizendo que não seja uma coisa maravilhosa e que as pessoas não deveriam fazê-lo, mas não é pra mim. Eu só acho que talvez não seja o que todo mundo pensa que é. Eu sei que é uma fantasia elaborada.’
Jagger, que foi casado duas vezes, disse que ele está feliz em estar com sua namorada de nove anos de relacionamento, a estilista L’Wren Scott.
O cantor, que tem sete filhos com quatro mulheres diferentes, acrescenta: ‘Eu não corroboro com umavisão completamente normal do que um relacionamento devesse ser. Eu tenho um ponto de vista mais boêmio.’
O astro do rock foi casado duas vezes sendo o primeiro em 1971 com a Nicaraguense Bianca De Macias. O casamento durou sete anos com a ex-modelo pedindo divórcio devido ao adultério do marido.
Ele depois começou a ver a modelo Texana Jerry Hall e o casal teve quatro filhos. Não foi até 1990, quando eles estavam juntos havia 13 anos que ele casou-se com Hall em uma cerimônia Hindu na praia na Indonésia. Jagger questionou a validade da cerimônia mais tarde, e o casamento foi anulado em agosto de 1999. Além de falar sobre casamento em uma entrevista para a revista do [jornal norte-americano] New York Times, Jagger também abordou os comentários depreciativos feitos por seu colega de banda KEITH RICHARDS em sua recentemente publicada autobiografia, ‘LIFE’.
Richards tinha questionado a qualidade da voz de Jagger e o tamanho de sua masculinidade descrevendo-a como ‘um trocinho’. Jagger disse do livro: ‘Pessoalmente eu acho que é muito entediante remoer o passado. Na maioria das vezes, as pessoas o fazem por dinheiro.’ Enquanto ele próprio pensou duas vezes em escrever uma autobiografia, ele disse que agora abandonou a ideia.
‘Você não quer acabar como um velho ex-jogador de futebol em um bar, falando sobre como ele fez um cruzamento na final da copa em 1964,’ ele disse. Jagger disse à revista que ele está mais do que satisfeitoem apoiar sua namorada na carreira e negou que esse romance estava ‘mais maduro’ do que seus relacionamentos anteriores. ‘Eu não sei o que “maduro” significa. Se quer dizer que é apoiar alguém que tem uma vida, eu diria que sempre o fiz.’
‘Eu costumava dar apoio à carreira de Marianne Faithfull quando ela tinha uns 22 anos. Eu costumava ler seus roteiros com ela. Quando eu estava vivendo com Jerry Hal, eu costumada ajudá-la a escolher suas fotos de modelo, ou se ela estivesse fazendo uma peça, eu lia os roteiros com ela. Eu quero dizer que é o que você faz, e vice versa, elas fazem a mesma coisa por você.’
Fonte desta matéria (em inglês): Site do Jornal Inglês THE DAILY MAIL

Iron Maiden: Bruce fala sobre turnê, filho e carreira solo


vocalista Bruce Dickinson falou com exclusividade ao site de notícias peruano El Comercio sobre a nova visita do IRON MAIDEN  à capital Lima e outros assuntos. Confira alguns trechos:
A primeira vez do IRON MAIDEN  no Peru foi fantástica, mesmo sem fogos de artifício [por problemas com a alfândega]. Será que vamos ver fogos de artifício desta vez?
Não, agora estamos fazendo o show de um modo que não precisamos de pirotecnia, justamente porque em alguns lugares é difícil obter a permissão de uso.

Falando do mais recente álbum, poderíamos dizer que "The Final Frontier" se coloca no mesmo patamar dos melhores álbuns do Iron Maiden?
Ficamos orgulhosos de cada novo álbum que fazemos, acho que "The Final Frontier" é um disco difícil, mas pode sim ser comparado com os clássicos. Conseguir 29 números um e 15 álbuns têm sido surpreendente!

Como tem sido a resposta dos fãs para as novas canções tocadas ao vivo?
Até agora, tocamos apenas uma, "El Dorado". E funcionou de maneira fantástica todas as noites. É como se tivéssemos tocado por anos.

Quem te influenciou como vocalista?
Vejamos, quando estava crescendo, Ian Gillan (Deep Purple); Arthur Brown; Peter Hammill, do Van der Graaf Generator; Ian Anderson, do Jethro Tull; Paul Rodgers… esse tipo de gente.

Qual você acredita ser o seu melhor álbum solo e por quê?
De longe, "Chemical Wedding". Foi o que fez mais sucesso, é o mais distinto do que eu faço com o Maiden. É o álbum que mais me orgulha e era justamente o que eu estava ouvindo esta manhã. Eu amo este álbum, os músicos, a guitarra de Roy Z, a produção. Tudo muito bom.

Que bandas novas você ouve?
Bem, eu estou muito feliz porque meu filho está em uma banda chamada Rise to Remain, que está prestes a assinar com uma gravadora para gravar seu primeiro álbum. Lembre-se: Rise to Remain!

