27 de novembro de 2010

Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 4

Toda a década de 80 e começo dos anos 90 apresentaram o maior explosão do hard rock já visto e desde o início o forte mercado musical norte-americano foi moldando este estilo, muitas vezes em detrimento da qualidade musical. De qualquer maneira, surgiram bandas com tamanho poder de fogo que são lembradas até hoje, e, na esteira deste fenômeno, começaram a pipocar pelo mundo todo uma infinidade de bandas tentando acompanhar a tendência.


Muitos destes conjuntos não possuíam nenhuma identidade, outros foram “americanizando” seu visual e música, tentando obter um lugar ao sol. E no meio desta briga de galos (Oops!! Ou seriam pavões???), apareceram bandas que colocaram excelentes discos no mercado, porém infelizmente acabaram sendo absorvidos pela imensidão de lançamentos medíocres e muitas vezes passando despercebidos pelo grande público.
Ressalto ainda que alguns destes grupos nem faziam questão de ter um visual andrógino e até tiveram seus poucos momentos de glória, porém ficou apenas nisso. São registros válidos que vale a pena serem lembrados e até mesmo conhecidos pela geração mais nova de apreciadores do hard rock.

D.A.D.
No Fuel Left For The Pilgrims
(1989 - Warner Bros. Records)

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Provavelmente poucos se lembram desta banda dinamarquesa, que iniciou suas atividades em Copenhague no ano de 1985 sob o nome de “Disneyland After Dark”. Tendo em sua formação Jesper Binzer (voz e guitarra), Jacob A. Binzer (guitarra), Stig Pedersen (baixo) e Peter L. Jensen (bateria), lançaram dois discos independentes, numa mistura de música country, punk e rock´n´roll, combinados com boas doses de humor irreverente, o que lhes rendeu boa reputação em seu país.
De olho na recepção calorosa do público durante as apresentações excêntricas (para não dizer malucas) da banda, a gravadora Warner os contrata, porém a Disney não permite que um conjunto use um nome que torne seu reino da fantasia tão obscuro. Entre entraves judiciais, os músicos optam pela simplificação D.A.D. e colocam no mercado mundial “No Fuel Left For The Pilgrims” em 1988. Deixando de lado a faceta punk e country, sua música ficou limitada a um simples hard rock, porém não menos brilhante. Seja nas letras sarcásticas ou nos seus apelos delirantes para a sociedade, o que importa é que este foi um dos melhores discos desta banda.
“Sleeping My Day Away” abre o álbum e já se tem uma noção do estilo da vida noturna deste quarteto. Esta canção é o maior clássico da banda e tocada em todas as suas apresentações. Destacam-se praticamente todas as faixas, numa sonoridade que a banda conseguiu colocar algo somente seu, aquela característica que tantos grupos se esforçam para conseguir e poucos conseguem chegar lá. Este disco teve relativo êxito na Europa, onde conquistaram uma legião de fãs, porém nos EUA, que eram o maior objetivo do D.A.D. - e provavelmente de todas as bandas desta época - o disco passou praticamente despercebido.
O D.A.D. não desiste, lançando o muito bom “Riskin It All” em 92, na mesma linha de seu antecessor, sempre com os olhos voltados para o mercado norte-americano, mas nada acontece novamente... A banda fica de molho por praticamente quatro anos, até voltar à ativa. Mudaram de gravadora e de sonoridade, que deixou de ser tão festiva, porém as letras continuaram com seu típico sarcasmo. De qualquer maneira, não deu certo mesmo. D.A.D. continua lançando alguns poucos discos até 2002, porém são bem diferentes desta pérola hard rock. Tocam até os dias de hoje e ainda tem seus fãs. Europeus, é claro...

Waysted
Save Your Prayers
(1986 – EMI)

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Com certeza muitos já ouviram falar do britânico Pete Way, o espalhafatoso baixista do grande UFO. Pois bem, depois de tantos problemas que culminaram no término desta banda, Pete passa brevemente pelo Fastway (junto com Fast Eddie Clark, recém-saído do Motorhead), que também não tem resultados satisfatórios. Como possuía inúmeros contatos no mundo da música, em 1983 decide montar o Waysted junto com o amigo Paul Chapman, que também tocou no UFO após a saída do esquentado Michael Schenker.
O Waysted lança um álbum apenas no Japão e outros dois discos medianos pelo selo Music For Nations. Entre seus discos vários integrantes passaram pelo conjunto, entretanto, foi com o cantor hoje famoso Danny Vaughn (Tyketto), Paul Chapman na guitarra, Pete Way no baixo e John Diteodoro nas baquetas que realmente acertam a mão, lançando “Save Your Prayers” em 86, que é muito bem recebido pela mídia especializada, que considera até hoje seu grande álbum.
Neste seu quarto registro regravaram “Heaven Tonight”, ótima faixa que constava no disco anterior e todo este trabalho possui uma sucessão de canções fantásticas com grande apelo comercial, que não perderam seu brilho após todo este tempo. Peso, arranjos e refrãos bem elaborados foram um sucesso na tour que se seguiu após seu lançamento.
Mesmo com este excelente “Save Your Prayers”, infelizmente vários novos problemas começam a emperrar o desenvolvimento da carreira do Waysted. Primeiramente, Danny Vaughn se decepcionou por co-escrever partes de algumas canções deste álbum e não ser devidamente creditado por isso. A gravadora também rompe com a banda e Pete Way resolve então se concentrar na restauração do velho UFO - que novamente não deu muito certo.

