Axl Rosenberg, do blog MetalSucks, recentemente conduziu uma entrevista com Phil Anselmo (PANTERA, DOWN, SUPERJOINT RITUAL, ARSON ANTHEM, entre outras bandas) sobre o selo Housecore Records e a futura biografia do músico. Confira alguns trechos da conversa abaixo.
Eu sei que a Housecore não é exatamente um novo selo, mas como ela veio a existir, em primeiro lugar?
"Bem, é uma coisa sobre a qual nós falamos por anos, cara; Eu acho que sabia que tinha muita música que fiz no passado, e havia algumas bandas novas que eu encontrei em turnês e simplesmente conhecia pessoas nesse negócio por tanto tempo. Basicamente eu achei que era uma situação em que todo mundo ganharia, tanto as bandas mais novas, que teriam a oportunidade de mostrar suas coisas a pessoas que normalmente não teriam a oportunidade de ouvir suas músicas; como o fãs em geral que não ouviram a música dessas outras bandas que eu tive... para os colecionadores, para os fãs, para qualquer um que simplesmente precisa ouvir isso. Então está aí para eles. É pelas bandas. É pelos fãs. É uma situação em que todo mundo ganha."
Essas são bandas que você encontra por meio de recomendações ou são bandas que você ouve por si só? Como você lida com a seleção dos artistas?
"Bem, eu vivo em uma área muito musical e próspera aqui em Nova Orleans. Então um monte de bandas daqui são conhecidas e estabelecidas e basicamente acreditam no que estamos fazendo aqui. Eu tenho o CROWBAR, SOILENT GREEN e bandas como essas. E tem o sangue novo como HAARP, e você precisa acertar a grafia disso aí. É toda em caixa baixa."
Ok.
"Dois ‘A’s. HAARP. HAARP é uma banda nova. Tendo morado no Texas, eu também conheço os caras que estão na WARBEAST, que são de Dallas – Fort Worth. Eu os conheço há anos. E você tem inscrições, e das inscrições vêm muitas bandas que se destacam. Você não pode agradar todo mundo, e você não pode alcançar todas as bandas, mas por meio de inscrições e pedidos você chega a bandas como EXACTLY VIOLENT STYLE, que é do Japão; CAVALCADE, de Michigan; THE SURSIKS, de Detroit. Então é uma vasta quantidade de bandas que eu conheço de turnês e, também, como eu disse, pessoas mandando seus pedidos. Vem dos dois jeitos."
É meio que uma época interessante para entrar no negócio de gravadoras, já que as vendas de discos não são mais o que costumavam ser.
“É, cara, eu não estou nisso pelo dinheiro. Acredite em mim, quando começamos isso, era um fato que nós sabíamos que ninguém ficaria rico e famoso pra caralho com esse negócio todo. É mais um serviço, na verdade. É uma coisa do coração. É um jeito de viver. É um jeito de retribuir, cara. Música extrema foi boa comigo por minha vida inteira, cara."
"Realmente foi... de um jeito ou de outro, seja nos meus sucessos com minhas bandas ou apenas ficar sentado na porra de um carro ouvindo uma fita cassete – de qualquer jeito foi recompensador. Então, só ajudar a espalhar a música nova e diferente em um vasto mundo da porra da música por aí, ei, é o mínimo que eu posso fazer. E eu sinto isso como se fosse natural, então foda-se."
De onde veio o nome “Housecore”? É um nome interessante...
"Nós começamos a chamar a nossa música de 'housecore' quando eu morava na minha primeira casa em Nova Orleans. Havia tantos músicos naquela época, nós estamos falando do começo dos anos 90, meados da década de noventa, toda a porra da década de 90, de 93 em diante. Tantas bandas diferentes, cara, vinham e se hospedavam comigo. Minha casa era praticamente uma casa de festas. Os filhos da puta passavam a noite aqui, e nós não tínhamos nada para fazer a não ser acordar e tocar instrumentos, sabe? A sala de jam era no andar de baixo, e o negócio ficou tão intenso, havia tantos músicos por perto. Porra, tinha um projeto em andamento, e o próximo esperando a sua vez de entrar de fazer suas próprias coisas. Então nós começamos a chamar isso de “Housecore” – e isso obviamente é derivado de hardcore ou qualquer tipo de core que seja. A razão é que várias vezes eu estava em um intervalo entre turnês do Pantera, então eu não tinha nada para fazer a não ser tocar música. Eu acordava depois de ficar de pé até as seis da manhã, e tinha gente batendo na porra da porta. Eu rolava da cama, me enfiava num robe e abria a porra da porta. A próxima coisa que eu sabia era que eu tinha uma guitarra na mão, e ainda estava de robe. [Risos] É, tipo, Housecore, Jack."