Confira a entrevista na íntegra:
Versão completa desta matéria: Blog Flight 666

Rainbow: "Down To Earth" ganha reedição cheia de bônus


No dia 24 de janeiro de 2011, chegará às lojas a versão deluxe do álbum "Down To Earth", que marcou aestréia do vocalista Graham Bonnet no RAINBOW. Junto, entrava no grupo o baixista Roger Glover, colega de Ritchie Blackmore no DEEP PURPLE. Ele também produziria o disco, que se caracterizaria por uma sonoridade bem mais comercial se comparado aos lançamentos com Ronnie James Dio. Completavam a formação o lendário Cozy Powell na bateria e o tecladista Don Airey.
Dois singles emplacariam nas paradas de sucesso: "Since You've Been Gone", composição de Russ Ballard e "All Night Long". A nova edição trará duas faixas que saíram em lados-B, além de um CD bônus com outtakes da gravação original.
Confira o tracklist:
CD 1
1. All Night Long
2. Eyes Of The World
3. No Time To Lose
4. Makin’ Love
5. Since You Been Gone
6. Love’s No Friend
7. Danger Zone
8. Lost In Hollywood
9. Bad Girl (seven inch single B-side)
10. Weiss Heim (seven inch single B-side)

CD 2
1. All Night Long (instrumental outtake)
2. Eyes Of The World (instrumental outtake)
3. Spark Don’t Mean A Fire
4. Makin’ Love (instrumental outtake)
5. Since You Been Gone (instrumental outtake)
6. Ain’t A Lot Of Love In The Heart Of Me
7. Danger Zone (instrumental outtake)
8. Lost In Hollywood (instrumental outtake)
9. Bad Girls (instrumental outtake)
10. Ain’t A Lot Of Love In The Heart
11. Eyes Of The World (instrumental outtake – take two)
12. All Night Long (Cozy Powell mix)
Matéria original: Blog Van do Halen

Robert Plant: preferindo tocar com músicos na África


De acordo com a Tourdates.co.uk, Robert Plant se recusa terminantemente a reformar o LED ZEPPELIN.
O vocalista dissolveu a banda após a morte do baterista Joh Bonham em 1980 e apesar de ser frequentemente procurado a respeito de reformar o grupo com os membros restantes - Jimmy Page e John Paul Jones - para uma turnê completa, ele sempre recusa.
O músico insiste que é está mais interessado em trabalhar em outros projetos - como tocar com os músicosnômades Berber e Tuareg, das tribos da África do Norte
Ele disse: "É quase como se as pessoas não podessem ver que eu tenho outros projetos. É como se uma mulher com saltos brancos e saia reluzente passasse atraindo meus olhos, mas a maioria não percebesse sua presença".
"Mas sim, algumas músicas estridente do Berber, o blues de Charley Patton, pegando seu próprio caminho para o Sahara ir cantar - é insano. Mas se você quer tocar com o Tuareg, você tem que ir até lá."
Fonte desta matéria: BW&BK / Bravewords.com

Marilyn Manson: Christina Aguilera em The Beautiful People


Não, você não leu errado. De fato Christina Aguilera fez uma releitura da clássica "The Beautiful People" do Frankenstein do metal MARILYN MANSON. A cover faz parte do álbum "Burlesque". Não tem muito o que se falar, até por que no mundo ao redor de Mr. Manson o que é ridículo é bom, o que é bom é ridículo. Confira o vídeo.
Fonte desta matéria: Trash Hits

Control Denied: ” When Machine And Man Collide” em 2011


vocalista Tim Aymar (CONTROL DENIED) publicou a seguinte declaração a respeito da finalização do segundo álbum da banda, “When Machine And Man Collide”:
Em 13 de dezembro, vamos mais uma vez, tirar ao menos alguns momentos do nosso dia para lembrar o pai da Death Metal, Chuck Schuldiner. Aqueles que conhecem a música de Chuck, do Death e do Control Denied tem fielmente e pacientemente aguardado o anúncio da conclusão do último desejo de Chuck, que é trazer o ultimo disco do Control Denied para você, e junto com meus outros colegas de banda, estou extremamente feliz de estar aqui para cumprir a promessa que fiz há uma década.
.......
Eric me ligou ontem para informar que chegou a hora. Você ouviu isso? Não, você provavelmente não acredita que eu disse isso. CHEGOU A HORA! Nosso produtor, Jim Morris no Morrisound em Tampa, Flórida, que trouxe à vida incríveis álbuns do Death, Control Denied, TRANS-SIBERIAN ORCHESTRA, SAVATAGE, ICED EARTH, SEVEN MARY THREE, CANNIBAL CORPSE, DEICIDE, MORBID ANGEL, DEMONS AND WIZARDS, END-TIME ILLUSION and OBITUARY, só para citar uma fração dos artistas matadores em sua lista, entrou em contato com Eric Greif, informando aos membros do Control Denied que ele está pronto para começar a botar para fora o planejamento e programação para completar o legado de Chuck: ”When Machine And Man Collide”. Você ouviu direito, e você ouviu isso direto da minha boca. Esse disco vai ver a luz do dia e estará em suas mãos em algum momento de 2011, e Jim certarmente o deixará tão impressionante como Chuck sempre quis e ainda melhor!
Fonte desta matéria (em inglês): Empty Words

Parte 02 - Uma Época de Mil Bandas

Quem imaginaria que, anos depois de renhidas brigas na escola, quando eram meros pirralhos disputando um espaço na liderança de suas ganguezinhas particulares, os dois rapazes rebeldes de Birmingham fossem, afinal, se reencontrar, e até mesmo ter ânimo para se aliarem em uma banda! E quem mesmo poderia imaginar que, a bem da verdade, e apesar de todo o mal que isto poderia representar em uma época de conservadorismo e repressão, como eram os anos 60, e em um lugar de vida dura e poucas esperanças como aquela rude cidade industrial, um pai fosse, humildemente, retirar das poucas libras que tinha no bolso para ajudar o seu filho maloqueiro e ex-presidiário em uma das maiores e mais alucinadas aventuras musicais do século XX? Confira aqui...



