20 de novembro de 2010

Millencolin (Carioca Club, São Paulo, 14/11/10)

Nos últimos meses, o Carioca Club - casa de shows localizada na zona oeste da cidade de São Paulo - acostumou-se a receber apresentações de bandas ligadas a diversas vertentes do Metal. Porém, neste domingo (14), véspera do feriado da proclamação da república, o local foi "invadido" por um grande número de seguidores do Hardcore - ou melhor, dos suecos do MILLENCOLIN, que trouxeram ao Brasil a turnê de comemoração dos 10 anos de seu álbum de maior sucesso: 'Pennybridge Pioneers'.



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Fotos: Filipe Rocha
A abertura da casa, marcada para às 17h, ocorreu trinta minutos após o previsto. Enquanto o público entrava no local, um telão instalado no palco transmitia a partida entre Atlético Goianiense e Palmeiras, válida pelo campeonato brasileiro. Meia hora depois, às 18h, as imagens do jogo foram retiradas para dar lugar à atração de abertura: o FISTT, banda de Jundiaí que debutou em 1999 e recentemente lançou seu quinto álbum, 'Como Fazer Inimigos'.
Usando uma camiseta do BAD RELIGION, o vocalista/baixista F.Nick - ao lado de Mirtão (guitarra), Karacol (guitarra) e Xandão (bateria) - embalou a galera com um Hardcore objetivo, de música simples e letras bem humoradas, entre elas "Minduim", "Pobre F. Nick" e "Meu Amigo Copo". A apresentação, que durou vinte e cinco minutos, teve boa aceitação e serviu como aquecimento para o petardo que viria a seguir.
Ao coro de "olê, olê, olê, olê, MILLEN-COLIN!", às 19h subiu ao palco o prato principal da noite. Formada por Nikola Sarcevic (vocal/baixo), Erik Ohlsson (guitarra), Mathias Färm (guitarra) e Fredik Larzon (bateria), a banda desembarcou no país com a proposta de tocar na íntegra o álbum 'Pennybridge Pioneers', que há dez anos ganhou o disco de ouro e até hoje é considerado o trabalho mais coeso do quarteto.
Logo na abertura, durante "No Cigar" - famosa por estar presente no game 'Tony Hawk’s Pro Skater 2' - mesmo com um breve problema no baixo de Nikola, o que se viu na pista (lotada, diga-se de passagem) foram jovens pulando, dançando e formando diversas rodas que mais pareciam furações humanos. Em poucos minutos, o local setransformou em uma verdadeira sauna gigante, tamanha era a empolgação das pessoas, que curtiram o momento como se fosse o último show da vida. Impressionante foi notar que o clima de festa seguiu durante todas as músicas do primeiro set: das famosas "Fox" e "Penguins & Polarbears", até as que tiveram pouca repercussão na mídia, como "The Mayfly" e "A-Ten" - com destaque para a competência na qual foram executadas.
Os próprios músicos, originários da gelada Suécia, sentindo o calor humano, souberam interagir na dose certa com o público - Nikola distribuiu diversas palhetas e os guitarristas Erik e Mathias tocaram o tempo todo com uma câmera colada em seus bonés, o que, com certeza, captou ótimas imagens para fazer inveja a seus amigos escandinavos.
A poeira só foi baixar (um pouco) durante a única balada da noite. Após tocarem "Pepper", a banda inteira saiu do palco e, segundos depois, voltaram apenas Nikola Sarcevic e um violão. Assim iniciou "The Ballad", cantada em verso e prosa por toda a casa e que emocionou muita gente, inclusive diversos garotos "violentos", organizadores dos chamados "bate-cabeças".
Por incrível pareça, em apenas 45 minutos, todos no Carioca Club já estavam satisfeitos com a apresentação. Mas a cereja do bolo estava guardada para o Bis - grande parte dele composto por canções dos primórdios do MILLENCOLIN, época em que a banda misturava elementos de Ska com Punk Rock e Hardcore. Foram resgatadas do disco 'Life On A Plate' (1995), famoso por sua inconfundível capa, as rápidas "The Story Of My Life", "Killercrush" e "Bullion", esta considerada por muitos como o hino da banda. Para encerrar a divertida celebração ao Hardcore, "Black Eye", do álbum 'Home From Home' (2002), inflamou de vez o público, que, de tanto agitar durante uma hora e vinte minutos, voltou para casa com a alma e o corpo lavados.
MILLENCOLIN EM SÃO PAULO
Carioca Club, 14 de novembro de 2010

Vocal/Baixo: Nikola Sarcevic
Guitarra: Mathias Färm
Guitarra: Erik Ohlsson
Bateria: Fredik Larzon

Set List
1. No Cigar
2. Fox
3. Material Boy
4. Duck Pond
5. Right About Now
6. Penguins & Polarbears
7. Hellman
8. Devil Me
9. Stop To Think
10. The Mayfly
11. Highway Donkey
12. A-Ten
13. Pepper
14. The Ballad

Bis
15. The Story Of My Life
16. Dance Crazy
17. Random I Am
18. Buzzer
19. Vixen
20. Killercrush
21. Mr. Clean
22. Bullion
23. Leona
24. Black Eye


Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 2

E aqui estamos novamente, com mais alguns textos sobre conjuntos Hard Rock que estouraram com algum disco e logo depois caíram no marasmo, ou até mesmo bandas desconhecidas com álbuns ainda mais desconhecidos, mas que possuem ótimas composições e que não tiveram muita chance de mostrar sua música a um público maior.