Georgia Satellites
Georgia Satelites
(1986 – Elektra Records)

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Honestidade. Essa é a palavra que resume esta banda e este disco. A proposta musical aqui é totalmente deslocada de seu tempo, ou melhor, do “hard poodle” cheio de purpurina e maquiagens tão em alta no mercado. Musicalmente, são somente aqueles três acordes básicos e perfeitamente conjugados que foram as raízes do velho rock´n´roll.
Georgia Satellites teve início num bar de Atlanta pelo guitarrista Rick Richards e o baixista Rick Price. Após escutarem a voz de Dan Baird, quiseram de qualquer maneira que este fizesse parte da nova banda e, por fim, recrutam o baterista Mauro Magellan. Tendo Dan como principal compositor, colocam no mercado o EP “Keep The Faith” com seis canções, que saiu por um pequeno selo inglês.
Para este seu debut, o quarteto caprichou nas referências musicais de seus ídolos Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Bo Diddley, Stones, primórdios de Faces e Rod Stwart e, acrescentando doses de sujeira e distorção nos instrumentos, lançam este auto-intitulado Georgia Satelites. Como soa? Pegue as referências acima citadas, misture com RAMONES e muito hard rock e você terá uma sonoridade bem aproximada.
Estouram com a grudenta “Keep Your Hands To Yourself”, que somente não alcançou o primeiro lugar nas rádios por causa de BON JOVI e sua “Living On A Prayer”, que tomou conta do espaço. A banda fica impressionada com a repercussão, porém não há do que se espantar, pois este álbum é recheado de músicas excelentes como “Battleship Chains”, “The Myth Of Love”, “Nights Of Mystery” e o cover de Rod Stewart para a canção “Every Picture Tells a Story”. Um registro cru e de grande intensidade.
A banda segue adiante, lapidando suas músicas e continuando a lançar bons discos, porém não tão diretos como este. O Georgia Satellites se desfaz no início da década de 90, com seus integrantes trilhando outros caminhos, tendo Dan seguindo uma carreira solo para depois formar o Yayhoos e Richards participando do primeiro álbum de Izzy Stradlin após deixar o Guns.

Kingdom Come
Kingdom Come
(1988 - Polygram Records)

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Kingdom Come é uma das bandas mais azaradas que já ouvi falar, e tudo por causa da semelhança da voz de seu líder Lenny Wolf com a de Robert Plant, do Led Zeppelin.
A banda foi formada na Alemanha por Lenny Wolf nas vozes, Danny Stag e Rick Steier nas guitarras, Johnny B. Frank no baixo e James Kottak na bateria e, enquanto as músicas estavam sendo elaboradas, conhecem o famoso produtor Rob Rock, que aprecia as composições e se prontifica para gravar seu debut.
O resultado final deste disco tem uma das melhores gravações que escutei nesta época, tudo soando muito límpido e poderoso. A faixa “Get It On”, quando chega às rádios, gera muita polêmica e especulação em função da já citada similaridade das vozes, sendo que muitos ouvintes acreditaram que seria uma reunião do extinto LED ZEPPELIN, vê se pode... É inegável esta semelhança com as vozes, porém a sonoridade aqui é bem mais moderna, pesada e sem as investidas viajantes que o LED ZEPPELIN fazia em suas canções.
De qualquer maneira, quando este disco chega às lojas, vende de cara 500.000 cópias e logo se torna disco de ouro. Tocam em grandes festivais e com grandes grupos da época, mesmo com a crítica e público sempre caindo pesado em cima da banda, chamando-os de Kingdom Clone, banda cover, e por aí vai.
Mesmo com tanta controvérsia, entram em estúdio no ano seguinte para gravar “In Your Face” que, mesmo com boas canções, novamente são detonados pela semelhança com o Led e a situação começa a se tornar insustentável, com os membros partindo para outras alternativas. Somente Lenny ainda segue com o nome Kingdom Come, gravando alguns poucos trabalhos, porém mesclando seu hard com algo da tendência musical do momento e sempre sendo lembrado deste primeiro e tempestuoso registro e sua voz semelhante com vocês já sabem quem...