Imagem

Parte 2 – Uma Época de Mil Bandas
Quando saiu da prisão, o jovem Ozzy vagava pelas ruas de sua cidade cinzenta não mais do que intensamente desnorteado. Sabia que, se antes as coisas eram difíceis para ele, agora estavam, simplesmente, impossíveis! Se toda a sua intuição adolescente antes apontava-lhe o fato de que, em qualquer emprego que arranjasse, não duraria mais do que poucas semanas, e que tudo que arrumava não compensava ou não lhe dava satisfação pessoal e nem financeira, agora ele tinha certeza de que, com uma bela sentença de 6 semanas de prisão no seu curriculum, todas as chances de seguir a dita “vida normal” de Birmingham eram praticamente nulas.
Sem saber o que fazer, ele teve uma idéia mágica, que reluzia em sua cabeça de modo celestial: “Have a beer!” – é isso aí. Tomar um belo caneco de cerveja, para honrar a tradição, é a primeira coisa que um inglês recém saído do xilindró faz, e com Ozzy não podia ser diferente. Brincando com o seu próprio destino, juntou os últimos xelins que tinha no bolso de seu surrado paletó, e se mandou para o mesmo pub onde, meses antes, tinha engendrado com seus comparsas sua vida no crime.
No caminho para o pub, Ozzy encontra um velho amigo seu, que lhe perguntou o que andava fazendo. Rindo, Ozzy lhe contou das recentes “realizações pessoais” de sua vida, e convidou o cara (de cujo nome a memória esfacelada do cantor não se recorda) para tomar um chopp. Na mesa, entre um gole e outro, a conversa rolava até que parasse em um denominador comum que agradava ambos os rapazes, bem como 90% da juventude inglesa da época: música.
- Cara, eu amo eles! Você sabe, por trás da roupa e de todo os trejeitos, eles são fantásticos – osBEATLES são demais! – berrava Ozzy.
Seu amigo lhe perguntou se ele não preferia os ROLLING STONES. Ozzy disse que eles eram cool sim, muito legais, mas se Mick Jagger tinha que apelar para a afetação para chamar a atenção, os Beatles tinham um componente quente que ele admirava mais: o controle da audiência pela própria imagem deles, que falava por si.
- A platéia fica nas mãos deles. – disse Ozzy.
Já desde essa época, o futuro vocalista do BLACK SABBATH tinha uma firme concepção do papel dos grandes frontmen nos grupos de rock – o modo como Lennon e MacCartney se comportavam em palco, hipnotizando o público com os seus gestos, os seus olhares, e a postura que tinham, fascinava Ozzy. Tanto é que esta seria uma das primeiras grandes preocupações na carreira musical do cantor: anos mais tarde, como conseqüência disso, veríamos olhares histéricos, os primeiros e sensacionais headbangings da história do rock pesado, dedos em “V” levantados para a platéia insana, e corridas pelo palco batendo palmas junto com o público, estimulando a massa e conduzindo-a ao clímax da apresentação o mais que pudesse. Esse seria o Ozzy de alguns anos adiante – podia não ser tão “desafetado”, como os Beatles eram. Mas, vindo de onde veio, como diabos poderia aparentar normalidade?
Logo, o amigo de Ozzy lhe perguntou se ele já não tinha estado em uma banda, tentado participar... fazer música! A resposta foi uma gargalhada gutural, quase cortante, típica de um Ozzy doidão, seguida de um comentário galhardo, dito com o cuspe voando da boca ainda respingando cerveja:
- O que? Estás brincando, meu? A única música que eu já fiz na minha vida foi testar buzina... hahahahaha... Fui um tremendo de um maestro de carro... hahaha! É, já comandei uma verdadeira sinfonia na fábrica da Lucas Cars!
Apesar do tom de brincadeira de Ozzy, a pergunta era séria. Quem visse Ozzy saberia, imediatamente, que o moço podia até não ter muito jeito para cantar ou tocar alguma coisa, mas pelo menos empatia, do alto de seus quase 16 anos, o moço tinha. Se o assunto era a tal da postura, Ozzy possuía, já desde aqueles dias, o tal olhar rebelde e decadente que consagrou todos os grandes ídolos transgressores do rock: aquele misto de abandono e ira que estava presente na aparência de gente como Iggy Pop, Johnny Rotten ou Axl Rose, nos melhores momentos de suas carreiras, e que os fez figurar nas principais capas de revistas, pôsteres e publicações da mídia por muito tempo – e ainda faz! As imagens clássicas da juventude destes ícones, apesar de já não terem mais muito a ver com as suas aparências atuais, estarão para sempre incutidas no subconsciente coletivo do rock. Não seria muito diferente com Ozzy.
- Cara, eu acho que você deveria tentar. Acho que leva jeito. Conhece os caras do “Approach”?
- Quem? – resmungou Ozzy.
Este tal amigo de Ozzy era aparentado de um dos membros do Approach, e no mesmo dia levou o rapaz para conhecer a banda – e o guitarrista do Approach se afeiçoou tanto de Ozzy (achando o cara uma piada ambulante e rindo dele a cada três frases ditas), que fez questão que o cara participasse dos ensaios deles. Como ninguém por ali tinha muita prática, não importava muito que Ozzy não cantasse bem... ou que, afinal, não soubesse ainda cantar! Com o tempo, eles esperavam, o moço iria desenvolver algum estilo...
Imagem