Para estes grupos, o maior estrago foi feito mesmo no começo dos anos 90 pelas grandes gravadoras e promotores de shows, que viram no grunge a grande fonte de lucros desse período e muita culpa também tem seu público, cuja grande parcela não era tão fiel à suas bandas como diziam ser. E todos sabem como isso afetou os grandes conjuntos desta época, que começaram a ser ignorados por todos, sendo que até pouco tempo atrás ainda passavam pelos seus anos dourados. Imaginem então como ficou a situação de toda a cena com seus grupos menores, mas que tinham grandes idéias para suas músicas. E estes discos merecem a chance de serem conhecidos, mesmo que tenham sido lançados há mais de uma década.


ZODIAC MINDWARP AND THE LOVE REACTION


Tattoed Beat Messiah

(1988 - Vertigo/PolyGram)

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Por um curto espaço de tempo os ingleses do Zodiac Mindwarp And The Love Reaction conseguiram fazer um estrondoso sucesso na cena do rock pesado com um visual cuidadosamente sujo, cabelos engordurados, muito couro, drogas, canções sobre sacanagens e muita piração debochada. Bom, nada disso é novo, e mesmo assim o Zodiac conseguiu fazer diferença com seu hard rock alucinado e enérgico.

Desde o início o Zodiac teve problemas com sua formação e seu primeiro disco é gravado com Mark Manning, que assume a identidade de Zodiac Mindwarp e o The Love Reaction fica por conta de Cobalt Stargazer (guitarra), Kid Chaos (baixo) and Slam Thunderhide (bateria). O mini-LP “High Priest of Love” sai em 1986 já conseguindo chamar muita atenção.
Mas é com novas trocas de integrantes que o Zodiac lança seu maior sucesso e um dos grandes álbuns hard da época. Em 1988 seu segundo disco chamado “Tattoed Beat Messiah” explode nas paradas européias e norte-americanas e, além de composições bastante modernas, pesadas, cheias de alto astral e de um sarcasmo único, com destaque por conta da voz de Manning (semelhante à de Alice Cooper) e do grande trabalho com as guitarras, que apesar de terem sido gravadas a mais de quinze anos, ainda mantém um frescor e tanto. O resto da banda também não fica atrás, sem contar com a gravação, que é realmente impressionante.
Para quem já escutou este álbum, sabe que sua sonoridade é única e insana. Mas essa insanidade infelizmente não ficava somente em sua música, a banda se afunda cada vez mais em álcool e DROGAS e perde seu rumo... Entre mais trocas de integrantes, muitas brigas, publicação de livros de contos de ficção, o Zodiac Mindwarp And the Love Reaction vai, aos trancos e barrancos, lançando trabalhos que não chamam mais a atenção por toda a década de 90, tanto que somente são reconhecidos por este álbum... Mas pelo menos deixaram sua marca com “Tattoed Beat Messiah”. E que marca!

AXE

Offering
(1981 - Atco, Atlantic)

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Conjunto da Flórida/EUA, que foi formado em 1978 com o nome de Babyface por Michael Osborne (nada a ver com o outro Osbourne) na voz e guitarra, Edgar Riley Jr. nos teclados, Teddy Mueller na bateria e Michael Turpin no contrabaixo. Durante suas inúmeras excursões descobrem que havia outra banda com o mesmo nome e já devidamente registrada. A partir daí adotam a simples palavra Axe, que gravam um álbum homônimo em 79 e o “Livin On The Edge” no ano seguinte.

Algumas faixas destes trabalhos se destacam, chamando a atenção da gravadora ATCO, que via no Axe a possibilidade de estourarem e acaba por contratá-los. Com o novo baixista Wayne Haner gravam “Offerings”, apresentando canções seguindo a linha do grande Thin Lizzy, porém um pouco mais melódico e em alguns momentos até mesmo pendendo para o lado quase pop da coisa. Mas é um disco muito bacana, com grandes faixas como “Now Or Never" e "Rock and Roll Party In the Streets”, as boas guitarras de “Silent Soldiers”, “Jennifer”, entre tantas outras.
Conseguem excursionar pelo mundo por dezoito meses com OZZY OSBOURNE, Judas Priest, Scorpions, ZZ Top e Mötley Crüe. Seu próximo álbum, “Nemesis” vem somente consolidar todo o trabalho do pessoal, repercutindo de maneira positiva especialmente na Europa e Austrália. Mais turnês vêm e vão, e quando o Axe começa a compor para seu quinto disco a tragédia golpeou a banda. Em 1984, um acidente automobilístico tira a vida do vocalista Osborne e fere seriamente Bobby Barth, conduzindo ao término desta que poderia ter sido mais uma das grandes bandas oitentistas.
Porém, em 2000, Axe se reformou com membros originais Barth, Edgar Riley e Teddy Mueller e a inclusão de Blake Eberhard no baixo e com Bob Harris (Zappa, STEVE VAI, Warren Zevon, Ant Bee) adicionando seus talentos nos teclados, onde lançam mais dois trabalhos.