Vixen
Rev It Up
(1990 – EMI

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O peculiar Vixen surgiu a partir da idéia de se montar uma banda só de mulheres que deveriam ser atraentes, porém a música deveria estar em primeiro lugar e ser motivo de orgulho. Para tanto, a guitarrista Jan Kuennemund somente aceitou como membros garotas com formação musical e que a afinidade pelo rock´n´ roll fosse latente. As meninas selecionadas foram Janet Gardner nas vozes, a baterista Roxy Petrucci (ex-Madam X) e no baixo Share Pedersen.
Obviamente que com um time deste porte começam a chamar muita atenção, passando então a tocar com algumas bandas de certo status, como Cheap Trick, Malmsteen e Night Ranger, excursionando por todo o EUA e partindo para fronteiras distantes como Coréia e Japão. Conseguem ainda incluir seis de suas músicas na trilha sonora do filme “Hondbodies”, e atentem que até aí o Vixen não tinham nenhum registro lançado.
Mas tanto esforço sempre gera frutos. Contratados pela gigante EMI, debutam com um álbum auto-intitulado em 1988, que estoura em seu país tanto pela ótima música quanto pela sua já famosa beleza feminina. Vixen se torna a banda de hard rock feminino mais famosa dos anos 80, com inúmeras excursões, entrevistas, tudo pelo que batalharam estavam conseguindo agora.
Em 1990 lançam seu segundo registro chamado “Rev It Up”. Porém, talvez pelo fato de uma banda só com mulheres já não ser algo que causasse tanto impacto num mercado volúvel como o norte-americano, este álbum não atraiu o mesmo nível de atenção que o trabalho anterior. E não dá para entender, pois apresenta 11 faixas coesas, que são puro hard rock num clima de alto astral prá lá de contagiante; suas composições tem uma estrutura muito superior! Quando lançado, não havia quem escutasse suas canções e tivesse esta impressão, porém o Vixen amargou certa negligência por parte da mídia com um grande álbum em mãos.
Com o grunge em ascensão, a banda acaba por se dissolver, voltando somente em 1998 com a formação alterada e apresentando o fraquíssimo “Tangerine”, com uma leve sombra de sua antiga música mesclada com muita coisa bem alternativa, obtendo um resultado final de gosto bastante duvidoso. Na homepage do Vixen há sinais de um retorno com a banda totalmente reformulada, porém tudo ainda parece estar muito incerto. É esperar para ver.

Guardian
Miracle Mile
(1993 – Pakaderm Records)


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Guardian é uma banda cristã que muita gente por aí desconhece. David Bach (baixo) e Tony Palacios (guitarra) deram início ao conjunto em 1985 na cidade de Los Angeles, em plena efervescência de conjuntos ligados às drogas e sexo. Adicionam o vocalista Jamie Rowe e o baterista Karl Ney ao grupo, levando adiante o projeto de mostrar o que o “Senhor fez em suas vidas” e, mesmo sendo motivo de piada para muitos, logo assinam com a Vertigo e lançam seu primeiro disco. Não satisfeitos, partem para um pequeno selo cristão chamado Pakaderm e a partir daí começam a chamar a atenção do público mais voltado para o lado espiritual e que, mesmo assim, curtia rock´n´roll.
E seus músicos eram realmente criadores intensos. “Miracle Mile”, de 1993, é seu terceiro registro e comprova isto, apresentando um trabalho gráfico muito bonito, letras reflexivas, uma gravação impecável e a atuação dos músicos são soberbas. Claro que nada disso contaria se as canções não fossem boas, o que não é o caso aqui. A voz de Jamie chama a atenção, a guitarra tem ótimo timbre, sendo que Palacios tem realmente afinidades com seu instrumento e tudo isso vem muito bem acompanhado por uma cozinha consistente. As faixas são bastante melódicas, cheias de swing e com boa dosagem no peso. Os bons garotos do Guardian aumentaram em muito sua reputação com este trabalho.
A vida continua com Guardian se apresentando por diversos países e lançando inúmeros trabalhos, sendo que muitos deles fogem bastante da sua proposta inicial de tocar hard rock. Fato curioso é que em 1998 colocaram no mercado um disco de covers chamado “The Yellow And Black Attack Is Back”, adivinhe de quem? Stryper! Reproduziram todo este álbum! Se algum dos leitores aí for curioso, navegue pela internet e procure pela capa deste disco, que é de uma cara-de-pau digna de uma banda cristã que é fã do Stryper.