Foto ao lado: O jovem Ozzy.
Havia apenas um problema: a aparelhagem. O pobre equipamento do Approach não dispunha nem de um microfone e caixa de som para o vocalista – na verdade, a banda não tinha um, pois eram bem iniciantes e ainda estavam mais preocupados em desenvolver o trabalho instrumental, chamando alguém para cantar ocasionalmente com eles, uma vez ou outra. Agora era a vez de Ozzy, e o grande problema deste era: como diabos iria arrumar um microfone e uma caixa para poder acompanhar os caras? Fascinado pela idéia de, finalmente, fazer algo que achava interessante naquela cidade parada e fedorenta, não lhe restava outra opção.
Ao chegar em casa após mais um duro dia de vagabundagem pelas ruas, Ozzy encarou seu pai e foi direto ao assunto – não sem antes sua mãe cheira-lo e excomunga-lo mais um milhão de vezes por estar novamente bebendo feito um porco, “junto daqueles indivíduos”.
- Pai, tem uns caras aí e... olha, eu acho que é uma coisa legal, pelo menos eu vou estar... bem, eu acho que vou estar tentando fazer algo...
Ozzy tropeçava nas palavras, gaguejava, hesitante e errático na sua fala exatamente como em todas aquelas vezes em que já o vimos dando entrevistas gozadas na TV ou em documentários, que entrariam para a história do escracho do rock n’ roll. Apesar de tudo, ele nutria profundo respeito e admiração pelo seu pai – um cara zombeteiro e espirituoso também chegado a uma cerveja, com rosto demencial e de pulso firme com os filhos muitas vezes, mas que dava todo o suor de si e fazia tudo pela sua família. Uma dessas figuras de grande coração.
Finalmente, o filho de seu Thomas abriu o jogo com ele – e ouviu uma lavada. O pai desabafou, dizendo-lhe que era o que faltava – o garoto tinha acabado de sair da prisão, não se ajeitava em serviço nenhum, e agora queria uma caixa de som e um microfone que deviam ser uns 50 dólares! Ozzy não falou nada. Permaneceu estático defronte o pai, olhando-o com uma cara triste, e abaixou a cabeça. O velho não estava com a razão? Como discutir? Pensou em esbravejar, pensou em falar “que lugar de merda”, “o que raios se pode fazer por aqui?”, mas não. Resolveu ficar calado. Mr. John Thomas Osbourne ficou fitando o filho por alguns segundos e, num daqueles instantes mágicos em que o rumo da história do mundo muda, pensou: “Ora bolas... deixa pra lá. E se o menino fizer algo bom com isso... e se for realmente o que ele precisa?”. Num daqueles arroubos de lógica das pessoas simples, provavelmente deve ter pensado: “se ele já foi preso, se já não arruma emprego e está chegando ao fundo do poço, com isso ou agora ele cai de vez, ou se levanta pra valer. Ou vai... ou racha”. E, após pensar por alguns minutos, pôs a mão no ombro esquerdo do filho e falou: “Tudo bem... a gente vai ver o que consegue. Vou falar com um amigo meu amanhã... Vamos ver.” E um brilho de esperança se acendeu no olhar de Ozzy.
Mamãe Lilian, como era de se esperar, foi contra a idéia desde o início – mas se conteve em resmungar algo com Thomas e respeitou a sua decisão. No fundo, ela sabia que o jovem Ozzy não tinha salvação mesmo.
Imagem

Foto ao lado: O rei das trevas em família: um raro momento de Ozzy com seus pais, depois da fama – esta foto é de 1970. Repare como a Sra. Lilian Osbourne parecia bem mais velhinha que o adorado pai de Ozzy, Sr. John Thomas Osbourne
E aqui foi onde começou a verdadeira trajetória musical de Sir OZZY OSBOURNE.
O Approach não era exatamente o que se esperava de uma boa banda de rock, que era o que Ozzy almejava desde o início – estavam mais para imitadores de blues e alguns poucos hits de rádio da época. O som, no entanto, para quem teve a oportunidade de escutá-los, soava horrível – principalmente com Ozzy ainda se esforçando para aprender a cantar. A verdade é que o estilo dos caras – um rythim and blues do crioulo doido – não caía bem de jeito nenhum para a já gutural e famosa voz cavernosa e chorosa que Ozzy começava a desenvolver. Eram dois estilos diversos que, definitivamente, não se casavam.
Lutando para serem incluídos no circuito de shows em pubs e escolas da região, o Approach fez apenas uma pequena apresentação com Ozzy, em uma festinha de colégio na própria Birmingham, no início de 1967 – onde foi tirada a hoje rara primeira foto de Ozzy como frontman, que de tão fora de foco e mal iluminada, poucos detalhes nos dá da aparência do cantor na época. Apenas pode se dizer que era, ainda, um rapaz magricela de cabelos mal cortados, camisas rotas emprestadas e calças de brim rasgadas – por serem as únicas que ele usou durante muito tempo!
Imagem