Legal. Você disse que finalmente vai fazer um álbum completo do ARSON ANTHEM [ banda de hardcore onde Anselmotoca guitarra, também fazem parte do grupo com Mike Williams, do EYEHATEGOD, nos vocais, Hank Williams III na bateria e Collin Yeo no baixo] esse ano. Tem algum plano para vocês fazerem uma turnê depois disso?
"Não, não existem planos, mas definitivamente não está fora de questão. Eu acho que só teria que ser a situação correta, porque eu sei que Hank [III] tem um monte de turnês esse ano. Mas, e eu disse ‘mas’, ele disse algo a respeito de ter algum tempo livre em maio e isso poderia funcionar muito bem, especialmente com o lançamento que está para sair. Se pudermos fazer uns shows ao longo de maio, seria maneiro pra caralho. Eu tenho um show com o DOWN na Europa em maio, e fora isso, estou em aberto. Se tudo der certo, todos os outros também estão. Eu sei que Mike tem compromissos com o EYEHATEGOD, então estamos trabalhando com as agendas de todo mundo, e é desse jeito que sempre foi. Sempre tem um obstáculo que nós totalmente temos que superar, mas nós o faremos. Tenho certeza que faremos alguns shows."
Legal. Então, em um assunto completamente diferente, eu sei que você vai começar a trabalhar em sua biografia em breve com um escritor que trabalha conosco, Corey Mitchell... Eu estava se você pode nos contar alguma coisa a respeito do que você tem guardado para o livro.
"Bem, ao contrário do que a maioria das pessoas pode pensar ou imaginar sobre o que eu vou escrever, esse não é um livro que seja de qualquer jeito, forma ou maneira o seu típico livro de rock. Não é um concurso de mijo quando se trata da morte do meu guitarrista. Do assassinato do meu guitarrista. Honestamente, vem da minha perspectiva sobre ser um cara que lutou contra a dor crônica por toda a sua carreira, e sobre como é estar uma situação com todas as armadilhas, todos os putos dos médicos safados que tem por aí, todas as coisas que deram errado na minha carreira. Então, é meio que a minha visão disso, e muitas das lições eu aprendi com a dor – a própria dor crônica. Você pode ganhar ou perder, logo de cara. Qualquer um que lide com dor crônica pode atestar que ela se infiltra na mente, sabe?"
Então você acha que não vai se concentrar na sua carreira musical? Vai ser mais sobre a dor crônica e menos sobre a música?
"Vai haver um pouco. Se eu não falasse de alguma parte da minha carreira musical, eu acho que seria um pouco de uma porra de uma fraude para os fãs. As pessoas querem saber certas coisas. Claro, yeah, vai ser sobre isso, mas, de novo, eu tenho carregado dor por aí desde que tinha 24 anos. Eu passei por uma grande cirurgia nas costas. Eu tive uma cirurgia no joelho. Quebrei meus dois pulsos. Quebrei minhas costelas duas vezes. Todos os meus dedos das mãos, porra, dois dedos do pé, tive uma hérnia. Cara, é só nomear. Sou como a porra de um jogador de futebol."
"Mais uma vez, a dor vem com cada passo da porra da minha vida – dor crônica. Há jeitos de combate-la, e há jeitos de se submeter a ela. Eu vou mostrar os dois lados disso e espero jogar alguma luz sobre o mundo das drogas, os males do mundo das drogas, as drogas que ajudam, certos médicos; e espero jogar alguma luz sobre como você pode lidar com dor crônica por meio de um regime e por meio de força de vontade – a porra da força de vontade inabalada, não dividida. Há uma força aí que precisa ser liberada. Eu vou dar algumas chaves, e depende das pessoas encontrarem suas próprias fechaduras e destrancarem as filhas da puta."
E como você está se sentindo agora?
"Me sinto bem, cara."
É?
"Estou bem. Eu ferrei as costas de novo, mas é só um pequeno disco protuberante. Eu fiz isso batendo num saco enquanto reabilitava a porra do joelho. [Risos] Mas eu estou bem, cara."
Falando como um fã, eu posso dizer que todos nós apreciamos que você esteja perseverando.
"Ei, cara, sem as pessoas, cara, eu seria um cuzão. Eu não seria ninguém, e, de verdade, eu mesmo sou só um fã de música. Eu aprecio todo mundo, cara. Porra, de verdade, cara. Todo mundo aí fora é legal pra caralho."
Leia a entrevista na íntegra, em inglês, no
MetalSucks.
Fonte desta matéria (em inglês): MetalSucks