Backsliders
National Nightmare
(1987 – FM Revolver Records)

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Realmente, estas linhas são, de coração, para bandas como Backsliders. Vindo da gélida Finlândia, três amigos motoqueiros, amantes de uma vida onde se aproveitassem seus prazeres mais simples - beber e transar - montaram este conjunto sem pretensão alguma. Marko Asser Hirsma (voz e baixo), Danny Eklund (guitarra) e Ana haglund (bateria) formaram uma legião de fãs com seu rock ´n´ roll básico e sujo. Sua música ficou praticamente limitada aos bares por onde tocavam e achar seus discos hoje em dia é realmente complicado, principalmente os três primeiros.
“National Nightmare” é seu terceiro registro e o último como um trio. Aqui tudo cheira a graxa, gasolina e garagem. Ao contrário dos conjuntos onde seus membros se apresentavam como motoqueiros sobre Harleys incrementadas de acessórios reluzentes, este trio estava sobre grandes motos estouradas, de uma simplicidade ímpar, que eles mesmos montavam de acordo com suas vontades.
Impossível escutar sua música e não se impressionar com algo tão espontâneo. Canções como a faixa-título, “Gotta Be Right” e “Undertaker”, com suas incríveis linhas de contrabaixo, que quase solam no decorrer das canções. Ou ainda o refrão rebelde e pegajoso de “Hear Me Howlin” e o cover para “Snakeskin Cowboys” de Ted Nugent, que são meros aperitivos para o que é realmente este álbum. A quantidade de motoqueiros que angariavam como fãs aumentava por onde tocassem.
Após este registro, a banda adotou mais dois membros em sua formação e continuaram lançando seus sempre bons discos, com um ou dois covers sempre presentes. Mas no decorrer dos anos de estradas e bares, mais precisamente em 1991, seu mais novo guitarrista Albert Järvinen é encontrado morto num quarto de hotel em Londres após uma festinha particular. Apesar de ter apenas 40 anos, a condição física de seus órgãos era de um homem de 70 anos! Conseqüência de uma vida de excessos... Mas as tragédias não param por aí, pois em 2001 Marko, a voz e um dos membros fundadores do Backsliders, é encontrado morto em um estacionamento. Modo como morreu? Assassinado a tiro.
Uma pequena banda que norteou sua carreira com DROGAS, tatuagens, álcool, tragédias e tudo o mais que possa rolar no underground. Muitos podem detestar tudo isso, porém Backsliders viveu sua música. Sempre tendo a motocicleta como parte principal de sua imagem, nunca mudaram sua atitude para atingir novos mercados, mas deixaram sua marca com oito grandes discos e inúmeros EPs.

Paul McCartney (Morumbi, São Paulo, 21/11/2010)

Sabe quando você acorda cedo, quer voltar a dormir, mas uma ansiedade toma conta de você, algo que lhe diz pra levantar logo, porque aquele será um dia especial, um dos melhores da sua vida? Então, foi assim que eu me senti quando acordei neste último domingo, dia 21 de novembro de 2010, quando acordei em São Paulo. O mesmo deve ter acontecido com diversos outros fãs também. A ansiedade era grande porque neste dia iria presenciar o show de um dos maiores artistas do último século, PAUL MCCARTNEY, compositor de algumas das mais lindas músicas já feitas em toda a história da música.