Foto ao lado: A histórica foto do primeiro show de Ozzy Osbourne (1967), ainda com o Approach. Pertence ao arquivo particular do cantor – repare nas próprias inscrições a caneta que ele escreveu indicando que era ele, pois ficou quase invisível! A postura sorumbática e o modo esquizóide de pegar o microfone, no entanto, já estavam lá.
Ozzy, então, deixou o Approach – durante os ensaios e jams da banda, conhecera o pessoal de um tal “Music Machine”, grupo que despontava em Birmingham na época por ter um talentoso guitarrista, que conseguia tirar qualquer som das famosas e delirantes bandas de sucesso inglesas em seu instrumento. Seu nome? Terence ‘Geezer’ Butler, nascido em 17 de agosto de 1949, Birmingham. Isso mesmo que você leu: guitarrista. Na época, o moço ainda nem sequer sonhava com um contrabaixo. Geezer e Ozzy ficaram tão amigos que o primeiro não resistiu, e sugeriu aos seus colegas de banda: “por que não pegamos aquele louco do Approach para ser nosso vocalista?”. O Music Machine vinha tendo problemas com o cara que cantava para eles – um sujeito que andava se achando meio “estrela”. E o humilde e beberrão Ozzy, que entusiasmava todo mundo na base dos berros, piadas e cervejada, veio se incluir nas fileiras do Music Machine.
Imagem

Foto ao lado: Geezer Butler, em um momento de êxtase num dos lendários shows da banda
Enquanto isso, do outro lado da cidade, o tal grupo “The Rest”, de Tony Iommi e Bill Ward, tinha chegado a um impasse – de uma tacada só, vários de seus membros vazaram, deixando Tony e Bill na mão. Aquela estória de sempre: um acha que dá mais lucro parar com esse negócio de música e voltar a estudar, outro resolve viajar e nunca mais aparece, outro se casa... Tony, então, resolve reinventar tudo e rebatiza a banda com o nome “Mythology” – ele e Bill se juntam a mais três caras e continuam a sua louca jornada de misturar blues pesado com jazz, uma piração total. O som da banda incluía até um saxofonista bem porra louca!
É engraçado, mas durante este espaço de tempo, o Music Machine, de Ozzy e Geezer, e o Mythology, de Tony e Bill, não chegaram a se cruzar em lugar nenhum. É Tony quem se recorda: “O circuito de shows em Birmingham era muito limitado e estranho – eram só bares, algumas festas de colégio e feiras culturais, coisas desse tipo. Mas cada grupo acabava ficando muito restrito ao seu próprio habitat, pois haviam muitas ‘panelinhas’, e se você não era amigo dos caras da escola tal, você não podia ir tocar lá. Por causa das eternas rixas de colégios e das brigas de torcidas de futebol, tudo era levado para o lado pessoal, e dependendo do lugar, era melhor você nem dar as caras com uma guitarra por lá, ou você poderia ser linchado...”. Entendeu, né? Em Birmingham, às vezes, torcer ou não para o West Ham ou outro time qualquer poderia determinar o futuro de sua banda. Bairrismo inglês é pouco...
De repente, o Music Machine também desanda – e Ozzy e Geezer, sem bem saber o que fazer, recrutam metade deles e formam o “Rare Breed”. Ozzy se gaba desta época como aquela em que ele “participou de mil bandas”...
E, só pra variar, o Rare Breed dura só alguns meses, e também rui. Já estamos em março de 1968, e, até agora, se Ozzy levou uns trinta xelins para casa como resultado de sua “nova profissão”, foi muito. Mas tudo bem: a felicidade de seu Thomas e sra. Lilian residia em, pelo menos, saber que o seu filho não havia sido preso de novo...
Ozzy, então, leva um daqueles sussurros mágicos do destino no ouvido – só não me pergunte se foi de um anjo ou de um capeta! Uma bela manhã, ele vai à redação do Diário de Birmingham, um jornal local, e manda pôr um anúncio:
- Publica essa porra aí... Se isso não me ajudar, nada mais pode.
O anúncio, em letras miúdas e mal impressas, dizia assim: “OZZY ZIG – VOCALISTA – PROCURA BANDA – POSSUI EQUIPAMENTO PRÓPRIO”. O equipamento, lembrem-se, eram o velho microfone e a caixa de som, conseguidas pelo pai de Ozzy de segunda mão.
Apesar de pequeno e econômico, o anúncio chamou a atenção de grupos da cidade – não era comum, na época, em Birmingham, um vocalista já possuir equipamento próprio. Geralmente, os garotos eram colegas de escola, se reuniam para tocar e, juntos, iam fazendo uma vaquinha, arrecadando uns cobres aqui e acolá com bicos, até comprarem os instrumentos e o equipamento. Ozzy se inspirara no que acontecia na capital, Londres, onde os melhores músicos, os caras de cacife, e já auto-sustentáveis, se dispunham a novas experiências musicais em notas de revistas e jornais – foi assim que várias boas bandas da época se formaram, como, por exemplo, o Herd, de Peter Frampton, ou até mesmo a formação pós-Gillan do DEEP PURPLE, anos depois, quando David Coverdale foi escalado após um concurso que a banda realizou com aspirantes a roqueiro que punham anúncios nos jornais.
A primeira pessoa a ir atrás do vocalista, no entanto, foi o jovem Tony Iommi – ele se lembra com humor, até hoje, de ter pego aquele jornal, olhado bem para o anúncio, e amaldiçoado: “Diabos! Não pode ser! Esse não pode ser o mesmo Ozzy em quem eu costumava dar um couro no primário.” Era. E logo Tony pôde constatar que o ex-colega de escola, a vítima das surras da pequena gangue de Tony na infância, era mesmo o tal carinha do anúncio, ao aparecer na casa dele junto com Bill Ward para responder ao anúncio. Ao se reencontrarem, Ozzy e Tony deram boas risadas lembrando do passado – não sem antes Ozzy lhe prometer uma bela revanche. Na verdade, essa promessa acabou se tornando uma dívida cara, cumprida ao longo de muitos anos, quando Ozzy saiu do BLACK SABBATH e carregara grande parte da marca e do carisma da banda, deixando Tony e o grupo amargarem um ostracismo e descrença de décadas...
Voltando ao presente, então, Ozzy, Tony e Bill começaram a conversar sobre música, e sobre as propostas que eles tinham – de alguma forma, sob a vital influência de Bill, elas se casaram. Tony tinha os dois pés atrás, e mais algum se houvesse, em fazer algo em parceria com Ozzy – as idéias do garoto sobre rock podiam ser legais. Do que o guitarrista nunca gostara mesmo era o comportamento de Ozzy – opinião essa que até hoje, diga-se a verdade, não mudou muito. Mas Bill, de cara, teve grande empatia com Ozzy, e até hoje eles são os mais ligados dentre os quatro clássicos membros do BLACK SABBATH. Encorajado por Bill, Tony finalmente topou, e marcaram um ensaio. Na noite do mesmo dia, Ozzy aparece na casa de Geezer, e lhe diz em tom de euforia: “Esqueça o Rare Breed e outras merdas. Agora realmente vamos ter uma banda legal!”
Imagem