JUNKYARD

Sixes, Sevens and Nines
(1991 – Geffen)

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Formado em 1988 em Los Angeles por um par de amigos texanos chamados David Roach nas vozes e o guitarrista Chris Gates, chegando ao time logo depois o baterista Pat Muzingo, que trouxe Clay Anthony para o baixo. A banda se completa com Brian Baker para a segunda guitarra. Sempre tocando em clubes de pequeno e médio porte, o Junkyard tinha grande presença de palco e geralmente atraía muitos rockers, curiosos, motoqueiros e doidões para a festa que eram suas apresentações. E assim atraem a atenção dos olheiros da grande gravadora Geffen; e como não poderia deixar de ser, logo em seguida lançam seu primeiro álbum auto-intitulado, que nada mais era do que o genuíno rock n´roll que refletia as raízes punks de alguns de seus membros.

Mas foi este “Sixes, Sevens and Nines” que mostrou o grande entrosamento em que a banda se encontrava, a inflluência punk desapareceu, dando lugar a canções hard rock que continuavam pesadas e despojadas, acrescidas de mais melodias e certas nuances de blues, além de duas bonitas baladas.
O pessoal do Junkyard sempre foi muito simples, dava muita importância às músicas em detrimento da imagem e este foi um dos motivos de seu pouco sucesso para as grandes massas, lembrando que na época o grande lance eram as bandas que investiam muito no aspecto visual. Isso acabou por resultar no abandono do conjunto pela gravadora poucos momentos antes de colocar no mercado seu terceiro trabalho, que já estava até mesmo finalizado e que acabou por nunca ter sido liberado oficialmente.

KEEL

The Final Frontier
(1986 – Vertigo)

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Keel foi uma das legendárias bandas dos EUA e seu mentor, vocalista e guitarrista Ron Lee Keel desde os dezessete anos estava na batalha, passando por inúmeros conjuntos, sendo o que merece maior destaque é o Steeler, de 82, que contava com a participação do sueco novato (na época, obviamente) Yngwie J. Malmsteen, e é de se imaginar que esta parceria não durou muito.

E em 1984, Ron monta sua própria banda, simplesmente chamada Keel, que tinha ainda em sua formação os guitarristas Marc Ferrari e Bryan Jay, Kenny Chaisson no contrabaixo e Dwain Miller na bateria. Após muitos ensaios, lançam “Lay Down the Law” em 1984 e “The Right To Rock” no ano seguinte e este, por ter sido produzido por Gene Simmons, ajudou bastante o Keel a crescer na cena hard rock norte-americana, sendo que este disco vende bem até os dias de hoje.
Apesar deste álbum ter estourado, o próximo trabalho lançado em 1986 é chamado “The Final Frontier” e é considerado por Ron Keel e até mesmo por este que vos escreve bem melhor em termos de composição. Novamente produzido por Simmons, que desta vez deu total liberdade de criação à banda, sendo que o disco mantém a banda no topo com grandes, pesadas e melódicas canções como a faixa-título, “Rock And Roll Animal”, que, perdoem a redundância, é realmente animal; o cover da bonita semi-balada de Bruce Springsteen “Because The Night” e “Tears Of Fire”.
E o Keel segue gravando mais dois álbuns previstos no contrato com a Vertigo até 1989, mas não são tão bons quanto os anteriores. Com a chegada do grunge, a banda se desmancha e Ron Keel parte para projetos estranhos em álbuns de música country (?!? – bom, o cara tem que se alimentar, não?!?) e toca ao lado das belas garotas do Fair Game. Em 1998 o Keel se reúne novamente, lançando “Keel VI – Back In Action”, bem aquém de seus antecessores. Atualmente Ron Keel está no Ironhorse, onde colocou dois discos no mercado.

ALANNAH MYLES

Alannah Myles
(1989 – Atlantic)

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A canadense Allanah Myles se apresentou em vão durante muito tempo em locais de pequeno porte em sua terra natal, sempre visando um contrato de gravação que nunca chegava. Decidida a chegar ao estrelato, resolve partir juntamente com seu companheiro compositor Christopher Ward para os EUA, onde surge muito interesse pela sua demo e conseguem rapidamente assinar com a Atlantic.

Por ironia, seu primeiro single estoura no Canadá, onde sempre foi ignorada, pouco antes do primeiro álbum ser colocado no mercado. E com o apoio da gravadora, que coloca ótimos músicos para acompanhá-la em seu debut auto-intitulado, Alannah Myles estourou nas paradas de todo o mundo, vendendo mais de cinco milhões de cópias e concorrendo ao Grammy de melhor cantora na categoria rock.
O disco realmente mereceu todas as críticas positivas que recebeu, pois apresentava faixas com puro rock n´roll com tempero blues, ora pesado e seco, ora voltado mais ao pop. Para quem se lembra da canção carro-chefe “Black Velvet” e acha que o álbum é somente isso se engana completamente. Esse disco foi subestimado pela grande maioria do público rocker por esse motivo, quem pode imaginar um álbum, com um bonito rosto feminino numa capa que não apresenta nenhum traço gráfico na linha rock n´roll, apresentasse músicas tão bacanas?
Mesmo com a imensa repercussão que esse primeiro disco teve, a carreira de Alannah Myles não conseguiu manter esse ritmo, pois nenhum de seus trabalhos posteriores lançados durante os anos 90 chegou perto deste álbum, nem em termos de composição – que deixou de lado a distorção nas guitarras - e muito menos sucesso comercial.