Esta não é a primeira vez que Macca vem ao Brasil. A primeira passagem do ex-beatle pelo país foi em 1990, quando tocou para 184 mil pessoas no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Público recorde em umaapresentação de um artista solo. Em 1993 Paul voltaria ao Brasil para duas apresentações, uma no Estádio do Pacaembu em São Paulo e outra na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba.
Nesta terceira passagem pelo país, após 17 anos, Paul não tocou no Rio de Janeiro e nem em Curitiba, mas realizou um show na cidade de Porto Alegre, no dia sete de novembro, no Estádio Beira-Rio e mais duasapresentações em São Paulo, nos dias 21 e 22 de novembro, no Estádio do Morumbi. Além do Brasil, PAUL MCCARTNEY também fez shows em Buenos Aires, na Argentina, nos dias 10 e 11 de novembro, no Estádio do River Plate.
No início da tarde os arredores do Estádio do Morumbi já começava a ficar cheio de fãs à espera da abertura dos portões, que estava marcada para as 17h30min. Neste horário as filas já estavam grandes, mas não houve problemas ou confusões, apenas os mesmos acontecimentos de sempre em shows desse tipo no Brasil, mal educados querendo furar fila, falta de organização das mesmas e policiais mais preocupados em assustar e pegar mercadorias de pessoas que estão apenas tentando trabalhar do que impedir a venda de ingressos pelos cambistas ou impedir que bandidos cobrassem valores exorbitantes por uma vaga de estacionamento na rua. Também houve uma demora maior na abertura dos portões da pista, pois a fila só começou a andar mesmo por volta das 19h. Mas, a princípio, não houve qualquer tipo de problema para a entrada do público.
Às 21h o Estádio do Morumbi já estava completamente tomado e a ansiedade começava a aumentar a cada minuto que se passava. Era pouco mais de 21h30min quando as luzes se apagaram e o estádio passou a ser iluminado apenas pela luz da bela lua cheia que estava no céu aquela noite. A euforia passou a tomar conta dos presentes e quando os primeiros acordes e versos da introdutória “Venus and Mars” começaram a ser executados por PAUL MCCARTNEY e banda, sendo seguida por “Rock Show”, a felicidade podia ser vista nos rostos de cada um dos presentes que estavam próximos. Estas duas músicas também deram início aos shows de Paul em Porto Alegre e o primeiro em Buenos Aires.
Na sequência veio “Jet”, música presente em “Band on the Run”, melhor disco dos Wings, grupo que Paul formou com sua esposa Linda após o fim dos BEATLES. Um rock de levantar qualquer arena. “All My Loving” foi a primeira dos BEATLES a ser executada e arrancou lágrimas desse que vos escreve, assim como “The Long and Widing Road”, uma das músicas mais belas de todos os tempos. Mas antes desta ser executada, teve-se ainda: Letting Go, Drive my Car (grande Rock´n´Roll dos Beatles), Highway e Let me Roll It, em que a banda executou “Foxy Lady”, um dos grandes clássicos de Jimi Hendrix.
Após as músicas “1985” e “Let me In`”, PAUL MCCARTNEY volta ao piano para a execução de “My Love”, talvez a mais bela balada dos Wings. Outra de fazer lágrimas rolarem. Antes de começar esta música ele diz: “Está música eu compus para a minha gatinha Linda, mas hoje ela é dedicada a todos os namorados”. Sim, ele falou tudo isso em português, assim como quase todos os outros diálogos dele com o público. Aos 68 anos, PAUL MCCARTNEY mostrou que está em ótima forma no palco e que é um grande showman.
Depois deste belo momento do show vieram três grandes clássicos dos BEATLES, “I`ve Just Seen a Face”, “And I Love Her” e “Blackbird”. A segunda homenagem da noite aconteceu em “Here Today”, música lançada em 1982 e que Paul compôs em homenagem a John Lennon, que havia sido assassinado dois anos antes. O amigo com quem formou a maior parceria de composição de músicas no último século voltaria a ser homenageado mais a frente, quando o Paul e banda tocaram “A Day in the Life” seguida do refrão de “Give Peace a Chance”. É emocionante ver mais de 60 mil pessoas cantando um dos maiores hinos pacifistas do mundo. É esse tipo de momento que te faz acreditar que o mundo ainda poderá ser melhor, sem guerras, sem fome, sem violência, sem preconceitos...
Em seguida a banda executou a música “Dance Tonight”, presente no último disco solo de Paul, o bom Memory Almost Full, de 2007. Esta, junto com “Highway” e “Sing the Changes”, foram às únicas gravadas por Macca nesta última década que estiveram presentes no set list, que priorizou a carreira do músico durante as décadas de 60 e 70 e que, curiosamente, não teve nenhuma música gravada por Paul nas duas décadas seguintes, 80 e 90.
A próxima música, “Mrs. Vandebilt”, foi lançada no disco “Band on the Run”, dos Wings, em 1973. Apesar de ser uma boa música, soar muito bem ao vivo e ter um clima agitado e divertido, com melodias que lembraram canções do Leste Europeu, ela nunca havia sido tocada em um show de Paul antes de 2008, quando foi executada em Kiev, capital e maior cidade da Ucrânia, após vencer uma votação na internet. A partir de então, ela nunca mais saiu do set list.
“Eleanor Rigby” veio em seguida, sendo executada apenas pelo tecladista Paul Wickens e por PAUL MCCARTNEY no violão, com os outros integrantes do grupo fazendo os backing vocals. Ela abriu caminho para outra grande homenagem da noite, ao ex-companheiro de BEATLES, George Harrison. Macca trocou o violão por um Ukelele (instrumento parecido com o violão e muito utilizado nas músicas nativas havaianas) e tocou mais uma das mais belas canções dos BEATLES, “Somethig”, composta por Harrison. Outro momento especial e inesquecível, que emocionou o público.
Um dos maiores hits de PAUL MCCARTNEY na fase pós-Beatles, “Band on the Run”, veio após “Sing the Changes” e foi à última música dos Wings na noite, que ainda estava longe de acabar, para a alegria de todos os presentes.
Após estas músicas, teve-se o início do desfile de clássicos dos BEATLES. A primeira foi “Obla Di Obla Da” que, particularmente, não acho que seja uma das melhores do quarteto de Liverpool, mas funciona muito bem ao vivo, com uma levada bem animada e dançante. O rockão “Back in the U.S.S.R” veio logo depois, levantando ainda mais o público no Estádio do Morumbi. Em seguida ainda vieram “I`ve Got a Feeling”, “Paperback Writer”, “A Day in the Life” e Let it Be”. A sequência de clássicos dos BEATLES só foi interrompida para a execução do hit “Live and Let Die”, que emocionou o público e PAUL MCCARTNEY, que ao final da música ficou parado, diante de seu piano, observando o público como se não estivesse acreditando no que estivesse vendo, logo ele, tão acostumado a tocar para as maiores platéias do planeta.
Encerrando a primeira parte do show, “Hey Jude”, que fez com que todos cantassem juntos o belo e simples refrão.
No primeiro bis os destaques ficaram por conta de “Get Back”, com os ótimos solos de guitarra e piano. Uma das músicas mais pesadas gravadas pelos BEATLES. Antes dela teve-se ainda “Day Tripper” e “Lady Madonna”. Esta última poderia ser facilmente descartada para a entrada de músicas como “Penny Lane” ou “Magical Mystery Tour”, que inclusive fez parte do set list dos segundos shows de Buenos Aires e São Paulo.
Mas, opiniões particulares à parte, o segundo bis veio logo na sequência, com um intervalo bem curto entre um e outro, e teve início com a mais bela canção já composta por Paul, “Yesterday”. Depois veio “Helter Skelter”, com riffs pesados de guitarra e vocal rasgado de Paul. Esta música é considerada por muitos como precursora do Hard Rock e Heavy Metal, estilos que se tornariam populares na década de 70. As duas últimas músicas deste grande espetáculo foram “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)” e “In the End”, que encerraram de forma espetacular um show que teve aproximadamente três horas de duração. Nada mau para um senhor de 68 anos que, mesmo após várias décadas tocando em estádios, ainda se emociona com o que faz.
Para conferir algumas fotos do show, acesse o site abaixo.