Foto ao lado: O homem por trás da porradaria do Black Sabbath: a fera Bill Ward
Ozzy já havia ouvido alguém falar no Mythology (que também já estava se desmanchando), e em como o seu guitarrista e baterista eram bons e realmente impressionavam ao vivo. Era atrás disso que ele mais corria em seus dias de Birmingham – um grupo que surpreendesse ao vivo, que pegasse todo mundo despreparado enquanto no palco. Em suma, o que ele achava legal nos Beatles.
E então, uma semana depois, lá estavam eles – e a jam deu certo.
Abril de 1968 marca, pois, o início da trajetória de uma das mais fascinantes e inventivas bandas de rock pauleira de que já se teve notícia – ainda que em um formato bem diferente. Inicialmente, por exemplo, até que Geezer resolvesse passar para o baixo, ele e Tony se revezavam nas guitarras, e muitas das vezes, enquanto Geezer fazia a parte rítmica, Tony tinha espaço para se esmerar no slide guitar, aquela técnica clássica de tocar com uma bottleneck deslizando sobre as cordas, tão utilizada por Brian Jones dos ROLLING STONES, ou pelos Alman Brothers, e, de forma magistral, por Ry Cooder. Algum tempo depois, Geezer resolveu pegar no baixo e deixar só Tony na guitarra, uma vez que o estilo seco e direto deste, aos poucos, foi se acomodando melhor com o tipo de música que estavam desenvolvendo.
O grupo, então, se chamava Polka Tulk, que era o nome de uma marca de talco cuja lata Ozzy, um dia, encontrara no banheiro de um dos pubs que ele mais freqüentava – como ele estava trêbado neste dia, imaginem o que ele fez com essa lata, dada a sua fama de gostar de aprontar com os outros quando suspenso em estado etílico. Basta dizer que alguém o expulsou do pub aos chutes, neste dia, por ter recebido um inesperado banho de urina...
Nesta época, o grupo consistia de Ozzy (vocais), Bill (bateria), Geezer e Tony (nas guitarras), Jimmy Philips (no baixo), e um tal de Clark - é simplesmente assim que se referem a ele, e é o sujeito que tocava saxofone e demais instrumentos nas loucas incursões jazzísticas do grupo. Ozzy odiava esses momentos – foi o que, na verdade, sempre fê-lo amaldiçoar o som do Sabbath durante muitos e muitos anos. “Iommi sempre gostou dessas entediantes trips de jazz – no palco, ele ficava fazendo aqueles solos enormes de jazz. Jazz num show do Black Sabbath? Ridículo! Eu ficava olhando do lado do palco, rangendo os dentes” – declaração de Ozzy dada em 1981, dois anos após ter deixado o Sabbath. Ozzy queria o peso, o rock pauleira – ele queria agitação.
Com o passar do tempo, no entanto, inicia-se a conspiração de Ozzy, dentro do grupo, para que o som da banda fique cada vez mais pesado e espirrem fora os seus componentes desnecessários – ele já vislumbrava uma formação clássica, de quarteto, aos moldes do que várias bandas de Londres vinham fazendo, se tornando mais pesadas e dispensando as instrumentações e viagens desnecessárias. Era o caso dos Yardbirds, que no ano anterior tinham se transformado definitivamente em um quarteto com Jimmi Page na guitarra, e agora estavam prestes a se transformar no Led Zeppelin! Foi assim que Ozzy começou a chamar a atenção de todos para o fato de que, nos shows que o grupo vinha fazendo em pubs, ninguém vinha prestando muita atenção neles. Enquanto todos ficavam papeando nas mesas, matando suas canecas de cerveja e lambiscando pretzels e fritas, a banda ficava lá, no palco, dando o sangue e se esforçando naquelas pretensiosas viagens jazzísticas. “Para o quê, afinal? Servir de trilha sonora para os caras ficarem ganhando as minas e comerem elas depois de alguns goles – é pra isso que a gente toca?”, esbravejava Ozzy. Noutra feita, ele teve uma conversa séria com Tony:
- É o seguinte: ou a gente aumenta o volume dos P.A.s, ou ninguém vai prestar um caralho de atenção na gente. Temos que tocar alto, Tony. Temos que fazer a coisa o mais ensurdecedora o possível! Temos que atingir eles, chamar sua atenção – ou senão, como é que raios você quer que a gente chame a atenção de alguém, de algum empresário ou promotor de shows, ou até mesmo de um agente de gravadora? Nunca vamos arrumar um contrato para gravação assim.
Ozzy, raposa velha que só ele, sabia que um dos grandes interesses de Tony era sobreviver da música, se tornar realmente profissional e gravar – ele não queria voltar para a fábrica onde trabalhava para perder mais dedos em torneadoras! Era esse também o interesse, confesso, de todos por ali.
