Em "Live At Wembley Stadium", a energia da banda, especialmente de Dave Grohl, é impressionante. A opção de construir uma espécie de arena redonda como palco, praticamente no meio do gramado, com uma passarela imensa, foi uma sacada de gênio. Dessa forma, a banda ficou muito mais próxima do público, e a energia recebida faz com que a banda se solte ainda mais. É nítida a alegria do grupo, que parece se divertir mais do que o público e ninguém menos do que o guitarrista Jimmy Page e o baixista John Paul Jones ( Led Zeppelin) haviam feito uma participação especial no show, durante as canções "Rock And Roll" (com Dave Grohl na bateria e vocais de Taylor Hawkins) e "Ramble On". "Welcome to the greatest fuckin' day of my whole entire life." Foi com essa frase que Dave Grohl se despediu do público que lotou a segunda das duas noites no Estádio de Wembley.
A História e as informações que você sempre quis saber sobre seu Artista/Banda preferidos, Curiosidades, Seleção de grandes sucessos e dos melhores discos de cada banda ou artista citado, comentários dos albúns, Rock Brasileiro e internacional, a melhor reunião de artistas do rock em geral em um só lugar. Tudo isso e muito mais...
24 de novembro de 2010
Paul Mccartney (Estádio do Morumbi, São Paulo, 21/11/2010)
Os ingressos para o primeiro show do Sir PAUL MCCARTNEY em São Paulo no dia 21/11/2010 deveria vir com um aviso mais ou menos assim: Atenção: se você é cardíaco, consulte seu médico antes de assistir à essa apresentação. Se você estava lá, possivelmente concorda comigo. Caso contrário, continue lendo essa resenha para entender o que eu quis dizer.
A ansiedade em relação à esse show já começou cedo, logo quando foi confirmada a apresentação do ex-BEATLE por aqui. A confusão em conseguir comprar ingressos, àqueles que foram na porta do estádio do Morumbi tentar entrar de última hora... só isso já era o suficiente para deixar qualquer um com os nervos à flor da pele. Mas algo muito maior estava reservado para nós, os expectadores.
Com o Morumbi lotado, pontualmente às 21:30 – e devemos agradecer aos britânicos por essa maravilhosa cultura de não atrasar os shows, especialmente quando esse cai em pleno Domingo – entra no palco a (super competente) banda que acompanha o astro principal da noite. E eis que surge ele, diante de aproximadamente 65 mil privilegiados, PAUL MCCARTNEY, com um sorriso no rosto que foi capaz de arrancar gritos e choro... muito choro! A introdução não poderia ser melhor, com "Venus and Mars / Rock Show", seguida de Jet. Pensar que o Paul tem quase 70 anos nas costas e mesmo assim canta todas as músicas no seu tom original, nos faz pensar que das duas uma: ou o cara se cuida pra caramba, ou ele fez pacto com alguma entidade do além. A energia que ele transmite, a animação, a presença de palco é algo fora de série.
A primeira música dos BEATLES foi "All my loving", logo a terceira do set, que foi para deixar todo mundo sem palavras, e aqueles com problemas cardíacos começarem a ficar sem ar. Mas foi quando PAUL sentou ao piano pela primeira vez na noite para tocar "The long and widing road" que o estádio entrou numa espécie de coma. Todo mundo abobalhado, desacreditando no que estava acontecendo.
PAUL se comunicou o tempo todo com o público entre uma música e outra e mandou muito bem no português, dizendo claramente e inúmeras vezes o quanto estava feliz em estar tocando para nós mais uma vez. A versatilidade musical que ele tem é algo impressionante. Tocar piano, guitarra, baixo, ukelelê como se fosse a coisa mais fácil do mundo, decididamente é para poucos.
Homenageando Linda, sua esposa falecida, MCCARTNEY cantou "My Love", uma linda balada de sua carreira solo que foi dedicada também a todos os casais de namorados que lá estavam. Um momento para os cardíacos começarem a sentir o braço esquerdo formigando de tanta emoção. Mas não parou por aí: "I’ve Just seen a Face", "And I Love her", "Blackbird" e "Here today" (música escrita para homenagear JOHN LENNON) exatamente nessa seqüência. É ou não para ter no mínimo uma arritmia cardíaca?
E não foi só PAUL que deu um show. Seu baterista também mostrou muita presença de palco em "Dance Tonight". Durante toda a música as câmeras estavam voltadas para ele, que fez dancinhas engraçadas e arrancou gargalhadas de todo mundo.