Creedence Clearwater Revisited (Via Funchal, São Paulo, 20/11/10)

Poucas bandas tiveram um sucesso tão meteórico (durou apenas quatro anos, de 1968 a 1972) quanto o CREEDENCE CLEARWATER REVIVAL. Mesmo neste curto período, com sete álbuns lançados, o grupo conseguiu deixar seu legado com inúmeras canções que se tornaram verdadeiros clássicos do Rock. E para reviver essa época de ouro, dois integrantes da formação original - o baixista Stu Cook e o baterista Doug "Cosmo" Clifford - resolveram criar o CREEDENCE CLEARWATER REVISITED, que se apresentou no último sábado (20) em São Paulo e fez a alegria do grande público que compareceu à Via Funchal.



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Fotos: Filipe Rocha
Para muitos fãs, críticos e até este redator que vos escreve é difícil imaginar o CREEDENCE sem o genial John Fogerty - vocalista, compositor e fundador da banda. Por esse motivo, confesso ter ficado indiferente quando foi confirmada a turnê do REVISITED pelo Brasil. Se alguém além de mim foi à Via Funchal com a "pulga atrás da orelha", com certeza teve de rever seu conceito, uma vez que saltou aos olhos a qualidade dos músicos durante o digno tributo à banda original.
Começando pontualmente às 22h, subiram ao palco John Tristao (vocal/guitarra/violão), Elliot Easton (guitarra), Stu Cook (baixo), Doug Clifford (bateria) e Steve Gunner (teclado, guitarra e gaita), com o propósito de fazer uma viagem no tempo através dos maiores sucessos do CREEDENCE. E o objetivo fora alcançado logo na primeira música, "Born On The Bayou", que deixou a todos de queixo caído. Com talento, carisma e competência, Tristao mostrou que pode cantar de forma muito semelhante a John Fogerty - fato digno de aplausos, uma vez que se trata de uma das vozes mais originais e inconfundíveis do Rock. Elliot Easton também provou ser um ótimo músico, fato comprovado nas execuções de "Green River" e "Suzie Q" - a última com uma versão magnífica de dez minutos, na qual o guitarrista esbanjou técnica e feeling.
Já o versátil Steve Gunner, com sua gaita ao melhorestilo "blues rural", arrancou aplausos durante "Commotion" e roubou a cena quando assumiu o violão em "Lookin' Out My Back Door", música com uma forte dose de country.