No decorrer do ano de 68, então, as coisas começam a mudar – e perceptivelmente.
Nos palcos dos pubs onde tocam, o Polka Tulk começa a inovar, e não obstante angariam a polêmica em seu caminho. O volume exagerado dos amplificadores e caixas de som – realmente elevado ao máximo – perturba o bate-papo de quem vai aos barzinhos para simplesmente beber e se distrair. Não raras foram as brigas de Ozzy e cia. com inúmeros donos de pub de Birmingham e região, que teimavam em desligar a aparelhagem antes do show terminar e expulsavam a banda. Invariavelmente, recebiam, como resposta, as vigorosas cusparadas de um ébrio Ozzy, xingando tudo: “Obrigado, seu viado velho! Temos a honra de nunca mais voltarmos a este puteiro de merda para tocar!!!”. Por outro lado, este caráter underground do grupo logo lhes relega uma fama e notoriedade típicas das mais controversas e polêmicas bandas do rock, e os primeiros fãs já começam a surgir e a segui-los aonde quer que toquem. Mirem-se nesta lição de integridade, futuros roqueiros: gente que acompanha o seu grupo e vai aos seus shows pelo que eles são e pela sua música, e não para ficar simplesmente batendo papo e ficar seduzindo as minas para um motelzinho, como Ozzy costumava dizer.
O inevitável acontece: Jim Philips e Clark deixam o Polka Tulk, cansados do festival de pancada sonora e de brigas e porradaria em que os shows da banda se transformaram, sob influência de Ozzy. E aí sim, nasce o Earth.
O motivo da mudança de nome do grupo para Earth, segundo Tony, é o de que, como agora eles eram um quarteto, a nova formação precisava de algo marcante para ser reconhecida. Esta é a versão oficial. Na verdade, o Polka Tulk virou Earth justamente para não ser tão reconhecido – como a fama do Polka já estava queimada, devido às brigas homéricas de Ozzy com donos de pubs, seria legal eles ressurgirem como Earth e, assim, animar alguns promotores de shows e donos de bares a contrata-los novamente. A clássica formação já do que viria a ser o grande BLACK SABBATH (Ozzy, Tony, Geezer e Bill) continuou, no entanto, fazendo a mesma coisa de antes – se não pior. Tony via, agora, que Ozzy estava com a razão: aumentar o volume e dar ao som da banda uma personalidade básica e distintiva de tudo o que se fazia até então era realmente um bom negócio, e o apoio dos pioneiros fãs do grupo sempre foi muito importante, desde o início, para que continuassem neste caminho, sempre se impondo. Logo, quase todos os garotos de Birmingham tinham virado fãs do Earth, e sabiam que o show da banda era uma oportunidade única para pularem, gritarem e agitarem, pondo todos os seus demônios para fora numa exaltação ao rock n’ roll. Realmente, já desde os primeiros tempos, Ozzy e cia. garantiam essa performance animada e o som agitado que se tornaria uma de suas marcas registradas ao vivo. Era o nascimento do heavy metal, como o conhecemos! O Earth começa a dar seus primeiros shows em cidades vizinhas, e o sucesso começa a, timidamente, lhes bater a porta...
Uma das estórias mais engraçadas desta época é que, dado o êxito inicial que o grupo vinha tendo em apresentações, eles foram chamados para tocar em uma festa que haveria em um grande salão de Birmingham, uma espécie de banquete em que seria comemorado o aniversário de uma tal instituição de Lordes Comerciários de Birmingham... algo assim, como dizia Bill. Coisa chique. E o evento era tão grã-fino, que o jovem empresário que os contatou levara, junto com o contrato para fazerem o show, quatro ternos brancos, de gala, para que se vestissem para o concerto! Geezer e Tony ficaram boquiabertos quando viram aquilo. Bill ainda sussurrou: “será que esses caras não estão nos confundindo com alguém... quero dizer, eles sabem quem somos nós?”, ao que Ozzy retrucou: “Ah, deixa pra lá... Além do mais, se não sabem, vão ficar sabendo”. A aparência do vocalista, nesta época já com uma cabeleira enorme, roupas velhas e sujismundas, e frequentemente visto andando descalço (todo o seu dinheiro ia embora em bebedeiras e novos equipamentos para a banda, e seu único par de sapatos estava em estado deplorável), com certeza assustou muito o rapaz que os contratou, fazendo-o imaginar se havia feito a coisa certa. De qualquer forma, quando terminaram de se vestir para ir tocar na tal festa, Ozzy achou o maior barato os quatro daquele jeito, e fez questão que seu irmão tirasse umas fotos deles. “Foi a primeira vez, na minha vida, em que eu realmente vesti roupas!”, brincaria o vocalista.
Imagem