A terceira homenagem da noite foi em "Something". Nesse momento, o telão de fundo do palco mostrou várias imagens de GEORGE HARRISON, fazendo com que mais lágrimas brotassem dos olhos do público. Aliás, público esse no mínimo variado. Desde (pré) adolescentes com seus pais, até os tiozões que devem ter crescido ouvindo os discos de vinil do FAB four. E as promessas de chuva durante o show não se cumpriram. Ainda bem, porquê a noite estava linda, a lua estava cheia... enfim, o cenário ideal para um espetáculo dessa magnitude.
Até mesmo uma música meio mala como "Ob-la-di, Ob-la-da" ficou divertida. Antes de executá-la, PAUL MCCARTNEY disse: nós íamos pedir para que cantassem essa música comigo, mas mesmo sem pedir vocês vão cantá-la do mesmo jeito. E foi assim mesmo que aconteceu. E daí pra frente, foi só BEATLES, o que tornou o show ainda mais emocionante (se é que isso ainda era capaz). Foi catártico ouvi-lo cantar "A Day in The life" e emendando com "Give Peace a chance". Nessa hora, os fãs ergueram balões brancos, o que deve ter deixado LENNON muito feliz ao ver essa cena, de onde quer que ele esteja.
Quando todo mundo achava que não podia ficar mais extasiado, MCCARTNEY sentou ao piano e emendou "Let it Be", "Live and let die" (com direitos a fogos de artifício e labaredas de fogo saindo do chão do palco) e "Hey Jude". Os cardíacos provavelmente já estavam à beira de um ataque ao ver e ouvir todos esses clássicos ao vivo, com o público cantando em uníssono e PAUL esbanjando simpatia e notas agudas, como se ele ainda tivesse vinte e poucos anos.
Todos saíram do palco, aumentando a ansiedade e deixando todos com aquela sensação de “essa noite não pode acabar”. Depois de um breve intervalo, ele voltou segurando uma imensa bandeira do Brasil e tocou "Day Tripper", "Lady Madonna" e "Get Back". Deixaram o palco mais uma vez e quando voltaram, podia ver estampado no rosto do público uma expressão que misturava muita alegria, êxtase e um pouco de melancolia, pois a noite inesquecível estava mesmo acabando.
Quem estava lá e ouviu "Yesterday" pode-se considerar uma pessoa abençoada pelo deus da música, do rock n’ roll ou qualquer coisa que o valha. Foi um verdadeiro presente; mas PAUL ainda tinha fôlego para cantar "Helter Skelter", no tom original, sem desafinar uma só nota! Os acordes de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" deram a tona do encerramento do show. A banda ainda citou "The End", para que aqueles que ainda não tinham tido um enfarte, pudessem fazê-lo.
Com muitos agradecimentos, palhetas jogadas para quem estava no gargalo da pista Premium, papel verde picado e até um tombo de PAUL... assim encerrou-se uma experiência surreal, mágica, uma dádiva. E como diz uma faixa que alguém levou para o show: the dream is over. Now is real. Thank you Paul!
SET LIST:
Venus and Mars / Rock Show
Jet
All My Loving
Letting Go
Drive My Car
Highway
Let Me Roll It / Foxy Lady (Jimi Hendrix cover)
The Long and Winding Road
Nineteen Hundred and Eighty-Five
Let 'Em In
My Love
I've Just Seen A Face
And I Love Her
Blackbird
Here Today
Dance Tonight
Mrs Vandebilt
Eleanor Rigby
Something
Sing the Changes
Band on the Run
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Back in the U.S.S.R
I've Got a Feeling
Paperback Writer
A Day in the Life/Give Peace a Chance
Let It Be
Live and Let Die
Hey Jude
Primeiro bis
Day Tripper
Lady Madonna
Get Back
Segundo bis
Yesterday
Helter Skelter
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
The End
Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 3
Para aqueles que já leram as duas matérias anteriores sobre HARD ROCK - AQUELES QUE FICARAM PARA TRÁS publicadas aqui no Whiplash, sabem que não encontrarão nada sobre as grandes estrelas deste estilo nos anos 80/90, pois estes textos tem como objetivo ser uma lembrança aos conjuntos menores que colocaram bons álbuns no mercado nesta época, mas que por uma razão ou outra, acabaram não estourando.
Y & T
Open Fire Live
(1985 - A&M Records)
E, falando em injustiça, o “Y & T” é uma das que mais merecem o termo “conjunto injustiçado”. Formado na segunda metade dos anos 70 pelos norte-americanos de Los Angeles Dave Meniketti (voz e guitarra), pelo gordo Leonard Haxe (bateria), Phil Kennemore (baixo) e Joey Alves (guitarra), esse pessoal tinha uma postura singular e letras politizadas, geralmente detonando o modo de vida de seu país. E provavelmente por isso nunca conseguiram grande apoio de suas gravadoras, mesmo batalhando muito e sempre vendo outras bandas novatas atingirem o tão desejado estrelato.
Decepcionados, partem para outra gravadora, onde seguem leais em relação ao seu hard rock e lançam mais alguns excelentes discos entre muitas trocas de membros. As gravadoras por onde passaram lançam inúmeras coletâneas até os dias de hoje, pois o “Y & T”, mesmo sendo o típico conjunto azarão, conseguiu o respeito daqueles que conhecem sua música e sua história, além de terem influenciado muitas outras bandas por aí.
THE OUTPATIENCE
Anxious Disease
(1996 - Teichiku Records)
“The Outpatience” foi o projeto de West Arkeen, proeminente compositor rocker dos anos 80/90, bastante conhecido por elaborar alguns clássicos do Gun n´ Roses, Phanton Blue, Asphalt Ballet, escrevendo também para a carreira solo de Duff Mc Kagan e Stradlin, entre muitos outros, sendo sempre muito bem sucedido nestas parcerias.
Vendo suas canções atingirem o Top Ten para outros artistas, West resolve montar sua própria banda em 1995, contando com as vozes do canadense Mike Shoton, West e Joey Hunting nas guitarras, Jamie Hunting no baixo, teclados por conta de Greg Buchwalter e Abe Laboriel nas baquetas. O selo japones Teichiku Records investe na banda e em 1996 “Anxious Disease” chega ao mercado, tendo em suas músicas participações notáveis como Steve Stevens, Izzy Stradlin, Axl Rose, SLASH e Duff McKagan.
Por infelicidade, nos momentos próximos do lançamento do seu debut, West vem a falecer em sua residência e, segundo fontes próximas, a causa de sua morte foi o tradicional abuso de DROGAS. E, por mais infelicidade ainda, “Anxious Disease” é mais reconhecido pelas participações especiais dos membros do Guns do que pela sua excelente música, que é um hard rock meio retrô com aspiração mainstrean, com canções bastante variadas, nunca pesadas em excesso e como sempre, com seus muito bons arranjos melodiosos e de fácil assimilação. Faixas como “Wound Up In A Vega”, “Cold Duck”, a faixa-título, entre muitas outras garantem grandes momentos em sua audição.
LITA FORD
Dancing On The Edge
(1984 - Mercury)
Essa loirinha foi fundadora do “Runaways”, típica banda de meninas bonitas que fez bastante sucesso no final dos anos 70 e começo dos anos 80 e, por ser formada por meninas cabeças-oca (nas palavras da própria Lita), não durou muito. Findo o Runaways, essa excelente guitarrista e vocalista segue em carreira solo, com uma música bem mais pesada que sua banda anterior.
Depois de lançar seu primeiro álbum solo que recebeu boas críticas, Lita, de forma bastante cuidadosa, parte para aulas de canto a fim de melhorar seu desempenho vocal e, contando com Randy Castillo na bateria e Hugh McDonald no contrabaixo, em 84 Lita lança seu segundo álbum, “Dancing OnThe Edge”. E com tanta dedicação neste disco ela obviamente colhe bons frutos, pois neste mesmo ano ela consegue a posição de melhor vocalista no gênero, além de concorrer também na categoria de melhor guitarrista.
Esse disco, como muitos desta época, vem cheio de influências de KISS, com destaque para a excelente e pesadíssima canção “Dressed to Kill”, além dos inspiradíssimos solos em “Dancing On The Edge”, “Lady Killer” e “Fire In My Heart”.
Com o passar dos anos Lita Ford obviamente foi modernizando a sonoridade de seus álbuns, porém também dando aquela amaciada em sua música, flertando descaradamente com o pop em vários momentos. Eram bons discos, mas não se podia deixar de ter a sensação de que ela estava conseguindo se manter em evidência mais pelos casos amorosos com grandes feras da música pesada, como Tony Iommi, Nikki Sixx, Chris Holmes, etc, do que com sua música... E o resultado foi cair no esquecimento no começo da década de 90.
TNT
Intuition
(1989 – Polygram)
Essa banda é da Noruega e começou em 1982, formada pelo vocalista Dag Ingebrigtsen (da banda pop The Kids) e pelo baterista Morten “Diesel” Scan-Dahl. Logo completam a formação com a entrada do jovem guitarrista Ronni le Tekro e com baixista Steinar Eikum. Depois de alguns ensaios e composições, lançam um compacto que estourou em seu país e que abriu as portas para o lançamento de seu primeiro disco, que infelizmente só é colocado novamente no mercado norueguês.
Apesar de tudo estar correndo bem, Dag tem que deixar o TNT por motivos familiares e, após alguns testes com outros vocalistas, entra em seu lugar o norte-americano da Califórnia Tony Hansen. Aproveitando a fase das mudanças, dispensam o baixista Eikum, colocando em seu lugar Morty Black e se mandam para os EUA, se estabelecendo em Nova York. Apresentando-se com frequência, começam a criar nome e o contrato tão desejado com uma grande gravadora não demora a chegar. “Knights Of The New Thunder” é lançado a nível mundial, trazendo boas canções, porém no geral é um álbum bem repetitivo, mas seguem se apresentando com cenários bem-elaborados, cheio de incrementos viking e, em 87 lançam “No Tales”, bem superior em termos de composições e soando um hard rock mais sofisticado.
Mas seu grande álbum vêm em 1989, chamado “Intuition”, caracterizado pela melhor arte gráfica de sua discografia, apresentando canções que mesmo com maior apelo comercial, possuíam ótimas harmonias, polidez e um dinamismo que mostravam a excelente fase criativa desses grandes músicos que são o TNT. Destacam-se “Caught Between the Tigers”, “Tonight I'm Falling”, “Intuition”, “Learn to Love”. O ponto baixo é a única canção cantada pelo seu talentoso guitarrista Ronni le Tekro: “Ordinary Lover” que, cá entre nós, Ronni deveria ter somente tocado guitarra mesmo...
Os anos vão passando sem nunca conseguirem estourar de vez, o TNT vai se desfazendo, trocando seus membros que vão montando outros projetos, mas sendo sempre respeitado pelos fãs europeus. E mesmo que sem nenhuma regularidade, o TNT continua lançando alguns discos acima da média até os dias de hoje.
MY LITTLE FUNHOUSE
Standunder
(1992 – Geffen Records)
Hard Rock irlandês? Pois é, e dos bons! Formado no ano de 1991 em Dublin pelo vocalista Alan Lawlor, pelos irmãos guitarristas Brendan e Anthony Morrissey e pelo baixista Gary Deevy, resolvem batizar a banda com o estranho nome “My Little Funhouse”. Depois de vários testes com bateristas, o cargo fica com Derek Maher.
Esse pessoal tocava em qualquer oportunidade que surgia e logo ganham fama em todo o Reino Unido ao abrirem para o Guns n´ Roses para um público de 45.000 pessoas e, entre eles, estavam alguns olheiros que se impressionam com a postura da banda em palco e com a reação da platéia. Resumindo: conseguem assinar com a major Geffen, e logo no ano seguinte, 1992, My Little Funhouse lança seu primeiro e único registro chamado “Standunder”.
A sonoridade deste álbum é o típico hard rock bem nervosão, embalado pelos contagiantes riffs das guitarras dos irmãos Morrissey e pela ótima atuação da seção rítmica. Mas o que chama mesmo a atenção é a voz de criança resmungona de Alan, que se saiu muito bem, impregnando as canções com muita rebeldia típica do rock n´roll. Este é um disco muito maduro para uma banda tão jovem e todas as canções merecem destaque.
Mas, como acontece com muita freqüência por aí, My Little Funhouse tinha um bom álbum no mercado num momento que estava começando a se tornar difícil para as bandas deste estilo em função da aparição do grunge. Porém, mesmo com a banda tendo desaparecido da face da terra, quem aprecia este estilo e teve a oportunidade de conhecer “Standunder” tem grande chance de se tornar um fã imediato, pois estes músicos realmente sabiam o que faziam e suas canções falam por si.
ROUGHT CUTT
Rought Cutt
(1984 - Warner Brothers Records)
O Rough Cutt nasceu em um lava-carros de Los Angeles na década de 80, quando dois ex-membros do Ratt, o vocalista Paul Shortino e o baterista David Alford (pô, isso faz tempo!!!) se encontraram e definiram a primeira formação do grupo: Shortino, Alford, e mais Jake E. Lee na guitarra e Claude Schnell nos teclados. Pouco depois, Lee deixa a banda e fez nome como guitarrista do Ozzy Osbourne, e Schnell vai para os teclados de Dio.
O Rough Cutt fica então estabilizado com Shortino, Alford, Matt Thorr no baixo, e Chris Hager e Amir Derkh nas guitarras, onde seguem dando uma geral no circuito de clubes noturnos e abrindo shows para músicos de renome como Dio,OZZY OSBOURNE, Michael Schenker e Night Ranger. Também fizeram uma excursão de um mês pela Alemanha, Escandinávia e Inglaterra, tendo aparecido no programa de TV "Rock Palace", da NBC. Paul Shortino teve uma breve participação no seriado Fama, tudo isso sem nenhum álbum!
A estréia em disco do grupo se fez em duas coletâneas, ambas com canções produzidas por Ronnie James DIO. Um detalhe a ressaltar aqui é que a participação do Rought Cutt na segunda coletânea deve-se ao fato de terem sido escolhidos como uma das dez melhores bandas em meio a um total de 40.000 estreantes, em um concurso realizado pela rádio KLOS de Los Angeles.
Depois disso o grupo assinou com a Warner e lançou seu álbum de estréia, "Rough Cutt", produzido por Tom Allom, que já havia trabalhado com grupos como JUDAS PRIEST, Def Leppard e Krokus. Logo no primeiro momento da audição deste álbum, percebe-se claramente que seu forte é o hard baseado no poderoso vocal afinadíssimo e emotivo de Shortino, com ótimas distorções no som das guitarras. Uma aula de força, músicas bem trabalhadas e emoção, coisa um tanto em baixa nas bandas californianas daquela época.
Com o lançamento deste disco e com grande experiência acumulada pelo grupo naqueles anos, parecia que nada poderia impedir que o sucesso chegasse à banda. Mas não é o que acontece, pois a banda lança somente mais um álbum, “Wants You” (86), e, mesmo com o potencial que este pessoal tinha, a banda se acaba.
Sua grande estrela, Paul Shortino, participou de vários projetos, como por exemplo, dividindo as vozes com Ronnie J. DIO, Rob Halford, Geoff Tate, Don Dokken, Eric Bloom, Kevin DuBrow e Dave Meniketti na canção “Stars”, do mega-projeto Hear´n Aid (86), versão metálica que, juntamente com os populares “USA For Africa” e o europeu “Band Aid´s”, visavam arrecadar fundos para combater a fome no continente africano.
Shortino também cantou no álbum homônimo do Quiet Riot em 1988, continuou lançando alguns trabalhos solo, participações em tributos e por aí vai... A notícia que se tem é que o Rought Cutt vem com nova formação, estando para lançar seu terceiro álbum de estúdio depois de quase vinte anos.
QUIREBOYS
Little Bit of What You Fancy
(1990 - Capitol)
Conhecido como “Londres Quireboys” na América do Norte e simplesmente “Quireboys” no resto do mundo, a banda usava originalmente o nome Choirboys, depois Queerboys. Formado em Londres, Inglaterra, nos meados dos anos 80 e após algumas das famosas trocas de membros, a banda se estabiliza com o nome definitivo e com o vocalista Spike, os guitarristas Guy Bailey e Guy Griffin, Nigel Mogg no contrabaixo, Rudy Richman nas baquetas e Chris Johnstone no piano, que não aparece nas fotos do primeiro disco.
A proposta musical destes excelentes músicos era tocar um rock n´roll com imensas influências setentistas, bem retrô mesmo. E assim gravam seu primeiro disco chamado “Little Bit of What You Fancy”, onde nada era pesado, mas tudo tinha um cheiro de Stones regado à muito piano, a voz marcante de Spike (idêntica à de Rod Stewart), os coros pegajosos e as linhas de guitarras com grandes solos fizeram deste álbum um dos discos de rock n´roll mais festeiros desta época e, talvez por soar propositadamente datado, se diferencia bastante do que era feito naqueles dias. Se saem muitíssimo bem nas paradas britânicas e rodam o planeta em mais de um ano de apresentações.
O Quireboys tinha todo o potencial para estourar no mundo inteiro, mas tiveram seu momento “roubado” por outra banda que também se propunha a tocar sons setentistas, mas de maneira mais psicodélica: The Black Crowes, e estes sim conseguem fama mundial...
Mas o conjunto segue em frente e, com a entrada do novo baterista Rudy Richman, gravam em 1993 seu segundo trabalho “Bitter, Sweet & Twisted”, que é considerado por muitos como sendo sua obra-prima. E é realmente espetacular, é totalmente ROLLING STONES e tem uma aura um pouco mais melancólica, além da gravação ser bem mais polida, mas não possui o clima de festa deste debut.
E novamente a onda grunge faz o mesmo estrago tão conhecido de todos, fazendo The Quireboys lançar alguns B-sides e encerrar suas atividades, somente voltando em “This is Rock 'n' Roll” em 2001, mantendo sua música intacta. E em 2004 as feras vêm com “'Well Oiled”, com um pouco mais de distorção nas guitarras e recebendo excelentes críticas das revistas especializadas de todo o mundo. Que continuem sua carreira por muitos anos ainda!
esta matéria.
Paul McCartney no Morumbi: valeu a pena?
Beatlemania no Brasil é muito mais do que gritinhos histéricos e arrancar de cabelos. O fã brasileiro deve provar, por cima de pau, de pedra, do Bradesco e dos cambistas a que veio.
A batalha começou muito antes, na emocionante saga por ingressos. O fã se viu obrigado a percorrer sua agenda telefônica de A a Z para descobrir qual dos seus contatos teria o acesso privilegiado aos ingressos de Paul, por meio dos cartões de crédito Bradesco. Neste processo, começou a se perguntar como sobrevive um banco de clientes aparentemente fantasmas. Onde estão, ó tão preciosos proprietários de cartão de crédito Bradesco?
Após conseguir o objeto almejado, através do tio do avô do pai do melhor amigo do vizinho ou como eu, que tinha dados de um cartão cuja dona nunca saberá a que propósitos e a quem serviu àquela noite, era hora de pôr-se a postos. Enquanto esperavam ansiosamente, os amigos punham-se a dividir suas angústias no MSN. Naquela noite, todos os insones usuários do MSN tinham uma única missão. “Já começou a vender?”; “Já começou!!!”; “Você conseguiu?”; “Não, e você?”; “Compra pra mim?”; “O site está travando”; “Não aceita mais o mesmo cartão”. É assim, fã de BEATLES é solidário e somente vai dormir depois de ajudar ou acompanhar na dor o último dos possíveis compradores de ingressos. Em poucos minutos, via-se esgotarem os ingressos dos melhores lugares. Não teve pra quem quis. A saga continuou, quando colocaram novos ingressos para o público não usuário do Bradesco; quando se abriram as pré-vendas para o segundo dia de show; quando se abriram as vendas para o segundo dia. Foi muita ansiedade e angústia materializada em noites de sono perdidas, faltas e atrasos no trabalho, cujo chefe, obviamente, compreendia. Tudo na vida é questão de prioridades e Paul McCartney é prioridade. Mesmo um chefe é capaz de discernir esta absoluta verdade.
Conseguido o ingresso, era a hora da luta por passagens e diárias. Para todas essas coisas da vida existe Mastercard.
Antes mesmo de chegar em Sampa, nos aviões e aeroportos, o clima já antecipava o que seria encontrado lá. Eram pessoas vestindo suas blusas de malha e estampas com imagens e dizeres sobre os BEATLES, mochilas e seus bottons, Ipods com os grandes hits. Apenas para ilustrar: desde os meninos de quinze anos que vinham do Acre até as senhoras argentinas, passando por todas as gerações, gêneros e territorialidades, a euforia-carnaval contagiava a todos e criava uma grande irmandade unida pelo amor ao ídolo, como Freud, com quase oitenta anos de antecipação, já havia descrito em “Psicologia das massas e análise do eu”, a respeito do fascínio causado pelos... pianistas! O que viria depois todos sabiam e queriam: era a história para contar. Não se trata da NECESSIDADE de ficar dois dias em uma fila do lado de fora do estádio, mas sim do prazer orgulhoso de dizer que se esteve lá. Ir ao show de um beatle é ter feito parte da História. As filas quilométricas são apenas o laurear.
Depois das horas em pé debaixo de sol (e no caso dos que foram ao show no dia seguinte, debaixo de chuva), depois de mais algumas horas dentro do estádio espremido feito sardinha em lata, é chegado o grande momento. Terá valido a pena? O que se viu?
Viu-se o que já se sabia que se ia ver. A Folha de São Paulo, escrotamente, a meu ver, já tinha descrito na quinta-feira anterior em minúcias o que veríamos no domingo. A set list, esta já se sabia com muita antecedência. A antecedência necessária para que as músicas desconhecidas fossem baixadas na Internet, insistentemente ouvidas e devidamente decoradas para o bom fã não fazer feio no grande momento. Mas o que a Folha antecipou foi mais: as brincadeiras, as falas, a hora que o show amorna, a hora que o show eletrifica, os efeitos especiais, o português do Paul. Não, a Folha de São Paulo não tem em seu quadro jornalistas com poderes mediúnicos. É difícil para um fã assumir, dói, é dar a cara a tapa e a mão à palmatória: mas show do Paul é tudo igual.
E eu, que nunca tinha ido a um show do Paul, já tinha visto aquele mesmo correr pelo palco com uma grande bandeira, promiscuamente levantada, não importa qual país fosse; já tinha visto o mesmo ensaiar de vozes ao som de “Na Na Na” no tão esperado momento de Hey Jude; já tinha visto o jogo de luzes que o público fazia junto às palavras de Let It Be. É necessário confessar que todos os fãs de primeira viagem, por uma vida inteira, ansiaram estar naquele show metódica e universalmente ensaiado, fosse por parte dos artistas, fosse por parte do público. Talvez assim deva ser lido um show de Paul: não mais como algo enérgico, sidérico e disruptivo como é característico do verdadeiro rock; como foram os BEATLES quando ousaram fazer um inusitado show no topo de um prédio. Mas como uma ótima peça de teatro, tantas vezes encenada da mesma forma para públicos distintos.
Depois, com as parcelas a vencer no cartão e a dor nas pernas por dias resultante das horas passadas em pé, eis que a consciência pergunta: valeu a pena?
Eu diria que o show do Morumbi foi como um show no DVD de casa, embora com menos conforto. Ter estado lá ocasionou prazeres secundários, como encontrar os amigos espalhados pelo Brasil e que não se via há anos, unidos todos por uma grande causa. Além disso, regozija ter visto o que media nenhuma noticiou: quando a horda primeva, nos minutos iniciais do show, destruiu o balão do Bradesco, máximo culpado por nossas dificuldades na aquisição dos ingressos. Mas não importa o que acontecesse àquela noite: o beatlemaníaco sabe que nunca se perdoaria se não estivesse ali, cumprindo o seu ritual religioso.
Ir foi necessário para aplacar a ansiedade quanto à possibilidade de não estar presente na talvez última passagem de um beatle pelo Brasil. Eu acrescentaria à Fernando Pessoa: tudo vale a pena, se a alma não é pequena e se a Mastercard divide em 10x.
Symfonia: uma nova promessa ou apenas mais um fiasco?
O SYMFONIA é a nova empreitada do guitarrista Timo Tolkki (ex-STRATOVARIUS) após o fracasso que foi o REVOLUTION RENAISSANCE. Desta vez, ele convidou músicos de gabarito: André Matos (dispensa maiores apresentações), Uli Kusch (ex-HELLOWEEN/MASTERPLAN), Jari Kainulainen (ex-STRATOVARIUS) e Mikko Härkin (SONATA ARCTICA).
Todos sabem que Timo Tolkki é um excelente músico e blá, blá blá, mas convenhamos, ele nunca mais compôs um álbum legal desde o "Visions", do STRATOVARIUS. Depois ele apenas gravou CDs bem medíocres com sua ex-banda, e até se esforçou para que "Infinite", lançado em 2000, viesse com a mesma carga de outrora, mas, não deu. E ainda, todos que estão antenados com o que acontece no cenário metálico sabe que o cara já surtou várias vezes: tentou expulsar todo mundo da banda, anunciou uma vocalista feminina (aliás, o que aconteceu com ela?) e depois voltou atras, se internou em uma clínica psiquiátrica, se demitiu do STRATOVARIUS e formou o Revolution Renaissance, que foi um verdadeiro fiasco, êta bandinha ruim! E só para relembrar mais uma, recentemente ele foi acusado de não ter gravado os solos de guitarra em "Trinity", ultimo álbum do REVOLUTION RENAISSANCE, sendo eles executados pelo produtor Santtu Lehtiniemi (mais detalhes aqui). Ou seja, o cara não bate bem da cabeça, é um "lelé da cuca"!
Depois de um currículo como esse, não tem como não olhar com desconfiança para esse novo projeto e temer se o gordinho não vai surtar novamente.
De qualquer modo, fico feliz pelo vocalista Andre Matos, outro músico excepcional, mas que depois de sair do ANGRA parece ter ficado um pouco sem rumo. Gravou dois CDs legais com o SHAMAN, e depois investiu na sua carreira solo com álbuns bem meia-boca (opinião pessoal minha). Espero que o SYMFONIA não seja apenas mais um projeto "para não ficar parado", se é que me entendem.
No mais, vamos aguardar pelo CD de estreia, programado para ser lançado no inicio de 2011.
Matéria original: Apaister Music
Pantera: Vinnie não quer fumar Cachimbo da Paz com Anselmo
Vinnie: "Foi uma combinação. O MEGADETH ligou pra Dimebag e basicamente ofereceu o mundo pra ir tocar guitarra pra eles, mas ele os recusou. E daí a gente pensou, 'Wow, a gente tem que fazer algo aqui pra tornar essa banda algo especial'. Nossos lançamentos independentes estavam meio que imitando as bandas que escutávamos na época, então basicamente dissemos, 'Vamos nos livrar dessas roupas mágicas – elas não tocam música por nós. Vamos tirar isso tudo'. Nós estávamos prontos pra fazer algo novo – manter as raízes caipiras que tínhamos do Texas mas levá-las a um novo nível".
O que você quer dizer por suas “raízes caipiras”?
Vinnie: "Meu pai era um músico de Country, então tínhamos David Allan Coe e muito mais música country rolando pela casa o tempo todo. Se você pegar o riff dessa canção, 'Cowboys From Hell' e analisa-lo, é quase um riff caipira: dekka dekka dekka dekka dekka dekka dekka dek. A gente só pegou esse espírito e colocou essa máquina de heavy metal por trás dele".
Você e Darrell chegaram a ter uma banda com Coe por algum tempo, o Rebel Meets Rebel. Como foi que isso rolou?
Vinnie: "Coe estava tocando no [famoso bar e restaurante mexicano] Billy Bob’s uma noite, e Dome viu o show e realmente amou o cara. Ele ficou na fila depois do show pra pegar um autógrafo e apertou a mão de Coe e disse, 'Hey. Cara eu toco nessa banda chamada Pantera. Eu realmente adoro o que você faz'. E Dime deu a ele nosso DVD, e mais tarde naquela noite, quando Coe estava viajando pra próxima cidade, ele apareceu. Ele não tinha ideia de quem era Pantera, e ficou chapado. Ele ligou pra Dime no dia seguinte e disse, 'Porra, eu coloquei esse DVD, cara, e eu me senti como assistisse aos BEATLES. Temos que nos encontrar e escrever algumas canções'!”
Eu sei que quando o PANTERA se separou havia muita mágoa entre você e Phil Anselmo. Vocês tiveram que lidar um com o outro de algum modo pra lançar essa reedição?
Vinnie: "Nah, nah. Eu fiz tudo que eu podia pra me certificar de que seria tão bom quanto pudesse ser, e ele contribuiu com a parte dele, e eu acho que fizemos justiça aos fãs por serem parte disso".
Em seus agradecimentos no encarte, Anselmo fala muito sobre como vocês são ótimos, como se ele estivesse querendo deixar o passado pra trás. Mas eu seus agradecimentos você dá uma alfinetada de leve nele, escrevendo, “Phil era muito diferente na época – muito honesto e aberto em suas letras.” Eu devo concluir que vocês não vão fumar o cachimbo da paz?
Vinnie: "Essa é uma excelente conclusão. Eu vou deixar assim".
Fonte desta matéria (em inglês): Site Texas Monthly
Don Dokken: "eu tenho que tocar música, é a minha droga"
Sobre a primeira tour com concertos em estádios:
"Foi assustador. Foi assustador demais estar tocando no Whiskey para 300 pessoas, e então, de repente, estávamos no palco em frente a 10,000. Levou um tempo para pensar em que diabos estávamos fazendo… sabe, como viver em um ônibus, como estar no palco no horário, como preparar o equipamento rápido — tínhamos apenas 35 minutos. Aprendemos. Foi muito excitante. Estávamos todos na casa dos 20 (anos). Nunca tinha feito nada daquilo."
Sobre a tour européia em 1986 com o AC/DC:
Leia a entrevista completa (em inglês) na Easy Reader (link abaixo).
Fonte desta matéria (em inglês): Easy Reader