Contudo, não poderia deixar de destacar os idealizadores deste audacioso projeto. Companheiros musicais a mais de quarenta anos, Stu Cook (65) e Doug Clifford (65), ambos com uma vitalidade notável, fizeram questão de interagir com o público o tempo inteiro, além de demonstrarem grande entrosamento com seus companheiros de banda. A prova disso foi o desfile de clássicos apresentados com uma harmonia impressionante, entre eles "Hey Tonight", "Bad Moon Rising", "Proud Mary" e "Fortunate Son", que fechou em grande estilo o primeiro set do show.
Depois de uma breve pausa, John Tristão voltou ao palco segurando uma garrafa de cerveja para apresentar (e brindar) o mega sucesso "Have You Ever Seen The Rain", que teve seu refrão cantado no último volume por toda a casa.
Com o fim da apresentação anunciado ao término da explosiva "Travelin’ Band", o público incansavelmente pedia por mais, o que foi prontamente atendido com "Good Golly Miss Molly", gravada originalmente por Little Richard no longínquo ano de 1958.

Para encerrar a impecável noite Classic Rock, "Up Around The Bend" deixou a maioria dos presentes extasiados, inclusive alguns que sequer tinham nascido quando a banda original encerrou suas atividades, como foi o caso de Tattu, 27, leitor do Whiplash!: "Foi o melhor show da minha vida".
CREEDENCE CLEARWATER REVISITED
São Paulo, 20 de novembro de 2010
Local: Via Funchal
Duração: 1h30

Stu Cook - baixo
Doug "Cosmo" Clifford - bateria
John Tristao - vocal/guitarra
Elliot Easton - guitarra
Steve Gunner - teclado/gaita/violão

- Born On The Bayou
- Green River
- Cotton Fields
- Commotion
- Who'll Stop The Rain
- Suzie Q
- Hey Tonight
- Long As I Can See The Light
- Down On The Corner
- Lookin' Out My Back Door
- I Heard It Through The Grapevine
- Midnight Special
- Bad Moon Rising
- Proud Mary
- Fortunate Son

Bis
- Have You Ever Seen The Rain
- Travelin' Band
- God Golly Miss Molly (LITTLE RICHARD cover)
- Up Around The Bend


Crítico e Professor: semelhanças entre cena Metal e Escolas



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Tocou o sino, os estudantes vão para suas salas, o professor, aparentemente severo, está para começar a aplicação de uma prova, onde muito dos esforços de um bimestre serão avaliados.
A banda acaba de lançar seu CD, seja lá se for Demo, EP, Single, um full lenght ou seja lá o formato que for, após meses de gravação, e envia-o para um crítico de CDs, que avaliará todo o esforço feito.
Há semelhanças?
Óbvio que sim, e elas não param por aí.
A idéia para este artigo surgiu justamente de pensar que ambos, o crítico e o professor, sempre possuem a tarefa, muitas vezes gratificante, outras nem tanto, de avaliar o trabalho e esforço daqueles que ali estão, para aprovar ou reprovar.
Sou ambas as coisas (crítico e professor), então, vejo estas semelhanças sempre diante de mim, pois apesar do que muitos possam pensar, ambos sentem fortes pressões ao lidar com cotidianos que, para muitos, são diferentes.
Nas escolas, basicamente, existem três tipos de estudantes: os de ótimo, os de médio e os de fraco desempenho. Na cena Metal, pode-se atribuir a seguinte classificação: bandas ótimas, médias e fracas. Em ambos os casos, a gama de motivos é tão vasta que não daria para citar porque este ou aquele estudante se encaixa nessa ou naquela categoria, o mesmo sendo raciocínio válido para bandas.
Para muitos professores que respiram os ares da Educação moderna, chega a ser excruciante avaliar os esforços de seus pupilos, já que uma prova, na realidade, não pode ser a única fonte para a avaliação de um aluno. Dói muito ver que muitos estudantes não conseguem chegar a um nível satisfatório nas provas, bem como é gratificante vermos aqueles que se destacam por seus méritos e talentos. E vejam que existem alguns estudantes que não entendem esta postura e caem de pau encima do professor, acreditando que este é um péssimo profissional, que não exerce bem sua profissão, chegando ao cúmulo de quererem fazê-lo perder seu sustento. Cabe ao próprio estudante se questionar se seu esforço foi feito na direção certa, se realmente se esforçou ao máximo em seus estudos, isso quando este fez sua parte no processo educacional.
No caso dos críticos, algum de nós sente um nó na garganta, um aperto no coração, quando nos chegam às mãos CDs de bandas que buscam seu lugar ao sol, já que quem, muitas vezes, quem faz a banda conhecida é o crítico. Quando falamos bem, é como aquele estudante que realmente conseguiu entender o conhecimento, após dissecá-lo; as bandas nem tão boas assim, o mediano; e aquele que, por qualquer motivo que seja, ficou abaixo da média, é o fraco, que muitas vezes reclama do crítico, mas será que estes realmente, na hora de compor, se esforçaram ao máximo para mostrar algo digno de uma boa nova? Pedir nossas cabeças e nos acusar de coisas impensáveis, para justificar seu fraco desempenho, pode ser sinal de que falta algo a essas bandas que, muitas vezes, o URIAH HEEP quis dizer em um de seus discos mais célebres: ‘Look at Yourself’...
Tive grandes professores na minha faculdade de Licenciatura, especialmente Marisol Barenco e José Roberto da Rocha Bernardo, que me ensinaram a ver a Educação em um âmbito bem amplo, a avaliar o estudante como um todo. Como crítico, Ben Ami Scopinho, Ricardo Seeling, Paulo Sissinno e Sérgio Martorelli foram referências mais que obrigatórias, e com cada um, aprendi muito, em especial o Sérgio, que me mostrou que a voz do crítico não pode ser levada por tendências ou maiorias, não importam quantos se ponham contra e nem seus argumentos, pois há algo que um crítico tem que ter: imparcialidade, pois uma opinião mal dada pode pôr seu trabalho, bem como o das bandas que resenha, a perder. Idêntico a um professor na hora de avaliar seus pupilos.
Em suma, antes de verem um crítico como monstro ou injusto, como é feito com os professores, lembre-se de olhar para si mesmo e ver qual o seu mérito, sem ser um ególatra, para ver se há algo de bom e original em si, pois querer responsabilizar um crítico, que apenas vê o que existe e não cria o inexistente, é querer fazer como todos fazem com o professor: lhe atribuem o ônus de uma Educação que deveria ser partilhada entre Estado, Comunidade, Escola, e principalmente, Família.
OBS.: Este texto é dedicado à todos os críticos, em especial aos que cito no texto, e todos os professores que, de uma forma ou de outra, transformam a vida numa Escola de Rock.
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Rock: pra que esperar o retorno do Led se temos The Answer?