Foto ao lado: O grupo Earth – a um passo de se tornar o Black Sabbath, os quatro já estavam ali – da esquerda para a direita, Bill, Geezer, Ozzy e Tony! Esta é uma das fotos tiradas antes do clássico “concerto de ternos” que eles deram, apavorando uma legião de ricaços locais de Birmingham. Repare no clima de gozação do grupo – e na cara de menino de Ozzy, ainda bem novinho.
Na tal cerimônia, tudo ia indo bem – os convidados chegando, brindes de taças de champanhe, muita conversa e apresentações formais. Até que o grupo subisse ao palco.
- Veja, Bill. A mesma putaria de sempre. A única diferença é que aqui eles são bem vestidos, mais silenciosos e dão menos na cara. Vamos acabar com isso. – resmungou Ozzy, já levemente mamado de alguns drinques da festa – muito especiais, aliás, para um garoto de boca suja só acostumado a cerveja barata de pubs fedorentos.
E dá-lhe som! O grupo despejou o seu peso habitual e incomum na audiência desavisada – e que horror! Algumas senhoras da high society de Birmingham ficaram apavoradas e pediram para ser retiradas dali pelos seus maridos. Alguns comerciantes e fazendeiros ricos da região arregalavam os seus olhos o mais que podiam – não podiam acreditar no que estavam vendo, e muito menos no que estavam ouvindo! Os mais jovens, por outro lado, começaram até a curtir, sob os olhares censuradores de seus pais. Aquilo era um ultraje. Das caixas de som no palco, irrompiam os acordes tonitruantes de algumas poucas composições próprias – dentre elas uma nova, chamada “The Rebel” – e covers de Elvis (“Blue Suede Shoes” era uma das preferidas de Ozzy – a versão do Earth para ela pode ser ouvida em alguns discos piratas do BLACK SABBATH com registros dessa época). Tudo tocado na já conhecida levada mastodôntica do Sabbath. A fleuma britânica dos anfitriões da festa, no entanto, não lhes permitiu parar o show dos rapazes no meio (e na raça, como os boquirrotos donos de bares faziam), e o olhar selvagem de Ozzy para todos eles enquanto cantava (quer dizer, berrava) deve, em muito, ter contribuído para isso. Ao final de 50 minutos de tortura sonora para a tal sociedade dos lordes comerciantes, entremeados por alguns instantes para os membros do grupo tomarem mais alguns goles e acertarem o que tocar, o set estava terminado – para indescritível alívio da audiência em pânico. Desnecessário dizer que a festa fora arruinada, e quase todos os convidados já haviam ido embora. Que ironia, não? Quem poderia imaginar que estava perdendo um dos mais controversos shows daqueles que, um dia, se tornariam os mais ilustres filhos de Birmingham, que hoje em dia dedica um dia especial a eles?
Podemos dizer que aquele foi o dia em que o rock deu uma cusparada, da forma mais direta possível, na cara da burguesia. E por engano! Engano esse, entretanto, que não passou despercebido, e deixou os rapazes da banda em alerta: havia já, na época, uma outra banda na região chamada “Earth”, que foi a banda que era originalmente cotada para tocar na tal festa, e com quem eles foram confundidos, e não se passou muito tempo, logo surgiria também, na Inglaterra, a Manfred Mann’s Earth Band, do ex-líder da famosa banda de pop inglês, e que poderia, também, gerar confusões e mal-entendidos, caso um dia Ozzy e cia. ganhassem maior projeção. Levando tudo isso em conta, Tony e os outros logo começaram a pensar em um outro nome para o grupo – e este sim, se tornaria definitivo...

Para que fosse possível a realização de nossa pesquisa, foi consultado o seguinte material:
Black Sabbath: The OZZY OSBOURNE Years
by Robert V. Conte, C. J. Henderson

Paranoid: Black Days With Sabbath and Other Horror Stories 
by Mick Wall - Paperback

Ozzy Unauthorized
by Sue Crawford - Paperback

Ozzy Talking: OZZY OSBOURNE in His Own Words
by OZZY OSBOURNE, Harry Shaw - Paperback

Black Sabbath: An Oral History
by Mike Stark, Dave Marsh (Editor) - Paperback

Top Rock especial: BLACK SABBATH – A História
Luiz Seman

A História do Black Sabbath
Revista SHOWBIZZ Especial

A Família Black Sabbath
pôster – Antonio Carlos Miguel, Ed. Som Três