KISS OF THE GYPSY

Kiss Of The Gypsy
(1992 – Atlantic)

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Excelente banda inglesa inicialmente conhecida como Fantasy e teve como mentor o vocalista e guitarrista Tony Mitchell, que recrutou para a outra guitarra Darren Rice, Martin Talbot para o baixo, Scott Elliott na bateria e o tecladista George Williams. Kiss Of The Gypsy também foi um dos inúmeros conjuntos que lança somente um contagiante disco auto-intitulado e pára por aí...

Com um hard rock meio na linha de BON JOVI com menos teclados, um pouco mais pesado e cheio de otimismo e energia, o disco traz canções incríveis para o gênero. Tony é um compositor como poucos, além de ter uma voz meio rouca que realmente agrada em todas as dez faixas, possuindo um clima de muito alto-astral, ótimas guitarras com boa timbragem, vozes de fundo muito bem encaixadas, sem esquecer a atuação de Scott, que é um monstrinho na bateria.
São faixas de fácil assimilação e bastante melódicas, o que garante a simpatia logo de cara. Nas músicas mais pesadas a banda se sai muito bem, mas nas baladas, tão reconhecidas nesse gênero, a banda se torna previsível, mas mesmo assim tal fato não tira o brilho deste álbum.
Mesmo sendo um disco tão bacana e tendo boa cotação nas resenhas e muitos elogios para suas performances no palco, infelizmente o KISS Of The Gypsy rachou logo após a liberação do álbum. Tony e George tocam ainda juntos no Reino Unido na banda Cowboys and Angels, que fazem versões cover. Realmente um desperdício para esta banda desconhecida por aqui, mas que somente apareceu no momento errado.

WAR BABIES

War Babies
(1992 - Columbia)

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Imaginem, em plena ascensão da onda grunge, uma banda de hard rock tradicional tentar tocar a carreira na própria cidade de Seattle. Pois é, foi o que esses caras do War Babies fizeram por um curto espaço de tempo. Formada em 89 por Tommy McMullin (guitarra) e Richard Stuverud (bateria), entrando no time depois Brad Sinsel (voz), Guy Lacey (guitarra) and Shawn Trotter (baixo). O pessoal foi tão dedicado que conseguiu colocar em seu primeiro e único registro convidados de peso como Paul Stanley (Kiss) e Benmonth Tench (tecladista do Tom Petty).

Seu disco homônimo sai em 92 e mostrava músicos que, apesar das tradicionais poses, tinham muito talento, tendo como principal foco de criação Tommy e Brad. Com guitarras distorcidas, cozinha competente e um vocalista experiente, dono de uma voz potente e relativamente melódica, fizeram bonito num álbum que tinha de tudo, desde músicas grudentas e ritmos festeiros como em “Hang Me Up” e “Death Valley of Love”, as quase heavy nas excelentes “Care (Man I Just Don't)” e “Sweetwater”, a sombria e sabbathica “Blue Tomorrow”, além da certeira faixa lenta “In The Wind” , que era semi-setentista e cheia de feeling.
Estavam empolgados em dar continuidade à sua música, mas, mesmo sendo de Seattle, onde a cultura musical estava em efervescência, a arte do War Babies era diferente do que estava rolando ao seu redor, e como tudo o que não está dentro dos padrões de consumo norte-americano, War Babies foi abandonado pela mídia. E como é a mídia é que faz a cabeça do consumidor modista, o grupo acabou sendo deixado de lado pelo seu público. Obviamente a banda se dissolve, e para sobreviver, Stuverud toca a vida gravando com diversos grupos de Seattle.


Backstage: 22 anos de muita música e informação


A rádio BACKSTAGE iniciou as atividades em fevereiro de 2006, sendo a primeira web-radio do Brasil, com 24 horas de programação dedicadas ao estilo. Ainda no formato "programa", o Backstage foi ao ar pela primeira vez em novembro de 1988 pela 97 FM SP, onde permaneceu até dezembro de 1994. Do começo de 1995, até janeiro de 2006, o programa foi transmitido pela Brasil 2000 FM (107,3) com 1026 edições em 17 anos de existência.
Em março de 2008, o programa retornou à rádio aberta, desta vez pela KISS FM (102,1), sendo apresentado todos os domingos das 22 às 24 horas. Confira uma entrevista exclusiva com o apresentador Vitão Bonesso.
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O programa Backstage está completando 22 anos de vida, mas isso não seria possível sem que você tivesse a garra necessária para ir contra as adversidades. Podemos afirmar que sem Vitão Bonesso o Backstage não existiria? Já pensou em passar o bastão?
Vitão Bonesso:  Com certeza, o Backstage não existiria sem Vitão Bonesso e sinceramente não vejo o programa sendo conduzido por outra pessoa. É como um filho, que eu vi crescer nesses 22 anos. Passar o bastão? Nem pensar! Essa história de aposentadoria não cabe a mim. Graças a Deus ainda tenho que trabalhar e sinto muitasatisfação em fazer o que eu faço.
Você ficou conhecido graças ao seu trabalho na rádio 97 FM de Santo André. Conte como foi essa época?
Vitão:  Comecei como colaborador na 97 FM. Quase sempre eu aparecia com alguma novidade oulançamento que era adicionado à programação diária – isso foi em 1987. Logo depois, comecei a colaborar na produção dos especiais de sábado à tarde até que o dono da rádio, o Zé Antonio, me ofereceu um programa de uma hora nas tardes de domingo, que iria substituir um outro existente. Acredite, naquele momento eu me ofereci somente como produtor daquele programa que já existia, pois eu não tinha nenhuma experiência como locutor. Eles não aceitaram e me colocaram na fogueira, naquele esquema: "Te vira que você estreia domingo que vem". Ou seja, ou topa, ou topa... É claro, acabei topando (risos).
Quando você pensou que seria apresentador de rádio? Teve que estudar ou simplesmente colocou a voz no microfone e saiu falando o que pensava?
Vitão:  Nem tive tempo de pensar nisso (risos). Foi tudo muito rápido. Tive que arrumar um nome para o programa, organizar uma pauta, gravar vinhetas em apenas três dias. No primeiro ano do programa eu somente fazia a locução, além de produzir o programa. Como os operadores eram os locutores folguistas, aqueles sem muita experiência, rolavam muitos erros que me deixavam muito puto. Se eu reclamasse o clima ficaria (apesar de eu reclamar), ainda mais tenso, mas teve uma hora que eu resolvi assumir a parte técnica, então eu operava e fazia a locução ao mesmo tempo, e isso deu uma plástica e uma dinâmica melhor ao programa.
Vitão: Se eu errava alguma coisa, rolava um stress comigo mesmo. Mas aprendi rápido, a função (risos). Quanto a aprender alguma coisa em escolas especializadas, nunca me interessei. Criei a minha própria maneira de trabalhar. Somente tive que prestar mais atenção no inglês, que naquela época era terrível. Mas aos poucos tudo foi se encaixando.
Como era o trabalho de pesquisa de um programa de rádio nos anos 80?
Vitão: Me lembro que depois que o programa passou por um teste de qualidade da 97 FM, me preocupei bastante com o aspecto da informação, e para isso fiz a assinatura de algumas revistas importadas como a inglesa Kerrang e a americana Circus. Ao longo dos anos, assinei também a Metal Hammer e a Raw, que me supriam de ótimas informações, até o surgimento da Internet, que deu uma reviravolta em tudo relacionado à informação. Além disso, eu contava com alguns correspondentes que também me enviavam material pelo correio; desde recortes de jornais, discos e fitas K-7, com muita novidade.
As gravadoras da época ajudavam o programa enviando material ou tudo que tocava na rádio era graças ao seu acervo pessoal?
Vitão: Ajudavam, bem mais que hoje. Nós éramos o caminho para as pessoas conhecerem os lançamentos, então, o tratamento que as gravadoras dispensavam para o nosso trabalho ajudava demais. Porém, eu sempre dava uma rasteira neles, pois na maioria das vezes eu conseguia tudo bem antes que as gravadoras daqui. É claro que o grande chamariz do programa era, e ainda são as raridades e exclusividades que eu ainda mostro, e que eu colecionei durante toda a minha vida. O Backstage não conquistaria o sucesso que tem, se não contasse com isso.
O preconceito da mídia era muito grande com o Heavy Metal? O que você chegou a escutar dos donos da rádio que você trabalhava sobre o estilo?
Vitão: Olha, nunca me senti alvo de preconceito por trabalhar com o Heavy Metal. Tudo é uma questão de postura. Se você não gosta, ok, não ouça, ou mantenha distancia. Nas rádios pela quais passei, o Backstage sempre foi uma das atrações que mais deu Ibope, por isso os diretores sempre me davam liberdade, sempre acreditando naquilo que eu estava desenvolvendo. Sempre sou procurado para dar entrevistas, palestras, e opiniões sobre o estilo, e nunca fui tratado com preconceito. Como disse, a postura tem muita a ver com isso.
Você ficou bastante tempo, tanto 97 FM, como na Brasil 2000 – no total foram 17 anos. O que fez você mudar de uma para outra emissora?
Vitão: Uma das coisas que eu mais me orgulho é de nunca ter sido demitido por nenhuma das rádios que trabalhei. Fiquei na 97 FM de novembro de 1988 até dezembro de 1994. Saí da emissora, pois a mesma estava partindo para outro estilo musical. Eu não teria o que fazer lá. No mês seguinte (janeiro de 1995), estreei na Brasil 2000, onde fiquei até janeiro de 2006. Saí porque a dona da rádio, que é a Anhembi Morumbi, resolveu arrendar o local e com certeza o estilo seria outro. Foram anos maravilhosos e deixei muito amigos em cada uma delas.
Em 1998, quando você estava na Brasil 2000, cogitou-se a sua entrada na MTV, no programa Fúria Metal, que estava sem apresentador após a saída do Gastão Moreira. Por quê não deu certo?
Vitão: Tem uma história antes disso. O Gastão uma semana antes de ser demitido da MTV, esteve em meu programa para uma entrevista. Durante a entrevista ele se mostrou irritado com a emissora e por várias vezes fez criticas e comentários raivosos, tanto que quando estávamos no comercial eu o alertei, que o programa era ao vivo e que algumas declarações poderiam prejudicá-lo. Ele não se importou e continuou a soltar faíscas contra a MTV.
Vitão: Como todos sabem, em novembro daquele ano o Gastão saiu da MTV e deixou meu nome como sugestão para substituí-lo. A MTV não deu muita bola, e chamou o João Gordo que recusou e também sugeriu meu nome. Foi assim que em dezembro de 1998 eu fui chamado para uma conversa com a diretora de programação da MTV. De cara, as idéias não me agradaram, e propus a eles que me deixassem desenvolver meu trabalho da minha forma por três meses. Inclusive abri mão de receber cachê. Mas eles teimavam que eu teria que seguir o que o diretor do programa mandasse. Então as coisas pararam por ai, porque naqueles tempos, o Fúria já se mostrava desgastado e, na minha opinião, muito mal dirigido, somente exibindo clipes antigos. Me coloquei a disposição para arrumar material novo, mas acho que isso assustou um pouco eles. Senti algo como: "O que esse cara pensa que é?"
E qual a sua opinião sobre o programa "That Metal Show" do canal de televisão VH1 Classic, que é apresentado pelo radialista Eddie Trunk? Você já pensou em fazer algo parecido por aqui?
Vitão: Tem coisas engraçadas, mas pra mim não passa de um papo de bar, com um assunto sendo jogado no ar para criar uma certa polêmica: Qual o disco ao vivo mais importante pra você? Qual o riff de guitarra mais destruidor para você? Um fala uma coisa, ou outro discorda, e é isso. Pra mim não quer dizer absolutamente nada.
Vitão: Quanto a fazer alguma coisa por aqui nesse formato, não. Seria algo bem diferente onde a informação teria um lugar importante, assim como mostrar imagens bem legais. Faltou pouco para o Backstage virar também um programa de TV. Foram feitos pilotos, que chegaram a serem aprovados, mas eu me desinteressei pelo projeto.
Em fevereiro de 2006, você colocou no ar a rádio Backstage na Internet. Por quê decidiu se transportar para a rede mundial de computadores?
Vitão: Porque era a minha única saída (risos). Antes mesmo de deixar a Brasil 2000, isso em meados de julho de 2005, comecei a negociar uma ida para a KISS FM, pois já sabia que a Brasil 2000 estava sendo negociada. Ao mesmo tempo eu já estava pesquisando a possibilidade de fazer uma rádio na net. Foram meses até que em fevereiro de 2006 ela foi ao ar, em meio à desconfiança de muita gente, inclusive de patrocinadores que me acompanhavam há muitos anos. Foram tempos difíceis, pois aqui no Brasil ainda não existia o habito de se ouvir uma rádio na internet. Aos poucos essas barreiras foram caindo, e hoje posso afirmar com muito orgulho, que a Rádio Backstage é um sucesso absoluto.
A audiência da rádio é maior por usuários brasileiros ou estrangeiros?
Vitão: 90% são brasileiros e essa é a minha meta. Fazer rádio para os Headbangers e apreciadores do Classic Rock do meu país.
Você também tem a seção "Backspace" na revista Roadie Crew. Qual a maior dificuldade de se criar pautas todo o mês?
Vitão: Cara é um parto (risos)... Chego a ter cólicas e passar noites em claro procurando algum assunto. Veja bem, eu faço essa coluna a mais de 10 anos e é claro que as idéias vão acabando. No final sempre aparece alguma coisa, seja legal, ou mais ou menos legal (risos). Agradeço aos amigos, entre eles você, por me darem dicas preciosas para que eu venha a desenvolver algum assunto.
Sem contar o livro que conta os 10 primeiros anos do Backstage, All Access, que foi muito bem aceito por todos. Você pensa em atualizar a história?
Vitão: Sempre penso, e sou cobrado constantemente de uma continuação. Porém me falta tempo, além de que existem muitos assuntos e passagens que poderiam causar algum desconforto a certas pessoas (risos). Mas a idéia está de pé, e qualquer dia desse eu anuncio que os trabalhos já estão a caminho.
Com o sucesso do programa e da rádio na Internet, você finalmente foi para a KISS FM. Conte como foi essa época de transição?
Vitão: Foi um saco (risos). As negociações para a ida do Backstage para a KISS duraram dois anos. Por várias vezes me convenci que não iria dar certo. É uma rede enorme, e num certo momento acabei desencanando, e foi justamente nessa hora que a coisa desencantou, e eu fiz minha estréia na KISS no dia nove de março de 2008. Quanto à transição rádio aberta/Internet, foi algo fácil, porém em 2006 o quadro era totalmente diferente, e muita coisa teve que ser revista e adaptada para uma nova realidade.
Poucos leitores/ouvintes sabem, mas você grava o programa direto de sua casa. É verdade que você está reformando o seu estúdio?
Vitão: Sim. Sempre tive preferência de fazer o programa ao vivo. Mas desde agosto de 2004, moro numa chácara que dista cerca de 70 quilômetros de São Paulo. Aos poucos fui alternando programas ao vivo com gravados. Minha maior preocupação era fazer o programa gravado com o mesmo clima do ao vivo. No começo não foi nada fácil, mas hoje posso dizer que consegui equiparar o clima ao vivo com as edições gravadas, mantendo a mesma dinâmica e qualidade.
Vitão: Quanto ao estúdio, comecei em novembro a fazer um novo, mais amplo, mas organizado e mais moderno, e onde também irão caber tudo o que eu tenho, e olha que não é pouca coisa (risos). O "The Three Stoodios" (uma paródia com The Three Stooges), ou "Rushstudio", que deve ficar pronto no inicio de dezembro... Isso se os malditos pedreiros quiserem. Ah, e aceito sugestões sobre o nome do estúdio. Podem me mandar às opiniões no radiobackstage@radiobackstage.com.
Com os lançamentos caindo na rede antes do CD ir as lojas, muitas das pessoas já escutaram as músicas, mas, mesmo assim, você ainda as toca no programa. Qual a maior dificuldade para se fazer uma programação hoje em dia?
Vitão: A maior dificuldade é encontrar coisas com qualidade como alguns anos atrás. Ainda dependemos dos nossos queridos veteranos para ouvir coisas de qualidade. Existem muitos lançamentos, mas muitos são descartáveis e ficam fora da programação. Como o Backstage funciona como uma revista musical semanal, é claro que os principais lançamentos são mostrados, queiram eles estejam na rede ou não - não deixam de ser novidades. O mais legal é que o Backstage ainda continua sendo um forte referencial a respeito dessas novidades.
O que você acha da programação normal da KISS FM?
Vitão: Considero ideal para aqueles que ouvem a rádio diariamente, mas poderia ser mais abrangente.
KISS FM anunciou um novo programa chamado "Lendas do Rock". Você também irá participar dele?
Vitão: Depende, se me chamarem... Mas por enquanto, não.
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Você é conhecido também por tocar bateria na banda Electric Funeral (Black Sabbath Tribute Band). O que te da mais prazer, tocar as músicas de sua banda favorita ou apresentar o Backstage?
Vitão: Osso essa pergunta, hein? (risos). Gosto demais de tocar bateria. Não é sempre que o Electric Funeral se apresenta por ai, pois o cachê oferecido chega a ser ofensivo. A banda, além de contar com músicos profissionais, carrega consigo um equipamento de primeira linha. Por isso, sair de casa para correr riscos e ainda sair com uma mão na frente e outra atrás, não compensa. São duas coisas diferentes. Cada edição do Backstage é como um show com músicas diferentes. Tenho como meta surpreender os ouvintes a cada programa. Com o Electric Funeral, faço uma homenagem aos meus heróis, me divirto muito em noitadas memoráveis.
O guitarrista Andreas Kisser (Sepultura) já tocou na banda, conte como foi isso?
Vitão: Foi engraçado (risos). Quando estávamos abrindo o show do W.A.S.P. na Via Funchal, o Andreas fez uma participação em Sabbath Bloody Sabbath. Logo depois do show, nosso guitarrista, Marcelo Schevano nos comunicou que precisaria deixar a banda para se dedicar a outros projetos. Aquilo foi um baque, pois o Marcelo além de um grande guitarrista é um ótimo sujeito, mas se era o desejo dele, nós tínhamos que respeitar. Dois dias depois cruzei o Andreas no Blackmore Rock Bar. Ele me disse que tinha gostado demais de tocar com a gente e tal. Foi ai que, eu meio triste, disse que estávamos sem guitarrista, e que seria um saco arrumar outro. O Andreas foi direto: "Opa, vamos ai!". Eu perguntei: "Vamos ai aonde alemão?". Ele: “Vamos continuar a parada ai, eu toco com vocês!" Eu: Está bêbado alemão? Ele insistiu e no dia seguinte marcamos um ensaio, foi bem legal tocar com ele.
Vitão: Conheço o Andreas desde 1988, sempre fomos grandes amigos, e foi um prazer enorme dividir o palco com ele. As improvisações que fazíamos era hilárias (rs). Porém, a agenda dele é complicada, e se já era difícil marcar shows sem ele, imagine com ele. Ai depois de um ano e meio o Marcelo me disse que, se nós quiséssemos, ele retornaria à banda. Achei melhor. O Alemão ficou meio chateado de sair, mas nada grave, continuamos amigos. O Andreas é um profissional de primeira linha, e ter tocado com ele e ser seu amigo é uma honra para mim".
Você tem como ídolo o baterista Ian Paice (Deep Purple), mas conte aos leitores como você ficou amigo dele?
Vitão: Além do Paice, tenho grande influência do Ringo Starr, John Bonham e Neil Peart. Mas o Paice eu tenho uma certa amizade. O primeiro contato que tive com ele foi em agosto de 1991, na primeira visita doDEEP PURPLE ao Brasil. Não foi nada especial, mas consegui trocar algumas idéias com ele. Quando retornaram em 1997, ai sim, tomei coragem e procurei me aproximar mais. Ocorreram alguns workshops com ele em São Paulo e num deles eu fui o apresentador, já que naquela época eu também era patrocinado pela Pearl. Desde a primeira vez, assisto aos shows do Purple no palco, ali do lado do roadie dele. Para quem é baterista, ter aquela visão é um presente dos deuses. A cada show, pego algum detalhe, alguma técnica que me deixa ainda mais impressionado. Ele é uma pessoa muito legal.
Sem contar à história que você sugeriu uma música para eles tocarem no show e que o Ian Gillan quase te bateu (risos)...
Vitão: (risos), o Gillan é uma figura... Ele pode ser extremamente gentil com você, como pode te mandar um coice na cara do nada (risos). Essa história é legal. Foi em 1998, o DEEP PURPLE estava por aqui divulgando o álbum Abandon. Lembro que na primeira parte da turnê a música Sometimes I Feel Like Screaming estava no repertório, e que para a segunda parte, que incluía o Brasil, eles haviam tirado do set list. Depois de uma entrevista coletiva, fui entrevistar o Ian Paice e o Gillan.
Vitão: No meio da conversa comentei que eles haviam retirado essa música e tal, e que aqui no Brasil ela era bem conhecida e que o publico iria gostar de ouvir, etc... E conclui dizendo: “Porque vocês não a tocam por aqui?”. O Gillan me olhou com uma cara de azedo e soltou: “Eu detesto quando opinam sobre o que devemos ou não tocar...” Do nada, ele se voltou ao Paice e perguntou: “De que música ele está falando?”. “Ah, aquela lá que o Jon (Lord) gosta...”, respondeu o Paice. O Gillan voltou a me fitar dizendo: “Hoje à tarde nós vamos ensaiar o show e vamos incluir essa música. Mas, se na hora da apresentação a plateia ficar indiferente, eu te mato! (risos). "Pode me matar quantas vezes quiser" (risos), completei.
Vitão: No dia seguinte, logo nos primeiros acordes da música, o público foi à loucura, e do palco, ele deu uma olhada onde eu estava e deu uma piscadinha, como se dizendo: “Você tinha razão”. Depois do show, eu estava no camarim conversando com o Roger Glover, quando apareceu o Gillan querendo falar comigo. O cara entrou na frente de todo mundo, me abraçou e pediu desculpas. “Me desculpe, fui estúpido com você, você tinha razão, eles gostaram muito da música”. Legal da parte dele.
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O guitarrista Ritchie Blackmore num show do Rainbow no Brasil, não queria atender a MTV, mas fez questão de atender você, como foi isso?
Vitão: Todo mundo sabe que o Blackmore detesta dar entrevista, ainda mais para programas de TV. Estava tudo certo para ele gravar uma entrevista com o Gastão para a MTV no Olimpia. Eu também estava escalado para fazer uma, porém, quando cheguei, encontrei o Gastão muito puto, dizendo que o Blackmore havia cancelado o encontro. Pensei: “Se cancelou a MTV, eu rodei também". Foi quando um assessor do Blackmore me chamou num canto e disse: "Ele não gosta da MTV, mas vai fazer a entrevista com você, só que depois do show no hotel, você topa?", adivinha o que eu respondi? (risos)
Qual foi o entrevistado mais mala que você já presenciou?
Vitão: Tiveram alguns. O Glen Danzig e o Tony Martin (ex-Black Sabbath). O Zakk Wylde eu bati o telefone na cara dele, o cara estava muito bêbado e não falava coisa com coisa (risos). Outro cara chato que entrevistei foi o Michael Weikath (Helloween), pois ele estava sempre com cara de "bosta". Brinquei o tempo todo com ele num programa ao vivo. O mais legal foi que o vocalista Andi Deris entrou no clima e também brincou com ele o tempo todo.
E as entrevistas mais legais?
Vitão: Rolaram algumas bem legais e engraçadas como, por exemplo, a do Rick Wakeman. O cara adora parar a entrevista pra contar piada, é uma figura, extremamente inteligente e com um senso de humor único. O Ronnie James DIO é outro que guardo lembranças incríveis. No total foram umas 13 entrevistas, todas sensacionais. O Bruce Dickinson é meio de lua... Também fiz umas 13 ou 14 entrevistas com ele que foram bem legais. São muitas para relatar aqui...
Quais as maiores dificuldades de se fazer um programa de rádio sobre Heavy Metal no Brasil?
Vitão: Você convencer as pessoas que apesar de terem uma rádio, desconhecerem por completo da essência e da importância que o estilo tem, e o mais importante: existir rádios dedicadas ao Rock, com espaço ao Heavy Metal assim como a KISS FM.
Existem muitas pessoas amadoras no meio e que atrapalham a cena do Heavy Metal. Como você lida com isso?
Vitão: Os amadores aparecem, fazem suas cagadas e somem. Depois de um tempo voltam a aparecer, fazendo mais algumas cagadas, e voltam a sumir. Mas para cada amador sumido, sempre aparecem dois no lugar, é cíclico (risos). Se isso atrapalha a cena? Sim, demais! Mancham o trabalho de gente séria e essa é a pior parte da história. Acredito que, depois de 22 anos, aprendi a lidar saudavelmente com esses tipos, mas, mesmo assim, todo cuidado é pouco.
Quais os planos para o futuro próximo?
Vitão: Terminar meu novo estúdio, isso se antes eu não matar uma dúzia de pedreiros (rs), dar uma super descansada no final de ano, e voltar com tudo em 2011, com algumas novidades interessantes.
O Whiplash! agradece pela entrevista e deseja boa sorte na divulgação do programa "Backstage". Fique à vontade para as considerações finais.
Vitão: Muito agradecido pelo espaço. Espero ver todos vocês na festa de 22 anos do Backstage e do Electric Funeral, nesse sábado (20/11), no Blackmore Rock Bar. Muito obrigado a todos que acompanham os meus trabalhos, seja por 22 anos, 22 meses, 22 semanas, 22 dias, ou há 22 minutos (risos).