Citando a nostálgica comunidade de Orkut "Bom era quando...", começo a atual matéria deixando bemclaro que esta não se trata da milésima homenagem ao bom e velho rock 'n' roll. Quanto a "bom" e "rock 'n' roll", você pode ter certeza de que os encontrará aqui, afinal, tempo bom era... ou melhor, tempo bom é agora!
Não serei hipócrita ao ponto de dizer que o novo rock supera o "classic rock", muito menos que deixarei de escutar aqueles álbuns incríveis que praticamente expelem cheiro de naftalina das caixas de som. Mas, por que os ouvintes insistem em uma pseudo-exigência que os leva ao ato de descarte automático de qualquer coisa que pareça levemente inferior àquilo que foi pioneiro e "top de linha" da música?
Agora, vamos ver se entendi: se algo é "apenas" ótimo - não excelente -, deve ser logo tachado de descartável, ou mesmo de "sinal de decadência"? Se isso não é de uma extrema estupidez, eu não sei o que é...
Se você curte hard rock, por exemplo, o que há de realmente útil em perder tempo procurando obscuridades dos anos 70 ou 80? Enquanto muita gente endeusa - de forma quase categórica, diga-se depassagem - tais raridades, os próprios integrantes das bandas não se lembram das suas próprias gravações! Enquanto isso, bandas novas como Hogjaw e Radio Moscow captam o melhor da vertente clássica do estilo, com bastante qualidade, alma e comprometimento.
Hogjaw:
Com o advento da internet, temos à nossa disposição uma vasta gama de subgêneros, e bandas novas representando cada um deles. Temos bandas "modernosas", mas também temos bandas com uma sonoridade e produção mais "vintage". Basta que o ouvinte deixe de preguiça, e procure conhecer os novos representantes do seu estilo favorito.
Rory Gallagher morreu, mas Joe Bonamassa está vivo e forte! E por que deveríamos perder tempo esperando a volta do LED ZEPPELIN, enquanto o The Answer vêm lançando álbuns bem interessantes? O Joy Division pode ter feito algo "único" com seus dois álbuns, mas o Interpol deu continuidade à sua missão, com sucesso! O Pantera se foi, mas ainda temos o Lamb of God! E se o The Jesus and Mary Chain foi um dos pioneiros do Noise Rock, o Black Rebel Motorcycle Club é tão "cool" quanto...
The Answer:
Eu poderia passar horas citando exemplos de novos artistas que fazem um som incrível, ainda que as coisas sejam muito difíceis - pra não dizer, impossíveis - para quem deseja revolucionar a música, visto que já foi criado quase tudo que tinha pra ser criado, em qualquer estilo.
Por fim, se virou regra o ato de reverenciarmos na atualidade qualquer artista que foi duramente criticado no passado, por que não começar a corrigir isso, reverenciando os artistas de hoje? Ou alguém ainda duvida que, até mesmo o odiado emo fará parte do chamado "rock clássico" um dia? Então, vamos fazer a diferença, agora!
De bônus, fiquem com um bom representante do novo rock nacional:
Rock Rocket: